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EPDA - EDM - Lote 1 - Agosto
EPDA - EDM - Lote 1 - Agosto
RELATÓRIO DE ESTUDO DE
PRÉ-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DE ÂMBITO
(EPDA)
0.0 2021-05-19 Versão draft Relatório EPDA Equipa de EIAS SilviuHarabagiu Bobby Wechsler
Introdução
O Projecto de construção das linhas de transporte de energia eléctrica de 220 kV
compreendendo troço Metoro-Montepuez e Montepuez-Marrupa, em uma extensão de 110 km
e 175 km respectivamente e duas subestações de 220 kV abrangendo as províncias de Cabo
Delgado e Niassa.
O projecto enquadra-se nos esforços do Governo de Moçambique para satisfazer a grande
demanda de energia que se regista na cidade de Pemba e norte de Cabo Delgado, com
particular relevo para a cidade de Palma e, no interior, a cidade de Montepuez, originada pelas
recentes descobertas de gás, jazigos de pedras preciosas entre outros recursos
O Projecto em avaliação enquadra-se na Categoria A, sujeita, portanto a realização de Estudo
de Impacto Ambiental (EIA), pelo que, nos termos do Artigo 10 do Decreto n.º 54/2015, de 31
de Dezembro, apresenta-se a versão final do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição
do Âmbito (EPDA) do EIA e a proposta dos Termos de Referência (TdR).
O presente documento constitui o Resumo Não Técnico (RNT) do relatório de EPDA. Pretende-
se com o presente RNT resumir de forma sintética e não técnica as principais observações,
recomendações e conclusões do EPDA, numa linguagem acessível à generalidade dos
potenciais interessados, de modo a que estes possam participar na fase de “Consulta Pública”
do EIA.
As informações mais detalhadas sobre os estudos ambientais e sociais realizados são
apresentadas a seguir no relatório de EPDA, o qual será submetido à Direcção Nacional do
Ambiente (DINAB) para revisão e aprovação. Em caso de parecer favorável, o processo de
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) poderá transitar para a etapa seguinte, ou seja, o Estudo
de Impacto Ambiental (EIA).
Proponente do Projecto
O proponente deste projecto é a Electricidade de Moçambique, E.P., empresa tutelada pelo
Ministério dos Recursos Minerais e Energia, adiante designada por EDM.
Localização
O Projecto localiza-se na região Norte de Moçambique, abrangendo a província de Cabo
Delgado nos distritos de Ancube, Montepuez e Balama e província de Niassa no distrito de
Marrupa.
A construção do traçado da linha de transporte área de energia (adiante designada por OHL)
proposta subdivide-se em 2 fases distintas, nomeadamente a fase 1 que consistirá no troço
Metoro-Montepuez e a fase 2 que consistirá no troço Montepuez-Marrupa. A figura “A”
apresenta a localização geral do traçado proposto.
No quadro seguinte apresenta-se uma estimativa da extensão do traçado base para em cada
um dos Postos Administrativos atravessados.
Área de Influência
Considera-se a Área de Influência Directa (AID) para o meio físico, biótico e sócio-económico
do Projecto inclui assim as seguintes áreas:
Ambiente Sócioeconomico
As províncias nortenhas de Cabo Delgado possuem um território relativamente vasto, sendo a
Província do Niassa aquela com maior área (122.827 km2 para 78.778 km2) e menor
população, apresentando por isso uma densidade populacional bastante baixa (14 habitantes
por quilómetro quadrado). Niassa teve, contudo, uma taxa de crescimento populacional mias
alta, perto do 4% por ano, enquanto Cabo Delgado teve cerca de 3,5%.
Em termos de estrutura da população, são províncias e distritos eminentemente rurais, alguns
deles com população toda ela considerada rural constituídas por povoações dispersas
(Ancuabe e Balama). O Distrito de Montepuez apresenta uma proporção mais baixa de
população rural, estando a grande parte da população urbana concentrada no Município de
Montepuez, sede do distrito.
LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Equipa responsável pela elaboração do EPDA. ...................................................................................... 4
Tabela 2: Lista de legislação Aplicável..................................................................................................................... 5
ANEXOS
Anexo 1 – Termos de Referência
Anexo 2 – Mapas do traçado da linha
Anexo 3 – Carta de Nota de Categorização
ACRÓNIMOS
AIA Avaliação de Impacto Ambiental
AT Alta Tensão
CNELEC Conselho Nacional de Energia Eléctrica
CEAGRN Centro de Estudos de Agricultura e Gestão de Recursos Naturais
EAS Estudo Ambiental Simplificado
EDM Electricidade de Moçambique, E.P
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPDA Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito
CONSIDERAÇÕES GERAIS
A Electricidade de Moçambique E.P (EDM), empresa pública nacional de provisão de energia
eléctrica em Moçambique, pretende implementar um projecto para o reforço e expansão da
rede de transporte e distribuição de energia na região norte do país compreendendo a
construção de duas linhas de transporte aéreo (OHL) de energia eléctrica de 220kV seguindo
o traçado Metoro-Montepuez (110 km) e Montepuez-Marrupa (175 km) e duas subestações de
220 kV abrangendo as províncias de Cabo Delgado e Niassa (Lote 1) adiante designado por
“o Projecto”.
O Projecto foi classificado como sendo de Categoria A (ver em anexo o ofício do Ministério da
Terra e Ambiente - MTA, através da Direcção Nacional do Ambiente - DINAB), o que significa
que é necessário a realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) completo. Assim, de
acordo com o mesmo Decreto Nº. 54/2015, é necessária a realização de um Estudo de Pré-
Viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA), complementado pelos Termos de
Referência (TdR), seguido de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
O presente documento constitui o relatório de EPDA, portanto, uma base intermédia do
processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Com a aprovação do EPDA e dos TdR (que se apresentam no Anexo 1 do presente
documento), o processo de AIA terá seguimento com a elaboração do EIA, o qual, por sua vez,
será submetido à aprovação por parte do MTA. Esta aprovação constituirá a condição
necessária para a Licença Ambiental da intervenção pretendida.
