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FACULDADE MARIA MILZA

BACHARELADO EM CIÊNCIAS CONTÁBEIS

SÁVIO SANTOS BULHÕES

ADEQUAÇÃO DA CONTABILIDADE DE UMA ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA DO


TERCEIRO SETOR LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA BA A
ITG 2002 (R1)

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
SÁVIO SANTOS BULHÕES

ADEQUAÇÃO DA CONTABILIDADE DE UMA ORGANIZAÇÃO RELIGIOSA DO


TERCEIRO SETOR LOCALIZADA NO MUNICÍPIO DE FEIRA DE SANTANA BA A
ITG 2002 (R1)

Trabalho de conclusão de curso


apresentado ao Curso de Bacharelado em
Ciências Contábeis da Faculdade Maria
Milza, como requisito parcial para
obtenção do título de graduado.

Orientadora: Profª. Ma. Priscilla Motta Oliveira Ramos

GOVERNADOR MANGABEIRA – BA
2017
Dados Internacionais de Catalogação

Bulhões, Sávio Santos


B933a Adequação da contabilidade de uma organização religiosa do
terceiro setor localizada no município de Feira de Santana – Ba a
ITG 2002 (R1) / Sávio Santos Bulhões. – Governador Mangabeira
– Ba, 2017.

73 f.

Orientadora: Profa. Ma. Priscilla Motta Oliveira Ramos

Trabalho de Conclusão de Curso (Graduação em Ciências


Contábeis) – Faculdade Maria Milza, 2017.

1. Terceiro setor. 2. Demonstrações Contábeis. 3. Organização


Religiosa. I. Ramos, Priscilla Motta Oliveira. II. Título.

CDD 658.048
Dedico este trabalho primeiramente а Deus, por me conduzir em
cada etapa do meu aprendizado, autor de mеυ destino, mеυ
guia, socorro presente na hora da angústia, ао mеυ pai Josival
Santos Bulhões, minha mãe Denise Silva Santos Bulhões е аоs
meus irmãos.
AGRADECIMENTOS

Primeiramente agradeço а Deus que permitiu que tudo isso acontecesse, toda
honra e toda glória sejam dados ao nome Dele, é o maior mestre que alguém pode
conhecer.
Agradeço imensamente aos meus pais, Denise Silva Santos Bulhões e Josival
Santos Bulhões, pela dedicação, confiança no potencial do seu filho, pelo amor,
incentivo е apoio incondicional.
A Faculdade Maria Milza, seu corpo docente, direção е administração que
oportunizaram а janela que hoje vislumbro um horizonte superior, eivado pela
acendrada confiança no mérito е ética aqui presentes.
A minha orientadora professora mestra Priscilla Motta Oliveira Ramos, pelo
suporte no tempo que lhe coube, pelas suas correções е incentivos.
Agradeço а todos os professores por me proporcionar о conhecimento não
apenas racional, mas а manifestação do caráter е afetividade da educação no
processo de formação profissional, por tanto que se dedicaram а mim, não somente
por terem me ensinado, mas por terem me feito aprender. А palavra mestre, nunca
fará justiça aos professores dedicados aos quais sem nominar terão os meus eternos
agradecimentos.
Meus agradecimentos aos amigos, companheiros de turma е irmãos na
amizade que fizeram parte da minha formação е que vão continuar presentes em
minha vida com certeza, em especial a Selva, mais precisamente a Erico, Ricardo e
William.
Agradeço a minha noiva Leidemile por toda motivação, compreensão nos
momentos mais difíceis no desenvolvimento desta pesquisa.
A todos que direta ou indiretamente fizeram parte da minha formação, о meu
muito obrigado.
RESUMO

O Terceiro Setor surgiu da necessidade de prestar assistência às pessoas que ficam


à margem da sociedade, contribuindo assim com a redução da desigualdade social.
É constituído por organizações sem fins lucrativos e não governamentais, com a
finalidade de disponibilizar serviços de caráter público. Nesse contexto estão inseridas
as organizações religiosas que atendem as necessidades do corpo e da alma de
pessoas que necessitam de apoio, principalmente espiritual. A contabilidade se
constitui como instrumento obrigatório e balizador no processo de gestão dos recursos
e prestação de contas desse tipo de entidade aos seus diversos usuários, gerando
informações com maior transparência, confiabilidade e relevância, fundamental para
o processo de tomada de decisões e captação de recursos. Existe um segmento da
ciência contábil específico para atender as demandas das entidades sem fins
lucrativos com normas específicas, dessa forma, as mesmas devem seguir as
orientações previstas na Interpretação Técnica Geral (ITG). Nesse âmbito o objetivo
desta pesquisa é analisar a adequação de uma organização religiosa localizada em
Feira de Santana - BA a ITG 2002 (R1). A metodologia consiste em uma pesquisa
descritiva, por meio de estudo de caso com análise documental e caráter qualitativo.
A coleta de dados foi realizada através de um formulário previamente desenvolvido
com base nos critérios previstos na ITG 2002 (R1) que devem ser observador pelas
entidades do terceiro setor A análise das demonstrações contábeis da organização
religiosa referente aos exercícios de 2014 e 2015 permitiu o preenchimento desse
formulário. Ademais foi realizada uma entrevista semiestruturada com o contador
responsável pela contabilidade da entidade com o objetivo de complementar a análise
das demonstrações contábeis e verificar critérios de reconhecimento, contas de
compensação e notas explicativas. As análises dos dados apontam que a organização
elabora todos os demonstrativos contábeis obrigatórios para as entidades do terceiro
setor, porém os mesmos não se encontram em conformidade com tudo que é previsto
na ITG 2002. O Balanço Patrimonial está de acordo com o que é estabelecido na
norma. A Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício descumpre a norma
apenas por não evidenciar as contas de despesas por tipo de atividade. A
Demonstração das Mutações do Patrimônio Social, é nomeada de forma equivocada
de Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido, nomenclatura correta para as
organizações do segundo setor. A Demonstração dos Fluxos de Caixa foi elaborada
pelos dois métodos (direto e indireto) contudo, não evidenciou as receitas por tipo de
atividade. Referente as notas explicativas, percebe-se que não evidencia as
imunidades e isenções conforme preconizado pela ITG 2002. Com relação ao
Reconhecimento, faltou a segregação por tipo de atividade. Em linhas gerais, a
adequação da organização em estudo a norma ITG 2002 (R1), não ocorreu de forma
plena, ou seja, a mesma atendeu parcialmente o que a norma estabelece.

Palavras-chave: Terceiro Setor, Demonstrações Contábeis, Organização Religiosa,


Captação de Recursos.
ABSTRACT

The Third Sector arose from the need to provide assistance to people who are
marginalized, thus contributing to the reduction of social inequality. It is made up of
non-profit and non-governmental organizations, in order to provide public services. In
this context are inserted religious organizations that meet the needs of the body and
soul of people who need support, especially spiritual. Accounting is a mandatory and
effective instrument in the process of resource management and accountability of this
type of entity to its various users, generating information with greater transparency,
reliability and relevance, which is fundamental to the decision-making and fundraising
process . There is a specific segment of accounting science to meet the demands of
non-profit entities with specific standards, so they must follow the guidelines provided
in the General Technical Interpretation (ITG). In this context the objective of this
research is to analyze the adequacy of a religious organization located in Feira de
Santana - BA to ITG 2002 (R1). The methodology consists of a descriptive research,
through a case study with documental analysis and qualitative character. The data
collection was done through a form previously developed based on the criteria
established in ITG 2002 (R1) that should be observer by the entities of the third sector
The analysis of the financial statements of the religious organization referring to the
exercises of 2014 and 2015 allowed the fulfillment this form. In addition, a semi-
structured interview was conducted with the accountant responsible for the accounting
of the entity with the purpose of complementing the analysis of the financial statements
and verifying recognition criteria, clearing accounts and explanatory notes. The
analysis of the data shows that the organization prepares all the mandatory financial
statements for the third sector entities, but they are not in compliance with everything
provided for in ITG 2002. The Balance Sheet is in accordance with what is established
in the standard. The Statement of the Year's Surplus or Deficit disregards the standard
only because it does not show the expense accounts by type of activity. The Statement
of Changes in Shareholders' Equity is mistakenly referred to as the Statement of
Changes in Equity, the correct nomenclature for the organizations in the second sector.
The Statement of Cash Flows was elaborated by the two methods (direct and indirect),
however, it did not show the revenues by type of activity. Regarding the explanatory
notes, it is evident that it does not show immunities and exemptions as recommended
by ITG 2002. Regarding Recognition, segregation by type of activity was lacking. In
general terms, the adequacy of the study organization to the ITG 2002 standard (R1)
did not occur in full, that is, it partially met what the standard establishes.

Keywords: Third Sector, Financial Statements, Religious Organization, Fundraising.


LISTA DE ILUSTRAÇÕES

Figura 1 – Registro de Organizações Religiosas nos últimos sete anos..................17


Figura 2 – Panorama histórico das Normas aplicadas ao Terceiro Setor.................29
LISTA DE QUADROS

Quadro 1 – Código de Ética do Captador de Recursos............................................21


Quadro 2 - Alterações nas Normas aplicadas ao Terceiro Setor..............................28
Quadro 3 - Demonstrações Contábeis Segundo Setor x Terceiro Setor..................33
Quadro 4 – Aspectos para divulgação das Notas Explicativas.................................38
Quadro 5 - Itens normativos: Balanço Patrimonial....................................................43
Quadro 6 - Itens normativos: Demonstração do Superávit ou Déficit do
Exercício.....................................................................................................................47
Quadro 7 - Itens normativos: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido
Social .........................................................................................................................50
Quadro 8 - Itens normativos: Demonstração dos Fluxos de Caixa...........................51
LISTA DE SIGLAS

ABCR – Associação Brasileira de Captação de Recursos


CFC – Conselho Federal de Contabilidade
CNPJ – Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica
DFC – Demonstração do Fluxo de Caixa
DMPL – Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Social
ESFL – Entidades Sem Fins Lucrativos.
IBPT – Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação
ITG – Intepretação Técnica Geral
NBC – Normas Brasileiras de Contabilidade
NBC TG – Normas Brasileiras de Contabilidade Técnica Geral
ONG – Organização Não-Governamentais
OSC – Organizações da Sociedade Civil
PIB – Produto Interno Bruto
PROFIS – Associação de Procuradores de Justiça de Fundações e Entidades de
Interesse Social
SENAR – Serviços Nacional de Aprendizagem Rural
SUMÁRIO
1. INTRODUÇÃO ...........................................................................................................................10
2. REFERENCIAL TEÓRICO .......................................................................................................13
2.1 CARACTERIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR......................................................................13
2.1.1 Organização Religiosa.......................................................................................................17
2.2 CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR ................20
2.3 CONTABILIDADEAPLICADA AO TERCEIRO SETOR .......................................................23
2.4 NORMAS CONTÁBEIS APLICADAS AO TERCEIRO SETOR ...........................................26
2.4.1 ITG 2002: Reconhecimento e contas de Compensação .............................................30
2.4.2 ITG 2002: Demonstrações Contábeis .............................................................................32
2.4.2.1 Balanço Patrimonial ..........................................................................................................34
2.4.2.2 Demonstração do Resultado do Período ........................................................................35
2.4.2.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Social .........................................35
2.4.2.4 Demonstração dos Fluxos De Caixa ...............................................................................36
2.4.2.5 Notas Explicativas .............................................................................................................37
3. METODOLOGIA ........................................................................................................................39
3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA .........................................................................................39
3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS .......................................................................................40
4. RESULTADOS E DISCUSSÕES .............................................................................................42
4.1. BALANÇO PATRIMONIAL ....................................................................................................42
4.2. DEMONSTRAÇÃO DO SUPERÁVIT OU DÉFICIT DO EXERCÍCIO ................................45
4.3. DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO SOCIAL ...............48
4.4. DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA ....................................................................50
4.5. NOTAS EXPLICATIVAS ........................................................................................................53
4.6. RECONHECIMENTO E CONTAS DE COMPENSAÇÃO ...................................................54
5. CONSIDERAÇÕES FINAIS .....................................................................................................56
REFERÊNCIAS ..............................................................................................................................60
APÊNDICE A: ITG 2002 (R1): Demonstrações Contábeis ....................................................67
APÊNDICE B: ITG 2002 (R1): Reconhecimento, Contas de compensação e Notas
Explicativas ...................................................................................................................................69
10

1. INTRODUÇÃO

O surgimento de organizações sem fins lucrativos é caracterizado como um


aspecto de indagação pela contextualização histórica, assim sendo, o Terceiro Setor
em si não possui dado exato de qual seja as primícias das entidades deste setor. “O
Terceiro Setor no Brasil teve as primeiras evidências de atividades relacionadas a ele
com a criação da Santa Casa de Misericórdia, de cunho totalmente assistencialista,
por Brás Cubas em 1543” (IRMANDADE DA SANTA CASA DE MISERICÓRDIA, 2012
apud OLIVEIRA, 2015, p. 182).
Um acontecimento notável no Brasil foi a campanha contra a fome, iniciada no
início da década de noventa pelo sociólogo Herbert de Sousa, o Betinho. A campanha
foi um marco na prática da cidadania, pois mobilizou empresas, universidades e a
sociedade em geral em torno de uma das questões mais perversas na história do
desenvolvimento humano: a fome (IMETON, 2008).
Pode-se dizer, então, que os movimentos sociais brasileiros ganharam forças
provenientes dos pronunciamentos nas décadas de 80 e 90, contribuindo assim, de
maneira significativa para a conquista da democracia surgindo assim uma base sólida
para a origem do Terceiro Setor.
As organizações sem fins lucrativos atualmente realizam atividades cada vez
mais amplas e relevantes para a sociedade, ou seja, as entidades inseridas no setor
estudado movimentam 8% do Produto Interno Bruto (PIB) nacional e, conforme o
presidente da Associação Nacional de Procuradores e Promotores de Justiça de
Fundações e Entidades de Interesse Social (PROFIS), em linhas gerais estas
entidades têm-se dificuldades técnicas de gestão (OLIVEIRA, 2015).
O Terceiro Setor possui uma grande importância para a sociedade na qual ela
está inserida, pois, são por meio de suas atividades que atendem na maioria das
vezes as necessidades sociais.
O Terceiro Setor é caracterizado por mobilizações da sociedade, a mesma é
conhecida como organizações sociais de caráter filantrópico e assistencial, que
através dos movimentos sociais caracterizaram-se como porta-vozes dos problemas
sociais.
Progredindo com o apoio do Primeiro Setor (Governo) e do Segundo Setor
(Privado), as organizações sociais ganharam força de forma significativa diante do
11

cenário da evolução histórica da mesma. Nos dias atuais, esse setor em estudo
necessita de boa administração para uma boa campanha com finalidade de certificar
as atividades sociais desenvolvidas.
São muitos os desafios que devem ser superados pelas organizações do
Terceiro Setor, para certificar seu papel social e promover qualidade de vida das
pessoas. Os desafios enfrentados para gestão das organizações do Terceiro Setor
podem ser apresentados como principais: eficácia na gestão e na captação de
recursos, assim como tornar transparente toda movimentação.
Nesse contexto a contabilidade desponta como uma ferramenta de gestão para
controlar seus recursos e suas destinações proporcionando uma maior confiabilidade
por parte dos usuários, para que a mesma possa conseguir alcançar um bom número
de doadores e assim dar continuidade as suas atividades.
Caracterizando-se como objeto de estudo, as organizações religiosas se
assemelham com as associações em termos de constituições primárias, aspecto
discutido no corpo do referencial teórico. Contudo, as organizações religiosas,
contemplando as entidades do Terceiro Setor, também necessitam da contabilidade
como parceira, a fim de alcançar a eficácia na gestão, assim como, na utilização dos
recursos.
A contabilidade realiza um papel de uma das principais parceiras das
organizações sociais, evidenciando a saúde organizacional, desenvolvendo
juntamente com os gestores estratégias para manter suas atividades por meios de
captação de recursos, para isso necessita de todo procedimento exigido pela norma
específica do setor em tese, ou seja, a Interpretação Técnica Geral – ITG 2002 (R1)
– entidades sem fins lucrativos, é uma norma restrita ao terceiro setor que está em
constante alterações.
Diante do que foi exposto surge a seguinte indagação: de que forma ocorreu a
adequação da contabilidade de uma organização religiosa localizada em Feira de
Santana as alterações da Norma ITG 2002 (R1)?
Para atender o problema da pesquisa, advém como objeto geral: analisar a
adequação da contabilidade de uma organização religiosa localizada em Feira de
Santana as alterações da Norma ITG 2002 (R1). Atrelado ao objetivo geral dispõe-se
os respectivos objetivos específicos:
 Discutir as normas contábeis específicas do terceiro setor e suas últimas
alterações;
12

