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Realização | Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o

Empoderamento das Mulheres – ONU Mulheres Casa das Nações Unidas no


Brasil
Complexo Sergio Vieira de Mello SEN Quadra 802 Conjunto C, Lote 17, Bloco B
– Prédio Lélia Gonzalez 70800-400 – Brasília/DF

Representante do Escritório Brasileiro | Anastasia Divinskaya


Coordenação | Empodera: Beatriz Akutsu, Ivana Di Mauro, Jane Moura, Thaís
Olivetti e Fernanda Garcia.

Desenvolvimento: Raissa Vieira Gomes da Cruz Sobral


Revisão Técnica e Textual: Gabriela Bastos, Olga Bagatini
e Raíssa Vitório Pereira
Design e Diagramação: Samtiago e Érika Luna
© 2022 ONU Mulheres. Todos os direitos reservados.

Este material, Almanaque Antirracista para Adolescentes, é um


desdobramento das discussões do Grupo de Trabalho de Práticas
Antirracistas, realizado em setembro de 2020 pelas facilitadoras e
professoras de educação física do Programa Uma Vitória Leva Outra, um
programa
da ONU Mulheres em parceria com Comitê Olímpico Internacional, com a
implementação da Empodera.

As opiniões expressas nesta publicação são individuais e não representam


necessariamente as perspectivas o iciais da ONU Mulheres, das Nações
Unidas ou de suas organizações vinculadas.

4
5
Sumário

F.1

F.2

F.1-F.2_Ver p.112
Apresentação 08
1. O que é racismo? 11
2. O Brasil e o racismo 17
3. O racismo e suas representações na sociedade 25
3.1. Padrões de beleza 26
3.2. Racismo na escola 34
3.3. Violência contra as meninas e mulheres negras 38
3.4. Racismo no esporte 48
3.5. Racismo no mercado de trabalho 56
3.6. Racismo na política 61
4. “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 67
4.1. Afinal, o que é antirracismo? 68
4.2. É importante compreender a negritude! 72
4.3. Reconheça os privilégios 77
4.4. Desconstrua expressões racistas 81
5. Direitos (Leis e ações afirmativas) 85
6. Representatividade 93
7. Minhas reflexões 99
Notas de rodapé 108
Notas das ilustrações 112
Referências Bibliográficas 118
Respostas das atividades 121
Apresentação
Olá, leitora!

Temos o prazer de apresentar


para você o Almanaque
Antirracista para Adolescentes do
F.3
Programa Uma Vitória Leva à
Outra (UVLO). Este almanaque é
resultado dos encontros entre as
facilitadoras e professoras de
educação física do programa
UVLO, no âmbito do Grupo de
Trabalho de Práticas
Antirracistas, que visa discutir
sobre o racismo e como ele se

F.3_Ver p.112
manifesta nas vidas das Esse Almanaque também é um
participantes e educadoras do guia para sensibilizar a todas para
programa. Com o objetivo de um problema que nos cerca
esclarecer algumas questões diariamente e que muitas vezes
étnico-raciais, esse Almanaque passa despercebido. Informe-se!
traz pontos de reflexão para que Conhecimento é poder. Entenda a
possamos criar estratégias de si mesma e compreenda o seu
prevenção e enfrentamento ao lugar na sociedade. Busque refletir
racismo. Mas, se você está se de forma crítica sobre a forma que
perguntando se existe uma navega nos espaços a partir desse
fórmula mágica para combater o seu lugar e passe a agir de forma
racismo, a resposta é não! consciente com atitudes
antirracistas!
Não existe receita de bolo para a
prática antirracista, porém, Vamos nessa?
existem caminhos para
estabelecer a equidade e igualdade
raciais e lidar de forma mais justa
com esse assunto.
F.4

F.4_Ver p.112
O QUE É
RACISMO
01_O QUE É
RACISMO?

Para começo de conversa, sociedade de forma violenta.


vamos apresentar os Isso determina uma relação de
poder entre uns e outros. Mas,
conceitos¹ de racismo,
o que é raça³?
preconceito e discriminação
para entendermos melhor Você sabia que raça, na
cada um deles. Vocês verdade, não existe
sabiam que essas palavras biologicamente? Esse termo foi
têm significados diferentes? utilizado como uma tentativa
de classificar e hierarquizar,
Explicaremos cada uma
colocando as pessoas brancas
delas a seguir.
no topo do arranha céu e as
pessoas não brancas lá
Racismo² é um sistema que embaixo, no último andar.
discrimina indivíduos baseado Portanto, neste Almanaque,
em sua raça, inferiorizando quando este termo aparecer,
determinados grupos e gerando será compreendido do ponto de
valores desiguais dentro da vista social.

1_2_3_Ver p. 108

12
Já a discriminação racial5 se dá
Raça conforme membros de
determinados grupos são
Apesar do termo não ser mais ignorados e/ou rejeitados por
utilizado, ele ficou no imaginário conta da sua condição étnica/
da população e contribuiu para racial. Você já sentiu um
a construção de preconceitos e tratamento diferente por ter uma
discriminações raciais. religião ameríndia ou de matriz
africana? Ou ainda por conta da
cor da pele ou pelo cabelo? Ou
F.5
tratou alguém diferente por
conta disto? Essas são situações
de discriminação - discriminar
significa distinguir, discernir,
Preconceito racial⁴ é quando diferenciar.
associamos determinados
comportamentos a algum Tratar pessoas negras6
indivíduo de um grupo (pardas e pretas) ou de
específico, criando estereótipos qualquer outro grupo
sobre esse alguém. Achar que específico (árabes, asiáticos,
toda negra brasileira sabe judeus, etc.) de maneira
sambar, que árabes são injusta e/ou desigual por
terroristas ou que todas as conta da sua origem ou cor
pessoas de origem asiática têm da pele caracteriza uma
a língua presa são estereótipos atitude de discrminação
que estão relacionados à cor de racial.
pele de uma pessoa, e isso gera F.6
o preconceito racial, seja
consciente ou inconsciente.

4-5-6_Ver p. 108 / F.5-F.6_Ver p.112

13
poder resulta no racismo, que
poderá se manifestar como
CURIOSIDADE preconceito e/ou
discriminação racial.
O IBGE (Instituto Brasileiro de
Geografia e Estatística) é uma O preconceito e a
instituição que tem a missão de discriminação racial estão
fornecer à população brasileira penetrados no racismo, e
informações sobre a realidade do diferenciar esses termos nos
país em diferentes aspectos. ajuda a identificar ações
Para o IBGE, negros são aqueles racistas mais facilmente.
que se autodeclaram pardos ou
Ainda assim, é importante
pretos, e esses dois grupos
destacar que, indepen-
somados representam mais da dentemente de ser uma ser
metade da população do Brasil7. uma situação de preconceito,
discriminação ou racismo,
essas manifestações são
Essas diferentes formas de
graves e criminosas.
tratamento geram uma
desordem social, criando
vantagens para determinados F.7
grupos e desvantagens para
outros, e também privilégios
que, de modo geral, são
possuídos por aqueles que têm
mais poder, que no caso do
Brasil são as pessoas brancas.
Quando falamos dos corpos
negros, esse desequilíbrio de

7_Ver p. 108 / F.7_Ver p.112

14
MERGULHE
NO ASSUNTO F.8*

PEGUE A VISÃO!
Em todos os capítulos
teremos indicações
de alguns vídeos e
reportagens para
compreender melhor
e aprofundar o
assunto. Nos links
abaixo estão nossas
primeiras indicações.

Você sabe o que é racismo


estrutural? | Conversas
Gostosinhas. Ana Paula
Xongani, 2019:
https://bit.ly/3LBryXt

Os Africanos | Raízes do
Brasil #3, Rizoma Estúdio,
2016:https://bit.ly/3kLZqFM

F.8_Ver p.112 / *Adaptação Estúdio Aesho

15
O BRASIL E O
RACISMO

F.9

F.9_Ver p.113
02_O BRASIL E O
RACISMO F.10

A história do Brasil com o


racismo 8 tem início no
período colonial, época em
que o país escravizou coloniais e das epidemias de
doenças trazidas da Europa.
milhares de pessoas.
Com a alta demanda por mão
de obra escrava, o extermínio
O primeiro grupo a ser das populações indígenas e as
escravizado em terras ambições políticas e
brasileiras foram os povos econômicas dos colonizadores,
indígenas, nativos desta região. o tráfico e a escravização de
Mas, desde o primeiro século povos africanos aumentou em
de colonização, africanos já larga escala em todo território
eram trazidos para o Brasil brasileiro. Séculos se passaram,
como pessoas escravizadas. e o tráfico negreiro existente no
Isso foi aumentando à medida Brasil se tornou o maior do
que a população indígena era mundo, sequestrando milhares
dizimada, vítima das violências de africanas e africanos

8_Ver p. 109 / F.10_Ver p.113

18
que foram desumanizadas/os, usar sapatos, por exemplo – o
inferiorizadas/os, vendidas/os que estabelecia uma relação de
como mercadoria, obrigadas/os poder dos senhores de engenho
a apagar suas raízes, a sobre as pessoas escravizadas,
trabalhar de forma forçada considerados propriedades
durante várias horas por dia e deles. Na imagem abaixo,
em péssimas condições, vemos uma foto da Fazenda de
presas/os a senzalas, sem Quititi, em 1865. Repare na
nenhum tipo de direito – como diferença entre a criança
ir ao médico ou até mesmo a branca e as crianças negras.

