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Ca a PaoN pW Cy ae eres OS PRIMEIROS "a Poet A ey . LT tone COR Ca Tate) Cee try ot res ale olde) DED MO ae SSI DA HUMANIDADE UC as VLOG a Lue Wee MNOS ECE CEN Cm eel alm om lnm cig Peer FOTOGRAFIA Pras TEATRO pani DANGA Se leo aL RSS IRE VOLTAR USER SOTNS ONDE QUISER eT eRe beech R$ 7,99 | MES lear MODA CLIQUE Drsaen! BAIXE APP| Sais aaa aaa) ava SIRO) AS} Na SSINE (elo) (eso) 40) \V iN Dae Sl Ta j Pena petra rien i j soon NA SUA MAO Naa aa cae soe Toe in Le ee iene SUMARIO HISTORICO DA APOLLO 11, A PRIMEIRA VIAGEM QUE LEVOU 0 HOMEM A LUA, COMPLETA CINCO DECADAS GALERIA Kabuki: 0 exagerado teatro japonés 12 income cus oi wnab pan co como 13 Fazlamos sem ornare 44 ARTE Série de mosaicos feita por Gustav Klimt 46 DITO E FeITo De onde vem 0 termo “elefante branco"? 17 18 5 5 58 AMESA Hambarguer nao 6 LINHA DO TEMPO. As piores epicemias 20 longo dos séculos PARA ENTENDER Manicémios no Brasil HOJE NA. HISTORIA ‘Aconteceu em julho MEMORIA O inicio do movimento de orgulho LGBT+ PAM Cy Crue ind reer eer Cer eo Peet ener) eed 53 COLUNA MRTERCI COLUNA ALEXANDRE CARVALHO ENTREVISTA, JONATHAN BEREZOVSKY EDITORIAL MAR DA TRANQUILIDADE m dos desafios da equipe de Aventuras na Histéria é tratar de temas con. temporiineos. Explico: uma das nossas missdes, por aqui, éjustamente esti mular 0 senso critico de momentos atuais tendo como base as tramas do passado, o conhecimento, Como contar uma historia recente sem o apoio da re- flexio que s6 a distancia traz? Ou mostrar 0s fatos sem coloci-los em perspectiva «comparé-los com outros momentos da hist6ria? O tema da reportagem de capa desta edigao tem disso. E nio poderia ser outro. Afinal, estamos em pleno més de aniversario dos 50 anos do primeiro passo do homem na Lua. O desafio de relatar «essa conquista fugindo do lugar-comum foi dado ao jornalista Alexandre tho, dono de uma prosa poética, que se preocupou em contar algo bem especial: as impressbes dos préprios astronautas durante o passeio historico, incluindo os ‘momentos de alegria e de tensio de cada viajante. Uma leitura que, no fim, virou experiéncia, De quebra, conseguiu nos fazer pensar sobre um tema atual ¢ de muita importancia para a vida de todos nés: a ambigio do homem pelos recursos da natureza. Neil Armstrong virou heréi: 0 primeiro a pisar na Lua, tinico satéli te natural da Terra, no Mar da Tranquilidade. Vida longa ao astro! Boa viagem. Um abraco, Izabel Duva Rapoport Edlitora FALE COM A GENTE AH PARA ASSINAR aventurasnahistoria.com.br Pe eran reed Pree ner er eee este) er re) ee aoc) Spent pelaranco Teale it HISTORIA cute verunss na stoma 96 3 Desperte seu ya at eons Teen fefelme(y brincos Cane Ligue jé e assine! 4040-4479 assineclube.com.br reece Era) a : Imagem meramente ilustrativa. Swarovski” €uma marca registrada Swarovski AG. A primeira edicdo da revista seré entreque no prazo de 3.26 semanas, apés a confrmacéo do pagamento. 0 brinde 1 (um par de brincos decorado com cristas da Swarovski” seréenviado em até 35 dias, penn eee ten Cate eet eee Rae eer ete O EXAGERADO ary eee) [=i kel) TEATRO JAPONES, (eae ol =U snc poeasooN WN Note) sees E FAZ OPOSIGAO Nos el Nt ARISTOGRATICO. SUN 42) DAQUELA EPOCA Den) TRADICAO RENOVADA eas Cote ent) ee re aed ee ee eee ae Reeth Pee ea) Cee eee Ce eed 46, mantem-se fiel ao mais Popular entre os estilos eee) ee cerned a eee tty Cote! Cree re coe eet Meee ce) rece Bee’ etre eae GALERIA CROSS- DRESSER c BUNRAKU CO teatro de fantor zou ch periodo com 0. 3mentos que HANAMICH Pat MIE Peart eg oa ee ed et ea pce rec) Pre ay eu ead oer = ieee Canc Booey ees pessoas da plateia Creek eee ee id eeu) Pci) Pee ere HOJE NA HISTORIA ACONTECEU EM JULH 19 Comeca a correo primeira Saladino, sultéo Batalha de voo de Zepelim, 0 Egito © da KE cettysburg, EGO 0 Lago Constan- | EEE Siria, derrota naPensivania,em meio | ce, em Friedrichshafen, | o exércto cristéo dos Guerra Civiidos EUA. | na Alemanha. No coman- | cruzados perto do Mar Durante confit, esse | do do diigivel, que tina] da Galicia, na Batalha foio combate que deixou | 140 metrosde compr- | de Hattin. Depois, 0 © maior nimero de viimas | mento, estava Ferdinand | muguimano reconquistaria fates: 28 mil pessoas. Graf von Zeppelin Jerusalém, Astrénomos Realizado 0 Come forma ‘os 16 anos, ctinesen sabes | ED pret won ore detarmragem | 7 toon ries EEE. talvez, maias KEE a0 Paulo e Rio EERE 20s douses, om KEE do Nascimento, observam aexisténcia | dedaneiro pelo aviador | especial a Zeus, tom inicio | 0 Pelé, faz sua primeira Geuma Supernova nos | pavistano Eduardo aeradas Olimpiadas | partida pelo Brasi, contra cus. Brihava tao forte | Pacheco Chaves enire os gregos. Osjogos | a Argentina, e marca o que se via de dia. Seus | (conhecido por Edu eram realzados de quatro | Unico gol brasileiro da par- restos, hoje, formama | Chaves. Aviagem durou | em quatro anos, em tida - 0 primeio de seus Nebulosa do Caranguejo. | horas e 40 minutos Olimpia, na Grécia Antiga. | 96 gols pelo pats. Onavegador portugués Vasco KEG da Gama parte de Portugal com a frota (de quatro navios 170 homens) que descobriria No Congresso 10 “= de Tucumén, na rei da Inglaterra, KEE casa de Francisca | EEEQ ¢ feito prisionsiro Bazan de Laguna, 6 apés perder a Batalha de proclamada a indepen- Northampton, na Guera déncia das Provincias das Rosas (1455-1487) © caminho entre a Europa Unidas do Rio da Prata As casas Lancaster @ qual €.0 Oriente contornando da Espanha, que passam | pertencia) e York lutaram a.costa africana, asechamar Argentina. | pelo trono do pais. 1 omen. 42. Oesrov0% 13 Sot 14 Soe bizantino Miguel | Diego de Landa Oo primeiro teste Galvez Rodri- HEE abcica em favor | EEZAD queima os KEE nuclear daistoria, | EEEDI guez de Arias do general Lezo V, livros sagrados dos de codinome Trinity, no | transforma o territério © Arm@nio. Mudou seu malas sob afirmagao de | Deserto de Alamogordo, | que pertencia a Bolivia nome para Atandsioe — | que as obras difundiam | no México. E considerado | na Republica do Acre tomou-se monge. Seus | 0 culto de Idolos’. Um inicio da Era Atomica @ se torna sou presidente filhos foram castradose | _niimero indeterminado (dias antes do bombardeio | Em 1903, 0 Acro seria confinados num mosteiro. | de obras maias se perdeu. | om Hiroshima 6 Nagasaki). | incorporade pelo Brasil 42. avenmunas Navastes Diese y ee rd com a esposa, czafina Alexandra, e cinco filhos Petes out hea ergy ke tes Durante.a 20 seria cvora FEE Mundial, Hor sobrevivo a um atentado Oto part de mitares liderados por Cus von Stauttenberg, oficial alemao executado no dia segunte por nazistas E assinado 0 21 siatado de pax KEIED do Passarowitz Depois de batalnas contra © Império Austiaco e a Repiibica de Veneza, em busca de tras, o Imoerio Otomane fi derotade, 1 Guiado por indios uaranis, 0 EEE revegador espanhol Alvar Nufes Cabeza de Vaca descobre a Foz do Rio Iguacu. ‘Seu destino erao Paraguai quando encon- trou as cataratas. 