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ARTIGOS tp: //ax dol org/10.18227/ea027166 4009 EVASAO ESCOLAR NA EDUCACAO SUPERIOR: DE QUE INDICADOR ESTAMOS FALANDO? RICARDO FERREIRA VITELLI ROSANGELA FRITSCH RESUMO ste artigo aborda 0 indicador educacional da evasdo escolar na educagdo superior com o objetivo de distinguir e problematizar diferentes concepyies e usos do termo em prodtugdes académicas. Para f3s0, a metodologta usada consistite em uma revisdo bibliogrdfica de escritos publicados entre 1996 ¢ 2015 que abordam a evasdo na edueagdo superior e que apresentam a formula de calculd-a. Foi possivel identificar que 0 uso do termo estd associado a diferentes perspectivas, temporatidades, granularidades ¢ formulas. Tendo iss0 em vista, a utitizardo de tal indicador educacional para diagndstico, ‘monitoramento e avaliagdo de cursos, instituipées, sistemas e politicas iiblcas requereria o desenvolvimento de um conceitoe uma formula comuns. Colocamos, entdo, em evidéncia a pertinéncia da revisio desse indicador educacional para evitar 0 risco de comparacies que seriam estatisticamente incompardves. PALAVRAS-CHAVE INDICADORES EDUCACIONAIS + EVASAO ESCOLAR + EDUCACAO SUPERIOR + AVALIACAO DA EDUCACAO. 908 Est Ava Eau. S80 Paul, 27, 9. 66, p. 08-957 se 362 2016 LA DESERCION EN LA EDUCACION SUPERIOR: éDE QUE INDICADOR ESTAMOS HABLANDO? RESUMEN ste articulo aborda el indicador educativo de la desercin en la educacién superior con el objetivo de distinguir y problematizar diferentes concepciones y usos del término en producciones académicas. Para ello, 1a metodologia uriicada consistié en una revistén bibliogrdfica de los escritos publicados entre 1996 y 2015 que dabordan ta deserctén en ta educactén superior y que presentan ta formula para calcularta, Fue posible identificar que el uso del término se asocia con diferentes perspectivas, temporalidades, granularidades y formulas. Teniendo esto en cuenta, 1 uso de este indicador edueativo para el diagndstic, el monitoreo y 1a evatuacién de cursos, insttuciones, sistemas y politicas priblicas requeriria el desarrollo de un concepto y una formula comunes. Pusimos en evidencia entances la pertinencia de la revision de este indicador educativo para evitar el riesgo de comparaciones que serfan estadisticamente incomparable. PALABRAS CLAVE INDICADORES EDUCACIONALES + DESERCION ESCOLAR + EDUCACION SUPERIOR EVALUACION DE LA EDUCACION, HIGHER EDUCATION DROPOUT: WHICH INDICATOR ARE WE TALKING ABOUT? ABSTRACT ‘This article discusses the educational indicator of higher education dropout in order to distinguish and problematize different conceptions and uses ofthe term in ‘academic productions. The methodology consisted ofa literature review of articles Published between 1996 and 2015 that discuss higher education dropout and present a formula to calculate it. It was possible to verify that the use of the term is associated with different perspectives, temporalities, granularities and formulas. Considering this, the use ofsuch an educational indicator for diagnosis, monitoring, and assessment of courses, institutions, systems and public potites would require the development of a common concept and formula. Therefore, we hightight the relevance of reviewing this educational indicator in order to avoid the risk of comparisons that would be statistically incomparable. KEYWORDS EDUCATIONAL INDICATORS + DROPOUT + HIGHER EDUCATION + EDUCATIONAL EVALUATION. at Al 446, S80 Pal, 9.77, 9. 66,» 508 957,20 S62 2016 INTRODUGAO ‘Acvastio escolar tem se mostrado um problema que impacta a educagio sob variadas perspectivas e afeta os discentes, as instituigdes de ensino, os sistemas de ensino e a sociedade em geral. Para Baggi e Lopes (2011, p. 356), E um problema que vem preocupando as instituig6es de ensino em geral, sejam publicas ou particulares, pois salda de discentes provoca graves consequéncias sociais, académicas © econémicas. Ela ocorre quando estudantes iniciam seus cursos, mas no os concluem, sendo relacionada a desisténcia por qual- quer motivo, exceto diplomagio. & caracterizada, assim, como uum processo de exclusio determinado por variveis in- ternas e externas as instituigées de ensino, configurando-se como um fenémeno complexo, associado com a nao concre- tizagio de expectativas. Pode ser vista, nesse sentido, como 0 reflexo de miiltiplos fatores intervenientes, que precisam ser compreendidos tendo em vista 0 contexto socioecondmico, politico e cultural, o sistema educacional ¢ as instituigdes 910 Eat. al Eve, S80 Pa, 27.66,» 908-57 ze Se. 2005 de ensino (FRITSCH; ROCHA; VITELL, 2015). f um fenéme- no que pode ser estudado por meio de diferentes enfoques, existindo um predominio de estudos na compreensio de fa- tores intervenientes ¢ de modelos preditivos. Na produgio académica destacam-se as investigagdes de Tinto (1975, 1987, 1993, 1996, 1997, 2010, 2012) que, a partir da identificagao de motivos da evasio, avangam na constituicdo de modelos de preditivos. Esse autor serviu como referéncia para diversos outros estudos realizados nos Estados Unidos da América ~ tais como os de Cabrera (1992); Cabrera et al, (1992, 1999, 2012); Cabrera, Nora e Castafieda (1993); Nora e Cabrera (1996); Adelman (1999); Tierney (1999); Braxton (2000); Cabrera, Colbeck e Terenzini (2001); Braxton, Hirschy e McClendon (2004); Cabrera e La Nasa (2005); Museus © Quaye (2009); Nora, Crisp © Matthews (2011): € Nora e Crisp (2012) ~ e no Brasil - como os de Polydoro (2000); Andriola, Andriola © Moura (2006); Andriola (2009); ‘Adachi (2009); Tibola et al, (2012); ¢ Tontini e Walter (2014) No Brasil, muitos estudos se dedicam a identificar e ana- lisar motivos e ou fatores geradores de evasdo, centrando-se no individuo a partir de perspectivas metodolégicas quali- tativas e quantitativas, como € 0 caso das pesquisas de Ve- oso e Almeida (2002); Pereira (2003); Matias (2003); Biazus (2004); Teixeira (2006); Martins (2007); Silva Filho et al. (2007): Bardagi (2007); Fialhto (2008); Adachi (2009); Silva (2009): Andriola (2009); Baggi (2010); Baggi e Lopes (2011); Paldcio (2012); Pereira Jénior (2012); € Amaral (2013). Bagi € Lopes (2011, p. 356), ainda que reflitam sobre causas, também indicam a necessidade de uma reflexdo mais sistematica sobre os varios significados do termo evasio: Percebemos que a evaséo tem miltiplas raz6es. depen- dendo do contexto social, cultural, politico e econémico ‘em que @ instituicso esté inserida, Pode estar relaciona da, por exemplo, diretamente & ma qualidade de ensino oferacida pelas IES, provocando a perda definitiva do alu no, Para que haja muciancas substantivas nesse processo, seria preciso desenvolver uma reflexao mais sistematica sobre a relacao entre a avaliacdo institucional ¢ a evaséo, seus varios significados, para ampliar um caminho de tA Ee, S80 Pal ¥. 