Fazenda de Quititi, no Rio de Janeiro,


1865. Crédito fotografia: Georges
Leuzinger/Colección Gilberto Ferrez/
Acervo Instituto Moreira Salles.

19
A escravização no Brasil durou Vadios e Capoeiras de 1890, por
mais de três séculos, e este exemplo, incriminava todas as
longo período causou grandes pessoas que perambulavam
efeitos na sociedade. Um dos pelas ruas, sem trabalho ou
mais evidentes é o racismo residência comprovada, o que
era comum, já que após a
estrutural que prevalece até os
abolição as pessoas negras
tempos de hoje. Depois de mais
recém-libertas foram
de dois séculos de insurreições
abandonadas pelo Estado,
e revoltas, em 1888, no dia 13
ficando sem casa e trabalho.
de maio, a Lei Áurea, Isso foi agravado com a vinda
documento que declara a de imigrantes europeus, que
extinção da escravidão no chegaram como força de
Brasil, foi assinada pela trabalho remunerada para
Princesa Isabel. Contudo, a lei aumentar a mão de obra nas
não garantiu nenhum tipo de lavouras. Passado o marco da
suporte para as pessoas libertação, as elites políticas e
recém–libertas, que cada vez intelectuais brasileiras
mais eram oprimidas, sem passaram a acreditar que ter
acesso à educação, saúde e uma população negra maior do
que a branca prejudicaria o
trabalho assalariado.
futuro das terras brasileiras. A
partir disso, a imigração
Além disso, diversas leis
impossibilitaram que negras e
negros recém–libertas/os,
assim como seus descendentes,
pudessem ascender
socialmente ou até mesmo ter
uma vida digna. A Lei dos

20
A Redenção de Cam por Modesto Brocos y
Gómez, 1895. Crédito fotografia: César Barreto.
In: ENCICLOPÉDIA Itaú Cultural de Arte e
Cultura Brasileira. São Paulo: Itaú Cultural,
2022. Disponível em: https://bit.ly/37AxSAt

21
F.11

em massa foi incentivada. Do


ponto de vista da elite, a
miscigenação de pessoas
brancas europeias com a
população brasileira (negros,
indígenas e brancos)
transformaria o Brasil numa
nação com superioridade
numérica branca, ou seja, após
algumas gerações, a população
brasileira teria sido
embranquecida.

A pintura “A Redenção de Cam”


nos ajuda a compreender como
a teoria de embranquecimento
funcionaria na prática. Na
imagem da página anterior,
vemos a mãe e a filha negras, e
o homem branco com o filho
igualmente branco. A retirada
violenta das pessoas africanas
de suas terras, a associação de
servidão imposta

F.11_Ver p.113

22
à mulher negra, cozinhando,
cuidando, sendo objeto sexual,
são exemplos de sucessivas
agressões realizadas por séculos
contra esse grupo. Ainda assim,
o Estado por muito tempo se
recusou a estabelecer políticas
de reparação 9 no pós-abolição, MERGULHE
cometendo uma grande injustiça
que só passou a ser equiparada
NO ASSUNTO
no século XXI como tentativa de PEGUE A VISÃO!
reparação histórica.
F.12

Enquanto a elite branca


pensava em estratégias de
branquear a população, as
pessoas negras, ex-
escravizadas, buscavam
meios de sobreviver. E foi
nessa procura que a
identidade negra brasileira
foi se construindo e que a Teoria do Embranquecimento
população negra foi se e o Colorismo - Soul Vaidosa,
movimentando para que suas 2018: https://bit.ly/3G9yYQh
condições de vida fossem
mais justas e respeitadas.

9 _Ver p. 109 / F.12_Ver p.113

23
F.13
O RACISMO E SUAS
REPRESENTAÇÕES
NA SOCIEDADE

F.13_Ver p.113
03_O RACISMO E SUAS
REPRESENTAÇÕES NA
SOCIEDADE

Padrões De Beleza Aqui no Brasil, tal padrão se


aproxima bastante de uma beleza
europeia (pele branca, olhos
Você já ouviu falar em claros, cabelos claros e lisos etc.),
padrões de beleza? “Padrões o que favorece a permanência de
de beleza 10 são conjuntos de um racismo velado. Tal ideal de
normas estéticas que beleza criou a lógica de que,
desejam formatar como quanto mais uma pessoa se
aproxima da estética branca,
deve ou não deve ser o corpo
mais bonita ela é, associada
e a aparência das pessoas–
sempre a um valor positivo. Logo,
definindo uma diversidade quanto mais uma pessoa se
de características como aproxima da estética negra, mais
desejáveis ou não desejáveis”. feia ela é, carregando assim
repetidamente um valor negativo.

26
10_Ver p. 109
F.14

27
F.14_Ver p.113
28
Fonte: Laura Athayde. 2019.
Aconteceu Comigo Hq.
Disponível em: https://bit.ly/3FmKKqm
Acesso em: 12/01/2022

29
Um exemplo claro dessa lógica nossos comportamentos como
é a frequente associação dos mulheres, seja aqui no Brasil, ou
cabelos crespos, com dreads ou em qualquer lugar do mundo.
trançados, a algo sujo, ruim,
desarrumado e duro. Essas A mídia reforça tais
associações fazem com que padrões. Quantas vezes você
muitas mulheres negras ligou a TV e se deparou com
comecem a alisar o cabelo e a uma mulher negra ou
seguir outras normas estéticas
indígena? E quando
para que, cada vez mais,
possam se encaixar nos padrões
encontrava alguma, em qual
ditos como “bonitos”, e que posição ela estava, qual era
muitas vezes são passados de a sua personagem? E nas
geração em geração. capas de revistas, quem são
as mulheres que mais têm
Os padrões de beleza não ditam
destaque?
apenas normas estéticas como
essa, que diz que “o cabelo liso é As perguntas acima nos
bom e o cabelo crespo é ruim”. auxiliam a perceber o quanto
Ele também irá influenciar os aquele programa, comercial,
novela, filme ou jornal está nos
F.15 representando. Analisando
novelas entre 1995 e 2014 de
uma determinada emissora, o
grupo de estudos GEMAA
(Grupo de Estudos
Multidisciplinar da Ação
Afirmativa) da Universidade
Estadual do Rio de Janeiro

F.15_Ver p.113

30
(UERJ), com a pesquisa preta). Repetidamente,
intitulada A Raça e o Gênero entenderemos que são apenas
nas Novelas dos Últimos 20 esses espaços que elas podem
Anos 11, apontou que apenas 4% ocupar. Por isso, a
das novelas tiveram como representatividade negra e
protagonistas mulheres não também a indígena são tão
brancas (GEMAA, 2015). Esse importantes. Quanto mais
percentual é muito baixo espaços ocuparmos, maiores as
pensando que mais da metade nossas chances de atingir a
da população brasileira se igualdade racial, social,
autodeclara (declarar algo econômica e de gênero.
sobre si) como negra (parda e

F.16

*Adaptado de GEMAA, 2015.


Ilustração: Estúdio Aesho

11_Ver p. 109 / F.16_Ver p.113

31
O que há de mais F.17
bonito em você?
Te convidamos a assistir ao
vídeo “Tour Pelo Meu Rosto”,
do Canal Papo De Pretas,
Gabi Oliveira, 12 de janeiro
de 2018: https://bit.
ly/3vTJ30x

No link do vídeo acima, a


influencer Gabi de Pretas
faz um tour pelo seu rosto
pontuando os detalhes
mais bonitos de sua
fisionomia. E você, qual a
parte que mais gosta do
seu rosto? E aquela que
não gosta, consegue
responder o por quê?

Faça uma lista


das coisas mais belas
que existem em você.

32
F.17_Ver p.113
F.18

33
F.18_Ver p.113
MERGULHE Racismo na escola
NO ASSUNTO Ao pensarmos sobre o racismo
PEGUE A VISÃO! na escola, podemos confundir
com situações de bullying.
O padrão de beleza exigido para Apesar de ambos serem ações
meninas e mulheres negras de violência, ainda assim são
atinge a todas, desde você, diferentes.
leitora, até artistas renomadas
Como vimos, o racismo é um
como a cantora Iza. sistema que discrimina,
inferioriza e desumaniza. Já o
Iza e o padrão de beleza na infância bullying inferioriza e
| Espelho - CANAL Brasil, 2020: amedronta, é aquela “zoação”
https://bit.ly/3w9ZGUs que fazem sempre, ou aquele
“Apenas 5% das capas tiveram apelido que colocaram em você
mulheres negras”, afirma ou em alguma amiga que,
autora de livro sobre revistas mesmo vocês não gostando,
femininas– Carol Passos, continuam sendo chamadas
Portal Geledes, 2018: https://bit. deste modo todos os dias na
ly/3KMJPR6 escola. O quadrinho ao lado é
uma conversa entre
Representatividade: criança negra Fernandinha e Akin que
se identifica com Maju Coutinho– demonstra uma situação de
Fala Universidades, 2019: https:// racismo na escola.
bit.ly/3Pg0Iam
Drik Barbosa–Liberdade part. Em maio de 2020, um caso de
Luedji Luna e R.A.E, 2019 racismo escolar teve grande
https://bit.ly/3MVwkzY repercussão no Rio de Janeiro,

34
Fonte: Thiago Krening. 2016. Fernandinha e Akin.
Disponível em: https://bit.ly/3MAoY5l. Acesso em: 12/01/2022

35
durante a pandemia da tem como objetivo informar e
COVID-19. Num grupo de receber denúncias sobre
conversas online, que reunia a racismo, entre outras violações.
turma do primeiro ano de um
dos melhores colégios da
cidade, alguns alunos MERGULHE
NO ASSUNTO
começaram a xingar de forma
racista uma aluna preta, com
frases como: “Quanto mais PEGUE A VISÃO!
preto, mais preju”, “Dou dois
índios por um africano”, Racismo é crime e, como todo
“Fede a chorume”, “Escravo ato criminoso, deve ser
não pode. Ela não é gente” 12. A denunciado. No site abaixo
aluna preta que sofreu os
tem mais informações sobre
ataques denunciou aos
professores e a seus
como proceder com a
responsáveis, que tomaram as denúncia por telefone, mas ela
devidas providências. também pode ser feita numa
delegacia por meio do boletim
A escola é um lugar de
de ocorrência. E esse vídeo
diversidade, nela há o
“Ninguém nasce racista”, já
encontro de diferentes etnias,
classes sociais e vivências, viu ele em algum lugar?
que devem ser respeitadas. O
racismo em nosso país é DISQUE 100
crime e sempre que for https://bit.ly/38dOP3N
praticado deve ser rechaçado.
Ninguém nasce racista–
Um dos meios de se fazer tal
helpmeplay, 2016
denúncia é via o DISQUE 100,
um serviço do governo que https://bit.ly/3kW3hjD

12_Ver p. 109

36
Imagem extraída de: Santos, Ana Paula. 2020.
Estudante é vítima de racismo em troca de
mensagens de alunos de escola particular da
Zona Sul do Rio. G1.

