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Avaliação de Impacto Ambiental e Social (AIA) para o Projecto de

Expansão da Rede de Transporte de Energia através da Linha de


220kV de Metoro – Montepuez– Marrupa (Lote 1)

RELATÓRIO DE ESTUDO DE
PRÉ-VIABILIDADE AMBIENTAL E DEFINIÇÃO DE ÂMBITO
(EPDA)

Maputo, Agosto de 2021


0.1 2021-08-03 Versão draft Relatório EPDA Equipa de EIAS Kostas Batos Bobby Wechsler

0.0 2021-05-19 Versão draft Relatório EPDA Equipa de EIAS SilviuHarabagiu Bobby Wechsler

Versão Data Descrição Preparado por Verificado por Aprovado por

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.i


Relatório de EPDA
Resumo Não Técnico

Introdução
O Projecto de construção das linhas de transporte de energia eléctrica de 220 kV
compreendendo troço Metoro-Montepuez e Montepuez-Marrupa, em uma extensão de 110 km
e 175 km respectivamente e duas subestações de 220 kV abrangendo as províncias de Cabo
Delgado e Niassa.
O projecto enquadra-se nos esforços do Governo de Moçambique para satisfazer a grande
demanda de energia que se regista na cidade de Pemba e norte de Cabo Delgado, com
particular relevo para a cidade de Palma e, no interior, a cidade de Montepuez, originada pelas
recentes descobertas de gás, jazigos de pedras preciosas entre outros recursos
O Projecto em avaliação enquadra-se na Categoria A, sujeita, portanto a realização de Estudo
de Impacto Ambiental (EIA), pelo que, nos termos do Artigo 10 do Decreto n.º 54/2015, de 31
de Dezembro, apresenta-se a versão final do Estudo de Pré-viabilidade Ambiental e Definição
do Âmbito (EPDA) do EIA e a proposta dos Termos de Referência (TdR).
O presente documento constitui o Resumo Não Técnico (RNT) do relatório de EPDA. Pretende-
se com o presente RNT resumir de forma sintética e não técnica as principais observações,
recomendações e conclusões do EPDA, numa linguagem acessível à generalidade dos
potenciais interessados, de modo a que estes possam participar na fase de “Consulta Pública”
do EIA.
As informações mais detalhadas sobre os estudos ambientais e sociais realizados são
apresentadas a seguir no relatório de EPDA, o qual será submetido à Direcção Nacional do
Ambiente (DINAB) para revisão e aprovação. Em caso de parecer favorável, o processo de
Avaliação de Impacto Ambiental (AIA) poderá transitar para a etapa seguinte, ou seja, o Estudo
de Impacto Ambiental (EIA).

Proponente do Projecto
O proponente deste projecto é a Electricidade de Moçambique, E.P., empresa tutelada pelo
Ministério dos Recursos Minerais e Energia, adiante designada por EDM.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.ii


Relatório de EPDA
Áreas de Influência

Localização
O Projecto localiza-se na região Norte de Moçambique, abrangendo a província de Cabo
Delgado nos distritos de Ancube, Montepuez e Balama e província de Niassa no distrito de
Marrupa.
A construção do traçado da linha de transporte área de energia (adiante designada por OHL)
proposta subdivide-se em 2 fases distintas, nomeadamente a fase 1 que consistirá no troço
Metoro-Montepuez e a fase 2 que consistirá no troço Montepuez-Marrupa. A figura “A”
apresenta a localização geral do traçado proposto.

Figura A: Localização do traçado previsto (Metoro – Montepuez– Marrupa)

No quadro seguinte apresenta-se uma estimativa da extensão do traçado base para em cada
um dos Postos Administrativos atravessados.

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Relatório de EPDA
Estensão da
Troço Provincia Distrito P.Admin linha (km)
Mesa 31
Ancuabe Metoro 21
Namanhumbi 19
1 Cabo Delgado Montepuez Montepuez 20
Montepuez 14
Montepuez Mapupulo 13
Balama 46
Cabo Delgado Balama Impiri 37
Nungo 46
2 Niassa Marrupa Marrupa 15

Área de Influência
Considera-se a Área de Influência Directa (AID) para o meio físico, biótico e sócio-económico
do Projecto inclui assim as seguintes áreas:

• A construção/expansão e operação das subestações, incluindo a Zona de Protecção


Parcial (área de servidão) de 50 m em torno destas;
• A área de servidão permanente (Zona de Protecção Parcial) sob as linhas aéreas até 50
metros de cada um dos lados do corredor das linhas de transporte, a ser usada durante
a fase de construção e mantida como área restrita durante a operação;
• Os acessos temporários e permanentes para manobras e posicionamento de viaturas e
maquinaria usada durante a construção;
• Os acampamentos para acomodação dos trabalhadores;
Área de Influência Indirecta (AII) inclui uma escala macro, compreendendo as populações ao
longo das linhas, os Postos Administrativos e Distritos abrangidos bem a um nível superior nas
províncias de Niassa e Cabo Delgado.

Descrição sumária do Projecto


A Fase 1 do Projecto abrangerá uma extensão de aproximadamente do 110 km de linha entre
Metoro, no distrito de Ancuabe e Montepuez no distrito com o mesmo nome na província de
Cabo Delgado. Esta linha é dimensionada para transportar energia eléctrica a uma tensão de
220 kV, sendo que na fase inicial vai operar a 110 kV, e servirá para reforçar a expansão da
electrificação e aumento de carga nas áreas próximas a Montepuez.
A Fase 2 inclui a extensão de aproximadamente 175 km de linha operando a 110 kV numa
fase inicial, a partir de Montepuez a Marrupa, no distrito com mesmo nome, província de Niassa.