27m 65. 908-95, sate. 2036 91 propostas e projetos de combate ao abandono escolar do aluno davido as desigualdades socials quanto & conclusde do ensino superior, A revisio de literatura indica a existéncia de avangos significativos na compreensio dos motivos geradores de evasio e no desenvolvimento de modelos preditivos. Iden- tificamos como lacuna o fato de que conceituam, definem e apresentam resultados de evasao sem uma explicitagao mais detalhada dos seus significados, assim como do processo de tomada de decisio para a composicdo do conjunto de varié- veis presentes nas formulas de clculo. A partir dessas consideragées, outro enfoque relevan- te de estudo diz respeito a constituicdo de indicadores de evasdo que assume diferentes granularidades: disciplinas, cursos, instituigdes e sistemas. Neste texto, a opgao pela dis- cussdo abrange indicadores de evasdo de cursos e de institu gées de ensino, na educacao superior, tendo como foco uma revisio e anilise de metodologias estatisticas presentes na producdo académica (SILVA FILHO et al., 2007; SILVA FILHO; LOBO, 2012; SERPA; PINTO, 2000; MACEDO, 2014) e em do- cumentos oficiais do Ministério da Educagao (MEC) (0s indicadores sio sinais e recursos metodolégicos, po- dem ser qualitativos ou quantitativos ¢ expressam, a partir de um significado particular, um resultado, uma caracteris- tica ou 0 desempenho de uma acio, de um proceso ou de tum servico, podendo assumir uma fungio diagndstica. Para Jannuzzi (2002, 2009), 0 indicador social serve para subsidiar 0 planejamento piblico e a formulagao de politicas sociais. Concebe, ento, um indicador social como sendo: Lc] uma medica em geral quantitativa, dotada de signifi cado social substantive, usado para substituir, quantiicar ou operacionalizar um conceito social abstrato, de inte- resse teérico (para pesquisa académica) ou programatico (pera a formulacdo de politicas). E um recurso metodol6- gico, empiricamente referido, que informa algo sobre um aspecto da realidade social ou sobre mudancas que esto ecorrendo na mesma, (JANNUZZ1, 2002, p. 55) 912 Et Avot Ee, So Faia ¥ 27.1. 66, p. 908-957, ster 2016 ‘As definigdes de indicador convergem para uma medigao que tem um objetivo predeterminado de retratar, de alguma forma, a realidade pesquisada. 0 uso de indicadores como instrumento de gestio tem relevincia no planejamento e no monitoramento de acdes desenvolvidas para a melhoria da qualidade de uma acdo, de um servigo, de um produto ou de uma politica, Como medida de desempenho, o indicador consiste em uma informagao vital para 0 sucesso e a conti- nuidade de uma acdo, um curso, uma organizagio. Por outro lado, existem questionamentos sobre as limitagées e a incapa- cidade de alguns indicadores espelharem uma situagio que se concretiza a partir de um processo com miiltiplas realidades. A evasio escolar sinaliza, de alguma forma, 0 desempe- nho das instituicdes e dos sistemas de ensino relacionado & permanéncia dos estudantes em seus cursos. A Lei de Dire- trizes e Bases da Educagio Nacional (LDBEN), por exemplo, aponta, no artigo 3°, que “o ensino ser ministrado com base no principio da igualdade de condigées para 0 acesso e per- ‘manéncia na escola” (BRASIL, 1996, p. 12}. Uma iniciativa que exemplifica a intencionalidade do governo em relacdo as politicas de avaliagdo de instituir in- dicadores de desempenho ocorreu em 2004, quando o Ins- tituto Nacional de Estudos e Pesquisas Educacionais Anisio ‘Teixeira (Inep) disponibitizou 0 Diciondrio de Indicadores Educacionais. 0 documento [..Jretine os principais indicadores utilizados na educagao basica e superior com a sua formula de céilculo, fonte dos adios primarios, periodicidade e orientacao necessaria para correta interpretacdo do indicador. (BRASIL, 2004) Segundo o sitio da instituicio, os objetivos do dicioné- rio sd tornar mais clara a compreensio das informagoes educacionais, “fazendo a diferenciacdo, por exemplo, entre repeténcia € reprovagio, abandono e evasio”, uniformizar os indicadores (BRASIL, 2004). Como indicadores de rendi- mento e eficiéncia, aparecem: a taxa de fluxo escolar mocio, repeténcia € evasio -, que expressa 0 percentual de alunos promovidos, repetentes e evadidos. Nesse caso, 05 evadidos so “alunos que, estando matriculados na série s pro st Au Eu, S80 Paul, ¥ 27m 66, p. 08-957 set ee 2016 no ano m, nao se encontram na matricula da série s ou s+1 no ano m+1” (BRASIL, 2004, p. 19). Por sua vez, no Plano Nacional de Educacdo (PNE), pe- riodo de 2014 a 2024, para a educacao superior, a meta esta belecida ¢ elevar a taxa bruta de matricula para 50% e a taxa liquida para 33% da populacao de 18 a 24 anos, assegurando a qualidade da oferta e a expansio das novas matriculas pi- blicas em, pelo menos, 40% e criando, para isso, 21 estrat gias. Também hd a meta de elevar a qualidade da educagao superior e ampliar a proporgao de mestres e doutores do corpo docente em efetivo exercicio no conjunto do sistema de educacio superior para 75% (minimo de 35% de doutores do total), estabelecendo, para isso, nove estratégias (BRASIL, 2014), Para o alcance dessas metas, a taxa de crescimento de matriculas na