REVISTA ESPÍRITA - Vianney, Cura D'ars - Espírito Feliz

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Vianney, cura d'Ars - Espírito feliz


01/05/2023

Vianney, cura d'Ars

Espírito feliz

https://gallica.bnf.fr/ark:/12148/bpt6k1412377m

(Biografia do Sr. Jean-Baptiste Marie Vianney - PDF gratuito)

Um grupo espírita que tem grande estima pelo Sr. Vianney, que foi o cura de Ars, França,
no século XIX, fez um resumo biográfico sobre a passagem desse grande Espírito pela Terra,
e o entrevistou algumas vezes para saber da sua felicidade no mundo espírita.

Vamos reproduzir aqui as conversas que podem ser de interesse geral.

Sessão do dia 23 de agosto de 2022

Primeira conversa

Evocação de Vianney, em nome de Deus.

2
- "Venho, em nome do nosso bom e amado Pai com o objetivo de falar um pouco sobre a
minha história. No entanto, digo que o anonimato me seria mais adequado para que somente
o Evangelho de Jesus e as suas virtudes pudessem se sobressair."

1. É Vianney quem nos fala?

- "Sim. A comunicação ainda não está bem ajustada, mas esperamos que, com a graça de
Deus, possamos conversar.

Desde quando tivestes a intenção de entrevistar-me, a fim de conhecer um pouco mais da


minha história, tenho refletido sobre isso, porque sei da vossa seriedade e do objetivo que
vos move. Fico feliz se a missão da qual fui incumbido e meus esforços no bem forem um
estímulo para vós. Peço a Jesus, nosso irmão, desde já, que guie as minhas palavras.

Posso iniciar, falando um pouco sobre a prece, e com isso irei ajustando melhor o
instrumento. Digo-vos que mesmo antes de nascer nessa vida, que marcou minha trajetória
em Ars, eu sabia que a prece seria o meu sustento em tudo o que faria durante toda a minha
vida, pois era a minha ligação com Deus; foi na prece que eu busquei o alimento para minha
alma tão sedenta de Deus. Busquei unicamente ser um filho piedoso e ter em Jesus, na vida
dele, o modelo a seguir, e buscava afastar tudo o mais que pudesse embaraçar-me enquanto
estivesse no corpo ou desviasse os meus olhos de Deus e de Jesus; eu só queria ser um dos
últimos discípulos de Jesus, a serviço de Deus, para reerguer alguns caídos."

2. Pelo que contam os seus biógrafos, parece-nos que o senhor logrou êxito em seus bons
propósitos.

- "Por um lado sim, mas a minha vontade era ter trabalhado muito mais pelo próximo;
talvez o tempo que, infelizmente tive que ocupar comigo mesmo, pudesse ter sido oferecido
unicamente no servir ao próximo e a Deus.

Percebi desde cedo que todo o mal praticado, todas as corrupções da alma, são
decorrentes do afastamento de Deus; então busquei a humildade, pois esse é o antídoto que
neutraliza a rebeldia e propicia a cura da alma, a fim de voltarmos nosso ser para Deus e,
pelo cumprimento de suas leis, fazer cessar todo o sofrimento. Eu buscava viver o amor que
Jesus tão bem ensinou a todos nós, e também distribuí-lo aos que me rodeavam para que
cada um se convertesse a Deus. Essa foi uma missão que Jesus, pela sua bondade, designou
a mim: resgatar algumas ovelhas. Tive, nessa vida, amigos que me antecederam para
preparar os caminhos, pois sabíamos que haveríamos de enfrentar várias dificuldades. Ah, a
amizade! A amizade verdadeira é uma virtude valiosa, sobre a qual vale a pena que reflitais
com o auxílio do Espiritismo que, sem nenhuma dúvida, favorece a vossa aproximação dos
amigos sinceros que estão fora do corpo."