37
Violência contra as brasileiro aprovou algumas
políticas afirmativas com o
meninas e mulheres intuito de reparar as violências
e opressões sofridas por mais
Historicamente, as mulheres de três séculos pelas pela
negras passam por diferentes população negra. Contudo,
processos de violência. Durante muitas dessas políticas ainda
a escravidão no Brasil, as não possuem um olhar
mulheres escravizadas eram específico para as mulheres.
tidas como objetos, sendo
desumanizadas, maltratadas, Este abandono tem reflexo até
estupradas, etc. os dias de hoje, quando
pensamos, por exemplo, nos
Já no período de pós-abolição, espaços de trabalho
depois que as pessoas precarizados ainda ocupados
escravizadas foram libertas, as por mulheres negras, que se
mulheres negras passaram a mantêm na base da pirâmide
trabalhar, em sua maioria, social, refletindo a
como empregadas domésticas desigualdade que ainda marca
e quintandeiras. Esses a sociedade brasileira. Tal
trabalhos eram precarizados, desigualdade expõe meninas e
submetendo esse grupo, mais mulheres negras a diversos
uma vez, à subordinação. O tipos de violência, tanto em
Estado não reservou nenhuma espaços públicos quanto
ação de reparação para esse privados, nos quais elas são as
grupo, deixando-o à margem da mais vulneráveis da cadeia
sociedade. Foi somente nas social.
últimas décadas, com a luta do
movimento negro, que o Estado

38
F.19

Essas desigualdades
foram estabelecidades
também pela herança
colonial que impõe os
lugares que os corpos
negros devem ocupar,
estereotipando o
papel da pessoa negra
na sociedade e como
ela é vista.

F.19_Ver p.113

39
Fonte: Portal Geledés. Disponível em:
https://bit.ly/388CgHf. Acesso: 12/01/2022

Estereótipo é uma das exportação”, a “tia Nastácia”, e


manifestações do preconceito por aí vai. Por acaso já te
racial que ocorre na prática, rotularam em algum desses
utilizado como uma forma de estereótipos? Já ouviu falar em
manter o corpo negro no algo parecido?
mesmo lugar/status de
inferioridade e submissão 13. É O estereótipo de “preta raivosa”
como se cada menina ou é a que fala alto, faz barraco,
mulher negra (pardas e pretas) reclama de tudo e está sempre
fosse colocada em "caixinhas" irritada e descontrolada, chega
e rotulada como “preta raivosa”, a ser agressiva, sendo
“preta metida”, “preta tipo comparada a um animal e

13_Ver p. 109

40
assim, mais uma vez, trabalhadoras não tinham
desumanizada. Já o de “preta direitos trabalhistas, tornando
tipo exportação” é esse tipo de serviço
hipersexualizada, é tida como precarizado. Apenas em 2015
objeto, geralmente é a mulher foi criada a lei que regulamenta
negra de pele clara (“a preta da o emprego, oportunizando
casa grande”), curvilínea, mais melhores condições de
próxima dos padrões. trabalho para as empregadas
domésticas 14.
No período colonial, era comum
a mulher ou menina negra Com tantos estereótipos
trabalhar como mucama, impostos e padrões de beleza a
servindo às pessoas brancas, a seguir, amar a si mesma se
famílias com mais posses e torna um ato de resistência.
poder, cuidando da casa e dos Por isso, praticar um esporte,
filhas/os, dando conselhos e ler um livro ou fazer qualquer
passando o seu saber, sem outra atividade que te dê prazer
receber algo em troca por seu significa cuidar de si mesma!
trabalho.
F.20

Atualmente, a maioria das


trabalhadoras domésticas são
mulheres negras, assim como
suas mães e avós também
foram, o que reforça a ideia do
trabalho doméstico como
herança escravocrata. Por
muito tempo o trabalho de
empregada doméstica foi
informal, ou seja, essas

14_Ver p. 109 / F.20_Ver p.114

41
F.21

F.21_Ver p.114

42
F.22

F.22_Ver p.114

43
Todos os dias, meninas e Você sabe o que quer
mulheres são submetidas a dizer feminicídio?
algum tipo de violência. As
diversas formas de violência Esse termo é usado para
perpetradas contra as caracterizar assassinatos de
mulheres são agravadas de mulheres pelo fato de serem
acordo com a identidade de mulheres, envolvendo
gênero, classe, orientação violência doméstica e familiar
sexual, raça e etnia, fazendo ou menosprezo ou
com que as meninas e discriminação à condição de
mulheres negras sejam as mulher. Não se trata de um
mais afetadas. Elas são a homicídio comum, mas de um
maioria das mulheres vítimas crime baseado no ódio contra a
de violência doméstica e mulher, no poder que o homem
mortas por agressão 15. acha que tem sobre a mulher e
na crença de que ele tem o
Um dado que mostra bem direito de matá-la se a mulher
essa relação entre violência e não se submeter ou não se
cor/raça é o feminicídio, que comportar como ele acha que
no último ano aumentou ela deveria 16. O crime de
contra as mulheres negras, feminicídio está previsto como
totalizando 68,8% das crime de homicídio no Código
mulheres vítimas de Penal desde a entrada em
violência no país. vigor da Lei nº 13.104/2015,
tendo sido adicionado ao rol
F.23
dos crimes hediondos 17, tal
qual estupro, genocídio e
latrocínio. A pena prevista
para o homicídio qualificado é
de reclusão de 12 a 30 anos.

15-16-17_Ver p. 110 / F.23_Ver p.114

44
Fonte: Athayde, 2019. Aconteceu
comigo Hq. Disponível em: https://

45
bit.ly/3KYtKIa/ Acesso: 12/01/2022
F.24

No quadrinho da página ONGs que dão suporte a essas


anterior, a menina percebe que meninas e mulheres, como
está num relacionamento CRIOLA. Agora, em situações
abusivo e com isso resolve de emergência, para pedir
tomar uma atitude. Mas, ajuda no momento em que a
infelizmente, nem sempre as violência estiver acontecendo,
histórias de violência têm esse você deve ligar para o 190.
final, por isso é importante Também é possível criar e
estar atenta aos sinais e saber participar de redes de apoio,
onde fazer a denúncia. O LIGUE que são muito importantes para
180 é a Central de Atendimento quebrar o ciclo de violência e
à Mulher que registra os casos servem como espaços de
de violência e os encaminha escuta ativa para amigas,
para os órgãos competentes, conhecidas e colegas que
porém também existem casas e estiverem nesa situação.

46
F.24_Ver p.114
Geralmente, as agressões que patrimonial). A fase 3 é
acontecem em um conhecida como “tempo de
relacionamento estão dentro de arrependimento”, quando o
um ciclo que se repete agressor busca conquistar a
constantemente. A fase 1 deste confiança da vítima de volta,
ciclo é marcada pelo aumento com gestos carinhosos. Mas,
da tensão, e a fase 2 pelo ato de após um período, a relação
violência em si (seja ela física, volta para a fase 1 novamente 18.
sexual, psicológica, moral ou

F.25

47
18_Ver p. 110 / F.25_Ver p.114 / Estúdio Aesho
MERGULHE Racismo no esporte
NO ASSUNTO A tirinha ao lado conta a
PEGUE A VISÃO! trajetória de uma menina dentro
do esporte, e ela relata como foi
Conhecer os sinais do
estar inserida num lugar onde a
relacionamento abusivo pode
maioria era de meninos e como
fazer toda a diferença. Para isso mudou quando ela resolveu
conhecer mais sobre o trabalho continuar e apoiar as meninas
da ONG CRIOLA, clique no que entraram em seguida. Essa
segundo link. história poderia ser minha, sua,
de alguma amiga ou conhecida.
Relacionamento abusivo:
15 sinais de que você pode estar O esporte para nós, meninas e
em um - AzMina: mulheres, é pouco incentivado e,
https://bit.ly/3vW9Yc1 apesar desta situação ter
melhorado, as condições
CRIOLA https://bit.ly/3sp8vZv
proporcionadas às meninas no
Por que você é tão agressiva, esporte é ainda inferior às dos
Nátaly?:https://bit.ly/3kTVq6n meninos. Além disso, a iniciação
e permanência de meninas e
Nara Couto - Linda e preta
mulheres no esporte são
https://bit.ly/3KRm76l
atravessadas pelo machismo,
Central de Atendimento à Mulher como mostra a tirinha. Além do
– Ligue 180: machismo, as meninas e
https://bit.ly/3we5CMm mulheres negras são violentadas

Tipos de Violência –Lei Maria da


Penha–Uma Vitória Leva à
Outra:https://bit.ly/3N0sHbX

48
Fonte: Laura Athayde. 2019. Aconteceu
comigo Hq. Disponível em: https://bit.
ly/3sjuYab. Acesso em: 12/01/2022

49
com o preconceito e brasileiras nas Olimpíadas e
discriminação racial no esporte. Paraolimpíadas, a mulher negra
O racismo age de forma se faz presente, apesar de terem
estruturada em nossa sociedade pouca visibilidade. Não
e, por conta disso, tal violência sabemos ao certo quantas
irá permear várias áreas de foram e suas histórias ainda são
nossa vida, inclusive o esporte. pouco contadas: isso é mais um
exemplo de como o racismo se
Em junho de 2021, Cristiane, faz presente. Por isso, vamos
jogadora de futebol do Santos falar sobre elas aqui!
FC, compartilhou mensagens
F.26
racistas que recebeu por uma
rede social, ofendendo a ela e
seu time, chamando-as de
“macacas idiotas”. É importante
enfatizar que denunciar crimes
de racismo e de injúria racial 19
é de extrema importância para
o enfrentamento ao racismo.
Ao presenciar algum ato
racista, seja na escola ou lugar
em que pratica o esporte,
informe as pessoas
responsáveis para que as
medidas necessárias sejam
tomadas. O racismo no esporte
não se apresenta apenas por
xingamentos. Ao longo dos
anos, desde as primeiras
participações de mulheres

19_Ver p. 110 / F.26_Ver p.114

50
Tradução literal: "Fale para o seu time de macacas idiotas para não
jogar futebol, vão para casa, se masturbar é melhor”. Imagem
extraída de: G1. 2021. Cristiane e outras atletas do time feminino
do Santos são vítimas de racismo. Clube repudia em nota.
Disponível em: https://bit.ly/3l0vmXb. Acesso: 12/01/2022

51
F.27

Nas Olimpíadas, o delegação no ano de 1964;


pioneirismo das mulheres passando pela Fabiana
Claudino, também chamada de
negras é marcado por
Fabi, atleta bicampeã olímpica
diversas atletas, desde
de vôlei e ex-capitã da seleção
Melânia Luz, a primeira feminina; Ádria dos Santos,
mulher negra a participar maior medalhista paralímpica
da delegação brasileira em do Brasil; e chegando à Rebeca
Jogos Olímpicos, em 1948; Andrade, ouro olímpico em
Aída dos Santos, que foi a única Tóquio, entre tantas outras, que
mulher que integrou a também merecem destaque.

