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Almanaque Antirracista Educadoras
Almanaque Antirracista Educadoras
Antirracista
para Profissionais da Educação
F.1 F.2
Almanaque
Antirracista
para Profissionais da Educação
Sumário
Almanaque
Antirracista Apresentação 06
para Profissionais da Educação 1. Raça x Racismo 07
2. Reconheça o racismo 13
Realização | Entidade das Nações Unidas para a Igualdade de Gênero e o
Empoderamento das Mulheres – ONU Mulheres Casa das Nações Unidas no
3. Colorismo 20
Brasil
4. O racismo e suas representações na sociedade 27
Complexo Sergio Vieira de Mello SEN Quadra 802 Conjunto C, Lote 17, Bloco B –
Prédio Lélia Gonzalez 70800-400 – Brasília/DF 4.1. Violência contra as meninas e mulheres negras 28
4.2. Racismo na escola 32
Representante do Escritório Brasileiro | Anastasia Divinskaya
4.3. Racismo no esporte 35
Coordenação | Empodera: Beatriz Akutsu, Fernanda Garcia, Jane Moura, Thaís
Olivetti, Yasmin Freitas.
4.4. Racismo no mercado de trabalho 38
Desenvolvimento: Raissa Vieira Gomes da Cruz Sobral 4.5. Racismo na política 45
Revisão Técnica e Textual | ONU Mulheres: Gabriela Bastos, Olga Bagatini e
Raíssa Vitório Pereira 4.6. Desigualdade racial 49
Design e Diagramação: Samtiago e Érika Luna
5. “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 53
© 2022 ONU Mulheres. Todos os direitos reservados. 5.1. Afinal, o que é antirracismo? 54
Este material, Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação, é um 5.2. O racismo é apenas um problema da pessoa negra? 55
desdobramento das discussões do Grupo de Trabalho de Práticas Antirracistas,
5.3. Identidade Negra 57
realizado em setembro de 2020 pelas facilitadoras e professoras de educação
física do Programa Uma Vitória Leva Outra, um programa da ONU Mulheres 5.4. Representatividade 61
em parceria com o Comitê Olímpico Internacional, com a implementação da
Empodera.
5.5. Reconheça o privilégio branco 65
F.3_Ver_ p. 106
F.4
Apresentação
Olá!
Raça x
Antirracista para Profissionais da Educação do Programa Uma
Vitória Leva à Outra (UVLO). Este almanaque surgiu a partir
dos encontros e discussões entre as facilitadoras e professoras
Racismo
de educação física envolvidas no programa Uma Vitória Leva à
Outra (UVLO) sobre questões relacionadas ao racismo. Nesses
encontros, foi debatido como o racismo se estabelece e se institui
nas vidas das participantes do programa e das educadoras, em
especial as mulheres negras, que, por ocuparem espaços de
liderança ao ficar à frente da implementação, já colocam em
prática o antirracismo.
01
existem caminhos para estabelecer a equidade e a igualdade
racial1 e lidar de forma mais justa quanto a esse assunto.
8 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 2/7_Ver_ p. 98 8/10_Ver_ p. 99 Capítulo Raça x Racismo 9
Racismo institucional: Racismo estrutural:
A base desta concepção está Esta concepção nos ajuda a
relacionada ao poder que compreender que o racismo F.5
grandes instituições têm sobre não é apenas algo individual
a política e a economia da
ou em grupo, mas parte de uma
sociedade, contribuindo para O racismo institucional existe e
estrutura social que julga o que
a normalização do racismo. atua dessa forma nas vidas das
é apropriado ou não, de valor
Manifestado de forma mais pessoas negras porque existe o
ou não, a partir da cor de pele,
sutil que o anterior, o racismo racismo que foi estruturado ao
institucional é direcionado a normalizando injustiças. Essa
longo do final do século XIX até
toda comunidade negra e pode lógica permite que o sistema
o que a gente presencia hoje.
ser notado pela precariedade racista seja viável, criando Se liga,
dada a serviços destinados a desigualdades raciais, políticas,
(Drª Maria Sylvia de Oliveira, 2019) MERGULHE NO
esta população. CPor exemplo, econômicas e jurídicas, que
enquanto há uma redução inferiorizam a pessoa negra ASSUNTO!
progressiva de casos de violência desde o Brasil colônia.
contra mulheres brancas, há
um aumento desses números Essa frase é da Drª Maria Sylvia
contra mulheres pretas. Isso de Oliveira, advogada, dita por ela
mostra o racismo institucional no vídeo “Entenda o que é racismo
na formulação dos mecanismos estrutural”, do Canal Preto, 2019.
de política pública no tema,
que não se atentam ou ainda Para assistir ao vídeo na íntegra,
conscientemente desconsideram clique no seguinte link:
a realidade das mulheres pretas. https://bit.ly/3wvGj8D
O sistema penitenciário também
reflete isso tanto para mulheres Para aprofundar e compreender
quanto para homens, mantidas melhor o tema, sugerimos a leitura do
as devidas proporções: mulheres livro “Racismo Estrutural”, de Silvio de
pretas compõem a maior parte da Almeida, 2019.
população carcerária feminina.
10 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 11_Ver_ p. 99 F.5_Ver_ p. 106 Capítulo Raça x Racismo 11
F.7
Reconheça o
F.6
Racismo
F.6_Ver_ p. 106
02 F.7_Ver_ p. 106
2
RECONHEÇA
O RACISMO 04/06/2022 10:42 LIM3353
Presidência da República
Casa Civil
Subchefia para Assuntos Jurídicos
Para que a prática antirracista finalmente foi concretizada a
LEI Nº 3.353, DE 13 DE MAIO DE 1888.
seja posta, é preciso reconhecer libertação dos escravizados por meio
Declara extinta a escravidão no Brasil.
o racismo dentro de suas da Lei Áurea em 1888 (na imagem
A Princesa Imperial Regente, em nome de Sua Majestade o Imperador, o Senhor D. Pedro II, faz saber a todos os
concepções, enxergando onde nós o a seguir podemos ver um trecho da súditos do Império que a Assembléia Geral decretou e ela sancionou a lei seguinte:
reproduzimos no dia a dia ou como Lei). A libertação não foi conduzida Art. 1°: É declarada extincta desde a data desta lei a escravidão no Brazil.
