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Prof.

Enson Portela

Fortaleza, 2021
ESTE PDF É PARTE DO CONTEÚDO DO CURSO DE
PROJETO DE ESTRUTURAS UTLIZANDO TQS DO
PROFESSOR ENSON PORTELA. O USO E
INTERPRETAÇÕES DOS RESULTADOS APRESENTADOS
SÃO DE SUA RESPONSABILIDADE.

PARA MAIS INFORMAÇÕES CLIQUE NO LINK:


https://aprendaengenharia.com.br/curso-estruturas/

Este manual é exclusivo dos alunos do curso e não pode ser reproduzido

Fortaleza, 2021

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AVISO
Esta apostila tem fins somente didáticos. Os autores não assumem
responsabilidades sobre decisões dos indivíduos que a utilizam para seus projetos. É
expressamente proibida a divulgação ou cópia deste material sem o consentimento de
seus autores. Valorize o trabalho alheio para que o seu também seja valorizado

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MANUAL DE PROJETO DE ESTRUTURAS

1) INTRODUÇÃO
Existe um mito no meio da engenharia de que nós engenheiros(as) somos
rivais dos arquitetos(as). Não sei de onde isso saiu. Trabalho com projeto de
estruturas desde 2007, já fiz centenas e centenas de projetos (principalmente
edifícios) e nunca tive um dissabor com arquitetos. Isso é tão verdade que acabei
me casando com uma.
Eu sempre digo que arquitetos devem ser nossos principais aliados. Se
você quer ser um(a) projetista busquem estar no meio de quem o cliente procura
primeiro. Isso mesmo, todo mundo que quer fazer um projeto vai precisar
primeiro de um arquiteto. Principalmente projetos grandes. Então por que você
não cria parcerias como esses profissionais? Por que não ficar próximo deles e
eventualmente ser indicada para algum projeto? Não estou dizendo que isso é
uma obrigação ou deva ser feito de forma manipuladora. Estou esclarecendo
que na ordem dos projetos de construção civil, O ARQUITETO(A) SEMPRE VEM
PRIMEIRO!
Toda concepção estrutural começa por uma arquitetura desenvolvida.
Gosto de dizer que o projeto arquitetônico é o guia do projeto estrutural. Alguém
até pode argumentar que nem sempre desenvolvemos o estrutural com base no
projeto de arquitetura executivo. Isso é verdade. Mas mesmo em um nível de
projeto básico, o estrutural sempre vai se basear no arquitetônico. Dito isto, fica
entendido que nossa regra para um lançamento estrutural será: VAMOS
OBEDECER AO MÁXIMO A ARQUITETURA. Por quê?
Porque fazendo isso eu facilito o processo de compatibilização, fazendo isso
eu evito discussões com outros profissionais, fazendo isso eu atendo gregos
troianos e facilito o caminhar dos projetos. Lembra-se “você não quer ter razão,
você quer ser feliz”.
Já passei por inúmeras vezes que mudanças nas arquiteturas para se
adequar a minha estrutura resultaria em um projeto mais seguro, mais barato e
de mais fácil execução. La atrás, ainda imaturo, eu discutia e queria mostrar
como meu jeito era melhor. Hoje eu até tento melhorar algumas coisas nos

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projetos arquitetônicos, mas passei a entender que todo mundo valoriza muito
mais aquilo que vê (arquitetura) do que aquilo por baixo do acabamento
(concreto).
A visão do engenheiro(a) é analítica, lógica e objetiva. Está sempre pensando
em termos de produtividade, redução de custo e segurança. A mente do
arquiteto(a) é diferente, eles(as) pensam em termos de funcionalidade, estética
e emoção. São treinados para pensarem em cores, espaços, volumetrias e
utilidade. Nós somos treinados a pensar em termos de segurança, esforços,
tensões e deslocamentos. Reparou como somos “bichos” de naturezas
diferentes?

2) LANÇAMENTO ESTRUTURAL
O primeiro passo para um bom lançamento estrutural é entender que todos
os elementos estruturais têm basicamente três funções nas estruturas: Absorver,
Resistir e Transmitir os esforços. Uma abreviação desses termos para você
nunca mais esquecer é ART. Todo elemento estrutural vai desempenhar essas
três atividades. Uma laje por exemplo, vai absorver todos os esforços sobre ela,
vai ser calculadas para resistir aos momentos e cisalhamento e vai transmitir
esses esforços aos elementos que a apoia, normalmente vigas.
Tipicamente, em uma estrutura de concreto esse caminho das cargas é
sempre o mesmo, tem sempre a mesma sequência: Lajes  Vigas  Pilares.
Para o lançamento estrutural eu recomendo que você faça o oposto desse
caminho. Um conselho que dou é “SEMPRE COMECE O LANÇAMENTO
PELOS PILARES”. Talvez você pergunte a razão. Posso citar as duas mais
importantes: pilares são os únicos elementos verticais e que sua posição em um
pavimento interfere em todos os outros pavimentos, pilares definem as vigas, ou
seja, depois que os pilares foram lançados as vigas serão automaticamente
lançadas. Como lajes se apoiam nas vigas então lançando os pilares você
automaticamente resolve vigas e lajes.
Vou citar agora alguns passos para um bom lançamento estrutural:

a) Começar o lançamento pelo PAVIMENTO TIPO


Todas as vezes que você for lançar uma estrutura comece pelo pavimento
tipo. Imagine que em uma edificação de você têm 25 andares. Provavelmente

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20 desses andares serão Tipo. Se você consegue resolver o tipo, já vai ter
resolvido 80% da estrutura de uma vez só.

b) Lançar a estrutura na ordem: PILAR → VIGA → LAJE


Sempre comece o lançamento estrutural pelos pilares. Já falamos que vigas
são consequência das posições dos pilares e que lajes são consequência das
posições das vigas. Se lançou bem os pilares, viga e lajes são lançados
naturalmente.

c) Existe uma quantidade ótima de pilares em um pavimento


Tempos atrás pegamos nosso estagiário e mandamos ele fazer um estudo
estatístico de alguns edifícios que projetamos. Montamos uma planilha no Excel.
Uma coluna era a área do pavimento e outra a quantidade de pilares. Chegamos
a conclusão que se dividirmos a área do pavimento pelo número de pilares
ficaríamos com um valor entre 13 e 21, ou seja, ao receber uma arquitetura basta
calcular a área do pavimento dividir por 13 e 21 e você terá uma referência da
quantidade de pilares que pode ter.
A Figura 1nos mostra a arquitetura de um pavimento tipo. A área total do
pavimento é de 649m². Isso gera um intervalo de número de pilares entre 30 e
49. A estrutura foi executada com 37 pilares. Não interprete esses números como
algo certeiro. Veja como uma referência estatística.

