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a ‘A Pesquisa em Ensino de Historia 0 Brasil; poténcia e vicissitudes de uma comunidade Sisciptinar Sonia Regina Miranda! Quizds el peligro més grave en la ‘Historia’ sea el de su doble contenido: Hs leonocimiento de una materia y la mater Um campo, varias polémicas Durante o ano de 2015, enquanto se amplificavam os debates relativos a primeira verso do documento de Historia Proposto para a Base Nacional Co- ‘mum Curricular (BNCC), um vasto coro dos descontentes manifestva-se nos | Ge tea de Historia. Um grande debate se abriia até a publiacdo da segunda versio, quando, entio, o silencio a esse respeitotomaria conta paulatinamen- | Ke dtcena pablica até a versio final, publcada pelo MEC jé no contxto do ‘Aguela versdo preliminar - cujo contorno central propura ara o debs ‘© Piblico, ic i olamente na concepyao de uma ideia de | BlPe midtético, judiciério e parlamentar em curso. reer 0 pela Universi (2008), ‘ ieee Coat oe Ganpnes 200, ce ee a a "**sinamicandag@.gmal com tar CARTOGRAFAS DA Pesauisa ew ENSWNO OE MSTORA Milicacin del teming Soria designa ala vez iad ete conociniens Pierre Vilar “onhecimento de uma maréria”, que se referiu Pierre Vilar na epigrafe aqui en t#2 ~ acabou sucumbinde mediante uma sequéncia de golpes 4 una "sso final encomendada pelo Estado, tado, que situava os contetidos que devem to Fou ular na Faculdade de Educagao da Universitade Federal de it Ae ean om tra pa Unvernn Fins Fras (i jha-2012). E-nek: ‘ser ensinados as criangas € jovens em torn: : ai evens por Jean Chesneaux (1995) 4 "bay 4 nts deceit sia vtoiosa mais uma vez, fy Fey, smacio por detras do entendimento do Ensino de ec nati Ps ate pepe aan oxonleUe IESG deena aia posta 9 plano Secundtio, ui meam PEP sr dea weave ted bis um campo desaber dorado de ern Se ® caetTiaa pate € de ev Ir enuniatvoenguento pesgusaora do "stemo - 7 i tr jlocaria, desde Uno de Historia, eh me clears, desde os pimeios eps dencx de ser considerado em face da ideia de qu lo ae 1a Historia se rey "Sp spo 40 me a a rsio de um denso ~ € algumas vezes violento ~ debate piblico, a seesonaos do pasado da humanidade Suspendeu-se tamuer 4 onteg & a humaniade. Suspendeu-se tambémy oc 2 ME dios de Prop" s ‘acao de prnposem toro dos quas a pesquisa sobre « Tue zone dowdasinensesgeais impress ma primeira versio daquele documento, 0 aHistériag ner que eu ‘ Cooma ete a Historia ee oer sigrifica dizer jo tivesse criticas que poderiam ensejar suges- «Fe ajustamento, Em se tratando de um primeiro documento era dbvio que alo we ans, co them ves woop i iinas dora Peto fe Particular ge rt | thes de ajustame” ‘una hsctra excl o gue hi de mais rn Para o cenéig | {erm problemas de forma e conteido e, nsse sentido, jamais passou pla fe \ ‘aquela primeira versio eonsolidava 0 documento para a sua Tempo e do venus Ealucagg 1a cabeca que \ tO histérico, a final, Para mim, era claro que o grupo de trabalho que se dedicou rmulagio do documento preliminar da BNC 0 fizera com cor powhas de dense cram mi ede mts earanse x nome mente presen xr especalmente em rlacioa um principio com o qual comungo dela de as es uve em tro de Wdémico € Associacdee a oe nfo prises mais seguir reforgnd um dado céigo disciplina endnico pala pou {(CUESTA, 1998) consttuido hd mais de um sécul,jé que ele se mostou incon- ‘daa dt pope ann imento d : Peaster, rs iam desde a indlgnasto donee Sixente em histbrias de escolarizagio pelo mundo afora. Assentado numa pers ne on to iy c0 consagradh se pectin talizante quanto ao teatamento do tempo, num alhar que no consegue Cela tesa mgt Da neces cae | Tpandonar 0 progresso como modo de organiza os discusos sobre o pasado, Serer s " Patera | fesse formato candnico da disciplina Histéria ~ associada exclusivamente 20 esta- iia Ac do de informagées de um passado hist6rico selecionado a partir de uma cultura m onto ‘Setueseados do “ic | a ee 8 pc pO apendcgen men hts ineulda~ndo se coaduna com desfios cents enfetads pel so Saat ta ae nsSeE ene Seth: bla comerpestne Eu compen Sul gb ee Ne chor tos cetes ger bai, ‘ ore teveclareza ecoragem no sentido de se opor a esse paradigma de modo evidente. ~& 54 mang, feta Ol Fancesy, pon de ‘Também