 Descrever os procedimentos para elaboração das demonstrações contábeis de


entidades do terceiro setor diferenciando-as das demais organizações;
 Verificar a adequação da contabilidade da organização em estudo a ITG 2002
(R1).
O presente estudo justifica-se pela relevância do tema em questão ter seu
papel de destaque dentro da economia e tem realizado um papel de grande
importância na área social, necessitando utilizar a contabilidade como meios de
transparência proporcionando clareza em relação as suas receitas (doações) e as
respectivas destinações em suas atividades sociais.
Na perspectiva acadêmica, justifica-se pela escassez de pesquisas voltadas ao
tema proposto, em consequência torna-se um possível diferencial futuramente para o
pesquisador, além de contribuir para pesquisas adivinhas.
Na concepção pessoal, pondera a intimidade com o tema em questão e por ser
um estudo em uma das organizações que elaboram os demonstrativos, assim como,
se a mesma seguir todos os procedimentos estabelecidos em normas, além de
receber gratuidades na esfera pública beneficiando os mais necessitados,
movimentará grande soma de recursos, empregando pessoas, gerando benefícios
econômicos.
13

2. REFERENCIAL TEÓRICO

O Primeiro Setor caracteriza-se pelo Governo, que é responsável pelas


questões sociais. O Segundo Setor é o privado, visando lucro pelas questões
particulares. O não atendimento do Estado para com as questões sociais
integralmente, fez com que o setor privado começasse a contribuir através de várias
instituições, caracterizando assim o surgimento do Terceiro Setor, constituído de
organizações sem fins lucrativos e não governamentais, com o intuito de promover
serviços de caráter social. Tendo em vista o objetivo central deste estudo, nos
próximos tópicos são abordados conteúdos referentes ao Terceiro Setor.

2.1 CARACTERIZAÇÃO DO TERCEIRO SETOR

As entidades do Terceiro Setor realizam serviços à população que envolve os


direitos dos cidadãos, como, por exemplo, saúde, educação, entre outros. A mesma
caracteriza-se como instituições sem fins lucrativos conhecidas como as
Organizações da Sociedade Civil (OSCs) ou Organizações Não-Governamentais
(ONGs), sendo integrada ao espaço público não estatal. O nome Terceiro Setor se dá
pela finalidade de fins públicos e característica privada, não se enquadrando no
Primeiro Setor (Estado), e controlada pelo direito privado, contudo não se classifica
como instituições do Segundo Setor (Mercado).
Diante do que foi exposto, Modesto (2006) conceitua Terceiro Setor como
sendo “pessoas privadas de fins públicos, sem finalidade lucrativa, constituídas
voluntariamente por particulares, auxiliares do Estado na persecução de atividade de
conteúdo social relevante”. O Banco Nacional de Desenvolvimento Social - BNDES
(BRASIL, 2001, p.4), complementa que:
O terceiro setor constitui-se na esfera de atuação pública não estatal, formado
a partir de iniciativas privadas, voluntárias, sem fins lucrativos, no sentido do
bem comum. Nesta definição, agregam-se, estatística e conceitualmente, um
conjunto altamente diversificado de instituições, no qual incluem-se
organizações não governamentais, fundações e institutos empresariais,
associações comunitárias, entidades assistenciais e filantrópicas, assim
como várias outras instituições sem fins lucrativos.

As entidades que constituem o Terceiro Setor originam-se a partir de


movimentos sociais, caracterizando-se como fontes importantes para o alcance de um
nível social dinâmico e democrático, onde as orientações são propícias pelas atitudes
14

de solidariedade, espírito de voluntariado, entendimento e desejo do bem comum


desenvolvendo uma função de interlocutores (SOUZA, 2005).
Os autores citados concordam com a premissa de que as organizações
classificadas como Terceiro Setor tem participações significativas nas finalidades
sociais através de inúmeras instituições.
Todavia o setor em tese é constituído por associações e fundações que
geralmente são concedidos outras formas de identificação como Organizações Não-
Governamentais ou Organizações da Sociedade Civil, Institutos, etc. A depender do
seu formato, formalização, fim e setor (OLIVEIRA 2009, p.49). A saber:
a) Associações: são formados por pessoas que visam realizar atividades com
determinada finalidade sequer sejam assistencial, ambiental, social, etc.
Não objetivando obter lucro. A cerca disto Oliveira (2009, p.49) salienta que
“associação são organizações baseadas num contrato estabelecido
livremente entre indivíduos para exercer atividades comuns ou defender
interesses afins.”
b) Fundações: são formadas pelas entidades de direito privado com
personalidade jurídica e fins filantrópicos, ou seja, fundação é um
patrimônio com interesse público sem intuito de lucro que obtêm identidade
jurídica por iniciativa de seu instituidor (PACHECO 2012, p. 19).
c) Organizações Religiosas: semelhantes à associação são constituídos por
pessoas com interesse relacionado a profissão da religiosidade e fé, ou
seja, segundo o Manual de Procedimentos para o Terceiro Setor (2015)
“são pessoas jurídicas formadas por pessoas que se unem para a
realização de atividades sem finalidade lucrativa, voltadas à religiosidade e
à profissão da fé” (GRAZIOLI ET AL, 2015, p.36), muitas vezes realizando
atividades voltadas para a coletividade.
d) Partidos Políticos: conforme Petry et al (2016), o partido político
caracteriza-se como “pessoa jurídica de direito privado, sem fins lucrativos,
com a finalidade de assegurar o regime democrático e defender os direitos
constitucionais”, desta forma, o partido político servem como ferramenta
utilizando o meios adequados para alcançar o poder realizando uma ponte
de ligação entre a sociedade e a representação política nos demais
parlamentos.
15

Contudo, a constituição do terceiro setor em seus diversos formatos de


organizações, é composta por pessoas com participação voluntária, realizando
práticas de melhoria social.
Há críticas sobre as ações realizadas pelo Terceiro Setor, sobre isso, Montaño
(2010, p.15) apud Souza (2016, p.25) além de criticar o termo, contesta que a
sociedade civil está inserida no Primeiro e Segundo Setor, sendo assim seria falsa
ideia de um Terceiro Setor. O autor afirma que:
[...] as mudanças ocorridas e em processo, referentes à perda de direitos de
cidadania por serviços e políticas sociais, assistenciais e por uma seguridade
social estatais, universais e de qualidade (particularmente nos países
centrais) e à sua precarização e focalização (particularmente nos países
periféricos), à remercantilização e refilantropização da “questão social”,
afetam profundamente tanto os setores mais carentes quanto o conjunto dos
trabalhadores.

O objetivo fundamental das organizações do Terceiro Setor é a melhoria da


qualidade de vida atendendo a uma necessidade específica, sendo que cada um
busca isso por caminhos diferentes a exemplo entidades voltadas ao meio ambiente,
educação, cultura, saúde, esportes e outros.
O Terceiro Setor tem se tornado uma peça fundamental nos dias atuais para a
sociedade, pela circunstância de contribuir com o desenvolvimento social, buscando
junto ao Estado a melhor qualidade de vida, logo a mesma tem sido uma grande
parceira e não substituto do Estado acerca de múltiplos problemas sociais seja eles
de desigualdades financeiras, culturais e educacionais que são as mais frequentes,
isto é, que carecem de uma organização que aja juntamente com o Estado para
proporcionar melhorias na qualidade de vida dos cidadãos.
Na mesma linha de pensamento Machado (2009, p.187) apud Silva (2014,
p.13) afirma que:
As famílias, as pessoas com as mais diferentes carências, necessitam de
uma comunidade autônoma e organizada, principalmente nas grandes
cidades, que as apoie e as atenda em seus problemas sociais, que conheça
suas necessidades, seus transtornos e que tente de alguma forma, resolve-
los. Essas comunidades autônomas e organizadas inserem-se no Terceiro
Setor, como entidades de fins não econômicos, que não possuem finalidade
de lucro para seus associados e que querem, antes de tudo, o bem-estar
social.

Considera-se que a grande maioria das mudanças e inovações sociais de


destaque foi atingida pela criação de organizações do Terceiro Setor, como por
exemplo: serviços para deficientes, serviços hospitalares e de educação
desenvolvimento espiritual, pesquisa de doenças, serviços de bem-estar social e há
16

pouco tempo proteção ao meio ambiente e outros. Elas têm missão de melhorar o
mundo tornando-o mais compreensível e justo.
Machado (2009) apud Silva (2014, p. 21) complementa afirmando a grande
“importância do Terceiro Setor, ou seja, parte da sociedade organizada juridicamente,
com apoio do governo, para prestar serviços sócios assistenciais a quem deles
necessite”.
Considerando a grande relevância do setor em tese, vale ressaltar a sua
importância no cenário atual, bem como a estrutura, e seu conceito já anotado
anteriormente. Contudo, para a criação de uma associação parte da premissa no qual
nasce da oportunidade e/ou necessidade compartilhada num grupo que tenha
interesse em comum. Diante disto, o Serviço Nacional de Aprendizagem Rural –
SENAR (2011) complementa que “a ideia básica é resolver problemas comuns a estas
pessoas ou potencializar suas ações individuais a partir da força que o grupo
proporciona”.
A existência de uma associação é de fundamental importância na sociedade,
uma vez que, intensifica e fortalece determinada categoria com propósito específico.
Assim sendo, o Manual de Procedimentos para o Terceiro Setor complementa
evidenciando que,
é a forma pela qual certo número de pessoas, ao se congregarem, colocam,
em comum, serviços, atividades e conhecimentos em prol de um mesmo
ideal, objetivando a consecução de determinado fim, com ou sem capital e
sem intuitos lucrativos. (GRAZIOLI ET AL. 2015).

Nesse contexto, para o funcionamento e existência juridicamente de uma


associação, se dá pelo registro e presença de três órgãos deliberativos que segundo
Grazioli et al., (2015) são “Assembleia Geral, Diretoria Executiva e o Conselho Fiscal”,
atendendo assim alguns requisitos obrigatórios exposto pelo Art. 54 do Código Civil e
pelo Art. 120 da Lei n.º 6.015/73 (Lei de Registros Públicos).
Após toda formalização jurídica da associação é importante ressaltar que é de
direito de todos os associados o livre acesso aos documentos pertinentes da
associação para fins de análise, prestação de conta, atualização de dados, etc., para
tanto, que os solicite com tempo hábil (Grazioli et al., 2015).
Por fim, é importante destacar mais uma vez que as associações são pessoas
jurídicas de direito privado detentoras de direitos e deveres. E um desses deveres
zelar por uma contabilidade adequada e atualizada, evidenciando frequentemente as
declarações obrigatórias aos órgãos de controle e fiscalização.
17

Com tamanha dimensão do que o Terceiro Setor pode proporcionar para a


qualidade de vida, não é possível mensurar a capacidade do progresso que a mesma
pode alcançar através das atividades sociais. Para efetivar a permanência da atuação
e a evolução contínua do Terceiro Setor são necessários meios de captação de
recursos para sustentar suas atividades. Diante disto é considerável um
gerenciamento em que disponha de boas estratégicas nas organizações para a
captação de recursos.

2.1.1 Organização Religiosa

O objeto de estudo consiste em uma organização religiosa, para tanto, é de


grande relevância analisar de forma específica tal fator, apresentando aspectos
importantes que vão contribuir imensamente.
Considerando, o objeto de estudo, mas precisamente a organização religiosa,
exerce um número considerável em relação aos registros juntamente à Receita
Federal do Brasil.

Figura 1 – Registro de Organizações Religiosas nos últimos sete anos.

Fonte: Receita Federal do Brasil (2010).

Dados do Instituto Brasileiro de Planejamento e Tributação (IBPT) citados pelo


O Globo (2017) mostram que “há 47.246 CNPJs ativos de organizações religiosas no
Brasil no período de janeiro de 2010 a março de 2016. O estado campeão foi São
Paulo, com 17.052”.
Dados obtidos pelo IBGE velam que no ano de 2010, havia 290,7 mil
Fundações Privadas de Associações sem Fins Lucrativos no Brasil, em números, mais
18

precisamente à religião 28,5%, associações patronais e profissionais 15,5%, e ao


desenvolvimento e defesa de direitos 14,6% (IBGE, 2010).
A tal processo, é notório uma quantidade elevada de constituições de entidades
do Terceiro Setor, é caracterizado como não burocrático e possibilita alguns autores
criticar as organizações sem fins lucrativos. Uma fiscalização escassa que pode ser
caracterizado por este setor obter isenções e imunidades aos tributos, ou seja, por
não ser identificadas como receita na visão das esferas públicas, não precisa-se de
uma fiscalização de forma eficiente quanto às constituições e cumprimentos das
normas específicas.
Conforme Montaño (2002, p.53) complementa, tece críticas ao Terceiro Setor
como forte aliado do capital de modo que suas ações contradizem as “boas intenções”
camufladas sobre ele e desse modo: “O conceito terceiro setor foi cunhado por
intelectuais por intelectuais orgânicos do capital, e isso sinaliza clara ligação com os
interesses de classe, nas transformações necessárias à alta burguesia” e ao
complementar sua crítica, também coloca dentre outros fatores:
[...] claramente neopositivista, estruturalista, funcionalista ou liberal, que isola
e autonomiza a dinâmica de cada um deles, que, portanto, desistoriciza a
realidade social. Como se o “político” pertencesse à esfera estatal, o
“econômico” ao âmbito do mercado e o “social” remetesse apenas à
sociedade civil, num conceito reducionista.

Como mencionado anteriormente, a organização religiosa é semelhante à


associação, ou seja, se enquadra na Lei Federal 10.825/03 constitui de pessoa
jurídica formada por pessoas sem o objetivo de lucro, e suas atividades são voltadas
para a religiosidade e a profissão da fé. (BRASIL, 2003).
Diferentemente das empresas, que para a obtenção de lucro a mesma é
realizada por meio de ações, quotas, venda de mercadorias, etc., o patrimônio das
entidades sem fins lucrativos é constituído por doações, subvenções, contribuições,
com objetivo de obter superávit para aqueles que são beneficiados com as ações da
entidade.
Em complemento, Olak (2006) evidencia que,
O patrimônio das empresas é mantido e ampliado, normalmente, por novos
recursos captados dos seus proprietários ou pelo ingresso de novos
acionistas/ quotistas, ou ainda, por lucros gerados pela própria empresa. Já
nas ESFL a manutenção e ampliação do patrimônio ocorrem, tal como na sua
formação, por contribuições, doações e subvenções. Além disso, estes
recursos podem ser acrescidos por receitas financeiras, receitas de capital e,
em casos especiais, até mesmo por lucros obtidos na venda de produtos,
mercadorias e serviços prestados, os quais serão, sempre, utilizados na
19

própria manutenção das atividades e nunca para serem distribuídos, como


ocorre nas empresas.

Precisamente, as organizações religiosas como o próprio nome já diz, são


instituições com tendências religiosas, onde sua arrecadação tem a finalidade de
realizar a manutenção dos templos, caridade para seus participantes, motivo pela qual
são isentas de pagamento de impostos.
O principal objetivo das organizações religiosas, numa visão ampla, consiste
de forma voluntária, caminhar benefícios para as pessoas que necessitam de ajuda,
onde o Estado, sozinho, jamais alcançaria. Oliveira e Durãs (2014), as associações
voluntárias condizem realmente com a semelhança das organizações religiosas,
Na realidade, os valores religiosos sempre foram um bom terreno para o
desenvolvimento do setor voluntário. Todas as tradições religiosas
ressaltavam o papel de instituições como a família, os amigos, os vizinhos e
a Igreja como as primeiras instâncias às quais apelam em tempos de
necessidades.