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Relatório de EPDA
A extensão da linha pretende melhorar a confiabilidade de abastecimento local e,
potencialmente o aumento da potôncia na área. Por outro lado a linha poderá se tornar um elo
de ligação importante entre Metoro e Cuamba.

Descrição biofísica e socioeconómica


Ambiente Físico
Segundo a classificação climática de Koppen, o clima da região de Cabo Delgado (Ancuabe e
Montepuez) e Niassa (Marrupa) é caracterizado por um clima tropical de savana com duas
estações distintas; uma estação húmida que ocorre de Novembro a Março e uma estação seca
de Abril a Outubro. Neste tipo de clima, a precipitação pluviométrica média anual é
normalmente superior à evaporação anual.
Na região do corredor do Projecto para os distritos de distritos de Ancuabe e Montepuez (Cabo
Delgado) e a temperatura média anual varia de uma média de 33 ° C em Novembro a uma
média de 19 ° C em Julho. A precipitação média anual situa-se em 1.147 mm com o mês mais
húmido ocorrendo em Dezembro (média de precipitação de 213 mm) e o mês mais seco ocorre
durante o mês de Setembro (média de 4 mm). A evatranspiração potencial de referência (Eto)
se situa entre 1.300 e 1.500 mm. Na região atravessada pelos distritos de Marrupa (Niassa) a
temperatura média anual varia de 22° C a 24°C enquanto que a precipitação anual varia de
1.000 a 1.400mm, podendo atingir os 1600mm.
A morfologia da zona atravessada pelo traçado da linha de transporte de energia proposta é
marcada pela presença de zonas aplanadas e de relevo suave, com a ocorrência de numerosos
inselbergs, típicos da região e cortadas por uma série de rios que correm genericamente de
Oeste para Este. A altitude varia de 729.3 m no ponto mais alto (em Marrupa) para 366 m no
ponto mais baixo (em Metoro).
O traçado do projecto está localizado predominantemente em sedimentos do super-grupo do
complexo de Montepuez de era Neo-Proterozóico. A geologia no complexo varia gnaisses
granítico, gnaisses granítico a granodiorítico e gnaisses quartzo-feldspático seguindo se os
granulíticos máficos do Complexo de Ocua. Uma pequena secção a Noroeste do traçado da
linha de transporte de energia proposta está situada em sedimentos do grupo Rio Mecole de
idade Fanerozóica. Ao longo das formações do terciário e quaternário predominam os
depósitos sedimentares com distintos estágios de consolidação. Na faixa ao longo dos sopés
dos Libombos predominam os riólitos.

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Relatório de EPDA
Na secção de Metoro e grande parte de Montepuez predominam solos argilosos castanhos em
associação com solos arenosos castanhos-cinzentos, seguindo-se uma associação de solos
vermelhos de textura média. Por sua vez, os solos na região de Marrupa (Niassa) são argilosos
vermelhos e profundos, com uma boa permeabilidade e bem drenados, com fertilidade baixa e
susceptíveis a erosão.
Na região atravessada pela interconexão há a assinalar a presença de numerosos rios que são
cruzados pela linha. Estes rios, de dimensões muito variáveis, fazem parte das bacias
hidrográficas dos rios Messalo, Montepuez e Megaruma. Destacam-se como principais rios
pelo traçado da linha: Miticué, Macorre, Necapa, Megaruma, Nehupua. Montepuez, Ruaça,
Tombororo, Nerace e Rumumbé.
Ambiente Biótico
A vegetação presente na área de estudo é um mosaico complexo de Floresta Indiferenciada
Aberta Alta, Floresta Ripariana, Mata de Bambu, Floresta Indiferenciada, Savana de Acácia
Aberta, Savana de Palmeira Aberta e alguns pequenos trechos de Floresta de Miombo Aberta
Alta.
Em relação as zonas de protecção natural a linha da fase 1 (Metoro-Montempuez) não
intersecta nenhuma área de conservação. No entanto no desenvolvimento da linha da Fase 2
(Montepuez -Marrupa) o projecto tem potencial de intersectar nas extremidades da Coutada de
Messalo, localizada no distrito de Marrupa

Ambiente Sócioeconomico
As províncias nortenhas de Cabo Delgado possuem um território relativamente vasto, sendo a
Província do Niassa aquela com maior área (122.827 km2 para 78.778 km2) e menor
população, apresentando por isso uma densidade populacional bastante baixa (14 habitantes
por quilómetro quadrado). Niassa teve, contudo, uma taxa de crescimento populacional mias
alta, perto do 4% por ano, enquanto Cabo Delgado teve cerca de 3,5%.
Em termos de estrutura da população, são províncias e distritos eminentemente rurais, alguns
deles com população toda ela considerada rural constituídas por povoações dispersas
(Ancuabe e Balama). O Distrito de Montepuez apresenta uma proporção mais baixa de
população rural, estando a grande parte da população urbana concentrada no Município de
Montepuez, sede do distrito.

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Relatório de EPDA
Identificação Preliminar dos Impactos Ambientais
As actividades com maior potencial de induzir impactos significativos ocorrerão essencialmente
na fase de construção e serão, no caso do Projecto em apreço, as seguintes:

• A instalação dos estaleiros,


• A criação de acessos aos locais de montagem dos apoios e às subestações
• A desmatação e abertura da faixa de protecção da linha.
• As terraplanagens nas zonas das subestações.
• Movimentações de terras (subestação)
• A construção das fundações e montagem dos apoios e a colocação dos cabos.
• Construção de edifícios, estruturas e arruamentos e instalação de equipamentos
(subestação).
Na fase de operação, há a considerar, no caso da linha, a manutenção da faixa de protecção,
bem como a realização de inspecções periódicas do estado de conservação da linha, bem
como de trabalhos de limpeza e substituição de componentes deteriorados.
A operação das subestações implica essencialmente trabalhos de manutenção e conservação
que decorrerão no interior do perímetro das instalações.
A seguir apresenta-se a avaliação preliminar de potenciais impactos sócioambientais que
poderão resultar da implementação do Projecto, foi realizada com base na informação de base
recolhida durante os levantamentos de campo, conjugando com as acções previstas no
projecto:

Fase de Fase de Fase de


COMPONENTE FÍSICA Construção Operação Encerramento

Não se prevê que o Projecto possa ter efeitos


Clima significativos sobre as características climáticas ou X
mesmo microclimáticas na sua área de influência
Risco de erosão do solo derivado da destruição do X
coberto vegetal para abertura da faixa de proteção
da linha
Geormofologia e X
Compactação do solo e alteração da morfologia do X
Solos terreno devido a Implantação de estaleiros

Compactação do solo e alteração da morfologia do X


terreno devido a ocupação irreversível do solo para
a implantação da plataforma da instalação das
subestações
Perda da capacidade agrícola dos solos X X

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Relatório de EPDA
Meio Hídrico Contaminação do meio hídrico superficial e X X
Superficial e subterrâneo decorrentes de descargas ou
Subterrâneo derrames acidentais
Aceleração de processos de erosão hídrica X X
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE DE QUALIDADE AMBIENTAL Construção Operação Encerramento

Qualidade da Alteração da qualidade da água (superficial e


água subterrânea) devida à contaminação das águas por
derrames acidentais de combustíveis óleos e X
lubrificantes
Contaminação do ar por emissão de poeiras
provenientes das actividades associadas a fase de
construção tais como operações de desmatação, X
movimentação de terras e circulação de veículos
pesados em áreas não pavimentadas.
Emissões de poluentes atmosféricos resultantes da
Qualidade do Ar combustão nos motores das viaturas e
equipamento pesado utilizados em obra,
designadamente monóxido de carbono (CO),
óxidos de azoto (NOx), compostos orgânicos X
voláteis (COV) e partículas (PTS – Partículas Totais
em Suspensão, PM10 – Partículas Inaláveis e
PM2,5 – Partículas Inaláveis Finas).
Poluição sonora pelo tráfego rodoviário resultante X X
do transporte de matéria-prima durante a fase de
construção e manutenção.
Aumento da emissão de ruído e vibrações devido X
ao uso de maquinarias e outros equipamentos
AmbienteSonoro
pesados na fase de construção, podendo atingir
extensas áreas.
Produção de ruído aerodinâmico (causado pela X
interacção do vento com a estrutura dos apoios e
com os cabos) e com o ruído resultante do efeito de
coroa (milhares de pequenas descargas eléctricas
intermitentes).
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE BIÓTICA Construção Operação Encerramento

Flora e Potencial destruição de habitats e perda de habitat X X


Vegetação para espécies de flora decorrentes da actividades
de desmatação temporária e definitiva.
Potencial aumento do risco de queimadas X
decorrente do aumento da movimentação de
pessoas e de veículos afectos à obra.
Desaparecimento de áreas cultivadas e X X
biodiversidade associada.

Fauna Perturbação e afugentamento de espécies X X


faunísticas e perda de habitats

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Relatório de EPDA
Potencial aumento do risco de
atropelamento/soterramento de espécies de fauna X X
com menor mobilidade
Potencial mortalidade de aves na linha eléctrica
X
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE MACRO-ECOSSISTÉMICA Construção Operação Encerramento

Alteração dos tipos de uso do solo na AID do X X


Uso do Solo Projecto.
Resíduos Aumento da geração de resíduos durante a fase X
de construção e desactivação.

Risco de contaminação de solos e águas X X


subterrâneas por eventuais despejos indevidos de
resíduos.
Paisagem Intrusão visual pela estabelecimento do estaleiro X X
de obra.
Intrusão visual pela estabelecimento das X
infraestruturas do Projecto (linha e subestação)
junto as comunidades e acessos rodoviários
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE SÓCIO-ECONÓMICA Construção Operação Encerramento

Deslocamento físico e socioeconómico


• Perda de estruturas residenciais e auxiliares X
• Perda de culturas agrícolas e árvores de fruto X
• Perda de direitos com outros usos da terra X
Economia e Emprego
• Criação de postos de trabalho X X X
• Desenvolvimento da economia local e regional X X X
• Conflitos no acesso aos postos de trabalho X X X
• Perda de postos de trabalho X X
• Maior disponibilidade de energia eléctrica
X
Sócioeconomia
Estrutura e organização social
• Conflitos trabalhadores/comunidade local
• Interferência com hábitos e crenças da X X
população local X X
• Aumento de casos de prostituição, desvio de X X
menores e agressão e violação da mulher
Saúde Comunitária
• Perturbação devido a poluição sonora e
atmosféricas devidas a trabalho de máquinas e X X
outros equipamentos X X X
• Perturbação devido a ocorrência de acidentes
devido a aumento do tráfico X X
• Aumento de infecções sexualmente
transmissíveis
Património Cultural
• Interferência com locais com interesse
X
arqueológico, histórico e cultural

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Relatório de EPDA
Identificação e Avaliação das Questões Fatais
A informação disponível considerada demostra a não existência de áreas definidas legalmente
como questões fatais, nomeadamente áreas de protecção, de conservação ou áreas
ecologicamente sensíveis que justifiquem o impedimento liminar do Projecto.
Por outro lado, tendo em conta os impactos identificados de forma preliminar, considera-se
possível o estabelecimento de medidas de prevenção e de minimização dos mesmos, não
tendo sido identificadas questões fatais que pela sua gravidade, inviabilizem o Projecto. Os
impactos ambientais serão analisados em maior detalhe durante a fase de desenvolvimento do
EIA, onde serão definidas as medidas de mitigação respectivas.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.x


