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ResenhaCrítica 2osanos Arquivo
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Sala: 2°B
É uma obra que mescla elementos de diversos estilos musicais, mas é principalmente
identificado como um álbum de soft rock, com influências de rock e pop dos anos 70. As
faixas do álbum são marcadas por arranjos elaborados, com camadas de instrumentos e
vocais que criam a atmosfera emotiva e imersiva do álbum. A voz de Natalie está em foco
nas músicas, com seu timbre suave que recorda o estilo vocal de cantoras dos anos 60 e
70 como Joni Mitchell e Karen Carpenter.
Para a criação do álbum, as influências de Natalie foram não apenas musicais, mas a
combinação da influência de artistas como Leonard Cohen, Joni Mitchell, Pink Floyd e
Karen Carpenter com elementos da cultura pop, como o filme Titanic, que dá nome ao
álbum, e a série Twin Peaks do diretor surrealista, David Lynch.
Como já mencionado o título do álbum “Titanic Rising” faz referência ao navio RMS Titanic
e ao filme de 1997, em que Natalie descreveu como “tendo um impacto profundo” nela
quando era mais jovem. O título do álbum é uma alegoria usada para expressar um dos
principais temas do álbum: a fragilidade do homem diante da natureza e uma modernidade
que parece estar a cada dia mais a beira de um colapso, onde a busca da sociedade por
progresso eterno nos leva ao nosso próprio fim. A artista disse em uma entrevista: “Titanic
Rising é mais como essa arrogância lenta do homem, inundando a humanidade em um
ritmo que não podemos compreender totalmente.”
Weyes Blood usa o próprio navio, Titanic, como uma metáfora para as questões
ambientais e sociais que enfrentamos na vida moderna, e para a sensação de
vulnerabilidade e incerteza que muitas vezes experimentamos diante dessas crises.
A primeira faixa “A Lot’s Gonna Change” é o presságio às mudanças que estão vindo
enquanto olhamos ao passado com melancolia e tentamos nos adaptar a essas
transformações que são inevitáveis em nossas vidas. “Everyday” é sobre a falta de
conexão emocional nas relações modernas e a busca por amor em um mundo que parece
cada vez mais desinteressado e vazio, com relações líquidas superficiais. Em “Something
to Believe” Natalie súplica por algo maior que ela, uma fé ou filosofia, algo que possa
motivá-la a seguir em frente e possa preencher sua vida, algo a qual ela possa se agarrar
em momentos difíceis. “Wild Time” é uma música que fala sobre a ansiedade e os medos
que permeiam a vida moderna, mas convida o ouvinte a encontrar beleza e significado
mesmo em tempos difíceis. O álbum encerra com “Nearer to Thee”, um instrumental e um
retorno a primeira faixa do álbum, mas dessa vez com seus arranjos refeitos de forma
orquestral, fazendo referência tanto em nome quanto em arranjos a: “Nearer, My God, to
Thee”, supostamente a última faixa tocada no Titanic pela banda do navio para manter os
passageiros calmos e otimistas antes do inevitável fim.
Em suma o álbum "Titanic Rising" de Weyes Blood é uma obra-prima que apresenta uma
mistura única de sensibilidade, experimentalismo musical e letras profundas e reflexivas. O
álbum é uma reflexão sobre temas como o amor, a perda, a espiritualidade e a crise
ambiental, apresentando uma sonoridade que remete aos anos 70, mas com uma
sensibilidade contemporânea. Com seu arranjo exuberante, letras reflexivas e voz emotiva,
Weyes Blood cria um álbum que é ao mesmo tempo nostálgico e atual, e que oferece uma
visão única sobre a condição humana no mundo moderno.