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Ordenanças
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AS ORDENANÇAS DA IGREJA
1. O batismo. (a) O modo. A palavra "batizar", usada na fórmula de Mateus 28:19.20. significa
literalmente mergulhar ou imergir. Essa interpretação é confirmada por eruditos da língua
grega e pelos historiadores da igreja. Mesmo eruditos pertencentes a igrejas que batizam por
aspersão admitem que a imersão era o modo primitivo de batizar. Além disso, há razões para
crer que para os judeus dos tempos apostólicos, o mandamento de ser "batizado" sugeriria
"batismo de prosélito", que significava a conversão dum pagão ao Judaísmo. O convertido
estava de pé na água, até ao pescoço, enquanto era lida a lei, depois do que ele mesmo se
submergia na água, como sinal de que fora purificado das contaminações do paganismo e que
começara uma nova vida como membro do povo da aliança. De onde veio, então, a prática da
aspersão e de derramar a água? Quando a igreja abandonou a simplicidade do Novo
Testamento, e foi influenciada pelas idéias pagãs, atribuiu importância antibiblica ao batismo
nas águas, o qual veio a ser considerado inteiramente essencial para se alcançar a
regeneração. Era, portanto, administrado aos enfermos e moribundos. Posto que a imersão
não era possível em tais casos, o batismo era administrado por aspersão. Mais tarde, por causa
da conveniência do método, este generalizou-se. Também, por causa da importância da
ordenança, era permitido derramar a água quando não havia suficiente para praticar a
imersão. Notem a seguinte citação dum antigo escritor do segundo século, agora concernente
ao batismo, batiza assim: havendo ensinado todas essas coisas, batiza em nome do Pai, do
Filho, e do Espírito Santo, em água viva (corrente). E se não tiveres água viva, batiza em outra
água; e se não podes em água fria, então em água morna. Mas se não tiveres nem uma nem
outra, derrama água três vezes sobre a cabeça, em o nome do Pai e do Filho e do Espírito
Santo. Não obstante, o modo bíblico e original é imersão, o qual corresponde ao significado
simbólico do batismo, a saber, morte, sepultura e ressurreição. (Rom. 6:1-4.)
(b) A fórmula. "Batizando-os em nome do Pai, e do Filho e do Espírito Santo" (Mat. 28:19).
Como vamos reconciliar isso com o mandamento de Pedro: "...cada um de vós seja batizado
em nome de Jesus Cristo"? (Atos 2:38). Estas últimas palavras não representam uma fórmula
batismal, porém uma simples declaração afirmando que recebiam batismo as pessoas que
reconheciam Jesus como Senhor e Cristo. Por exemplo, o "Didaquê", um documento cristão
escrito cerca do ano 100 A.D., fala do batismo cristão celebrado em nome do Senhor Jesus,
mas o mesmo documento, quando descreve o rito detalhadamente, usa a fórmula trinitária.
Quando Paulo fala que Israel foi batizado no Mar Vermelho "em Moisés", ele não se refere a
uma fórmula que se pronunciasse na ocasião; ele simplesmente quer dizer que, por causa da
passagem milagrosa através do Mar Vermelho, os israelitas aceitaram Moisés como seu guia e
mestre como enviado do céu. Da mesma maneira, ser batizado em nome de Jesus significa
encomendar-se inteira e eternamente a ele como Salvador enviado do céu, e a aceitação de
sua direção impõe a aceitação da fórmula dada por Jesus no capítulo 28 de Mateus. A tradução
literal de Atos 2:38 é: "seja batizado sobre o nome de Jesus Cristo". Isso significa, segundo o
dicionário de Thayer, que os judeus haviam de "repousar sua esperança e confiança em sua
autoridade messiânica". Note-se que fórmula trinitária é descrita duma experiência. Aqueles
que são batizados em nome do triúno Deus, por esse meio estão testificando que foram
submergidos em comunhão espiritual com a Trindade. Desse modo pode-se dizer acerca deles:
"A graça do Senhor Jesus Cristo e o amor de Deus, e a comunhão do Espírito Santo seja com
vós todos" (2 Cor. 13:13).