compactuamos com práticas racistas da melhor forma pelo Estado, que Art. 2°: Revogam-se as disposições em contrário.
institucionalizadas. não previu a garantia de direitos Manda, portanto, a todas as autoridades, a quem o conhecimento e execução da referida Lei pertencer, que a
cumpram, e façam cumprir e guardar tão inteiramente como nella se contém.
básicos, como acesso à moradia, O secretário de Estado dos Negócios da Agricultura, Comercio e Obras Publicas e interino dos Negócios
A partir da colonização das Américas, educação, trabalho e saúde para esta Estrangeiros, Bacharel Rodrigo Augusto da Silva, do Conselho de sua Majestade o Imperador, o faça imprimir, publicar e
correr.
que no Brasil foi exploratória, camada da população que até então Dada no Palácio do Rio de Janeiro, em 13 de maio de 1888, 67º da Independência e do Império.
pessoas africanas de diversas etnias era enquadrada somente no papel de Princeza Imperial Regente.
foram retiradas de suas terras e servidão. RODRIGO AUGUSTO DA SILVA
escravizadas em todo território Este texto não substitui o publicado na CLBR, de 1888
nacional, sendo tratadas como A notícia de que a escravidão Carta de lei, pela qual Vossa Alteza Imperial manda executar o Decreto da Assembléia Geral, que houve por bem
sanccionar, declarando extincta a escravidão no Brazil, como nella se declara.
objetos. Dessa forma, o corpo negro havia sido finalmente abolida foi
Para Vossa Alteza Imperial ver.
foi desumanizado e, mesmo quando se espalhando pelas províncias do Chancellaria-mór do Império.- Antonio Ferreira Vianna.
liberto, não recebeu nenhum tipo de Brasil e foi motivo de muita festa. Transitou em 13 de Maio de 1888.- José Júlio de Albuquerque
16 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 13_Ver_ p. 99 12-14_Ver_ p. 99 / F.8_Ver_ p. 106 Capítulo Reconheça o racismo 17
Tal noção reverbera até hoje, permitindo consolidar uma
estrutura que decide qual é o corpo superior e o inferior,
quem irá deter o poder, o que valorizar e qual história
A gente tá falando de origem.
contar. Não é por acaso que acontece o apagamento.
É na origem e no orgulho que
histórico imposto às pessoas africanas sequestradas de
sua terra e nem a omissão que é colocada sobre a história a gente muda uma situação
da escravidão no Brasil. É por meio do conhecimento como essa.
de nossa própria história que o racismo poderá ser
Se liga,
percebido, reconhecido e combatido. (Raquel Dias, 2018) MERGULHE NO
ASSUNTO!
Valorizar a identidade negra que
molda a cultura do país é reviver o Essa frase é de Raquel Dias,
que um dia se encontrou apagado. Coordenadora Geral de Relações Étnico-
Não é possível negar a negritude Raciais do Ministério da Educação no
existente nas tradições brasileiras. período em que o vídeo foi gravado.
A pessoa negra não foi só Seu relato foi retirado do vídeo
escravizada, ela foi realeza, inventora, “A ESCRAVIDÃO não é FAKE NEWS!"
professora, cultivou suas terras Canal Preto, 2018.
e compartilhou seus saberes ao
Para assistir ao vídeo na íntegra,
manter e reinventar sua identidade.
clique no seguinte link:
Para além do reconhecimento do
https://bit.ly/3LfJ9nm
racismo, é preciso reconhecer a
contribuição das pessoas negras para
a multiplicidade do país.
3
Colorismo COLORISMO
O termo colorismo15 (ou pigmento- Essas diferenciações causam
cracia) foi utilizado pela primeira vez questionamentos quanto à identidade
pela ativista Alice Walker (1982) para das pessoas que passam por isso,
informar a população que, quanto já que são muito claras para serem
mais escura for a sua cor de pele, negras ou muito escuras para
mais preconceitos e discriminações serem brancas. A miscigenação
raciais essa pessoa vai sofrer. é algo evidente em nosso país e
as diferentes tonalidades de pele
Isso significa que, em função das
encontradas entre negros e brancos
diferentes tonalidades de pele dentro
se dão por conta disto. Admitir o
de um mesmo grupo racializado, as
colorismo é dar à luz a diversidade e
pessoas terão diferentes tratamentos.
ao autoconhecimento.
Essa distinção de tratamento será
vista nas esferas sociais, políticas e Após a Lei Áurea, foi colocada em
03
econômicas16. pauta a “construção de uma nação e
identidade nacional”18, a qual deveria
Essas distinções de tratamento
ser predominantemente branca. Com
dentro dessas esferas são tão
isso, para alguns membros da elite
fortificadas que muitos negros
brasileira, uma população composta
acabam fugindo da sua identidade,
majo-ritariamente por pessoas
tentando se aproximar da cor mais
negras iria atrapalhar a construção
clara que detém maiores privilégios17.
deste ideal (branco).
22 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 19_Ver_ p. 100 F.10_Ver_ p. 106 Capítulo Colorismo 23
Por exemplo, quando se diz “se a
minha avó é negra, eu também sou!”,
não necessariamente é assim. É
importante entender que o racismo
também é manifestado em função
dos fenótipos (exemplo: espessura
dos lábios e textura do cabelo) e
por conta de marcadores sociais
da diferença. Esses marcadores
F.11
estabelecem lugares distintos para Nós, aqui no nosso país, sofremos
os sujeitos dentro da estrutura social, numa época colonial essa busca
falha, pois atualmente somos um dos alguns concursos e universidades
determinando quais pessoas serão por embranquecimento para
países mais miscigenados do mundo. é a heteroidentificação, que é um
marcadas pela diferença - como as que houvesse essa limpeza,
O Instituto Brasileiro de Geografia e procedimento complementar à
mulheres e as pessoas negras - e que obviamente não ocorreu, e
Estatística (IBGE) utiliza a categoria autoidentificação e que envolve a
aquelas que não serão marcadas - estruturalmente isso também
raça/cor para classificar a população, percepção social de outras pessoas
como os homens e “pessoas brancas”21 ficou, e parece que até os dias
com isso foram criadas as categorias sobre aquela autoidentificada. A
, não se limitando apenas às questões atuais as pessoas veem dessa
amarela, parda, branca, indígena heteroidentificação tem como
raciais, como as de gênero e classe. forma, que ainda há essa
e preta. Sendo que parda e preta objetivo aferir e corrigir qualquer
Devemos estar atentas/os à nossa necessidade de que se busque
fazem parte da mesma categoria: autodeclaração equivocada20.