Concordando com que o autor evidencia, o mesmo quis dizer que as


organizações religiosas ajudam as pessoas que necessitam independentemente da
precisão, seja para atender as necessidades “do corpo como também da alma”. Por
essa razão o Código Civil Brasileiro assegurou a isenção de impostos para esse tipo
de entidade Fazer citação do Código Civil.
A fim de prestação de contas no que diz respeito às entidades religiosas, Silva
(2013), ressaltam que “as paróquias realizam o controle financeiro com finalidade de
administrar de forma clara o controle de suas entradas e saídas em período mensal,
para que seja entregue a Arquidiocese de forma registrada e contabilizada”.
É neste exato momento em que a contabilidade tem a participação mais
fundamental, no qual, essas atividades se tornam indispensáveis ao administrador
junto ao profissional de contabilidade, prestando contas tanto para a organização
interna quanto aos fiéis de sua comunidade, demonstrando toda a movimentação
financeira de determinado período.
Um dos maiores desafios para as organizações do terceiro setor é a questão
da sustentabilidade econômica, ou seja, obter capacidade suficiente para conseguir o
pagamento das despesas, quitar obrigações, executar projetos, entre outros. Desta
forma, é de fundamental importância que haja a captação de recursos, bem como a
ampliação de diversificação dessas fontes,
A vista disto, Oliveira e Durãs (2014), ressalta algumas atividades mais comuns
nas organizações religiosas para a obtenção de receita:
20

... contribuições voluntárias dos fiéis (dízimos, coletas, coletas especiais que
são destinadas conforme o previsto no art. 22 do Regimento da CAEP);
receitas com festejos populares ou de serviços prestados; receita com venda
de bens patrimoniais ou a cobrança de créditos; aluguéis; receitas
financeiras; recebimento de bens de terceiros; vendas de artigos religiosos
(atividades que envolvem apenas as necessidades pastorais, conhecida pela
contabilidade como reembolsam de subsídios, pois se praticado comércio a
igreja deixa de obedecer a seus princípios institucionais).

Contudo, as captações de recursos das organizações religiosas assim como a


prestação de contas têm o contador como um parceiro evidenciando um papel de
fundamental importância para a organização. Tratando de captação de recursos, o
próximo tópico faz jus à captação de recursos em organização do terceiro setor de
forma geral.

2.2 CAPTAÇÃO DE RECURSOS EM ORGANIZAÇÕES DO TERCEIRO SETOR

Para se sustentar e realizar os objetivos voltados às entidades inseridas no


setor em estudo são necessários recursos, financeiros, humanos e/ou materiais, este
capítulo abordará as formas de captação de recursos por esse tipo de organização.
Em geral as entidades do Terceiro Setor carecem de meios para captação de
recursos com a finalidade de viabilizar suas atividades, de maneira a alcançar
resultados positivos. Em termos gerais Goldschmidt e Calfat (2014) enfatizam que a
captação de recursos “é um instrumento essencial para a sustentabilidade de uma
organização social”, ou seja, o mesmo é amparado por relacionamentos, parcerias
e/ou compromissos de longo prazo, constituindo meios para encontrar e convencer
quem participe a partir das necessidades da entidade.
É de suma importância para as organizações inseridas no Terceiro Setor obter
diferentes formas de captação de recursos a fim de manter o processo em
continuidade. A captação de recursos pode ocorrer por meio da esfera municipal,
estadual e federal tendo como principais fontes (nessas esferas) as subvenções
sociais que são cedidas às entidades sem fins lucrativos que realizarem serviços
fundamentais de assistência social, médica e educacional. De maneira complementar
aos recursos de origem privada; incentivos fiscais para as entidades que evidenciem
atender as necessidades sociais e o auxílio que consistem em dotações derivadas da
Lei do Orçamento que estabelece transferência de capital para investimento,
independentemente de contraprestação direta de bens ou serviços (MONTEIRO,
2011).
21

As atividades mais comuns são: doações, vendas de produtos, organizações


de eventos e outros. Dessa forma Cicca (2009) afirma que:
as formas de captação de recursos podem ser de diversas formas e podem
advir das empresas privadas ou públicas, de pessoas como individuais,
agências internacionais de financiamentos, através do governo, e em sua
maioria por meio de venda de serviços e eventos realizados para promover a
captação de recursos.

Cicca (2009) alerta que as receitas das organizações do Terceiro Setor não
podem ultrapassar 60% de uma só fonte de captação de recursos Por essa razão a
importância de captar recursos de diferentes fontes. O planejamento de captação de
recursos deve ser adequado à realidade de cada entidade, de modo a evitar eventuais
contratempos como o não alcance da eficácia projetada para determinada entidade,
ou seja, o modelo de projeto (captação) pode ser semelhante para todas as entidades,
porém os procedimentos a serem utilizados vão depender das peculiaridades de cada
organização. A Associação Brasileira de Captação de Recursos (ABCR, 2007),
estabelece um Código de Ética do captador de recursos para as organizações sem
fins lucrativos, apresentando as seguintes bases:

Quadro 1 – Código de Ética do Captador de Recursos


Sobre a legalidade O captador de recursos deve respeitar incondicionalmente a
legislação vigente no País;
Sobre a remuneração O captador de recursos deve receber pelo seu trabalho apenas a
remuneração preestabelecida
Sobre a confidencialidade e O captador de recursos deve respeitar o sigilo das informações
lealdade aos doadores sobre os doadores obtidas em nome da organização em que
trabalha;

Sobre a transparência nas O captador de recursos deve exigir da organização para a qual
informações trabalha total transparência na gestão dos recursos captado;

Sobre conflitos de interesse O captador de recursos deve cuidar para que não existam conflitos
de interesse no desenvolvimento de sua atividade;
Sobre os direitos do doador O captador de recursos deve respeitar e divulgar o Estatuto dos
Direitos do Doador
Sobre a relação do captador O captador de recursos, seja funcionário ou autônomo ou
com as organizações para voluntário, deve estar comprometido com o progresso das
quais ele mobiliza recursos condições de sustentabilidade da organização.
Fonte: Elaborado pelo autor adaptado de ABCR (2017)

É evidente que o captador de recursos deve ser fiel a transparência, ética,


conhecer profundamente a organização, planejar ações de marketing direto e social,
ser conhecedor das leis vigentes no país, além disso, manter a honestidade e
compromisso com a missão e a sustentabilidade da organização.
22

É notório que uma boa estratégica no processo de captação de recursos


contribui para a sustentabilidade das organizações, além de que contribui também
para o desenvolvimento dos seus objetivos, acerca disso Camargo (2014) alega que,
O planejamento estratégico é essencial para que as instituições possam se
desenvolver e evoluir para atender as inovações que o mercado impõe as
entidades, dessa forma, cabe aos envolvidos e integrantes da área de
decisão terem a consciência de que a elaboração de estratégias viáveis,
alcançáveis e realistas devem ser estipuladas e disseminadas a equipe em
geral, afim, de atender ao público alvo e concretizar sua missão.

Neste contexto, observa-se que além da necessidade de um planejamento


estratégico, necessita-se também de incentivo às organizações a progredir de formar
empreendedora, ou seja, tornando-se mais independentes em relação à obtenção de
recursos externos, produzindo bens ou serviços com a disponibilidade de ser
comercializado e seu lucro ser reinvestido para custear ações na própria instituição.
Na mesma linha de raciocínio Goldschmidt e Calfat (2014) afirmam que:
A maior parte dos empreendimentos sociais surge dos ideais de um
empreendedor que, notando uma necessidade em uma determinada
comunidade, começa a mobilizar recursos para criar um projeto social que
resolva ou, pelo menos, minimize aquele problema.

Discorrendo sobre as formas de captação de recursos, é indispensável


mencionar a lei que norteia o Terceiro Setor em relação à execução desta captação,
a Lei 13.019 de julho de 2014, que amplia a importância da contabilidade para
realizações de parcerias, apresentando como destaque um meio de prestação de
contas para com os financiadores e controle dos procedimentos.
A Lei 13.019/14 no âmbito Federal, estabelece o regime jurídico das parcerias
entre a administração pública e as organizações da sociedade civil, em regime de
mútua cooperação, para a consecução de finalidades de interesse público e recíproco,
mediante a execução de atividades ou de projetos previamente estabelecidos em
planos de trabalho inseridos em termos de colaboração, em termos de fomento ou em
acordos de cooperação; define diretrizes para a política de fomento, de colaboração
e de cooperação com organizações da sociedade civil (BRASIL, 2014).
O Terceiro Setor apresenta uma premissa básica em não obter lucro, as
dificuldades estão em discussões constantes na gestão dessas organizações,
geralmente as ajudas dos colaboradores não são suficientes para manter um bom
funcionamento dos projetos, porém se mantém com formas diferentes de captação de
recursos. A organização por intermédios referente aos recebimentos de recursos
prontamente está sujeita à prestação de contas para com os usuários internos e
23

externos por meios de demonstrações contábeis, no qual a contabilidade tem uma


função fundamental de manter a transparência exibindo as destinações dos recursos
nas organizações.

2.3 CONTABILIDADE APLICADA AO TERCEIRO SETOR

As entidades do Terceiro Setor expressam gradativamente sua importância e


desenvolvimento diante a sociedade, de forma a trazer demandas que foram
atendidas pela criação de um ramo da contabilidade específico para esse tipo de
entidade. Trata-se de uma contabilidade como instrumento para formalizar a criação
das organizações, regularizar diante as leis vigentes, apresentar os demonstrativos
com transparência, transmitir informações nos demonstrativos financeiros e outras
funções. Nesse cenário pode-se destacar que a transparência é um mecanismo
indispensável, logo a contabilidade exerce papel de fundamental importância na
prestação de contas e transparência por intermédio das demonstrações e relatórios.
No entendimento de Almeida e Ferreira (2007, p. 9), “a entidade do Terceiro
Setor tem a obrigação de prestar contas do seu desempenho, ações desenvolvidas e
serviços oferecidos com transparência e responsabilidade a todos os envolvidos,
sejam eles membros, voluntários, clientes ou fontes financiadoras”
Complementando, a contabilidade precisa ser um sistema capaz de produzir
informações em certo intervalo de tempo que possam ser relevantes para os seus
usuários, de modo que não sejam esgotadas as necessidades dos mesmos, mas que
sirvam de apoio imediato para uma tomada de decisão importante (IUDÍCIBUS, 2010
apud SILVA, 2014, p. 20).
Desta forma é notória a necessidade de uma gestão com transparência e
eficácia, o que é possível quando conta com a ciência contábil, por intermédio de
escrituração e da elaboração dos demonstrativos contábeis e as devidas
interpretações dos mesmos.
É a Contabilidade a ferramenta capaz de conduzir a entidade sem fins
lucrativos aos meios de transparência para com os donatários dos recursos por elas
utilizados ou até mesmo para com a comunidade em que oferece seus serviços.
(SILVA, 2013).
Devido às características e importância do Terceiro Setor, é relevante ressaltar
a essência da informação caracterizando como um instrumento de comunicação entre
24

os usuários. Para Padoveze (2000, p. 38), “a informação deve ser tratada como
qualquer outro produto que esteja disponível para consumo. Ela deve ser desejada,
para ser necessária. Para ser necessária, deve ser útil”.
De grande importância é a contabilidade para o Terceiro Setor, uma das
atividades é produzir informações confiáveis para gerar uma comunicação entre os
usuários, à mesma é tão importante para as organizações do Terceiro Setor que
Drucker (1990) certifica que 60% de todos os problemas administrativos são
resultados da ineficiência na comunicação.
A instituição sem fins lucrativos deve ser baseada na informação. Ela deve
ser estruturada ao redor das informações que fluem dos indivíduos que
executam o trabalho para aqueles que estão no topo – os responsáveis finais
– e também ao redor das informações que fluem para baixo. Esse fluxo de
informações é essencial, porque uma organização sem fins lucrativos precisa
ser uma organização de aprendizado. (DRUCKER, 1990, p. 132).

Nesse contexto, as entidades do Terceiro Setor, se utilizam da contabilidade


para geração de informações relevantes no processo de gestão, sendo importante
instrumento para garantir a transparência na comunicação entre os usuários internos
e externos. Campos (2003, p.27) afirma que "o aumento do volume dos recursos
arrecadados pelas entidades do terceiro setor sem fins lucrativos é acompanhado por
uma maior necessidade de transparência quanto a sua aplicação”.
É considerada uma divulgação com transparência quando a mesma não há
dificuldades com o entendimento do que foi exposto (SILVA, 2014). Sendo assim, em
relação ao processo operacional da entidade, quanto maior for a transparência,
consequentemente obterá maior credibilidade perante a sociedade, e com isso mais
recursos poderão ser arrecadados. Daí a grande relevância da transparência na
contabilidade das organizações do Terceiro Setor.
Alguns autores afirmam que a transparência e a prestação de contas não são
vistas com a devida relevância pelas organizações do Terceiro Setor, sendo que a
divulgação dos resultados e demonstrativos contábeis é realizada pela minoria das
organizações sociais (ZITTEI; POLITELO; SCARPIN, 2013).
Por outro lado, a transparência, divulgação das demonstrações contábeis e a
devida prestação de contas à comunidade, interferem na quantidade de doações
recebidas pelas entidades do terceiro setor. Nesse sentido Pereira, Oliveira e Ponte
(2008) reconhecem que “a transparência é vista como um aspecto fundamental para
as organizações que compõem o Terceiro Setor, uma vez que a prática da gestão
transparente auxilia as organizações na captação de recursos”.
25

Diante deste cenário é necessário que as organizações do Terceiro Setor


prestem conta de como foram aplicados os recursos financeiros e o quanto foi gasto
para o desenvolvimento das atividades, sempre priorizando a transparência em todo
processo. Nesse sentido, assim como afirmam os autores, é recomendado a
elaboração das demonstrações contábeis, pois ocorrendo a não elaboração dos
mesmos consequentemente refletirá de forma negativa sobre os usuários externos
(doadores) que necessitam dessas informações para acompanhar o processo e obter
todo conhecimento de como de fato estão sendo aplicados os recursos.
Afinal, aqueles que doam e/ou investem seus recursos, e demais usuários,
carecem de informações quanto ao alcance dos objetivos sociais de tais
organizações. Diante disso, a transparência é um fator relevante nos processos
organizacionais, uma vez que apresenta tudo que foi aplicado no processo
operacional às partes interessadas, considerando as destinações e origem dos
recursos (COELHO E GONÇALVES, 2011). Desta forma, para almejar a eficácia e
obter o diferencial na busca por recursos, as organizações precisam adotar a
transparência em suas práticas (PEREIRA; OLIVEIRA; PONTE, 2008).
O papel da contabilidade para com o Terceiro Setor é de grande relevância, de
acordo com o IBRACON (2016) a contabilidade tem a função de,
demonstrar com clareza e precisão os fatos e atividades operacionais das
entidades que compõem este importante setor. Os voluntários, doadores,
parceiros e o governo esperam que os recursos alocados sejam efetivamente
destinados à sua finalidade principal, e por isso a transparência é vital nessas
organizações.