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Escreveu o Sr. Monnin, sobre Vianney: "A idade fortalecia todos esses bons sentimentos, e
pode-se dizer que a prece foi o mais doce passatempo do pequeno Jean-Marie, antes que ele
pudesse compreender que ela era o primeiro de seus deveres. Ele tinha quatro anos quando
desapareceu um dia sem que se pudesse saber o que lhe acontecera. Sua mãe, temendo
uma desgraça, procurou-o muito tempo com uma ansiedade crescente. Por fim, percebeu-o
de joelhos, encolhido num canto do estábulo e rezando com fervor..."

Sua passagem ao mundo dos Espíritos

3. O senhor poderia contar-nos como foi a sua passagem ao mundo dos Espíritos?

- "Sim, e o farei de bom grado. Para os mais próximos, a minha partida foi um dia triste,
mas cujas lágrimas eram impregnadas da fé em Deus e entremeadas de pedidos sinceros ao
Pai para que me recebesse em Seu seio. Quanto a mim, eu tinha plena consciência de estar
deixando o corpo e, mesmo antes de fechar os olhos físicos, senti-me livre. Quando me ergui,
eu, o último dos últimos dos seus servidores, Jesus estendeu-me suas mãos para segurar as
minhas. Fora a ele que eu recorri durante toda a minha vida, com desejo de praticar o seu
Evangelho na integridade, e foi ele que me recebeu no além-túmulo. Assim, a minha
passagem foi sem demora, sem o sono ou a perturbação tão frequentes nos Espíritos quando
deixam seu corpo físico. Logo que me deparei com Jesus, perguntei a ele: 'o que eu posso
fazer agora, Jesus, em nome de Deus? Qual será a próxima paróquia para a qual serei
designado, a fim de aliviar a uns e tirar outros do vício e da ignorância?' Novamente eu
ofereci a Jesus as minhas mãos, mesmo que fracas. Àqueles que ficaram no corpo, dirigi uma
prece dizendo-lhes que a vida continua. Em seguida, outros Espíritos amigos se
apresentaram, e trocamos boas palavras, ou melhor, bons pensamentos."

4. O que Jesus lhe respondeu, quando o senhor lhe perguntou à qual paróquia seria
designado?

- "Disse-me que eu habitaria o Universo, mas que a Terra é ainda uma paróquia extensa na
qual deveremos continuar a espalhar as sementes do seu Evangelho. Eis aí uma prova
irrefutável do amor de Jesus pela Humanidade inteira, que jamais poderá ser apagada nem
manchada. Foi nas minhas relações de verdadeira fraternidade, de solidariedade, que eu
4
concluí que é pela lei de amor que o Espírito se elevará a Deus; e, pela própria elevação ele
elevará também os seus amores, convertendo pelo exemplo até mesmo os mais renitentes.
Todos os filhos de Deus estão destinados à felicidade, se assim podemos dizer. Digo isso
porque, nessa última vida pude tocar as almas de todos os que me buscaram: a uns, eu fazia
recordar o amor de Deus, a outros, revelava nosso bom Pai. Após ter deixado o corpo,
continuei a ouvir as rogativas individuais que me eram endereçadas, e a todos correspondi
levando-as a Deus.

Um ponto de minha passagem que me causou surpresa e felicidade ao mesmo tempo, foi
quando entendi na prática o que Jesus ensinou ao dizer que todo aquele que se elevar será
rebaixado, e vice-versa. Tal elevação é para o seio de Deus, conquista daquele que se
rebaixa, do ponto de vista do mundo, e resiste a todos os seus chamamentos, vivendo a
humildade. Foi-me então possível entender essa elevação, que é unicamente ao seio de
Deus. Já a elevação que tem por móvel o orgulho é rebaixada pelo amor de Deus, que quer
que esse filho que se afastou do Pai possa, pela queda que é consequência natural do
orgulhoso, refletir e corrigir-se. É o bom Pai que corrige os seus filhos porque os ama. Foi na
minha passagem que tive esse ensinamento."