1
IFC - sigla para International Finance Corporation – Corporação Financeira Internacional é a instituição
membro do Grupo Banco Mundial voltada para o fortalecimento do setor privado nos países em desenvolvimento
com vistas a combater a pobreza
• Elaboração do relatório de EPDA e TdR - Por fim foi realizado análise e discussão dos
resultados obtidos no campo e elaboração do relatório do Estudo de Pré-viabilidade e
Definição de Âmbito (EPDA) e respectivos Termos de Referência (TdR) incorporando as
recomendações, sugestões e comentários resultantes das discussões públicas e da
apreciação dos vários organismos intervenientes, de modo a que as versões finais
destes documentos venham a constituir o resultado de todos os estudos e do processo
dinâmico e interventivo desencadeado até então.
Nome Função/Actividades
Kostas Batos Director do Projecto/Gestão Diária/Controle de Qualidade
Silviu Harabagiu Especialista Ambiental / Controle de Qualidade
Fernando Pondeca Coordenador do EIA / Aspectos Biofísicos/Compilação do EPDA
Maria Cecilia Pedro Componente de Socioeconomia & Participação Pública
Frederico Pereira Componente de Recursos Hídricos
Hélder Bernardo Componente de Geologia e Solos
Celima Macamo Componente de Ecologia e Biodiversidade
Bogdan Gheorghita Sistemas de informação e cartografia
Decreto n.º 57/2011 - Este decreto estabelece várias normas e directrizes De acordo com este decreto, a
Regulamento de para o desenvolvimento de projectos de linhas largura da RoW da linha deveria
Segurança das Linhas eléctricas, de modo a assegurar a sua segurança. O ser de 50 m (25 m para cada lado
Eléctricas de Alta Artigo 28 (ponto 2) estabelece que, de modo a da linha). No entanto, isto
Tensão assegurar uma operação segura de linhas de alta contradiz a Lei de Terras, que
tensão, a zona de protecção (RoW) deverá ter uma estabelece uma largura de 100 m
largura máxima de 30 m, para linhas abaixo de 66 kV, para a RoW (50 m para cada lado).
e 50 m para linhas acima de 66 kV. Como tal, foi adoptada uma RoW
com 100 m, em cumprimento da
Lei de Terras.
A aprovação de projectos de
linhas de transmissão pelo
Conselho de Ministros ou pelas
autoridades competentes
relevantes implica a criação
automática das respectivas zonas
de protecção parcial.
Decreto n.º 66/98 – A criação desta zona de protecção
Regulamento da Lei parcial irá extinguir os DUATs
das Terras existentes ao longo da RoW, e
impedir a emissão de novos
DUATs. Isto cria a necessidade de
compensar os bens existentes e
reassentar as comunidades
existentes dentro da RoW.
Alguns usos poderão continuar a
ser permitidos dentro da RoW
(como o cultivo de culturas
anuais), mas terão de ser
implementadas garantias legais e
outras medidas para proteger os
direitos das pessoas afectadas
que optarem por continuar a
praticar actividades permitidas
dentro da RoW, onde tal for
tecnicamente viável e permitido
pela EDM. Estas situações serão
resolvidas através do Plano de
Reassentamento ou de outros
instrumentos específicos.
Decreto n.º 31/2012 – Caso o Projecto resulte em
Regulamento do reassentamento físico ou
Processo de económico este regulamento é
Reassentamento aplicável e será necessário
resultante de desenvolver um Plano de
Actividades Define as regras e princípios de referência a serem Reassentamento. Qualquer
Económicas seguidos em processos de reassentamento resultantes deslocação económica (tais como
da implementação de actividades económicas públicas perdas de machambas ou outros
e privadas. O Art.º 15 define que o Plano de bens) deverá ser também avaliada
Reassentamento é parte do processo de AIAS e que a no EIA e, no caso de ocorrer, ser
devidamente compensada, em
Património Cultural
Lei n.º 10/88 – Lei do Tem como objectivo proteger o património cultural A presença potencial de
Património Cultural material ou não-material. O património cultural é património cultural na área do
definido nesta lei como o “conjunto de bens materiais e Projecto deve ser avaliada no EIA.
imateriais criados ou integrados pelo Povo Durante a construção do Projecto
moçambicano ao longo da história, com relevância poderão também ser encontrados
para a definição da identidade cultural moçambicana.” objectos arqueológicos. Se tal
Os bens culturais materiais incluem: monumentos, suceder, o Proponente deverá
grupos de edifícios com relevância histórica, artística comunicar imediatamente o
ou científica, lugares ou sítios (com interesse achado à instituição de património
arqueológico, histórico, estético, etnológico ou cultural relevante.
antropológico) e elementos naturais (formações físicas
e biológicas com interesse particular sob um ponto de
vista estético ou científico).
Biodiversidade
Lei n.º 20/97 – Lei do Os Artigos 12 e 13 definem que o planeamento, O Projecto deve considerar a
Ambiente implementação e operação de projectos deverão biodiversidade protegida e a
garantir a protecção dos recursos biológicos, em presença de potenciais valores
particular de espécies de flora e fauna ameaçadas de relevantes de biodiversidade na
extinção ou que requeiram atenção especial, devido ao área do Projecto deverá ser
seu valor genético, ecológico, cultural ou científico. avaliada na AIAS.
Este aspecto estende-se aos seus habitats,
especialmente àqueles presentes em áreas de
protecção ambiental.
Lei n.º 10/99 – Lei das Estabelece as regras e princípios base para a Nenhuma área de protecção,
Florestas e Fauna protecção, conservação e uso sustentável dos recursos conforme definida por esta Lei, é
Bravia florestais e da fauna bravia. O Artigo 10 define as zonas interferida pelo Projecto.
de protecção, como áreas delimitadas do território,
representativas do património natural nacional,
Lei n.º 16/2014 Esta lei estabelece os princípios e normas básicos para Nenhuma área de conservação,
(emendada pela Lei n.º a protecção, conservação, restauração e uso conforme definidas por este
5/2017) – Lei da sustentável para o uso da diversidade biológica em diploma, é interferida pelo Projecto
Protecção, território nacional, em particular em áreas de proposto.
