Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Machado de Assis
Machado de Assis
1. Introdução
Dessa forma, a ligação entre o conto e a loucura se torna óbvia, uma vez que a
obra apresenta uma reflexão crítica sobre as diferentes formas de enxergar e
lidar com a saúde mental, questionando a validade de uma abordagem científica
e médica do que seria a loucura. É interessante analisar este conto tendo em
mente o autor, já que Assis costuma usar de sua escrita como modo crítico, mas
ironizando o real problema que aborda, de modo que a compreensão total da
leitura só é possível através de análises sem, é claro, deixar de usufruir do humor
crítico que Assis proporciona (DE ASSIS, 1882).
Para debater sobre os estudos de Patrick Pessoa e o modo como ele aborda e
analisa Machado de Assis, é necessário um conhecimento básico sobre o escritor
em questão, sendo assim, Patrick Estellita Cavalcanti Pessoa é graduado em
filosofia e possui doutorado no mesmo ramo, escritor e estudioso brasileiro. Em
comparação aos outros estudantes de sua área, Pessoa é jovem, tem como
principal objeto de estudo o foco e a reflexão sobre conceitos críticos de obras
clássicas, em principal as obras de Assis. Devido a seu interesse nas obras de
Assis, Pessoa costuma sobrepor suas críticas e traz, por exemplo, na obra A
segunda vida de Brás Cubas, a ironia trágica presente no livro do ilustre escritor
Machado de Assis. Atualmente Patrick Pessoa é docente associado do
departamento de filosofia da UFF, (Universidade Federal Fluminense), e é
coordenador do Programa de Pós-Graduação em Filosofia da UFF, além de ter
publicado inúmeros ensaios em diversas revistas especializadas, Pessoa tem
também 6 livros publicados. Essa introdução traz um ponto importante que é a
formação de Pessoa, já que o mesmo, apesar de ser da área de filosofia,
demonstra grande interesse nas pautas relacionadas à literatura, em especial
Machado de Assis.
A menção de Pessoa se dá devido aos artigos por ele escritos, tendo como
principal referência o material nomeado como A ironia trágica em Machado de
Assis, onde por meio desse estudo ele menciona como principal objeto de estudo
a escrita de Machado de Assis, especificamente o livro Memórias Póstumas de
Brás Cubas. Pessoa argumenta que a ironia de Assis ganha inteligibilidade
quando vista à luz do conceito de ironia trágica, que é ambíguo, mas pode ajudar
a entender a natureza da ironia do autor. Pessoa também discute a distinção
entre tragédia e romance do escritor húngaro, Lukács e como o caráter irônico e
trágico pode autorizar e subverter interpretações tradicionais da obra de Machado
de Assis como um "mestre da ironia" (PESSOA, 2007).
O texto discute a presença da ironia nas Memórias Póstumas de Brás Cubas e
como seu uso visa produzir efeitos cômicos ou satíricos, mas também se
relaciona com a ironia trágica. A ironia da ação trágica se torna visível a partir
daquele distanciamento irônico-reflexivo que caracteriza tanto o poeta quanto o
espectador da tragédia. A ironia machadiana é trágica na medida em que o
narrador afirma a vida quando queria negá-la, ou o autor encontra a contradição
humana onde queria encontrar apenas a contradição brasileira. A ironia trágica é
simultaneamente objetivo e subjetivo, como uma técnica específica do autor, e
como tal em certa medida passível de estabilização, mas, ao mesmo tempo,
como aquilo que impossibilita o império da técnica e assim resguarda e torna
visível o caráter ironicamente trágico da própria realidade, fundamento ontológico
daquilo que anteriormente foi chamado de “tragédia da linguagem” (PESSOA,
2007).
Essas duas obras, sendo elas O Alienista e Memórias Póstumas de Brás Cubas
apresentam o mesmo estilo irônico e pessimista característico de Machado de
Assis, bem como uma crítica social ao comportamento humano e à sociedade
brasileira do século XIX. Ambas as obras também abordam temas relacionados à
condição humana, como a loucura, a morte, a vaidade e a busca pelo
conhecimento e pela felicidade. Em resumo, as obras de Assis têm em comum o
estilo literário e o tema da condição humana, apresentando uma visão irônica e
pessimista da sociedade brasileira do século XIX.
O que faz com que as obras de Machado de Assis façam parte do realismo? Que
aspecto em sua escrita lhe inseriu nessa escola literária senão o tempo? O
período em que suas obras foram escritas definiram seu pertencimento ao
realismo, mas e o que ele escreveu, estava limitado ao realismo? Essa questão
ainda é motivo de debate entre estudiosos da área, tendo como principal exemplo
o crítico Gustavo Bernardo que, em seu livro O problema do realismo de
Machado de Assis questiona o porquê de outros estudiosos acrescentarem
adjetivos ao realismo com o intuito de incluir Assis. Realismo é realismo,
independente do adjetivo, a essência se mantém e Machado de Assis não se
limita a essa essência.
3. Conclusão
Em suma, Patrick Pessoa aborda em seus textos sobre Machado de Assis temas
pouco pensados na sociedade, porém ainda muito estigmatizados, a exemplo da
loucura. O filósofo ressalta o caráter irônico e pessimista nas obras do escritor
canônico, bem como seu objetivo de fazer críticas à sociedade do século XIX.
Referências
PESSOA, Patrick. A ironia trágica de Machado de Assis. Viso: Cadernos de estética aplicada, v. 1, n. 1, p. 96-
108, 2007. - (PDF) A ironia trágica de Machado de Assis (researchgate.net)
https://www.academia.org.br/academicos/machado-de-assis/biografia#:~:text=Biografia&text=Machado%20de
%20Assis%20