Relatório de EPDA
INDICE Pág.
INTRODUÇÃO ......................................................................................................................................... II
PROPONENTE DO PROJECTO.................................................................................................................. II
ÁREAS DE INFLUÊNCIA ....................................................................................................................... III
LOCALIZAÇÃO ....................................................................................................................................... III
ÁREA DE INFLUÊNCIA ............................................................................................................................ IV
DESCRIÇÃO BIOFÍSICA E SOCIOECONÓMICA ................................................................................. V
IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR DOS IMPACTOS AMBIENTAIS ...................................................... VII
IDENTIFICAÇÃO E AVALIAÇÃO DAS QUESTÕES FATAIS............................................................... X
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................................. 1
CONSIDERAÇÕES GERAIS ....................................................................................................... 1
OBJECTIVOS DO RELATÓRIO DE EPDA .................................................................................. 1
METODOLOGIA ADOPTADA NA ELABORAÇÃO DO EPDA .................................................................... 2
IDENTIFICAÇÃO DO PROPONENTE DO PROJECTO ............................................................................. 3
IDENTIFICAÇÃO DO CONSULTOR ............................................................................................ 4
Equipa Multidisciplinar Responsável pela Elaboração do EPDA ......................................... 4
2 ENQUADRAMENTO LEGAL DA ACTIVIDADE ............................................................................. 5
LEGISLAÇÃO NACIONAL APLICÁVEL ....................................................................................... 5
LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL (NORMAS, PADRÕES E DIRECTRIZES INTERNACIONAIS)
12
Directivas de Ambiente, Saúde e Segurança da IFC ......................................................... 14
Outras Directrizes de Segurança, Saúde e Ambiente ........................................................ 15
Convenções Internacionais ................................................................................................ 16
QUADRO INSTITUCIONAL ....................................................................................................... 17
Ministério da Terra e Ambiente - MTA ............................................................................... 17
Ministério de Recursos Minerais e Energia ........................................................................ 18
A Electricidade de Moçambique, E.P ................................................................................. 18
Autoridade Reguladora de Energia .................................................................................... 18
Direcção Nacional de Electricidade .................................................................................... 18
Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) ...................................... 19
3 MEMÓRIA DESCRITIVA DO PROJECTO .................................................................................... 20
JUSTIFICAÇÃO DO INTERESSE DO PROJECTO ................................................................... 20
OBJECTIVOS DO PROJECTO .................................................................................................. 21
Objectivo Geral:.................................................................................................................. 21
Objectivos específicos: ....................................................................................................... 21
LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PROJECTO ........................................... 22
Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.xi
Relatório de EPDA
4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO ...................................................................................................... 24
DESCRIÇÃO DO TRAÇADO DA LINHA DE TRANSPORTE ..................................................... 24
Linha Metoro-Montepuez (Fase 1) .................................................................................... 24
Montepuez a Marrupa (Fase 2) .......................................................................................... 25
Desenho da Torre .............................................................................................................. 26
Altura da Torre ................................................................................................................... 28
Comprimento do Vão ......................................................................................................... 28
SUBESTAÇÕES ........................................................................................................................ 29
Subestação de Metoro ....................................................................................................... 29
Construção da nova Subestação de Metoro de 400/220/110/33 kV ................................. 30
Nova subestação de Montepuez de 110/33 kV ................................................................. 31
Ampliação da Subestação existente de Marrupa 110/33 kV .............................................. 32
ACTIVIDADES PRINCIPAIS E COMPLEMENTARES ............................................................... 33
Fase de construção ............................................................................................................ 33
Fase de Operação.............................................................................................................. 35
Desactivação ...................................................................................................................... 35
BREVE DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO E DE OPERAÇÃO .................... 35
CONSUMOS, EMISSÕES E RESÍDUOS ................................................................................... 36
MÃO-DE-OBRA ......................................................................................................................... 37
MATÉRIA-PRIMA ....................................................................................................................... 37
ALTERNATIVAS DE LOCALIZAÇÃO ........................................................................................ 38
VALOR TOTAL DE INVESTIMENTO DO PROJECTO .............................................................. 38
5 SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA ................................................................................ 39
DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO PROJECTO .................................................... 39
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL ............................................................................................. 43
Componente Física .......................................................................................................... 43
Componente de Qualidade Ambiental ........................................................................... 47
Componente Biótica ........................................................................................................ 48
Componente SócioEconómica ....................................................................................... 55
6 IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E AVALIAÇÃO DAS
QUESTÕES FATAIS ............................................................................................................................. 78
ANÁLISE DAS QUESTÕES FATAIS RELATIVA A IMPLEMENTAÇÃO DO PROJECTO .......... 82
7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ............................................................................................. 83