18 Cuvee anexado a0 Brasil KEEIE com o nome de Provincia Cisplatina. A situago mudou em 1825, ‘quando lideres soparatis- tas invadiram a regio e proclamaram sua inde pendéncia, Durante a Guerra dos Farrapos, EEX) Giuseppe Garibaldi toma Laguna, em Santa Catarina, Quatro meses depois, © local foi retomado @ os farroupithas iniciaram a retirada por terra. Haile Selassie EEE assina e decreta a primeira Constituigao da Etiépia. O decreto estabeleceu padres democrétices, mas manteve privilégios. 1 Oimperador da nobreza. 19 = 6 invadida e EEE destruida pelo exército de Nabueedo- nosor, 0 tado-paderoso dda Babilénia, atual aque. Os judous partem do Reino de Jud para o chamado Exilio Babilonico. E dado 0 Golpe 23 intisiondoce KEEN com Pedro de ‘Alc&ntara, ento com 14 anos, 6 declarado maior de iddade, tornando-se imperador do Brasil, dom Pedro ll. Rumo a sérias tribulagdes poliicas. 2. EEE ec esstacista venezuelano que liderou (0s movimentos revolucio- nérios que promoveram a independéncia da Venezuela, Colombia, Equador, Peru e Bolivia. 25 ciens Ministério da EEE Satide. Desde 1980, no governo provisério de Vargas, as questées de sade eram tratadas pelo Ministério dos Negécios da Educa- (pd e Sade Publica. HEEB anglo-saxao eo primoro a receber o titulo “rei dos angles". Cristo, uniicou 0 terrtéro inglés, ifunciu a religiao @ introduziu a moeda de prata para pagamentos 97 Ke ecuerre da Coreia, com KEES 2 assinatura de um armisticio a fixaco de tronteiras: os coreanas do Norte @ os do Sul ficam divididos pelo Paralelo 38, uma linha de demarcagao militar. 2B osrerroces EUA aumenta 0 EEE numero de soldados na Guerra do Vietna de 75 mil para 125 mil homens, marcando 0 ‘auge do confito. Diante da pressao publica, 0 pais, se retiraria om 1973 Vincent Van Gogh morte nos, EEX br 200s co irmao, Theo, dois dias depois de dar um tiro em seu proprio ppeito. Segundo Theo, as Liltimas palavras cits pelo pintor foram: “A tristeza duraré para sempre” 3 Na marcha de Marselha para KEE Paris, tropas cantam A Marsethesa, midsica de Claude Joseph Rouget de Lisle. A cangéo se toma simbolo da revolugo @ © hino nacional da Franca. 3 Fidel Castro renuncia a0 cargo EXE ee presidente de Cuba apés 46 anos de ‘mandato. Ele passou poder para o seu irméo ‘mais novo, Rati Castro, que esteve na cadeira até abril de 2018. ‘SURREAL, O CEMITERIO DAS CLARISSAS POBRE UM CONJUNTO DE FREIRAS NO SUBSOLO DE UM CASTELO: ENQUANTO UMAS REZAM, OUTRAS SE DECOMPOEM BEM AO LADO por Joseane PEREIRA Castelo Aragonés, localizado na costa da acima de uma imensa rocha vulcanica que se liga Ilha de Ischia por uma ponte, 0 local ja foi residéncia de mais de 2 mil familias entre os séculos 16 ¢ 18, tendo sido um belo refiigio de protesio contra piratas. Sua origem é antiga: foi arquitetado no século 5 a.C. pelo grego Gerone 1,0 tirano de Siracusa ~ naquela época, a inica maneira de alcangar a fortificagao era por alto- -mar. Em M441, 0 rei Afonso V de Aragio orde- nou a construgao de uma ponte, tirando 0 cas- telo do isolamento total. Mas algo que seus idealizadores nio imaginavam é que uma tradi- «ao horripilante seria levada a cabo nos subsolos da construgao algum tempo depois. 414 wvenmuras NAvIsTORA No século 17, 0 Castelo tornou-se o lar do convento das Clarissas Pobres, ordem de freiras ‘que seguiam Santa Clara. Entre suas tradigoes estava o culto a brevidade da vida e, para isso, tinham um habito curioso: quando uma delas ‘morria, era transportada a um cémodo no sub- solo e sentada em uma cadeira de pedra com orificios no assento e nos bragos. Seu corpo iner te se decompunha lentamente enquanto o liqui- do era captado pelos orificios e coletado em ‘vasos especiais sob os assentos. O esqueleto res tanteera lavado e transferido para um ossurio. ‘Apenas isso jd renderia um conto de Edgar Allan Poe. Mas outra parte da tradicdo era se ‘guida a risca: todas as noites, as Clarissas vivas eu mais pode- REVOLUGAO de “forcas conservadoras”; “obra de uma no- breza ansiosa por retornar ao passado e nao disposta para produzir algo novo” Enquanto se instalava a Assembleia dos Es- tados Gerais, o pais foi varrido por uma onda de protestos e uma avalanche de publicagées liberais influenciadas pelo Iluminismo ~ que. por meio de filésofos desde um século antes, pregava liberdade, igualdade, progresso cient fico, governo constitucional, toler sa ea separacio entre Igreja e Estado. A nocio de que todos 0s individuos eram iguais e livres ce de que um governo legitimo seria aquele que rgisse de uma Constituigao e de leis que ga- rantissem protec a vida, a liberdade e & pro- priedade, ganhava forca. O poder emanaria do ovo, que escolheria seus representantes — eno mais de uma minoria privilegiada “escolhida” por Deus. Enquanto a Bastilha era destruida e seus tijolos transformados em miniaturas da fortaleza, Luis XVI enfrentava uma dura reali- dade: 0 edificio do absolutismo monarquico estava ruindo, Sem conter a maré da histéria, 0 rei capitula as exigéncias da Assembleia, na ‘qual estavam reunidos mais de 1100 represen- tantes dos trés Estados, Em agosto, a Declara- ‘sao dos Direitos do Homem e do Cidadio proclamou que “os homens nascem livres e iguais em seus direitos”, Os privilégios e dis- tingdes seculares entre nobres e cidados co- uns, que marcaram os mais de oito séculos dda monarguia francesa, haviam acabado. “Liberdade,igualdade, fraternidade” torna- -se um lema e também um grito de guerra, com Luis XVI sendo obrigado a ratificar a Declaragio. Em outubro, mulheres parisienses famintas marcham até Versalhes para exigir pao do rei, Armadas de langase de piques, elas tomam de assalto o palicio e obrigam o reie a familia real a retomnar a capital sob aescolta de uma multidio de