Figura 1 – Arquitetura pavimento tipo

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d) Tente utilizar vãos entre 4 e 6 metros.
As distâncias entre pilares determinam os vãos das vigas. Como em toda
arquitetura existe um limite aceitável para as alturas das vigas, o ideal é não ter
vão maiores que 6 ou 7 metros, porque distancias maiores exigem vigas mais
altas e existe um limite do pé-direito possível.
Por outro lado, vãos curtos demais podem exigir fundações conjuntas de pilares.
Por isso, devemos evitar pilares próximos demais. O ideal é que cada pilar tenha
sua própria fundação. Vãos de 4 a 6 metros possibilitam tirar o máximo de
proveito das peças. As vezes precisaremos de vão menores e as vezes de vãos
maiores. Mas sempre que possível devemos evitar.

e) Inserir pilares no CANTOS, ESCADAS e ELEVADOR


Existem três regiões na estrutura que são muito propícias a colocação de
pilares. Primeiro, a região dos cantos da estrutura. Neste locais a arquitetura
normalmente aceitas pilares em toda a altura da edificação. Então é um local
ótimo para colocação de pilares. Sempre coloque pilares nos cantos. Eu sempre
começo meu lançamento por aqui.
Cuidado apenas com canto que são varandas e que tem a alvenaria
interrompida. Veja na Figura 2 que a varanda do edifício tem um canto, mas a
alvenaria não passa de andar para andar. Nesse caso, não podemos colocar um
pilar nessa posição.

Figura 2 – Varanda de um edifício típico.

Além dos cantos, caixa de escada e região dos elevadores são ótimo lugares
para colocar pilares. Inclusive pilares grandes, paredes, para dar a estabilidade
necessária ao edifício. Tenha em mente que, quase sempre, tanto escada como
elevadores irão percorrer toda a arquitetura em uma posição única, ou seja, você

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tem um lugar ideal para inseria um elemento vertical sem ter interseção com
outras partes da arquitetura. Então aproveite! Normalmente uso pilares da ordem
de 20x150, 25 x180, 25x200 nessas regiões. Esses são valores de referências
para edifícios com vários andares.

f) Inserir pilares alinhados para formar pórtico


Procure inserir pilares alinhados entre si. Isso ajuda a formar pórticos, o que
dá a estrutura uma boa estabilidade quanto aos esforços laterais. Na Figura 3 é
possível perceber que o pilares P1 e P7 estão alinhados e forma pórticos. Isso
pode ser visto também nos pilares P2 e P10; P7, P8, P11, P9 e P10; P12 e P13.
Todos esses pilares estão alinhados e são ligados por vigas, o que garante a
formação de estruturas de contraventamento.

Figura 3 – Trecho de uma planta baixa.

g) Buscar o menor trajeto para a carga LAJE – VIGA – PILAR


O ideal de toda estrutura com vigas, pilares e lajes é que o trajeto da carga
seja sempre LAJEVIGAPILAR. Mas nem sempre isso é possível. Muitas
vezes nos projetos precisamos apoiar vigas sobre vigas. Mas isso deve ser
evitado.

h) Padronizar seções de vigas


Não é incomum ter dezenas de vigas em um pavimento. Sempre que possível
padronize as seções. Não precisar tem 15 seções de vigas em uma planta. Isso

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ajuda bastante na confecção das formas execução das alvenarias sob viga. Um
bom número que já resolve para a maioria dos pavimentos habitados é ter 5 a 7
seções de vigas. Tipicamente, 14x60, 14x50, 14x40, 20x60, 20 x 45, 19 x 50 ou
60.

i) Evitar marcar fachadas, portas e janelas.


Parece óbvio, mas tente evitar marcar fachadas e regiões de portas e janelas.
Nem sempre isso é possível. Muitas vezes precisamos deixar um pilar passando
pela janela do banheiro e tentar junto ao arquiteto que ele mude essa janela.
Outras vezes, precisamos deixar o pilar saindo um pouco da fachada. Já tive
casos, que precisei ter uma seção de pilar de 25x80, como as paredes tinha 15
cm acabadas ficou um dente de 10cm na sala. O arquiteto preferiu deixar esse
dente na fachada. Essas coisas acontecem. É possível com uma boa conversa
convencer o arquiteto(a) a mudar uma porta ou janela 10 ou 15 cm mais para
um lado. Mas é sempre bom evitar esse tipo de atrito.

j) Nomear os elementos estruturais.


Existe um consenso na numeração dos elementos estruturais.

PILARES são numerados da esquerda para direita e de cima para baixo.


LAJES seguem os pilares: de cima para baixo e da esquerda para direita.
VIGAS são numeradas na horizontal da esquerda para a direita e depois as
verticais de baixo para cima. Só se numera vigas verticais depois de todas as
horizontais.
A forma da Figura 4 é do modelo padrão utilizado pela TQS. Repare na
numeração dos elementos como seguem exatamente a sequência apresentada
neste item.

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Figura 4 – Planta baixa gerada no TQS.
É possível com uma boa conversa convencer o arquiteto(a) a mudar uma porta
ou janela 10 ou 15 cm mais para um lado. Mas é sempre bom evitar esse tipo de
atrito.

3) PRÉ-DIMENSIONAMENTO DOS ELEMENTOS ESTRUTURAIS


Uma vez definidos os pontos onde teremos pilares, vigas e lajes, precisamos
definir as dimensões dessas peças também. Claro que essas dimensões não
necessariamente serão as dimensões finais. Será preciso fazer uma primeira
análise da estrutura e verificar se as seções estimadas, estão “folgadas”, justas
ou rompendo.
Para uma primeira estimativa dessas seções temos algumas equações que
podem nossa auxiliar.

VIGAS
A base da viga normalmente fica com um valor próximo da alvenaria, algo como
14cm. As alturas das vigas podem ser aproximadas como 10% do vão para
estruturas apoiadas e 15 a 20% para engastes. Para edifícios é costume se
trabalhar com alturas entre 40 e 60cm.