Mesmo com a liberdade com que são elaborados os procedimentos contábeis


nas entidades do Terceiro Setor, é imprescindível a obediência aos Princípios
Fundamentais de Contabilidade atendendo a transparência citada pelo IBRACON,
garantindo a confiabilidade nas suas demonstrações assim como acontece nas
empresas com fins lucrativos (segundo setor).
Na mesma linha de raciocínio, Cordeiro (2013) afirma que “para que haja uma
maior transparência na prestação de contas de uma entidade do terceiro setor, deve-
se sempre elaborar os demonstrativos contábeis de acordo com as normas e os
princípios fundamentais da contabilidade”.
À vista disso, o Terceiro Setor se coloca para a Ciência Contábil como ramo da
contabilidade, dispondo de conhecimentos aprofundados na realização dos serviços
não somente os obrigatórios, e sim oferecendo todo suporte complementar adequado.
26

Em razão de que a contabilidade para as entidades independente de setor inserido


disponibiliza ferramentas e conhecimentos fundamentais para a evidenciação da
situação patrimonial através das demonstrações, produzindo informações de
interesse de seus usuários internos e externos com clareza e precisão, submetendo-
se às normas regulamentadoras aplicadas ao Terceiro Setor.
Importante ressaltar também que o não atendimento às normas de forma
completa impacta diretamente nos títulos e qualificações que recebem as entidades
do Terceiro Setor. Existem três títulos e qualificações que podem ser requeridos pelas
organizações sem fins lucrativos do terceiro setor no âmbito Federal: Título de
Utilidade Pública, Certificado de Entidade Beneficente de Assistência Social e
Organização da Sociedade Civil de Interesse Público. As entidades devem cumprir
todos os requisitos para fazer jus a esse título, o Conselho Nacional de Assistência
Social (CNAS), examina periodicamente as prestações de contas, com o
descumprimento identificado, pode ocorrer, na renovação desses títulos, uma
advertência alertando tal descumprimento ou até o cancelamento do certificado caso
haja alguma irregularidade (TREZZA, 2009).
Tal título de qualificação permite para as entidades do Terceiro Setor vantagens
às organizações, a exemplo de recebimento de doações de pessoas jurídicas, bens
apreendidos, abandonados ou disponíveis administrado pela Secretaria da Receita
Federal, subvenções e auxílios da União Federal, entre outros (ZAPE, 2008).
As Normas contábeis aplicadas ao Terceiro Setor são emitidas pelo Conselho
Federal de Contabilidade e sofreram alterações ao longo do tempo, sempre no sentido
de refletir a real situação das organizações desse setor.
2.4 NORMAS CONTÁBEIS APLICADAS AO TERCEIRO SETOR

No Brasil, as normas e práticas contábeis que contemplam particularmente as


entidades sem fins lucrativos são elaboradas pelo órgão normativo Conselho Federal
de Contabilidade (CFC). Deve considerar os Princípios de Contabilidade para os
processos voltados à prática da profissão contábil, instituídos pela Resolução CFC n°
750/93 e alterados pela Resolução CFC n° 1.282/10 são: Entidade, Continuidade,
Oportunidade, Registro pelo Valor Original, Competência e Prudência (CFC, 2010).
Acerca disto, o Conselho Regional de Contabilidade do Rio Grande do Sul certifica
que, “devem ser observados os Princípios de Contabilidade que norteiam o exercício
27

da profissão contábil” (PETRY et al., 2016), ou seja, esses princípios irão apresentar
conceitos fundamentais para a prática do profissional.
A norma que antecede a atual vigente é identificada pela Resolução CFC nº
1.409/12 ITG 2002 (Interpretação Técnica Geral) – Entidade sem finalidade de lucros,
que foi aprovada em 21 de setembro de 2012, ela alterou as seguintes Resoluções:
 Resolução CFC nº 966-2003 – NBC T 10.19 – Entidades sem finalidade
de lucros;
 Resolução CFC nº 926-2001 – NBC T 10.19 – Entidades sem finalidade
de lucros;
 Resolução CFC nº 877-2000 – NBC T 10.19 – Aspectos Contábeis
Entidades sem fim lucro;
 Resolução CFC nº 852-1999 – NBC T 10.18 – Entidades Sindicais e
Associações de Classe;
 Resolução CFC nº 838-1999 – NBC T 10.18 – Aspectos Contábeis
Entidades Sindicais;
 Resolução CFC nº 837-1999 – NBC T 10.4 – Aspectos Contábeis
entidades diversas Fundações
Todavia, a mesma indica algumas informações importantes após revogar todas
as normas anteriores a ela, ou seja, segundo a ITG 2002 (R1), a norma estabelece
critérios e procedimentos específicos de avaliação, de reconhecimento das
transações e variações patrimoniais, de estruturação das demonstrações contábeis e
as informações mínimas a serem divulgadas em notas explicativas de entidade sem
finalidade de lucros.
A ITG 2002 (R1) expõe que entidades do Terceiro Setor podem ser constituídas
sob natureza jurídica de fundação de direito privado, associação, organização social
ou religiosa, partido político, técnico científica, esportiva, cultural, beneficente e outras,
com o a finalidade comum e/ou comunitária. Sobre o recolhimento de receitas e
despesas, a resolução estabelece que as entidades devem respeitar o regime contábil
de competência.
As doações e subvenções recebidas para custeio e investimento devem ser
reconhecidas no resultado, observado o disposto na NBC TG 07 - Subvenção e
Assistência Governamentais. Os registros contábeis precisam evidenciar as contas de
receitas e despesas, com e sem gratuidade, superávit ou déficit, de forma segregada,
28

identificáveis por tipo de atividade, tais como educação, saúde, assistência social e
demais atividades.
A norma ainda determina que as demonstrações contábeis que devem ser
elaboradas pela entidade sem finalidade de lucros são: o balanço patrimonial a
demonstração do resultado do período, a demonstração das mutações do patrimônio
líquido, a demonstração dos fluxos de caixa e as notas explicativas, conforme previsto
na NBC TG 26 ou na Seção 3 da NBC TG 1000, quando aplicável.
A Norma Brasileira de Contabilidade específica do Terceiro Setor vigente
atualmente é a ITG 2002 (R1) de 2015, aprovada em 02 de setembro de 2015 e alterou
a Resolução 1.409/12 ITG 2002. Contudo a mesma evidencia algumas
particularidades em que altera alguns itens e incluem outros, conforme Quadro 2:

Quadro 2 - Alterações nas Normas aplicadas ao Terceiro Setor.


ITG 2002 - 2002 ITG 2002 (R1) - 2015
8. As receitas e as despesas devem ser 8. As receitas e as despesas devem ser
reconhecidas, respeitando-se o regime contábil reconhecidas, respeitando-se o princípio da
de competência. competência.
9A. Somente as subvenções concedidas em
caráter particular se enquadram na NBC TG 07;
(incluída pela ITG 2002 (R1))
9B. As imunidades tributárias não se enquadram
no conceito de subvenções previsto na NBC TG
07, portanto, não devem ser reconhecidas como
receita no resultado. (incluída pela ITG 2002
(R1)
19. O trabalho voluntário deve ser reconhecido 19. O trabalho voluntário, inclusive de membros
pelo valor justo da prestação do serviço como se integrantes dos órgãos da administração, no
tivesse ocorrido o desembolso financeiro exercício de suas funções, deve ser reconhecido
pelo valor justo da prestação do serviço como se
tivesse ocorrido o desembolso financeiro
(c) a renúncia fiscal relacionada com a atividade 27. (...) (c) relação dos tributos objeto de renúncia
deve ser evidenciada nas demonstrações fiscal.
contábeis como se a obrigação devida fosse.
Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Visto que alguns itens normativos pertinentes ao Terceiro Setor estão


constantemente em alterações, o Quadro 2 trata-se das mudanças ocorridas nas duas
últimas atuais normas, ou seja, o quadro ilustrativo objetivou demonstrar o que alterou
da ITG 2002 aprovada em 2012, para a ITG 2002 (R1) aprovada em 2015, esta última,
fruto da revisão da anterior.
Para uma melhor compreensão, as últimas alterações ocorridas nas normas
aplicadas ao Terceiro Setor, estão evidenciadas na Figura 2.
29

Figura 2 - Panorama histórico das Normas aplicadas ao Terceiro Setor.

Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

A Figura 2 indica que as normas nº 837-1999, nº 838-1999, nº 852-1999, nº


877-2000, nº 926-2001, 966-2003 que faz jus aos anos de 1999 à 2003 foram
revogadas pela Resolução CFC nº 1.409-2012 (ITG 2002) de 2012 – Entidade sem
finalidade de lucros. A norma atual vigente específica para o Terceiro Setor é a ITG
2002 (R1) que trata de entidades sem finalidade de lucros, que altera a ITG 2002 de
2012.
A ITG 2002 (R1) Entidades sem Finalidade de Lucros,
Estabelece critérios e procedimentos específicos de avaliação, de
reconhecimento das transações e variações patrimoniais, de estruturação
das demonstrações contábeis e as informações mínimas a serem divulgadas
em notas explicativas de entidade sem finalidade de lucros. (CFC, 2012)

Ainda com relação à manifestação das alterações ocorridas no contexto


histórico das organizações sem fins lucrativos, vale ressaltar que as principais
alterações também incluem as substituições dos nomes de algumas contas com o
objetivo de diferenciá-las das organizações do Segundo Setor.
Para a elaboração da escrituração deve-se atentar em algumas informações
contidas nas demais normas. Nesse contexto o Conselho Regional de Contabilidade
do Rio Grande do Sul evidencia que “para realizar a escrituração contábil das
organizações do Terceiro Setor existe a necessidade de observar algumas
particularidades trazidas pelas demais NBCs” (PETRY et al., 2016).
Sendo assim, a compreensão dos profissionais em relação às normas é
essencial para a elaboração dos demonstrativos das organizações qualquer que seja
30

o setor inserido, atenta-se também às alterações ocorridas nas Resoluções referentes


ao setor em tese para que seja feito as devidas modificações em tempo hábil e
tempestivo sendo que uma alteração ocorrida em tempo desfavorável prejudicará a
organização tanto externamente a respeito de fiscalização, divulgação e outros;
quanto internamente em questão de gestão, tomada de decisão e outros.
Acerca do que foi mencionado em relação às alterações e inclusões da ITG
2002 (R1), bem como as peculiaridades constatadas os próximos sub tópicos tratarão
de discutir a ITG 2002 (R1).

2.4.1 ITG 2002: Reconhecimento e contas de Compensação

A norma aplicável ao setor em estudo faz jus também aos tipos de


reconhecimento no que diz respeito às suas operações realizadas. Como ponto
principal se destaca o trabalho voluntário prestado às entidades sem fins lucrativos,
ou seja, o trabalho voluntário é o conjunto de atividades de interesse social em que
todas suas ações são feitas sem qualquer recebimento de remuneração.
Dando seguimento ao trabalho voluntário, a Lei 9608/98 deixa em evidência
que,
Considera serviço voluntário, para os fins desta Lei, a atividade não
remunerada prestada por pessoa física a entidade pública de qualquer
natureza ou a instituição privada de fins não lucrativos que tenha objetivos
cívicos, culturais, educacionais, científicos, recreativos ou de assistência à
pessoa (BRASIL, 1998).

O trabalho voluntário é um fator fundamental para o processo de continuidade


das entidades sem fins lucrativos, em razão do comprometimento dos colaboradores
o custos automaticamente serão reduzidos, possibilitando ser investidos em outros
setores que não possui o trabalhador voluntário.
Haja vista a conceito do trabalho voluntário e sua importância para as entidades
sem fins lucrativos, o reconhecimento contábil das mesmas recebeu algumas
alterações e inclusões conforme a norma que rege as entidades sem fins lucrativos,
onde nos itens 8-21 faz-se referência aos critérios de reconhecimento das operações
realizadas. Em seguida será exposto algumas alterações e inclusões identificadas na
ITG 2002 (R1) e as respectivas análises.
Identificam-se múltiplas inclusões e alterações na última aprovação da ITG
2002 (R1), ou seja, no item 8 a norma altera para que as receitas e despesas devam
31

ser reconhecidas respeitando o princípio da Competência. Na norma anterior a


mesma evidenciava o regime de competência, sendo assim, a prática do
reconhecimento continua a mesma, contudo só alterou a nomenclatura.
Foram incluídos pela norma os itens 9A, que evidencia que as subvenções
concedidas em caráter particular se enquadram na NBC TG 07; o item 9B, que se
trata das imunidades tributárias que a mesma não se enquadra no conceito de
subvenções previsto na NBC TG 07, logo, não devem ser reconhecidas como receita
no resultado. Fabri (2013) ressalta que,
A contabilização da isenção (incluso a imunidade) deve atender o previsto no
item 38E do CPC 07 (R1), desta forma o reconhecimento contábil dessa
isenção é efetuado registrando-se o imposto total no resultado como se
devido fosse, em contrapartida à receita de subvenção equivalente a serem
demonstrados um deduzido do outro de tal forma que não seja contabilizada
uma despesa que não tenha efetivamente reduzido o patrimônio líquido
conforme exigido na Estrutura Conceitual e no CPC-PME (R1).

Em complemento, são considerados que devam ser registrados os impostos


como devidos fossem e logo após a contrapartida com a subvenção recebida
anulando tal obrigação.
A norma altera também o item 19, mostrando que no trabalho voluntário,
inclusive de membros integrantes dos órgãos da administração, no exercício de suas
funções, deve ser reconhecido pelo valor justo da prestação do serviço como se
tivesse ocorrido o desembolso financeiro. Fabri (2013) critica da seguinte forma,
A ITG 2002 tratou muito superficialmente esta questão. Desta maneira,
deveria permitir e não exigir o reconhecimento trabalho voluntário (assim
como disposto na IPSAS 23), devido às muitas incertezas que cercam os
serviços em espécie, principalmente em relação a habilidade de exercer o
controle sobre os serviços e mensurar o seu valor justo.

Contudo, há o questionamento factível, pois a norma não dispõe de diretrizes


suficientes para alguns serviços se caracterizarem um ativo, e consequentemente o
seu reconhecimento.
As contas de compensação referem-se a um sistema de controle envolvendo
todas as contas do Balanço Patrimonial, no qual podem traduzir possíveis
modificações no Patrimônio Líquido. Utilizam-se as contas para estabelecer a
compensação com a finalidade de controle interno e obtenção de dados para
elaboração das Notas Explicativas.
Nessa perspectiva a ITG 2002 (R1) assegura que
a entidade pode controlar em conta de compensação transações referentes
a isenções, gratuidades e outras informações para a melhor evidenciação
contábil, sem prejuízo das informações econômicas” (CFC, 2015). A NBC T
32

2.5 – das contas de compensação no item 2.5.2 complementa que “Nas


contas de compensação registrar-se-ão os atos relevantes cujos efeitos
possam se traduzir em modificações no patrimônio da entidade (CFC, 2006).

Contudo, as contas de compensação nortearão os gestores para a elaboração


das Notas Explicativas, além de utilizá-la como controle interno para o
aperfeiçoamento dos gestores em prol da saúde da entidade.
Seguindo as normas aplicadas ao Terceiro Setor, é notório que a mesma exige
a elaboração dos demonstrativos, reconhecimento e contas de compensação das
organizações. O seguinte tópico faz referência às demonstrações exigidas pelas
Normas Brasileiras de Contabilidade, realizando um comparativo com as
demonstrações exigidas às entidades com finalidade de lucro, todavia apresentando
conhecimentos relevantes ao reconhecimento e contas de compensação.

2.4.2 ITG 2002: Demonstrações Contábeis

Demonstrações contábeis são relatórios de caráter contábil-financeiro exigidas


pelas normas de contabilidade, observando o estado patrimonial a entidade em
determinada período, logo as mesmas são de extrema importância para as entidades
do Terceiro Setor, pois exibe as ações desenvolvidas pelos gestores evidenciando os
recursos recebidos e suas respectivas destinações para as realizações das
atividades.
A NBC TG 26 – Apresentação das Demonstrações Contábeis define
demonstrações contábeis como sendo:
9. As demonstrações contábeis são uma representação estruturada da
posição patrimonial e financeira e do desempenho da entidade. O objetivo
das demonstrações contábeis é o de proporcionar informação acerca da
posição patrimonial e financeira, do desempenho e dos fluxos de caixa da
entidade que seja útil a um grande número de usuários em suas avaliações
e tomada de decisões econômicas. As demonstrações contábeis também
objetivam apresentar os resultados da atuação da administração, em face de
seus deveres e responsabilidades na gestão diligente dos recursos que lhe
foram confiados (...) (CFC, 2009).