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.xii


Relatório de EPDA
LISTA DE FIGURAS
Figura 1: Localização do traçado previsto (Metoro-Montepuzez-Marrupa) ........................................... 23
Figura 2: Exemplo e esquema de torre de suspensão em V com espias (Fonte: CONSULTEC 2018
citando SCDS & Mott MacDonald, 2011; Norconsult,2015). ................................................................. 27
Figura 3: Exemplo e esquema de torre de suspensão autoportante típica (Fonte: CONSULTEC 2018).
............................................................................................................................................................... 27
Figura 4: Exemplo e esquema de torre de tensão autoportante (Fonte: CONSULTEC 2018 citando;
Norconsult,2015). ................................................................................................................................... 28
Figura 5: Subestação Existente de Metoro 110/33 kV4 ......................................................................... 30
Figura 6: Nova Subestação de Montepuez ........................................................................................... 31
Figura 7: Subestação Existente de Marrupa .......................................................................................... 32
Figura 8: Área de Influência Directa do Projecto ................................................................................... 40
Figura 9: Área de Influência Indirecta do Projecto ................................................................................. 42
Figura 10: Perfil Topográfico do traçado da área do Projecto (Fonte: Google Earth)........................... 44
Figura 11: Enquadramento Geológico da traçado da área do Projecto ................................................. 45
Figura 12: Distribuição do tipo de Solos no traçado da área do Projecto .............................................. 46
Figura 13: Mapa de Hidrologia do traçado da área do Projecto ............................................................ 47
Figura 14: Principais tipos vegetacionais de Moçambique (Adaptado de Wild & Barbosa 1967, White
1983; extraído de MICOA 2009). ........................................................................................................... 49
Figura 15: A área do Projecto em relação as ecorregiões da WWF. .................................................... 50
Figura 16: Áreas de Conservação ao longo do traçado da linha do Projecto ........................................ 54
Figura 17: Aglomerados populacionais na Área de Influência Socioeconómica do Projecto ................ 61
Figura 18: Estruturas residenciais na Zona de Protecção Parcial da Linha de Transmissão ................ 70
Figura 19: Parcelas agrícolas na Zona de Protecção Parcial da Linha de Transmissão ...................... 72
Figura 20: Processo de envolvimento das PI&As .................................................................................. 74
Figura 21 - Abordagem de Envolvimento das PI&As ............................................................................. 76

LISTA DE TABELAS
Tabela 1: Equipa responsável pela elaboração do EPDA. ...................................................................................... 4
Tabela 2: Lista de legislação Aplicável..................................................................................................................... 5

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.xiii


Relatório de EPDA
Tabela 3: Padrões de Desempenho da IFC ........................................................................................................... 13
Tabela 4: Extensão do traçado nos Postos Administrativos atravessados............................................................ 23
Tabela 5: Actividades necessárias a construção das linhas aéreas de transporte de energia ............................. 33
Tabela 6: Províncias, distritos e postos administrativos atravessados pela linha de transporte de energia ......... 55
Tabela 7: Níveis de governação e chefia dos órgãos locais do Estado ao nível do Distrito.................................. 56
Tabela 8: Indicadores Populacionais na Área de Influência do Projecto segundo Censo 2017............................ 57
Tabela 9: Indicadores Sociodemográficos na Área de Influência do Projecto (Censo 2007 e 2017) .................... 58
Tabela 10: Indicadores de Bem-estar na Área de Influência do Projecto, segundo Censo 2007 e 2017 (%)....... 59
Tabela 11: Indicadores populacionais e sociodemográficos na população de mulheres na Área de Influência do
Projecto, segundo Censo 2007 e 2017 .................................................................................................................. 62
Tabela 12: Rede de estabelecimento de ensino na Área de Influência do Projecto no ano de 2013 ................... 63
Tabela 13: Rede de estabelecimento de ensino na Área de Influência do Projecto no ano de 2013 ................... 64
Tabela 14: Rede de estradas dos distritos da Área de Influência do Projecto ...................................................... 65
Tabela 15: Número de explorações agro-pecuárias com culturas alimentares básicas por tamanho e área
cultivada na Área de Influência do Projecto no ano de 2012 ................................................................................. 66
Tabela 16: Rede de indústria, comércio e serviços nos distritos na Área de Influência do Projecto .................... 66
Tabela 17 : Categorização das PI&As................................................................................................................... 75
Tabela 18: Identificação preliminar de impactos ................................................................................................... 79

ANEXOS
Anexo 1 – Termos de Referência
Anexo 2 – Mapas do traçado da linha
Anexo 3 – Carta de Nota de Categorização

ACRÓNIMOS
AIA Avaliação de Impacto Ambiental
AT Alta Tensão
CNELEC Conselho Nacional de Energia Eléctrica
CEAGRN Centro de Estudos de Agricultura e Gestão de Recursos Naturais
EAS Estudo Ambiental Simplificado
EDM Electricidade de Moçambique, E.P
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPDA Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.xiv


Relatório de EPDA
IFC Corporação Financeira Internacional (Internacional Finance
Corporation)
INE Instituto Nacional de Estatística
IBAs Áreas Importantes para Aves (Important Bird Areas)
Km Quilómetro
kV Quilovolts
TdR Termos de Referência
TDM Telecomunicações de Moçambique
m Metro
m2 Metro quadrado
MW Mega watt
MTA Ministério da Terra e Ambiente
MICOA Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (actual
Ministério Da Terra e Ambiente)
PNA Política Nacional do Ambiente
ROW Área de Servidão (Right of Way)
STE Projecto Regional de Transporte de Energia
SADC Comunidade de Desenvolvimento da Africa Austral (Southern
Africa Development Community)
OHL Linha de Transporte Aérea
HVAC Corrente Alternada em Alta Tensão
HVDC Corrente Contínua em Alta Tensão

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.xv


Relatório de EPDA
1 INTRODUÇÃO

CONSIDERAÇÕES GERAIS
A Electricidade de Moçambique E.P (EDM), empresa pública nacional de provisão de energia
eléctrica em Moçambique, pretende implementar um projecto para o reforço e expansão da
rede de transporte e distribuição de energia na região norte do país compreendendo a
construção de duas linhas de transporte aéreo (OHL) de energia eléctrica de 220kV seguindo
o traçado Metoro-Montepuez (110 km) e Montepuez-Marrupa (175 km) e duas subestações de
220 kV abrangendo as províncias de Cabo Delgado e Niassa (Lote 1) adiante designado por
“o Projecto”.
O Projecto foi classificado como sendo de Categoria A (ver em anexo o ofício do Ministério da
Terra e Ambiente - MTA, através da Direcção Nacional do Ambiente - DINAB), o que significa
que é necessário a realização de Estudo de Impacto Ambiental (EIA) completo. Assim, de
acordo com o mesmo Decreto Nº. 54/2015, é necessária a realização de um Estudo de Pré-
Viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA), complementado pelos Termos de
Referência (TdR), seguido de um Estudo de Impacto Ambiental (EIA).
O presente documento constitui o relatório de EPDA, portanto, uma base intermédia do
processo de Avaliação de Impacto Ambiental (AIA).
Com a aprovação do EPDA e dos TdR (que se apresentam no Anexo 1 do presente
documento), o processo de AIA terá seguimento com a elaboração do EIA, o qual, por sua vez,
será submetido à aprovação por parte do MTA. Esta aprovação constituirá a condição
necessária para a Licença Ambiental da intervenção pretendida.