Visto que os infantes não têm pecados de que se arrepender e não podem exercer a fé,
logicamente são excluídos do batismo nas águas. Com isso não os estamos impedindo que
venham a Cristo (Mat. 19:13,14), pois eles podem ser consagrados a Jesus em culto publico.
(d) A eficácia. O batismo nas águas, em si não tem poder para salvar; as pessoas são batizadas,
não para serem salvas, mas porque já são salvas. Portanto, não podemos dizer que o rito seja
absolutamente essencial para a salvação. Mas podemos insistir em que seja essencial para a
integral obediência a Cristo. Como a eleição do presidente da nação se completa pela sua
posse do governo, assim a eleição do convertido pela graça e pela glória de Deus se completa
por sua pública admissão como membro da igreja de Cristo.
(e) O significado. O batismo sugere as seguintes idéias: 1) Salvação. O batismo nas águas é um
drama sacro (se nos permitem falar assim), representando os fundamentos do Evangelho. A
descida do convertido às águas retrata a morte de Cristo efetuada; a submersão do convertido
fala da morte ratificada, ou seja, o seu sepultamento; o levantamento do converso significa a
conquista sobre a morte, isto é a ressurreição de Cristo. 2) Experiência. O fato de que esses
atos são efetuados com o próprio convertido demonstra que ele se identificou espiritualmente
com Cristo. A imersão proclama a seguinte mensagem: "Cristo morreu pelo pecado para que
este homem morresse para o pecado." O levantamento do convertido expressa a seguinte
mensagem: "Cristo ressuscitou dentre os mortos a fim de que este homem pudesse viver uma
nova vida de justiça." 3) Regeneração. A experiência do novo nascimento tem sido descrita
como uma, "lavagem" (literalmente "banho", Tito 3:5), porque por meio dela, os pecados e as
contaminações da vida de outrora foram lavados. Assim como o lavar com água limpa o corpo,
assim também Deus, em união com a morte de Cristo e pelo Espírito Santo, purifica a alma. O
batismo nas águas
simboliza essa purificação. "Levanta-te, e lava os teus pecados (isto é, como sinal do que já se
efetuou)" (Atos 22:16). 4) Testemunho. "Porque todos quantos fostes batizados em Cristo já
vos revestistes de Cristo" (Gál. 3:27). O batismo nas águas significa que o convertido, pela fé,
"vestiu-se" do caráter de Cristo de modo que os homens podem ver a Cristo nele, como se vê o
uniforme no soldado. Pelo rito de batismo, o convertido, figurativamente falando,
publicamente veste o uniforme do reino de Cristo.
2. A ceia de Senhor. Pontos principais. Define-se a Ceia do Senhor ou Comunhão como o rito
distintivo da adoração cristã, instituído pelo Senhor Jesus na véspera de sua morte expiatória.
Consiste na participação solene do pão e vinho, os quais, sendo apresentados ao Pai em
memória do sacrifício inexaurível de Cristo, tornam-se um meio de graça pelo qual somos
incentivados a uma fé mais viva e fidelidade maior a ele. Os seguintes são os pontos-chave
dessa ordenança: (a) Comemoração. "Fazei isto em memória de mim." Cada ano, no dia 4 de
julho, o povo norte-americano recorda de maneira especial o evento que o fez um povo livre.
(*) Cada vez que um grupo de cristãos se congrega para celebrar a Ceia do Senhor, estão
comemorando, dum modo especial, a morte expiatória de Cristo que os libertou dos pecados.
Por que recordar a sua morte mais do que qualquer outro evento de sua vida? Porque a sua
morte foi o evento culminante de seu ministério e porque somos salvos, não meramente por
sua vida e seus ensinos, embora sejam divinos, mas por seu sacrifício expiatório.
(b) Instrução. A Ceia do Senhor é uma lição objetiva que expõe os dois fundamentos do
Evangelho: 1) A encarnação. Ao participar do pão, ouvimos o apóstolo João dizer: "E o Verbo
se fez carne e habitou entre nos" (João 1:14); ouvimos o próprio Senhor declarar: "Porque o
pão de Deus é aquele que desce do céu e dá vida ao mundo" (João 6:33).