Considerando, a persente demonstração contábil não se faz obrigatória


somente para cumprir uma obrigação legal, mas também com o intuito de tornar
transparente a situação das empresas, podendo também ser comparadas com a de
outros exercidos sociais, possibilitando ao administrador uma estimativa de
crescimento ou uma possível deficiência por parte da entidade (OLAK, 2009).
33

Desta forma, fica notório que as demonstrações contábeis são de grande


relevância para a organização, sócios e outros possíveis investidores a fim de
tomadas de decisões, além de ser utilizada como formas de prestações de contas
evidenciando a transparência.
Ainda sobre as demonstrações contábeis, o Quadro 3 apresenta as
demonstrações exigidas pela ITG 2002 (R1) (2015) e NBC TG 26 (R4) (2016):

Quadro 3 -Demonstrações Contábeis Segundo Setor x Terceiro Setor


Demonstrações exigidas pela NBC TG 26 Demonstrações exigidas pela ITG 2002 (R1) –
(R4) – 2016 (com fins lucrativos) 2015 (sem fins lucrativos)
Balanço Patrimonial Balanço Patrimonial
Demonstração do Resultado do Período Demonstrativo do Resultado do Período
Demonstração das Mutações do Patrimônio Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido Líquido
Demonstração dos Fluxos de Caixa Demonstração dos Fluxos de Caixa
Demonstração do Resultado Abrangente Notas Explicativas
Demonstração do Valor Adicionado
Notas Explicativas
Fonte: Elaborado pelo autor (2017)

Como pode ser observado, há diferença entre as duas normas na exigência


das demonstrações contábeis, logo é importante evidenciar que a ITG 2002 apresenta
exigência mínima, podendo assim a entidade, se preferir ou dependendo de seu porte,
apresentar as demonstrações exigidas pela NBC TG 26.
A norma aplicada ao setor em tese recomenda uma estrutura simples para as
demonstrações contábeis comparativas de dois períodos para os usuários.
As demonstrações contábeis das entidades inseridas no Terceiro Setor
apresentam algumas terminologias específicas que diferem das entidades do
Segundo Setor, que serão enfatizadas na apresentação de cada demonstração
contábil específica.
Elaborar os demonstrativos contábeis de acordo com as normas, em
decorrência há grande perspectiva de maior transparência na prestação de contas
independente do setor, além disso, é de grande relevância esclarecer para os
gestores de forma a compreender as informações contidas nas demonstrações. Nas
palavras de Martins (2000, p. 1),
não se deve se preocupar em mostrar como se faz contabilidade, mais sim
em ‘evidenciar’ como entender as demonstrações. Não interessa falar em
débitos e créditos, mas sim em aumento e diminuição de bens, direitos e
obrigações, receitas e despesas.
34

Nessa perspectiva, o profissional deve evitar a forma sistêmica de demonstrar


tal situação diante dos gestores, buscando utilizar tipos de linguagens mais
adequadas levando em consideração a extrema importância de comunicação com os
clientes.
Diante da explanação anterior com relação às demonstrações contábeis do
Terceiro e Segundo Setor, os sub tópicos a seguir fazem-se a correlação entre os
demonstrativos dos mesmos focados às demonstrações do Terceiro Setor que é a
principal referência em tese.

2.4.2.1 Balanço Patrimonial

O Balanço Patrimonial é um demonstrativo que evidencia qualitativamente e


quantitativamente a situação patrimonial da organização em uma data determinada.
Dentre as demais demonstrações, é considerada a mais importante, pois compara
todas as mutações do patrimônio das entidades, permitindo aos usuários uma visão
generalizada de todas as movimentações e atividades realizadas, nessa mesma
perspectiva Olak (2009 p. 70) afirma que,
O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil indispensável a
qualquer tipo de organização, quer explore ou não atividade lucrativa. É uma
“fotografia” (por isso, demonstrativo estático) da entidade em dado momento,
evidenciando de forma sucinta, a situação econômica, financeira e
patrimonial da mesma. Assim como as empresas, o Balanço Patrimonial, para
ser útil aos seus usuários, deve refletir, tempestiva e qualitativamente, a
situação patrimonial das ESFL, caso contrário perde totalmente o seu valor.

Em complemento, o Manual de Procedimentos para o Terceiro Setor evidencia


que “o Balanço Patrimonial representa uma demonstração de diversas naturezas que
compõe a riqueza da entidade, por isso é dita estática, e se refere ao estado
patrimonial em determinado momento” (GRAZIOLI ET AL, 2015, p.189).
O Balanço Patrimonial exclusivamente ao Terceiro Setor difere do Segundo
Setor em relação à nomenclatura de contas, sendo assim no Patrimônio Líquido,
existe uma conta com prenome patrimônio social, ao invés de capital social, e a conta
superávit ou déficit, ao invés de lucros ou prejuízos, a vista disso a ITG 2002 (R1)
(2015) evidencia que,
No Balanço Patrimonial, a denominação da conta Capital deve ser substituída
por Patrimônio Social, integrante do grupo Patrimônio Líquido. No Balanço
Patrimonial e nas Demonstrações do Resultado do Período, das Mutações
do Patrimônio Líquido e dos Fluxos de Caixa, as palavras lucro ou prejuízo
devem ser substituídas por superávit ou déficit do período (CFC, 2015).
35

Em complemento, algumas adaptações devem ser feitas em relação às


nomenclaturas de algumas contas, ou seja, no ativo, duplicatas a receber são
substituídas por valores a receber de associados, membros, sócios, etc. No passivo,
as obrigações de curto e longo prazo pouco diferem das entidades privadas. No
Patrimônio Líquido o termo comumente utilizado é Patrimônio Social. Reservas de
capital e reservas de lucros normalmente não existem. No Patrimônio Social devem
ser incluídos os superávits e os déficits, assim como as contas de doações de
materiais e ativos permanentes. (OLAK, 2009).

2.4.2.2 Demonstração do Resultado do Período

A Demonstração do Resultado do Período caracteriza-se pela forma de


evidenciar os resultados obtidos líquidos possibilitando alterações em tais exercícios,
quando ocorrer o confronto das receitas, custos, despesas e resultados obtidos em
ambas as organizações (Segundo e Terceiro Setor). Nessa linha de raciocínio a NBC
T 4 destaca que:
a demonstração do resultado é a demonstração contábil destinada a
evidenciar a composição do resultado formado num determinado período de
operações da Entidade. Observado o princípio de competência, evidenciará
a formação dos vários níveis de resultados mediante confronto entre as
receitas, e os correspondentes custos e despesas (CFC, 2010)

A Demonstração do Resultado do Período não difere de forma relevante a


termos de modificar a composição do mesmo. A mudança sucinta representa também
na nomenclatura, pois onde há no setor privado a conta Lucros ou Prejuízos
(resultados), no Terceiro Setor denomina-se superávits ou déficits, é como
complementa a NBC T3 “substituindo a palavra resultado dos itens 3.3.2.3 d, 3.3.2.3
g e 3.3.2.3 m, pela expressão superávit ou déficit”.
Importante ressaltar o que evidencia a ITG 2002 (R1) (2015) “devem ser
destacadas as informações de gratuidade concedidas e serviços voluntários obtidos,
e divulgadas em notas explicativas por tipo de atividade”, caracterizando assim um
diferencial com relação às organizações do Segundo Setor.

2.4.2.3 Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido Social


36

A Demonstração em tese compreende uma grande relevância por ser


considerada mais completa e abrangente, evidenciando toda movimentação das
contas do Patrimônio Líquido durante tal exercício. Nesse sentido Olak (2009, p. 75)
complementa que,
pela legislação societária, a elaboração da Demonstração das Mutações do
Patrimônio Líquido só é obrigatória para as companhias abertas;5 entretanto,
independentemente do porte ou natureza jurídica, trata-se de uma
demonstração de grande utilidade, por fornecer a movimentação ocorrida
durante determinado período nas diversas contas que integram o Patrimônio
Líquido.

Em linhas gerais, essa demonstração explicará como e por que as diversas


contas do Patrimônio Líquido modificaram-se durante o período.
Em complemento a NBC T3.5 evidencia que “demonstração das mutações do
patrimônio líquido é a demonstração contábil destinada a evidenciar, num
determinado período, a movimentação das contas que integram o patrimônio da
Entidade” (CFC, 2010). Grazioli et al (2015, p.204) conclui que,
Essa demonstração contábil tem o propósito de apresentar as variações
ocorridas no patrimônio líquido da Entidade sem Finalidade de Lucros, e a
sua posição contábil-financeira ao final do período, tendo como base a
movimentação ocorrida nas contas que fazem parte de sua composição.

Com características semelhantes em ambos os setores com relação à DMPL,


a mesma também é muito útil para as organizações do Terceiro Setor por explicar as
modificações ocorridas no Patrimônio Líquido Social (PLS) durante determinado
período. A vista disso, Olak (2009, p. 75) aponta que “a Demonstração das Mutações
do Patrimônio Líquido Social se assemelha algebricamente à Demonstração das
Mutações no Patrimônio Líquido das empresas”. Portanto, nessa demonstração
obtêm-se os saldos no início do período em seguida os acréscimos/decréscimos por
consequência de doações recebidas, logo, superávit ou déficit nas Demonstrações do
Resultado no Período.

2.4.2.4 Demonstração dos Fluxos De Caixa

A Demonstração dos Fluxos de Caixa (DFC) indica quais foram as entradas e


saídas de recursos em determinado período e em consequência o resultado desse
fluxo, podendo assim auxiliar os gestores no processo de controle gerencial e/ou
tomadas de decisões.
37

Sendo assim na palavra de Araújo (2009, p. 122), “a presente demonstração


justifica-se pelo conhecimento dos fluxos financeiro da organização, podendo-se fazer
inclusive projeções com base nessas informações”. Olak (2009, p. 76) complementa
que “a DFC, independentemente de aspectos formais, normativos, é uma necessidade
administrativa, um instrumento de apoio ao processo de tomada de decisão e de
controle”.
A demonstração em tese é muito utilizada pelas organizações inseridas no
Terceiro Setor, com o objetivo de atender à própria administração, associados,
membros e outros usuários.
Para Imeton (2008), os principais objetivos da DFC são:
a) avaliar alternativas de investimentos;
b) avaliar e controlar a longo prazo as decisões de reflexos monetários na
tomada de decisão;
c) avaliar as situações atuais e futuras do caixa, precavendo-se da situação
de iliquidez;
d) certificar se os excessos de caixa estão sendo aplicados.

Importante ressaltar que a classificação das doações na DFC é vinculada as


atividades operacionais (ITG 2002 (R1) (2015)). Tal classificação se torna importante,
pois se tornam úteis para avaliar a capacidade da organização adquirir recursos ou
outros valores equivalentes tornando viável a comparação entre os períodos.

2.4.2.5 Notas Explicativas

Necessariamente precisam ser divulgadas também as Notas Explicativas em


ambos os setores, pois faz parte do procedimento de evidenciação que sucede como
complemento das demonstrações contábeis, sendo que a mesma não constitui nos
demonstrativos. Complementando a NBC T6 evidencia que,
As notas explicativas são parte integrante das demonstrações contábeis. As
informações contidas nas notas explicativas devem ser relevantes,
complementares e/ou suplementares àquelas não suficientemente
evidenciadas ou não constantes nas demonstrações contábeis propriamente
ditas. As notas explicativas incluem informações de natureza patrimonial,
econômica, financeira, legal, física e social, bem como os critérios utilizados
na elaboração das demonstrações contábeis e eventos subsequentes ao
balanço (CFC, 2010).
38

Conforme o Grazioli et al (2015, p.205) “as notas explicativas às demonstrações


contábeis das Entidades sem Finalidade de Lucros devem divulgar, no mínimo, o
conteúdo do item 27 da ITG 2002” como demonstra o Quadro 4:

Quadro 4 – Aspectos para divulgação das Notas Explicativas


a) contexto operacional da entidade, incluindo a natureza social e econômica e os objetivos
sociais;
b) os critérios de apuração da receita e da despesa, especialmente com gratuidade, doação,
subvenção, contribuição e aplicação de recursos;
c) a renúncia fiscal relacionada com a atividade deve ser evidenciada nas demonstrações
contábeis, como se a obrigação devida fosse;
d) as subvenções recebidas pela entidade, a aplicação dos recursos e as responsabilidades
decorrentes dessas subvenções;
e) os recursos de aplicação restrita e as responsabilidades decorrentes de tais recursos;
f) os recursos sujeitos a restrição ou vinculação por parte do doador;
g) eventos subsequentes à data do encerramento do exercício que tenham, ou possam vir a ter,
efeito relevante sobre a situação financeira e os resultados futuros da entidade;
h) as taxas de juros, as datas de vencimento e as garantias das obrigações em longo prazo;
i) informações sobre os seguros contratados;
j) a entidade educacional de ensino superior deve evidenciar a adequação da receita com a
despesa de pessoal, segundo parâmetros estabelecidos pela Lei das Diretrizes e Bases da
Educação e sua regulamentação;
k) os critérios e procedimentos do registro contábil de depreciação, amortização e exaustão do
ativo imobilizado, devendo ser observada a obrigatoriedade do reconhecimento com base em
estimativa de sua vida útil;
l) segregar os atendimentos com recursos próprios dos demais atendimentos realizados pela
entidade;
m) todas as gratuidades praticadas devem ser registradas de forma segregada, destacando
aquelas que devem ser utilizadas na prestação de contas nos órgãos governamentais,
apresentando dados quantitativos, ou seja, valores dos benefícios, número de atendidos,
número de atendimentos, número de bolsistas com valores e percentuais representativos;
n) a entidade deve demonstrar, comparativamente, o custo e o valor reconhecido quando este
valor não cobrir os custos dos serviços prestados.
Fonte: Elaborado pelo autor, adaptada de Graziolli et al (2017)

Sendo assim, conclui-se que as informações contidas nas Notas Explicativas


diz respeito sobre as práticas contábeis não manifestadas das outras demonstrações,
mais que de alguma forma impactou na análise da situação econômica e financeira
da organização.
39

3. METODOLOGIA

3.1 CLASSIFICAÇÃO DA PESQUISA

O objetivo desta pesquisa foi analisar a adequação da organização religiosa


localizada no município de Feira de Santana – BA a ITG 2002 (R1). Para o alcance
dos objetivos, o estudo caracterizou-se como descritivo. Silva (2010) afirma que “os
dados coletados nesse tipo de pesquisa são trabalhados e colhidos diretamente da
própria realidade, não sendo modificados ou alterados pelo pesquisador”, ou seja, o
presente estudo caracteriza-se como descritivo já que objetiva descrever o processo
de adequação da entidade as mudanças proporcionadas pela norma ITG 2002 (R1).
Quanto à abordagem do problema, trata-se de uma pesquisa qualitativa, pelo
fato da objetivação da pesquisa, conhecimento do objeto de estudo, assim como as
teorias críticas voltadas para o tema, e de grande relevância a utilização de técnicas
de coletas de dados adequadas, analisando todo material de forma específica e
contextualizada de forma textual (MINAYO, 2008).
Deste modo, os dados pesquisados foram analisados e descritos de forma
textual, evidenciando teorias relevantes e não se utilizou de instrumentos estatísticos,
tanto na coleta quanto no tratamento dos dados.
Quanto ao delineamento, caracteriza-se como estudo de caso. Gil (2008)
menciona que “consiste no estudo profundo e exaustivo de um ou poucos objetos, de
maneira que permita seu amplo e detalhado conhecimento”. A pesquisa tem como
objeto de estudo apenas a realidade de uma organização específica, tendo como
lócus uma organização religiosa do Terceiro Setor localizada no município de Feira
de Santana – BA.
A organização religiosa na qual foi realizada a pesquisa está localizada no
município de Feira de Santana BA, fundada em 1999 e tem como propósito levar
pessoas a um relacionamento intenso com Deus, amar e servir ao próximo, e fazer
Jesus conhecido de todos os povos, no poder do Espírito Santo.
De acordo com os dados obtidos da organização referente à visão, a mesma
está pautada em sentimentos que Deus foi colocando ao longo do tempo no coração
de sua liderança. Almeja ser uma igreja que cresce em direção a Deus, num
40

compromisso sério com ele. A fonte de recursos predominante na organização


estudada é através das doações, dízimos e contribuições voluntárias.
Justifica-se esta unidade de estudo, pela escassez de entidades que
contemplam o Terceiro Setor elaborarem ou seguirem a risca as normas específicas.
A dificuldade de obter uma fiscalização eficiente com relação às entidades do terceiro
setor é notória, diante da busca por organizações para contemplar o objeto da
pesquisa, percebeu-se que há uma escassez de organizações que cumprem essas
normas.