52
F.27_Ver p.114
F.28

53
F.28_Ver p.115
GRANDES ATLETAS

MULHERES*
Vamos para a prática? Agora que você já
conhece alguns dos nomes de mulheres que
marcaram e ainda marcam o esporte, assinale
nos nomes das atletas a seguir aos seus feitos.

Allyson Rosangela Terezinha FormigaD Daiane


FelixA SantosB GuilherminaC dos SantosE

Simone Fernanda Ádria Bruna Ketleyn


ManuelF GarayG dos SantosH de PaulaI QuadrosJ

Eshyllen Adriana Rafaela Rebeca Janeth


CoimbraL AraújoM SilvaN AndradeO ArcainP

*A resposta encontra-se na página 121.

A ao P_Ver p. 121

54
01 Uma das principais pontuadoras da
seleção feminina de vôlei, 09 Maior medalhista feminina do
Brasil e tetra campeã paralímpica.

10
medalhista de prata em Tóquio.

02
Primeira nadadora negra,
Primeira atleta negra a conquistar o medalhista de ouro em prova
ouro na ginástica artística em uma individual olímpica, além disso, em 2016
olimpíada e a primeira a ganhar duas quebrou o recorde olímpico de 100m livres
medalhas numa mesma edição. de natação.

03 Velocista dos 100m e 200m rasos.


Coleciona um total de 8 medalhas
paraolímpicas entre elas de ouro, prata e
11 Primeira campeã mundial da ginástica
artística brasileira, em Anaheim 2003.
Possui cinco medalhas pan- americanas: duas
bronze. de prata e três de bronze.

04 Maior medalhista de atletismo da


história dos jogos olímpicos, mudou
a indústria do esporte após defender a
12 Seu nome faz parte da história do
futebol feminino, participou de todas
as edições da modalidade nos Jogos
maternidade dentro do esporte. Olímpicos. É a atleta brasileira com mais

05
participações em Jogos Olímpicos: seis (de
Primeira brasileira negra a correr Atlanta 1996 a Rio 2016).

13
abaixo dos 11s numa prova de 100m
rasos entre as sul-americanas . Primeira medalhista negra olímpica

06
do boxe feminino, em 2012.

14
Melhor jogadora de handebol da
liga francesa e é destaque na Iniciou sua carreira no esporte por
seleção brasileira de handebol, integrando a meio de um projeto social. Em 2008,
equipe nas Olimpíadas de Tóquio 2021. foi campeã mundial sub-20, em 2013, a atleta

07
fez história sendo campeã mundial de judô, a
A primeira brasileira negra a primeira brasileira a realizar tal feito e, nos
conquistar uma medalha olímpica Jogos Olímpicos Rio 2016, se consagrou sendo
em esporte individual, o judô. medalhista de ouro em sua cidade natal.

08 Um dos maiores destaques do


rugby feminino carioca, conheceu
o esporte num projeto social em
15 Um dos símbolos da seleção de
basquete. Conquistou duas
medalhas olímpicas, prata em Atlanta e
Copacabana e hoje integra a seleção bronze em Sydney.
feminina de rugby, e esteve presente nas
Olimpíadas de Tóquio 2021.

55
MERGULHE Racismo no mercado
de trabalho
NO ASSUNTO
Com a chegada da pandemia da
PEGUE A VISÃO! COVID-19, muitas pessoas
ficaram desempregadas. A
quantidade de mulheres fora do
O Uniforme Que Nunca Existiu mercado de trabalho, em 2020,
- Aída dos Santos (Completo), aumentou em 8,6 milhões 20.
Centauro Esporte, 2021:
https://bit.ly/395MzM4 Esses números revelam a
proporção do impacto da
A Primeira Mulher Negra na COVID-19 na vida de milhares
Delegação Olímpica Brasileira: de mulheres negras e pobres
Conheça MELÂNIA LUZ | que tiveram sua condição
MULHERES ADMIRÁVEIS, econômica agravada, ficando
Canal da Astrid, 2021: mais pobres e ainda mais à
https://bit.ly/3KV3gHn margem da sociedade. Além
disso, jovens mulheres tiveram
Papo de Preta I PRETAS no que deixar os estudos ou
Esporte, Papo de Preta, 2018: abandonar a tentativa de
https://bit.ly/393gNzp ingresso na faculdade para
priorizar o trabalho formal ou
Podcast Ubuntu Esporte Clube
informal, já que a urgência em
#34 - Ainda me levanto, Globo
se inserir no mercado de
Esporte, 12 de Março de 2021:
trabalho e gerar renda,
https://bit.ly/3N1sdlO
infelizmente, tem sido maior
que a de completar os estudos.
E mesmo aquelas que
conseguem continuar

20_Ver p. 110

56
F.29

Fonte: IBGE. Dados da Pesquisa Nacional por


Amostra de Domicílios Contínua. 2021. Disponível
em: https://bit.ly/3N34nGw. Acesso em: 12/01/2022

F.29_Ver p.115

57
suas qualificações têm empreendedoras, 52% são
dificuldades para permanecer mulheres 22 . Não é uma mera
estudando por conta de coincidência que a maioria das
diversos fatores externos, como pessoas que decidem abrir seu
chegar até o local de estudo ou próprio negócio (formal ou
obter acesso adequado à informal), motivadas pela
internet. E, quando concluintes, necessidade de renda, são as
ou seja, mesmo que consigam mulheres, em especial, as
se formar, as oportunidades em mulheres negras 23. Ainda
relação às vagas de emprego e assim, as mulheres negras são
salários não são as mesmas. geralmente vistas como
Por exemplo, entre as 500 microempreendedoras,
maiores empresas do Brasil, as enquanto as não negras detêm
mulheres negras representam o rótulo de empresárias,
apenas 9,3% do quadro de conseguindo melhores
funcionários/as e estão oportunidades.
presentes em somente 0,4% dos
altos cargos. Ou seja, quanto A mulher negra sempre
mais alta a posição no mercado empreendeu. Isso teve início
de trabalho, menos mulheres no pós-abolição, quando
negras encontramos nestes começou a ir para as ruas
espaços, havendo uma enorme vender seus quitutes e ali
sub-representação, mesmo esse administrava suas vendas,
grupo sendo mais da metade da lucros, prejuízos e
população brasileira 21.
funcionárias(os),
Para muitas, a alternativa dada praticando, assim, liderança
para tal situação é investir no feminina negra.
empreendedorismo, que só
entre as pessoas negras

21-22-23_Ver p. 110

58
Negras cozinheiras vendedoras de angu,
de Jean Baptiste Debret (1768-1848).
Disponível em: https://bit.ly/3M7euu0

59
O preconceito, que persiste passada de geração em geração
desde a época da imagem em constante ascensão, seja no
acima até os tempos de hoje, empreendedorismo, nos
condiciona o trabalho da estudos ou na carreira que
mulher negra à inferioridade, já desejamos seguir! Com isso em
que na imagem elas são vistas mente, liste abaixo o nome de 5
como escravizadas que mulheres negras
vendiam algo e não como empreendedoras que você
empresárias. conhece e, caso não conheça
nenhuma, pesquise sobre
Nós, meninas e mulheres algumas delas e preencha a
negras, somos potência, lista abaixo!

F.30

F.30_Ver p.115

60
MERGULHE Racismo na política
NO ASSUNTO No Brasil, as mulheres
PEGUE A VISÃO! conquistaram o direito de votar
apenas em 1932, mas ainda
assim havia restrições, pois só
Num bate papo descontraído,
podiam votar as mulheres
Nátaly Neri e Maga Moura
casadas (com a autorização do
conversam sobre como é ser marido) ou aquelas que
uma mulher negra no possuíssem renda. Além disso,
mercado de trabalho, e Karol pessoas analfabetas ou em
Conká fala sobre a ascensão situação de rua não podiam
negra em sua música. votar, o que excluía boa parte
da população negra, já que
Estereótipos negros no havia se passado apenas 46
mercado de trabalho - Com anos da assinatura da Lei
Magá Moura #YouTubeNegro, Áurea e, como sabemos, as
Nátaly Neri, 12 de Novembro de pessoas negras ainda tinham
2016: https://bit.ly/38lYRjo pouco acesso à educação e à
moradia. Há uma maior
Karol Conka – Bem Sucedida mudança quanto a este cenário
(Ao Vivo no YouTube Music em 1946, quando o voto, sem
Night):https://bit.ly/3yv3a6U restrições, se torna obrigatório
para as mulheres 24.

Apesar disso, em 1934, após


intensa luta das mulheres, elas
conseguiram que as restrições
ao voto feminino fossem

24_Ver p. 111

61
retiradas (apesar de nessa negras em cargos políticos ainda é
época ainda não ser bastante inferior - já que mais da
obrigatório) e, além do direito metade da população se autodeclara
ao voto, também conquistaram negra, a conta não bate.
o direito de serem eleitas a um
cargo político. Com isso, O pioneirismo de Antonieta nos
surgiram as primeiras mostra que os avanços
mulheres brasileiras a ocupar o necessários para grupos
lugar político e, em 1934, minoritários só se fazem por
Antonieta de Barros foi eleita a meio da ocupação de espaços
primeira mulher negra de liderança política.
deputada estadual, em Santa
Nas últimas eleições, houve um
Catarina 25.
aumento significativo de
Professora, jornalista e representantes negras eleitas.

política, Antonieta ajudou a F.31

elaborar a Constituição
estadual de 1935, sendo
responsável pelos capítulos
intitulados Educação e
Cultura, e Funcionalismo.
Erguia as bandeiras da
emancipação das mulheres,
valorização da cultura negra e
educação para todas e todos.

Décadas se passaram e a
representatividade das mulheres

25_Ver p. 111 / F.31_Ver p.115

62
Antonieta de Barros
Disponível em: https://bit.ly/3kVDR5V

63
F.32

*A resposta encontra-se na página 123

64
F.32_Ver p.115
MERGULHE F.33

NO ASSUNTO
PEGUE A VISÃO!

Assista ao vídeo sobre a


história da Antonieta de
Barros e conheça mais
sobre o pioneirismo da
mulher que criou o dia das/
os professoras/es no Brasil! Mulheres negras hackeiam
Antonieta de Barros | a política – Letícia Ferreira,
Mulheres Admiráveis, Canal AzMina, 2020: https://bit.
da Astrid, 2021: https://bit. ly/3FtBFMu
ly/3M4ELcc
10 Mulheres pretas que
lutaram e lutam por direitos
Representatividade política: - Vídeo criado pelas jovens
por que isso importa? | líderes do projeto Mudando
AzMina, 2020: https://bit. o Campo de Jogo,
ly/3N1I7g7 Empodera, 2020:
https://bit.ly/3M5yXiD

65
F.33_Ver p.115
NÃO BASTA NÃO
SER RACISTA,
É PRECISO SER
ANTIRRACISTA
F.34

F.34_Ver p.115
04_AFINAL,O QUE É
ANTIRRACISMO?
F.35

Para compreender melhor


o antirracismo é necessário
entender o racismo e como ele
opera na nossa sociedade. Até
aqui falamos sobre diferentes
contextos em que o racismo se
institui de forma violenta: nos
padrões de beleza, na escola,
em violências contra meninas
e mulheres negras, no esporte,
mercado de trabalho e política.