Conservação e Uso conservação.
Sustentável de O Artigo 16 define que todas as actividades que
Biodiversidade, e seu possam resultar em alterações ao coberto vegetal, ou
Regulamento que possam degradar a flora, fauna e os processos
ecológicos até ao ponto de comprometerem a sua
manutenção, são interditas dentro de parques naturais,
excepto se necessárias por motivos científicos ou de
gestão.
O Artigo 11 do Regulamento estabelece que
monumentos culturais e naturais devem ser
conservados. Estes incluem áreas com um ou mais
valores estéticos, geológicos, religiosos, históricos ou
culturais únicos que, dada a sua raridade, devem ser
conservados. Monumentos naturais podem incluir
árvores de valor ecológico, estético, histórico e cultural.
Higiene e Segurança Laboral
Lei n.º 23/2007- Lei do Esta lei aplica-se às relações jurídicas de trabalho O Proponente deve fornecer aos
Trabalho subordinado estabelecidas entre empregadores e seus trabalhadores, boas
trabalhadores nacionais e estrangeiros, de todas as condições físicas, o trabalho
indústrias, em actividade no país. O capítulo VI fornece ambiental e moral, informá-los
os princípios de segurança, higiene e saúde dos sobre os riscos do seu trabalho e
trabalhadores. instruí-los sobre o cumprimento
adequado das normas
Lei n.º 5/2002 - Lei de Esta lei estabelece os princípios gerais que visam É proibida a testagem de
Protecção dos assegurar que todos os empregados e candidatos a HIV/SIDA aos trabalhadores,
Trabalhadores com emprego não sejam discriminados no local de trabalho candidatos a emprego, candidatos
HIV/SIDA ou quando se candidatam a empregos, por estes serem para avaliar o treinamento ou
suspeitos ou por terem HIV/SIDA. O artigo 8 estabelece candidatos a promoção, a pedido
que o trabalhador que se infecta com HIV/SIDA no local dos empregadores, sem o
de trabalho, em conexão com a sua ocupação consentimento do trabalhador ou
profissional, além da compensação a que tem direito, candidato a emprego. O
têm garantia de assistência médica adequada para proponente deverá treinar e
aliviar seu estado de saúde, de acordo com a Lei do reorientar todos os trabalhadores
trabalho e demais legislação aplicável, custeados pelo infectados com HIV/SIDA, que
empregador. sejam capazes de cumprir os seus
deveres no trabalho, levando-a
para um emprego compatível com
as suas capacidades residuais.
Ambiente
• Emissões para o Ar e Qualidade do Ar Ambiente
Convenções Internacionais
Governo de Moçambique celebrou e ratificou várias convenções internacionais que abordam a
gestão ambiental. O proponente é obrigado a garantir que as suas actividades são efectuadas
em cumprimento das convenções internacionais, das quais o Governo de Moçambique é
signatário. As convenções relevantes e aplicáveis estão abaixo listadas:
Ano de
Convenção
Ractificação
Qualidade do Ar
1993 Convenção de Viena sobre a Protecção da Camada de Ozono de 1985;
Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozono de
1987 e as respectivas emendas efectuadas em Londres – 1990 e Copenhaga -
1992
1994 Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, de 1992
(UNFCCC)
2004 Protocolo de Quioto de 1997
Habitats e Diversidade Biológica
1981 Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e Recursos Naturais (de
1968)
2003 Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional, especialmente
as que servem como habitat de Aves Aquáticas (Convenção Ramsar) de 1971, e
os respectivos Protocolo de Paris de 1982 e Emenda de Regina, de 1987.
Convenção de Bona sobre as Espécies Migratórias de Animais Selvagens, 1979,
e suas alterações
1994 Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica de 1992
2010 Convenção de Roterdao sobre o Procedimento de Prévia Informação e
Consentimento para determinados Produtos Químicos e Pesticidas Perigosos no
Comércio Internacional, de 19
2003 Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais,
versão revista
Resíduos Perigosos
1996 Convenção de Bamako sobre a Interdição da Importação de Lixos Perigosos e
Controlo da Movimentação Transfronteiriça desses lixos em Africa, de 1991
QUADRO INSTITUCIONAL
As principais instituições essenciais no desenvolvimento do Projecto, são as descritas a seguir,
mas não limitadas a:
Ministério da Terra e Ambiente - MTA
Em 1994 foi criado o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), actualmente
o Ministério da Terra e Ambiente (MTA), o órgão central do aparelho de Estado que dirige a
execução da política ambiental, coordena, orienta, gere e promove o planeamento e uso
adequado dos recursos naturais do país. A responsabilidade do MTA é a seguinte, mas não
limitada a:
OBJECTIVOS DO PROJECTO
Objectivo Geral:
O presente projecto visa a implantação de duas linhas aéreas (OHL)3 de transporte de energia
eléctrica a uma tensão de 220kV seguindo o traçado Metoro-Montepuez (110 km) e Montepuez-
Marrupa (175 km) e duas Subestações (400/220/110 kV e 110/33 kV) abrangendo as províncias
de Cabo Delgado e Niassa.
O Projecto encontra-se actualmente em fase do Estudo de Viabilidade cujo o produto final será
a preparação de um Relatório de Viabilidade que conterá a justificação técnica, financeira e
económica do Projecto e recomendações para a sua implementação.
Refira-se que o Estudo do Impacto Ambiental e Social constitui um elemento decisor para a
identificação e obtenção do financiamento necessário para implementação do Projecto, que
inclui os estudos de engenharia detalhados para a definição aprofundada do traçado da linha,
confirmação final da situação físico-ambiental e sócioeconómica ao longo da linha e seu devido
seguimento de acordo com os instrumentos de salvaguardas sociais ambientais e socias e
início das actividades de construção.
Objectivos específicos:
• Melhorar a qualidade e confiabilidade do abastecimento na região e, potencialmente,
também permitir a conexão com cargas mais elevadas na região.
3
As OHLs são linhas de alta tensão transportam grandes quantidades de energia eléctrica por longas distâncias
No quadro seguinte apresenta-se uma estimativa da extensão do traçado base para em cada
um dos Postos Administrativos atravessados.
