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Fiscal: tipos de tributos,

classificação no código fiscal


de operações e prestações
(CFOP) e controle

Técnico em Administração
O sistema tributário brasileiro é um con-
junto de princípios e normas que regu-
lam os tributos instituídos no Brasil. Os
impostos, as taxas, as contribuições de
melhoria, as contribui-
ções especiais e os
empréstimos compul-
sórios são os tipos de Você sabia?
tributos previstos na
Constituição Federal. Os impostos são o principal tributo
brasileiro, pois eles estão presentes em
quase todas as transações de compra
e venda, tanto de pessoa física quanto
jurídica, eles representam a maior par-
te dos tributos arrecadados no âmbito
federal, estadual e municipal.

No Brasil existem vários impostos,


cada um incide sobre algum tipo de
transação, por exemplo: o imposto
de exportação é cobrado sobre todo
produto exportado, e o imposto re-
ferente aos produtos industrializa-
dos é cobrado sobre todo produto
industrializado, produzido no Brasil.
Em se tratando de operação e pres-
tação fiscal, para facilitar e siste-
matizar a cobrança de impostos,
foi criada uma classificação que
identifica os tipos de operações e
quais os impostos que deverão ser
ou não recolhidos na operação.

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Tributos
Todos nós, em algum momento de nossas vidas, já ouvimos falar
sobre tributos, principalmente em jornais e telejornais.

Mas será que sabemos realmente


o que é tributo?

Ele está presente, continuamente, em sobre tributos, seu conceito e tipos,


nosso dia a dia, quando fazemos com- vamos iniciar conhecendo o Código
pras, pagamos nossas contas, pega- Tributário Nacional (CTN). O CTN é a
mos um transporte coletivo etc. Para lei  brasileira  que estabelece as normas
o técnico em administração, enten- gerais de  direito tributário. Essa lei sur-
der sobre este assunto, é extrema- giu em 25 de outubro de 1966,  pois a
mente importante, pois os tributos fa- Constituição Federal, em seu artigo
zem parte da gestão de uma empresa. 146, exigia que houvesse uma lei que
Para que seja possível compreender regulamentasse os tributos no Brasil.

Para o CTN (BRASIL, 1966), art. 3, tributo é:

Toda prestação pecuniária compulsória, em moeda ou


cujo valor nela se possa exprimir, que não constitua
sanção de ato ilícito, instituída em lei e cobrada me-
diante atividade administrativa plenamente vinculada.

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Para entendermos este conceito precisamos compreender os termos abaixo:
• Prestação pecuniária compulsória: pecuniária se refere a algo que pode ser
medido em dinheiro, e compulsório é utilizado como sinônimo de obrigató-
rio, ou seja, o tributo é obrigatório e deve ser pago em dinheiro, a obrigato-
riedade do tributo é feita pelo Estado mediante força de lei.

• Não constituir sanção de ato ilícito: o tributo não pode ser uma punição por
um ato ilícito (todo ato proibido por lei), ele é gerado de uma situação lícita,
diferente da multa, que é uma punição.

• Instituí-lo em lei e cobrado, mediante atividade administrativa plenamente


vinculada: o tributo só pode ser cobrado se estiver previsto em lei e por um
órgão que represente o Estado.

A principal função do tributo é fiscal, ou seja, recolher os recursos necessários


para manter o Estado.
Como já dito, no Brasil, o tributo só pode ser criado por lei.

E como essas leis são criadas?

• Primeiro é encaminhado um projeto de lei ao legislativo (no âmbito federal o


legislativo é formado pelos deputados e senadores, no plano estadual o legis-
lativo é composto pelos deputados estaduais e, nos municípios, pelos verea-
dores).

• Em seguida, a proposta entra em discussão em todo o legislativo.

• Se aprovada pelo próprio poder legis-


lativo, o presidente, o governador ou o
prefeito sanciona a lei, ou seja, conce- Os tributos podem ser federais,
estatuais e municipais, cada es-
de validade à lei.

fera do governo tem autonomia


para arrecadar e gerir os recursos
oriundo dos tributos, de acordo
com as leis pertinentes a eles.

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Espécie de
Tributos
Segundo o art. 5º, do CTN, os tributos são impostos,
taxas e contribuições de melhoria (BRASIL, 1966).

Também, pela Constituição Federal, existem outros


dois tipos de tributos: contribuições sociais e em-
préstimos compulsórios. Esses dois são menos
difundidos e por isso, neste momento, vamos nos
deter nos três principais tipos definidos pelo CTN.

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Impostos

Para garantir o funcionamento dos serviços públicos disponi-


bilizados a todo o cidadão, como educação, saúde etc., o Esta-
do precisa recolher recursos. Esses recursos são arrecadados
através dos impostos, pois, de forma simplificada, o imposto é
todo dinheiro que os cidadãos devem pagar ao Estado, dessa
forma o cidadão passa a ser contribuinte do Estado.