5. Muitos dos seus correligionários o criticavam por não se dedicar aos estudos como eles
mesmos o faziam, e sua humildade era frequentemente confundida com ignorância. O que o
senhor pensa a esse respeito?

- "Por ora, digo-vos que desde pequeno, ao tomar consciência de mim mesmo, busquei
unicamente amar a Deus e ao próximo, como ensina Jesus no mandamento maior da lei. No
amor de Deus igualmente está compreendida a fé, as virtudes que são suas filhas e todas as
suas consequências. Cumprir esse mandamento foi a única busca em toda a minha vida, foi
meu único objetivo; assim, eu considerava o estudo como algo acessório que, ao meu ver,
não tinha relação direta com o meu principal objetivo, por isso não queria ocupar-me dele.
Em várias ocasiões eu recebia censuras, que hoje julgo terem sido justas, pois num certo
aspecto a instrução teria validade. No entanto, nessa vida meu propósito era demonstrar que
todos são chamados a servir a Deus, doutos e ignorantes, e que não se pode artificialmente
colocar obstáculos de nenhuma espécie entre os filhos e o bom Pai. Vejo que será útil
concluirmos por ora. Fiquemos todos com Deus."

(Por psicofonia, dia 23 de agosto de 2022.)

Sessão do dia 30 de agosto de 2022

Segunda conversa

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Sobre um mau Espírito que perturbou o Sr. Cura por décadas

Le Grappin, ou o garra, era como Vianney se referia ao Espírito que o perturbara por mais
de trinta anos. Reproduzimos aqui um pequeno trecho que extraímos de sua biografia escrita
pelo Sr. Alfred Monnin:

"Acontecia com frequência que o Espírito maligno batesse como alguém que
quer entrar; um instante depois, sem que a porta fosse aberta, ele estava dentro
do quarto mexendo as cadeiras, desarrumando os móveis, xeretando por toda a
parte, chamando com uma voz zombeteira: "Vianney! Vianney!" e acrescentando
ameaças e qualificações ultrajantes: "Comedor de trufas! Nós te venceremos!...
nós te apanhamos! nós te apanhamos!..." Noutras vezes, sem ter o trabalho de
subir, ele o chamava do meio do pátio, e, depois de ter vociferado por muito
tempo, imitava uma carga de cavalaria ou o barulho de um exército em marcha.
Ora enfiava pregos no assoalho, com grandes marteladas; ora rachava lenha,
aplainava pranchas, serrava lambris, como um carpinteiro ativamente ocupado no
interior da casa; furava com a broca a noite toda, ou então batia rapidamente na
mesa, na lareira e principalmente no pote de água, procurando de preferência os
objetos mais sonoros. Parecia ao Sr. Vianney que iria, pela manhã, encontrar seu
teto todo esburacado.

"Às vezes o Cura de Ars ouvia, numa sala abaixo dele, saltar como um grande
cavalo fugitivo, que se elevava até o teto e recaía pesadamente, com as quatro
ferraduras, sobre o piso. Outras vezes, era como se um guarda calçado com
pesadas botas fizesse ressoar o salto delas sobre as lajes da escada. Outras vezes
ainda, era o barulho de um grande rebanho de carneiros que pastava acima de
sua cabeça. Impossível dormir com esse sapateado monótono.(...)"1

Evocação do Sr. Vianney.

- "Estou aqui, feliz por mais uma vez estarmos reunidos em nome de Jesus, sob o olhar de
Deus para continuarmos o nosso diálogo. No início juntei-me a vós, rogando a Deus para a
boa condução dessa sessão, igualmente orando por aqueles que vivem longe de Deus e que
não querem o vosso progresso. Faço-vos uma comparação, que podeis achar justa; todos
vós, vez ou outra também estais com um Grappin vos perturbando, querendo que desistais
do bem, como aconteceu comigo; mas, no fundo, longe de Deus, ele anseia por uma chance
de converter-se ao Pai. Fazei portanto como eu fiz: perseverai, e colhereis os bons frutos que
Deus reserva aos seus filhos laboriosos. Digo-vos que cada reunião feita em nome de Deus
também favorece aos Espíritos que querem contrapor a obra de Deus; orai por eles e assim
fareis junto de nós o laborioso papel de convertê-los a Deus. Ainda que para vós a vida no
corpo e as aflições pareçam demorar um tempo bem longo, para o Espírito não passa de um
minuto diante da eternidade."