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LAJES
Tipicamente as lajes serão tratadas como estruturas simplesmente apoiadas nos
quatro bordos. Quando a laje for de laje maciça podemos estimar a altura
pegando a altura como 2,5% do vão menor. Uma laje de 4m x 5 m,
provavelmente consegue trabalhar com uma altura h = 0,025x400 = 10cm.
Se a laje for nervurada por fazer uma associação da laje nervurada com a maciça
e simplesmente verificar o catálogo das empresas que ofertam esse serviço.

PILARES
No caso de pilares precisamos fazer algumas contas simples. Recomendo que
seja usados dois critérios para a definição da seção do pilar, um relacionado a
tensão e área de influência do pilar e outro com a flambagem. O critério utilizando
tensão e área de influência (AI) do pilar é dado por:
Área(cm²) = 𝑥20 = 120 x AI (1. 1)

AI em m². Já o critério de flambagem será dado por:


Lado(cm) =
,
= 0,08 x Pd (1. 2)

onde Pd é o pé direito me cm medido de topo a topo de pavimento. Cuidado, em


muitas regiões do Brasil Pd é a distância vertical de topo a fundo de pavimento.
Não é o caso aqui.
A Equação (1. 1) retorna a área da seção transversal do pilar. Já a Equação (1.
2) retorna o lado mínimo do pilar. Se dividirmos (1. 1) por (1. 2), teremos o valor
mínimo do outro lado da seção do pilar considerando uma seção retangular. Para
o caso de casas, recomendamos que essas equações sejam atualizadas por:
Área(cm²) = 𝑥2 = 12 x AI (1. 3)

AI em m². Já o critério de flambagem será dado por:


Lado(cm) =
,
= 0,06 x Pd (1. 4)

Novamente, lembramos que essas equações são de referência. São apenas um


começo, uma forma simples de ter algo objetivo para definir a primeira geometria
das peças.

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4) CARGAS NAS EDIFICAÇÕES
Em 2019, passamos por uma revisão considerável da NBR6120. Desde a
década de 80 essa norma não sofria alterações significativas. Nesta NBR,
continuamos a dividir os carregamentos de uma edificação em três categorias:
permanentes, variáveis e excepcionais. A norma apresenta a seguinte definição
para cada uma:
Ações Permanentes atuam com valores praticamente constantes, ou com pequena
variação em torno de sua média, durante a vida da edificação ou que aumentam
com o tempo, tendendo a um valor-limite constante

ações variáveis ações cujos valores, estabelecidos por consenso, apresentam


variações significativas em torno de sua média durante a vida da edificação. Seus
valores possuem de 25 % a 35 % de probabilidade de serem ultrapassados no sentido
desfavorável em um período de 50 anos.

Ações excepcionais ações que têm duração extremamente curta e probabilidade


muito baixa de ocorrência ao longo da vida da edificação, podendo provocar efeitos
catastróficos.

Na prática tendemos a nos preocupar sempre com cargas permanentes e


variáveis. Esta última também é chamada de sobrecarga ou acidental.

Basicamente temos três naturezas de cargas permanentes:

Peso próprio + Alvenarias + Pavimentação e Revestimento.

Para a estimativa da carga devido a pavimentação e revestimento podemos fazer


uso da tabela apresentada na Figura 5. Uma forma relativamente simples e
segura de considerar este carregamento é:
Pavimentação e revestimento:
- Subsolos: 150 kgf/m²;
- Pilotis: 300 kgf/m²;
- Pavimentos tipo: 150 kgf/m²;
- Coberturas: 300 kgf/m²;
- Cobertas: 150 kgf/m².

Os valores de 300 kgf/m² são usados em lajes com impermeabilização.

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Figura 5 – Tabela da NBR6120 para carga de pavimentação e revestimento.

Para as cargas de alvenaria, basta considerar os valores apresentados na


Tabela 1. 1.

Tabela 1. 1 – Cargas de alvenaria segundo NBR6120

Espessura Peso - Espessura de


ALVENARIA DE 2
nominal do revestimento por face (kgf/m )
VEDAÇÃO
elemento (cm) 0 cm 1 cm 2 cm
6.5 100 140 180
9 110 150 190
Bloco de concreto
11.5 130 170 210
vazado 14 140 180 220
19 180 220 260
9 70 110 160
Bloco cerâmico 11.5 90 130 170
vazado 14 110 150 190
19 140 180 230

Podemos usar os valores da seguinte forma:


Alvenarias:
- Internas = 150 kgf/m²;
- Externas = 250 kgf/m²;
- Dobradas = 350 kgf/m²;
- Drywall ou gesso = 80 kgf/m²;

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Os valores acima precisam ser multiplicados pela altura útil da alvenaria (halv)
como mostrado na Figura 6.

Figura 6 – Tabela da NBR6120 para carga de pavimentação e revestimento.

O cálculo do peso próprio é feito multiplicando o volume do elemento por 2500


kgf/m³ que representa o peso específico do concreto armado. Lembramos que o
peso próprio de vigas é calculado em kgf/m, o de lajes em kgf/m² e o de pilar em
kgf. No TQS, esse cálculo, por default, é feito automaticamente.

Quanto a carga variável, precisamos consultar as tabelas da NBR6120. A Figura


7 mostra um trecho dessas tabelas para edifícios residências. Os valores da
coluna de cargas estão em kN/m². Para valores de outros tipos de edificação a
NBR6120 deve ser consultada. Basta ver a Tabela 10 da norma.

Figura 7 – Tabela da NBR6120 para carga variáveis.

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5) ANCORAGEM E EMENDA POR TRASPASSE
Sobre a ancoragem de armaduras, a NBR 6118:2014 comenta, no item 9.4:

“Todas as barras das armaduras devem ser ancoradas de forma que as forças
a que estejam submetidas sejam integralmente transmitidas ao concreto,
seja por meio de aderência ou de dispositivos mecânicos ou por combinação
de ambos.”

A tabela a seguir, nos fornece as principais equações utilizadas no cálculo das


ancoragens e emendas por traspasse. Para que o leitor não precise fazer muitas
contas, fizemos a solução genérica e apresentamos na Tabela 1. 3.

