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DELEPINE - As Cinco Perguntas Sobre o Sucesso Do ChatGPT
DELEPINE - As Cinco Perguntas Sobre o Sucesso Do ChatGPT
10 Março 2023
Seja para explicar a diferença entre dois elementos químicos ou para escrever
uma história no estilo deste ou daquele autor, 100 milhões de internautas já lhe
fizeram perguntas só no mês de janeiro. O ChatGPT tornou-se assim o serviço
digital de crescimento mais rápido da história. O Facebook ou Instagram, por
exemplo, demoraram vários meses para atingir semelhante público. Esta
ferramenta simboliza a famosa revolução da inteligência artificial prometida há
anos? Ela pode modificar nossas sociedades como a internet e o smartphone o
fizeram antes? Resposta em cinco pontos.
É realmente revolucionário?
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Isso significa que seu desenvolvedor, a empresa OpenAI, ultrapassou um
marco no desenvolvimento da IA? “Tudo o que o ChatGPT faz e todos os
métodos que lhe permitem fazer o que faz existem há vários anos,
pondera Christophe Servan, pesquisador do Laboratório Interdisciplinar de
Ciências Digitais (LISN). Não há grande avanço científico nisso”, afirma. Os
cientistas não estão impressionados: a tecnologia GPT, base deste chatbot, é
de fato conhecida há alguns anos e é usada por outros. Com o ChatGPT,
a OpenAI está, no entanto, certamente na vanguarda do desenvolvimento
da IA, mas da mesma forma que outros laboratórios como
o DeepMind (subsidiária do Google), equipes do Facebook e outros. A
novidade vem do fato de ter lançado um chatbot generalista e, sobretudo, de
tê-lo tornado acessível ao público em geral.
Ele evita, assim, o desvio que caracterizou muitos dos seus predecessores de
ferramentas de IA para o público. Lembremo-nos do Tay,
um chatbot da Microsoft que se tornou nazista em 24 horas, ou
uma IA da Amazon responsável por classificar as candidaturas que
privilegiavam os homens em detrimento das mulheres. É bom lembrar que a
tecnologia não é xenófoba em si, mas que a IA reproduz o mundo assim como
lhe é apresentado. Tendo o ChatGPT sido alimentado por dados da web, onde
encontramos o melhor e o pior da humanidade, precisou de um trabalho
humano muito importante para detectar esses desvios.
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O ChatGPT é confiável?
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da OpenAI era compartilhar suas pesquisas em “código aberto”. Compromisso
negado, já que a tecnologia já está completamente fechada.
Por trás dessa guerra de comunicação está uma potencial evolução do modelo
dos buscadores. As perguntas que fazemos ao Google hoje são respondidas
com um link para um site na web. Amanhã, um chatbot como
o ChatGPT poderia dar diretamente uma única resposta, apresentada como
correta. Nesse caso, todo o modelo econômico do Google baseado na
publicidade com links “patrocinados” seria totalmente questionado. O suficiente
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para potencialmente fazer naufragar todo o ecossistema que hoje depende dos
buscadores, a começar pelas mídias.
Os motores de busca vão morrer? Não tão rápido: por enquanto, é mais uma
hibridação entre os dois modelos que está tomando forma. A prova:
o Google e a Microsoft (via Bing) já integraram seu chatbot em seu buscador
para simular ainda mais a conversação humana. Assim, para algumas
questões bastante básicas (quem ganhou o Tour de France 2022? Como está
o tempo em Paris?), o Google já dá uma resposta próxima ao
modelo ChatGPT.
O sucesso deste último, no entanto, relança a batalha pelo controle das futuras
tecnologias de IA. E como todo progresso tecnológico, ele se dará sobretudo
entre industriais americanos ou chineses, já que, mais uma vez, a Europa é a
grande ausente dessa revolução tecnológica.
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FONTE:
https://www.ihu.unisinos.br/626834-as-cinco-perguntas-sobre-o-sucesso-
do-chatgpt