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1. Nós agradecemos por atender ao nosso chamado e vir instruir-nos. O senhor teria mais
alguma instrução para dar-nos inicialmente, ou podemos passar às perguntas?
- "Podemos passar às perguntas sobre o assunto do amigo que pensava fazer mal a mim.
Acredito que esses diálogos serão úteis e inteiramente aplicáveis a vós, pois são as mesmas
lutas, as lutas que pedistes a Deus e, por seu amor infinito, ele as concedeu a todos nós."

2. Poderia dizer-nos quem era o Espírito a quem o senhor se referia como Le Grappin, e
porque ele o atormentou durante muitas décadas?

- "Sim, o farei de bom grado. O objetivo principal era o de que eu pudesse dar-lhe o
exemplo da fé em Deus, o exemplo de carregar a minha cruz. Não se tratou de uma
obsessão exercida sobre mim por vingança, mas de um irmão equivocado sobre a religião.
Como Deus nada faz sem utilidade, deu-me a oportunidade de exercitar a minha fé, na luta
final contra as paixões que causam a perda da alma, enfrentando Le Grappin, que ria e
zombava de minhas lutas, e também de todos os que buscavam o reino de Deus. No entanto,
muitas vezes sua zombaria cessava a seu malgrado, e ele ficava sério e recolhido quando eu
endereçava a Deus uma prece em seu favor. Isso ocorria também quando ele se deparava
com a conversão sincera de um pecador a Deus, o que ocorria muitas vezes."

3. O senhor o encontrou depois da morte, no mundo dos Espíritos?

- "Ele esteve presente em minha chegada ao mundo espírita, e nos encontramos logo em
seguida. Graças aos momentos que passamos juntos, e que para ele também foi uma vida, a
sua foi a última conversão que ofereci a Deus. Ele me disse que eu fui o responsável por
fazer com que para ele restasse apenas uma opção: escolher seguir o nosso bom Jesus. Por
termos tido permanentemente a companhia um do outro, ele foi cansando de suas ações e,
aos poucos, fui tocando a sua alma para o bem. Foi uma grata satisfação encontrá-lo ao sair
do corpo. Ele me agradeceu por eu não ter desistido, porque a minha eventual derrota seria
também a dele. Pediu-me perdão, mas eu disse a ele que não havia guardado mágoa, ao
contrário, agradeci por ele ter estado comigo, pois se assim não fosse ele ficaria por mais
tempo distante de Deus."

4. A impressão que temos, ao ler a sua biografia, é que ele era um Espírito dominador junto
aos habitantes de Ars, e não queria que os tirassem de seu domínio. Essa observação tem
algum sentido?
- "Sim, todas as suas ações eram para impedir as atividades da Igreja, impedir que a
população de Ars recorresse a Deus, que confessasse os seus pecados e mudasse sua
conduta. No entanto, pelas faculdades que eu possuía pude ser intermediário de boas
palavras, dialogar com tantos paroquianos e tocar o coração de muitos deles, auxiliando para
que cada um retificasse a sua vida; a todos recomendava uma conversão verdadeira a Deus.
Mostrava-lhes os benefícios da oração, do arrependimento sincero, e orientava a que cada
um que reprovasse o mal feito, o mal em si, e pedia a Deus que os abençoasse. Quando
tornei-me mais conhecido, fiquei muito contrariado porque atribuíam a mim o que deveria
ser atribuído unicamente a Jesus; designavam-me com qualidades que somente a Jesus
devemos atribuir. Eu pedia diariamente a Deus que, se esses fossem os seus propósitos, que
ele me ajudasse a permanecer no bom caminho."