Tabela 1. 2 – AÇO CA-50 – comprimentos de ancoragem (NBR 6118)


DEFINIÇÃO EQUAÇÃO UNID.
RESISTÊNCIA DE CÁLCULO EM BARRAS /
𝑓 = 0,34. 𝑓 MPa
NERVURADAS PARA BOA ADERÊNCIA
RESISTÊNCIA DE CÁLCULO EM BARRAS /
𝑓 = 0,24. 𝑓 MPa
NERVURADAS PARA MÁ ADERÊNCIA
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM NECESSÁRIO .∅
𝐼 = Unid.
PARA AÇO CA-50 SEM GANCHO
COMPRIMENTO DE ANCORAGEM NECESSÁRIO .∅
𝐼 = Unid.
PARA AÇO CA-50 COM GANCHO
COMPRIMENTO DO GANCHO EM ÂNGULO
𝐼 = 12. ∅ Unid.
RETO

Tabela 1. 3 – Valores de ancoragem das barras no concreto


BOA ADERÊNCIA MÁ ADERÊNCIA
Fck (MPa)
SEM GANCHO COM GANCHO SEM GANCHO COM GANCHO
25 38 ∅ 27 ∅ 54 ∅ 38 ∅
30 34 ∅ 24 ∅ 48 ∅ 34 ∅
35 31 ∅ 22 ∅ 43 ∅ 31 ∅
40 28 ∅ 20 ∅ 40 ∅ 28 ∅
45 26 ∅ 18 ∅ 37 ∅ 26 ∅
50 24 ∅ 17 ∅ 34 ∅ 24 ∅

Tabela 1. 4 – Valores de ganchos retos para fins de ancoragem


BITOLA ∅ 6.3 8 10 12.5 16 20 25
GANCHO
[cm] 8 10 12 15 19 24 30
RETO

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Segundo a NBR6118:
Consideram-se em boa situação quanto à aderência os trechos das barras que estejam em
uma das posições seguintes:

a) com inclinação maior que 45° sobre a horizontal;


b) horizontais ou com inclinação menor que 45° sobre a horizontal, desde que:

i) para elementos estruturais com h < 60 cm, localizados no máximo 30 cm acima da face
inferior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima;
ii) para elementos estruturais com h ≥ 60 cm, localizados no mínimo 30 cm abaixo da face
superior do elemento ou da junta de concretagem mais próxima.

Os trechos das barras em outras posições, e quando do uso de formas deslizantes, devem
ser considerados em má situação quanto à aderência.

6) VERIFICAÇÃO DO MODELO – RECOMENDAÇÕES


6.1) Verificar fck do concreto
Dentro da edição de dados do edifício, na aba “Materiais” é possível identificar
os valores de fck que estão sendo considerados no projeto. Sempre se certifique
desses valores. De preferência use valores idênticos para Vigas-Lajes e Pilares.
O fck de fundação pode ser diferente e normalmente menor que os usados em
pilares e vigas.

Figura 8 – Edição do edifício- fck.

6.2) Cobrimento
Os valores de cobrimentos são modelados dentro da aba “Cobrimentos” nos
dados de edifício.

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Figura 9 – Edição do edifício- cobrimentos.

O TQS permite que o critério de “Rígido controle de qualidade e de tolerância de


medidas na obra” seja utilizado. Na prática, isso reduz os valores cobrimento. Só
use esse recurso se sentir confiança na execução da obra.
Os valores de cobrimento sempre são definidos com base na classe de
agressividade ambiental como mostrado na Figura 10.

Figura 10 – Tabela da NBR6118 para cobrimentos.

6.3) Vento
Velocidade básica – adotar valores especificados na NBR 6123. (Ver mapa de
Isopletas)

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Figura 11 – Mapa das isopletas do Brasil – NBR 6123
 Coeficiente de arrasto – podemos adotar valor médio entre alta e baixa
turbulência – recomendável usar baixa turbulência;
 Fator S1, S2 dependem da edificação e local de construção0
 Fator estatístico S3 = 1,00 (varia com a tabela da Figura 12);

Figura 12 – Parâmetros de definição de S3 – NBR 6123

Figura 13 – Edição do edifício- cobrimentos.

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Recomendamos que o cálculo do coeficiente de arrasto seja feito somente
depois da modelagem do edifício. Assim, pode ser feito automaticamente.
Mesmo assim recomendamos que os valores adotados de L1, L2 e h sejam
checados.

6.4) Considerações
- Elementos que necessitam de detalhes e não precisam estar no modelo;
Verificar sempre se tais elementos estão nas plantas.
Exemplo abas, vigas de escada e dentes.

- Elementos desprezíveis (furos, shafts, platibanda etc.)


Normalmente não modelamos estes tipos de elementos, mas eles precisam ser
levados em conta na hora do detalhamento.

6.5) Arquitetura
- Checar se a Arquitetura é a mais recente, conferir os pés-direitos;
- Checar o afastamento entre arquitetura osso e acabada;
- Em edifícios simétricos ter cuidado com regiões não simétricas (mezanino,
térreo e subsolo)

6.6) Diagramas de vigas


Visualizar os diagramas de esforços procurando suspeitos:
- Apoios nulos
- Balanços muito extensos
- Carga de pilar que nasce em viga muito grande
- Verificar flechas acentuadas.

6.7) Arquivo TEL de lajes


Verificar os arquivos .tel (lajes) para checar se as cargas estão sendo
distribuídas corretamente para as vigas - A divisão de telhado que não partir da
bissetriz deverá ser corrigida; lajes unidirecionais tem linha central equidistante
dos apoios. (caso negativo, corrigir o modelo).

TQS Formas → Geração de Desenhos → Distribuição de cargas em laje

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6.8) Carga por m²
Gerar o Resumo Estrutural (basta clicar na lâmpada) e verificar a taxa de
carga por m² (somatório de áreas dos pavimentos, exceto ático e caixa d’água).
Para isso vá até o item “Parâmetros Quantitativos” Este valor deve estar entre
1,20 e 1,30tf/m². Para edificações residenciais: 1,2tf/m2 ± 0,1.

6.9) Modelo de Pórtico


Nas configurações do edifício, selecionar modelo IV e configurar a carga
do vento (velocidade básica, coeficientes). Após fazer o processamento global
do edifício, visualizar em:

Pórtico-TQS → Visualizador de pórticos → Espacial

Para o modelo de estado limite de serviço, checar os deslocamentos para os


diferentes casos. Recomenda-se que seja analisado cada caso de vento. Para
cada sentido do vento você deve verificar os deslocamentos horizontais. Toda a
análise do pórtico é feita de forma gráfica, mas um relatório é gerado caso o
engenheiro(a) queira ter acesso aos dados de forma textual. A geração do
modelo de pórtico deve ser feita através do processamento global.