educacao superior devera ser superior a 7% a0 ano (BRASIL, 2014). Ao analisar tais metas e estratégias, percebe-se como prioridade 0 acesso em detrimento de poli- ticas de permanéncia e de conclusio dos estudantes no siste- ma educacional. Articuladas a essa prioridade, destacam-se as politicas educacionais de insergao de jovens de classes menos favorecidas, oritindos do ensino médio da rede pi- blica, no ensino superior privado: o Programa Universidade para Todos (ProUni) e o Fundo de Financiamento Estudantil (Fies). Essas politicas se inserem no ambito das agGes afir- mativas e se constituem como um avango social na garantia constitucional do direito a educagdo, incluindo aqueles que tinham poucas possibilidades de acesso & educagao superior. Contudo, nao garantem a permanéncia e a consequente con- clusio de seus cursos, jé que esses estudantes apresentam ‘um conjunto amplo de necessidades relacionadas a questées socioecondmicas (moradia, transporte, alimentacao, mate- riais didéticos), psicopedagégicas, de satide, entre outras. Para prevenir e reduzir a evasio sao fundamentais também, de forma complementar, politicas e ages piiblicas e institu: ionais de assisténcia social, saide, emprego, entre outras, Do ponto de vista das politicas piblicas, os indicadores, combinados com outros recursos metodolégicos de andlise de contexto, podem ser instrumentos que permitem identificar € medir aspectos relacionados a determinado conceito, fendme- st Av Eve, S80 Paulo v.27 m6 p. 908-957. s0b/3e2 2016 no, problema ou resultado de uma intervencio na realidade, "Nesse sentido, a positividade se d pela intencionalidade diag- néstica que permite conhecer pontos criticos ¢ apoiar toma- das de decisbes e agdes de enfrentamento, No entanto, nessa condicao, é preciso um conceito claro e transparente uma metodologia coerente com o que se quer efetivamente avaliar. Consideramos relevante, neste estudo, aprofundar 0 co- nhecimento do indicador que mede a evasio escolar, seus significados e interpretagdes. Temos como objetivo distin- guir e problematizar diferentes concepgdes e usos do termo em produces académicas, identificando conceitos que esto sendo formulados, assim como a sua forma de mensuragao. Em muitos casos, 0s conceitos nio sao claros, de modo que, apenas quando se entende a férmula de célculo, é possivel determinar 0 significado do seu resultado, A intencionalida- de 6 destacar que indicadores educacionais constituidos com fragilidades conceituais e de cilculo podem acarretar diag: nésticos e comparagdes equivocadas. Problematizando conceitos e formulas de evasio escolar encontrados na producao académica, contribuimos para o en- tendimento do termo ¢ de seus desdobramentos no que se refere ao célculo e ao significado desse indicador. Tratamos, portanto, de diferentes concepgdes sobre o termo evasio esco- lar, considerando sua temporalidade, sua granularidade ¢ as interferéncias nos célculos que o mensuram. A contribuigao deste texto consiste, assim, em desvelar alguns dos significa- dos de evasio escolar construdos, evidenciando que as diver- sas definigdes que perpassam a composicao de suas varidveis inviabilizam sua mensuragdo de forma precisa e, consequen- temente, comparacées estatisticas entre os resultados obtidos Até 0 ano de 2008, a constituicéo do Censo da Educa: do Superior apresentava limitagdes com relacdo a unidade minima coletada, A partir de 2009, o modelo sofreu modifi- cages importantes, em especial destacamos a possibilidade de acessar dados individuais dos estudantes. Esse processo trouxe maior exatidao, confiabilidade e ampliou a granulari- dade da informacio. Para a concretizagio deste estudo, realizow-se uma bus- ca de publicagdes (dissertagdes, teses e artigos cientificos) st Au Eve, S80 Paul, v.27, m6 p. 908-957 sob ee 2016 que abordassem 0 tema evasio na educagio superior e apre- sentassem uma proposta de célculo para esse indicador. As fontes selecionadas para as buscas foram o Scientific Electro- nic Library Online (SciELO), 0 Banco Digital de Teses ¢ Dis- sertagdes (BDTD) e 0 Grupo de ‘Trabalho GT11 - Politica da Educagdo Superior da Associagao Nacional de Pés-Graduacao Pesquisa em Educagio (Anped), as quais foram consultadas a partir da utilizagao dos seguintes descritores: formula da evasio, cilculo da evasio e educagdofensino superior: A busca foi realizada considerandose o periodo de 1996, ano de pu- blicacio da Lei de Diretrizes e Bases da Educacio (LDBEN), a 2015, ano de constituigio de uma Comissio Especial para 0 Estudo da Evasdo (BRASIL, 1997). Realizouse, entZo, uma Ieitura do titulo e do resumo dos artigos encontrados, para confirmar se realmente se encaixavam nos critérios de in- clusdo. Encontraram-se poucas publicagées que abordam a evasio escolar, junto com a apresentacio do conceito e da formula de calculo desse indicador, Aevasio escolar nao se restringe ao campo educacional brasileiro tampouco a educacao superior. Contudo, neste tr: balho, optamos por avaliar a evasao em cursos ¢ instituigdes de ensino na educacao superior no Brasil, devido a nossa tra- Jetoria de pesquisa, experiéncia profissional e aos trabalhos académicos que temos produzido sobre essa problematica, em que ¢ recorrente a preocupagao com a definigao e a met suragdo do termo, conforme anteriormente referido, No en- tanto, a evasio nao se restringe a essas duas granularidades, sendo possivel avaliar a evasiio em disciplinas, bem como no sistema educacional. Consideramos, enquanto pesquisa- dores, 0 conceito de evasio da disciplina como reprovacdes por nao atingimento de frequéncia minima ou trancamento. As instituigdes de ensino, pelo fato de terem acesso limitado as informagées dos seus estudantes pelo Censo da Educacao Superior, ficam restritas a medir a evasio até o nivel institu: ional. O Inep, sobre determinadas condigdes, disponibiliza para pesquisadores informagées sobre a trajetéria de estu- dantes para outras instituigées. Nao destacaremos nem aprofundaremos os fatores