manifestantes. PARTIDOS MODERNOS Nos dois anos seguintes, Luis XVI é refém do movimento revolucionério ~ que, por sua vez, cera dividido quanto aos objetivos e aos rumos da Revolucio. Surgem, entio, os “clues”, que, nas palavras do historiador Olivier Coquard, “so prefiguragdes dos partidos modernos” «tiados para o debate politico jé instaurado, 0 Clube dos Girondinos, cujos principais lideres representavam 0 departamento da Gi- ronda, eam em sua maioria grandes negocian- tes provenientes da burguesia provinci cialmente mais moderados de ideias iluministas, mas temerosos de que o poder caisse nas mios da plebe. O Clube dos Corde- liers, formado por adeptos de transformacées mais profundas na politica nacional, como a implementacao da repuilica, contava com in- telectuais ¢ advogados, ¢ tinha forte influéncia sobre os trabalhadores urbanos pobres, os cha- mados de sans-culottes (ou sem culotes), nome ‘que deriva das roupas que usavam: calgas com- pridas, o oposto da nobreza, que usava culottes (as calgas até 0s joelhos) ~ um dos simbolos da Revolugao, 0 barret dos sans-culottes. Ji 0 chamado por promov. Convento Jacobino, em Pari clinagao republicana, era a mais radical (ete ‘merosa) das facgBes revolucionsrias. O nome de um dos seus prin de Robespierre (1758-1794), logo se tornaria sindnimo de morte. ‘Uma nova Constituigao entra em debate € a discussio central recai, entdo, sobre quem rermelho, era marca lube Jacobino, assim também de in- ais lideres, Maximilien deteria a soberania. De um lado, sentados & esquerda da sala egislativa (em relacio a mesa do presidente), estao os defensores de que o rei detivesse o poder executivo, submetido a uma carta constitucional e tendo no maximo 0 po- der de veto sobre leis aprovadas por uma as sembleia de representantes do povo. Os que acreditam que o poder deveria se manter com rei, podendo também ele propor les, sentam. se do lado direito, Essa distribuigdo nos as sentos da Assembleia dard origem aos termos “esquerda” 1” quanto as orientagdes politicas. Em 1790, a ala a “direita’, a de con. servadores, & derrotada. Em ‘direit a Franca se torna uma monarquia constitucional, eo poder de governar, uma concessio da Assembleia 20 rei, que nao teria mais o poder de legislar. Luis XVIse torna, portanto, rei dos france ses, no mais d a. O monarca perde 0 poder de decisao sobre o destino do pais e em breve perdera também a propria vida ‘A Franca fervilhava como uma chaleira em ebulicio e a situacao do pais era observada com preocupagao pelas demais monarquias ceuropeias, temerosas de que a Revolugao se alastrasse pelo continente e mais reis perdes sem o poder. Os irmios de Luis XVI muitos nobres que haviam fugido do pais articulavam secretamente o apoio de estrangeiros para uma invasio 4 Franca, cuja finalidade era restaurar a “velha ordem”, Em junho de 1791, Luts XVI a familia real também tentam fugit, conse- guem escapar de Paris, mas sao reconhecidos em Verennes, a 250 quilometros da capital. Trazidos de volta sob escolta, reie rainha sio presos no Palicio das Tulherias. Neste momen- to, 0 ambiente politico fica ainda mais ten- » Nobres articulavam com estrangeiros uma invasdo para restaurar a "velha ordem" so com a iminéncia de uma guerra contra a Austria ea Priissia, que XVI. Uma onda nacionalista percorre o pais, a Guarda Nacional ganha milhares de novos voluntarios e a ideia de replica ganha forga ~ nao por menos uma das estrofes da Marse- Ihesa, que viriaa ser o hino da Franga, concla ma: “As armas, cidadios, formai vossos bata declaram apoio a Luis Thdes, marchemos, marchemos! Que o sangue impuro banhe nosso solo!”. Por toda parte ha manifestacdes contra 0 rei a favor da aboligio da monarquia. Em sgosto de 1792, a Assembleia aprova a decla- ragdo de guerra e, enquanto exércitos estran- {geiros se aproximam de Paris, revoltas lidera- das por sans-culottes exigem a derrubada imediata da monarquia. O Palacio das Tulhe- rias é invadido ¢ a familia real escapa de ser trucidada por pouco, refugiando-se na Assem- bleia Legislativa ~ durante a noite, ouvem pas- sivamente os debates que decretariam o fim dda monarquia na Franca. Pressionada, a AS- Ao ver a cabega do rei nas maos do carrasco, a populagao grita: "Viva a Republica!" sembleia suspende o rei e convoca uma Con vengio Nacional, cujas primeiras ages si0 abolir a monarquia e fundar a repiiblica, em 21 de setembro, Com o fim da monarquia, Luis XVI transforma-se no cidadao Luis Capeto (eferéncia a Hugo Capeto, primeiro rei do pais, no século X). Em novembro, coma des coberta da correspondéncia pessoal do rei em uum armério secreto do Paldcio das Tulherias, Luis é acusado de alta trig por mantercon- tato com governantes estrangeiros e tramar a invasio do pais. A Convencio considera culpado (691 votos dos 721 deputados). E,em janeiro de 1793, 0 monarca é condenado a mor tena guilhotina. Ao ver a cabeca ensanguen tada do rei nas maos do carrasco, a populagao explode aos gritos de “Viva a Repiblica! Viva aliberdade! Viva a igualdade!”. DO TERROR A NAPOLEAO Com a execugao de Luis XVI, a Revolugio Francesa entra em sua fase mais radical. Em dois anos, entre 1793 e 1794, meio milhio de presas sab acusacio de conspiragio contrarrevolucionaria ¢ cerca de 35 mil sio executadas. © Comité de Salvagio Publica enviava para 0 cadafalso todo e qualquer “ini migo da revolugao”, real e ima pessoa: periodo ficou conhecido como “O Grande Terror” € 0 nome de Robespierre esté bem atrelado a ele. 0 jovem advogado instaura uma politica radical e 0 “nés contra eles” faz.com que a simples “falta de entusiasmo” pela Re- volugao sirva como prova de culpa ~ 85% dos executados sio plebeus e, nesse periodo, a rai- nha Maria Antonieta também é executada. A radicalizagao, no entanto, comega a con- sumir até mesmo quem a promovera. Um a ‘um, seus lideres seguem 0 caminho do cada- falso até que o proprio Robespierre seja execu- tado. Com a morte do “ditador sanguinario”, © terror acaba ¢ logo a Convengao também estard exaurida. Com uma terceira Constitui «40, Franca passa a ser governada pelo Dire t6rio, composto por um colegiado de cinco nomes de orientagdo moderada e burguesa sucesso militar da Convengao (1792-1795) € do Diret6rio (1795-1799), porém, havia leva- do 0 pais nao apenas a expulsar invasores como também a ocupar territérios vizinhos. Com isso, um elemento novo