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De acordo com a própria TQS “O pórtico espacial presente nos
Sistemas TQS tem como base o modelo clássico de pórtico espacial, isto é, um
modelo tridimensional (3D) composto por elementos lineares (barras),
conectadas por nós que possuem 6 graus de liberdade. As barras representam
todo o conjunto de pilares e vigas que formam a estrutura do edifício. As lajes
são consideradas como diafragmas rígidos.”

7) AVISOS E ERROS
O TQS tem dois sistemas de alertas aos usuários os avisos e erros.
Normalmente os avisos são mensagens relacionada a algo específico de norma
ou alguma questão de modelagem que o TQS acha necessário alertar ao
usuário. Exemplos típicos de alertas que o TQS mostra:
AVISO/ERRO: Viga sem segurança à instabilidade lateral
SISTEMA: Fôrmas
CLASSIFICAÇÃO: 1 - Aviso Médio, Verifique

A viga V7, vão 1 tem largura 12.0cm e é menor que a largura de 16.0 cm
calculada segundo a ABNT NBR 6118 que visa garantir segurança contra
a instabilidade lateral de vigas. Você deve aumentar a largura desta
viga ou travá-la lateralmente para garantir sua segurança.

AVISO/ERRO: Falta carga de alvenaria


SISTEMA: Fôrmas
CLASSIFICAÇÃO: 0 - Aviso leve
ELEMENTO: Viga 6

A maioria das vigas do edifício tem carga de alvenaria, mas a V6 não


tem. Por via das dúvidas, verifique se esta viga não tem mesmo carga.

AVISO/ERRO: Dimensão da seção transversal menor que a mínima


SISTEMA: Pilar
CLASSIFICAÇÃO: 1 - Aviso Médio, Verifique
ELEMENTO: Pilar P1
TRECHO: Lance 1

A menor dimensão da seção transversal do pilar (=14.0 cm)é inferior à


mínima. A ABNT NBR 6118 recomenda a dimensão mínima para a seção
transversal do pilar como sendo de 19 cm. Poderá ser usado, em casos
especiais, dimensões entre 14 cm e 19 cm. Neste caso o TQS Pilar irá
multiplicar as ações solicitantes no dimensionamento por um
coeficiente adicional, conforme a ABNT NBR 6118. O valor deste
coeficiente é impresso nas listagens do TQS Pilar. Em qualquer caso,
área da seção transversal deve ser maior que 360 cm2. Veja mais
detalhes.

Veja que avisos não são necessariamente mudanças que precisam ser feitas na
estrutura. Na maioria dos casos, esses avisos podem ser ignorados.

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Em relação aos erros, temos duas naturezas distintas. Erros relacionados a
questões de modelagem e erros relacionados a questões de projeto.
Normalmente, os erros de modelagem impedem o processamento do edifício ou
pavimento e são relativamente fáceis de serem encontrados.
Erros de modelagem típicos:
a) Vigas apoiando em vigas sem definição de quem apoia quem. O TQS retorna
a mensagem:
Cruzamento da viga VX indefinido

SOLUÇÃO: Entrar no modelador estrutural, na aba “vigas” clicar em


Seguir com a definição dos cruzamentos.

b) O modelo do pavimento é grelha de lajes nervuradas, mas as lajes estão


modeladas sem nervuras:
(FGREMIX) Erro no processamento: Extração de dados da grelha -
parte II
Edificio TESTE_PORTICO (prj 1) Pavimento TETO2 (prj 4)modelo

SOLUÇÃO: Há duas soluções possíveis, uma é modelar as lajes do pavimento


como nervuradas. A outra solução seria modificar na edição do edifício, na aba
“Pavimentos” o modelo estrutural para “automático”.

c) O modelo do pavimento não é de grelha, mas as lajes estão marcadas para modelo de grelha:
O modelo do pavimento é de grelha de vigas ou vigas contínuas, mas a
laje foi marcada ser discretizada.

SOLUÇÃO: Entrar no modelador estrutural, identificar a laje marcada como


modelo de grelha através do botão , entrar na edição da laje, na aba “Grelha”
marca “Não” para “Discretizar a laje em grelha”.

d) Inserção de um fechamento de bordo abaixo de um elemento estrutural tipo


viga. O TQS retorna a mensagem:
Fechamento de bordo escondido sob face de viga

SOLUÇÃO: Entrar no modelador estrutural, identificar a posição do fechamento


de bordo através do botão e deletá-lo.

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Existem ainda os erros relacionados as questões de projeto, normalmente
questões de segurança, sejam ELU ou ELS. Nesse caso, normalmente o TQS
vai conseguir processar todo o edifício. Mas apresentará avisos de erros. A
janela padrão do TQS é mostrada na Figura 14. Toda vez que o TQS finalizar o
processamento global de um projeto essa tela surgirá e a quantidade de erros
vai ser informada. Basta clicar no botão “Clique aqui” que uma nova tela surgirá
e os erros serão mostrados. Existe uma variedade de erros de projeto. Entre eles
podemos citar:
a) Pilar sem dimensionamento – nesse caso provavelmente será necessário
aumentar a seção do pilar no lance.
b) Coeficiente Gama Z muito alto – nesse caso será necessário melhorar a
estabilidade do edifício. Aumentar seções de vigas e pilares e criar mais pórticos.
c) Laje sem dimensionamento – provavelmente será necessário aumentar
espessura da laje
d) Tensão de compressão máxima maior que a admissível – erro que ocorre no
cálculo das sapatas. Será necessário aumentar a seção da fundação.

Figura 14 – Edição do edifício- cobrimentos.

Veja que os erros aqui têm a ver com questões de projeto e não de modelagem.
Por isso é conveniente conhecer os tipos de erro para se saber como tratá-los.
Em um primeiro momento não é tão simples retirar todos os erros, mas com o
tempo e uso do software passamos a nos familiarizar com os procedimentos.

23
8) LAJES
Armação de lajes em balanço – recomendação
Calcular o momento no engaste, e armar a seção de 1m como flexão simples, e
= 3 cm. Na outra direção adotar 1/4 da armadura principal (recomendado para
processamento simplificado).

Armação de lajes Treliçada – recomendação


 Armar para qL2/8;
 Espaçamento nervura única = 40cm;
 Espaçamento nervura dupla = 48cm;
 Comprimento da barra = dentro a dentro + 16.