in- tervenientes geradores, em fungdo de 0 foco deste artigo Est Au Educ, S80 Paulo v.27, m6, p. 08-957 set Se? 2016 estar direcionado ao entendimento da evasio por meio do seu célculo e do modo como ¢ interpretado, proporcionando © estabelecimento de parametros de comparacio via esse in- dicador educacional. Na educacdo superior, dependendo do foco de observacio, os fatores intervenientes no fenémeno a evasio tém natureza diversificada, incluindo fatores sociais, econdmicos, de desempenho e de escolha, por exemplo. Para atender aos objetivos propostos, este texto est or- ganizado em duas secdes, além desta introducio e das con- siderac6es finais. Na primeira, focalizamos as concepcdes de evasio escolar e, na segunda, apresentamos e problematiza- ‘mos as formulas de célculo da evasi ‘CONCEPCOES DE EVASAO ESCOLAR Existe uma abordagem diversificada sobre 0 emprego do ter- ‘mo evasio escolar, que depende do significado a ele atribui- do, Um dos grandes problemas, entdo, passa a ser a definicao do entendimento que o pesquisador, a instituigao ou o siste- ma tém sobre esse significado. Para proceder a discussio sobre a evasio, acreditamos que seja necessario considerar duas dimensdes: a temporali- dade ¢ a granularidade, A temporalidade pode ser imediata, or perfodo definido ou, até mesmo, definitiva (esta tiltima € mais dificil de ser obtida); ja a granularidade pode ter sua abrangéncia contextualizada no sistema educacional, na ins- tituicdo ou no curso, por exemplo. © Quadro 1, exposto a seguir, ilustra as concepgdes de evasio que identificamos nesta pesquisa. QUADRO 1 - Concep¢des que diferenciam o uso do termo evasio use Soir max ramensca/sne ne Dorm semeste/anomne curso [269 cronnnos | pasa Sao aRDSE | — BTN ecco (Seine [Bineetssratatene [garde maion Instituese porumsancare/ancne" \daaarrmas semesvesrancana” | Ovando nto se matiods cue can csemancan | Qos Sieh aE pr st Ak Eau, S80 Pula v.27. n.66.p. 908-97. seb Mee 2016 SIT ‘Alguns problemas que surgem nas concepcdes com rela- a0 a0 uso do termo evasio sio ‘a. na evasio imediata, no hié como saber se ela passa- rd a ser temporaria (por periodos definidos ~ dois, ‘tres ou mais periodos) ou definitiva, assim como se 6 uma evasio da instituicao ou do sistema; b. no ha consenso sobre qual o periodo de tempo esta- belecido para que uma evasio por perfodo definido nao seja definitiva; ¢_nio existe consenso sobre qual 0 perfodo de tempo estabelecido para que uma evasio seja classificada como definitiva, uma vez que o discente pode reto1 nar em dois ou mais anos apés sua tiltima matricula; @. quando um discente nao faz matricula em um curso da instituicdo, mas ingressa em outro curso da mes- ma instituigao, ele € considerado evadido do curso (ndo da instituigao nem do sistema). Analisando cada um desses aspectos em separado, des- tacamos que, no caso do item a), 0 discente é considerado evadido quando estava matriculado no periodo (semestre] ano) anterior ¢ nao faz sua matricula no periodo seguinte, ‘momento em que deveria fazé-la (nao considerando o forma- do}. Ao mensurar esse tipo de evasio, consideramos evadido um discente que pode, apés determinado perfodo, retornar ao sistema, a instituigdo ou ao curso. No caso do item b), 0 que acontece, em algumas situa: Ges, & que 0 discente pode ficar mais de dois periodos sem matricula, mas retornar apés alguns periodos subsequentes, Dessa maneira, para consideré-lo evadido, seria necessério estabelecer um periodo de tempo determinado no qual no houvesse matricula. Essa concepcdo pode ser diferente entre instituicdes ou mesmo depender da definicao do termo evar sio, conforme o entendimento existente sobre o fenémeno e as particularidades de cada instituigao de ensino. No item c}, a definigio de evasio definitiva também é problemitica, pois nao ha um consenso sobre qual seria 0 perfodo de tempo necessirio para consideré-la definitiva Além disso, nio existem garantias de que um discente que st Ava Eu, S80 Paul, 27, 9 66». 08-9570 382 2016 passa um periodo Iongo de tempo sem se matricular nao possa retornar, tornando-se, assim, um nao evadido. Para a determinacio do célculo da evasio, o item d) estabelece a definicio da granularidade da informacio, interferindo, consequentemente, na forma de mensurar esse indicador. Nesse sentido, as definigées sobre as variaveis de composigao da formula de célculo da evasio ficam condicio- nadas ao nivel de granularidade mensurada. Constroem-se férmulas para mensuracio e comparagao da evasio, ainda que existam indefinigdes sobre a tempora- lidade e a granularidade das informacdes. Sem termos cla- reza acerca desses aspectos, ficam prejudicadas quaisquer anélises que comparam resultados de evasio em diferentes ‘momentos, sejam de sistemas, de instituicdes ou de cursos. FORMULAS DE MENSURACAO DA EVASAO ‘A mensuracio e a definicdo da evasao so caracterizadas por um conjunto de escolhas apresentadas na concepgio das formulas de célculo da evasao. Primeiramente, julgamos im- portante discorrer sobre 0 conceito de evasio presente nos documentos do Ministério de Educacio, utilizando o estudo realizado pela Comissdo Especial para 0 Estudo da Evasio, instituida em 1995, para definir uma formula comum de cél- culo de indices de evasio que pudesse ajudar a identificar causas e, talvez, propor solugdes para o fendmeno na edu- cagio superior brasileira. Em um primeiro momento, foram estabelecidas algumas definigdes sobre a granularidade ¢ 0 entendimento do termo evasio Evaséo de curso: quando o estudante desliga-se do curso superior em situac6es diversas tais como: abandono (dei- xa de matricular-se), desisténcia (oficia), transferéncia ou reopcdo (mudanga de curso), exclus8o por norma insti- tucional: evasio da instituicéo: quando o estudante des liga-se da instituicso na qual est matriculado; evasio do sistema: quando 0 estudante abandona de forma detfinti- vva ou temporéria © ensino superior. (BRASIL, 1997, p. 20) Essa comissio estabeleceu que o entendimento da eva- sio deve