3. Dois conceitos de liberdade: o Tomanticg
eo liberal
ANOCAO DE LIBERDADE
Como a maioria das palavras que desempenharam um papel importante
na historia da humanidade, os termos “liberdade humana’ | humor freedom) ¢
tidos:
“Jiberdade” [Hberty] comportam muitos s da assim, parece haver
uma espécie de significado nuclear, central, minimo, que é Comum a todas as
diversas acepgores dessa palavra.e que significa auséneia de restriga, mais re
isi nte,auséncia de cocreao por outros seres humanos especiticadosow nio
especificados. Hd sentidos em quea palavra"liberdade” | freedom) nao éempre
gada dessa maneira — em que é idiomatico falar do livre movimento dos mem-
bros humat
»s,do livre jogo daimaginagao, de livrar-se da dorou de ver-se live
dos empecilhos da vida terrena; mas, quando falames da liberdade politica tis
ntidos soam quase metaforicos, @ uma tentativa de empregi-los com
sl
ncia apenas serve para obscurecer a questao, Aslutas pela liberdade travades
por individuos, grupos ou comunidades sfc normalmente concebidas como
esforgos empreendidos por determinados individuos no sentido dedesuuirot
neutralizar o poderde serem coagidas a agir contra seus propriosdeseios pode
estedetido ou usado por algum outro individuo ou grupo de pessoas. £0 6
da liberdade, contrastando com aqueles que desejam defender algum tipo h
26oridade — ade wm rei, uma Igreia, uma aristocracia hereditaria,
uma assembleia soberana, um ditador, autoridade as
‘a nagio”),
cular de aut
a comercial
yma empres!
jsfargacht come agentes
iio consistincda em pe:
que se apoem & uma forma ex
pessoais (“0 Estado’; “a lei’
yeres d
semrre defi
a de pessoas
ssoas incividuais, vivas ou mortas —,e com-
nte — ou a uma ameaga
forma espe-
pos
' de restrigdo.! bles proprias podem ser a f wor de alguima out,
fica dle autor le — digaino: de um corpo democriticooude uma federa
cifica de! if ; \
§ manciras —, mas ndo é em virtude de
des constituidas de wari
ade autoridade por eles favate cida que sao deseri
ss acréscimos que se desenvolveram em torno
1s “liberdade”, sempre descobriremos que elas
a nenor ou maior conotagdo de resistencia a interferéncia por par-
Jo ou pessoas, ¢ mo coisas Ou circunstincias —em
u. Parece ser esse o sentido
os comoamigos
edo de uid
apwiar a fort
Embora baja miu
daliberdade
libertario’, “Libera
alas pal
conten um
rede alguem— alguma pe
goes especificadas em maior ou menor §
dade” (Jiberey| como term
.portodes os seus grandes paladinos,
condia
bisico da palawra “liber
defendida, cm pensamentoe aga
politico, ¢ é nesse sentido
queelad:
tanto em nome de nag bes com rade indivi
duos, desde Moisés e Leonidas a
nossos dias.
A formuli
do pensamento do século vvitt ¢ culmina em su
ados Unidos e na declaragin dos “direitos
sses documentos
berdade nos tempos modernos ¢ fruto
as célebres formulacdes 1
jurclassicn do ideal de
Declaragiode Independencia dos Est
Jaa" da primeira Repuibl
am direitos, t8m principalmente em vista
Frances
dohomem e da cida
falam de direitos, e quando menciol
ode certas esieras — dligamos, aquelas cde que wm homem precisa para
cidade; ou para ser capaz de
ainvas
garantira vidae as oportunidades adequadas de fe
mo quiser, obter emprego, participar
possuir uma propriedade, pensar fale
da vida politica ou social cla sine co! wunidade — ¢ pretendem que a invasio de
sentido um ins-
Aleié nes
tais esferas deva ser considerada proibida por let
trumento para impedir o abuse especitico ou. puni-lo, caso ocorra.