3.3 COLETA E ANÁLISE DOS DADOS

Previamente foi realizada uma revisão de literatura para obter fundamentos


preliminares. Marconi e Lakatos (2010) entendem que a pesquisa bibliográfica “é um
apanhado geral sobre os principais trabalhos já realizados, revestidos de importância,
por serem capazes de fornecer dados atuais relacionados ao tema”. Foram analisados
os principais trabalhos e autores voltados ao tema com intuito de contribuir para a
relevância da pesquisa, além das normas contábeis que versam sobre o tema
abordado.
Quanto aos procedimentos técnicos utilizados, para análise dos dados, foi
utilizada a técnica de análise documental. “Sendo uma técnica decisiva para a
pesquisa em ciências sociais e humanas, a análise documental é indispensável
porque as maiores partes das fontes escritas são quase sempre a base do trabalho
de investigação; é aqueles realizados a partir de documentos, contemporâneos ou
retrospectivos, considerados cientificamente autênticos.” (TADEU, 2016). Nessa
perspectiva, os documentos analisados foram as demonstrações contábeis da
organização lócus da pesquisa referente aos exercícios de 2014 e 2015.
O instrumento de coleta de dados utilizado no estudo ocorreu por meios de
formulários e entrevistas semiestruturadas. Segundo Gil (2002) “formulário pode ser
definido como a técnica de coleta de dados em que o pesquisador formula questões
previamente elaboradas e anota as respostas.” Sendo assim, o formulário elaborado
pelo autor, abrangeu as características no que diz respeito às demonstrações
contábeis exigidas pela atualização da norma específica aplicada a entidades do
Terceiro Setor, a ITG 2002, divulgada pelo Conselho Federal de Contabilidade com
vigência a partir de 2012.
41

A estrutura do formulário utilizado para análise documental se encontra no


Apêndice A.O formulário é subdividido em quatro quadros, englobando as quatros
demonstrações exigidas à entidade do Terceiro Setor. Em cada quadro existem três
opções de respostas sendo elas: atende; não atende; não se aplica. No quadro
referente ao Balanço Patrimonial contém quatro itens a serem verificados, na
demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício contém seis itens, na
demonstração das Mutações do Patrimônio Social contém seis itens, na
Demonstração dos Fluxos de Caixa contém quatro itens.
Foram analisadas as demonstrações contábeis de 2014 e 2015, observando
identificar o atendimento as mudanças promovidas pela ITG 2002, sendo possível o
preenchimento do formulário Esse recorte temporal justifica-se pelo fato da
organização em estudo obter somente os respectivos períodos.
Com o objetivo de verificar o atendimento aos itens da ITG 2002 (R1):
Reconhecimento, Contas de Compensação e Notas Explicativas, a análise foi
realizada uma entrevista (Apêndice B) semiestruturada com o responsável pela
contabilidade da entidade em estudo. Segundo Gil (1999) nesse tipo de entrevista “o
entrevistador permite ao entrevistado falar livremente sobre o assunto, mas, quando
este se desvia do tema original, esforça-se para a sua retomada”, ou seja, a entrevista
semiestruturada, englobou os itens de reconhecimento e contas de compensação,
aproveitando a oportunidade e permitindo assim, tirar algumas possíveis dúvidas
acerca da análise documental das demonstrações contábeis. A Entrevista seguiu
obedecendo a sequência de vinte e duas(22) perguntas dividas por blocos (um bloco
para cada demonstração contábil), porém, ao longo da entrevista o pesquisador
também realizou outras perguntas pertinentes ao tema.
Os resultados foram explanados por demonstração contábil, sendo
evidenciados em quadros os dados coletados por meio do formulário e descritos em
forma textual os itens cumpridos e descumpridos segundo a norma vigente, com a
análise sendo complementada por meio de trechos da entrevista realizada com o
contador responsável pela organização em estudo. Ademais foram descritos até que
ponto a organização atendeu aos requisitos exigidos pela norma nos quesitos
Reconhecimento, Contas de Compensação e Notas explicativas.
42

4. RESULTADOS E DISCUSSÕES

Os resultados e discussões consistem primeiramente nas demonstrações


contábeis analisadas conforme os critérios a serem verificados no que se refere aos
itens normativos identificado na ITG 2002 (R1), pertinentes às “Demonstrações
Contábeis”, por meio da análise dos dados coletado com o formulário (Apêndice A).
Os resultados da entrevista semiestruturada com o profissional da contabilidade
responsável pela entidade, foram abordados em conjunto com a análise do formulário,
abrangendo os itens normativos identificados na ITG 2002 (R1) no que se refere ao
“Reconhecimento” e “Contas de Compensação”, assim como alguns possíveis itens
pertinentes às demonstrações contábeis.

4.1. BALANÇO PATRIMONIAL

O Balanço Patrimonial é uma demonstração contábil indispensável


independentemente do tipo de organização, sejam para as empresas que exerçam ou
não atividades com finalidade de lucros. É uma exibição da entidade em determinado
momento, evidenciando, de forma sucinta, a situação econômica, financeira e
patrimonial da mesma.
Assim como nas empresas com fins lucrativos, o Balanço Patrimonial, nas
entidades sem fins lucrativos, para ser útil, deve ser tempestivo, refletindo a situação
patrimonial em determinada data, caso contrário não será uma ferramenta útil.
Com relação aos primeiros itens verificados por esta pesquisa, o Quadro 3
apresenta os itens normativos que foram verificados no Balanço Patrimonial da
organização em estudo.

Quadro 5 - Itens normativos: Balanço Patrimonial


Não
Nº Item verificado Atende Não se aplica
atende
A Entidade apresentou Balanço
1 x
Patrimonial?
A conta Capital foi substituída por
2 x
Patrimônio Social?
A conta Lucros ou Prejuízos Acumulados
3 foi substituída por Superávits ou Déficits x
Acumulados?
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2017).
43

Foi verificada uma divergência com relação à denominação do Balanço


Patrimonial, na demonstração da organização em estudo foi observado a
denominação “Demonstrativo Patrimonial”, onde deve ser intitulada como “Balanço
Patrimonial”.
A denominação da conta “Capital” deve ser renomeada e substituída por
“Patrimônio Social”, assim como as palavras lucros ou prejuízos devem ser
renomeadas e substituídas por superávit e déficit do exercício (ITG 2002,
2015).Observa-se que o Balanço Patrimonial da organização em estudo foi elaborado
em todos os anos analisados (2014 e 2015), assim como a atualização da
nomenclatura da conta “lucros ou prejuízos” para “superávits ou déficits acumulados”
conforme preconizado pela NBC T 10, resolução nº. 837, desde o ano 1999, também
foi feita em conformidade com as normas. Contudo, nota-se uma adequação da
organização quanto às normas específicas, evidenciando os fatores a serem notados
no Balanço Patrimonial.
Foi observado também que a organização em estudo apresentou a depreciação
de seu Ativo Imobilizado. Para tal, conforme entrevista com o profissional da
contabilidade responsável pela entidade, o mesmo utiliza o método linear com base
na vida útil preconizada pela Receita Federal para depreciação dos bens do ativo
imobilizado “Foi utilizado o método pelo índice da Receita Federal, mas já existe uma
norma do conselho federal de contabilidade que trata sobre isso, no qual a
depreciação pode ser menor de acordo com a utilização do bem”.
Diante disto, Matos (2014) afirma que “são três os métodos usados no Brasil:
Método linear, também conhecido como da cotas constantes; Método da soma dos
dígitos; Método das unidades produzidas”.
Visto que há diversos métodos para a depreciação e definição de vida útil dos
bens imobilizados, a organização em estudo utilizou o método linear caracterizada
como uma opção que representa e atende às necessidades da organização.
Conforme citou o catador, o Conselho Federal de Contabilidade informa no item
2.4.3 e 2.4.4 que,
Vários métodos de depreciação podem ser utilizados para alocar de forma
sistemática o valor depreciável de um ativo ao longo da sua vida útil. Não é
exigido que todos os bens sejam avaliados pelo mesmo método. Entretanto,
o Conselho indica que utilize o Método das Cotas Lineares ou Constantes –
ou seja, a mesma taxa de depreciação durante a vida útil do ativo, caso o seu
valor residual não se altere.
44

Os métodos de cálculo dos encargos de depreciação podem ser: a) O método


linear ou constante; b) O método dos saldos decrescentes; c) O método das
unidades produzidas. (CFC, 2012).

Não foi identificado Ativo Intangível e a entrevista confirma que a entidade não
possui nenhum ativo que pudesse ser classificado com tal.
No geral, houve uma adequação da organização referente requisitos
normativos verificados nos Balanços Patrimoniais, apresentado um valor de R$
10.824,77 no ativo e passivo no exercício de 2014, e R$ 7.208,26 no exercício de
2015. Observando tal situação, em entrevista realizada com o profissional de
contabilidade responsável pela entidade, o mesmo afirma que a situação condiz com
o que é exposto no Balanço Patrimonial,
No Balanço patrimonial de uma organização sem fins lucrativos, em
organizações religiosas, realmente vai mostrar se a organização tem o
resultado positivo ou negativo, ou seja, superávit ou déficit, e verificando se
tem condições de novos investimentos, no qual no Balanço patrimonial da
organização está demonstrado isso.

Com relação ao aspecto do Balanço Patrimonial, Silva (2013) evidencia que o


balanço “tem sido considerado como uma peça contábil que reflete a situação
patrimonial da empresa, apontando os resultados obtidos (positivos ou negativos)”.
Diante do que foi exposto, o Balanço Patrimonial se caracteriza pela apreciação
da realidade da entidade que faz seu proveito, com o propósito de demonstrar seu
resultado patrimonial quantitativa e qualitativamente pela contraposição entre seu
ativo e passivo respectivamente em determinado exercício.
Assim como toda empresa, as entidades sem fins lucrativos também estão
sujeitos às perdas esperadas sobre créditos a receber, no qual, o procedimento a ser
seguido conforme a norma é de realizar método de escrituração para essas possíveis
perdas. Na entrevista o profissional da contabilidade responsável pela entidade
afirmou que em uma eventual situação semelhante, o mesmo ia proceder “... do
mesmo jeito que na contabilidade comercial, prestadora de serviços, tem provisão
para perda na organização sem fins lucrativos, no qual deve ser registado.”
Com base na resposta do contador, foi verificada que a nomenclatura das
Provisões para Crédito de Liquidação Duvidosa (PCLD) foi alterada a partir de 2010
de acordo com as normas internacionais de contabilidade (IFRS) para Perdas
Estimadas em Créditos de Liquidação Duvidosa (PECLD), a contador utilizou o termo
ainda não atualizado. Essa nova forma de contabilização difere da anterior, pois, as
perdas eram calculadas com base em estimativas ou probabilidade de sua ocorrência,
45

atualmente é mensurada por meio das perdas efetivamente incorridas conforme CPC
38. Essa conta deixa de ser provisão já que segundo a Norma as Provisões passam
a ter conceito de “passivos com prazo ou valor incertos” (IAS 37) e as PECLD são
contas retificadoras do ativo.
Diante disto, devem-se analisar as possíveis perdas esperadas sobre créditos
a receber para que se obtenha mais consistência na informação, buscando assim,
maior certeza sobre a probabilidade de inadimplência por parte dos “clientes”.
Em linhas gerais, ainda sob o aspecto do Balanço Patrimonial com relação à
apresentação deste demonstrativo para os dirigentes, na entrevista o contador
responsável pela entidade afirmou que “o conselho fiscal se reúne e aprova ou não o
balanço, e daí passa para a assembleia para ser aprovado ou não, se for resultado
positivo ver onde vai aplicar e se for déficit como vai fazer para ter novos aportes.”
Ainda nesse aspecto, foi perguntado na entrevista se os dirigentes tomam decisões
com base no Balanço Patrimonial, o mesmo afirmou que “Sim, é feita toda análise no
qual dependendo do resultado, os dirigentes juntamente com a assembleia vai
verificar as decisões.”
Nesse aspecto Bairro (2009) complementa que “as informações geradas pela
Contabilidade são essenciais para o desenvolvimento de uma empresa, sendo
praticamente impossível gerenciar uma organização sem os dados fornecidos pela
contabilidade.”
Realizada as análises e cruzamentos de dados do formulário e entrevista no
que diz respeito ao Balanço Patrimonial, foi verificado que há uma coerência no que
é apresentado em forma documental (demonstrações) e o que é citado pelo contador
responsável pela entidade.

4.2. DEMONSTRAÇÃO DO SUPERÁVIT OU DÉFICIT DO EXERCÍCIO

A norma contábil que trata das demonstrações contábeis para o Terceiro Setor
determina a alteração da nomenclatura de ‘lucro ou prejuízo do exercício’ para
‘superávit ou déficit do exercício’. Esta demonstração tem por objetivo principal, nas
entidades sem fins lucrativos, evidenciar todas as atividades desenvolvidas pelos
gestores relativas a um determinado período de tempo, denominado “Exercício”, que
geralmente corresponde a um ano calendário. Assim, por este motivo, deve-se utilizar
46

a expressão Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício (YOSHITAKE et, al.,


2014).
Essa demonstração, independentemente da terminologia adotada, é de
fundamental importância para essas entidades por evidenciar, efetivamente, as ações
dos gestores, volume de recursos obtidos, custos e despesas empregadas nas
atividades dessas entidades.
Da mesma maneira foi analisada a conformidade das Demonstrações do
Superávit ou Déficit do Exercício, cujos itens normativos verificados se encontram
relacionados no Quadro 4.

Quadro 6 - Itens normativos: Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício


Nº Não se
Item verificado Atende Não atende
aplica
1
A Entidade apresentou a Demonstração do
x
Resultado do Exercício?
2 A Demonstração do Resultado do Exercício
foi renomeada para Demonstração do x
Superávit ou Déficit do Exercício?
3
Foram evidenciadas as contas de receitas e
x
despesas por tipo de atividade

Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2017)

Quanto à conformidade dos itens normativos verificados no Quadro 2, foi visto


que a organização utiliza a nomenclatura de forma inadequada “Demonstração da
Conta de Apuração do Resultado”, conforme está previsto na NBC T 10.4, resolução
CFC n.º 837, desde 1999, a forma correta da nomenclatura deve ser “Demonstração
do Resultado do Período”. Foi verificado que a organização evidencia as contas de
receitas por tipo de atividade, contudo, não utilizou o mesmo método para as contas
de despesas, divergindo com o que a norma estabelece,
As receitas decorrentes de doação, contribuição, convênio, parceria, auxílio
e subvenção por meio de convênio, editais, contratos, termos de parceira e
outros instrumentos, para aplicação específica, mediante constituição, ou
não, de fundos, e as respectivas despesas devem ser registradas em contas
próprias, inclusive as patrimoniais, segregadas das demais contas da
entidade (CFC, 2015).