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5. Seus biógrafos registraram que o senhor passava por grandes privações; que se
alimentava e dormia muito pouco; que trabalhava sempre e não se importava com o clima:
fosse neve, chuva ou calor abrasador, o senhor se vestia modestamente, e o agasalho
quente que lhe davam sempre ia aquecer o corpo de alguém necessitado. Essas informações
são verdadeiras?

- Sim, o que foi escrito a respeito de como eu tratava o meu corpo, é procedente.2 A pouca
atenção que dedicava a ele era porque dava mais valor ao alimento da minha alma, ainda
que aos olhos dos outros essa minha atitude fosse vista como exagerada. No entanto, eu
sabia que o corpo muitas vezes é motivo de queda para grande parte das almas ainda
imperfeitas. Quando, por ocasião da morte, deixei meu corpo, passei a viver unicamente do
Espírito, sem nenhuma saudade da vida na matéria, e uma sublime paz penetrou em minha
consciência. Com esse exemplo, alguns poderão refletir e equilibrar, com o auxílio de Deus e
dos Anjos guardiães, os apetites que de maneira geral são ligados à matéria."3

6. Quanto à prece que o senhor escreveu para pedir humildade a Deus, e que lemos antes
da sessão, gostaria de fazer algum comentário?
- "Registrei em palavras as súplicas que eu fazia a Deus em silêncio. Nesta última vida eu
percebi logo cedo que para a perdição da alma basta uma mínima parcela de orgulho, seja
ele evidente ou velado por quem o alimenta. Assim, ainda que pequeno, um traço de orgulho
sempre resultará em desvios e sofrimentos. Por isso, eu pedia diariamente a Deus que me
ajudasse a identificar qualquer traço de um orgulho antigo, e me desse forças para extirpá-lo
de minha alma. Deus me sustentou nessa prece, e eu a registrei para que ela pudesse ser
igualmente o sustento daqueles que querem se livrar do orgulho e adquirir a virtude da
humildade."

7. Nós pedimos que, cada vez que lermos essa prece, o senhor nos inspire o sentimento
com que cada palavra foi dirigida a Deus, para que nosso Pai a atenda.
- "Esse é um pedido que será atendido por Deus, quando feito com sinceridade. Mesmo
sendo um trabalho árduo para o Espírito imperfeito, com a ajuda de Deus todos podem
identificar o orgulho que existe em si e eliminá-lo. Peço a Deus que faça nascer e florescer a
humildade em vossos corações, abafando de vez o velho orgulho."

8. Nós pedimos que Deus ouça a sua prece.

(Por psicofonia, dia 30 de agosto de 2022.)

Sessão do dia 11 de outubro de 2022

Terceira conversa

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Sobre suas faculdades medicamentosas inconscientes

No Catálogo Racional, na seção de Filosofia e História, tem a indicação da sua biografia,


escrita pelo Sr. Alfred Monnin, na qual consta a seu respeito: "O venerável cura d'Ars foi um
modelo de piedade esclarecida e de verdadeira caridade cristã. Gozava de certas faculdades
medicamentosas inconscientes, notadamente a de curar pela influência. Durante sua vida
teve numerosas manifestações de um Espírito que ele chamava Le Grappin. Desde sua
morte, poucos foram os centros espíritas em que não se tenha manifestado e dado provas de
sua bondade e superioridade pela sabedoria de suas instruções."

Evocação Sr. Vianney, em nome de Deus.

- "Estou aqui, Vianney. Roguei a Deus, nosso Pai, para termos um diálogo amoroso e
instrutivo. Podeis realizar as perguntas e em seguida farei alguns desenvolvimentos. Suplico
a Jesus que permaneça conosco dando-nos as suas bençãos.