A liberdade politica ¢ assim um conceit negativor exigi-la € exigir que
dentro de uma certa estera um home 1 proibide de fazer aquilo que
desciar, eque nao seja proibide de fazé-lo, quer possa de fato realizé-lo, quer
nio, Umaleijado nao ¢ proibide de caminhar dircito, embara nao possa de fato
fazé-lo; nem um homem sadio é proibicde de voar para a Lua, embora de fato,
m condigao de fazé-lo,mas no costuma-
au
F diantedas circunstincias, nao esteja
27mos falar de um homem come nav sendo livre pars voar ate a Lia. nem gy
jado como nao senda livre para caminhar direito. Estorgos ten sido feitos
sinte maneira: liberdade ¢ poder equipararan-
ja torna os homens livres.¢ pre
0 sentidg
para se falar da se;
em que se dir, por exemplo, que a cen
dadestecn)
" Sisanion,
‘asa timde superar Os obstacy,
teaquele de aumentar as suas cap,
losoferecidos pela natureza — etambém, em alguma medida,
isalternativ
envolver ay
sercapardeconceber aS Possivcisau ue as
asus
se costuma charnay de
anterior ignordncia au incapacidade mental, ow o q)
conceber, Mas esses usns dy
horizonte mental estreito, o havia capacitade
palavra “liberdade” [freedoon], embora razoavelmente familiares e claros do
.€com razdo, come um tanto metaldricas:o fatode eu Nao sercapay
percebid
de pensar nas varias maneiras de me d
de ser livre no sentido cm que se diz que nia
THT que OCOrreM J UMA pessoa mais
imaginativa nao me fazem det
sou livre quando alguém me tranca num quarto ¢
algum prazer que eu possa desejar. Se sou incapaz de
ixdo ou idée fixe, que me faz escjuecer o mundo inteiro na busea frenetica
scravo” das
ssuim me impede de ober
ne livrarde uma vielen:
tapi
da meta que me obseda, posso ser descrito sem diivida como um
minhas paixdes; mas no sou literalmente um escravo ¢ ninguém pensa em
jo.em que Uncle Tom era escrave de Simon
casos — ha algo que nao estoua
sente-se que o sentido
eda palavra “liberty”
mim como um escravo no sent
Legree. Algo é certamente comum aos di
fazer, que poderia estar ou ter estado a fazer —, ma
basico ou mais literal da palavra “freedom” [liberdadd
[hberdade] esté ligado av fato de que 0 obstaculo que me impede de fazer isto
‘potenciais’ ¢a intervencia dehbe-
ouaquilo, de seguir meus desejos reais ou
tada de um ser humano.
Ha todos os tipos de fatores naturais — fisicos ¢ psicolégicas — quelimp”
como um outro deseiaot
dem um homem de tazer o que deseja, ou de dese}
poderia desejar. Mas esses obstaculos nao sido via de regs
abjetos diretos da acao politica, nem como questoes de principio polit
il ‘i re sdotades
a politica tema ver com arranios deliberados feitos por seres humans sd
éncia que ne
ome
percebidos
ox pos
de capacidade perceptiva, preocupados com o grau de interler wen
permitido exercer sobre a vida uns dos outtos. E quando se diz
obstaculossocioldgicos— por exemplo,ainfluénciada educagaooud
te social sabre desenvalvimento deum homem, consideradacapaz™
. soyros sea itt
+o ou mutild-lo de algum modo — nao estamos de todo segure*
que su
joarnbie™
je Hest
tra
28Naotemos
resultanteg ou nao é umd privagio de liberdade no sentido relevante,
eqtera porque mo estamos {0 convencidos dos fats da Sausagao sociold
“ dios
. , " ica
comaestamosse| ros da causagao psicoligica ou fisiologica, sem falarda fisica;
e.por
ei chamado
force majeure, pela qual ningucm deve ser culpado — mio sendo assim absolu-
abemeis a0 certo se devemos considlerar essa frustrac
tanto, ndo io como
a acausas naturais — mio a ates humanos, mas ao que é nal
qamente UM Cas: de escravid.o ou opressio no sentido politiconem devida ao
gumportamento evitavel de seres humanas, mio senda Portanto um caso de
@
jo manifesta da liberdade imposta aalguém pela agao de outro, no senti-
privags
doom que se espera que aqueles que sic
seus defensores lutem pela liberdade e
nalmente a garantan. Sentimas uma especie de qualidade-limite nesses
casio
casos — como quando hesitamos em culpar um individu ou um grupo por
potica, porque eles poderiam evitar agir desse modo, ou ao
sim “nao
agirde mancira des
contrario n
podem deixar de agir dessa mancira’j ¢ isso em si me
“liberdade” | freedom) tem um significado um tanto diferente nos dois casos, dos
5, Porque sdo “social mente condicionadas” e
mo indica que a palavra
jocull
quais 0 caso-limite forma, por assim dizer, uma instincia-ponte; tem algo em
odesconcertante e problemitico porque
comumcom ambos os casos, mas € aly
nao pertence com bastante clareza.a nenhum das dois.
uséncia de
Aliberdade em seu sentido politico, mio wtorico, significa
interferéncia por outros, ea liberdade civil define a drea da qual a interferéncia
deoutros foi excluida por lei ou codigo de conduta, seja este “natural” ou“ posi-
tio’ dependendo do que a lei ou o cédigo em questin tenha sida concebido
Paraser, Isso pode ser ainda ilustrado mediante certos usos da palavra “liberda-
de" [feedonz) que sao percebides como corretos, mas um tanto ambiguos na sua
‘orga: por exemplo, a célebre expressao “liberdade econdmica’: O que aqueles
ou pali-
‘Weainventarar queriam dizer era quea concessao de liberdades.