OBJECTIVOS DO RELATÓRIO DE EPDA


O presente relatório de Estudo de Pré-Viabilidade Ambiental e Definição de Âmbito (EPDA)
tem por objectivo principal dar subsídio ao processo de licenciamento ambiental das
componentes do projecto dos distritos abrangidos nas províncias de Cabo Delgado e Niassa.
O desenvolvimento e o conteúdo deste relatório de EPDA obedecem às determinações legais
para uma actividade incluída na Categoria A. Os seus principais objectivos centram-se nos
seguintes aspectos:

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.1


Relatório de EPDA
• Descrever as alternativas da actividade nas diferentes etapas do Projecto (planificação,
construção, exploração e igualmente um cenário de descativação);
• Identificação dos aspectos biofísicos e sociais que possam influenciar o desenho do
Projecto;
• Determinar a possível existência de questões fatais de ordem ambiental e/ou social que
possam determinar a suspensão da implementação do Projecto;
• Determinação, de forma preliminar, dos principais impactos ambientais e sociais do
Projecto, bem como as principais questões a serem aprofundadas na fase do EIA; e
• Apresentação de uma proposta de Termos de Referência (TdR) para o EIA, incluindo os
referentes aos estudos especializados a serem realizados durante esta fase, caso se
verifique a sua necessidade.

Metodologia adoptada na elaboração do EPDA


A elaboração do presente EPDA foi baseada na combinação de revisão e análise de dados
secundários e visitas de reconhecimento das secções completas do traçado da OHL. Para o
efeito foi seguida abordagem abaixo:

• Revisão e Análise de Dados Secundários – baseados em consultas bibliográficas


retiradas de documentos oficiais, mapas, dados estatísticos, relatórios e estudos sobre
as áreas abrangidas pelo traçado da OHL. As informações foram colectadas através de
consultas ao nível institucional Governamental e Não-Governamental e partes
interessadas. Por outro lado, a análise foi subsidiada a informação espacial e
cartográfica, de modo a identificar os aspectos ambientais, sociais e económicos com
maior ligação ao Projecto (planos de desenvolvimento regional e local, planos de
ordenamento do território, indústria e serviços, transportes terrestres, por exemplo).

• Revisão da legislação e quadro legal aplicável – Análise do quadro legal ambiental e


sectorial aplicável ao nível nacional e políticas, princípios e directrizes internacionais do
Banco Mundial, IFC1 (Corporação Financeira Internacional), entre outros.

• Visitas de reconhecimento – Esta etapa teve por objectivo a identificação de áreas e


aspectos ambientais e sociais críticos, que merecerão maior atenção nas fases
seguintes dos trabalhos, bem como a identificação dos impactos que deverão ser

1
IFC - sigla para International Finance Corporation – Corporação Financeira Internacional é a instituição
membro do Grupo Banco Mundial voltada para o fortalecimento do setor privado nos países em desenvolvimento
com vistas a combater a pobreza

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.2


Relatório de EPDA
objecto de estudos mais cuidadosos. Tal foi identificado a partir da análise presencial ao
longo do traçado proposto.
Dado aos condicionalismos impostos pelas medidas de prevenção ao COVID 19, a visita
de campo foi planeada de forma a limitar a interação com entidades e comunidades alvo,
focando-se na confirmação das questões biofísicas e sócio ambientais estruturantes ao
longo do traçado da OHL e nas áreas das subestações.
Refira-se que a visita de reconhecimento foi feita em conjunto com a equipa do estudo
de viabilidade, o que permitiu que considerações ambientais e sociais fossem
incorporadas na definição e análise da viabilidade das alternativas das rotas da OHL em
ambas as províncias.

• Elaboração do relatório de EPDA e TdR - Por fim foi realizado análise e discussão dos
resultados obtidos no campo e elaboração do relatório do Estudo de Pré-viabilidade e
Definição de Âmbito (EPDA) e respectivos Termos de Referência (TdR) incorporando as
recomendações, sugestões e comentários resultantes das discussões públicas e da
apreciação dos vários organismos intervenientes, de modo a que as versões finais
destes documentos venham a constituir o resultado de todos os estudos e do processo
dinâmico e interventivo desencadeado até então.

Identificação do Proponente do Projecto


O proponente deste projecto é a Electricidade de Moçambique, E.P., empresa tutelada pelo
Ministério dos Recursos Minerais e Energia, adiante designada por EDM. A EDM é a empresa
pública nacional de provisão de energia eléctrica em Moçambique e tem como missão
“produzir, transportar, distribuir e comercializar energia eléctrica de boa qualidade, de forma
sustentável, para iluminar e potenciar a industrialização do país

O endereço do proponente do Projecto é:


• Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM)
• Direcção de Planeamento de Sistemas e Engenharia
• Av. Filipe Samuel Magaia Nr 368
• 1º andar, Caixa Postal 2532
• Maputo – Moçambique
• Telefone: +258 21 3536600
• Fax: +258 21 322074

O Proponente do Projecto é representado por:


• Dra. Belarmina Mirasse
• E-mail: belarmina.mirasse@edm.co.mz
• Telefone: (+258)213536600 / 353673