considerar uma geragéo completa. Por geragao completa, o documento compreende aquela em que o ntime- ro de diplomados (N,), mais o niimero de evadidos (N,) e mais mimero de retidos (N,) é igual ao niimero de ingressantes ‘no ano-base (NJ. considerando 0 tempo maximo de integra- lizacdo do curso, Assim, um discente € considerado evadido quando sai do curso de origem sem conclui-lo ou quando sai da instituigdo sem concluir a educagao superior em qualquer curso, conforme indica a formula," apresentada a seguir: ay Onde: E, = percentual de evastio por curso de graduagiofinsti- tuicdo no tempo i; 'N,=mimero total de ingressantes no cursojna instituicio no ‘tempo inicial que finaliza seu tempo maximo no tempo i: N, = niimero de diplomados dentro do tempo maximo de diplomaga N, = mimero de discentes retidos no curso dentro do tempo maximo de diplomago. Nesse caso, consideram- se 08 discentes ainda matriculados e que nao completa- ram a quantidade de créditos para diplomacio. E,, portanto, é um indicador que mede a evasio € re presenta qual a porcentagem de discentes que ingressou em determinado periodo de tempo e que, apés o tempo maximo de diplomacio, nao continua mais no curso nem se diplo- mou, ou seja, evadiurse. A formula da evasio que tem influenciado muitas ins- tituigdes interessadas em estabelecer comparagoes foi con- cebida a partir dos estudos de Silva Filho etal. (2007) e Silva Filho e Lobo (2012). Segundo esses autores, 0 uso de uma formula especifica para o célculo da evasio exige atengio a alguns critérios. Actescentamos que, além disso, é preciso distinguir os conceitos, as terminologias e o significado do resultado do indicador que se pretende construir. 920. Et. vol. eave, Sto Fado,» 27 n 65, p 908-957 se Se. 2016 Nao ha formula ideal, porque o calculo da evasao depende dos critérios e das metodologias adotadas. O importante @ adotar um critério e metodologia que nao variem signi ficativamente no tempo para que todos possam, de forma transparente @ com a metodologia ¢ critérios adotados de conhecimento publico, qualquer que sejam eles, acom- panhar 2 evolugao no ternpe dos resultados identificando as tendéncias histéricas do fenémeno sem riscos de erros substanciais, (SILVA FILHO; LOBO, 2012, p. 4) Apresentamos, entio, a formula do calculo da evasio com granularidade por curso de graduagio e com tempora- lidade imediata que os autores definem como evasio anual com dados agregados (considerando os dados institucionais) A formula 2, proposta pelos autores, baseia-se em metodolo- gias internacionalmente utilizadas, podendo ser mensurada a seguinte maneira: Onde: EI, = percentual de evasdo na instituigdo, no perfodo de tempo n; M, = quantidade de matriculados no periodo de tempo n; In, = quantidade de ingressantes no periodo de tempo n; My, = quantidade de matriculados no periodo de tempo imediatamente anterior; Bg, , = quantidade de egressos no periodo imediatamen- te anterior. Dessa forma, 0 resultado desse cilculo expressa 0 per- centual de discentes de uma instituigao, no periodo de tem- po n (desconsiderando os ingressantes no mesmo periodo), que estava matriculado no periodo imediatamente anterior (desconsiderando 0s formados) ¢ nao realizou sua matricula no periodo n. Esse tipo de célculo mensura a evasio imediata da instituigdo (percentual de nao rematricula). Um aspecto a destacarmos & que, nesse célculo, nio sio Et Al Eve, S80 Paula 27m 66, 908-97, seb ee 2086 considerados 0s discentes que reingressam no curso ou na instituicdo e fazem sua matricula em um periodo, mas que nio estavam matriculados no periodo anterior. Isso ocorre com os discentes que ndo se evadem definitivamente, mas que, na verdade, param de estudar por determinado tempo. Importante registrar que essa formula é de 2007 e que essa limitagdo para o calculo da evasio deixou de existir a partir de 2009. A mudanga traz a possibilidade de incluso da in- formagdo sobre o estudante estar com matricula trancada, indicando que nao é novo, mas esté retornando. Atualizando a forma de obtengio da evasio, Silva Filho et al, (2007) ¢ Silva Filho e Lobo (2012) trabalham com a con- cepgio de permanéncia dos discentes, usando a formula 3, expressa a seguit. P= permanénc M, = matriculas em determinado ano; IG, = quantidade de novos ingressantes no ano n; M,, = quantidade de matriculas no ano imediatamente anterior an; Bg, ,= quantidade de concluintes no ano imediatamente anterior an. Com isso, a evasio ¢ obtida a partir do complemento da taxa de permanéncia (formula 4): E=(1-P)x100 (4) Serpa ¢ Pinto (2000), por sua vez, propéem um mode- lo de cilculo da evasio que leva em consideragao aspectos do mimero de matriculas, de concluintes e de ingressantes. © modelo abrange o sistema educacional, de outras abordagens encontradas na revisio sobre o tema Apesar disso, é possivel, com essa proposta, mudar a granu- ferentemente Ave 16, S80 Pdo, 77.65,» 908-9572. 2006 laridade a partir de algumas especificagdes no célculo para que se tenha a evasio por instituigdo ou curso, Os autores destacam que: Os reaistros existentes sobre a evaséo 80 localizados em cursos e suas andlises restritas a causas € consequéncias pertinentes aos mesmos. Neste artigo, apresentamos um modelo matemstico para 0 célculo da evassio em todo 0 sistema Universitario brasileiro a partir das variaveis qui cis pom as estatisticas do INEP. (SERPA: PINTO, 2000, p. 110) © modelo concebido pelos autores operacionaliza dados anuais, disponibilizados pelo Inep. ¢ pode ser calculado por meio da formula 5: M,= Ygh-Tete-TE7 8) Onde: M, = ntimero de matriculas no periodo x; J,=mimero de ingressantes no periodo i (com i variando deoax); ¢, = ntimero de evadidos no periodo i (com i variando de Oa xt}; = ntimero de concluintes no periodo i (com i variando de3.a x4) Serpa e Pinto (2000) descrevem essa formula como refe- réncia para conceituar a expresso “discentes matriculados”, ‘usada no modelo de evasao proposto em qualquer ano como sendo igual ao niimero de discentes