Correção de armação positiva de lajes


 Conferir as bitolas e espaçamento de acordo com planilha de armação de lajes;
 Conferir o comprimento dos ferros de acordo com a prancha de forma das lajes;
 Para conferir a quantidade de ferro na laje, pega-se o comprimento da laje e
divide pelo valor do espaçamento entre cada ferro, isso quando for laje maciça,
quando for nervurada, é só contar o número de nervuras;
Armadura positiva de lajes
Tanto para lajes maciças como para lajes nervuradas recomendamos que o
cálculo seja feito considerado as lajes simplesmente apoiadas. Em casos
específicos onde há uma continuidade entre lajes é que deve ser utilizado um
modelo com momentos negativos. Uma boa solução para lajes é armá-las para
um processo simplificado tipo Marcus 1 e verificar flechas no grelha não linear.

Armadura negativa de lajes (processo simplificado)


O espaçamento entre barras da armadura negativa deve ser grande, de
modo que não atrapalhe o deslocamento de pessoas, o processo de
concretagem e a entrada da agulha vibratória. O espaçamento deixado é, no
geral, entre 20 e 30 centímetros.
Lajes em balanço
Maciças
No caso de lajes maciças, deve-se rodar a laje como uma viga em
balanço. Pega-se as cargas no modelo e calcula-se o momento máximo da viga

24
e roda-se por flexão simples. A armadura negativa deve estar ancorada na laje
vizinha e ter um comprimento total igual a duas vezes o vão da laje, como
mostrado na Figura 15, nas lajes L3 e L4.

Figura 15 – Edição do edifício- cobrimentos.

Nervuradas
Armadura de canto
Nas lajes em que há cantos onde não há continuidade, deve-se colocar
uma armadura chamada de volvente, sendo valores convencionais 6 c/20 ou
8 c/20. O comprimento é calculado como sendo ¼ do menor lado da laje,
sempre arredondo para múltiplos de 5. A notação é:
2x11 N18c/20 c=210.
A quantidade é calculada como o comprimento dividido pelo
espaçamento.
Entre Lajes
A armadura negativa entre lajes tem função de evitar o aparecimento de
fissuras e deve ser colocado entre todas as lajes, caso as lajes tenham menos
de 2 metros em sua menor dimensão, esta armadura pode ser dispensada. A
armadura tem valores convencionais 6 c/25 ou 8 c/25. O comprimento é
calculado como ¼ do maior dos menores lados entre as lajes.

25
9) DETALHAMENTO DE PILARES - Recomendações
Estimativa flecha = L/150
Traspasse = 40.Ф
Patinha = 15.Ф

ESTRIBOS
PILAR NORMAL
φ10 φ5 c/ 15
φ12.5 φ5 c/ 15
φ16 φ6 c/ 18
φ20 φ6 c/ 20
φ25 φ8 c/ 20

Para estribos de pilares parede → obedecer 18.5 NBR6118

“A armadura transversal de pilares-parede deve respeitar a armadura mínima de flexão


de placas, se essa flexão e a armadura correspondente forem calculadas. Caso contrário,
a armadura transversal por metro de face deve respeitar o mínimo de 25 % da armadura
longitudinal por metro da maior face da lâmina considerada.”

Normalmente, em edifícios altos, pilar-parede tem armadura mínima em


muitos andares, não é incomum que este tipo de pilar fique como armadura
mínima a partir do 6º ou 8º. Em um edifício de, por exemplo, 25 andares,
podemos ter 20 lances como pilar-parede em armadura mínima. Isso gera
armadura de estribos mais leves, fáceis de serem detalhada. Então o critério dos
25% citado no item 18.5 da NBR6118 facilita bastante o detalhamento.
Nos lances de baixo, principalmente os três primeiros lances, comumente
as armaduras longitudinais são bem pesadas. Neste caso, talvez valha a pena
verificar o pilar como laje usando teoria de placas.

10) BLOCOS – RECOMENDAÇÕES

A área de aço necessária em cada sentido do bloco é calculada através da


seguinte equação:

q. 1,4,1,21. p
A = 𝑥100
h .f

onde:
q = carga da estaca (tf)
p = braço de alavanca (m)
hu = altura útil do bloco (m)

26
fyd = resistência a tração do aço (MPa)
As = Área de aço no sentido calculado (cm²)

Para bloco de duas estacas: estribo = 15% da seção

a. Modelagem de Blocos no TQS Fundações

1- No modelador Estrutural pavimento fundação → entre na edição de pilares → aba


"modelo" → seleciona nasce em bloco;

2- Ainda o modelador → na aba fundações → dados atuais → seção → dados de


fundação e habilita a aba “Bloco”;

3- Inserir as dimensões dos blocos. Usar 2,5xɸestaca (pré-moldada) e 3xɸestaca (moldado


in loco). Para distância entre eixos de estacas e ɸestaca/2 + 15 para distância entre eixo da
estaca e face do bloco

4- Inserir os blocos em cada centroide de pilar;

5- Renumerar os blocos deixando com o mesmo número dos pilares

6- Processa global para retirar os esforços e fazer o dimensionamento;

11) PROJETAR SAPATAS NO TQS

1- No modelador estrutural pavimento Fundação → entre na edição de pilares → aba


"modelo" → seleciona nasce em sapata;

2- Ainda no modelador → aba fundações → dados atuais → seção → dados de


fundação;

3- Inserir sapatas de dimensões qualquer. Não se preocupe com as dimensões elas serão
atualizadas automaticamente depois;

4- Inserir cada sapata pelo centroide do pilar;

5- Renumerar sapatas deixando com o mesmo número do pilar;

6- Volta para tela principal e faça o processamento global para retirar os esforços;

6- No sistema TQS Fundações → dados de sapatas → clica no ícone → desmarcar a


opção "dimensões fixas";

7- No TQS Fundações → sapatas → Pré-dimensionamento (todas as sapatas serão


dimensionadas conforme a carga dos pilares);

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8- No TQS Fundações → sapatas → Dimensionamento;

9- No TQS Fundações → sapatas → Desenho (todas as sapatas serão desenhadas)

10- No modelador → aba fundações → importar do cad/fund → seleciona todos.