Tabela 4: Extensão do traçado nos Postos Administrativos atravessados
Extensão da
Troço Provincia Distrito P.Admin linha (km)
Mesa 31
Ancuabe Metoro 21
Cabo Namanhumbi 19
1 Delgado Montepuez Montepuez 20
Montepuez 14
Montepuez Mapupulo 13
Cabo Balama 46
Delgado Balama Impiri 37
Nungo 46
2 Niassa Marrupa Marrupa 15
• Saindo da subestação de Metoro a uma altitude de cerca de 350 m e inicia-se uma ligeira
subida até cerca de 500 m perto da localidade de Nancuia;
• Da subestação de Metoro, a linha vai para Oeste cruzando a estrada EN 106,
continuando para o ângulo L1.1_AP3 e continua para Noroeste até o ângulo L1.1_AP7
a cerca de 5 km do local previsto para a nova subestação de Metoro. (Ver mapa do
traçado em anexo);
• Os ângulos L1.1_AP7 e L1.1_AP7.1 são considerados locais para o término da linha
conectando a nova subestação;
• Até à Localidade de Megama o traçado da linha segue na direcção Noroeste, ao longo
da EN 242 (L1.1_AP20) e muda de direcção para Sudoeste até Montepuez
(L1.1_AP30);
• Para evitar localidades, a rota da linha cruzará duas vezes a estrada EN 242, perto das
localidades de Namanhumbir e Caraia.
Desenho da Torre
Uma rota típica de linha aérea utiliza três principais tipos de torres de aço reticuladas,
nomeadamente:
• Torres de suspensão que suportam os condutores em trechos de linha recta. Podem ser
autoportantes ou serem torres em “V” espiadas por cabos de aço;
• Torres de ângulo que são utilizadas em pontos em que a rota muda de direcção. São
torres autoportantes;
• Torres terminais que são utilizadas onde a linha termina nas subestações.
As figuras abaixo apresentam exemplos de tipos de torres típicas e peças-chave a serem
usadas pelo presente Projecto.
Figura 3: Exemplo e esquema de torre de suspensão autoportante típica (Fonte: CONSULTEC 2018).
Altura da Torre
Há diversas variáveis que definem a altura da torre (e a área de ocupação associada) tais
como:
• Terreno (novas linhas devem ser posicionadas de forma a manter as distâncias
regulamentares a edifícios, estruturas, árvores, linhas de transporte de energia eléctrica
etc.)
• Altura acima do nível do mar; e,
• Comprimento do vão.
Para o presente projecto prevê-se que as torres tenham uma altura média de cerca de 40 m.
Comprimento do Vão
A distância entre as torres (extensão do vão) varia tipicamente entre 400 m e 500 m, podendo
atingir 800 m em áreas de relevo difícil ou para facilitar a utilização de um vão único na travessia
de rios.
Subestação de Metoro
Fase de construção
Actividade Descrição
Fase de Operação
A operação do sistema será feita conforme as práticas normais da operação da rede eléctrica
no geral que envolverão:
• Transporte de energia;
• Monitoria constante da qualidade da operação e do estado do equipamento;
• Controlo do crescimento da vegetação arbustivo e de ocupação ilegal do terreno nos
corredores ocupados pela linha;
• Substituição de peças avariadas ou roubadas;
• Outras actividades regulares de reparação e manutenção.
Desactivação
O final do ciclo de vida de uma linha de transporte de energia é imprevisível, uma vez que estas
infraestruturas poderão ser objecto de intervenções várias que permitam aumentar a sua vida
útil antes de se proceder à sua completa desactivação e desmontagem.
Desta forma, verifica-se que este tipo de infraestruturas tem uma vida útil longa, não sendo
possível prever com rigor, uma data para a sua eventual desactivação.
Também as subestações não são frequentemente desactivadas, sendo antes objecto de
remodelações, que consistem na substituição de equipamentos obsoletos ou insuficientes e
visando a melhoria do funcionamento da instalação
O equipamento tipicamente usado para a construção das linhas de alta tensão inclui:
• Veículos (transporte do pessoal, camiões 4x4, gruas móveis, camião basculante,
escavadores e empilhadoras);
• Secções das torres pré-fabricadas em treliças de aço;
• Guincho (1-15 toneladas) e rolo da linha condutor;
• Compressores (até 20 toneladas);
• Betão preparado no estaleiro fixo ou móvel;
• Tinta de protecção de aço; e
• Acampamento móvel para trabalhadores, facilidades sanitárias e de deposição de
resíduos sólidos.
O equipamento usado para a construção de subestações aplicado para o presente Projecto
poderá incluir:
• Veículos (transporte do pessoal, camiões 4 x 4, gruas móveis, camião basculante,
escavadores e empilhadoras);
• Betão preparado no estaleiro fixo ou móvel;
• Transformadores.
MÃO-DE-OBRA
Nesta fase do Projecto não são conhecidos os números finais da mão-de-obra necessária para
o desenvolvimento do mesmo. Contudo estima-se que uma parte da mão-de-obra menos
qualificada, poderá ser recrutada localmente pelo empreiteiro tendo como base a Lei de
Trabalho vigente. As tarefas incluem as actividades de limpeza do corredor, motoristas,
pedreiros e soldadores.
MATÉRIA-PRIMA
As matérias-primas a serem usadas são cimento para obras civis e fundações das torres, aço
para as próprias torres, porcelana para os isoladores e cobre para os cabos. O equipamento
de construção das torres de aço, linha de transporte (alumínio e cobre) e as infraestruturas das
subestações (barramentos e transformadores) e todo equipamento pesado será adquirido em
fornecedores locais. As subestações utilizarão ainda transformadores adquiridos no
estrangeiro. Os lubrificantes, adesivos, óleos etc. serão comprados localmente pelo
empreiteiro. Os materiais de construção de edifícios e pedra britada serão adquiridos
localmente.
A servidão é definida como a área que é necessário manter, uma vez que a linha de transporte
de energia esteja operacional. A largura desta servidão é definida pela voltagem da linha.