autodeclaração para não invisibilizar que as pessoas mais claras
negra. Essa categoria totaliza mais
as pretas e pretos e suas lutas. Um tenham melhores oportunidades
da metade da população, ou seja, o Entre as mais diversas tonalidades exemplo deste impacto está ligado de emprego, de vida, de trabalho
Brasil é um país de maioria negra. de pele negra, o racismo irá às fraudes das cotas raciais, quando e de relacionamentos.
A autodeclaração racial é uma se apresentar dentro de suas alguém se autodeclara como parda/o
das técnicas utilizadas pelo IBGE concepções. E aqui vale ressaltar (Aline Guedes, 2021)
ou negra/o por ter um membro da
pela qual as pessoas se identificam que no Brasil nossa negritude e/ família negro, como foi o caso da
racialmente escolhendo entre as ou branquitude é aferida a partir influencer digital branca que admitiu
cinco categorias citadas acima. de fenótipos, fenótipos e pelas ter passado por uma faculdade
Outra técnica também utilizada características sociais, e não só pela pública por cota racial22.
pelo IBGE e por comissões em ascendência.
24 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 20_Ver_ p. 100 / F.11_Ver_ p. 107 21-22_Ver_ p. 100 Capítulo Colorismo 25
F.12
O racismo e suas
representações na
04
pesquisadora/home chef, que no vídeo “Colorismo - você
sabe o que é?” do Canal Preto, 2021, introduz o tema a fim de
explicar como o conceito se dá no contexto brasileiro.
4.1
O RACISMO E SUAS
REPRESENTAÇÕES NA SOCIEDADE
28 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 23/25_Ver_ p. 100 26_Ver_ p. 100 / F.13_Ver_ p. 107 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 29
27_Ver_ p. 101
utilizando tranças e dreadlocks - que A representação da mulher negra nas
fazem parte da cultura afro - como grandes mídias auxilia na construção
se fosse algo ruim e não apropriado, dos estereótipos incumbidos ao
que não condiz com o ambiente corpo negro, uma vez que os reforça A minha história me
hospitalar27. e contribui para a sua estruturação. credencia com uma força,
Além disso, também podemos É importante que tais violências cara, que eu não queria
exemplificar o preconceito racial sejam evidenciadas para que, assim, ter outra coisa, eu não
existente no âmbito da saúde por sejam percebidas, denunciadas, queria ser nada diferente
meio da crença de que mulheres confrontadas e reestruturadas. Dessa do que eu sou. Eu queria
negras são fortes e não sentem forma, as meninas negras terão ter um pouco mais de Se liga,
dor. Essa atribuição dada ao corpo um futuro não só de resistência sossego dentro da minha MERGULHE NO
e sobrevivência, mas, sim, de condição, para a minha
negro vulnerabiliza a mulher negra
durante a gravidez e no trabalho existência. cabeça funcionar melhor, ASSUNTO!
de parto, uma vez que há relatos de mas é só.
médicos que deixam de anestesiar
Essa frase é da Márcia Short, cantora,
mulheres negras ou não levam em (Márcia Short, 2019) compositora e atriz, que no vídeo “O
consideração suas reclamações de que é ser mulher negra?", Especial Dia
dores, por exemplo. Esse tipo de Internacional da Mulher do Canal Preto,
violência é chamada de racismo 2019, fala sobre a mulher negra.
obstétrico28.
Para assistir ao vídeo na íntegra, clique
Além disso, os estereótipos impostos no seguinte link:
às meninas e mulheres negras https://bit.ly/3yDLWUM
hipersexualizam seus corpos e
ajudam a reproduzir o racismo que
as desumaniza, inferioriza e as
condiciona à subalternidade.
30 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 28_Ver_ p. 101 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 31
4.2_Racismo na escola29 cada caso. A seguir, apresentamos as entre outros, inferiorizam e quanto aos estudos que devem ser
definições: violentam a vítima, além de serem abordados: História da África e das
Por vivermos em uma sociedade normalizados. Como desconstruir pessoas africanas, a luta das pessoas
racista, nos deparamos com algo tão naturalizado? A resposta que negras no Brasil, a cultura negra
situações de racismo nos mais surgir para essa pergunta ajudará as brasileira e as pessoas negras na
variados ambientes. Na escola, Bullying: educadoras em sua prática. formação da sociedade nacional,
podemos perceber como o sistema resgatando a contribuição do povo
São ações repetidas, sistematizadas, Outro ponto importante é ir além
opera desde as professoras, passando negro nas áreas social, econômica
que causam transtornos aos dos livros didáticos que contam a
pelas alunas e por toda a comunidade e política pertinentes à História do
envolvidos. O bullying também é história das pessoas negras do Brasil,
escolar. Brasil32.
um tipo de violência, logo, deve ser resumida à tristeza e à violência.
O corpo docente deve estar atento combatido dando o devido suporte à É importante valorizar a cultura Compreender o racismo nas mais
às situações de racismo que surgem vítima, estimulando as testemunhas negra para que sua humanização diversas dimensões auxilia na sua
no ambiente escolar. Deixar “passar a intervir ao observar essas situações, sequestrada pelo racismo seja identificação. Em uma época onde a
batido” ou não repreender atitudes além de identificar o agressor30. resgatada. Além disso, faça com que informação chega às/aos jovens de
racistas apenas ajudará a reproduzir a identidade negra da sua aluna/o forma quase instantânea, é preciso
e normalizar os preconceitos e seja vista positivamente e a/o ajude a esclarecer (ou no caso, escurecer) os
Racismo recreativo: construir a sua autoestima. fatos. Não deixe que representações
discriminações. O diferencial é a
ação que será tomada a partir do Projeto de dominação que utiliza de de racismo fiquem sem punição.