compreendia que aquela equipe havia tomado uma decisio crucial no Se tot cdo acs Mia gM OS especialne processo de estabelecimento de um currculo minimo nacional a de priorizar 0 Ge Baa, see cat pea Ende rasta ‘tratamento das questdes atinentes & Lei 11.645 e suas derivacées, num contexto Ca ace aS ur PEGS parca ee fem que o coro dos descontentes em relagio a essa lei se mostrava cada vez mais. ES rena tine pe hang ate No autos. seinen pretenses sda acaeraentsinconsisten- la eA ge te Uma anes tes do Movimento Escola Sem Partido. Eu dscordava do argumentoreduconista Con parte do toil do ones Pubicagbes deque, ao se abdicar de uma grande historia europeia,estariamos assumindo um ene ue en ee ag camer al © Globo ea ensno de Histria empobrecio. Anda que com crsas, eu entendia que aquele So cs et jae M88 versio pre- decuens nce apoentava como uma alemava Bes Eni tapovc senna rin aa ye et eV" abdicava de outras temporalidades eterriorialidades, { Fa ena na ane ie oe, tia” ‘Acima de tudo penso, olhando para es, que o documento possuia poren- dete haan fant aba ng agg ges PETIT caes ba sspnscjat um debate sobre caminhos inovadores ‘acenaya uma visao cia e suficiente abertura para (semen cael easia cae para uma Historia Ensinada. Além disso, ra um 4 pre centrelinhas, a convocagdo da escola e da sala de aula Sente, em suas linhas € 5 f soblematizacio propria do procedimento hi "do pas assado diante da sma "eo og ele den nt la aula Y ay aed ae preconiava a revisto de um ensin baseado na centralidade de aul ns! ge sith ‘como unica au processo educativo. SURIOSSETEE NS PEELE SOSA a LOrmul cepcio de waliacio em jogo na construcdo de um cunho nicionl~ndo era objeto do grande debate pibiies toradoresprofsionis que se opunham & quebra dos . db ensino, Nesse pono, ringuém tocava. Tanto em termes 835 em em eo ao conido selena, fcava claro no proces FM qua a lo selecion Ro process; Sea ve um cucu nacional estavasendo formulado s¢6 °"Stugay 40 para . lacao da p; NC a E Proposta cure *n, ul Tampoucy de © avaliacdo. Até me 8 = © que, 0 para quem planejar aos ¢ fowl exeutar” (VEIGA-NETO, 2015 m Ue se situa : = va na base d “eee = ore BNC, tema que, contudo, se ; oan ea, Piblico quanto no académi- escontentes SPecialmente os historiadores ° AP 0 ens = Fane OS man de pean tila se distancia 2 sees tigen inerente ao modelo de E <= Pesguisadores do campo da a, Sala de. 2 Sobretudo, com o tema das Se ICC, em ccontex- sottenporna £2 academia Lima ‘acerca do lugar wna, a 2 XeCUti ‘80 que pre ce seater Se rade 1 ttervadrismo ‘correria em um, no mesmo veicuo de debate acerca do papel dos anropéogos hoje, Fa pun destaca alg esencia & cOmpreenso também de oss par sextn- Bul lutamos pelo frtalecimento do campo do Ensio de Hsia A em audeaumeensriode grande reaqdo conservadora atual, que se funda numa nocéo poucosofisticada objetividade para questionaro caster do conhecimentopreuzio, a Sutonomia do campo cientifico e a responsabilidade coletiva envolvida fos processos educacionais. © Movimento Escola sem Partido se destaca as organizacdes que tém participado da ofensiva contra o debate posicionado nas esclasno Bras Fundado em 2004 e hoje alinhado a tgbes presentes em diferentes paises da América Latina conra a agen- da de gnero, como as ocorridas no Peru, na Colombia e no México, nas quais se destaca o slogan “Com mis hijos no te metas” (no caso brasileiro temos a méxima #meusfilhos,minhasregras), tomnou-se mais presente no espaco politico institucional a partir de 2014. Q Projeto de Lei de 2015 (867/15) que tem como objetivo incluir entre as diretrizes € bases da educacio nacional o “Programa Escola sem Partido” é apenas 0 mais destacado entre dezenas de projetos em tramitasio no Congreso, {que tém em comum o entendimento de que.