Com isso, o racismo cria raízes


fortes o suficiente que resultam
em grandes abismos sociais.
Você notou que ao longo
desse Almanaque utilizamos o
termo “escravizado” ao invés
de “escravo ou escrava” para
falarmos sobre as pessoas
negras submetidas ao trabalho
forçado?

68
F.35_Ver p.115
O termo escravo não deve cor de pele das pessoas que a
ser utilizado, pois deixa sociedade determina vantagens
subentendido que a escravidão para um grupo e desvantagens
era algo inerente, natural para outros, limitando os
às pessoas negras. Assim, direitos que as pessoas não-
escravizado indica com mais brancas podem acessar. Isso
propriedade que essas pessoas é o que dá a característica
foram impostas, contra a sua estrutural ao racismo. Logo,
vontade, a estarem nessa bater o pé dizendo que não é ou
condição, que não foi natural e nunca foi racista não contribui
sim naturalizada. em nada.

Essas percepções revelam a


relação entre o vasto período
de escravidão (300 anos), o
racismo e suas consequências.
O Brasil foi um país que, por F.36

300 anos, tratou e ainda trata


de forma desumana milhares
de pessoas por conta da sua cor
de pele.

Tal tratamento gerou inúmeras


formas de violência e
inferiorização que perduram
atualmente: é baseado na cor
da pele de uma pessoa que
apontamos sua classe social,
onde mora, com que trabalha,
onde estuda, e é baseado na

69
F.36_Ver p.115
Ora, se o racismo é estrutural MERGULHE
NO ASSUNTO
no Brasil e está enraizado
em nossa sociedade, como
combatê-lo? O antirracismo PEGUE A VISÃO!
é uma das maneiras de
enfrentamento ao racismo.
Não existe fórmula
Informar-se e reconhecer o
mágica para colocar em prática
quanto somos racistas é um
o antirracismo, mas existem
dos principais pontos para
ações possíveis. Ana Paula
a ampliação deste combate.
Xongani e Joyce Eleiny falam
É quase impossível que, em
um pouco mais sobre o assunto
algum momento, a gente não
nos vídeos abaixo.
tenha reproduzido o racismo,
ANTI-R4CISTA NA QUARTA-FEIRA
porque nós crescemos em
PÓS BLACKOUTTUESDAY
uma sociedade racista e, por
Ana Paula Xongani, 2020:
mais que a gente não queira,
https://bit.ly/3NqGHvU
acabamos internalizando
os valores racistas da nossa COMO SER ALIADO NA LUTA
sociedade. Por isso, é preciso ANTIRRACISTA? TIPO4, 2020:
estar muito atenta, questionar https://bit.ly/3M1Ndby
as nossas ações e opiniões,
estudar e se informar, olhar
para si e resgatar a nossa
história, mesmo que apagada.
Tudo isso faz parte da tomada
de consciência que é tão
importante para a prática
antirracista.

10_Ver p. 00

70
F.37

F.37_Ver p.115

71
É importante Em nossa sociedade, a
representação que mais
compreender a prevalece como positiva é a

negritude! do homem, branco, cristão


e heterossexual que será
associado a um maior poder
A negritude pode ser
aquisitivo, maior nível
compreendida como a tomada
educacional, como o melhor
de consciência de uma
cidadão ou, até mesmo, a
comunidade sobre a condição
melhor pessoa a ser seguida,
histórica de todas aquelas
o exemplo. Assim, tudo que
pessoas que foram vítimas da
distorce e se afasta desta
inferiorização e da negação da
concepção é tido como
humanidade, que neste caso se
desnaturalizado, anormal -
refere a comunidade negra 26.
por exemplo, a mulher, negra,
não cristã e não heterossexual.
No Brasil, pessoas negras
são apontadas como
negras muito antes de elas Tal lógica reforça no nosso
mesmas se reconhecerem imaginário que tudo o que é
como tal.Isso acontece branco é positivo, apropriado,
pois as representações e os correto, enquanto o preto
estereótipos (aqueles mesmos é negativo, inapropriado
de que falamos lá no começo e incorreto, o que dificulta
do almanaque) impostos às o nosso entendimento do
pessoas negras limitam a sua que é ser negra ou negro
imagem, colocando-as em na construção de nossa
papéis específicos dentro da identidade.
sociedade, que na maioria das
vezes são negativos.

72
26_Ver p. 111
Fonte: Diogo Soares. 2018. A vida moderna de Djinn, ep 39- O
que é apropriado 2018: https://bit.ly/3t4amn0. Acesso:
12/01/2022

73
Identidade é algo em Enxergue a negritude em você
constante transformação e e nos que estão à sua volta.
nos reconhecer, enquanto
pessoa negra, também faz parte As pessoas negras
do processo de execução da escravizadas eram tidas como
prática antirracista. Valorize objeto, tendo sua história
quem você é, sua história e apagada (é importante
seus traços. considerar que a história é
essencial para a construção
F.38 da própria identidade) e seu
conhecimento desqualificado,
enquanto as pessoas brancas
eram colocadas no poder. Com
tal apagamento, o corpo negro
é visto como único. Quantas
vezes uma mulher negra de
pele clara foi comparada com
a Taís Araújo, mesmo não
tendo nada a ver? Ou chamada
de Formiga, Ludmila, Camila
Pitanga? Poder contar com as
mulheres citadas acima, como
referência, é fundamental,
porém, o problema é colocar
as mulheres negras como
sendo todas iguais, à sombra
de um único ideal, rotulando-
as e gerando ainda mais
estereótipos nocivos.

74
F.38_Ver p.115
Nosso país, por ser
miscigenado (com pessoas de
diferentes etnias misturadas),
se tornou muito diverso. Logo,
o estado da pessoa negra no
Brasil perpassa por vários F.39
fatores, entre eles, o colorismo
(ou pigmentocracia). Entender
tal conceito é essencial para
enxergar a negritude.

Colorismo é um termo que,


inicialmente, foi usado pela
ativista norte-americana Alice
Walker (1982) com o objetivo
de explicar a diferença entre
as pessoas negras de pele Isso não significa que o
mais clara e aquelas de pele racismo enfrentado por um
mais escura em relação ao grupo terá menos importância,
tratamento dado a elas pela é apenas diferente, o racismo
sociedade. Essa distinção continua sendo crime para
é marcada pelo privilégio qualquer um dos casos. Então,
atribuído às de pele mais de forma resumida, o colorismo
clara e discriminações e aponta que quanto mais retinta
preconceitos intensificados a pessoa for, mais ela irá sofrer
contra pessoas de pele mais com o racismo.
escura.

75
F.39_Ver p.115
Se entender como uma mulher
negra, seja de pele clara ou
escura, é um ato de resistência
que fortalece aquelas que já " PERCEBER-SE É ALGO
foram, as que estão presentes TRANSFORMADOR"
(Djamila Ribeiro, 2019)
e as que virão. Aqui, no Brasil,
foi convencionado o uso
dos fenótipos, ou seja, das
características físicas para
compreender a negritude, como
a textura do cabelo, a cor da MERGULHE
pele e os traços do rosto.
NO ASSUNTO
As diferentes tonalidades de PEGUE A VISÃO!
cor da pele não são exclusivas
das pessoas negras. Mesmo
que em menor escala, também Entenda o que é colorismo e
atinge as pessoas brancas que, como funciona | Conversas
dentro de suas nuances, devem Gostosinhas
perceber a branquitude na qual Ana Paula Xongani,
estão envolvidas. Ter a pele #todecacho, 18 de novembro de
branca e cabelo cacheado te 2019: https://bit.ly/38pk8ZE
aproxima da população negra
ou apenas te distingue dentro Brancos também devem falar
da branquitude? sobre racismo? | Karol Pinheiro
em Papo Kabelo | Salon Line
Brasil, 22 de novembro de 2018:
https://bit.ly/3yNxB8s

76
Reconheça os
privilégios
De acordo com o dicionário 27, tendo acesso à educação,
privilégio significa vantagem saúde, moradia, entre outros
ou direito atribuído a uma direitos humanos, que
pessoa ou a um grupo de deveriam ser acessíveis a todas
pessoas em detrimento das/ as pessoas.
dos demais. Para reconhecer
os privilégios é importante Tal privilégio foi construído
entendê-los, e aqui nós iremos ao longo do tempo e, seguindo
tratar sobre isso do ponto de essa lógica, o homem branco
vista racial e social. (num contexto social e não
individual) é quem ocupa,
Quando falamos do privilégio ainda hoje, a maior parte dos
branco, é preciso entender que espaços de liderança e poder,
ele foi construído a partir de justamente por conta dos
uma lógica escravista, em que privilégios de que desfruta.
as pessoas brancas tinham o
poder em mãos sempre,

F.40

77
27_Ver p. 111 / F.40_Ver p.115
Esses privilégios geram Se, ao entrar numa loja, você
maior facilidade a acessos e não é seguida, se as pessoas
direitos, o que proporciona não trocam de calçada ao
a essas pessoas melhores te verem ou seguram suas
oportunidades em diferentes bolsas com mais força, se
âmbitos da vida (no esporte, você acha normal sair de
no mercado de trabalho, na casa sem documento, ou se
política, entre outros). você entra sem medo em um
estabelecimento sem pensar
Essa lógica, criada há mais de se vai ser bem atendida ou
500 anos, respinga nos tempos não, estando inserida numa
atuais marcando pontos sociedade que discrimina e
de partida diferentes para oprime o outro pela cor de pele,
quem é negra. A branquitude você é privilegiada.
(estado de ser branca/o)
precisa olhar para o seu grupo F.41
social e questionar: por que
não há pessoas negras em
determinado ambiente, ou por
que naquele filme ou novela
há apenas uma pessoa negra?
Considerando que mais da
metade da população é negra,
é necessário observar e refletir
sobre as posições que a pessoa
negra ocupa em determinados
lugares, se perguntar se é algo
positivo ou negativo. E, com
isso, pensar em ações que
mudem este cenário.