Para tanto, a não evidenciação das despesas em contas próprias de forma a


tornar a informação transparente, abre um leque de consequências negativas, como
por exemplo, os recursos com restrições que são recursos financeiros de terceiros em
47

poder de entidade em virtude de parcerias, projetos sociais, convênios, contrato de


gestão, doações em dinheiro para aplicação específica (CRC SP, 2013); pode ocultar
tais fatores, possibilitando a utilização livremente dos recursos, acarretando em uma
situação que não condiz com a realidade da entidade.
Não menos importante, vale ressaltar que uma das maiores dificuldades das
entidades do Terceiro Setor é captar recursos de forma a manter suas atividades em
pleno funcionamento. A não evidenciação das restrições com relação às receitas e
despesas impacta de forma significativa nas possibilidades de diversificar as fontes
de recursos. Diversos autores classificam a transparência como um mecanismo
necessário para a captação de recursos em diversas fontes.
Considerando a natureza das operações, a ITG 2002 (R1) afirma que “as
receitas decorrentes de doação, contribuição... e as respectivas despesas devem ser
registradas em contas próprias, inclusive as patrimoniais, segregadas das demais
contas da entidade.” (CFC, 2015). Diante dessa explanação, o contador responsável
pela contabilidade da entidade afirmou que a obrigação que deve ser realizada,
Deve fazer isso, se tiver uma contabilidade real. Doações, dízimos,
contribuições, subvenções, cada um no seu ponto. E o principal, existe um
documento chamado termo de adesão que se tiver voluntário, registra-se
essa despesa e receita também. Mesmo se aplica para a diretoria.

Contudo, não foram identificadas no formulário e na entrevista não deixou claro


se a entidade realiza este tipo de evidenciação das receitas de doações, subvenções
e contribuições recebidas em contas específicas.
Foi realizada uma comparação entre a presente demonstração realizada pela
entidade e a demonstração que contempla a norma. Foi possível verificar que o
método adotado pela entidade não condiz com totalidade com o que a norma
estabelece, ou seja, como mencionado anteriormente, não evidenciou as operações
com restrições e sem restrições, as despesas não foram segregadas em contas
específicas como foram as receitas.
Nessa linha, Cordeiro (2013) afirma que “para que haja uma maior
transparência na prestação de contas de uma entidade do terceiro setor, deve-se
sempre elaborar os demonstrativos contábeis de acordo com as normas e os
princípios fundamentais da contabilidade”.
48

Para tanto, se o objetivo de se utilizar da contabilidade como ferramenta


fundamental com relação à transparência, deve-se utilizar da maneira correta com o
que a norma estabelece.
De um modo geral, a organização evidenciou as Receitas Brutas no montante
de R$ 4.418,15 que deduzidas das Aplicações de Recursos de R$ 6.291,18
apresentou o Resultado Líquido sob a forma de Déficit de –R$ 2.073,03, transferindo,
conforme a norma ITG 2002 (R1), para o Patrimônio Social no exercício de 2014. No
exercício seguinte, a organização evidenciou as Receitas Brutas de 2.243,51 que
deduzidas das Aplicações de Recursos de R$ 5.860,02 apresentou o Resultado
Líquido sob forma de Déficit de –R$ 3.616,51, transferindo para o Patrimônio Social.
Considerando uma organização sem fins lucrativos, a organização estudada
apresentou resultado negativo em forma de déficit em dois anos consecutivos, com
relação ao papel do contador responsável quanto a esta situação, o mesmo afirma
que
O papel do contador não é só aquele que faz o DARF, mas ele é o gestor
junto com a direção da organização ai tem que chamar atenção da situação,
analisando onde está tendo mais despesas e buscar sempre o melhor para a
organização. É como aconteceu com essa organização.

Alinhada com a fala do contador ressalta-se que o profissional de contabilidade


não deve somente fazer a contabilidade, mas sim entender, analisar, mostrar
caminhos a serem seguidos para que a informação contábil venha ser uma
sustentação para a tomada de decisão dos gestores.

4.3. DEMONSTRAÇÕES DAS MUTAÇÕES DO PATRIMÔNIO LÍQUIDO SOCIAL

A Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido explica como e por que


as diversas contas do Patrimônio Líquido modificam-se durante o período. O mesmo
ocorre em entidades sem fins lucrativos para explicar as modificações ocorridas no
Patrimônio Líquido Social durante determinado período.
Acerca disto, a foi verificado através do Quando 5, a Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido Social conforme os mesmos parâmetros dos itens
anteriores.

Quadro 7 - Itens normativos: Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido


Social
49


Atende Não atende Não se aplica
Item a ser verificado
1 A Entidade apresentou a Demonstração das
x
Mutações do Patrimônio Líquido?
2 A Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido foi renomeada para Demonstração das x
Mutações do Patrimônio Social?
3 O saldo no início do Exercício é igual ao saldo do
x
final do Exercício anterior?
4 A Entidade apresentou o Resultado líquido do
x
período?
5 A Entidade apresentou o saldo no final do
x
período?
6 O valor do Superávit ou Déficit de exercícios
anteriores foi transferido para a conta Patrimônio x
Social?
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2017)

A princípio a estrutura da Demonstração das Mutações do Patrimônio Líquido


Social é de forma simplificada pelo fato da organização obter poucas operações que
alterem o Patrimônio Social da mesma. As contas que contemplam esta
demonstração é simplesmente o saldo do Patrimônio Social do exercício anterior
subtraindo o resultado obtido na Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício.
A análise destas demonstrações revelou que a organização não utiliza a
nomenclatura da demonstração atualizada, já que a demonstração em estudo está
nomeada como “Demonstrações das Mutações do Patrimônio Líquido” quanto que
conforme a norma está estabelecida como “Demonstração das Mutações do
Patrimônio Social” no item 10.4.6.1 da NBC T 10.4, resolução nº. 837, desde o ano
1999.
Considerando a importância das alterações das denominações das contas, a
Demonstração das Mutações do Patrimônio Social específica do Terceiro Setor,
embora coincida com as demonstrações do Segundo Setor com relação aos
procedimentos, é importante classificar as denominações de forma correta, pois, além
da semelhança, as demonstrações devem apresentar características inerentes as
entidades sem fins lucrativos.
Foi visto que a organização transferiu o resultado líquido de –R$ 2.073,03 no
exercício de 2014, e –R$ 3.616,51 no exercício de 2015 apresentados na
Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício no final do período para o
Patrimônio Social, nesse caso o déficit, estando em conformidade com o que a norma
estabelece desde ano de 1990, com a resolução nº. 686. Tal incorporação do
50

resultado ao Patrimônio Social se torna indispensável, uma vez que não cumprida, a
princípio acarretará em não fechamento do Balanço Patrimonial, assim como
apresentando um demonstrativo inverídico.
No geral, a organização cumpriu quase todos os itens normativos, tendo em
vista que o nome desta Demonstração não alterado para o correto continua divergente
do que estabelece a norma.

4.4. DEMONSTRAÇÃO DOS FLUXOS DE CAIXA

A demonstração dos fluxos de caixa é caracterizado por indicar quais foram as


saídas, entradas e o resultado deste fluxo em determinado período. Nas entidades
sem fins lucrativos torna-se uma necessidade administrativa, ou seja, um instrumento
de apoio no processo de tomada de decisões e também de controle gerencial capaz
de prever futuras necessidades de aplicações ou captações de recursos diante das
possíveis sobras ou insuficiências de caixa e equivalentes de caixa
Contudo, a Demonstração de Fluxos de Caixa especificamente em Terceiro
Setor, tem propósitos de identificar fontes de recursos (entradas de caixa), identificar
tais fatores que consumiram caixa durante o período (saída de caixa), sendo possível
realizar diversas análises no processo gerencial.
Com relação à Demonstração dos Fluxos de Caixa, as Normas seguidas para
sua elaboração foram verificadas através do Quadro 6.

Quadro 8 - Itens normativos: Demonstração dos Fluxos de Caixa



Item verificado Atende Não atende Não se aplica

1
A Entidade apresentou a Demonstração dos
X
Fluxos de Caixa
2 Na elaboração das demonstrações a Entidade
utilizou o método direto classificando os fluxos de
X
caixas por atividades operacionais, de
investimentos e de financiamentos?
3
Se utilizado o método indireto, foram
evidenciadas as receitas e as despesas X
divulgadas na demonstração do resultado?
Fonte: Elaborado pelo autor com base nos dados da pesquisa (2017)
51

Quesito bastante importante para fins gerenciais, o método utilizado pela


organização para elaboração desta demonstração foram os dois métodos possíveis:
método direto e indireto, conforme as normas técnicas estabelecem, a elaboração da
Demonstração dos Fluxos de Caixa deve ser realizada por um dos métodos.
Foi verificado que a organização atende parcialmente as Normas Técnicas,
com relação elaboração da Demonstração dos Fluxos de Caixa. A organização
elaborou a DFC pelos métodos direto e indireto, foi questionado ao contador
responsável através da entrevista, sobre as tomadas de decisões dos gestores com
base nos dois métodos utilizados pela organização, o mesmo informou que,
Hoje o contador tem que ser um gestor junto com a direção da organização,
explicando o que é o método direto que é com a receita, o método indireto
que é com o lucro, analisando e explicando, pois muitas das vezes o pessoal
não tem conhecimento.

Em linhas gerais, a organização em estudo elaborou a Demonstração do Fluxo


de Caixa utilizando os métodos direto e indireto, possibilitando aos gestores e
analistas verificar o alcance da entidade quanto à administração dos recursos. Foi
apresentado uma variação líquida de caixa negativa de –R$ 251,87 pelos dois
métodos utilizados, ficando que a organização está gastando mais que a sua receita
permite.
Considerando, a estrutura da DFC na organização em estudo está dividida da
seguinte forma: nas atividades operacionais encontra-se a conta “ingressos” que
corresponde às receitas recebidas, onde deveria separar por tipo de atividade tal
receita, logo após encontra-se a conta “outras despesas”, e o mesmo procedimento
deveria ser seguido para essa conta. Foi verificado que a organização registrou o valor
global das receitas e despesas, divergindo com a norma, que a mesma estabelece o
registro por tipo de atividades tanto de receita quanto de despesas.
As demais contas de atividades de financiamentos e investimentos possuíram
as contas zeradas por não obterem operações desta natureza.
Realizada uma análise comparativamente entre a Demonstração dos Fluxos de
Caixa elaborada pela entidade e a mesma demonstração como estabelece a norma
ITG 2002 (R1), foi observado que no método direto a entidade deixou de evidenciar
os recursos recebidos por tipos de atividades.
Nesse contexto, na entrevista realizada com o contador responsável pela
entidade, por se tratar de uma única fonte de recursos, preferiu-se utilizar a
52

denominação ingressos de forma geral, “A organização nesses períodos


demonstrados, recebeu recursos por apenas uma fonte, que foi as doações.” A
justificativa do contador foi que não houve outra fonte de recurso no período estudado,
porém mesmo não ocorrendo, a fonte de recursos “doação” deveria ser descrita, da
mesma forma feita na “Demonstração do Resultado do Período”.
Diante do que foi mencionado, percebe-se que houve uma divergência para
classificar esses ingressos, ou seja, na ‘Demonstração do Resultado do Período’ as
receitas foram evidenciadas por tipos de atividades (doação), e na presente
demonstração (Demonstração dos Fluxos de Caixa) não houve essa atenção para
caracterizar por tipos de atividades conforme a norma estabelece.
Foi visto que a organização elaborou além dos dois métodos de DFC uma
demonstração com a denominação “Demonstração da Conta de Aplicação de
Recursos”, se assemelha um pouco com a “Demonstração das Origens e Aplicações
de Recursos (DOAR)”, sendo que a mesma foi substituída pela Demonstração do
Fluxo de Caixa (DFC), conforme a Lei nº. 11.638 de 2007, alterando vários artigos da
Lei nº. 6.404 de 1976. Estas alterações, segundo a Comissão de Valores Mobiliários
(CVM, 2007) “têm o propósito de adequar a Lei n° 6.404/76, no que diz respeito à
matéria contábil à nova realidade econômica brasileira”, tendo em vista a globalização
dos mercados e a evolução dos princípios fundamentais contábeis.
A entidade elaborou a ‘Demonstração da Conta de Aplicação de Recursos’, a
mesma não se faz obrigatória em entidades do terceiro setor, e não foi encontrado
nada a respeito desta demonstração com relação à ‘aplicação de recursos’, tendo em
vista que faltou a ‘origem dos recursos’ para se tornar de fato uma “Demonstração das
Origens e Aplicações de Recursos (DOAR)”.
Partindo do pressuposto que essa demonstração foi mencionada na entrevista
com o contador da entidade, a finalidade desta demonstração para a organização,
“Como o próprio nome já diz Demonstração do Fluxo de Caixa é você controlar o
caixa, ver o recurso que você pode ter e como vai aplicar para não ter déficit, ai o
contador pode ajudar nesse ponto fazendo a análise.”
Considerando, a Demonstração do Fluxo de Caixa possibilitará aos gestores
juntamente com o contador, analisar quais foram as saídas e entradas no caixa
durante determinado período, proporcionando análises de investimento, cortes de
despesas, dentre outros.
53

Contudo, visto que a DOAR foi substituída pela DFC, a organização elaborou a
DFC e quase uma DOAR, permitindo aos gestores uma análise de forma geral
observando as informações contidas nas demonstrações, avaliando o impacto que os
investimentos e os financiamentos tiveram sobre a posição financeira da empresa no
período considerado, assim como, verificar as razões pelo qual resultaram as
diferenças entre o lucro líquido e o caixa gerado pelo lucro líquido, ou seja, uma
elaboração voluntária para fins gerenciais.
De modo geral, nos quesitos com relação à Demonstração dos Fluxos de
Caixa, a organização em estudo atende parcialmente com que a norma estabelece,
além disto, utiliza a Demonstração das Aplicações dos Recursos para fins gerenciais.

4.5. NOTAS EXPLICATIVAS

As Notas Explicativas, de forma complementar, faz parte das Demonstrações


Contábeis acrescentando informações que por algum motivo não evidenciado nas
demonstrações. Quanto às entidades sem fins lucrativos, mais informações devem
ser acrescidas por serem específicas às mesmas.
Com relação aos elementos que complementam as demonstrações contábeis,
a entrevista realizada com o contador responsável pela organização em estudo,
buscou abranger informações referente as Notas Explicativas, os itens presentes na
NBC T 10.19 e ITG 2002 (R1).
A verificação das Notas Explicativas demonstra que não foram encontradas
evidenciações suficientes para o cumprimento total dos requisitos normativos. Notou-
se principalmente a dificuldade de reconhecimento nas Notas Explicativas com
relação a renúncia fiscal, no qual o contador entrevistado informou que “Imunidade e
isenção, como dito anteriormente estão na lei, por lei a mesma recebe isenção de
IPTU, por exemplo, ela é uma renúncia fiscal do estado (município, estado, município)
no qual tem que registrar o mesmo.”
Contudo, na análise das notas explicativas não foi identificado o registro das
imunidades e isenções como disse o contador do dever de registrar o mesmo.
As organizações sem fins lucrativos, como mencionado anteriormente,
recebem recursos através da esfera pública com o objetivo já encaminhado com
relação a esse recurso, essa situação é caracterizado como receita com restrição. Na
oportunidade, foi questionado ao contador responsável com relação aos recursos
54

vinculados às restrições, o mesmo afirmou que a entidade não apresenta recursos


com restrições,
Não, mas se um eventual recebimento um recurso para construir um
determinado projeto, a organização utiliza aquele recurso somente para esse
projeto, se sobrar recurso, tem que devolver, ou solicitação de uso do mesmo
por toda a esfera legal, e informando também nas notas explicativas.

Considerando, é de fundamental importância o reconhecimento das receitas e


despesas com restrições. A transparência em qualquer que seja o setor, sempre vai
prevalecer à utilização da mesma para que as atividades estejam em contínuo
funcionamento.
No entendimento de Almeida e Ferreira (2007, p. 9), “a entidade do Terceiro
Setor tem a obrigação de prestar contas do seu desempenho, ações desenvolvidas e
serviços oferecidos com transparência e responsabilidade a todos os envolvidos,
sejam eles membros, voluntários, clientes ou fontes financiadoras.”.
Com relação ao registro nas Notas explicativas, o contador responsável foi
questionando sobre um possível evento subsequente ao encerramento do exercício e
que possa vir a ter efeitos relevantes sobre a situação financeira da entidade, de como
seria o procedimento na visão do contador, a vista disto o mesmo informou que
“quando acontecer deve utilizar as notas explicativas para informar”.
De modo geral, a elaboração das notas explicativas da organização em estudo,
atende parcialmente com o que a norma estabelece, pois vai depender muito das
atividades da organização para utilizar as notas explicativas, contudo, a organização
não evidenciou as imunidades e isenções assim como o contador relatou na entrevista
a sua respectiva obrigação do registro.