12) UMA PALAVRINHA SOBRE MÓDULOS DE ELASTICIDADE


Talvez um dos pontos que gere mais confusão na engenharia civil seja a
definição e entendimento do “Módulo de Elasticidade do Concreto”. Tem o
módulo secante, tem o tangente e tem a forma como são estimados por
diferentes modelos e ensaios. Primeiro, que nem dá para chamá-los de “Módulo
de Elasticidade”, uma vez que esse termo é utilizado para materiais elásticos
lineares (o que sabidamente o concreto não é). O concreto tem um
comportamento mais inelástico do que elástico. Sendo que para sucessivos
ciclos de carga-descarga se mostra um material histerético. Mas esqueçamos
isso por enquanto.
Sendo bem objetivo, o módulo secante (Ecs) é uma medida angular da
reta que sai da tensão 0.5MPa e vai até uma tensão definida pelo próprio
engenheiro projetista (σb). Normalmente esse valor fica em torno de 30% do fc,
mas pode assumir valores entre 20% e 80% de fc. Como nossas medidas de
interesse são sempre aos 28 dias, esse fc acaba sendo tomado como fck.
Já o módulo tangente inicial é definido exatamente para a tensão de 30%
do fc. A rigor essa resistência de compressão é relacionada ao fcm. No entanto,
não conhecemos o fcm e sim o fck. Então é mais conveniente definir a tensão em
função de fck. Lembrando que, para a nossa NBR6118, este é o Módulo de
Elasticidade oficial. A figura a seguir mostra graficamente o cálculo dos dois
módulos a nível de ensaio segundo a NBR8522:2017.

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secante tangente
Figura 16 – Arquitetura pavimento tipo

Algumas coisas devem ser notadas. Primeiro e mais importante, o ensaio


dos módulos são diferentes. Repara que na estimativa do Módulo Tangente há
a aplicação de tensões até o nível 30% de fc antes da ruptura e consequente
cálculo do módulo. Já na estimativa do Módulo Secante o carregamento é um
só. Digamos que o corpo de prova é virgem e então uma tensão é aplicada até
a ruptura. Isso é feito porque os módulos se propõem a coisa diferentes. Eles
simulam também a estrutura em diferentes situações ou diferentes planos de
carga. Sendo o secante uma tentativa de simular os primeiros carregamentos da
estrutura e o tangente mais próximo da estrutura trabalhando de forma global.
Outro ponto importante, é o uso desses módulos na análise estrutural. Já
sabemos que o secante (Ecs) deve ser utilizado na análise de elementos
estruturais ou seção transversal como diz o Item 8.2.8 da NBR6118:
“Na avaliação do comportamento de um elemento estrutural ou seção
transversal, pode ser adotado módulo de elasticidade único, à tração e à
compressão, igual ao módulo de deformação secante Ecs.”
Além disso no Item 14.5.2 a norma recomenda que para análises lineares
também seja adotado o Módulo Secante, principalmente para determinação dos
esforços de solicitação e verificações do ELS. O cálculo da rigidez pode ser feito,
neste caso, considerando o Ecs e momento de inércia da seção bruta de concreto
(menos para flechas, neste caso precisamos considerar fluência e fissuração). A
redução do Eci para o Ecs deve ser feita uma vez que sabemos de regiões
localizadas onde tensões podem chegar a mais de 50% do fck. Grosso modo, o
uso de um módulo menor se torna mais conservador uma vez que um módulo
menor demanda para o mesmo esforço uma seção maior. Outro argumento é

29
que para tensões maiores o concreto já não se comporta de forma elástica e
considerar o módulo de elasticidade onde sabidamente não temos o
comportamento elástico seria um tanto arriscado. Assim, em análises
localizadas, lineares e de ELS recomenda-se utilizar o SECANTE.
Por outro lado, quando for feita a análise global da estrutura o uso do
Módulo Tangente Inicial é permitido. Isso ocorre, porque em uma análise global
faz mais sentido pensar o comportamento do concreto em termos de resistência
média (fcm). Em termos globais temos também ações de curta duração. Nesse
caso, a resposta do concreto se aproxima de um comportamento mais
viscoelástico no sentido de que para ações dinâmicas de curta duração a
estrutura tem uma resposta mais rígida. Por último, teremos regiões onde as
tensões são bem baixas, menores até que o valor limite do ensaio de 30% do
fck, o que justifica o uso de módulo maior (quando comparado ao Ecs).
Talvez você pergunte “Mas o Item 15 da NBR6118 permite fazer a análise da
instabilidade global usando o módulo secante. Isso não estaria errado?”
Não! A NBR6118, de fato, permite fazer a análise da instabilidade global pelo
Ecs. Mas com esse valor majorado em 10%. Isso na prática é quase o valor do
Eci. Para um fck típico de 35MPa. O Ecs majoradao em 10% resulta em um valor
de 0,98 x Eci, ou seja, os dois passam a ser idênticos.

30
ANEXO
Os anexos a seguir foram desenvolvidos com base no sistema de
projeto do autor. Devem ser utilizados com cuidado. Recomendamos
que esses checklists sirvam como base para quem quer desenvolver
seus projetos. Em outras palavras, use-os como referência.
Recomendamos que os leitores e alunos do nosso curso façam seus
próprios checklists.

31
CHECK LIST DE CORREÇÃO DE FORMA
VERIFICAÇÕES MÍNIMAS DO QUE DEVE CONSTAR NA PLANTA

1) Carimbo (obra, cliente, assunto, número da prancha, fck, revisão);


2) Título do desenho, escala;
3) Dimensões, numerações e títulos de lajes, vigas e pilares;
4) Cotas parciais e globais. Cotar todos os elementos nas duas direções. “Puxar” a
cotagem do tipo;
5) Notas numeradas – facilita a comunicação;
6) Mostrar detalhes especiais ou padrão (laje nervurada, caixote isopor, laje pm);
7) Distribuição de caixotes em laje nervurada coerente e cotada;
8) Abas e rebaixos (usar região sombreada para indicar rebaixos);
9) Cortes na planta e esquema vertical;
10) Shafts;
11) Indicar contra flecha;
12) Quadro de pilares quando houver variação de seção;
13) Canto fixo dos pilares
14) Detalhe ampliado dos pilares não retangulares
15) Indicar normas utilizadas
16) Indicar TRRF da edificação
17) Indicar módulo de elasticidade inicial e relação a/c do concreto
18) Mostrar legenda de pilares para nasce, segue e morre
19) Indicar vida útil da estrutura
20) Criar uma nota específica com as cargas que foram consideradas

32
CHECK LIST DE ARMAÇÕES DE VIGAS
1) Checar “Telhado” antes de armar (Arquivo .tel);

2) Usar barras de mesma bitola no mesmo ponto de aplicação;


3) Uniformizar estribos (manter bitola única quando possível);
4) Deve-se eliminar porta-estribo para barras contínuas no caso de: vigas curvas,
vigas sem laje e vigas cintas (em qualquer localização do pavimento);
5) Passar estribo quando o pilar for menor do que a base da viga;
6) Juntar estribos quando os espaçamentos forem próximos (exigir quase a mesma
quantidade de estribos);
7) Deixar estribo 2R para vigas com base até 37 cm;
8) Vigas longas sujeitas à ação do sol adicionar armadura contra dilação (b x h x
10/4000). Apenas quando não há junta de dilatação;
9) Verificar se os cortes estão corretos;
10) Quando houver mudança de seção, observar passagem das barras (as barras
da seção menor devem sempre passar pelo trecho da seção maior);
11) Verificar necessidade de redução dos negativos para a armadura mínima
(ligação nos apoios de pilar-viga ou viga-viga);
12) Vigas com h ≥ 55 cm deve-se colocar costela - recomendação.