Colocar em prática a LEI No 10.639,
acontecimento. forma encoberta a cultura do humor Trate do assunto para além do mês
DE 9 DE JANEIRO DE 2003, que
por meio da hostilidade racial31. da Consciência Negra.
Ao conversar sobre questões raciais estabelece a obrigatoriedade do
com estudantes, é comum comparar ensino de história e cultura afro- Estude, informe-se sobre o racismo
e até mesmo confundir racismo brasileira, não é um dever apenas das e compartilhe essas informações
com bullying. Ambos podem afetar disciplinas de história e sim de toda com o corpo docente do local em que
negativamente a saúde mental e grade curricular escolar. Se apropriar atua e, principalmente, trabalhe a sua
O racismo é um crime violento do
física de quem os sofre, porém é desta Lei irá contribuir diretamente identidade racial.
qual a vítima jamais esquecerá,
importante compreender a diferença no posicionamento antirracista
uma vez que tal ato desumaniza o
entre eles. Assim, podemos identificar buscado por pessoas educadoras,
corpo negro. Chamamentos como
e tomar as medidas corretas para afinal de contas, a Lei é objetiva
“sua macaca”, “cabelo de bombril”,
32 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 29/31_Ver_ p. 101 32-33_Ver_ p. 101 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 33
4.3_Racismo no Esporte34 Apesar dos avanços, os casos de
racismo no esporte infelizmente
persistem até hoje. Em 2014,
o goleiro Aranha foi vaiado e
Rendimento escolar tem a ver com
Pelo fato de o racismo ser estrutural, chamado de "macaco" pela torcida
afetividade. Não se discute IDEB33
sem discutir racismo. Não se discute o esporte é mais um dos espaços em do Grêmio. O atleta denunciou
avanço educacional sem trabalhar a que ele se manifesta: na invisibilidade o clube, que apesar das ofensas
autoestima da criança negra.” dada às mulheres negras pioneiras; terem sido registradas em câmera,
nos insultos racistas gritados pelas ainda assim o culpabilizou pelo
(Benilda Brito, 2019)
torcidas de futebol, nos casos de crime, argumentando que ele teria
Se liga, racismo que a mídia insiste em dizer provocado os torcedores35.
MERGULHE NO que são isolados.
É importante sinalizar o papel da
ASSUNTO! Historicamente, os esportes eram mídia nas situações de racismo, pois
destinados às elites, sendo praticados ela tem poder para minimizá-las a
apenas por homens. Com o passar mais um caso “isolado”.
Essa frase é da Benilda Brito, Pedagoga do tempo, a prática esportiva foi
Visto que, após 300 anos de
e Mestre em Gestão Social, que no vídeo se tornando popular, incluindo os
escravidão, nossa sociedade se
“O racismo é perigoso na educação das homens negros e as mulheres.
estruturou tendo o racismo como
crianças” do Canal Preto, 2019, fala sobre
alicerce, como tais casos poderiam
a educação antirracista na escola. Melânia Luz foi a primeira mulher
ser isolados? Devemos estar atentas/
negra a participar de uma delegação
Para assistir ao vídeo na íntegra, clique os a essas falácias e trazer os relatos
olímpica brasileira, em 1948,
no seguinte link: https://bit.ly/3yLBSci à tona como fonte de denúncia,
compondo a equipe de atletismo,
debates e reflexões.
E para compreender melhor leia o livro que conquistou grandes resultados.
“Superando o racismo na escola”, 2001, Porém, a pioneira mais famosa é Além disso, podemos pensar quais
organizado pelo professor Kabengele Maria Lenk, mulher branca e primeira são os corpos que têm acesso a certas
Munanga. brasileira a participar dos Jogos modalidades esportivas consideradas
Olímpicos, na modalidade da natação elitizadas, como tênis e natação.
em 1932.
34 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 34-35_Ver_ p. 101 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 35
Ainda que, de modo geral, o esporte
tenha se popularizado, sua prática
ainda é restrita a lugares específicos,
que muitas vezes podem ser
privados, aumentando os níveis de
exclusão de pessoas em situação de
vulnerabilidade socioeconômica, que
A gente precisa de um olhar muito
em sua maioria são mulheres negras.
mais crítico para a situação e de
Historicamente, meninas e mulheres
um combate muito mais efetivo.
recebem menos apoio para iniciar
ou dar continuidade a alguma
(Angelo Assumpção, 2021)
modalidade esportiva. Quando
permanecem, ainda são alvo do
racismo, como o caso da atleta da
seleção francesa de futebol, chamada
Wendie Renard. Se liga, mergulhe no assunto!
Na Copa do Mundo de Futebol F.14
Feminino em 2019, Wendie foi vítima
Esta fala é do Angelo Assumpção para o Canal Preto retirada
de ofensas racistas, como "preta do
do vídeo intitulado “Racismo no Esporte”, 2021. Nesse vídeo,
cabelo duro", entre outras violências.
o atleta campeão mundial de ginástica em 2015 relata como o
É importante ressaltar que racismo racismo afetou sua vida.
não é bullying. Além disso,
inferiorizar alguém por conta de seus Para assistir ao vídeo na íntegra, clique no seguinte link:
fenótipos se configura como racismo. https://bit.ly/3sCFoC0
36 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação F.14_Ver_ p. 107 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 37
4.4_Racismo no Mercado Quando alteramos a ótica e focamos disparidade nos rendimentos quando
de Trabalho nas mulheres negras, a taxa de comparamos mulheres negras e
desocupação no mercado de trabalho não negras, ou seja, a diferença de
aumenta, fazendo delas a parcela lucro entre esses grupos, os serviços
As mulheres foram fortemente da população mais prejudicada. prestados e as remunerações obtidas
afetadas pela pandemia da Podemos também perceber uma também se mostram desiguais.