surge na Revo. lugéo: o Exército. Um militar, em especial, chama a atengao: jovem com sotaque corso feito general aos 24 anos de idade. Seu nome: Napoledo Bonaparte (1769-1821), Arrojado e ambicioso, Napoledo havia al- cangado a gloria ao derrotar os austriacos na Italia e participado de uma campanha contra 6s ingleses no Egito. Depois de uma sucessio de tentativas de golpes (de esquerda e de direi ta) em que o Exército salvara 0 Diretério, 0 proprio Napoledo Bonaparte € convidado a derrubar o governo. © Golpe do 18 Brumario —9 de novembro de 1799 — instaura o Consu lado ¢ encerra o perfodo revoluciondrio, Na- poledo passa a governar brevemente com ou- tros dois cénsules até se transformar em “primeiro-cOnsul” da Franga. Em 1804, um y plebiscito popular permite o retorno da mo. narquia, tendo sido, cle préprio, coroado im- perador. Depois do periodo napoleénico (1804- 1815), revolugdes sociais sacudiriam o pais em 1830 € 1848, mas a repiblica s6 voltou a s uma realidade na Franca em 1870. A Revolugéo Francesa se torna, entao, um dos mais importantes episédios historicos da humanidade; um acontecimento grandioso, com uma série de movimentos nao coordena- dos ~ felizes e tragicos ~ que catapultaram a Franca e o mundo ocidental a uma nova era Nao 4 toa, foi com base em muitas das suas instituigdes — fracassadas ou de sucesso ~ que a democracia foi concebida. Até hoje, seus ide- ais seguem em cartas constitucionais, debates politicos e em manifestagdes e movimentos que lutam por direitos. No entanto, passados ‘mais de dois séculos, as promessas de igualda- dee liberdade individual ainda rendem acalo. radas discussbes. Para alguns, como 0 histo- riador Yuval Harari, os dois valores sio tio contraditérios que, desde 1789, 0 mundo tem dificuldade em concilié-los. Cr a. TA-DA LUA bs HA CINCO DECADAS, O PRIMEIRO GRANDE PASSO DA HUMANIDADE NAQUELE MUNDO INOSPITO DE CWB ]16 5 0)=o8 (0820) BDO Ma eT tot CAPA fb destino ordenou que os homens que foram a Lua para exploré-la em paz tenham de permanecer na Lua para dlescansar em paz.” Assim comegava o discurso de Nixon, que era uma pega de gestio de crise. Estava preparado para o caso de uma tragédia envolvendo os astronautas que viaja- riam ao espaco, em julho de 1969, com uma 1misséo historic: serem os primeiros homens a colocar os pés em solo lunar. Antes do pronun- ciamento, o presidente telefonaria para cada uma das viivas e expressaria suas condoléncias ‘A preparagio para um Iuto de dimensio na- cional nio era exagero. Um relatério em poder da NASA relacionava ocorréncias que poderiam levar A morte dos astronautas durante a missio: ulo espacial”, “falha do sistema “colisio violenta contra a super- ficie da Lua’, entre outras. Michael Collins, 0 a alunissagem (pouso na Lua) com sucesso. Afi nal,a NASA tinha sido obsessiva quanto a cada detalhe da missio, ¢ 0s trés viajantes estavam mais que prontos para a tarefa. Armstrong e Al- rin treinaram por quase dois anos num simu lador do Eagle (“guia”), o médulo lunar, en ‘quanto Collins passou 400 horas simulando as manobras que faria a0 redor da Lua. O treina. mento repetitivo tinha outra consequéncia que inflamava a boa disposicao de Armstrong: era tum antidoto contra o medo, “O medo levava a0 Panico, o que levava a cometer erros”, explica James Donovan, autor de Shoot for the Moon, ‘obra que conta jornada da Apollo 11, como era chamada a missio rumo 4 Lua. “Treinando para excluiro medo, voce diminufa a zero as chances de um lapso numa situagdo de vida ou morte.” Fato é que os astronautas do fim dos anos 1960 ‘odiavam a palavra e evitavam de todo modo ter FORAM DOIS ANOS DE TREINAMENTO NO MODULO LUNAR E 400 HORAS DE SIMULAGAO AO REDOR DA LUA astronauta que ficaria a bordo do médulo de comando e servico, permanecendo na érbita da Lua enquanto seus dois companheiros trabalha- vam na superficie lunar, foi treinado em 18 va~ riagdes de procedimentos de emergéncia. Um deles tratava das manobras que o piloto deveria fazer para retornar & Terra caso fosse obrigado a deixar seus colegas na Lua ~ para morrer. Collins desenvolven tiques nervosos nos dois olhos, pre- cocupado com esse risco. Décadas apés a missio, ele recordaria 0 que pensava na paca: “Se eles falharem na subida da superficie, ou se baterem contra ela, eu nio vou cometersuicidio; vou vol- tar para casa imediatamente, mas serei um ho- ‘mem marcado pelo resto da vida. E eu sei disso”. Neil Armstrong, o lider da missio, escolhido para ser o primeiro a pisar na Lua, reconhecia 0s iscos, mas era mais otimista. Calculava em 90% as chances de voltar 4 Terra vivo, ede 50% a pos- sibilidade de ele eseu colega Buzz Aldrin fazerem 92 AVENTURAS NAMISTORU de usi-la, Quando questionados sobre os temores naturais em uma missio sem precedentes, eles preferiam o eufemismo “apreensao”, Eo que nao faltava era motivo para ficar apreensivo. © programa espacial que tinha como meta colocar astronautas caminhando sobre a Lua ~ antes que 0s soviéticos o fizessem - ja comecara de modo trégico: um incéndio na cabine duran- teum ensaio de langamento matara a tripulagio da Apollo 1, apenas dois anos antes. Mesmo com todo o aprendizado que as falhas trouxeram a NASA n tudo parecera estar por um fio. Principalmente a partir do momento em que o Eagle, levando Armstrong ¢ Aldrin, se separou do médulo de comando e servico. Foi quando Collins ficou sozinho, dando voltas na Lua — as vezes, até sem comunicagio com a base terrestre. “Desde Adio, nenhum outro ser humano conheceu tamanha solidio quanto a de Mike Collins ao longo dos » intervalo, houve momentos em que Vets sind: : ¢ Loren er co NASA X COMUNISMO penn eee ent ent es tradugio do nome que os russ0s deram a ee eee nen Loar eer er ee ree Peete terete! ae eee ee ee ena eerereeatad pee eet Ce ee eee Viajou 2 dias ao redor do planeta até cair Peer es pote anion eerie tats nee nett ered ‘Que controlar 0 espaco vai controlar 0 mundo. A escolha est entre democracia eee ee eee pee ee ees Poe ee eed eee ker) te ree Ett eed Reet eer enn pater Ce ees pee ert e ‘quando o primeiro cosmonaut, lui COR eee ae cane ees Cet ee os Se eee ee es pect rts eee ee ne eee ee nee i cote eee eet oe aed La Ll) pA ee ae Se ee eee ee ee URE ee ae ecole Led rete as Times. Todo o empenho dos ianques para ert arenes arquirvais se deu por conta desse temor eee eae Pe ee ent ee ee eee eee