1. Para nossa instrução, nós gostaríamos de saber se o senhor era médium.

- "Eu tinha sim algumas faculdades, e também a certeza de que eram dons concedidos pelo
nosso amado Pai, para facilitar o desempenho da minha singela missão. Quando eu estava
no confessionário e a pessoa me contava sobre sua vida, eu a escutava e também via, por
vezes de maneira mais ampla e mais completa, a sua história. Naquele momento, a alma da
pessoa era para mim um livro aberto, e eu sabia que essa aptidão era um dom do Espírito
Santo para facilitar a minha tarefa. Ao mesmo tempo, aumentavam também às vezes em
que, em minhas prédicas, o Espírito Santo falava pela minha boca. Eu sempre recorria a Deus
pedindo-lhe que me ajudasse a falar boas palavras e despertasse todos os ouvintes para a
necessidade da prática do bem. Em outros momentos, em particular, eu curava pela palavra,
pedindo as bênçãos de Deus em favor do doente, ou impondo as mãos sobre ele pedindo o
alívio ou a cura de suas chagas.

Quanto às manifestações do meu amigo Grappin4, digo-vos que ele tomava dos meus
fluidos para provocar as perturbações físicas, narradas pelos meus amigos que as
presenciaram naquele tempo e as anotaram em minha história. Muitos atribuíam ao Demônio
os tais efeitos, mas eu tinha consciência de que se tratava de mais um irmão a ser conduzido
a Deus.

Todos vós, nas missões que Deus vos confia, seja na mediunidade, seja em outras
atividades, tendes também as vossas provas e os vossos desafios, mas digo-vos que são
provas valiosíssimas para o progresso do vosso Espírito. Por isso, deveis perseverar no bem,
apesar das adversidades e mesmo em meio às imperfeições. É por isso também que deveis
unir-vos aos vossos queridos Anjos guardiães e Espíritos protetores, e nesse trabalho da alma
podereis desenvolver as vossas faculdades e ampliar o vosso olhar, a fim de contemplar a
sabedoria e o amor de Deus em tudo."

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2. O senhor tinha João Batista como patrono. Era mesmo ele que às vezes lhe aparecia,
conforme conta seu biógrafo Alfred Monnin?

- "Quando eu ainda era jovem e ouvi pela primeira vez o nome de João Batista, nas
instruções que recebia, senti em minha alma uma terna e profunda emoção; o amor filial se
apoderou da minha alma, e o tomei então como meu Santo protetor. Sim, algumas vezes eu
o via, e hoje sei que era pela minha devoção que ele me assistia e me amparava, pois eu
tinha nele plena confiança e o chamava com frequência. Embora ele estivesse encarnado,
cumprindo uma santa missão, sempre que podia ele vinha a mim, somando-se ao meu santo
Anjo para sustentar-me em meus desafios terrenos.

Rogo a Deus, e sei que assim se dará, para que logo mais, no tempo do Espírito, possamos
estar todos reunidos, pois são breves os momentos acerbos que hoje enfrentais, e pronto
terão passado. Reitero o que disse acima, que apesar das dificuldades que ora enfrentais, as
provas terrenas são valiosas para o vosso crescimento. Se bem as suportardes, num futuro
próximo não mais sentireis as convulsões internas que hoje sentis, e a dúvida não mais vos
atormentará, porque tereis aprendido a bem distinguir o bem do mal. Acreditai, amigos, que,
quando orais a Deus com fervor, nós nos somamos aos vossos Anjos e contribuímos para
elevar vossas almas a Deus, aproximando-vos mais do nosso bom Pai.

3. Além dessa missão, o senhor poderia nos falar de algumas outras de suas ocupações?

- "Sim, perfeitamente. Como Espírito, eu continuo a levar o Evangelho aos desesperados,


àqueles que ainda sofrem nas trevas da ignorância. Tenho, como também têm outros
Espíritos que servem a Deus, a missão de sustentar a Igreja e, ainda que de maneira lenta,
corrigir equívocos e inspirar a simplicidade do culto, o devotamento sincero e a base sobre a
qual se deve construir a unidade."