é preciso incluir nas normas ‘educacionas 0 dieito dos pais de educar seus filhos de acordo com seus valores morais e crengas religiosas. (BIROLI, 2018, p. 86) © que vale para o debate recente dos antropdlogos sem divida vale para ‘nossa comunidade disciplinar particular, e, nesse sentido, ndo podemos ig- norar 0 fato de que é no interior da amplificacéo desse debate que se constr6i ‘a polémica em torno do documento de Histéria da BNC. Isso significa dizer que, em meio a um debate puiblico canslizado para a desqualfcagio tite do saber histérico em consonancia com es propésitos do movimento Escola sem Partido, 0 debate interno dos historiadores acabaria por produzir um re Sultado secundario nefasto: 0 demérito de um campo particular sobre o qual Brande parte das pesquisas a respeito das: dimens6es de ensino-aprendizagem da Historia tem se realizado. a ee Nao me estenderei aqui sobre o que foram o-movimento-de desmonte oe, ainda no governo Dilma Roussel, daquele documento da primes > erates a4 eee c ame Osolpe da segunda versio nto que no fugisse a script de uma pce tm gest admin 3 nu i ge cle i valigio em larga escala,Creio que, ont are eao de tens para avaliagdo em ‘ qamorndvels Aor poli ranko preduzdo pelos professors oval Jost cgi ager cebu a So co -_ ficatvas (SILVA e MEIRELES, 2017). També; "m nao me construcio das duas iltimas versdes d letere’ sop lesenvolvidas jg aan no Context ef © ensino de Histon, © Estado Nacional Bras; contexto, bem como, ‘0 Golpe de 2016, as quais circunscrevern, "ico instituido na esteira da formaco a ‘A minha posico assumida naquele ‘ontentes que militaram em favor da erigg 20 | M8Rr ang, leiro, M fodavia, h casio de un discurso que busca desqualifcare des, ‘So mi Ses eum Feet interior do préprio cendsis acade. meat Poante, buscar refetin ae significa pesquisar ensing de , etre desquaifcar ‘demento 0 favorecey a Fedefinicao dos . Acesso em: 29 ab. 2018. BOURDIEU, Pierre. Os wos sciis da Citncia. Sio Paulo: Unesp, 2004. _. © campo cieniic. In: ORTIZ, Renato. socologia de Pere Bourdieu. Sto Paulo: Olho DrAgua, 2003. CUESTA FERNANDEZ, R. Clio en las aulas. Madrid: Akal, 1998 CCHARLOT, Berard. A pesquisa educacional entre conhecimentos,politicas e pré- ‘cas especificidades e desafios de uma drea de saber. 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Panorama das 1998, Este trabalho parte de uma pesquisa que tem por objetivo analisar como oensino de Histéria vem sendo abordado em periddicos académicos de Educa- Wade Hg 67.108 py eS EDsino de Histéra, s, | jan.~iez. 2000, aeculum, Re ¢éo, de Ensino e de Histéria, a partir dos anos 1970, até 2020. Neste momento, | seri apresentado o levantamento de dados relativo as edicées dos periddicos até 2016, com os objetivos de, a0 trazer uma caracterizagdo geral dessa producéo, apontar tendéncias e propor reflexes que podem contribuir para acompreensio da tajetéria da produgio acaclémica desse campo de conhecimento no Brasil, bem como indicar possiveis quest6es que precisariam ser melhor investigadas, © inicio dos anos 1970 demarca, no Brasil, o momento de criagdo e consoli- dasio de Programas de Pos-graduacio € de peribdicos académicos, dai ser are- feréncia temporal inicial da pesquisa, a qual, como mencionado, até o momento “abrange producdes académicas publicadas em periddicos até o ano de 2016. Esse recorte inicial esté relacionado & proposta de periodizacio da Historia do Ensino de Hist6ria no Brasil, apresentada por Maria A. M. S. Schmit, que, com base no conceito de c6digo disciplinar, indica quatro periodos mais mar- antes nessa producdo: “construco do cédigo disciplinar da hist6ria (1838- 1931); consolidacio do cédigo disciplinar da historia (1931-1971); crise do 6digo disciplinar da histéria (1971-1984); reconstrusdo do cédigo disciplinar a historia (1984-2)" (SCHMIDT, 2012, p. 78). Para a autora, o que demarca 98 dois iltimos periodos sio, respectivamente, a Lei $692/71 e seu impacto ho Ensino de Histéria; e um movimento de “volta ao ensino de Historia”, 4p6s a ditadura, com a busca de novos referenciais. Também, assume-se aqui © pressuposto de existéncia, no Brasil, de um “campo especifico do ensino de Histéria” (p. 76), para o qual se volta essa investiga¢éo. —_ Protesora asociade da Universidade Federal do Parant, deceie do Depaamento de ad ‘eo © Price de Eno, éo Programa de Pés-radver am Edveasto de UFPR e do Progr de Mestado Profasenal em Enaina de Hata PROFHIS). Poss cence mu Oe Plena, Eepeoazarae ® Meatado em Mita (UNESP Axi), Dovorado om Eder SONA ie (USP) pos-deutorado em Educagdo (UFRJ). E-mail: nadiaga@utprb

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