Ane CAPA 47 minutos de cada volta a Lua’, foi dito a época. Enquanto isso, seus dois colegas de voo enfren- tavam as incertezas de uma descida jamais feita ‘um outro mundo. Uma viagem ao desconheci- do, que por pouco nao foi abortada em plena execugo ~ nem terminou com um motivo real para que Nixon lesse seu discurso fiinebre. FLEXOES NO ESPAGO "Nésescolhemos ir Lua nesta década nao por ‘que seja fil, mas porque ¢ dificil’ previu o pre- sidente John Kennedy, discursando no Texas, em 1962. “E 6 se os EUA ocuparem uma posicéo de proeminéncia poderemos ajudara decidir se esse novo oceano sera de paz ou um novo teatro de guerra.” A missdo assumida por Armstrong, Al- rin e Collins daria conta de cumprir com essa determinacio, e no prazo previsto por Kennedy ~ que, assassinado em 1963, ndo teve a chance de ‘mente o espago a Lua — uma viagem de trés dias. Nesse perfodo, os astronautas desfrutaram da parte mais calma da viagem, contemplando a imagem deslumbrante da Terra (redonda, como eles puderam conferir) de um ponto de vista privilegiado. Quando estavam jé a 12 mil quilmetros do planeta, vijando a quase 31 mil km/h, a tensio havia dado lugar a uma alegria de meninos que invadem uma floresta desco- hecida. “Pela primeira vez desde que deixara a Grbita da Terra e se dirigira para a Lua, Neil pode relaxar”, conta Jay Barbree, o biégrafo de Armstrong. Nessa breve descontracio, os astro- nautas brincaram com os efeitos da gravidade, tiraram seus trajes espaciais pressurizados e ‘ouviram miisica: Barbra Streisand, Peggy Lee, Blood, Sweat & Tears... Também fizeram filmes de si mesmos, transmitidos para o pessoal de controle em Houston: “Montaram um programa $0 NOS EUA, 26 MILHOES DE PESSOAS APLAUDIRAM QUANDO O FOGUETE ASCENDEU RUMO AO ASTRO LUNAR ver a evolugao de seu programa espacial. Mas a expedicio de julho de 1969 nao foi a primeira a cchegar perto da Lua. Em dezembro de 1968, a Apollo 8 jétinha orbitado o astro, ea Apollo 10, ‘em maio, chegou a sobrevoar a superficiea apenas 15 km. Mas pousar era inédito. E envolvia pro- ccedimentos nunca feitos fora de um simulador. A chegada até a érbita lunar havia sido um passeio mais tranquilo do que os astronautas, poderiam imaginar. O langamento do Saturno V, no dia 16 de julho, 0 foguete que os levou a0 espaco, havia sido um sucesso absoluto, televi- sionado para 33 paises. S6 nos EUA, 26 milhoes de pessoas acompanharam com ansiedade a ‘contagem regressiva e aplaudiram quando o foguete ascendeu numa trajetoria vertical, antes ‘que, a 200 quilémetros da superficie da Terra, a maior parte da estrutura grandiosa fosse solta, voando em direcéo a0 Sol, O que restava era uma espagonave bem menor, atravessando calma- 134. AvENTUAAS NAHISTORIA de TV improvisado, com o chef Mike preparan- do um ensopado, Buzz fazendo flexes e Neil se exibindo de cabeca para baixo”, conta Barbree. clima sé ficou tenso no dia 19, quando a espagonave entrou na érbita lunar, Era um mo- ‘mento que exigia precisio de comandos ~ qual- quer excesso de velocidade poderia fazer com que a gravidade da Lua os mandasse de volta ‘Terra.ou, pior, colocé-los em rota de colisio com a superficie do astro. Mas a precisio dos coman- dos nao deixou que nada saisse do previsto, eos astronautas puderam fazer 20 drbitas lunares. ‘Até que, ao meio-dia de 20 de julho de 1969, tum domingo, Neil Armstrong e Buzz. Aldrin deixaram seu colega ¢ entraram de vez no m6- dulo lunar. Desacoplaram do restante da aero- nave, que os esperaria de volta da Lua e, pouco depois, receberam uma autorizacio especial de Houston. “Eagle, vocé esté pronto para acender seu motor de descida.” Ea nave comegoua > ee oF Pied So perienany esate esas 1-051) a CLIT Ce7.Xo} cape eee eed eee ener ee et een Bee eee MME ee ee eta ee ed in mee es Fe EE Rn y ees eter eee es en Ces eee ee ae | Bertone eee ene ie! oe eee eos eee eee rt Ce ee ee Ree ret Creer ee eater spia¢o, O objetivo do governo americana seria dara falsa impresso de que Ree eee ee Ce eae ed eee ure) ee rr ae Deen oir ic oe te rare ran ee ere erty eee ete etree tes Fe eee ey ee ete eee ees ea cece ted rere ee eau ea Se ene Roa Oe rd ee een ent en esr ttm Be eee ot eee a eee ae ey ee ee eee cee er tee SR Coat CAPA descer por aque monitorando a desaceleracio, julgando a altura fem cada momento e confirmando se 0 angulo de voo estava correto, A gravidade lunar, bem menor que a da Terra, permitiria um caminho suave até 0 pouso. Sé que nao foi bem assim. e céuescuro, como computador POUSO DE CINEMA De repente, uma luz de alarme iluminow 0 rosto dos dois astronautas: “erro 1202”. Isso queria dizer que o computador de bordo estava sobre- carregado ~ e poderia entrar em pane. De fato, Buzz Aldrin executara tantos sistemas de orien. tagio de voo ao mesmo tempo que o computador talvez nao desse conta. Era hora de fazer esco- Tha A ética da vida crista era uma manifestagao publica de critica aos rituais do império [AVENTURAS NA WISTOFIA 44 RELIGIAO Martires que viraram santos INACIO DE ANTIOQUIA ‘Aiguns dos cristéos que morreram como méirtires no eristianismo primitivo passaram a ser venerados pela lgreja Catdlica Entre oles, destaca-se Santo Inacio de Antioquia (85 ~ 107), um bispo da Siria A comunidade crista de Antioquia data dos tempos dos apdstolos é reconhecida ‘como um dos grandes centros do cristianismo primitiv ~ foil que, pela primeira vez, os entao chamados nazarenos, vistos como uma seita derivada do judaismo, foram enfim denominados cristdos. Religioso erudito, Inacio escreveu sete epistolas famosas, sando pioneiro em tratar de conceitos que regem a Igreja até hoje, como a ideia da Santissima Trindade @ a.virgindade de Maria. Também foi o primero a usar a expresso “lareja Catélica’, Com tanto destaque assim, ‘chamou atengao das autoridades romanas. Foi condenado a morte, devorado por ledes no Coliseu. Comentando sua iminente execugdo, disse que seria “rigo de Cristo, ‘moido nos dentes das feras’ 42. wvenTunrs NAHISTORIA ‘minimos detalhes: incluia as perucas dos ro- ‘manos, as almofadas macias, os vinhos estran- geiros, os banhos quentes... Até fazer a barba era motivo de desaprovagao. “O habito de barbear-se seria uma mentira contra nossos proprios rostos e uma tentativa impia de me- Ihorar a obra do Griador”, explica Gibbon, Nio podia dar certo. Desprezar os rituais e a cultura do império era afrontar