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Printed in Brazil
Impresso no Brasil
Bárbara Carine Soares Pinheiro
PEDAGOGIA HISTÓRICO-CRÍTICA
NA FORMAÇÃO DE PROFESSORES DE CIÊNCIAS
Curitiba - PR
2016
Editora Appris Ltda.
1ª Edição - Copyright© 2016 dos autores
Direitos de Edição Reservados à Editora Appris Ltda.
Nenhuma parte desta obra poderá ser utilizada indevidamente, sem estar de acordo com a Lei nº 9.610/98.
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Foi feito o Depósito Legal na Fundação Biblioteca Nacional, de acordo com as Leis nºs 10.994, de 14/12/2004 e 12.192,
de 14/01/2010.
FICHA TÉCNICA
EDITORIAL Augusto V. de A. Coelho
Marli Caetano
Sara C. de Andrade Coelho
COMITÊ EDITORIAL Andréa Barbosa Gouveia - Ad hoc.
Edmeire C. Pereira - Ad hoc.
Iraneide da Silva - Ad hoc.
Jacques de Lima Ferreira - Ad hoc.
Marilda Aparecida Behrens - Ad hoc.
ASSESSORIA EDITORIAL Camila Dias Manoel
COORDENAÇÃO - ARTE E PRODUÇÃO Adriana Polyanna V. R. da Cruz
DIAGRAMAÇÃO Thamires Santos
CAPA Isabelle Natal
REVISÃO Camila Dias Manoel
WEB DESIGNER Carlos Eduardo H. Pereira
GERENTE COMERCIAL Eliane de Andrade
LIVRARIAS E EVENTOS Estevão Misael | Milene Salles
ADMINISTRATIVO Selma Maria Fernandes do Valle
COMITÊ CIENTÍFICO DA COLEÇÃO EDUCAÇÃO, TECNOLOGIAS E TRANSDISCIPLINARIDADE
A autora
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO..................................................................................... 17
CAPÍTULO 1
REFERENCIAIS TEÓRICOS....................................................................... 27
CAPÍTULO 2
O NOSSO CONTEXTO INVESTIGATIVO................................................. 99
CAPÍTULO 3
A APROPRIAÇÃO DISCENTE DA PEDAGOGIA
HISTÓRICO-CRÍTICA............................................................................... 103
REFERÊNCIAS.................................................................................... 205
LISTA DE ABREVIATURAS E SIGLAS
EDCB 71 –
Estágio em Química I
EDCB 72 –
Estágio em Química II
EDCB 73 –
Estágio em Química III
EDCB 74 –
Estágio em Química IV
Fundo de Financiamento ao Estudante do Ensino
FIES –
Superior
IRB –
Institutional Review Board
IQ –
Instituto de Química
MEC –
Ministério da Educação
PAEP –
Programa de Apoio a Eventos no País
Programa de Formação Inicial e Continuada,
PARFOR –
Presencial e a Distância, de Professores para a
Educação Básica
Programa Institucional de Bolsa de Iniciação à
PIBID –
Docência
Programa Institucional de Qualificação Docente para
PIQDTEC –
a Rede Federal de Educação Profissional, Científica e
Tecnológica
PPGEA –
Programa de Pós-Graduação em Educação Agrícola
Programa de Apoio à Formação Superior e
PROLIND –
Licenciaturas Interculturais
UAB –
Universidade Aberta do Brasil
UFBA –
Universidade Federal da Bahia
UEFS –
Universidade Estadual de Feira de Santana
15
INTRODUÇÃO
17
A atividade docente é essencial para o desenvolvimento
humano, tanto do ponto de vista social quanto individual. A edu-
cação tem o poder de gerar consciência de classe nos sujeitos de
modo a levá-los a perceber a sua condição de exploração e alie-
nação (MARTINS, 2004). Mas como gerar consciência de classe3
em quem não tem?
Uma formação docente que seja alheia às questões sociais,
decorrentes de um modelo de sociabilidade que explora o homem
pelo homem, de forma alienante e aparentemente natural, presta
um desserviço à humanidade. Precisamos de educadores críticos
que se saibam condicionados, explorados e alienados de modo a
lutar no sentido da geração de uma consciência crítica nos indi-
víduos sociais a fim de se utilizar a escola como instrumento de
libertação e de apropriação do saber sistematizado.
No ensino de ciências, em especial da Química, pesquisas
têm sido desenvolvidas com a finalidade de propor alterações na
formação docente de forma a melhorar a sua prática, tornando a
ciência mais interessante ao estudante e facilitando assim a sua
aprendizagem4. Pensamos que proposições metodológicas (no
sentido de variações das estratégias de ensino) na formação de
professores são de extrema relevância. Entretanto, apontamos
para a necessidade de cursos de licenciatura em ciências que
também promovam discussões de natureza filosófica, que situem
este professor no mundo.