COVID-19 no mercado de
trabalho. Uma grande parcela
delas perdeu sua ocupação,
seja no trabalho formal, seja
no informal. Só para citar um
exemplo, de todas as mulheres
pretas, 19,8% perderam sua
ocupação em 2020, além de
terem passado por diversas
dificuldades de inserção no
mercado de trabalho.
Fonte:
DIEESE. Brasil a inserção das mulheres no mercado
Fonte:
de trabalho - 3º trimestres de 2019 e de 202036.
DIEESE. Brasil a inserção das mulheres no mercado
Disponível em: https://bit.ly/3Li1SyR
de trabalho - 3º trimestres de 2019 e de 202037.
38 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 36_Ver_ p. 102 37_Ver_ p. 102 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 39
Além disso, a desigualdade também no mercado formal. É importante
se dá entre as pessoas escolarizadas. considerar que, para as mulheres
Mesmo com a mesma qualificação negras, o acesso ao ensino superior
profissional, a remuneração das envolve, ainda, mais dificuldades.
mulheres negras, se comparada Um dos motivos do abandono escolar
com a das brancas, é, em média, entre as meninas e mulheres negras
mais baixa. Além disso, ainda que é a busca por trabalho, uma vez que
consigam uma maior qualificação, se faz necessário auxiliar na renda
as mulheres negras terão familiar.
empregabilidade tardia ou nula no
Fonte:
Adaptado de Potências in(visíveis),
por Box 1824 e IndiqueUmaPreta, 2020.
40 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 38_Ver_ p. 102 39_Ver_ p. 102 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 41
Desde o período colonial, a mulher e de uma hegemonia estrutural
negra vem se estabelecendo branca que afeta as capacidades
como uma das forças de pessoais e a autoconfiança de grupos
trabalho mais atuantes do país. sociais estigmatizados”.42
Mesmo invisibilizadas, essas
Na imagem da página seguinte
mulheres têm criado alternativas
são retratadas duas mulheres
alternativas para suas fontes de
(“empreendedoras”) vendendo seus
renda, mostrando-se verdadeiras
quitutes, com o auxílio de um rapaz
“empreendedoras”40.
(que pode ser interpretado como
seu funcionário). Essa organização
percebida na imagem se assemelha
a uma logística administrativa
O trabalho autônomo, neste contexto,
empresarial que contribui com a
não é uma escolha, e sim a saída
economia e com o mercado de trabalho.
encontrada para a criação de renda
A diferença é que essa mesma força
dessas mulheres, tendo em vista
de trabalho foi invisibilizada, o que faz
a dificuldade de conseguirem
com que as mulheres da imagem sejam
empregos formais.
vistas como negras escravizadas e não
Vale colocar também o impacto como mulheres negras em potência.
causado nas micro e pequenas Enxergar a negritude e seus saberes
empresas pela pandemia do COVID-19 como geradores de renda é dar força
neste segmento, ainda mais quando a mais da metade da população que
ampliamos a discussão envolvendo detém a força de trabalho do país.
o recorte racial. Segundo um estudo
divulgado pelo Instituto de Pesquisa
Econômica Aplicada (Ipea) em 2021,
Negras cozinheiras vendedoras de angu
"as desigualdades, por assim dizer,
de Jean Baptiste Debret (1768-1848)43
são o desaguadouro da combinação
Fig 02
complexa de desvantagens materiais
42 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 40-42_Ver_ p. 102 43_Ver_ p. 103 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 43
4.5_Racismo na Política44
Fonte:
Adaptado de Elas no Congresso, Revista AzMina45.
44 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 44-45_Ver_ p. 103 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 45
A baixa representatividade movimentos feministas – chamada Mesmo que o “gênero” seja crucial
de pessoas negras na política primeira onda – estavam centrados para as mudanças, é importante
tem como consequência a falta nas experiências das mulheres pensar a partir do feminismo negro,
de políticas públicas voltadas brancas: o direito ao voto para que coloca em pauta as diversas
Eu não tenho tantos colegas
para essa população. É preciso as mulheres da elite e o direito violências cometidas contra o corpo
negros, eu posso dizer que eu
adentrar com a vivência dos ao trabalho. Porém, o início do negro, centralizando a mulher negra
tenho um, dois ou três. Mas, aqui
corpos negros numa sociedade movimento feminista não englobou no debate sobre política e o fazer
no Fórum, temos 90 varas. Na
racista para que possamos a realidade vivida pelas mulheres político. Para além de maior presença
zona sul, nós temos 20. Onde
dar luz a uma política que negras. Enquanto as mulheres não- de mulheres negras na política, é
estão os nossos servidores negros,
busque a equidade racial. No negras lutavam para que pudessem preciso que essas mulheres sejam
nossos colegas negros?”.
entanto, esse trabalho não é trabalhar e votar, tendo a garantia donas de sua própria trajetória e
(Maria Aparecida, 2019)
isolado, pois os representantes de exercer seu direito à cidadania, tenham o poder para exercer seu
não-negros eleitos também as mulheres negras já trabalhavam protagonismo.
precisam estar atentos às e lutavam pelo reconhecimento de
demandas da população negra, sua humanidade, já que, no século
que atualmente configura XVIII, a lógica escravocrata ainda
mais da metade da sociedade pairava como padrão legal. A partir
brasileira. desse fato, fica evidente que o
movimento feminista não pode ser
contado somente do ponto de vista
de uma única história ou apenas
considerando as questões de gênero.
Quando pensamos na equidade Ele deverá, sobretudo, alcançar outras
de direitos sociais, econômicos e questões, como as raciais e de classe,
políticos entre homens e mulheres, ou que aglutinam a mulher negra.
seja, feminismo, é necessário pensar
Por isso, ressaltamos a importância
nas protagonistas dessa história para
de ter mulheres negras no poder46,
que haja uma mudança significativa.
pois sua luta pela equidade não será
No século XVIII, os primeiros
motivada apenas pelo fator gênero. Fonte: Mulheres Negras no Poder:
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=6ezFMDrWue0
46 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 46_Ver_ p. 103 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 47
4.6_Desigualdade racial
F.15
As desigualdades sociais e
econômicas existentes no Brasil
dão a ilusão de que as diferenças de
tratamento, de qualidade de vida e
de cidadania entre pessoas negras e
pessoas brancas ocorrem por meio de
um único viés, a classe social. Porém,
além de enfrentar as desigualdades
na dimensão social e econômica, as
pessoas negras também passam pela
desigualdade racial, que tem a cor
da pele como marcador das diversas
injustiças postas a meninas/os,
mulheres e homens negros.