diretamente © conceito de cidadania. “E provavel que os romanos vissem 0s cristos como questiona- dores da virtude civica pietas”, afirma o teélo- go Lawrence S. Cunningham, professor da Universidade de Notre Dame (EUA). O estu dioso se refere a uma das qualidades que teriam dado a Roma a forga moral para conquistar € ivilizar o mundo. “Piedade” significava devo 0 a0s deuses romanos, mas também impli- cava a ideia de respeito pela ordem social e patriotismo, Entao, quando os cristaos desde- nhavam dos rituais do império, nao estavam apenas esnobando a fé oficial: estavam trazen. do instabilidade & pax deorum (expresso lati- na para “paz dos deuses”), a concérdia entre 0s homens e as divindades, que garantiria a se- guranga e o bem-estar da populacao. Eram, portanto, um risco a sociedade. Nas primeiras décadas do cristianismo pri mitivo, esse estigma geralmente rendia nio ‘mais que um ambiente de animosidade e pre- conceito. Isso até que um dos politicos mais aloprados da historia assumisse 0 cargo de imperador. E colocasse fogo em Roma. (OS PECADOS DE NERO ‘O mal-estar em relacio aos seguidores de Cris- to virou perseguigao pela primeira vez.quando, no verio de 64 d.C., um incéndio de proporcées éicas tomou conta da capital do império, Co- ‘mecou numa pequena venda perto do Circus ‘Maximus e logo se espalhou pelo comércio vizinho. Ficou tao forte que incendiou a arena inteira, os estabelecimentos comerciais ¢ as casas, deixando a cidade em chamas por cinco dias. Nao ha nenhuma evidéncia historica de como esse fogo comecou, talvez.fosse um sim- ples acidente doméstico. Mas 0 povo nao de- A palavra “martirio” vem da expressao “prestar testemunho num tribunal” morow a achar um culpado, A fama de Nero cera de cruel e demente - com grau maximo de psicopatia. O politico mandara matar a pripria mie e, quando uma de suas esposas morreu, fer com que castrassem um jovem escravo para se casar com o eunuco. Quem, além dele, seria ‘tao insano a ponto de botar fogo na cidade? Entdo Nero terceirizou a impressdo de cul- pa para o tinico tipo de gente que 0 cidadio romano odiava tanto quanto a ele: 0s cristios, logico. Mandou prender, interrogar e executar com requintes de perversidade. Os condenados tiveram de vestir peles de animais antes de serem jogados As feras, para estimular o apeti- te dos grandes predadores. ‘Também viraram tochas humanas a iluminar céu de Roma. Nero era um tirano sidico, mas seus méto- dos cruéis nao diferiam muito do padrio ro- mano de punigao. A pena capital era comum, por exemplo. O que chegou até os nossos dias sobre a Lei das 12 Tabuas, que versava sobre rocedimento judicial na Roma Antiga, revela ‘que uma pessoa podia ser executada brutal- mente por atos as vezes banais, Caluniar al- ‘guém em uma cangéo, por exemplo, era puni- do com espancamento até a morte. E as priticas oficiais inclufam degola, empalamen- to, afogamento e queimar gente viva ~além da popular crucificacao. [Antes das execucbes, 0s cristdos presos eram ‘questionados sobre se eram mesmo seguidores dos ensinamentos de Jesus. E foi esse papel que _gerou termo empregado para todo aquele que admitia, como sua propria testemunha de acu- sao, que era, sim, cristo. A origem da palavra “martirio” vem da expressio “prestar testemu- nnho num tribunal”. Ea perseguicio sanguindria de Nero dew infcio aos séculos que ficaram co- hecidos como “Era dos Martires” > P| ties Paice SAO POLICARPO DE ESMIRNA (© marttio de Policarpo ¢ reconhecido como 0 primeira documento a registrar uma execugao de um cristao por se rmanter fil a sua religiao no império Romano ~ foi a primeira vez que o termo ‘méirr” foi usado para se referr 20s seguidores de Jesus que davam testemunho contra sinas audiéncias de oma, tendo a morte como consequéncia. Gonsiderado um dos registros mais importantes do segundo século d.C., a obra ¢ evidencia-chave para compreender como teve inicio uma mentaiade crsta sobre a importancia dos relatos de martirio para © fortalecimento da cristandade. Bispo de Esmima, cidade do sudoeste da ‘Turquia, Policarpo (69 - 155) € considerado um dos trés principais Padres Apostdlicos do cristianismo primitivo, ao lado de Indcio de Antioquia ¢ do papa Clemente de Roma. ‘Ao so racuisar a prestar homenagem aos ddouses pags, foi condenado & morte, ueimado vivo numa estaca. [AVENTURAS NA HISTORIA 43 RELIGIAO Martires que virardm santos SAO SEBASTIAO O santo padroeiro dos gays tem uma histéria que é emblematica do ‘quanto os cristéos foram moldando os detalhes dos martirios para fabricar heréis inspiradores. Sebastizo (256 - 286) tetia sido um dos casos de romano cconvertido ao cristianismo, com um ‘agravante": era guarda pessoal do imperador Dioclaciano = justamente (© mais terrivel perseguidor de cristaos. Quando sua {6 em Cristo fol descoberta, ‘seu chefe condenou-o & morte: seria executado a flechadas. Na época, Sebastio era um militar trintao, © as primeiras representagoes anlisticas do santo, entre os séculos 6 @ 11, mostram um homem maduro, barbudo apropriadamente vestido. A partir do século 13, as pinturas foram rejuvenescendo a figura do marti, criando a imagem que predomina até hoje: um jovem imiberbe, ‘musculoso, com 0 corpo cravado de flechas. © santo mais fotogénico da historia da Igreja 44, wyexunns NAMISTORIA ENTRE A CRUZ E A ESPADA Cristios morreram por iniciativa do Estado em cinco periodos do dominio de Roma: logo apés ‘o grande incéndio de 64 d.C., eem determina- dos anos dos reinados de Décio, Valeriano, Diocleciano e Maximino Daia. “Nem todos cesses episédios poderiam ser chamados razoa- velmente de perseguicio, e muitas vezes foram limitados a regides espectficas”, explica Candi- da Moss, professora de teologia da Universida- de de Birmingham, no Reino Unido, ¢ uma especialista em martirio no cristianismo pri mitivo. “Estamos falando em menos de dez anos de um total de 300 em que os cristaos foram executados como resultado de iniciativas im- periais”, descreve a professora. Em janeiro de 250 d.C., 0 imperador Décio Jangou um decreto que obrigava todos os cida. dios de Romaa fazer sacrificios de animais em honra ao préprio imperador. A pena para quem nio o fizesse era a morte. Tratava-se de um teste de lealdade aos deuses do império e, a0 ‘mesmo tempo, um desafio aos cristaos. Entre a morte terrena sob tortura e colocar em risco sua vida