Espaçamentos-padrões para os estribos:

Espaçamentos
(cm)
30
28
25
22
20
18
15
12
10
8 (Esp. Mínimo)

33
CHECK LIST DE LAJES

1) Carimbo (obra, cliente, assunto, número da prancha, fck, revisão);

2) Título do desenho, escala;

3) Aço: bitola e espaçamento / comprimento e quantidade (quando houver edição


manual);

4) Quantidade de ferros em lajes nervuradas = número de nervuras

5) Representação dos ferros nas nervuras = quantidade x 2, no caso de 2 barras


por nervura. será feita uma legenda no detalhe padrão para ficar mais claro que
aquele multiplicador é da quantidade de ferro nas nervuras;

6) Dobras arm. negativa = altura laje – 4.

7) Identificar detalhes especiais ou padrão (laje nervurada, laje pm);

8) Shafts (reforço);

9) Nota informando que o resumo se refere apenas a um pavimento (colocar


multiplicador de pavimentos);

10) Desenhar armadura positiva e negativa separadas;

11- Observar a presença de pilaretes que nascem nos últimos pavimentos (forro,
cobertura...), colocar os pilares no assunto da prancha;

12- Adotar uma armadura mínima (fissuração) negativa para as lajes (8 c/20 ou
6 c/20)- isso quando as lajes forem calculados pelo modelo simplificado;

34
CHECK LIST DE PILARES

1- Checar “Telhado” antes de armar (Arquivo .tel);

2- Verificar taxa de carga do prédio;

3- Checar lance por lance com relatório, principalmente os pilares igualados e

verificar coerência;

4- Na armadura longitudinal, seguir: reduz a bitola e mantém a quantidade;

5- Na armadura longitudinal, seguir: reduz a quantidade e mantém a bitola;

6- Checar dimensões com a forma;

7- Verificar situações extraordinárias na forma, tais como pilares não travados ou

vigas engastando;

8- Alterar estribos de pilares parede, se necessário→ obedecer 18.5 NBR6118

“A armadura transversal de pilares-parede deve respeitar a armadura mínima de flexão de


placas, se essa flexão e a armadura correspondente forem calculadas. Caso contrário, a armadura
transversal por metro de face deve respeitar o mínimo de 25 % da armadura longitudinal por
metro da maior face da lâmina considerada.”

35
CHECK LIST – ESCADAS DETALHAMENTO
(RECOMENDAÇÕES)

1 - EM PLANTA - Esc 1:25

[ ] Cotar e numerar degraus


[ ] Cotar patamar
[ ] Cotar escada em relação a algum pilar ou elemento do pavimento
[ ] Indicar o corte
[ ] Deixar textos de elemento do pavimento para situação da escada
[ ] Indicar com uma seta onde sobe ou desce
[ ] Indicar com texto elementos no nível patamar
[ ] Planta com título "Chega ao XXº teto"

2 - EM CORTE - Esc 1:50

[ ] Indicar e cotar espessura


[ ] Cotar alguns pisos
[ ] Cotar alguns espelhos
[ ] Indicar elementos auxiliares: viga de saída e chegada
[ ] Cotar Pd e meio Pd
[ ] Layer da linha do corte deve ser mais escura
[ ] Indicar pavimento
[ ] Indicar a cota altimétrica do pavimento

3- O CARIMBO

[ ] Deixar fck visível


[ ] Nome do responsável (quando se trabalha em equipe)
[ ] Nº CREA e Nome do projetista
[ ] Data de elaboração
[ ] Quadro de revisões (Nº da revisão| Data | Conteúdo)
[ ] Número da prancha
[ ] Indicar escala
[ ] Nome do empreendimento/Obra
[ ] Nome construtora/Cliente

4 -ARMADURAS - Esc 1:25

[ ] Indicar: Quantidade, Posição N, bitola, espaçamento, comprimentos


[ ] Indicar título do andar
[ ] Diâmetro principal ≤ h/8; onde h é a espessura da escada
[ ] Espaçamento ≤ (2h ou 20cm)
[ ] Armaduras negativas são desenhadas na parte de cima da escada
[ ] Armaduras positivas são detalhadas na parte de baixo
[ ] Indicar os comprimentos parciais (inclusive dobras)
[ ] A layer da escada fica clara, a layer da ferragem fica em negrito
[ ] Detalhar cada lance em cada teto diferente

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[ ] Indicar a armadura em planta baixa (Esc 1:50)
[ ] Ter corte para cada lance da escada
[ ] Incluir PEs e VEs - pilarete e vigas escada
[ ] Lembrar do multiplicador de cada elemento
[ ] Extrair quadro de armadura
[ ] Sempre usar dobras na ferragem positiva principal

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CHECKLIST – ESCADAS
ELABORAÇÃO PROJETO

GEOMETRIA

[ ] Definir Espelho e Piso atendendo Blondel


[ ] Verificar se a largura da escada >= 120
[ ] Se o lance for maior que 320 precisa de um patamar.
[ ] Definir espessura da escada (0,03Lvão)
[ ] Definir vão de cálculo da escada

CARREGAMENTO E ANÁLISE ESTRUTURAL

[ ] Estimar Peso Próprio


[ ] Usar 100 kgf/m2 para carga de revestimento e pavimentação
[ ] Definir sobrecarga com base na NBR6120:2019
[ ] Verificar a existência de parapeito
[ ] Estimar momento fletor (ql²/8)

DIMENSIONAMENTO

[ ] Verificar se a flecha total < Lvão/250


[ ] Garantir x no Domínio 2 ou 3
[ ] Garantir x/d < 0,45; onde “x” é Linha Neutra e “d” Altura útil
[ ] Estimar As principal
[ ] Estimar As mínimo
[ ] Estimar As secundário
[ ] Estimar As Negativo

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