48 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 47_Ver_ p. 103 48_Ver_ p. 103 / F.15_Ver_ p. 107 Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 49
Numa sociedade onde a democracia
racial ainda é considerada uma
realidade, então não deveriam existir
diferenças tão grandes em relação
às condições essenciais para a vida,
como educação, moradia e trabalho
para pessoas brancas e negras, certo?
(1) Soma dias, populações, subocupação por insufiência, horas
desocupada e força de trabalho potencial. Para que a equidade e a igualdade
raciais sejam alcançadas, é
importante desconstruir a mentira Se liga,
da democracia racial e abrir os olhos
para combater ações que promovam
MERGULHE NO
as desigualdades raciais que acabam ASSUNTO!
reproduzindo o racismo.
50 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação Capítulo O racismo e suas representações na sociedade 51
F.16 F.17
F.16_Ver_ p. 107
05 F.17_Ver_ p. 107
5
NÃO BASTA NÃO SER RACISTA,
É PRECISO SER ANTIRRACISTA
54 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 49_Ver_ p. 103 / F.18_Ver_ p. 107 F.19_Ver_ p. 107 Capítulo “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 55
5.3_Identidade Negra Consolidado pelo padrão de beleza
exposto na TV – propagandas,
novelas, filmes e seriados – as
O sistema do país, infelizmente, ainda é racista e eurocêntrico. Como você construiu sua identidade? pessoas pretas são apresentadas
Como e quando você se tornou passando fome e dependentes de
(Raquel Dias, 2019)
negra(o)? Pessoas negras, antes mesmo doações para se alimentar, por
de terem a chance de refletirem sobre exemplo, enquanto figuras positivas
isso, desde cedo já são apontadas pelos de família e de alto poder aquisitivo,
outros como tal, o que as força a se boa escolaridade e bom emprego são
racializar desde muito jovens. 50 representadas por pessoas brancas.
Estes são exemplos que facilmente
Isso se dá pela representação assistimos na mídia e diante dos
social hegemônica constituída pela quais não nos quesitonamos o porquê
sociedade que convencionou um destes corpos ocuparem sempre a
padrão eurocêntrico51 como normal mesma posição.
e o estabeleceu como superior.
Se liga, mergulhe no assunto! Com isso, se cria um padrão ideal A naturalização desses marcadores
hegemônico: o homem, branco, sociais sobre esses corpos contribui
cisgênero, heterossexual e cristão, para a homogeneização dessas
Essa frase foi dita por Raquel Dias, Coordenadora Geral de Educação representações sociais. Isso impõe
que por conta dos valores positivos
de Relações Étnicos Raciais (MEC/2019), no vídeo “Você está sendo a permanência do ideal europeu
atribuídos a ele, é condicionado a
RACISTA e não sabe”, do Canal Preto, 2019. e impacta diretamente sobre
uma série de privilégios. Tudo que
se distancia dessa representação como os corpos das pessoas são
Para assistir ao vídeo na íntegra, clique no seguinte link:
eurocêntrica, que não cabe dentro lidos socialmente e como elas
https://bit.ly/3PwEiBU
destes marcadores, é tido como errado, são entendidas como sujeitos. Tal
é visto de forma negativa, coisificado, atribuição é equivocada, já que
desumanizado e excluído socialmente. identidade é algo permanentemente
mutável, que tem como significado
Meninas e mulheres negras passam o conjunto de características
por esse processo constantemente. pertencentes a algo ou alguém.52
56 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 50-51_Ver_ p. 103 Capítulo “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 57
52_Ver_ p. 104
Os processos de inferiorização, de Diante desse cenário, é necessário F.21
retirada da humanidade e imposição compreender que o entendimento
à subalternidade incorporados ao sobre a identidade negra é crucial
negro prejudicam a construção da para o antirracismo à medida que é
sua identidade. É comum que, após através da identificação com a cultura
esse processo, o corpo negro queira e a história africana e afro-brasileira
se distanciar de suas características que discriminações e preconceitos
Aos 16 anos, eu comecei
fenotípicas (formato dos olhos, raciais serão revistos, já que poderão
minha transição capilar e tive
nariz e boca, tom da pele, textura ser contrapostos ao eurocentrismo
meu primeiro contato com o
do cabelo, entre outros) através de imposto.
mercado de trabalho. E sofri
procedimentos estéticos, como o
um racismo muito pesado
alisamento do cabelo ou clareamento
por isso, porque eu estava na
da pele. De acordo com o estudo
transição capilar, e o gerente
Identidade negra entre exclusão e
F.20 do local onde eu trabalhava
liberdade (2016):
Por conta disso, é importante valorizar falou que meu cabelo não
e (re)afirmar a identidade negra, estava adequado por eu estar
colocando-a também como bela, utilizando tranças. A partir
normal e positiva. Naturalizar o uso desse momento, eu acredito
do cabelo Black Power, endredado, que também foi meio que um
No processo de afirmação
trançado, de acessórios como o choque de realidade para mim,
identitária, a revalorização das
durag53 e/ou turbantes , é uma das porque eu me aceitava, minha
culturas africanas constitui-se
formas de enaltecimento da cultura família me aceitava, meus
em pilar para a identidade negra,
negra, seja ela africana ou quilombola. amigos me aceitavam, mas a
pois pode servir para desconstruir
Além disso, a valorização pode se dar sociedade não me aceitava.
representações que alienam a
através do consumo de produtos feitos
pessoa negra de seu próprio corpo
por pessoas negras nos diferentes (Bruna Trajano, 2019)
e suas raízes étnico-raciais.
espaços que ocupam: moda, arte,
(Viviane Fernandes e Maria Cecília Souza, 2016) culinária, entre outros.