Avaliações detalhadas que definirão a servidão final para o presente Projecto serão realizadas
em paralelo com o processo da AIAS, pelo consultor que está a realizar o estudo de viabilidade
viabilidade.
O referido processo será realizado de acordo com as especificações legais, e tomando em
consideração as infra-estruturas já existentes. Serão dadas contribuições para este processo
pelo consultor da AIAS, com base nos estudos preliminares feitos até à data e onde necessário,
e também serão realizadas visitas adicionais e actividades de consulta, como parte do
processo de tomada de decisão final.
A Figura 8 apresentada em seguida ilustra a Área de Influência Directa do Projecto, tal como
aqui descrita.
Componente Física
5.2.1.1 Clima
Segundo a classificação climática de Koppen, o clima da região de Cabo Delgado (Ancuabe e
Montepuez) e Niassa (Marrupa) é caracterizado por um clima tropical (AW) com duas estações
distintas, nomeadamente, uma estação húmida que ocorre de Novembro a Março e uma
estação seca de Abril a Outubro. Neste tipo de clima, a precipitação pluviométrica média anual
é normalmente superior à evaporação anual. O clima AW tem uma estação seca no Inverno e
é mais amplo do que nos climas equatoriais húmidos (MICOA, 2012)
Na região do corredor do Projecto para os distritos de Ancuabe e Montepuez (Cabo Delgado)
a temperatura média anual varia de 33 ° em Novembro a uma média de 19 °em Julho
(Climatedata.eu, 2017). A precipitação média anual situa-se em 1.147 mm com o mês mais
húmido ocorrendo em Dezembro (média de precipitação de 213 mm) e o mês mais seco ocorre
durante o mês de Setembro (média de 4 mm). A evatranspiração potencial de referência (Eto)
se situa entre 1.300 e 1.500 mm. (Climatedata.eu, 2017).
Na região do corredor do Projecto para o distrito de Marrupa (Niassa) a temperatura média
anual varia de 22° a 24°C. A precipitação anual varia de 1.000 a 1.400mm, podendo atingir os
1.600mm (MAE, 2005).
5.2.1.2 Topografia
A morfologia da zona atravessada pelo traçado da linha de transporte de energia proposta é
marcada pela presença de zonas aplanadas e de relevo suave, com a ocorrência de numerosos
inselbergs, típicos da região e cortadas por uma série de rios que correm genericamente de
Oeste para Este.
A altitude varia de 729,3 m no ponto mais alto (em Marrupa) para 366 m no ponto mais baixo
(em Metoro). Pelo perfil topográfico apresentado na figura abaixo, nota-se claramente a
existência de vales, interflúvios, talvegues e cumeeiras na área do Projecto. Dando indicação
de ocorrência de escoamentos superficiais.
5.2.1.3 Geologia
O Nordeste de Moçambique é predominantemente subjacente a rochas proterozóicas que
formam uma série de complexos de gneis que variam de Paleo a Neoproterozóico em idade.
O traçado do projecto está localizado predominantemente em sedimentos do super-grupo do
complexo de Montepuez de era NeoProterozóico. A geologia no complexo varia gnaisses
granítico, gnaisses granítico a granodiorítico e gnaisses quartzo-feldspático seguindo se os
granulíticos máficos do Complexo de Ocua. Uma pequena secção a Noroeste do traçado da
linha de transporte de energia proposta está situada em sedimentos do grupo Rio Mecole de
idade Fanerozóica. A geologia neste complexo pode ser descrita como arenito arcósico e
conglomerado (Bjerkgard, 2006). A Figura 11 apresenta o enquadramento geológico do
traçado do Projecto.
5.2.1.4 Solos
Na secção de Metoro e grande parte de Montepuez predominam solos argilosos castanhos em
associação com solos arenosos castanhos-cinzentos, seguindo-se uma associação de solos
vermelhos de textura média. Estes tipos de solos podem apresentar aptidão moderada para a
prática agrícola.
Por sua vez, os solos na região de Marrupa (Niassa) são argilosos vermelhos e profundos, com
uma boa permeabilidade e bem drenados, com fertilidade baixa e susceptíveis a erosão. Em
uma pequena extensão a Este de Marrupa, os solos predominantes nos vales de rios são
aluvionares, escuros, profundos, de textura pesada e média, moderadamente a mal drenados,
o topo e as encostas são moderadamente bem drenados. A Figura 12 ilustra a ocorrência do
tipo de solos na região do Projecto.
5.2.2.1 Qualidade do Ar
O principal aspecto a salientar em relação à qualidade do ar na zona para onde se prevê a
implantação do Projecto tem a ver com a ausência de fontes significativas de poluição industrial
e com os volumes de tráfego relativamente modestos que percorrem as estradas aí existentes.
Desta forma e apesar da inexistência de estudos ou actividades de monitorização que
proporcionem uma caracterização das concentrações de poluentes atmosféricos na zona, é de
admitir que a qualidade do ar ambiente seja, no geral, boa.
Contudo, há que ter em conta a realização de queimadas e os processos de erosão eólica,
agravados com a mobilização (agrícola) dos solos e, numa escala mais localizada, a circulação
de viaturas em estradas não pavimentadas, levando à libertação de poeiras.
A queima doméstica de biomassa (lenha ou carvão) constitui, à semelhança do que acontece
na generalidade das áreas rurais de Moçambique e de todo o continente Africano e de outras
Componente Biótica
4 MICOA-Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (Actual MITA: Ministério da Terra e Ambiente).
Por sua vez o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) definiu ecorregiões globais baseados
em assembleias geograficamente distintas de espécies, comunidades naturais e as condições
ambientais. Informações sobre cada região ecológica e seu estado de conservação são
fornecidas para ajudar com a conservação contínua dessas áreas. A área do Projecto
enquadra-se em uma (1) ecorregião descritas pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF
2014). Nomeadamente a Ecoregião da Floresta de Miombo Oriental (Figura 15).