78
F.41_Ver p.116
Não passar por esses tipos
F.42
de situações citadas ao lado
e não se preocupar com elas
não significa ser melhor
ou pior, isso só irá mostrar
que você está inserida num
grupo social privilegiado, e
isso não é sua culpa já que o
que chamamos de privilégio
branco foi construído e
reforçado ao longo do
tempo. Mas reconhecer o
seu privilégio contribui
para perceber a si mesma
dentro da sociedade e, com
isso, desconstruir padrões,
estereótipos, preconceitos
e eliminar tantas outras
barreiras para criarmos uma
corrida mais justa.

79
F.42_Ver p.116 / *Adaptação Estúdio Aesho
F.43

80
F.43_Ver p.116
MERGULHE Desconstrua
expressões
NO ASSUNTO racistas
PEGUE A VISÃO!
Nosso vocabulário está repleto
Em seu canal oficial no
de expressões, palavras e
Youtube, a Barbie resolveu
termos racistas inventados
discutir racismo e o privilégio
e difundidos desde o período
branco. Debora Liao, Garotas
colonial. Às vezes, o que não
Geeks, 2020:https://bit.
passa de uma expressão ou
ly/3LWgioH
forma de falar, na verdade,
Como ser antirracista e revela preconceitos e
compartilhar privilégios com discriminações racistas. Você
Xongani: https://bit.ly/37DiBPo já ouviu as expressões abaixo?

F.44

81
F.44_Ver p.116
As expressões racistas como Adiante, você irá encontrar
“a dar com pau”, por exemplo, uma atividade que irá te
minimizam a pessoa negra auxiliar a dar o primeiro passo.
atribuindo comparações
negativas que reforçam a
ideia de que o corpo negro é
um objeto, o que acaba o
Ressignifique
desumanizando. A origem da
Existem várias palavras e
expressão “a dar com pau”
expressões que usamos em
está relacionada à escravidão:
nosso dia a dia, que podem
quando as pessoas africanas
parecer apenas um “jeito de
escravizadas se recusavam a
falar”, mas que, de fato, são
se alimentar, como forma de
racistas. Por isso propomos
resistência à escravidão, elas
aqui ressignificar tais
eram forçadas a comer com
expressões.
uma colher (que tudo indica
ser de pau), por meio da qual
No quadro ao lado, à esquerda,
se jogava a comida dentro de
você irá encontrar a coluna
suas bocas.
com expressões racistas que
são bastante utilizadas hoje
Repensar novos usos do
em dia. À direita estão os
vocabulário e substituir as
balões com expressões que
expressões racistas por outras
podem substituir aquelas que
que não ofendam ou
são racistas.
diminuam alguém contribui
para uma sociedade com
menos estereótipos e
discriminações. Que tal F.45
começar a praticar essa
desconstrução agora?

82
F.45_Ver p.116
Risque as expressões racistas e
ligue até o balão da expressão
que pode substituir a que foi
Negra
riscada: Situação
desconfortável,
Feito nas coxas desagradável,
difícil, perigosa
Mulata Mesa de
cabeceira
Negra de traços finos,
beleza exótica, negra bonita
Mal feito
Denegrir
Cabelo afro,
A coisa tá preta crespo,
Difamar
Criado mudo
cacheado,
coroa.
Cabelo ruim, duro, pixaim,
cabelo de palha de aço Bonita

*A resposta encontra-se na página 124.

MERGULHE Em boca fechada não entra

NO ASSUNTO racismo: 13 expressões racistas


que devem sair do seu
PEGUE A VISÃO! vocabulário, Portal Geledés,
2015: https://bit.ly/3wiBUWr
Expressões racistas para nunca
mais reproduzir (Praticando o O racismo sutil por trás das
Antirracismo) - TIPO 4, 29 de palavras, Secretaria de Justiça
março de 2020: e Cidadania do Distrito Federal,
https://bit.ly/39JVUth 2020: https://bit.ly/3wd5qwK

83
F.46

F.46_Ver p.116
DIREITOS, LEIS E
AÇÕES AFIRMATIVAS
05_DIREITOS, LEIS E
AÇÕES AFIRMATIVAS

Historicamente, os direitos estudantes negras e negros da


direcionados à população escola, como a Lei de 1837. Já
em 1850, surge a Lei das Terras,
negra no Brasil são negados,
que afirmava que pessoas
surgem tardiamente, ou
negras não podiam ser
simplesmente não existem. proprietárias de terras,
Lembrando que o racismo tem configurando mais um direito
grande relação com o período negado a elas. 28.
da escravidão, e que as F.47
primeiras leis e políticas que
surgiram neste período não
foram pensadas para incluir a
população negra na sociedade
brasileira.

No século XIX, diversas leis


espalhadas pelas províncias do
Brasil Imperial indicavam, por
exemplo, a exclusão de

28_Ver p. 111 / F.47_Ver p.116

86
F.48

F.48_Ver p.116

87
F.50

Lei Áurea não garantiu nada


mais que a liberdade do povo
negro, ou seja, a Lei não propôs
nenhuma política pública para
promover os direitos e a inclusão
das pessoas negras na sociedade
brasileira no pós-abolição. Todas
essas privações mantiveram a
desigualdade racial, forçando a
população negra a vivenciar as
mais diversas formas de
opressão, rejeitando seus direitos
As leis seguintes, são voltadas à educação, saúde e moradia.
para a população negra, no É dentro desse contexto que
entanto, não necessariamente surgem, recentemente, as
promovem os seus direitos. Por políticas públicas a fim de
exemplo, a Lei do Ventre Livre reparar todas as desigualdades
considerava libertas/os as vividas em várias décadas de
filhas e filhos das mulheres violência.
negras escravizadas, porém
elas e eles eram proibidas/os As políticas públicas são as
de frequentar espaços públicos atividades do governo que
e não tinham garantido o livre envolvem diretamente a vida
e fácil acesso à educação 29. das cidadãs e dos cidadãos, e
as ações afirmativas são uma
Mesmo com o decreto da dessas atividades, que têm
abolição, os direitos das pessoas como objetivo combater
negras escravizadas e libertas desigualdades sociais. Um
permaneceram negados, pois a exemplo de ação afirmativa,
no caso do racismo, são as

29_Ver p. 111 / F.50_Ver p.116

88
A Lei de Cotas foi criada em afro-brasileira na escola, bem
2012 e garante a reserva de como a Lei 1.653, de 2008, que
50% das vagas nas também inclui o ensino da
universidades e institutos história e cultura indígena.
federais para as pessoas que Essas duas leis, e também a lei
cursaram todo o ensino médio de Cotas, são conquistas de
em escola pública, com renda movimentos sociais, em
familiar mensal igual ou especial do Movimento Negro
inferior a um salário mínimo. Unificado (MNU).
Por meio das cotas raciais,
foram reservadas vagas para
pessoas indígenas, pardas e MERGULHE
pretas. Vale reforçar que as
ações afirmativas não existem NO ASSUNTO
para medir o conhecimento de PEGUE A VISÃO!
cada indivíduo, e sim para
Desigualdade Racial no Brasil
tentar diminuir o desequilíbrio
–2 minutos para entender!–
de oportunidades em função
Superinteressante, 2016:
da raça.
https://bit.ly/3L3xCrt

Cotas raciais: sim ou não? |


cotas raciais. Papo DePretas, Gabi Oliveira,
2016: https://bit.ly/3sqPRR9
Ainda na tentativa de
promover reparação histórica, Bia Ferreira - Cota Não é
outra política pública Esmola | Sofar Curitiba, Sofar
importante é a Lei 10.639, Latin America, 2018: https://bit.
criada em 2003, que determina ly/37xnglM
o ensino da história e cultura

89
LINHA
DO
DO TEMPO
TEMPO

F.51

SAIBA MAIS! trabalhavam porque eram proibidas de


frequentar escolas e áreas públicas.
1837 | Primeira lei de educação: Negros não
1885 | Lei do sexagenário: Considerava livre
podiam ir à escola.
quem alcançasse 60 anos. Nenhum negro
1850 | Lei das terras: Negros não podiam alcançava essa idade.
ser proprietários.
1888 | Abolição: Depois de 388 anos de
1868 | Lei do boi: Primeira lei de cotas! Não, escravidão.
não foi para negros, foi para filhos de donos
1890 | Lei dos vadios e capoeiras: Os que
de terras que conseguiram vagas nas
perambulavam pelas ruas, sem trabalho
escolas técnicas e nas universidades (volte
ou residência comprovada, iam para
e releia sobre a lei de 1850).
cadeia. Eram mesmo “livres”? Dá para
1871 | Lei do ventre livre: Considerava imaginar qual era a cor da população
livres todos os filhos de mulheres escravas carcerária daquela época? Você sabe a cor
nascidos a partir daquela data. As crianças predominante nos presídios hoje?

90
F.51_Ver p.116 / *Adaptação Estúdio Aesho
1988 | Nasce nossa atual constituição: no currículo oficial da rede de ensino a
Foram necessários 488 anos para ter uma obrigatoriedade da temática “História e
constituição que determina que racismo Cultura Afro-Brasileira”. Convenhamos que
é crime. Na maioria das ocorrências, se não é cumprida, né?
minimizava o racismo enquanto injúria
2009 | Primeira Política de Saúde da
racial e nada acontecia.
População Negra: Que prossegue sendo
2001 | Conferência de Durban: O Estado negligenciada e violentada (quem são as
reconhece que terá que fazer políticas de maiores vítimas da violência obstétrica?)
reparação e ações afirmativas, mas não no sistema de saúde.
foi porque acordaram bonzinhos. Não foi
2010 | Lei 12.288: Estatuto da Igualdade
sem luta. Foram décadas de lutas para que
Racial. Em um país que se nega a
houvesse esse reconhecimento. E olha que
reconhecer a existência do racismo.
até hoje tem gente que ignora, hein!
2012 | Lei 12.711: Cotas nas universidades.
2003 | Lei 10.639: Estabelece as diretrizes
e bases da educação nacional, para incluir

Fonte: Grupo de Trabalho Práticas Antirracistas Empodera/ Uma Vitória Leva à Outra, 2020.