58 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação F.20_Ver_ p. 107 53_Ver_ p. 104 / F.21_Ver_ p. 107 Capítulo “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 59
5.4_Representatividade
F.22
60 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação F.22_Ver_ p. 107 Capítulo “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 61
Protagonistas de Novelas entre 1995 e 2014
Fonte:
CAMPOS, L. A; CANDIDO, M. R; JUNIOR, F. J. A Raça e o
Gênero nas Novelas dos Últimos 20 Anos. Gemaa, 201554.
62 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 54_Ver_ p. 104 55_Ver_ p. 104 Capítulo “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 63
5.5_Reconheça o privilégio mulher negra? Ou por que, na eleição
branco poucas pessoas negras foram eleitas?
E no seu ambiente de trabalho,
A questão da representatividade é muito importante na vida do quantas pessoas negras estão nesse
negro, da negra, desde sempre. Assim como é importante uma pessoa espaço? Quais são os seus cargos?
(Drª Valdirene Assis, 2019) negra enxergar a sua negritude, é Subalternos? E na época de escola,
fundamental que pessoas brancas quantas professoras/es negras/os
comecem a refletir sobre como seus você teve?
corpos são vistos pela sociedade, onde
o corpo branco é considerado como Se mais da metade da população
o padrão a ser seguido e almejado. A brasileira57 é negra, quais são os
reflexão sobre a não racialização das espaços que essa parcela está
pessoas brancas ajuda a compreender a ocupando? Desde cedo, crianças e
prática antirracista. jovens negras/os são ensinadas/
os a olhar para essa ausência,
Enquanto as pessoas negras são questionar e refletir sobre ela. Agora
racializadas precocemente, ainda é necessário que pessoas não-negras
Se liga, mergulhe no assunto! na infância, pessoas brancas façam o mesmo.
ainda não se veem como brancas
dentro do âmbito racial. A partir Uma das questões que atingem o
O trecho acima é da fala da Drª Valdirene Assis, desse reconhecimento é possível privilégio branco é que nem todas/
coordenadora geral da COORDIGUALDADE, retirada do perceber os privilégios restritos às os aquelas/aqueles que vivenciam
vídeo Falta REPRESENTATIVIDADE NEGRA na TV!, do pessoas brancas, criando assim a branquitude são totalmente ou
Canal Preto, 2019. injustiças entre grupos sociais em plenamente privilegiadas/os. O que é
vulnerabilidade56. uma verdade, pois estamos inseridos
Para assistir ao vídeo na íntegra, clique no seguinte link: numa sociedade desigual, seja em
https://bit.ly/3yJXCW0 Pessoas brancas devem aprender a relação à raça, gênero ou classe.
contar. Ao chegar nos lugares devem Porém, é necessário lembrar que
se perguntar: por que num espaço privilégio é uma questão social que
entre lideranças não há nenhuma será determinada a partir do coletivo,
64 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 56-57_Ver_ p. 104 Capítulo “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 65
e não do individual. Ou seja,
mesmo que o seu privilégio não te
dê vantagens em certos aspectos,
certamente lhe dará em outros,
mesmo que você não perceba.
F.23
66 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação F.23_Ver_ p.108 Capítulo “Não basta não ser racista, é preciso ser antirracista” 67
F.24
Direitos 6
DIREITOS
Como vimos anteriormente, as pontos de partida que pretendem
diferentes formas de racismo promover equidade, algo além da
estrutural e institucional colocaram igualdade que, por mais necessária
a população negra nos níveis que seja, não é capaz de trazer,
mais baixos da pirâmide social e sozinha, as mesmas oportunidades.
impossibilitam sua ascensão para os A proposta é garantir que mais
níveis mais altos. oportunidades sejam alcançadas pela
população negra.
A fim de ampliar as oportunidades
de acesso a pessoas negras, surgem
políticas públicas que estabelecem
F.25
EXPRESSÕES RACISTAS 60
Algumas dessas expressões são
jogada em suas bocas com uma
colher de pau.
heranças do período colonial, no
qual o negro era visto como objeto.
Como por exemplo a expressão
“a dar com o pau”, que teve origem
nos navios negreiros. Quando as
pessoas sequestradas se negavam a
F.26
"Indiada" se refere
a um grupo ou
conjunto de índios,
porém é usada para
descrever algo que
não deu certo ou até
mesmo algo chato.
Fonte:
MORAES, I. K. Racismo na Língua Portuguesa.
Meon, 202160.
72 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 60_Ver_ p. 105 F.26_Ver_ p. 108 Capítulo Direitos 73
F.27
Fonte:
Adaptado de Agência Jovem de Notícias, 11 expressões
racistas que você deveria parar de usar no dia a dia.
Vamos à prática?
76 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 61_Ver_ p. 105 62/64_Ver_ p. 105 Capítulo Direitos 77
as/os funcionárias/os da delegacia
que se recusarem a fazer o seu
trabalho. Após a queixa, é importante
acompanhar todo o processo.
7
COMO TEM SIDO SUA ATUAÇÃO?
Como tem sido sua
atuação?
Para exercer de fato a prática a única possível. No resgate de
antirracista como educadora/ experiências boas e ruins como
educador, também é preciso olhar educadoras/es, será possível traçar
para dentro e entender a própria estratégias de atuação que fogem
identidade, seja ela negra ou do eurocentrismo e também do
não. Com isso, será possível nos etnocentrismo, abrindo passagem
reconhecermos como agentes de para a descolonização do saber
transformação. Em uma educação e colocando a própria pessoa
racializada de base eurocêntrica educadora como produtora de
que apaga a história preta do país conhecimento.
e, consequentemente, invisibiliza
a memória de mais da metade da
população, se faz necessária uma
melhor compreensão de si.
07
Educadoras e educadores negras/
os precisam se reconhecer como Eu, particularmente, acredito muito
intelectuais de suas próprias na agência transformadora dessas
vivências, pois esse lugar de fala e desses educadoras/es negras/
deve ser afirmado como fonte de os que acreditam que podem
conhecimento. Abrir espaço para a contribuir para que seus alunos e
intelectualidade negra também é dar suas alunas consigam olhar para o
abertura para novas possibilidades do mundo a partir de outras lentes.
educar.