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.3


Relatório de EPDA
IDENTIFICAÇÃO DO CONSULTOR
O Consórcio INTEC GOPA e Norconsult são as entidades responsáveis pela condução do
Estudo de Viabilidade do presente Projecto.
A Intec GOPA-International Energy Consultants é uma empresa alemã de consultoria na
área de sistemas de engenharia de energia. A INTEC é parte do grupo GOPA Consulting
Group e conta com cerca de 50 anos de experiência ao nível da Europa, Africa e Ásia.
Norconsult AS é a maior empresa de consultoria interdisciplinar da Noruega e uma das
principais na região nórdica com mais de 4.400 funcionários e 100 escritórios na Noruega e no
exterior. Nossos serviços são voltados para engenharia, arquitetura e planeamento
comunitário. A Norconsult está envolvida em projectos de construção, transporte, energia,
indústria, água e saneamento, petróleo e gás, meio ambiente, planeamento, arquitetura,
segurança e computação.
O processo de licenciamento ambiental, é liderado pelo Fernando Pondeca, Consultor
Ambiental registado com o Certificado actualizado de Consultor de AIA n.º 16/2020 válido até
18/06/2023, emitido pelo Ministério da Terra e Ambiente (MTA).

Equipa Multidisciplinar Responsável pela Elaboração do EPDA


A equipa multidisciplinar do Consultor é composta por técnicos que têm experiência
comprovada na sua especialidade, com trabalhos desenvolvidos na área de Avaliação de
Impacto Ambiental em Moçambique.
Tabela 1: Equipa responsável pela elaboração do EPDA.

Nome Função/Actividades
Kostas Batos Director do Projecto/Gestão Diária/Controle de Qualidade
Silviu Harabagiu Especialista Ambiental / Controle de Qualidade
Fernando Pondeca Coordenador do EIA / Aspectos Biofísicos/Compilação do EPDA
Maria Cecilia Pedro Componente de Socioeconomia & Participação Pública
Frederico Pereira Componente de Recursos Hídricos
Hélder Bernardo Componente de Geologia e Solos
Celima Macamo Componente de Ecologia e Biodiversidade
Bogdan Gheorghita Sistemas de informação e cartografia

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.4


Relatório de EPDA
2 ENQUADRAMENTO LEGAL DA ACTIVIDADE
A elaboração do EIA do Projecto de Expansão da Rede de Transporte através da Linha de
Transporte de Energia de Metoro-Montepuez-Marrupa é sustentada por um conjunto de
diplomas e políticas nacionais assim como por orientações internacionais que se enquadram
no contexto institucional vasto que a seguir se apresenta.

LEGISLAÇÃO NACIONAL APLICÁVEL


Um resumo da legislação aplicável ao licenciamento ambiental é fornecido na Tabela 2 abaixo.
Deve-se notar que a lista fornecida abaixo não é exaustiva e foi restrita a documentos que têm
relevância directa para o meio ambiente e/ou as comunidades.
Tabela 2: Lista de legislação Aplicável

Legislação Descrição Aplicabilidade para o


Projecto
Processo de Avaliação Ambiental
Política Nacional do Estabelece a base de toda a legislação ambiental. De O Projecto deve almejar atingir os
Ambiente (Resolução acordo com o Artigo 2.1, o objectivo principal desta objectivos da política, integrando
5/95 de 03 de Agosto) política é garantir o desenvolvimento sustentável a fim considerações ambientais no
de manter um equilíbrio aceitável entre o desenho de engenharia, de modo
desenvolvimento socioeconómico e a protecção a minimizar os impactos nos
ambiental. Para alcançar o objectivo acima recursos naturais e nos
mencionado, esta política deve garantir, entre outras ecossistemas.
exigências, a integração das considerações ambientais
no planeamento socioeconómico, a gestão dos
recursos naturais do país e a protecção dos
ecossistemas e dos processos ecológicos essenciais.
Define a base jurídica para a boa utilização e gestão do O Projecto deve considerar o
Lei do Ambiente ambiente para o desenvolvimento sustentável do país. princípio de desenvolvimento
(Lei 20/97) A Lei do Ambiente aplica-se a todas as actividades sustentável, definido pela Lei do
públicas e privadas que, directa ou indirectamente, Ambiente, ao longo de todo o seu
afectam o meio ambiente. ciclo de vida.
A lei estipula ainda a criação de corpos de agentes de
fiscalização ambiental encarregues de velar pela
implementação da legislação, tendo as pessoas
responsáveis pelas actividades sujeitas à fiscalização
o dever de colaborarem com os corpos fiscais.
Estabelece que um dos instrumentos fundamentais O Processo de AIA deve ser
Regulamento sobre o para gestão ambiental é o processo de AIA, a qual visa desenvolvido em conformidade
Processo de Avaliação mitigar os impactos negativos que determinados com os requisitos estabelecidos
do Impacto Ambiental projectos dos sectores público e privado possam neste regulamento.
(Decreto no 54/2015, causar ao ambiente natural e socioeconómico, através
de 31 de Dezembro) da realização de estudos ambientais antes do início do
Projecto. O Proponente é obrigado a
solicitar uma licença ambiental e
realizar o processo de AIA em
Define o processo de AIA, os estudos ambientais
necessários, processo departicipação pública,