que permaneceram no sistema universitério ~ 0s matriculados no ano anterior menos os que deixaram o sistemaja instituicaojo curso por terem concluido (concluintes) e por terem abandonado (os cevadidos) -, acrescido do mimero de discentes que ingressa- ram no sistema/na instituicdojno curso, Os concluintes s0 considerados no calculo a partir do terceiro ano da coleta inicial dos dados (ano zero). A variagdo da matricula entre dois anos subsequentes, segundo os autores, & dada pela di- ferenca obtida por meio das seguintes etapas: [Aral Eve, Sb Pale X29 66, 908-957, ste. 2086 22RAMOS Morand Guta oe Assuntos Acauemcos/UFPE. Rect lesa — (e+ Cx) ‘Assim, a variacio da matricula entre dois anos subse- quentes é dada pela diferenca entre o ntimero de ingressantes em um ano menos a soma da evasao com o ntimero de con- cluintes do ano anterior. Dessa maneira, Serpa ¢ Pinto (2000) propdem uma formula (7) de célculo da evasdo para o siste- ma que consiste em: 7) Esses autores, portanto, definem a evasio em um ano como sendo a diferenca entre o némero de ingressantes no ano seguinte (I,,) € a soma da variacao da matricula para 0 ano seguinte (AM,) com 0 ntimero de concluintes do ano em uestio (C,) (SERPA: PINTO, 2000). Com base nessa proposta, a partir do ano zero, a evasio pode ser obtida em diferentes instantes de tempo. Serpa e Pinto (2000) destacam que esse caleulo de evasio nio considera outras formas de ingresso além do vestibular. Os trancamentos e as flutuagées nos dados anuais (para o caso de ingressos no meio do ano) também nao sio considerados no modelo apresentado. Assim como essa proposta, outras formas de mensuracao da evasio acabam es- barrando em dificuldades que sao inerentes a construcio ¢ ao uuso de indicadores. Para Macedo (2014), 0 calculo da evasio, no ambito dos cursos de graduacdo, pode ser baseado nos estudos de Ramos (1995 apud BRASIL, 1997), em que trés aspectos sio consi- derados na obtengao da evasio. Bsse método, para avaliar 0 fluxo dos estudantes, leva em conta o ingresso, a retengao © a saida dos discentes por ano de ingresso na instituigao. Assim, sao considerados evadidos os discentes que nao se di- plomaram nesse periodo e que nao tém mais vinculo com 0 curso, A formula 8, exposta a seguir, apresenta a evasio por curso de graduacio. at A Fue. S80 Palo, \.77, 9 65, 9. 508-957 so S62. 2016 (6) Onde: N, = ntimero de ingressantes; N,=mtimero de diplomados; N, =niimero de retidos. Macedo (2014) cita também. os estudos de Souza (1999), que considera a existéncia de trés formas diferentes de evasio discente ~ do curso, da instituigdo e do sistema educacional -, partindo, assim, da mesma perspectiva que conceituamos como granularidade, Para a evasio por curso de graduacao, a formula adotada é a seguinte: cP) EC = EeP=ECP) 16 x100 (9) {indice de evastio no curso; IGP = total de ingresso das geracoes pesquisadas; FGP = formandos das geracdes pesquisadas. Essa formula acrescenta um elemento que nio estava presente nas formulas anteriores: as transferéncias internas das geragdes pesquisadas (TIGP), Essa diferenciagdo permite que 0 discente que troca de curso dentro de uma mesma instituigdo nao seja considerado evadido da instituigao, mas evadido do curso, Te] = PETE 100 (10) ‘Assim, a evasdo do sistema educacional passa a ser men- surada pela formula 11, em que as transferéncias externas das geragdes pesquisadas (TEGP) sao consideradas no célculo, Des- se modo, quando um discente muda de instituicdo de ensino, no entra no calculo da evasio do sistema educacional Aral ie, S80 Pao 27.966, 9, 908-957, sl 2. 2016 GP=TIGP ~TECP) x100 (11) Alguns problemas apresentados na constituigio do cal- culo dos indicadores de evasio, evidenciados na andlise da producdo académica, merecem destaque. Nesse sentido, 0 primeiro ponto a ser considerado consiste no entendimento do termo evasio, uma vez que néo hé consenso sobre uma definicao tinica a ser atribuida ao termo, independentemen- te da granularidade observada. Esse dado reforga o fato de que esse indicador tem mais sentido quando obtido interna- mente as Instituig6es de Ensino Superior (IES), atendendo a seus interesses especificos ¢ interferindo em sua forma de atuacio. © pesquisador, ao considerar as particularidades do meio no qual esté inserido seu campo de estudo, pode de- limitar o entendimento da evasdo levando em conta, por exemplo, particularidades das IES. Conforme os estudos an- teriormente apresentados, a evasio é evidenciada a partir de sua granularidade e temporalidade, sendo a temporalidade 0 fator que mais apresenta variedade de concepcdes. Qual é 0 perfodo de tempo sem matricula necessario para que um dis- cente seja declarado evadido? Matricular-se em determina- do periodo e nao efetuar sua matricula no periodo seguinte, quando deveria fazé-lo, € tempo suficiente para caracterizar o discente como evadido? Essas sio questdes que geram dife- rentes concepgoes de evasio. Ao considerar 0 discente como evadido em um periodo de tempo, descartamos a possibili- dade de um retorno desse aluno ao curso, a instituigao ou ao sistema, Pela nossa experiéncia obtida por meio dos estudos das intervengdes realizadas, a centralidade definida a partir do conceito de evasio foi determinante na constituigao de um conjunto de férmulas de célculo desse indicador. Com re- lagao as granularidades, sugerimos, assim, duas dimensdes: evasio institucional e por curso, Jé a temporalidade pode ser definida em trés momentos: evasio imediata, por perfodos e definitiva. A evasio imediata é definida como a quantida- de de discentes que nao renova sua matricula quando deve- 926 Fat Avot Eat. Sto Pao, «27. 