(Maria Clara Araújo, 2020)
A educação eurocêntrica não é
F.30
Com a informação em mãos, o
que deve ser feito?
82 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação F.30_Ver_ p. 108 Capítulo Como tem sido sua atuação? 83
Relembre as ações com temática racial que já foram realizadas.. Deixe a
imaginação fluir e pense nas possíveis ações que podem ser colocadas em
VÁ ALÉM
prática no dia a dia como pessoa educadora. Abaixo, uma tabela para que suas DO DIA 20 DE NOVEMBRO
ideias possam começar a tomar forma.
07) 07)
08) 08)
09) 09)
10) 10)
84 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação F.31_Ver_ p. 108 Capítulo Como tem sido sua atuação? 85
Na tabela abaixo, você poderá descrever quais ações a sua organização
pretende realizar:
01)
02)
03)
04)
05)
06)
07)
08)
09)
10)
86 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação Capítulo Como tem sido sua atuação? 87
d) Se sua casa já encheu de água da quadra e, em seguida, faça uma
88 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação Capítulo Como tem sido sua atuação? 89
o "perigo da história unica" e dê 4. Finalize a atividade explicando
uma história com protagonismo de número de participantes. Divida as/os Foi fácil ou difícil? Por quê?
1. A primeira parte será um jogo da 2. A segunda parte será dedicada à - As histórias são parecidas?
memória, cujo objetivo será encontrar criação das histórias, que deverão ser Por quê? Se não, quais as diferenças
(imagem e descrição). Primeiramente, trabalhados no jogo da memória. - Qual a importância de se ter Fonte:
prepare um jogo de cartas, onde Antes de iniciar, explique sobre personagens negras em histórias? Ruth de Souza, primeira atriz negra a atuar no
Theatro Municipal. Conheça sua história em:
uma das cartas do par deverá conter https://goo.su/FIdQx
90 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação 65_Ver_ p. 105 Capítulo Como tem sido sua atuação? 91
mulheres negras que se destacaram
92 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação Capítulo Como tem sido sua atuação? 93
Abaixo seguem alguns exemplos de mulheres negras que fizeram história no
Brasil por serem pioneiras em suas áreas: ATIVIDADE:
3 MOMENTOS
01 02 03
escravocrata no século 17. para uma escola de samba no Rio
ACESSE: https://bit.ly/3LW4Eu2 de Janeiro.
ACESSE: https://goo.su/rH7rMy
94 Almanaque Antirracista para Profissionais da Educação Capítulo Como tem sido sua atuação? 95
F.32
Notas de
distintos que se complementam, seja peça para que construam sua própria
em uma oficina, aula, encontro, etc. boneca. A turma deve amassar o
jornal para moldar sua boneca/o,
rodapé
O primeiro momento será para usar unindo as partes com durex ou cola.
vídeos como campanhas, desenhos e Além disso, o grupo pode caracterizar
comerciais que abordam a temática suas bonecas/os com giz, lápis de cor,
racial de acordo com a faixa etária canetinha, etc. Peça ao grupo para
da turma. Nessa temática há vários cada um pensar em um nome, origem,
história e habilidade especial para a/o
assuntos a serem abordados, como
boneca/o, além de explicar a escolha
raça e racismo, colorismo, cotas
da cor de pele com que decidiram
raciais, identidade, etc. Foque
pintá-la/o. Quando a turma finalizar
cada aula/encontro em um desses
a atividade, inicie o debate com as
assuntos. questões norteadoras.
RODAPÉ
tam mais da metade da população do abordagem-conceitual-das-nocoes-
Brasil. In: OLIVEIRA, Fátima. Ser negro de-raca-racismo-dentidade-e-etnia.
no Brasil: alcances e limites. Instituto pdf> Acesso em: 25/04/2022.
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dade de São Paulo, São Paulo, v. 18, n.
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fato etc.) manifesta senso de justiça, p.
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conceitual-das-nocoes-de-raca- 370-377.
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racismo-dentidade-e-etnia.pdf>
comparação, mostrarem-se as e psicológico. Um conjunto
Acesso em: 25/04/2022.
mesmas proporções, dimensões, populacional dito raça “branca”, 14_“Nesse período da chamada
naturezas, aparências, intensidades; “negra” e “amarela”, pode conter em “modernização nacional'', a pretensa
uniformidade; paridade; estabilidade. 4_Idem, 2018, p.19-24. seu seio diversas etnias. Uma etnia falta de braços "laboriosos", capazes
"i. de oportunidades". Com isso a é um conjunto de indivíduos que, de responder às exigências da
definição de igualdade racial será histórica ou mitologicamente, têm "nova economia", teria exigido
atribuída ao que diz o Estatuto da 5_Idem, 2018, p. 25.
um ancestral comum; têm uma que governantes e fazendeiros
Igualdade Racial (LEI Nº 12.288) que língua em comum, uma mesma promovessem uma intensa imigração
tem como dever “garantir à população 6_MUNANGA, K. Superando o religião ou cosmovisão; uma mesma de europeus” SCHWARCZ, L. M.;
negra a efetivação da igualdade de racismo na escola. Brasília: Ministério cultura e moram geograficamente GOMES, F. S. Dicionário da escravidão
oportunidades, a defesa dos direitos da Educação, Secretaria da Educação num mesmo território”___________. e liberdade. São Paulo:Editora
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e o combate à discriminação e às Diversidade. p. 65. noções de raça, racismo, identidade
demais formas de intolerância étnica.” e etnia. Palestra proferida no 3º
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7_Idem, 2018, p. 25. democracia racial. Tempo Social,
2_ALMEIDA, S. L. Racismo estrutural. e Educação-PENESB-RJ, em 05
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. “ENTENDA o MITO da DEMOCRACIA RACIAL” 1 vídeo (8:35)
Disponível em: https://www.youtube.com/watch?v=d775DrTsgqM&t=435s