heds— iste é, retirar todas.as 1 strigdes de certos tipos de atividades apenas no
‘ocantea interferéne legal — era pouco util para pessoas sem recursos econd-
‘MICOS suficientes para fazer uso dessa liberdade. Nao pode haver nenhuma
oii . . os
F ibigdo quanta 4 quantidade de alimentos que um homem pode comprar,
ete tem recursos materiais, essa “liberdade” | freedom] nio Ihe serve
ni .
tin nite diner ate que tem liberdade para comprar é zombar d ndigén-
Vezes se diz que essa liberdade “nao tem sentido’, s¢ a pessoa a quem cla
Nceé demasi sore:
ee asiade pobre ou fraca para desfruta-la, Entretanto, os defensores
Pete
219veviram umiacerta injustig
Sena aaa fara de a lei nde proibir a compra de. dipany,.
er que o fato dea ine
deles tendam a diz
mitadoséumalibe
progresse humano. O fato de qu
Jogo-ao fato de um surdo
a nesse ary
al
genuinacuja retirada representay,
umn
mentor
ps pobres nav podem Aproveng
sérin para o :
mon Poder tirar tania py
PUDVCAS HEM dinuiy
liberdude ¢ liberdade, independentemente de se est
mudo n
le ¢
essa liberd
or ao oud.
yeito da direito da liberdade de expressad
reur
‘i ary
um direit nec aRS PU MAD opp
posigho de tirar proveita dissa, Mas percebe-se que aqueles que falar, ae liber.
dade econdinicaes
pontando um defeito genuine numa organivscin « sca
que torna as bens materiais feoricamente disponiveis para quem nao pode
pritica adquiri-los ¢ mastrany que essa pessoas so quase 110 livres
Para tirar
proveito de suasliberdades ccondmicas quanto Tantala, rodeada por ag
fim, é livre para beber por nda haver nenhum regulamento que o
fazé-lo,
Masessedilema,assim como muitos outros argumentos em que se perccke
que ambos os lados esto dizendo algo verdadeiro, mas Mutuamente i
‘ninpa.
er vago-e da ambiguidade talver
nem sempre indesejavel — das palavr,
tivel, deriva sua qualidade paradowal do cara
inevitdve] —
Amera incapacidatede
fazer uso dealgo que outros ndoestao impedindo ninguém de usar —digamos
um defeity bilégico ou mental do futuro usuario, ou uma ini
aleangar seu intento poralguma razio fisica ou gs
bili pura
aprafica — nan é certame
consideradla, come tal Cem si mesma,uma forma de nao liberdade my ‘escra
dao” E seas que
assobrea ausénciade liberdade econdmicaeram simplesmen
nentos de que algumas pessoas na sociedade nia tinham de fat rec
suficientes para obter tude de que necessitavam,
pesar de tuto poder ser lege
Mente obtid, isso em prineipio no diferiria das queixas sobre outrasinsays
cidades, ¢ seria tha absurdo desereve-
Jo come auséneia de liberdade quante
dizer q
a posse de apenas dois olhas constitui ev ipso a falta de liberdade de
Possuir tré5 olhos ou um milhao, o que atinal nao é proibide por le. kel
Plausibilidade da acusagao daquilo que o termoliberdlade ecomomice” seP*!
paca transmitir deriva do fato de q
Jue implica, sem afirma-lo senypre de mel
Expliclta, que a incapacidade econdmica do pobre nau se deve merinem®?®
fatores nna ‘i ce
res Maturais, Lampouce Psicoldgicos ou sociais “inevilave
ativiclady, se nto deliberada, ao menasevitavel, uma ver que seja leva
de individuos, classes ou instiluicdes especifi
"mas a we
existe re
‘os. O pensamento que os
m0pris disso é que 08 ricos tém uma cota demasiado grand,
gciedade,¢ essa 6414720 pela qual os pobrestém tao Powe bens totais da
aproveita? as leis, que acabam favorecendo ape has 20 podem
que os ricos podem ag iamente, ou ser for: Plicagao é.ade
Gados a apir, de ty
quepareniale privar os pobres dosrecursosde Bit, de tal modo
que estes necesita .
. me deseja
aleangar se soubessem do q hecessitam, recursosestes que, a
if volunta
unde os de
ores da liberdade econdintica, eles paderian obter numa «
. ociedade que fe
mais justa, isto &, administrada de mado di os
POF seus organizadores,
Lda sociedad specto fisico, psicoligica
ou natural, da socicdade presente, menos justa. O.que da forgaa palavra “liber
dage” na expressao “liberclade ceandmica” nao é que represente a reivindicagaa
pacidade paras ayao inexistente, Mas