Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
por
Arthur W. Pink
“Então, disse Jesus aos seus discípulos: Se alguém quer vir após mim,
a si mesmo se negue, tome a sua cruz, e siga-me” — (Mateus 16:24).
Esta negação do ego que Cristo requer de todos os Seus seguidores deve
ser universal. Não há nenhuma reserva, nenhuma exceção feita: “Nada
disponhais para a carne no tocante às suas concupiscências” (Romanos
13:14). Deve ser constante, não ocasional: “Se alguém quer vir após
mim, a si mesmo se negue, dia a dia tome a sua cruz e siga-me” (Lucas
9:23). Deve ser espontânea, não forçada, realizada com satisfação, não
relutantemente: “Tudo quanto fizerdes, fazei-o de todo o coração, como
para o Senhor e não para homens” (Colossenses 3:23). Ó, quão
impiamente o padrão que Deus colocou diante de nós tem sido
rebaixado! Como isso condena a vida acomodada, agradável à carne e
mundana de tantos que professam (mas, de maneira vã) que eles são
“cristãos”!
“E tome a sua cruz”. Isto se refere não à cruz como um objeto de fé, mas
como uma experiência na alma. Os benefícios legais do Calvário são
recebidos através do crer, quando a culpa do pecado é cancelada, mas
as virtudes experimentais da Cruz de Cristo são somente desfrutadas à
medida que somos, de um modo prático, “conformados com a Sua
morte” (Filipeneses 3:10). É somente à medida que realmente aplicamos
a cruz às nossas vidas diárias, regulamos nossa conduta pelos seus
princípios, que ela se torna eficaz sobre o poder do pecado que habita
em nós. Não pode haver ressurreição onde não há morte, e não pode
haver andar prático “em novidade de vida” até que “carreguemos no
corpo o morrer do Senhor Jesus” (2 Coríntios 4:10). A “cruz” é o sinal, a
evidência, do discipulado cristão. É sua “cruz”, e não o seu credo, que
distingue um verdadeiro seguidor de Cristo do mundano religioso.
O mundo não mudou, não mais do que o etíope pode mudar sua pele
ou o leopardo suas manchas. O mundo e Cristo ainda estão em aberto
antagonismo. Por conseguinte, está escrito: “Aquele, pois, que quiser
ser amigo do mundo constitui-se inimigo de Deus” (Tiago 4:4). É
impossível andar com Cristo e comungar com Ele, até que tenhamos
nos separado do mundo. Andar com Cristo necessariamente envolve
compartilhar Sua humilhação: “Saiamos, pois, a Ele, fora do arraial,
levando o seu vitupério” (Hebreus 13:13). Isto foi o que Moisés fez (veja
Hebreus 11:24-26). Quanto mais próximo eu andar de Cristo, mais eu
serei mal-entendido (1 João 3:2), ridicularizado (Jó 12:4) e detestado
pelo mundo (João 15:19). Não cometa engano aqui: é extremamente
impossível continuar com o mundo e ter comunhão com o Santo Cristo.
Portanto, “tomar” minha “cruz” significa, que eu deliberadamente
convido a inimizade do mundo através da minha recusa em ser
“conformado” a ele (Romanos 12:2). Mas, o que importa o olhar
carrancudo do mundo, se estou desfrutando os sorrisos do Salvador?