65, p, 909-957, ste? 2016 ria fazé-lo, ou seja, no periodo imediatamente posterior, a evasio por periodos mede a perda de discentes ao longo de periodos distintos de tempo; ¢ a evasio definitiva & carac- terizada pela proporcdo de discentes que fica seis perfodos consecutivos (semestres) sem realizar sua matricula* 0s periodos podem ser definidos a partir de um critério de corte temporal. Em funcao das diferencas encontradas no periodo de corte, uma vez que discentes nao matricu- Iados em dois ou mais semestres podem retornar como re- ingressantes,‘ € necessirio estabelecer um ponto de corte temporal. Com a possibilidade de incluso da condigio de © estudante estar com matricula trancada, a utilizagio da varidvel reingressante precisa ser revisada nas frmulas. Nas proposicdes existentes sobre o célculo da evasao, hi a evasio imediata e a evasio definitiva (quando se considera que foi encerrado o tempo de conclusio do curso), Na evasio imediata, podem ser considerados os discen- tes que, ingressando em determinado periodo de tempo (semestre), deveriam realizar a matricula no semestre se- guinte, mas nao o fizeram (desconsiderando os formados). Como diferentes periodos de tempo de ingresso fazem parte do universo de matriculados, alguns ajustes sdo necessarios. A concepeao de calculo de evasio que utilizamos parte da proposta de Silva Filho etal. (2007). A diferenciacio percebi- da acontece em fungio das particularidades da instituigaio em que 0s estudos so desenvolvidos, fato que se relaciona a maneira como sdo registradas as informagGes dos discentes €, consequentemente, a incluso ou nao dos reingressantes «que foi desenvolvida em 2008, quando nao havia a possiblida- de de informar o trancamento da matricula dos estudantes. Nesse sentido, 0 célculo da evasao institucional era efetuado por meio da fSrmula 12 € que no momento atual est em processo de revisio: orcentagem de evastio no semestre n; 3 o patos ae ete ses A pune uo eta im pedo 5 sano com maria. es 6 Ab seat acs 7 o pari exo senses asso M, = quantidade de discentes com matricula® no perfodo n; quantidade de ingressantes no perfodo n; juantidade de reingressantes* no periodo n; RT, = quantidade de reingressantes com troca de curso no perfodo F,,= quantidade de formados no perfodo n- (semestre imediatamente anterior). Essa formula apresentava 0 percentual de discentes eva- didos da instituigao, levando em conta 0 seguinte conjunto de variaveis: nlimero de matriculados. de ingressantes e de reingressantes geral e por troca de curso, Com isso, apresenta © percentual de discentes que estavam matriculados no pe- riodo (semestre) n, desconsiderando aqueles que ingressaram ou reingressaram no periodo n, ainda que para outro curso, sobre o total de matriculados no periodo n-t ¢ que nao se fo ‘maram no perfodo n-1. Mesmo empregando termos de uso co- mum entre instituigdes, 6 preciso uma descrigio com relagao ao entendimento desses termos. Para 0 caso de a evasio ser mensurada por curso de graduacao, a formula usada pode ser 13, desde que realizadas as adaptagoes necessérias: Synty-Re~Ty Ec, = [1- (SS) x100 a3) onde: EC, = Percentual de evasio por curso de graduacio no petiodo n, Assim, o RT, € substituido por, que representa a quan- tidade de transferéncias internas e de paralelos internos” de curso no periodo, permanecendo as demais variaveis como descritas anteriormente na formula 12, porém com foco nos cursos de graduacio. Nessa formu a evasio por curso caracteriza-se quando uum discente sai do curso, ainda que ingresse em outro curso da instituigao. Por outro lado, no calculo da evasao institu nal, essas mudangas de curso nao so consideradas, uma vez que 0s alunos continuam na instituicdo. Dessa forma, esse 928 Ee Avot Ese. Sto Pao, «27.166, 908-957, ste 206 calculo expressa a porcentagem de discentes que estavam matriculados no perfodo n, descontando-se os ingressos, 0 reingressos (em trancamento) ¢ as transferéncias internas sobre o total obtido de niimero de matriculados no curso no periodo n-1 menos os formados no periodo n- utra forma de obter a evasio pode ser desenvolvida a partir de um estudo de coorte. Um estudo de coorte, segundo Malhotra (2001), acontece quando se analisa um grupo de pesquisados que experimentam 0 mesmo evento (matricula no semestre) no mesmo intervalo de tempo, consistindo, as- sim, em uma série de levantamentos, realizados em interva- los de tempo apropriados, em que o coorte serve como uma unidade basica de analise. Dessa forma, utilizando um estudo de coorte em um perio- do de tempo, por exemplo, de 2013 a 2015 (que coresponderia a0 tempo miximo de seis semestres sem matricula), € possivel avaliar 0 desenvolvimento do indicador de evasio por meio do acompanhamento de um grupo de ingressantes (por todas as formas de ingresso) ao longo de um periodo de seis semestres consecutivos. A formula 14, utilizada para a obtencao desse indi- cador, difere das formulas 12 e 13, apresentadas anteriormente: [1— Ge BeTERs)] e100 (04) Onde: E, = percentual de evasio por periodo de tempo, finali- zado no tempo n; M, = quantidade de discentes matriculados no periodo n; TRI, = quantidade de transferéncias internas no periodo n: ‘4. = Soma dos formandos até o periodo imediatamente anterior (n-1); 1, = quantidade de ingressantes no periodo n (por qual- quer forma de ingress0) Com essa formula, € possivel calcular o percentual de dis- centes que ingressaram em um curso ou uma instituigdo e que, a0 longo do tempo, ndo se diplomaram e nao continuaram matriculados, sendo, por isso, considerados evadidos. Esse st al Eve, S80 Paul, 278.65, 9, 908-957, 2068 2016 indicador permite acompanhar um conjunto de ingressantes ao longo do tempo, mostrando a perda que um curso ou uma instituigdo tem e favorecendo, assim, a gestio, 0 monitora- mento ¢ a implementagio de agées de prevencio da evasio, diferentemente do indicador anterior, que mensura a evasio considerando os discentes em qualquer estigio de sua forma- Gio, incluindo desde ingressantes até formandos, CONSIDERAGOES FINAIS No contexto atual, para as instituigdes de ensino e sistemas, cresce a importancia dos indicadores educacionais, pois per- mitem 0 monitoramento e 0 acompanhamento de fenéme- nos, tomadas de decisdes, avaliagdes de ages e evolucio de tendéncias Indicadores educacionais precisam ter explicitadas as