4. Podemos chamá-lo ainda mais algumas vezes?

- "Sim, eu virei. Meus votos a todos os membros do Geak são para que não desfaleçam,
que não esmoreçam, que se fortaleçam na prece, que se armem da fé em Deus, que se
sustentem junto aos vossos Anjos guardiães e demais Guias, pois esse sustento vem de
Deus. Não há por que desistir, pois desistir significaria renunciar à vida eterna, ao bem e à
felicidade; desistir significaria votar-se ao mal e ao sofrimento. Lembrai-vos, amigos, que, se
fraquejardes, podeis sempre buscar em vossos Anjos as forças de que precisais para
prosseguir. Despeço-me por ora."

5. Nós agradecemos pela sua solicitude, caro amigo Vianney.

(Por psicografia, dia 11 de outubro de 2022.)

10
Sobre o Espírito Santo

"Se disserem que essa promessa se cumpriu no dia de Pentecostes, por meio da
descida do Espírito Santo, poder-se-á responder que o Espírito Santo os inspirou,
que lhes desanuviou a inteligência, que desenvolveu neles as aptidões mediúnicas
destinadas a facilitar-lhes a missão, porém que nada lhes ensinou além daquilo
que Jesus já ensinara, porquanto, no que deixaram, nenhum vestígio se encontra
de um ensinamento especial. O Espírito Santo, pois, não realizou o que Jesus
anunciara relativamente ao Consolador; a não ser assim, os apóstolos teriam
elucidado o que, no Evangelho, permaneceu obscuro até ao dia de hoje e cuja
interpretação contraditória deu origem às inúmeras seitas que dividiram o
Cristianismo desde os primeiros séculos." Allan Kardec5

"Que a paz do Senhor seja convosco, meus queridos amigos! Aqui venho para
encorajar-vos a seguir o bom caminho.

Aos pobres Espíritos que habitaram outrora a Terra, conferiu Deus a missão de
vos esclarecer. Bendito seja Ele, pela graça que nos concede: a de podermos
auxiliar o vosso aperfeiçoamento. Que o Espírito Santo me ilumine e ajude a
tornar compreensível a minha palavra, outorgando-me o favor de pô-la ao alcance
de todos! Oh! vós, encarnados, que vos achais em prova e buscais a luz, que a
vontade de Deus venha em meu auxílio para fazê-la brilhar aos vossos olhos!"
Lacordaire6

__________

1
O Cura d'Ars - Vida do Sr. Jean-Baptiste-Marie Vianney, pelo Abade Alfred Monnin, 2ª ed.
Paris, 1868.
2
Segundo o abade Alfred Monnin, que conviveu pessoalmente com o Sr. Vianney e escreveu
sobre seu modo de vida, o cura se alimentava muito pouco, apenas para saciar a fome,
jamais por prazer, e dormia cerca de duas horas por dia, quando conseguia. Seu tempo era
quase integralmente dedicado aos seus paroquianos, aos necessitados de toda ordem, e aos
milhares de peregrinos que anualmente se dirigiam a Ars em busca de seus conselhos e de
cura para as enfermidades do corpo e da alma.
3
O Livro dos Espíritos - Privações voluntárias. Mortificações.
4
Le Grappin era como o Sr. Vianney se referia a um mau Espírito que o perturbou por mais de
trinta anos, provocando fenômenos físicos de toda ordem na tentativa de fazer o bom cura
desistir da paróquia de Ars.

11
5
A Gênese - As predições segundo o Espiritismo, cap. XVII - Predições do Evangelho -
Anunciação do Consolador, item 42
6
O Evangelho segundo o Espiritismo, cap. VII - Bem-aventurados os pobres de espírito -
Instruções dos Espíritos - O orgulho e a humildade, 11

12
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