* Por ser Dia de Independência dos Estados Unidos da América. (Nota do tradutor)
2) A expiação. Mas as bênçãos incluídas na encarnação nos são concedidas mediante a morte
de Cristo. O pão e o vinho simbolizam dois resultados da morte: a separação do corpo e da
vida, e a separação da carne e do sangue. O simbolismo do pão partido é que o Pão deve ser
quebrantado na morte (Calvário) a fim de ser distribuído entre os espiritualmente famintos; o
vinho derramado nos diz que o sangue de Cristo, o qual é sua vida, deve ser derramado na
morte a fim de que seu poder purificador e vivificante possa ser outorgado às almas
necessitadas.
(c) Inspiração. Os elementos, especialmente o vinho, nos lembram que pela fé podemos ser
participantes da natureza de Cristo, isto é, ter "comunhão com ele". Ao participar do pão e do
vinho da Ceia, o ato nos recorda e nos assegura que, pela fé, podemos verdadeiramente
receber o Espírito de Cristo e ser o reflexo do seu caráter.
(d) Segurança. Este cálice é o Novo Testamento no meu sangue"! (1 Cor. 11:25). Nos tempos
antigos a forma mais solene de aliança era o pacto de sangue, que era selado ou firmado com
sangue sacrificial. A aliança feita com Israel no Monto Sinai foi um pacto de sangue. Depois que
Deus expôs as suas condições e o povo as aceitou, Moisés tomou uma bacia cheia de sangue
sacrificial e aspergiu a metade sobre o altar do sacrifício, significando esse ato que Deus se
havia comprometido a cumprir a sua parte do convênio; em seguida, ele aspergiu o resto do
sangue sobre o povo, comprometendo-o, desse modo, a guardar também a sua parte do
contrato (Êxo. 24:3-8). A nova aliança firmada por Jesus é um pacto de sangue. Deus aceitou o
sangue de Cristo (Heb. ?); portanto, comprometeu-se, por causa de Cristo, a perdoar e salvar a
todos os que vierem a ele. O sangue de Cristo é a divina garantia de que ele ser benévolo e
misericordioso para aquele que se arrepende. A nossa parte nesse contrato é crer na morte
expiatória de Cristo. (Rom. 3:25,26.) Depois, então poderemos testificar que foram aspergidos
com o sangue da nova aliança. (1Ped. 1:2.)
(e) Responsabilidade. Quem deve ser admitido ou excluído da Mesa do Senhor? Paulo trata da
questão dos que são dignos do sacramento em 1Cor. 11:20-34. "Portanto, qualquer que comer
este pão, ou beber este cálice do Senhor indignamente, será culpado (uma ofensa ou pecado
contra) do corpo e do sangue do Senhor." Quer isso dizer que somente aqueles que são dignos
podem chegar-se à Mesa do Senhor? Então, todos nós estamos excluídos! Pois quem dentre os
filhos dos homens é digno da mínima das misericórdias de Deus? Não, o apóstolo não está
falando acerca da indignidade das pessoas, mas da indignidade das ações. Sendo assim, por
estranho que pareça, é possível a uma pessoa indigna participar dignamente. E em certo
sentido, somente aqueles que sinceramente sentem a sua indignidade estão aptos para se
aproximar da Mesa; os que se justificam a si mesmos nunca serão dignos. Outrossim, nota-se
que as pessoas mais profundamente espirituais são as que mais sentem a sua indignidade.
Paulo descreve-se a si mesmo como o "principal dos pecadores" (1Tim. 1:15). O apóstolo nos
avisa contra os atos indignos e a atitude indigna ao participar desse sacramento. Como pode
alguém participar indignamente? Praticando alguma coisa que nos impeça de claramente
apreciar o significado dos elementos, e de nos aproximarmos em atitude solene, meditativa e
reverente. No caso dos coríntios o impedimento era sério, a saber, a embriaguez.