eterna, muitos cristdos se recusaram a fazer o sacrificio institucional. Foram tort. rados € mortos. Outros preferiram nao ter de fazer essa escolha terrivel e partiram para 0 exilio. Foi 0 caso de Séo Cipriano, na época bispo de Gartago. Ele se escondeu num primei- ro momento, mas acabou sendo preso na ter ceira onda de execugdes de cristaos, jé quando Valeriano era o imperador. O diilogo de sua audiéncia com o procénsul Galerius Maximus chegou até os nossos dias. Galerius: “Os imperadores mais sagrados ordenaram que vocé se conformasse aos ritos romanos”. / Cipriano: “Eu me recuso”./ Gale- rius: “Vocé viveu uma vida sem religido [a dos romanos], uniu um nimero de homens em uma associacio ilegal, e se declarou aberta. ‘mente um inimigo dos deuses e da religiao de Roma. Os piedosos, mais sagrados e augustos imperadores tentaram trazé-lo em vao de vol- ta A conformidade; e, no entanto, vocé foi de- tido como lider nesses crimes infames. A au- toridade da lei seré ratificada em seu sangue. Ea sentenca desta corte que Cipriano seja executado com a espada”, E 0 bispo foi dego- lado. Quando o imperador Valeriano morreu, seu filho Galiano assumiu a frente do império «logo revogou as legislagdes que colocavam os cristos na mira. Eassim os seguidores de Cris- to tiveram mais de 40 anos de relativa paz — época em que construiram igrejas e alguns, inclusive, ascenderam na escala social. Mas isso até que Diocleciano se tornasse 0 novo “César”. E inaugurasse a pior caga aos cristaos da historia do Império Romano. A GRANDE PERSEGUICAO Entre 268 d.C. ea ascensio de Diocleciano, em 284, nada menos que oito imperadores haviam sido assassinados, e Roma tinha de lidar com focos de guerra civil e invasées barbaras. A resposta do novo imperador instabilidade foi dividir seu poder com mais trésIideres, crian- do o sistema conhecido como Tetrarquia - que ajudava a controlar melhor as fronteiras do império, Por outro lado, ter quatro imperado- res era um desafio para a unidade do seu ter- rit6rio, Entio, para dar coesio e o sentimento de um Estado nico, Diocleciano buscou ‘mesmo recurso ao qual muitos ditadores ape- lam para fortalecer o patriotismo: elegeu um inimigo em comum. Os cristios, claro. Os éditos do imperador foram gradualmen- teanunciados, etirando aos poucos os direitos legais dos cristaos, praticamente tornando a nova religido um crime contra 0 Estado. Suas primeiras medidas persecutérias, de 303 4.C., removeram cristios de cargos piblicos (Hitler faria 0 mesmo com os judeus), destruiram igre- jas, confiscaram escrituras sagradas e proibi- ram os cristios de se reunir. Na parte leste do Império Romano, os seguidores de Cristo > Para fortalecer 0 patriotismo entre lideres, um inimigo em comum foi eleito: os cristaos BO ete em eT SAO LOURENGO Nescido na Espana, este retgioso — morta na teria onda de persequiglo aos cristéos, quando Valerano eraimperador = ganhou fama de bincaltéo,roizando 0 proprio martrio am pleno ato da execugé, Lourengo de Huesca (225 ~ 258) ft um = incluir a divisio de ‘A Amazénia foi o bergo de culturas avan- «adas, que viveram mais de mil anos antes de Cabral chegar ao Brasil. Os registros mais an- tigos da presenca dos homens na regido foram descobertos pela arqueéloga norte-americana Anna Roosevelt, em 1996, Ela encontrou pin- turas rupestres datadas de 11 mil anos, na regido de Monte Alegre, PA, ‘Na regio da Ilha de Marajé, uma impor- tante civilizagdo se desenvolveu entre 0s anos 400 e 1300 dC. A civilizacio marajoara do- minava a agricultura e possuia aldeias que Ha chegaram a abrigar 5 ou 6 mil habitantes. Os ‘marajoaras eram excelentes engenheiros € B construiram aterros artificiais que se elevavam até 12 metros acima do solo. "Esses aterros exigiam a mobilizagio de um grande contin- gente de mao de obra e uma lideranga consti- tufda e respeitada’, afirmou 0 arqueélogo Eduardo Neves, da USP. Tal requinte se refletia na criagao de sua ceramica. Deca- riter cerimonial, seus desenhos correspondem ao mundo sim- bélico e religioso dos marajoa- ras, Eles desapareceram miste- riosamente por volta de 1300. ‘Masa superpoténcia da épo- ca era a civilizacdo tapajonica, que ocupava a regio da atual cidade de Santarém, PA. Mes- ‘mo depois do contato com os europeus, ainda era uma das maiores e mais poderosas nagdes 3 indigenas da Amazénia. Objetos de sua cera ‘mica foram localiZados em lugares distantes, que indicaique havia contato intenso entre 6s tapajés etribos Vizinhas, incluindo comér- cio, Segundo Eduardo, havia uin poder central exercido por chefe tapaj6, Feunindo varias tri + bos vizinhas. E algiimas aldeias eram tio po- pulosas que seus caciques podiam mobilizar até 60 mil homens para o combate. {A Amazénia também foi o ponto de parti- 3 da para a migrago de um povo tecnologica- ‘mente avancado e conquistador, que levou 20 declinio os brasileiros coletores e cacadores, € © * que se espalhou de forma inédita pelo pais: os CERAMICAS DE 7 MILANOS ESTAO ENTRE AS MAIS ANTIGAS DO CONTINENTE AMERICANO Baio Tees sae tupi. Partindo de onde hoje ficam os estados de Rondénia e do Amazonas, cles deixaram a regido em duaslevas princpais os tup-guara- ni desceram o Rio Parand e chegaram a regido sul; os tupinamba seguiram pelo Rio Amazo- recta Pees taik rarmctaral peat Eles viviam em grandes aldeias, cujas popu- laces chegavam a ter milhares de pessoas. "Se organizavam em chefaturas, isto & uma reu- nio de tribos em que algumas aldeias seriam mais importantes ¢ teriam influéncia sobre outras”, explica o professor e historiador Paulo Jobim. Segundo ele, as aldeias funcionavam como cidades, com familias inteiras, com tios, Primos, pais, avése fihos vivendo numames. ma casa. “A hierarquia das tribos era baseada no parentesco”, diz. Os espagos comuns desses. lugares, normalmente na érea central, eram dedicados as priticas religiosas e sociais. Eles ‘conheciam a agricultura, princi- palmente a de hortalicas, de ‘mandioca e de mitho, e produ- iam ceramicas prétics, prince palmente para cozinhar. epee goles territorios, era tida como opor- tunidade para o desenvolvimen- to de liderangas, que se basea~ Bee eee a oratéria ¢ nos lagos familiares. ‘Aexpectativa de vida era curta, nao ultra pasando os 40 anos de idade em média. Por isso, os mais idosos eram muito respeitados, eno get ecmenmecie divisio do trabalho também era feita