De acordo com o Art. 16 (BRASIL, 1966), do CTN, o imposto é:

O tributo cuja obrigação tem por fato gerador


uma situação independente de qualquer ativida-
de estatal específica, relativa ao contribuinte.

O imposto não precisa ter vinculação, pois ele não oferece uma
contrapartida imediata, ou seja, quando uma pessoa paga um
imposto, o Estado não é obrigado a especificar em que local
esse dinheiro será usado diretamente, ele entra no caixa geral
do Estado. É o Estado que deve manter os serviços oferecidos
à população e fazer os investimentos de acordo com as neces-
sidades.

Em relação ao contribuinte, podemos classificar os impostos


em dois tipos: diretos e indiretos.

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Impostos indiretos
São aqueles impostos cobrados sobre os
produtos e serviços que nós pagamos no
dia a dia. Quando pagamos por algo e re-
cebemos a nota fiscal, podemos verificar
quais impostos estamos pagando.

Sobre cada produto e serviço recai di-


ferente tipo de imposto. Quem recolhe
esses impostos são os produtores e co-
merciantes. Em seguida, eles repassam
à esfera pública competente, por isso
chamamos eles de indiretos.

Os principais exemplos de impostos in-


diretos são: Imposto sobre Circulação de
Mercadorias e Serviços (ICMS), Imposto
sobre Serviços (ISS), Imposto sobre Pro-
dutos Industrializados (IPI), Imposto so-
bre operações de crédito, câmbio e segu-
Impostos diretos
ro, ou relativo a títulos mobiliários (IOF). Esses impostos são cobrados do con-
tribuinte, incidindo diretamente sobre
os bens e rendas (salários, aluguéis e
rendimentos de aplicações financeiras)
das pessoas.

Os impostos indiretos são considera-


dos mais justos, pois eles são cobrados
diretamente em relação ao que o con-
tribuinte possui, ou seja, quem possui
mais bens, ou renda mais alta, paga
mais imposto do que quem possui me-
nos bens e renda mais baixa.

Como exemplo de impostos diretos te-


mos o Imposto de Renda (IR), o Impos-
to Predial e Territorial Urbano (IPTU) e o
Imposto sobre Propriedade de Veículos
Automotores (IPVA).

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Taxas

Diferentes do imposto, as taxas são tributos vinculativos, ou


seja, o contribuinte paga alguma taxa mediante o oferecimento
de um serviço específico, ou mediante o exercício regular do
poder de polícia.

Definição de taxa segundo o CTN (BRASIL, 1966):

Art. 77. As taxas cobradas pela União, pelos Esta-


dos, pelo Distrito Federal ou pelos Municípios, no
âmbito de suas respectivas atribuições, têm como
fato gerador o exercício regular do poder de polícia,
ou a utilização, efetiva ou potencial, de serviço pú-
blico específico e divisível, prestado ao contribuinte
ou posto à sua disposição.

A taxa é paga e, em contrapartida, é efetuado a prestação do


serviço público, por exemplo: uma taxa é paga e o alvará de um
estabelecimento é recebido; uma taxa de coleta de lixo é efetu-
ada, consequentemente o lixo é recolhido da sua rua e para ad-
quirir o passaporte é necessário efetuar o pagamento da taxa
correspondente.

Assim sendo e em se tratando de tributos, o governo pode co-


brar taxas para fiscalizar e/ou autorizar atividades em virtude
do interesse público. Temos como exemplo desse tipo de taxa:
a de inspeção sanitária, de licenciamento de veículos e a taxa
florestal.

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Contribuição de melhoria
Segundo o CTN (BRASIL, 1966) a
contribuição de melhoria é insti-
tuída para fazer face ao custo de Essa contribuição, assim como os demais
obras públicas de que decorra va- tributos, pode ser cobrada no âmbito Fede-
lorização imobiliária, tendo como ral, Estadual ou Municipal, é facultativa e o
limite total a despesa realizada e poder público pode ou não cobrar do pro-
como limite individual o acrésci- prietário.
mo de valor que da obra resultar
Se o governo decide cobrar ele deve seguir
para cada imóvel beneficiado. Ou
os requisitos dispostos no artigo 82, do
seja, a contribuição é um tribu-
CTN (BRASIL, 1966):
to que pode ser cobrado ao pro-
prietário de um imóvel, quando o Art. 82. A lei relativa à contribuição de melhoria obser-
imóvel obtenha uma valorização vará os seguintes requisitos mínimos:
decorrente de uma obra pública,         I - publicação prévia dos seguintes elementos:
como obras de pavimentação, es-         a) memorial descritivo do projeto;
goto, arborização etc.         b) orçamento do custo da obra;
        c) determinação da parcela do custo da obra a ser
Exemplificando: financiada pela contribuição;
        d) delimitação da zona beneficiada;
Se eu possuo uma casa em uma         e) determinação do fator de absorção do benefício
rua que não é asfaltada, e a pre- da valorização para toda a zona ou para cada uma das
feitura decida asfaltar a minha áreas diferenciadas, nela contidas;
rua, consequentemente, o valor         II - fixação de prazo não inferior a 30 (trinta) dias,
da minha casa irá aumentar e, para impugnação pelos interessados, de qualquer dos
por isso, a prefeitura poderá me elementos referidos no inciso anterior;
cobrar uma contribuição igual ao         III - regulamentação do processo administrativo
valor da valorização da minha re- de instrução e julgamento da impugnação a que se re-
sidência. fere o inciso anterior, sem prejuízo da sua apreciação
judicial.
        § 1º A contribuição relativa a cada imóvel será
determinada pelo rateio da parcela do custo da obra a
que se refere a alínea c, do inciso I, pelos imóveis situ-
ados na zona beneficiada em função dos respectivos
fatores individuais de valorização.
        § 2º Por ocasião do respectivo lançamento, cada
contribuinte deverá ser notificado do montante da
contribuição, da forma e dos prazos de seu pagamen-
to e dos elementos que integram o respectivo cálculo.