A depender da sua formação e da sua concepção de mundo,
um professor pode ter tanto uma prática revolucionária, que
3
“Marx estabeleceu, desde o início, uma distinção entre a situação objetiva de uma classe e a
consciência subjetiva desta situação, isto é, entre a condição de classe e a consciência de classe”
(BOTTOMORE, p. 76, 1988). A consciência de classe se remete a uma ideia de uma consciência
para-si, que é uma construção psicossocial e não a uma consciência em si, pois esta advém das
estruturas fisiológicas dos sujeitos, de modo que todas as pessoas possuem (MARTINS, 2004).
4
Ver SANTOS; SCHNETZLER, 1996; ZANON; MALDANER, 2007; SANTOS; MALDANER,
2010; OKI, 2006; LÔBO, 2005; BELLAS, 2012; MESSEDER-NETO, 2012; GONZALEZ, 2011;
ANUNCIAÇÃO, 2012; MORADILLO, 2010.
7
“Crítica, no sentido marxiano, significa sempre a busca dos fundamentos históricos e sociais que
deram origem a determinado fenômeno social, permitindo, com isso, compreender a sua natureza
mais profunda e não simplesmente o questionamento de lacunas ou imperfeições.” (TONET, p.
11, 2013).
REFERENCIAIS TEÓRICOS
27
1.1.1 Materialismo histórico-dialético: as influências
da dialética hegeliana
1. Partir da realidade;
2
De acordo com Marx (1980), o fetichismo da mercadoria é um fenômeno social e psicológico
onde as mercadorias aparentam ter uma vontade independente de seus produtores. Neste
fenômeno ocorre que as mercadorias produzidas a partir da mediação humana parecem ganhar
vida própria, como se elas surgissem no cenário cultural independentemente da ação humana.
Desta forma a relação entre as pessoas é cada vez mais subsumida em razão de uma relação entre
as mercadorias.
Estas teorias são críticas, uma vez que postulam não ser
possível compreender a educação senão a partir de seus
condicionantes sociais. Há, pois, nestas teorias uma cabal
percepção da dependência da educação em relação à
sociedade. Entretanto, como na análise que desenvolvem
chegam invariavelmente à conclusão de que a função pró-
pria da educação consiste da reprodução da sociedade em
que ela se insere, bem merecem a denominação de “teo-
rias crítico-reprodutivistas” (SAVIANI, 2006, p. 16).
Trabalho
1. A ideia de atividade;
2. A ideia de vitalidade;
3. A ideia de liberdade;
4. A ideia de individualidade;
5. A ideia de coletividade.
• Portal do Professor
• Programa Pró-Equipamentos
• Portal de Periódicos
medida direta.
Ana – Acho que valeu a pena pelas falas que pude gravar
na catarse, até pelo início na problematização eles fize-
ram bastante desabafos de coisas que eles vinham viven-
ciando quanto a defasagem da saúde pública. Então acho
que só pela questão inicial de você fazer um aluno pen-
sar no sistema em que ele tá vivendo, tentar questionar,
mudar de início já foi proveitoso; e no final depois de ver
que alguns aprenderam as funções orgânicas, sabendo
diferenciar, falam usando termos científicos. Eu acho que
valeu super a pena sim.
Isabelle – Até que não. Eu pensei até que fosse ter uma
certa dificuldade por ser uma metodologia de ensino
aprendizagem que nem todos conhecem; a gente tem
aquela metodologia tecnicista que é a que todos os pro-
fessores usam e até a da Escola Nova de uma certa forma,
mas a pedagogia histórico-crítica ela não é muito difun-
dida. Mas eu achei que o professor recebeu de braços
abertos, ele até gostou, porque ele disse que é um conhe-
Por fim, Ana nos relata que utilizaria sim a pedagogia his-
tórico-crítica, que é uma metodologia que ela levará para a vida.
O que Ana nos afirma é muito relevante, pois a pedagogia
histórico-crítica é uma pedagogia para vida. Por mais que ten-
temos reduzi-la a um procedimento composto por cinco passos, a
pedagogia histórico-crítica é uma teoria pedagógica que discute
as relações de poder existentes em nossa sociedade, apontando
para os meios de superação da mascarada dicotomia social que
assola os nossos dias. Desta forma, utilizar esta pedagogia é para
além de ensinar a partir dos cinco passos, mas sim olhar o mundo
via os seus pressupostos.
Todos os licenciandos, após as suas experiências de
estágio, afirmaram que continuariam a utilizar a pedagogia
histórico-crítica em suas práticas docentes. Isso é de grande
importância, pois revela que esta não só é uma pedagogia viável
como também atrativa.
199
• A pedagogia histórico-crítica julga o conteúdo mais crucial do
que o método nos processos pedagógicos;
205
GONZALEZ, I. Conceitos e valores que fundamentam a tomada de decisão de
estudantes do ensino médio sobre o uso de substâncias psicoativas. Dissertação
(Mestrado em Ensino, História e Fiosofia da Ciência) – Instituto de Física da Universidade
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Associados, 2013.