4.6. RECONHECIMENTO E CONTAS DE COMPENSAÇÃO

No que diz respeito ao ‘Reconhecimento’ e ‘Contas de Compensação’, o


instrumento de coleta atendendo esses quesitos foram com base na norma ITG 2002
(R1) permitindo a constituição da entrevista.
Com relação ao reconhecimento das receitas de doações, subvenções e
contribuições recebidas em contas específicas como estabelece a norma, o contador
responsável afirmou que
Deve fazer isso, se tiver uma contabilidade real. Doações, dízimos,
contribuições, subvenções, cada um no seu ponto. E o principal, existe um
55

documento chamado termo de adesão que se tiver voluntário, registra-se


essa despesa e receita também. Mesmo se aplica para a diretoria.

No quesito dos reconhecimentos mencionado anteriormente, há uma


divergência com o que é identificado nas demonstrações com o que é relatado na
entrevista, ou seja, na Demonstração dos Fluxos de Caixa as receitas não foram
identificadas o registro por tipos de atividades somente “ingressos”, como denominou
o contador.
O mesmo se aplica para as imunidades tributárias, no qual não foi identificado
o reconhecimento nas demonstrações, e quando questionado o mesmo informou que
“A imunidade está na constituição e no código tributário.”

Com relação às contas de compensação, a mesma tem a finalidade de melhor


evidenciação contábil referente às isenções e gratuidades. Na mesma linha de
raciocínio, o contador responsável informou que,
Não é obrigado registar as isenções e imunidades, um exemplo, é imune de
imposto de renda, no qual se calcula o imposto que seria pago e lançar como
despesas tributárias e como receita de contribuições com imunidade,
realmente não é obrigado, mas se a organização quiser registrar, sem
problemas.

A Lei 9.532/1997 estabelece isenções às organizações do imposto de renda.


Contudo, deve-se utilizar das Notas Explicativas para informar tal benefício, o que não
foi identificado na organização em estudo.
A profissão contábil requer a atualização do contador quando as normas e leis,
contudo, deve-se dar uma atenção maior para as normas específicas de contabilidade
aplicada ao terceiro setor. Se por um lado o terceiro setor detém do direito do benefício
conforme a legislação, por outro lado a contabilidade deve registrar todos os
benefícios com gratuidades para transparecer todo processo.
O trabalho voluntário é um dos aspectos mais utilizados nas entidades sem fins
lucrativos, nesse sentido Coelho (2010) afirma que “As atividades voluntárias estão
ligadas diretamente com as organizações religiosas, pois os valores religiosos sempre
foram um bom terreno para tal desenvolvimento”. Sobre isso, o contador responsável
afirma que a entidade não utiliza do trabalho voluntário, mas em uma eventual
ocorrência,
Primeiramente o voluntário assina o termo de adesão, e ele informa o dia que
tem disponibilidade para ser voluntário, pois se a organização fizer um
regramento dizendo que ele tem que trabalhar tal dia, já cria vínculo
56

empregatício e descaracteriza o voluntário em si. Reconhece as despesas e


receitas pelo valor justo.

O termo de adesão mencionado pelo contador na entrevista refere-se ao


advento da Lei n°9.608/98, que com sua constituição criou-se uma importante
situação deve ser utilizado pelas Igrejas, pois, através desta Lei possibilita não só
regularizar as atividades dos obreiros dentro da legalidade, como também, ampliar e
qualificar os trabalhos realizados em todos os ministérios.
Sob o aspecto de compensação entre contas, a mesma possibilita a
evidenciação dos efeitos no patrimônio líquido assim como algumas análises para fins
gerenciais, a organização em estudo utiliza este método entre ‘recursos recebidos’
com ‘subvenção’ e suas respectivas ‘destinações’. Esta operação não se faz
obrigatória nas organizações, porém, o contador atualmente é caracterizado como
gestor juntamente com os dirigentes da organização, logo se torna um diferencial para
aqueles profissionais que utiliza este método para melhor evidenciação.

5. CONSIDERAÇÕES FINAIS
A pesquisa em questão teve como objetivo analisar a adequação da
contabilidade de uma organização religiosa localizada em Feira de Santana as
alterações da Norma ITG 2002 (R1).
Atrelado ao objetivo geral caracterizou-se como objetivos específicos: discutir
as normas contábeis específicas do Terceiro Setor e suas últimas alterações. Este
primeiro objetivo específico foi atendido de forma plena no tópico 2.4 Normas
Contábeis aplicadas ao Terceiro Setor, apresentando as principais alterações da
Norma Contábil específica do Terceiro Setor.
57

O segundo objetivo específico foi descrever os procedimentos para elaboração


das demonstrações contábeis de entidade do Terceiro Setor diferenciando-as das
demais organizações. Este segundo objetivo específico foi alcançado no tópico 2.4.2
ITG: Demonstrações Contábeis. Apresentando as formas de elaboração das
demonstrações contábeis das entidades do Terceiro Setor conforme a ITG 2002 (R1),
possibilitando a diferenciação da elaboração das demonstrações das empresas com
fins lucrativos conforme a NBC TG 26 (R4).
O terceiro e último objetivo específico foi verificar a adequação da organização
em estudo a ITG 2002 (R1), este tópico permitiu o alcance da resposta da pergunta
norteadora da pesquisa. O mesmo foi atendido por meio dos instrumentos de coleta,
ou seja, para as Demonstrações Contábeis foi utilizado o formulário, para o
Reconhecimento, Contas de Compensação e Notas explicativas foi realizado uma
entrevista semiestruturada.
Após análise de todas as informações apresentadas no desenvolvimento da
pesquisa foi possível responder a pergunta norteadora da pesquisa: De que forma
ocorreu a adequação da contabilidade de uma organização religiosa localizada
em Feira de Santana as alterações da Norma ITG 2002 (R1)?
A adequação da organização em estudo a norma ITG 2002 (R1), não ocorreu
de forma plena, ou seja, a mesma atendeu parcialmente o que a norma estabelece.
Foi possível verificar que a organização em estudo elabora todas as demonstrações
definidas pelas Normas Contábeis, porém, com o detalhamento dos itens verificados,
notou-se que as demonstrações contábeis são apresentadas coma nomenclatura
inadequada para organização de terceiro setor. Constatou-se também que a entidade
não evidenciou todos os complementos às demonstrações, dispostos sob a forma de
Notas Explicativas.
Conclui-se então que a apresentação das demonstrações aconteceu de forma
incompleta ou não atualizada, de forma a demonstrar a falta de informações técnicas
específicas do Terceiro Setor, em alguns aspectos foi percebido que as mesmas
seguiam as Normas Técnicas estabelecidas para o segundo setor. Diante desse
cenário verifica-se que a ciência contábil está estruturada para atender as
especificidades desse tipo de organização, atendendo assim as demandas
específicas, porém é necessário que os profissionais que prestam serviço ao terceiro
setor fiquem atentos as mudanças ocorridas nas normas, colocando-as em prática
tempestivamente.
58

Por outro lado, foi possível verificar também que os profissionais da área
contábil enfrentam dificuldades para elaboração das demonstrações contábeis desse
tipo de entidade, já que muitas vezes o fluxo de informações entre a organização e a
contabilidade não acontece de forma eficiente, inviabilizando o cumprimento de
determinados quesitos estabelecidos pelas normas ou até tornando inviável a
elaboração das próprias demonstrações.
A contabilidade apresenta-se como uma ferramenta essencial no processo de
gestão e da transparência das ações desenvolvidas pelas organizações do Terceiro
Setor, uma vez que é definida como o método de identificar, mensurar e comunicar
informações com a finalidade de permitir julgamentos e decisões adequadas por parte
dos usuários internos e externos. Ocorre que, no Brasil, as demonstrações contábeis
elaboradas pelas entidades do Terceiro Setor são adaptações dos demonstrativos
desenvolvidos pelas empresas, cujas características e perspectivas são bem
diferentes.
Dentro da realidade observada na organização em estudo, em relação ao
cumprimento das normas específicas e das atividades desempenhadas, dessa forma
apresenta sempre condições de melhoria tanto da contabilidade, quanto da gestão,
assim temos como sugestões:
 Criação de uma ação dos Conselhos Regionais de Contabilidade no
sentido de orientar, incentivar e apresentar a importância quanto ao
cumprimento das normas específicas do terceiro setor;
 Educação continuada e especialização dos profissionais de
contabilidade quanto à importância da elaboração das demonstrações
contábeis das entidades do terceiro setor, já que percebe-se
divergências entre o que a norma estabelece e o que realmente é
colocado em prática;
 Conscientização dos gestores quanto à disponibilização de informações
para a contabilidade de forma tempestiva.
Em sentido amplo, como recomendação para próximos trabalhos, sugere-se
pesquisa com o mesmo objetivos em diversas entidades também do terceiro setor,
mas com atividades diversas e períodos mais longos, para possível apresentação de
evolução com relação ao atendimento as mudanças ocorridas nas normas
específicas, bem como comparação entre as entidades com diversas finalidades.
59
60

REFERÊNCIAS

ABCR. Associação Brasileira De Captadores De Recursos: Código de Ética e


Padrões da Prática Profissional. São Paulo, 2007. Disponível em:
<http://captadores.org.br/codigo-de-etica/> Acesso em: 04/2017

ALMEIDA, Monica Cordeiro, FERREIRA Eliane Schamaltz. Terceiro Setor :


Prestação de contas e suas implicações. Disponível
em:http://www.seer.ufu.br/index.php/horizontecientifico/article/viewFile/3857/2862.
Acesso em: 03/2017

ARAÚJO, Osório Cavalcante. Contabilidade para organizações do terceiro setor.


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67

APÊNDICE A: ITG 2002 (R1): Demonstrações Contábeis

Este formulário será aplicado para avaliação acerca dos parâmetros das
Normas aplicadas ao Terceiro Setor.
Servirá como elemento direcionador para o Trabalho de Conclusão de Curso –
TCC do discente Sávio Santos Bulhões, orientado pela Professora Me. Priscilla Motta
Oliveira Ramos no curso de Ciências Contábeis na Faculdade Maria Milza – Famam.
O objetivo deste formulário é coletar a informações referentes as
Demonstrações Contábeis apresentado na ITG 2002 (R1) através dos Demonstrativos
elaborados pela entidade.
Os dados serão analisados de forma impessoal direcionando a avaliação do
procedimento e não dos atos dos gestores.

Agradecemos sua cooperação.

Itens normativos a serem verificados no Balanço Patrimonial


Nº Item a ser verificado Atende Não atende Não se aplica
1 A Entidade apresentou Balanço Patrimonial?
2 A conta Capital foi substituída por Patrimônio
Social?
3 A conta Lucros ou Prejuízos Acumulados foi
substituída por Superávits ou Déficits
Acumulados?
Total

Itens normativos a serem verificados na Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício


Nº Item a ser verificado Atende Não atende Não se aplica
1 A Entidade apresentou a Demonstração do
Resultado do Exercício?
2 A Demonstração do Resultado do Exercício
foi renomeada para Demonstração do
Superávit ou Déficit do Exercício?
3 Foram evidenciadas as contas de receitas e
despesas por tipo de atividade**
68

Itens normativos a serem verificados na Demonstração das Mutações do Patrimônio Social


Nº Item a ser verificado Atende Não atende Não se aplica
1 A Entidade apresentou a Demonstração das
Mutações do Patrimônio Líquido?
2 A Demonstração das Mutações do Patrimônio
Líquido foi renomeada para Demonstração
das Mutações do Patrimônio Social?
3 O saldo no início do Exercício é igual ao saldo
do final do Exercício anterior?
4 A Entidade apresentou o Resultado líquido do
período?
5 A Entidade apresentou o saldo no final do
período?
6 O valor do Superávit ou Déficit de exercícios
anteriores foi transferido para a conta
Patrimônio Social?

Total

Itens normativos a serem verificados nas Demonstrações dos Fluxos de Caixa


Nº Item a ser verificado Atende Não atende Não se aplica
1 A Entidade apresentou a Demonstração dos
Fluxos de Caixa
2 Na elaboração das demonstrações a Entidade
utilizou o método direto classificando os
fluxos de caixas por atividades operacionais,
de investimentos e de financiamentos?
3 Se utilizado o método indireto, foram
evidenciadas as receitas e as despesas
divulgadas na demonstração do resultado?
Total

Agradecemos prontamente a sua colaboração e os resultados de tal levantamento


serão comunicados oportunamente aos participantes.
69

APÊNDICE B: ITG 2002 (R1): Reconhecimento, Contas de compensação e


Notas Explicativas

ROTEIRO DE ENTREVISTA SEMIESTRUTURADA

Este roteiro para entrevista será seguido para avaliação acerca dos parâmetros
das Normas aplicadas ao Terceiro Setor.
O objetivo desta entrevista é coletar a informações referentes ao
Reconhecimento e Contas de Compensação apresentado na ITG 2002 (R1) através
do responsável pela elaboração dos mesmos.

Tempo previsto de entrevista: 1 (uma) hora

Os dados serão analisados de forma impessoal direcionando a avaliação do


procedimento e não dos atos dos gestores.

Agradecemos sua cooperação.

Nº Balanço Patrimonial
1 Em seu julgamento o Balanço Patrimonial representa a exata situação
econômica e financeira da organização religiosa? Por quê?
2 Após a elaboração do Balanço Patrimonial ocorre alguma reunião com os
dirigentes para apresentação do mesmo?
3 Os dirigentes tomam algum tipo de decisão com base no Balanço
Patrimonial?
4 Qual o método utilizado para depreciação dos bens do ativo imobilizado?
5 Como foi determinada a vida útil desses ativos? (móveis e utensílios,
veículos, computadores e periféricos)
6 A organização evidencia receitas de doações, subvenções e contribuições
recebidas em contas específicas?
70

7 Uma eventual conta de créditos a receber, a organização realizaria algum


tipo de método de escrituração para as perdas esperadas sobre créditos a
receber?

Nº Demonstração do Superávit ou Déficit do Exercício


1 As receitas e as despesas estão sendo reconhecidas respeitando qual
regime contábil?
2 O gasto com trabalho voluntário é reconhecido de que forma?
3 De que forma são reconhecidas as imunidades tributárias?
4 A entidade utiliza algum tipo de método para controle e melhor evidenciação
contábil com relação a isenções e gratuidades? Se sim, qual (quais)?
5 Visto que a organização apresentou déficits nos exercícios analisados, qual
o papel do contador responsável quanto a essa situação?

Nº Demonstração dos Fluxos de Caixa


1 Partindo do pressuposto que essa demonstração não se faz obrigatória por
lei, qual a finalidade da organização elaborar a DFC?
2 Visto que a organização elaborou a DFC pelos métodos direto e indireto, é
realizada alguma análise juntamente com os gestores tomando como base
os dois métodos utilizados?

Nº Nota Explicativa
1 A organização apresenta algum tipo de renúncia fiscal?
2 A organização recebe subvenções?
3 A organização apresenta recursos vinculados à restrição?
4 Houve algum evento subsequente à data do encerramento do exercício que
possam vir a ter efeito relevante sobre a situação financeira da entidade?

Nº Diversas
1 A entidade demonstra, comparativamente, o custo e o valor recebido? Se
sim, com qual finalidade?
2 A entidade realiza algum tipo de compensação entre contas que possam
traduzir efeitos no patrimônio liquido? Se sim, qual (quais)?
71

3 Qual o impacto para a entidade a não elaboração dos demais


demonstrativos contábeis na perspectiva do contador responsável?
4 Uma das principais obrigações dos administradores das Entidades de
Interesse Social é prestar contas, principalmente aos órgãos
governamentais, e usufrui da contabilidade como facilitadora. Nessa linha
de raciocínio, é realizada alguma reunião envolvendo o contador para a
apresentação das prestações de contas aos integrantes da organização?

Agradecemos prontamente a sua colaboração e os resultados de tal


levantamento serão comunicados oportunamente aos participantes.

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