Flora local
A vegetação presente na área de estudo é um mosaico complexo de Floresta Indiferenciada
Aberta Alta, Floresta Ripariana, Mata de Bambu, Floresta Indiferenciada, Savana de Acácia
Aberta, Savana de Palmeira Aberta e alguns pequenos trechos de Floresta de Miombo Aberta
Alta.
As Florestas Riparianas da área de estudo são caracterizadas por um canopy fechado de 75-
100% de cobertura com canopy de árvore de até 20m e árvores emergentes que atingem até
40m . As espécies comuns que ocorrem dentro deste tipo de vegetação incluem Millettia bussei,
Markhamia obtusifolia, Artabotrys brachypetalus, Dalbergia arbutifolia, Hyphaene petersiana,
Terminalia stenostachya, Diospyros kirkii, Borassus aethiopum, Ficus sycamorus, Khaya
anthoteca, Stereospermum kunthianum, Boscia mossambicensis, Margaritaria dioscoidea var
triphosphaera e Garcinia livingstonei.
A Floresta Indiferenciada Aberta Alta é caracterizada por uma cobertura de canopy de 50%,
com altura média da árvore de 10m-15m. As espécies comuns encontradas neste tipo de
vegetação incluem Millettia stuhlmannii, Markhamia zanzibarica, Combretum zeyheri, Annona
senagalensis, Sclerocarya birrea, Lannea schweinfurthii, Sterculia appendiculata, Bauhinia
petersiana, Tamarindus indica, Bolusanthus speciosus e Diplorhynchus condylocarpon. Este
tipo de vegetação é muitas vezes intercalado com pequenos tufos de bambu
Ocorrem também grandes, quase impenetráveis, matas de tufos densos de bambu
(Oxytenanthera abyssinica. Esses tufos são intercalados com algumas árvores de pequeno a
médio tamanhos, como espécies de Combretum, Lannea antiscorbutica, Xeroderis stuhlmannii,
Sterculia appendiculata e Markhamia zanzibarica.
5.2.3.2 Fauna
Na região de Metoro e Montepuez, há registo de uma possível ocorrência de 148 espécies de
mamíferos constituído por roedores, primatas, lebres, carnívoros, morcegos, antílopes e
ungulados de dedos pares. Das espécies mais abudantes destacam-se o Rato-bochechudo
(Saccostomus campestris), Gerboa de Peters (Gerbilliscus leucogaster), Esquilo-oriental-
riscado (Paraxerus flavovittis), Musaranho-almiscardo do Katanga (Crocidura luna), Esquilo-
vermelho-da-floresta (Paraxerus palliates), Facoceiro (Phacochoerus africanus), babuíno
amarelo (Papio cynocephalus) e Gato-bravo-africano (Felis silvestris) (MITADER, 2015).
Um total de 88 espécies de répteis têm intervalos de distribuição que incluem a área de estudo
e provavelmente estejam presentes no local. As espécies de maior ocorrência são a Cobra-
verde do Sul (Philothamnus hoplogaster); Camaleão-de-pescoço-achatado (Chamaeleo
dilepis); Cobra-da-erva-azeitona (Psammophis mossambicus); Cobra-das-casas-castanha
(Lamprophis capensis); Cobra-de-focinho-vermelho (Rhamphiophis rostratus) e Víbora-comum
(Bitis arietans arietans). (MITADER, 2015).
5.2.3.2.1 Aves
De acordo com relatório de Mapeamento de Habitats em Moçambique, mais de 300 espécies
de aves podem possivelmente existir na região de Marrupa em Niassa, com o seu habitat
preferencial nas floresta Miombo e florestas secundárias em paisagens agrícolas, que são os
habitats dominantes no local. As espécies típicas incluíem: Bufo Malhado (Bubo lacteus), Águia
Pesqueira (Pandion haliaetus), Coruja da Floresta (Strix woodfordii), Gavião Papa Lagartos
(Kaupifalco monogrammicus), Águia Pescadora Africana (Haliaeetus vocifer) e Mocho de
Orelhas Africano (Otus senegalensis).
Os dados do mesmo relatório indicam que para a , na região de Montepuez a maior diversidade
de avifauna localiza-se na Floresta Riparana . As espécies de provável ocorrência e em
abundância dentro do tipo de habitat incluem: Abelharuco-dourado (Meropspusillus); Papa-
moscas de Livingstone (Erythroceruslivingstonii); Cuco-esmeraldino (Chrysococcyzcupreus);
Rola-esmeraldina (Turturchalcospilos); Picanço-tropical (Laniarius major); Toutinegra
(Pycnonotus tricolor); a Cegonha-escopial (Ciconiaepiscopus), o Borrelho de Kittlitz
(Charadriuspecuarius) e a Garça-de-dorso-verde (Butoridesstriata) .
De acordo com a legislação em vigor, os órgãos locais do Estado a nível do distrito localizam-
se em quatro níveis hierarquicamente dispostos de cima para baixo nomeadamente o Distrito,
o Posto Administrativo, a Localidade e a Povoação. Cada um deles é dirigido por um
responsável nomeado pelo órgão do Estado hierarquicamente superior, sendo no caso do
Administrador de Distrito a nomeação da responsabilidade do Presidente da República. A lei
não está a ser ainda implementada a nível da povoação, cujo chefe é ainda um líder comunitário
residente na povoação.
Em cada nível de governação do território, o dirigente respectivo conta com um órgão de
governo que integra técnicos que asseguram, ao nível local, a implementação das políticas e
dos planos dos vários sectores que compõem o Estado, assim como órgãos consultivos que
integram representantes das comunidades, de grupos de interesse e da sociedade civil, e ainda
outras pessoas influentes.
O quadro que estabelece a existência e funcionamento dos órgãos consultivos ao nível do
distrito terá mudado com a aprovação da Lei 7/2019 que estabelece o quadro legal da
organização e funcionamento dos Órgãos de Representação do Estada na Província e do
INDICADORES SOCIODEMOGRÁFICOS
A Tabela 9 apresentada em seguida resume alguns indicadores sociodemográficos
seleccionados nas estatísticas dos distritos que compõem a Área de Influência Indirecta do
Projecto.