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Classificação no código
fiscal de operações e
prestações (CFOP) e
controle
Você sabe o que é o CFOP?
É o Código Fiscal de Operações e de Prestações das Entradas de
Mercadorias e Bens e da Aquisição de Serviços, intermunicipal e
interestadual.

Esse CFOP faz parte do sistema tri- O código pode ser encontrado nas
butário brasileiro, estabelecido pelo notas fiscais, guias e escrituração
governo. É utilizado principalmente de livros. O mesmo código é utiliza-
em operações fiscais, nas quais o do em todos os Estados brasileiros.
código é inserido nas notas fiscais,
conhecimentos de transportes, li- O CFOP contém quatro dígitos (al-
vros fiscais e outros exigidos por lei, garismo), cada dígito tipifica de ma-
para identificar qual operação está neira diferente a operação. O primei-
sendo efetuada, se recolhe ou não ro, identifica se é uma operação de
imposto, e quais os tipos. entrada ou saída, ou seja, a nature-
za da operação, os outros três dígi-
tos identificam a situação tributária
das mercadorias, bens ou serviços..

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Significado os dígitos do CFOP
Quanto a entradas de mercadorias, bens e serviços, o
primeiro algarismo representa a origem da mercadoria:

1 Operações dentro do Estado

2 Operações Interestaduais

3 Operações do Exterior

O segundo algarismo se refere ao tipo de operação:

1 Compra/Industrialização/Transferências/Serviços.

2 Devolução / Compra Energia Elétrica.

3 Aquisição de Serviços Comunicação/Transporte.

4 Mercadoria c/Substituição Tributária/Integração.

5 Exportação / Ativo Imobilizado / Mat. Consumo.

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6 Crédito/Ressarcimento ICMS / Combustíveis.

Outras Entradas (simples remessas/amostras


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grátis/bonificação/conserto/exposição/feiras).

E quando se trata da saída de mercadorias, bens e serviços,


o primeiro algarismo representa o destino da mercadoria:

5 Operações dentro do Estado

6 Operações Interestaduais

7 Operações para o Exterior

O segundo algarismo, assim como o de entrada, representa


tipo de operação:

1 Saídas/Industrialização/Transferências/Serviços.

2 Devolução / Vendas Energia Elétrica.

3 Prestação de Serviços Comunicação/Transporte.

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4 Mercadoria c/Substituição Tributária/Integração.

5 Exportação / Ativo Imobilizado / Mat. Consumo.

6 Crédito/Ressarcimento ICMS / Combustíveis.

Outras Saídas (simples remessas/amostras


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grátis/bonificação/conserto/exposição/feiras).

O terceiro e o quarto algarismo devem ser analisados conjunta-


mente, eles juntos identificam: a operação, tipo de mercadorias
(indústria/comércio), condição da operação, consignação mer-
cantil, transferências, entre outros.

Não temos como enumerar neste momento todos os significados


do terceiro e quarto dígito do CFOP, mas listamos alguns exem-
plos:

1.101 - Compra p/industrialização.

1.102 - Compra p/comercialização.

1.111 - Compra para industrialização de mer-


cadoria recebida anteriormente em consig-
nação industrial.

2.201 - Devolução de venda de produção do


estabelecimento.

2.202 - Devolução de venda de mercadoria


adquirida ou recebida de terceiros.

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Para que você possa entender melhor, vamos a um
exemplo prático:

Suponha que você trabalhe em uma indústria de auto-


móveis. Esta empresa adquire pneus de uma fabrican-
te instalada em outro Estado. Na nota fiscal de vendas
dos pneus, constará o CFOP de venda 6.101 (venda de
produção do estabelecimento para outro Estado) e, no
lançamento de entrada dessa nota fiscal, constará o
código 2.101 (compra para industrialização ou produ-
ção rural de outros Estados).

Esteja sempre atento a origem e o destino do produto,


se a transação é intraestadual, interestadual ou do
exterior.

Dica:
Existem inúmeros códigos no COFP, para ter acesso a todos
sugiro que faça uma busca no site da Receita Estadual do
seu Estado. Nesse site você também pode se informar das
atualizações que ocorrem.

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