91
REPRESENTATIVIDADE

F.52

F.52_Ver p.117
06_
REPRESENTATIVIDADE

A representatividade pode
se dar por meio de vários
caminhos, expressando os Fonte: Victoria Lobo, 2020|
interesses de um grupo e por Acesso em: 12/01/2022
meio de uma figura política Disponível em:
que busca garanti-los. https://bit.ly/3wgkYzT

94
Na imagem ao lado, Precisamos de referências.
mulheres negras vão às ruas Representatividade também é
demonstrando o desejo de se espelho e, para que possamos
fazerem presentes nos espaços nos inspirar, é necessário ter
de poder. Quando uma mulher uma identificação com o que
está sendo visto. Se dentro
ocupa um espaço de decisão,
da negritude existem vários
ela toma posse de um lugar que
tons de pele, não faz sentido
historicamente nunca foi para ela.
haver uma única mulher negra
em espaços de liderança, de
Vale destacar que não basta
prestígio, na TV, na sala de
estar nesses espaços apenas,
aula, em grupos musicais e até
é preciso estar alinhada com mesmo nas redes sociais.
os interesses do grupo, além de
gerar novas maneiras para que Se metade da população é
mais mulheres negras também negra, por que só vemos uma
façam parte deste processo. mulher negra ou duas em
espaços que não sejam os de
servidão? E os brinquedos, com
quantos deles você poderia
dizer que se identificava ou
que tinham a cor e a textura do
cabelo parecidas com a sua?

Discutir sobre representatividade


negra é abrir passagem para
meninas e mulheres negras
se verem em espaços antes
inimagináveis e auxiliar na
construção de uma identidade
mutável e não limitante.
Ilustração: Janaína Esmeraldo
Disponível em: https://bit.ly/3GcjV8E

95
MERGULHE
NO ASSUNTO
PEGUE A VISÃO!

Ilustração: Lhaiza Morena, 2020, Nina. Representatividade e


Acesso em 23/02/2022, Disponível em: Proporcionalidade.
https://bit.ly/37C2MZe Soul Vaidosa, 29 de março de
2019: https://bit.ly/3N4FNoD

96
F.53

97
F.53_Ver p.117
F.54

F.54

F.54_Ver p.117
MINHAS
REFLEXÕES
07
RESGATE SUA
Assim como as árvores, nós
ANCESTRALIDADE: também temos nossas raízes,
que nos mantêm firmes e for-
QUEM VEIO ANTES tes para construir novas rami-
DE VOCÊ? ficações, novos galhos. Pensar
em quem veio antes de nós é

DE ONDE
fundamental para que possa-
mos nos conhecer melhor.

VEM SUA Com isso, monte a árvore


genealógica das mulheres de

FORÇA? sua família. Faça uma breve


pesquisa com as mais velhas
de sua casa e preencha os seus
galhos.

100
F.55

101
F.55_Ver p.117
Nesse caça-palavras, você
deverá encontrar nove
palavras.
F.56
Todas elas estão relacionadas
aos símbolos africanos do
Adinkra, que são conjuntos
de símbolos que representam
ideias expressas em provérbios.

Para saber mais sobre


o Adinkra, acesse:
https://bit.ly/3srWGSm

F.56_Ver p.117/ Adaptação Estúdio Aesho

102
F.57

F.57_Ver p.117 / * A resposta encontra-se na página 125.

103
QUEM TE Liste abaixo cinco nomes de
mulheres (influencers, artistas,
INSPIRA? atletas, familiares) que te
inspiram.

104
Agora, dê uma olhada nas pessoas da sua
lista. Quantas delas são negras (pardas e
pretas) ou indígenas?

Se menos da metade for negra e/ou indígena é uma


boa oportunidade para conhecer mais mulheres destes
grupos.

Tem mulheres negras na economia, como a Amanda


Dias, que fala sobre o assunto de forma simples no seu
Instagram @granapreta.

Há mulheres negras viajando, como @PretasPeloGlobo


e @ninaejosyporai.

Também encontramos mulheres indígenas na moda


como a @weena_tikuna e @molina.ela.

E ainda no Instagram, podemos encontrar diversas


mulheres indígenas na literatura no perfil
@leiamulheresindigenas.

105
F.58

F.58_Ver p.117
NOTAS DE RODAPÉ,
BIBLIOGRAFIA
E RESPOSTAS DAS
ATIVIDADES
Notas de rodapé

1_Aqui tais conceitos são diferenciados, bem como fez o filósofo,


advogado e professor universitário, Silvio de Almeida, em sua
obra “O que é racismo estrutural?” (2018).

2_Almeida, Sílvio Luiz. 2018. O que é racismo estrutural? Belo


Horizonte (MG): Letramento, p.25

3_Munanga, Kabengele. 2004. Uma abordagem conceitual das


noções de raça, racismo, identidade e etnia. In: Programa de
educação sobre o negro na sociedade brasileira [S.l: s.n.].

4_Almeida, Sílvio Luiz. 2018. O que é racismo estrutural? Belo


Horizonte (MG): Letramento, p.25

5_Idem.

6_Oliveira, Fátima. Ser negro no Brasil: alcances e limites.


Estudos Avançados. São Paulo, v. 18 n. 50, 1-4, abr/ 2004.

7_IBGE. 2019. Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios


Contínua. Disponível em: https://bit.ly/3wRkJge

108
8_Gomes, S, Flávio; Schwarcz, M, Lilia. 2018. Dicionário Da
Escravidão E Liberdade: 50 Textos Críticos. São Paulo: Companhia
das Letras.

9_As políticas de reparações são ações criadas para combater o


racismo, para que pessoas negras e indígenas tenham acesso ao
trabalho, à educação e à cultura, por exemplo. É uma forma de
compensar os prejuízos causados a esses grupos. Um exemplo de
política de reparação é a cota racial (Carvalho et. al, 2020).

10_Ferreira, Yuri. 2021. Padrões de beleza: as consequências


graves da busca por um corpo idealizado. Hypeness. Disponível
em:https://bit.ly/3PEnzwz. Acesso em: 15/12/2021.

11_Campos, L. A; Candido, M. R; Junior, F. J. 2015. A Raça e o


Gênero nas Novelas dos Últimos 20 Anos. Gemaa. Disponível em:
https://bit.ly/3yKAK90. Acesso em: 15/12/2021.

12_Santos, Ana Paula. 2020. Estudante é vítima de racismo em


troca de mensagens de alunos de escola particular da Zona Sul
do Rio. G1. Disponível em: http://glo.bo/3wiLolH. Acesso em:
15/12/2020.

13_Munanga, Kabengele (org.). 2001. Superando o racismo na


escola. 3. ed/ Kabengele Munanga, organizador. – [Brasília]:
Ministério da educação, secretaria da educação fundamental.
3.ed. 2001, p.58.

14_Lei complementar nº 150 de 01 de junho de 2015

109
15_Adaptado de Guia de Atividades Uma Vitória Leva à Outra,
2016.

16_Lei nº 13.104/2015–Lei do Feminicídio.

17_Crimes hediondos, como explica o Conselho Nacional do


Ministério Público, são aqueles em que não existe possibilidade
de anistia, fiança ou liberdade provisória, por exemplo.

18_Instituto Maria da Penha. Ciclo da Violência: saiba identificar


as três principais fases e como ele funciona. Disponível em:
https://bit.ly/3lj8y5b. Acesso: 12/01/2022

19_Em 28/10/2022, o crime de injúria racial foi equiparado ao de


racismo por decisão do STF: https://bit.ly/3wAFvzm.

20_IBGE. 2021. Dados da Pesquisa Nacional por Amostra de


Domicílios Contínua. Disponível em: https://bit.ly/3PkQXYi.
Acesso em: 12/01/2022

21_Instituto Ethos. 2016. Perfil social, racial e de gênero das 500


maiores empresas do Brasil e suas ações afirmativas. Disponível
em: https://bit.ly/3lm8d1u. Acesso em: 12/01/2022

22_Plano CDE, PretaHub, GoM. 2019. Empreendedorismo Negro


no Brasil. Disponível em: tAcesso em: 16/12/2021.

23_SEBRAE. 2019. Empreendedoras negras ganham menos,


são menos escolarizadas e a maioria está na informalidade.
Disponível em: https://bit.ly/3NHB9NS. Acesso em: 12/01/2022

110
24_Brasil. Câmara dos Deputados. Projeto de Lei N.º 4.765-B, DE
2009. (Da Sra. Sueli Vidigal). Institui, no Calendário Oficial do
País, o "Dia da Conquista do Voto Feminino no Brasil.” Disponível
em: https://bit.ly/3Pw3CrI. Acesso em: 05/01/2022.

25_Caetano, S, R; Nanô, L, J, P; Silva, F, H, O. 2020. Meninas negras


e política: combatendo o racismo e fomentando a participação
delas no espaço público. Cadernos Pagu. n, 58.

26_Munanga, K. 2009. Negritude: usos e sentidos. 3. ed. Belo


Horizonte: Autêntica Editora.

27_Simpson, J. 2017. Dicionário Oxford Languages.

28_Barros, P, Surya. 2016. Escravos, libertos, filhos de africanos


livres, não livres, pretos, ingênuos: negros nas legislações
educacionais do XIX. Educ. Pesqui. São Paulo, v. 42, n. 3, p. 591-
605.

29_Gomes, S, Flávio; Schwarcz, M, Lilia. 2018. Dicionário Da


Escravidao E Liberdade: 50 Textos Críticos. São Paulo: Companhia
das Letras.