Em termos de estrutura da população, são províncias e distritos eminentemente rurais, alguns
deles com população toda ela considerada rural constituídas por povoações dispersas
(Ancuabe e Balama). O Distrito de Montepuez apresenta uma proporção mais baixa de
população rural, estando a grande parte da população urbana concentrada no Município de
Montepuez, sede do distrito.
O tamanho médio dos agregados familiares varia de 4 a 4,5 pessoas por agregado familiar,
sendo na Província de Niassa e no Distrito de Marrupa que o número é ligeiramente maior. A
estrutura etária da população revela uma população eminentemente jovem correspondente à
população não-activa, que chega perto de 50% da população das duas províncias e dos quatro
distritos da área de estudo, sendo a taxa de mortalidade alta e a consequente esperança de
INDICADORES DE BEM-ESTAR
A Tabela em baixo resume alguns indicadores de bem-estar nos distritos que constituem a
Área de Influência Directa do Projecto, nomeadamente o tipo de habitação, o acesso a energia
eléctrica da rede de energia, o acesso a água potável e o saneamento seguro8.
Em 2007 o tipo de casa predominante era a casa tipo palhota, construída com materiais locais
recolhidos no ambiente envolvente, apesar de em alguns distritos com mais população urbana,
como Montepuez, existirem algumas casas de tipo misto, construídas com materiais locais
5
De acordo com o Censo 2017 a taxa de analfabetismo foi de 60,8 e 59% em Cabo Delgado e Niassa,
repectivamente.
6
A Taxa de Analfabetismo e de Mortalidade apuradas pelo Censo 2017 ainda não estão disponíveis desagregadas
por distrito, razão pela qual se apresentam os resultados apurados pelo Censo 2007.
7
Número de óbitos no primeiro ano de vida por mil nascidos vivos.
8
O Indicador Água Potável agrega pessoas com acesso a água canalizada, fontenário, e poço e furo protegido
com bomba, enquanto o Indicador Saneamento Seguroi
AGLOMERADOS POPULACIONAIS
A população dos quatro distritos que compõem a Área de Influência do Projecto reside em
povoações onde o padrão de ocupação é geralmente disperso. Exceptuam-se as sedes de
9
Os resultados publicados do Censo 2017 não desagregam esta variável no nível do distrito, estando apenas
disponível ao nível da província.
10
Esta poderá ser a razão pela qual cerca de 42,5% da população residente no distrito foi categorizada como
população urbana (ver Tabela 7, Secção – Indicadores Sociodemográficos.
Fonte: Bondarenko M, Jones P, Leasure D, Lazar AN, Tatem AJ, 2020. Census disaggregated grided population estimates for Mozambique (2017)
version 1.1. World Pop, University of Southampton. doi 10.5258/SOTON/WP00672.
11 Poderá ser o caso do Distrito de Balama, cuja população é toda ela rural e que apresentada uma população rural ligeiramente
mais alta do que nos outros distritos.
12 A Taxa de Analfabetismo apuradas pelo Censo 2017 estão disponíveis apenas ao nível da província, razão pela qual os
EDUCAÇÃO
De acordo com o Perfil Distrital de cada um dos distritos que compõem a Área de Influência do
Projecto, a rede de educação dos distritos é formada por um grande número de escolas
primárias do 1º Grau (EP1) que se encontram espalhadas pelo território do distrito, seguindo
de um modo geral o padrão de ocupação do território pelas povoações onde reside a
população.
A rede de escolas primárias do 2º Grau (EP2) é bastante menor, o que significa que muitos
estudantes que terminam o EP1 não ingressam no EP2, e os que ingressam têm por vezes
que percorrer grandes distâncias para a escola do EP2. A política do sector de educação é
eliminar esta lacuna na formação através da instituição da Escola Primária Completa (EPC),
transformando gradualmente as escolas que só lecionam o EP1 em escolas primárias
completas13.
O número de escolas secundárias do 1º nível e 2º nível é muito pequeno, estando estas escolas
geralmente localizadas na Sede de Distrito ou de alguns postos administrativos. Em alguns
distritos existem escolas do ensino profissional e escolas onde é lecionado o ensino superior,
situação que será conhecida com maior profundidade aquando da visita aos distritos no âmbito
do EIA.
Tabela 12: Rede de estabelecimento de ensino na Área de Influência do Projecto no ano de 2013
13A efectivação desta tendência em cada distrito será verificada aquando da realização do trabalho de campo do EIA que irá
recolher informação actualizada nos serviços distritais.
COMUNICAÇÕES
A comunicação é actualmente assegurada sobretudo pela rede de telefonia móvel das três
operadoras (Tmcell, Vodacom e Movitel), estando a cobertura do território do distrito
dependente da rede de cada operadora. A rede de telefonia fixa poderá ainda existir em alguns
14
O Hospital Geral de Nampula é a unidade de referência deste tipo na Zona Norte do País.
REDE DE ESTRADAS
Os quatro distritos têm uma rede de estradas primária, secundárias, terciárias e vicinais. De
notar que uma parte do traçado da linha de transporte de energia do Projecto do Lote 1 é feito
relativamente perto da rede de estradas dos distritos.
Tabela 14: Rede de estradas dos distritos da Área de Influência do Projecto
AGRICULTURA E PECUÁRIA
Os quatro distritos que constituem a área do Projecto possuem uma população eminentemente
rural, Ancuabe e Balama tendo toda a população rural, enquanto Montepuez e Marrupa têm
cerca de 57% de população rural (ver Tabela 7, Secção – Indicadores Sociodemográficos).
A actividade predominante nas zonas rurais destes distritos é a agricultura de subsistência
caracterizada pela produção de culturas alimentares para garantir a segurança alimentar da
família, a prática de culturas de rendimento para venda na machamba ou nos mercados locais
mais próximos e o recurso à mão-de-obra familiar para garantir o esforço necessário, alguns
agregados recorrendo a mão-de-obra externa em certos momentos das operações agrícolas.
