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"ATIROU PARA MATAR"

Um roteiro de

Nuno Balducci

(6º TRATAMENTO)

Copyright 2013 de balducci.vu@gmail.com


Nuno Balducci (82) 96669831
Todos os direitos reservados.
1 INT. DIA. LANCHONETE CHINESA
Uma GAROTA CHINESA assiste em seu celular um programa de
humor chinês enquanto atende clientes no caixa de uma
lanchonete.
Nesse momento PISTOLEIRO (pouco mais de 30 anos de idade,
moreno e de boa aparência) se aproxima do caixa se
dirigindo a garota.

PISTOLEIRO:
Boa tarde moça.
A GAROTA CHINESA olha rapidamente para PISTOLEIRO e
percebe um volume em sua cintura parecendo uma arma.

GAROTA:
O que vai querer?
PISTOLEIRO:
Me dê um pastel de carne e dois
de queijo. E uma coca.

GAROTA CHINESA olha mais uma vez rapidamente e desvia o


olhar para o caixa.
GAROTA:
Deu 6,50.
PISTOLEIRO pega a carteira que está com um pequeno bolo de
notas de 50 enrolado num elastico. Ele tira 10 reais e dá
a GAROTA. A GAROTA recebe o dinheiro e pega o troco.

PISTOLEIRO:
Não precisa me dar o troco. Fique
pela sua simpatia.
GAROTA:
Obrigada. Pode fazer o pedido no
balcão.
PISTOLEIRO se dirige ao balcão, chama um ATENDENTE e
coloca o celular em cima do balcão aguardando o pedido. o
ATENDENTE se aproxima do caixa e GAROTA fala em seu ouvido
para presta atenção em PISTOLEIRO. Nesse momento o celular
toca e PISTOLEIRO atende.
PISTOLEIRO:
Manda as ordens!
PISTOLEIRO ouve tudo calmamente até o final da ligação. Em
meio a ligação ATENDENTE entrega o pedido. PISTOLEIRO
desligar o celular. PISTOLEIRO dá algumas mordidas nos
pasteis e bebe a coca com rapidez.

(CONTINUA...)
...CONTINUANDO: 2.

PISTOLEIRO:
Oh amigo. Onde é o banheiro?
ATENDENTE:
Atrás da escada.
PISTOLEIRO se dirige ao banheiro. Ao chegar ele tranca a
porta e tira uma arma da cintura e um cartucho do bolso.
Ele carrega a arma calmamente. Nesse momento o celular
começa a tocar. Ele não atende, mas pega a arma e aponta
para um desenho na parede. Ele então se aproxima da pia,
lava o rosto e arruma o cabelo. Ao sair do banheiro ele se
dirige para a saída da lanchonete, enquanto GAROTA observa
sua saída.

2 EXT. DIA. RUA MOVIMENTADA


PISTOLEIRO atravessa a rua e se aproxima de MOTOQUEIRO que
está a sua espera. PISTOLEIRO e MOTOQUEIRO circulam de
moto pelas ruas até chegarem na entrada de um
estacionamento. O MOTOQUEIRO estaciona a moto mas a mantêm
ligada. PISTOLEIRO e MOTOQUEIRO não trocam palavras, mas
ficam alertas ao movimento da rua pra não levantar
suspeitas. De repente o celular do PISTOLEIRO toca como um
sinal. A moto se acelera até a entrada do estacionamento.

3 EXT. DIA. ESTACIONAMENTO


A moto entra no estacionamento e o PISTOLEIRO desce sem
tirar o capacete e devagar se dirige a um carro que acaba
de estacionar. Quando um homem sai do carro, ele saca a
arma e aponta para o homem.

4 INT. DIA. SALA DE MONITORAMENTO DO ESTACIONAMENTO


Nesse momento as câmeras de segurança registram o
incidente. Numa sala de monitoramento, dois televisores
registram o momento em que o PISTOLEIRO atira contra o
homem que acabar de sair do carro mantando-o. Ainda na
tela dos monitores é registrado PISTOLEIRO sendo atingido
por disparos anônimos e caindo morto. MOTOQUEIRO acelera
desesperadamente e desaparece. Um homem surge na tela na
direção de onde veio os disparos. E um carro preto aparece
dando carona ao misterioso homem que aparece no monitor. O
carro acelera e desaparece seguindo a direção da moto.
FADE OUT

Som de copos e pratos e de pessoas falando. Forró tocando


de fundo. Um homem tosse.
FADE IN
3.

5 INT. DIA. BAR


POLICIAL K (aparenta ter mais de 30 anos, moreno, em boa
forma, barba cerrada, bem vestido, sem farda) e POLICIAL
M(aparenta ter uns 50 anos, barba feita, um pouco acima do
peso, bem vestido, sem farda) estão sentados numa mesa de
bar conversando devaneios. K bebe cerveja e M água.
K:
Deu agora pra recusar bebida? Que
foi dessa vez?
M:
Você sabe que minha esposa é
evangélica e fica enchendo a
minha paciência toda vez que
chego em casa com bafo de
cachaça. Agora a minha menina
fica me vigiando nos bares lá
perto de casa a mando da mãe. Só
consigo dar uma escapada após o
expediente no quartel.
K:
Oxe, mas tu nem tá perto de casa.
Deixa de conversa.

M:
É porque o senhor não me deixa
terminar de falar. Peguei um
exame semana passada e o doutor
disse que eu estava com um
problema no fígado e eu tinha que
para de beber pra não morrer!
Enquanto M fala K desvia o olhar e começa a observa
GARÇONETE que dança contida a uma música que toca no bar.
K:
Deixa de conversa que eu sempre
te vejo bebendo naquele bar na
esquina do quartel. E ontem mesmo
tu tomou uma comigo lá em
Anadias.