por sexos: fe hance caterer alee itr cuidavam das criancas e do preparo do solo fee perrictitare Aiea fete ac reat ponsiveis pla prodasdo da arte em cerdmica. “Os guarani eram um povo conquistador ein vata eesee ales triacetin Schmitz, “Seus parentes tornavam-se aliados, ea a ee e expulsos, dizimados ou incorporados, as Pea catee ska teeta ‘Osinossos descendentes que estavath na praia, naquela manha de 22 de abril de 1500. INDIO E 0 SEU PASSADO Ce MU eS cay ee eo cu Cee ee ke ee brasileiras. O indio Kaka Werd Jecupé, eee eee ete Ree etree cy Cet ey ee eee) Reena ees ue eg eee eee ee Oe oC aoc ey Ps. one Ce ce Sc cey CO ee cconsstituiu a sua prépria tribo. “Tupa, entao, disse que um dia Nhanderikey voltaria, mas eee ee as eee cee ae! ee ern eee ee eee eee cd ee Mel erty Ce co Se resposta serd que ele sempre esteve Ia. ee ee PARA ENTENDER MANICOMIOS NO BRASIL 5 OBRAS PARA ENTENDER COMO ERA A VIDA NOS ANTIGOS HOSPICIOS DO PAIS, CONSIDERADOS MODELO POR DECADAS: DIARIO Do HosPi- Hospicio £ DEUS ClO EO CEMITERIO E 0 SOFREDOR Dos vivos DOVER 1a Barreto, 1920 Maura Lopes Cangado, Duas obras escritas 1965/1968 ‘enquanto 0 autor esteve | Box rene as duas tnicas internado no Hospital Publicacdes da escritora, Nacional de Alienados, | mineira, que enfrentou RJ, 0 primeiro manicémio | diversas internagdes construido no Brasil psiquidtricas ao longo da Nos relatos de Barreto, 0 | sua vida, desde que fora ‘que mais impressiona éa | diagnosticada com perturbadora lucideze | ‘esquizofrenia. A primeira, sensibilidade com que —_| aos 18 anos, foi de forma desvela suas impresses | voluntaria, Seus relatos sobre a propria loucurae | tém um tom denunciativo ade seu entorno. dessa experianca, HoLocausTo NISE: 0 ACHAVE DA 2 BRASILEIRO 4 cORAGAO 5 NOSSA CASA Daniela Arbex, 2018 DA LOUCURA Fundap, 2014 Pacientes foram mant- | Roberto Bertiner, 2015 | Documentario dos em condigées Filme biogréfico da aborda a politica de esumaras no Hospital | psiquiatra Nise da desinsttucionalizago Colénia de Barbacena, Silveira, que, em 1950, para residéncias terapét MG, sem previsdo de | adota uma abordagem | ticas, com suporte do saida. Em 2016, este livro_| de cuidado inovadora ‘SUS, de pacientes inspiou o documentario | no setor de terepia provenientes de antigos oe cde mesmo nome (com | acupacional de Centro | manioémios e hospitais ieee irecao de Danisla Arbex | Psiquitrico Peco I, RU. | psiquiétricos. Hoe, s40 par @ Armando Mend2). Seu trabalho questionou | moradores desses Degen fAmbos buscam resgatar | 0 paradigmna da psigua~ | estabelecimentos devido ‘a memoria de parte tia traccional por as internagdes que se ciessahistéria que considerar agressivos os | prolongaram por anos & vitimou 60 mil pessoas. | tratamentos da spoca, | até dcadas, 154. avenrunAs NAHISTORIA COLUNA MA. TERC! DA SENZALA AO FRONT DE BATALHA ras, Fosse por territ6rios, ideais ou diferencas intelectuais,o homem constantemente langou ‘mao de recursos bélicos para fazer valer sui bigdes. Dizem que guerra é inferno, Nao sei espe: cular sobre o inferno, mas, sem diivida, a guerra é © que mais nos aproxima dele. Para o ser humano, nenhum outro anseio é ‘maior do que o desejo pela liberdade, Ninguém nasce para o grilhio ou 0 confinamento. Ser livre € desejo comum de todos e, talvez por isso, 0 direi to de expressar qualquer opiniao, agir, se relacionar, ter independéncia ou licenga para ir e vir, perma- necer ou ficar, seja uma das maiores motivagdes para calar fundo a baione- ta no campo de batalha, Eis entao o problema. Nao se faz guerra sem o ‘mais precioso dos recursos: vvidas humanas. Nao se pe- leja, jamais se ganha terri- torio, nao se esclarece a diferenca, nem se chega ao prémio sem soldados, Em 1866, durante a Guerra do Paraguai, esse era © dilema do Império do Brasil. Fora um ano particularmente dificil para os sol dados no front. Quase dois anos haviam se passado, a situagdo das forcas militares brasileiras era caéti- ca. A invasio do desconhecido territSrio paraguaio expés nossas fraquezas. Terrenos pantanosos, to. caias constantes e alagamentos stibitos. Deslocar tropas era demorado, acima de tudo, cu deram-se milhares de vidas e o Exército brasileiro N a histéria do mundo sempre existiram guer- am- (080. Per- estava desfalcado e terrivelmente desarticulado, Assim, para dar conta das baixas ¢fortalecer as linhas que ameacavam desmoronar, o imperador Decreto aprovado em caréter emergencial permitia senhores venderem seus escravos para 0 governo fazer guerra propds uma audaciosa, porém polémica solucio, que tocava no nervo mais vulnerdvel e sensivel da época: a escravidio. Dom Pedro II sugeriu, entao, ‘uma lei que permitia a alforria de escravos em tro- ca de servigo militar Apesar do grande receio dos conselheiros reais, que diziam ao imperador que as alforrias incenti- variam a movimentagio de escravos pelo pais, fo- mentando fugas ¢ sublevagbes pela abolicao, e de todos os obsticulos colocados pelos senhores de escravos e fazendeiros, que argumentavam que tal libertagao traria sérios transtornos para a agricul- tura nacional, o decreto niimero 3725/1866 foi apro- vado em cardter emergencial, com a ressalva de se pagar indenizacio aos pro- Prietérios, Trocando em mitidos, os senhores ven- diam seus escravos para o governo fazer guerra. Nas senzalas ¢ nas la- vouras, cartas de alforria e uniformes comecaram a chegar enderecados a homens que, repentinamen- te, se viram no dever de defender a patria que até entao Ihes negava condigdo de gente. Em janeiro de 1867, 0s primeiros libertos da guerra foram enca- minhados para 0 Exército e a Marinha do Brasil Fortos ¢ engajados como soldados, eles lutaram em pelo menos trés dos quatro exércitos dos paises envolvidos. © Corpo dos Zuavos da Bahia era um dos muitos batalhées formados exclusivamente por negros. O consenso entre muitos dos comandantes dos Aliados era de que aqueles homens de maos calejadas e costas marcadas lutavam mais brava- mente ¢ com maior entusiasmo que os soldados brancos, porque lutavam por liberdade. [AVENTURAS NA HISTORIA BS COLUNA ALEXANDRE CARVALHO 0 MUSEU EOS NAZISTAS 'urbano que, em tempos de guerra, se rende a0 inimigo para evitar perdas humanas e materiais ~ passa a ser ocupado pacificamente, Dominado também. Foi o que aconteceu quando parte da Fran-

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