As culturas de rendimento garantem a obtenção de alguns recursos monetários para acesso
aos produtos básicos, mas os agregados familiares mais pobres não conseguem envolver-se
nesta prática resumindo-se à produção agrícola para autoconsumo. Nos distritos de Ancuabe
e Montepuez, existe a prática de produção de algodão em regime de contrato com empresas
que fazem a promoção desta cultura distribuindo aos agricultores os insumos agrícolas e
garantindo a sua compra após a colheita.
Os agricultores de subsistência praticam uma agricultura de itinerante de corte e queima em
pequenas explorações agrícolas. De acordo com os dados apurados pelo Censo Agro-pecuário
INDÚSTRIA E SERVIÇOS
A indústria, construção, comércio e a actividade de alojamento e restauração está muito pouco
desenvolvida nos quatro distritos da Área de Influência do Projecto, com excepção da
exploração das minas de Grafite nos distritos de Balama e Ancuabe pelas empresas Twigg
Exploration and Mining Lda, subsidiária da empresa australiana Syrah Resources, e pela
empresa GK Ancuabe Grafite Mine, respectivamente, e da unidade industrial de
descaroçamento de algodão existente em Montepuez cujo reinício de actividade estava
previsto para 2019 pela Empresa Plexus.
Tabela 16: Rede de indústria, comércio e serviços nos distritos na Área de Influência do Projecto
15
Apesar dos dados do Censo Agro-pecuário referirem-se a uma data relativamente distante (2010-2011), a
literatura acerca da agricultura de subsistência e os dados dos distritos indicam que o tamanho médio duma
exploração agrícola de subsistência não ultrapassa 2 hectares.
16
Informação obtida através de pesquisa na internet usando Google Chromme.
17
Na fase do EIA procurar-se-á obter dados mais objectivos sobre a mineração artesanal em termos de localização
e número de pessoas envolvidas.
• O direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT) adquirido com base nas práticas
costumeiras, que engloba os casos de terra ocupada pelos agregados familiares e
comunidades segundo as normas e práticas costumeiras. A terra é obtida por herança
ou com base nas tradições locais e é usada para a construção de residências, prática
de agricultura, recolha de recursos naturais e pasto do gado;
18
Na Fase do EIA, procurar-se-á verificar a existência de DUATs atribuídos por autorização de pedido, que
possam existir na Área do Projecto.
Na fase de identificação foi desenvolvida uma lista com o apoio dos governos e autoridades
locais, principalmente a nível dos Distritos e dos Postos Administrativos abrangidos pelo
Projecto.
A lista inicial foi transformada numa base de dados contendo o nome da pessoa de contacto,
a instituição associada, as formas de contacto (incluindo telefone, correio eletrónico e fax) e
será continuamente actualizada ao longo do processo, à medida que se forem identificando
novas PI&As.
A identificação das PI&As permite a sua categorização pelas motivações, influência
(capacidade de afectar o cumprimento dos resultados) e importância (em termos de perdas ou
ganhos) que têm em relação ao sucesso do Projecto. Assim, ir-se-ão considerar as potenciais
formas e níveis em que as PI&As serão enquadradas no seu envolvimento (se devem, podem,
ou precisam de ser envolvidas). O nível de envolvimento das partes de cada um desses grupos
poderá variar, conforme o grau de risco que apresentam em relação ao êxito do Projecto.
A tabela que se segue ilustra essa categorização:
A. B.
C. D
- Empresariado local
- ONGs
Grupo A.
Intervenientes que podem perder ou ganhar significativamente com o Projecto e cujas acções
podem afectar a capacidade do Projecto de cumprir os seus objectivos.
Grupo B.
Intervenientes que podem perder ou ganhar significativamente com o Projecto, mas cujas
acções não podem afectar a capacidade do Projecto de cumprir os seus objectivos.
Grupo C.
Intervenientes cujas acções podem afectar a capacidade do Projecto de cumprir os seus
objectivos, e que não vão perder nem ganhar muito com o Projecto.
Processo de
Canais de Envolvimento Materiais
Envolvimento
Fase Reuniões
Preliminar
Conversas telefónicas
Mapas
Conversas telefónicas
E-mails
Entrevistas Relatórios
Notícias nos órgãos de
Fase de EPDA informação
Reuniões de Consulta
Apresentações
Pública
em Ppt
Conversas telefónicas
E-mails Ilustrações
Entrevistas
Grupos focais
Fase de EIA
Notícias nos órgãos de Guiões
informação
Website do Projecto
Reuniões de Consulta
Pública
Saúde Comunitária
• Perturbação devido a poluição sonora e atmosféricas devidas a X
trabalho de máquinas e outros equipamentos X
X X
• Perturbação devido a ocorrência de acidentes devido a aumento do X
tráfico X X
• Aumento de infecções sexualmente transmissíveis
Património Cultural
• Interferência com locais com interesse arqueológico, histórico e
X
cultural
• Barbosa, F.M.A., C.C. Cuambe e S.O. Bandeira (2001). Status and distribution of
mangroves in Mozambique. South African Journal of Botany, 67: 393-398.
• Bingen, B., Bjerkgård, T., Boyd, R., Dehls, J., Engvik, A., Grenne, T. (2006). Notícia
Explicativa da Carta Geológica 1:250.000. Direcção Nacional de Geologia, Maputo.
• Centro de Estudos de Agricultura e Gestão de Recursos Naturais - CEAGRN, (2015),
Mapeamento de Habitats em Moçambique, Criando Bases para o contrabalanço de
biodiversidade em Moçambique
• CONSULTEC (2018), Processo de Avaliação do Impacto Ambiental do Projecto de
Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia
(Projecto STE) – Fase 1: Vilanculos - Maputo
• INE (2007) III Recenseamento Geral da População de 2017. Plano de Tabulação (país,
província, distrito) (ficheiro electrónico)
• INE (2012 a) Estatísticas Distritais (Estatística do Ancuabe, Montepuez. Balama,
Marrupa). Novembro 2013.
• INE (2012 b) Recenseamento Geral da População e Habitação 2007. Indicadores
Sociodemográficos Distritais – Província de Cabo Delgado e Niassa
• INE (2017) Quadros do Recenseamento Geral de População de 2017 – Província de
Cabo Delgado e Niassa (ficheiros electrónicos)