M:
Ontem foi pra relaxar do serviço
que fizemos. E naquele dia no bar
eu passei pra tomar uma pra ver
se passava a angústia do
resultado do médico.
GARÇONETE vê os olhares de K e da um sorriso. K sorri
também.

(CONTINUA...)
...CONTINUANDO: 4.

K:
E passou?
M:
Passou nada. Aí bebi ainda mais e
depois fui pra aquele cabaré que
tem ali perto e só voltei de
manhã, já que era nosso dia de
folga. Daí minha mulher ficou
falando coisa e botou a menina
pra me vigiar.
POLICIAL K dá umas risadas e faz um sinal a GARÇONETE.
GARÇONETE se aproxima da mesa.
K:
Quanto foi minha linda?
GARÇONETE:
Foi uma garrafa e uma água. Deu
oito.

K:
Tome dez e fique com o troco.
GARÇONETE pega o dinheiro e recolhe os copos e a garrafa
na mesa. Os dois policiais se levantam e saem do bar.

6 EXT. DIA. ESTACIONAMENTO


K e M chegam no estacionamento e entram num carro preto
que está estacionado.

M:
Você dirige que eu já to cansado.
K:
Tá certo. Esse meu carro tá é
bonito, não é?
M:
Nada como subir de patente. Falei
que você ia ser promovido.

Os dois entram no carro e M começa a remexer nos bolsos.


M:
Tu viu se eu deixei minha aliança
no bar?

K:
Tirasse foi?
M:
Tirei, mas deixei na carteira.
Porra, se eu perco minha mulher
(MAIS...)
(CONTINUA...)
...CONTINUANDO: 5.

M: (...cont.)
vai falar. Vou lá no bar dar uma
olhada e já volto. Vá tirando o
carro.

Nesse momento K e M testemunham PISTOLEIRO disparando


contra um homem que acabara de estacionar um carro de
luxo. K pega a arma, que encontra-se no porta luvas, e M
sai do carro atirando contra o PISTOLEIRO. PISTOLEIRO é
atingido pelos disparos de M e morre. MOTOQUEIRO acelera
em direção à saída do estacionamento. K e M entram no
carro novamente e saem para prender MOTOQUEIRO.

7 INT. DIA. CARRO

K e M procuram MOTOQUEIRO. Durante a perseguição ouve-se o


som do rádio que transmite um programa esportivo.
K:
Atirou pra matar. Deve ter sido
mandado.
M:
Você reconheceu a vítima? O
atirador não me é estranho.
Acelera ai que ele deve pegar o
caminho da rodovia.
K:
E vou passar por cima dos carros?
Esse aqui é meu carro não é
viatura não.

M:
Chamo viatura? Acho que Sandro tá
de serviço hoje.
K:
Nada, bora dar jeito nós mesmos.
M:
Vira aqui, já sei onde ele quer
sair. Avança o sinal.

K:
Pera porra, o carro é novo. Já
falei que isso não é a viatura.
M:
Porra, agora o noticiário vai
falar do jogo. Quero saber o
resultado.
K:
Desliga esse negócio, tu já sabe
que teu time perdeu. Teu time só
(MAIS...)
(CONTINUA...)
...CONTINUANDO: 6.

K: (...cont.)
joga metade do ano, porque no
resto não tem onde jogar.
M:
Acelera ai e deixa eu saber o
resultado. Vamos ver como vai ser
o jogo na próxima rodada. Olha a
moto ali! Vire à esquerda.

K:
Cadê? Eu vi.
Nesse momento K acelera na intenção de capturar o
MOTOQUEIRO. MOTOQUEIRO fechado numa rua sem saída. O carro
dos policiais freia bruscamente. K e M saem do carro e K
dispara para o alto. Ouve-se tiros e no rádio
comentaristas falam de futebol.

8 INT. BAR

GARÇONETE assiste a um programa policial na TV.


APRESENTADOR DA TV:
Veja você aí de casa aonde nós
chegamos. Agora bandido é
exportação. Os daqui não bastam,
tem que chamar os de fora. A
concorrência é maior que concurso
público.
O da moto tinha mais entrada na
delegacia que o delegado e disse
que tava trabalhando como moto
taxi e não sabia quem tava
levando. Ele disse que os dois
homens que atiraram contra ele e
não quiseram divulgar os nomes
eram PM.
Policial agora é agente secreto?
Devia ser o James Bond. Agora
você me responde: Você ai de casa
acha que se fossem policiais
fugiriam só porque estavam fora
de serviço?
Eu acho que não, pois quem não
deve não teme. Mas eu consigo
entender que um pai de família dê
uma de Charles Bronson, fazer
justiça com as próprias mãos, que
nem diz no comercial de filme na
tv.
Eu jamais faria isso, mas as
vezes...

(CONTINUA...)
...CONTINUANDO: 7.

O produtor me falou que temos


imagens do circuito interno do
estacionamento onde o juiz foi
brutalmente assassinato. Tá
pronto pra ir pro ar produtor?
Posso mandar rodar? O programa
acabou? O programa acabou, mas eu
quero agradecer a você
espectador...

No mesmo momento uma das mulheres fala:


Bora trabalhar, desliga isso e
coloca o dvd. Tem gente pra
atender. Isso ai não leva a lugar
nenhum. Se ainda fosse a novela.

Uma das mulheres muda a TV do modo antena para DVD, abre a


bandeja do aparelho, coloca um dvd de música de forró e
sai.
MÚSICA DE FORRÓ

CRÉDITOS
FIM

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