metodologias ¢ as ferramentas empregadas para que se- jam entendidas e se tornem de dominio piiblico. O que seré medido € como sera realizada a medicio sio determinan- tes para o entendimento dos resultados. Ponderamos a ne- cessidade do cuidado na utilizagdo de um tinico indicador para compreensio de um fenémeno multifatorial como a evasio. Os resultados deste estudo evidenciam a fragilidade da eficicia de indicadores como ferramenta jou estratégia de avaliagao da qualidade de cursos ¢ instituicdes, problema- tizando a concepcio e aplicacao do indicador de evasio es- colar na educagao superior. A falta de clareza na definigao € operacionalizacio compromete os resultados da mensura- fo e gera equivocos na utilizagdo comparativa. A partir dessas consideracées, ressaltamos alguns pon- tos. O primeiro aspecto a ser destacado € a escassez de infor magées a respeito de formulas para calcular a evasao escolar, independentemente da granularidade do indicador. Ainda que a evasio seja um indicador preocupante, muitos estu- dos acerca desse fenémeno se concentram em encontrar as causas € 05 efeitos & luz de um paradigma positivista, Poucos sio os estudos que buscam compreender motivos ou fatores intervenientes & luz de paradigmas sistémicos. ue, St Paula. ¥ 27. 66, p.908-997, et de 2016 Outro aspecto comum é encontrarmos resultados de evasio sendo comparados entre diferentes instituigdes e sistemas sem uma preocupagio com as definigdes adotadas ara 0 entendimento do termo evasio ou mesmo de sua for- ma de obtencio. Considerando os resultados obtidos nesse levantamento de dados, fica destacado 0 fato de que a con- ceituagio do termo evasio deve ser claramente identificada ata que seja possivel realizar estudos comparativos entre diferentes sistemas, instituigdes e cursos, bem como em di- ferentes instantes de tempo. Esse cuidado ¢ importante, pois existem distintas percep¢des sobre as formas de mensurar a evasio, Nesse sentido, dois fatores que necessitam ser defi- nidos de forma precisa: a granularidade e a temporatidade. Além disso, ainda que se utilize a mesma granularidade de informacdes, existem diferentes caminhos (férmulas) que podem ser trilhados para se obter esse indicador. Mesmo quando as formulas empregam as mesmas va- Tidveis, a definigao sobre o significado de cada varidvel € a forma de sua obtengao podem ser diferenciadas. Assim, formulas aparentemente iguais podem ser compostas de va- ridveis iguais, mas com definicSes diferentes. f importante destacar, também, que a utilizacio do indicador de evasao tem maior relevncia para a instituicdo que faz, uso dessa informagao para agdes de prevengdo, Dessa forma, as par ticularidades de tais instituigées precisam ser consideradas nas definigdes utilizadas para as varidveis que compdem 0 modelo de célculo da evasdo e que impactam, consequente- mente, a constituigio da formula desse célculo. O desenvol- vimento de um conceito e formula comuns é necessério para a realizagio de estudos comparativos nesse campo. Ainda as- sim as IES, de acordo com suas singularidades, podem cons- tituir outras formulas de investigagdo e compreensao dese fenémeno. importante pensar em um indicador como um instru ‘mento de medicdo, que tem suas limitagoes, principalmente quando a pretensio consiste em retratar a realidade educa- ional, como € 0 caso de muitas politicas que objetivam, por meio de avaliagdes (especialmente em larga escala), mensu- rar a qualidade da educacio. Para compreender a realidade st Aik Eve, S80 Paula v.27 m6 p. 908-937. set ee 2016 da educagio, € preciso entender que as politicas educacio- nais sofrem influéncia de diversos setores ou organismos com diferentes interesses, Ademais, devido a limitagdes préprias dos indicadores, 6 importante entender a avaliagdo como um processo de di logo sobre os resultados. Nao focando, todavia, a avaliagao de forma rigida e pontual, mas debrucando-se sobre os re- sultados dos indicadores, esse procedimento pode retratar parcialmente uma realidade. Ressaltamos também a importancia da autonomia das instituigdes de ensino no processo de construcao de indica- dores, levando em consideracio a existéncia de diferentes especificidades que as constituem. Também no seu modelo de gestdo atentamos para as consequéncias e as implicagdes de uma inversio na intencionalidade e operacionalizacao no uso de um sistema de indicadores, ou seja, quando passam de uma atividademeio para uma atividade-fim, estimulando am- bientes extremamente competitivos ¢ pouco colaborativos. Cabe salientar que a alteragio na coleta de dados do Censo da Educagio Superior, com a inclusao de informagoes individuais dos estudantes, permite novas possibilidades de ‘mensuracio da evasio, assim como melhorias no célculo dos indicadores de evasio em diversos niveis, incluindo a evasio Por curso ¢ instituigao tratados neste estudo. Apesar disso, permanece 0 desafio de uma maior agilidade na divulgagao dos dados coletados pelo Censo. E, por fim, nos estudos que necessitam realizar com- paragdes entre indicadores de evasao, é preciso considerar a igualdade nas definigoes do indicador e das variaveis que compéem a formula de calculo da evasio, empregando a mesma granularidade e temporalidade do indicador. Caso contrario, estabelecem-se comparagoes entre valores estatis- ticamente incompardveis. f imprescindivel que pesquisado- res atentem pata critérios de confiabilidade e de validade dos indicadores utilizados nas pesquisas. at, Aol 40, S80 Pad, 77, 9. 65,» 908-957, 28/86. 2006 REFERENCIAS, ADACHI, Ana Amelia Chaves Teixeira. asd eevadids os cursos de grauaio da Universidade Federal de Minas Gert. 2009, 214£. Dissertacio (Mestrado em Educagio)~ Programa de PSs Graduagio em Fducacio, Universidade Federal de Minas Gerais, Helo Horizonte, 2009. ADELMAN, Clifford. Answers in she rotboxe academic intensity attendance patterns and bacheloy’s degree attainment. Washington: US. Department of Education, 1999. 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