111
Notas das ilustrações

F.1_Conjunto de adesivos fofos


Disponível em: http://tiny.cc/y62suz. Autor: @gohsantosa2

F.2_Conjunto criativo de adesivos de poder feminino. Disponível


em: http://tiny.cc/z62suz. Autor: @pikisuperstar

F.3_Ilustração tropical de arara


Disponível em: http://tiny.cc/372suz.Autor: @rawpixel.com

F.4_African American black woman working at a computer


Disponível em: http://tiny.cc/472suz. Autor: irynakr1990

F.5_Conjunto de adesivos fofos


Disponível em: http://tiny.cc/572suz. Autor: @gohsantosa2

F.6_Conjunto de adesivos fofos


Disponível em: http://tiny.cc/672suz. Autor: @gohsantosa2

F.7_Mulher de conceito de violência de gênero. Disponível em:


http://tiny.cc/772suz. Autor: @Maria_Petrishina

F.8_Conjunto de adesivos fofos. Disponível em: http://tiny.cc/


872suz. Autor: Mikhail Nilov

112
F.9_Conceito de punhos levantados multirraciais.Disponível em:
http://tiny.cc/972suz. Autor: @freepik

F.10_Beija-Flor. Disponível em: http://tiny.cc/vg3suz. Autor: Crea-


tive Commons 4.0 BY-NC

F.11_Design plano consiencia negra day. Disponível em: http://


tiny.cc/a72suz. Autor: @freepik

F.12_Conjunto criativo de adesivos de poder feminino.Disponível


em: http://tiny.cc/c72suz. Autor: @pikisuperstar

F.13_Black lives matter with fists girl and boys. Disponível em:
http://tiny.cc/i72suz. Autor: djvstockpro

F.14_Rostos. Disponível em: https://www.pexels.com/pt-br/foto/


lindo-bonito-atraente-elegante-4655898/ Autor: Jacob Pilatoe

F.15_Mulher afro-americana sorridente em roupas tradicionais da


África. Disponível em: http://tiny.cc/k72suz. Autor: @drawlab

F.16 _Protagonistas. Adaptação de GEMAA, 215. Ilustração: Estúdio


Aesho

F.17_Grupo ilustrado de mulheres desenhadas à mão. Disponível


em: http://tiny.cc/l72suz. Autor: @freepik

F.18_Coleção de primavera com adesivos decorativos estilo fol-


clórico design elementos florais sazonais. Disponível em: http://
tiny.cc/m72suz. Autor: @lilett

F.19_Mão de mulher embaçada atrás de metáfora de vidro fosco,


pânico e emocional escuro negativo. Disponível em: http://tiny.
cc/n72suz. Autor: @kaikoro

113
F.20_Conjunto de jovens homens e mulheres lendo. Disponível
em: http://tiny.cc/o72suz
Autor: @pikisuperstar

F.21_Folha de Papel. Ilustração Vintage. Disponível em: http://


tiny.cc/p72suz e http://tiny.cc/q72suz. Autor: @Maria_Petrishina
e @rawpixel.com

F.22_Garota gosta de música da lista de reprodução de motivação,


aproveita o tempo livre para ouvir faixas populares
Disponível em: http://tiny.cc/r72suz. Autor: @wayhomestudio

F.23_Coleção de primavera com adesivos decorativos estilo fol-


clórico design elementos florais sazonais
Disponível em: http://tiny.cc/s72suz. Autor: @lilett

F.24_Dia internacional desenhado à mão para a eliminação da


violência contra a ilustração das mulheres. Disponível em: http://
tiny.cc/t72suz. Autor: @pikisuperstar

F.25_Ciclo de violência. Autor: @pikisuperstar

F.26_Esporte feminino. Disponível em: http://tiny.cc/bn5suz.

F.27_Ilustração do dia nacional de esportes gradiente. Disponível


em: http://tiny.cc/u72suz. Autor: @freepik

114
F.28_Basquete. Autor: Empodera.

F.29_Brasil: A inserção das mulheres no mercado de trabalho


Autor: Estúdio Aesho

F.30_Retrato abstrato de mulher desenhada à mão. Disponível


em: http://tiny.cc/v72suz. Autor: @pikisuperstar

F.31_Mulher votando na cabine de votação. Disponível em: http://


tiny.cc/8h3suz. Autor: grmarcstockpro

F.32_Palavras Cruzadas. Autor: Estúdio Aesho

F.33_Pacote de modelos de logotipos africanos. Disponível em:


http://tiny.cc/x72suz. Autor: @freepik

F.34_Ilustração do conceito de solidariedade. Disponível em:


http://tiny.cc/y72suz. Autor: @conjunto de histórias

F.35_Use o termo escravizados e não escravos! Autor: Estúdio


Aesho

F.36_Plant illustration. Disponível em: http://tiny.cc/082suz


Autor: CHENXIN

F.37_Quadrinhos. Autor: Samtiago

F.38_Retrato de mulher africana. Disponível em: http://tiny.cc/


hxjsuz. Autor: melazerg

F.39_Colocar outra figura The concept of women's friendship.


Disponível em: http://tiny.cc/th3suz. Autor: Margarita Diemidova

F.40_A corrida. Autor: Estúdio Aesho

115
F.41_Privilégios
Disponível em: http://tiny.cc/bn5suz

F.42_Retrato de mulher abstrato desenhado à mão ilustrado e


Ilustração de moda estética contemporânea abstrata veHaishi

F.43_Eu já. Autor: Estúdio Aesho

F.44_Hand Drawn Positive Words Vector. Disponível em: http://


tiny.cc/382suz. Autor: grumpymonstergroup

F.45_Coleção abstrata de retratos de mulheres desenhadas à mão.


Disponível em: http://tiny.cc/482suz. Autor: @pikisuperstar

F.46_Hand holding judge gavel


Disponível em: http://tiny.cc/582suz. Autor: aryo.hadi

F.47_Group of students. Young people. Disponível em: http://tiny.


cc/682suz. Autor: Julia Moskalenko

F.48_Ilustração plana do dia internacional dos direitos humanos


desenhada à mão. Disponível em: http://tiny.cc/882suz.
Autor: @freepik

F.49_Ilustração plana do dia internacional dos direitos humanos


desenhada à mão. Disponível em: http://tiny.cc/982suz.
Autor: @freepik

F.50_Conjunto de jovens homens e mulheres lendo. Disponível


em: http://tiny.cc/a82suz.Autor: @pikisuperstar

116
F.51_Modelo de infográfico de linha do tempo gradiente. Disponí-
vel em: http://tiny.cc/b82suz. Autor: @freepik

F.52_Multiracial women of different height and figure type


Disponível em: http://tiny.cc/c82suz. Autor: irida_08

F.53_Ver p.00
Mulher afro-americana com flores blm movimento post de mídia
social. Disponível em: http://tiny.cc/d82suz. Autor: @rawpixel.
com

F.54_Três mulheres e flores


Disponível em: http://tiny.cc/ii3suz. Autor: piki superstar

F.55_Árvore Genealógica. Autor: Estúdio Aesho

F.56_Mulher afro. Disponível em: http://tiny.cc/6j3suz. Autor: Ja-


ckson David

F.57_Mulher afro-americana com flores blm movimento post de


mídia social. Disponível em: http://tiny.cc/f82suz. Autor: @rawpi-
xel.com

F.58_Ilustração de poesia desenhada à mão. Disponível em: http://


tiny.cc/g82suz. Autor: @freepik

Capa_Mulheres: eliminação da violência. Disponível em: http://


tiny.cc/zj4suz. Autor: @pikisuperstar

Quarta capa_Mulher afro. Disponível em: http://tiny.cc/2k4suz.


Autor: @drawlab

117
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120
Respostas das atividades

>> Páginas 54 e 55

GRANDES ATLETAS

MULHERES
04 05 03 12 11

Allyson Rosangela Terezinha FormigaD Daiane


FelixA SantosB GuilherminaC dos SantosE

10 01 09 06 07

Simone Fernanda Ádria Bruna Ketleyn


ManuelF GarayG dos SantosH de PaulaI QuadrosJ

08 13 14 02 15

Eshyllen Adriana Rafaela Rebeca Janeth


CoimbraL AraújoM SilvaN AndradeO ArcainP

Fonte das imagens: na próxima página, classificadas por letra


conforme indicação no nome da atleta.

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A. Fernando Frazão /Agência Brasil, CC BY 3.0 BR <https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/
deed.en>, via Wikimedia Commons< https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/1/10/Allyson-
FelixRio2016.jpg

B. Johnson Barros, CC BY 2.0<https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, via Wikimedia Com-


mons<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/d/d7/Bronze_na_corrida_200m_femini-
no_%2821414374864%29.jpg

C. Pierre-Yves Beaudouin /Wikimedia Commons< https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/b/


b0/Meeting_d%27Athl%C3%A9tisme_Paralympique_de_Paris_-_Terezinha_Guilhermina_03.jpg

D. TV BrasilGov, CC POR 3,0, via Wikimedia Commons< https://upload.wikimedia.org/wikipedia/com-


mons/2/2a/Formiga_na_NBR%2C_prepara%C3%A7%C3%A3o_Rio_2016.png

E. Ricardo Stuckert/PR, CC BY 3.0 BR<https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/deed.en>, via Wi-


kimedia Commons

F. Oleg Bkhambri (Voltmetro), CC BY-SA 4.0<https://creativecommons.org/licenses/by-sa/4.0>, via Wi-


kimedia Commons<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/f6/Simone_Manuel_%28U-
SA%29_2015.jpg

G. Murilodias, CC BY-SA 3.0 <https://creativecommons.org/licenses/by-sa/3.0>, via Wikimedia Com-


mons

H. Tomaz Silva/Agência Brasil, CC POR 3,0 BR<https://creativecommons.org/licenses/by/3.0/br/deed.


en>, via Wikimedia Commons<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/7/7a/2016_Paralym-
pics_opening_ceremony%2C_cauldron%2C_Silva_and_Santos.jpg

I. Wenflou, CC0, via Wikimedia Commons < https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/f/ff/Bru-


na_de_Paula_4_20170903.jpg

J. Antonio Cruz/ ABr, CC POR 3,0 BR, via Wikimedia Commons <https://upload.wikimedia.org/wikipe-
dia/commons/c/c9/Ketleyn_Quadros.jpg

L.https://m-partners.facebook.com/BrasilRugby/photos/a.10156080078074298/10160014452579298/?-
type=3&source=48

M. Agência Brasil Fotografias, CC BY 2.0 <https://creativecommons.org/licenses/by/2.0>, via Wikimedia


Commons<https://upload.wikimedia.org/wikipedia/commons/2/29/Adriana_Ara%C3%BAjo_2016.jpg

N. Roberto Castro/Agência Brasil, CC POR 3,0 BR, via Wikimedia Commons< https://upload.wikimedia.
org/wikipedia/commons/1/1b/Rafaela_Silva_2016.png

O. Agência Brasil Fotografias, CC POR 2,0, via Wikimedia Commons<https://upload.wikimedia.org/wiki-


pedia/commons/c/cf/Rebeca_Andrade_Rio_2016.jpg

P. ASCOM Prefeitura de Votuporanga, CC POR 2,0, via Wikimedia Commons < https://upload.wikime-
dia.org/wikipedia/commons/2/24/Janeth_Arcain_%2821300956406%29.jpg

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>> Página 83

Risque as expressões racistas e


ligue até o balão da expressão
que pode substituir a que foi
Negra
riscada: Situação
desconfortável,
Feito nas coxas desagradável,
difícil, perigosa
Mulata Mesa de
cabeceira
Negra de traços finos,
beleza exótica, negra bonita
Mal feito
Denegrir
Cabelo afro,
A coisa tá preta crespo,
Difamar
Criado mudo
cacheado,
coroa.
Cabelo ruim, duro, pixaim,
cabelo de palha de aço Bonita

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>> Página 103

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