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.5


Relatório de EPDA
Legislação Descrição Aplicabilidade para o
Projecto
processo dos estudos de revisão, processo do projecto apoio do pedido, de acordo com
de decisão de viabilidade ambiental e emissão de este regulamento.
licença ambiental. Aplica-se a todas as actividades
públicas ou privadas com influência directa ou
indirectanos componentes ambientais.
Define os princípios básicos relacionados com a
Directiva Geral para a participação pública, metodologias e procedimentos. O Processo de Participação
Participação Pública Pública (PPP) do processo de AIA
no Processo de EIA Considera a participação pública um processo deverá ser promovido de acordo
(Diploma Ministerial interactivo que se inicia na fase de concepção e com as especificações descritas
130/2006) continua durante o tempo de vida do projecto. neste Diploma Ministerial.
Define os princípios básicos relacionados com a
Directiva Geral para a participação pública, metodologias e procedimentos. O Processo de Participação
Participação Pública Pública (PPP) do processo de AIA
no Processo de EIA Considera a participação pública um processo deverá ser promovido de acordo
(Diploma Ministerial interactivo que se inicia na fase de concepção e com as especificações descritas
130/2006) continua durante o tempo de vida do projecto. neste Diploma Ministerial.
Fornece detalhes sobre os procedimentos
Directiva Geral para paraobtenção de licença ambiental, assim como o O relatório de EIA deve ser
Elaboração de formato, estrutura geral e o conteúdo do relatório de desenvolvido de acordo com as
Estudos do Impacto avaliação de impacto ambiental. especificações descritas neste
Ambiental
Diploma Ministerial.
O objectivo desta directiva é de padronizar os
(Diploma Ministerial
procedimentos seguidos no processo de AIA.
129/2006)
Regulamento para o Revoga o Decreto n º 32/2003. Define uma auditoria Uma vez iniciadas as operações, a
Processo de Auditoria ambiental como um instrumento objectivo e
Ambiental documentado para a gestão e avaliação sistemática do entidade gestora terá de organizar
sistema de gestão e documentação relevante a realização de auditorias
(Decreto n.º 25/2011) implementado para assegurar a protecção do ambientais independentes a
ambiente. serem realizadas pelo menos uma
vez por ano, sem prejuízo de
O seu objectivo é avaliar o cumprimento dos processos eventuais auditorias ambiental
operacionais e de trabalho com o plano de gestão públicas, que possam ser
ambiental, incluindo os requisitos ambientais legais em solicitadas, ao abrigo do presente
vigor, aprovados para um determinado projecto. decreto.
Durante operação, o terminal
Regulamento para as Tem a finalidade de regular a supervisão, controlo e estará sujeito a inspecções por
Inspecções verificação da conformidade com as normas de parte do MTA, a fim de verificar o
Ambientais (Decreto protecção do meio ambiente a nível nacional cumprimento da legislação
n.º 11/2006 ambiental.
A entidade gestora deverá
colaborar com estas inspecções
Emissões Atmosféricas e Qualidade do Ar
Lei do Ambiente
O Artigo 9º proíbe a descarga de quaisquer substâncias
(Lei n.º 130/2006 ) tóxicas para a atmosfera, em excesso dos limites
legais. Os padrões de emissão são definidos pelo
Decreto n.º 18/2004 (ver abaixo). O Projecto deve cumprir com os
Regulamento sobre Estabelece parâmetros para a manutenção da limites de emissão de qualidade do
Padrões de Qualidade qualidade do ar (Artigo 7º), padrões de emissão de ar, conforme definidos nestes
Ambiental e de poluentes gasosos por tipo de indústria (Artigo 8º) e regulamentos, de modo a não
Emissão de Efluentes padrões de emissão de poluentes gasosos de fontes prejudicar o ambiente.
(Decreto n.º 18/2004 móveis (Artigo 9º), incluindo veículos ligeiros e
(com a redacção dada pesados.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.6


Relatório de EPDA
Legislação Descrição Aplicabilidade para o
Projecto
pelo Decreto n.º
67/2010)

Recursos Hídricos e Qualidade da Água


Política das Águas
(Resolução n.º Revoga a Política Nacional de Águas aprovada pela O Projecto dever ser desenvolvido
46/2007 ) Resolução nº. 75/95. Esta nova Política abrange de acordo com os princípios da
assuntos importantes não abrangidos na política política da água, nomeadamente o
anterior, como é o caso da melhoria do saneamento princípio de que a utilização dos
nas zonas urbanas, periurbanas e rurais, as redes recursos hídricos deve promover
hidrológicas, o desenvolvimento de novas o desenvolvimento económico, a
infraestruturas hidráulicas e, a gestão integrada de criação de empregos e a melhoria
recursos hídricos com a participação das partes das condições sociais.
interessadas.
Lei n.º 16/91 – Lei das Esta lei é baseada no princípio do uso da água pública, O Proponente tem a
a gestão da água com base em bacias hidrográficas, o responsabilidade de implementar
Águas princípio do utilizador-pagador e poluidor-pagador. medidas para evitar a poluição de
Pretende assegurar o equilíbrio ecológico e ambiental. quaisquer recursos de água
durante e após a implementação
O Artigo 54 desta Lei, estipula que qualquer actividade do
com o potencial de contaminar ou degradar as águas do Projecto.
públicas, em particular a descarga de efluentes, está
sujeita a uma autorização especial que deverá ser Se houver descarga de efluentes
emitida pela ARA, e ao pagamento de uma taxa. paraqualquer massa de água
superficial, será necessária uma
autorização da Administração
Regional das Águas (ARA). Esta
autorização está sujeita a uma
taxa.
Decreto n.º 18/2004 – Determina que quando os efluentes industriais são O Projecto deve respeitar a
Regulamento sobre descarregados no meio ambiente, os efluentes finais qualidade da água e padrões de
Padrões de Qualidade descarregados têm que cumprir com as normas para a emissões de efluentes,
Ambiental e de descarga conforme vêm estabelecidos no Anexo III do considerando as emissões
Emissão decreto. As descargas de efluentes domésticos têm admissíveis por lei, de modo a não
que cumprir com as normas para a descarga conforme prejudicar o meio ambiente.
de Efluentes vê estabelecidos no Anexo IV. O Anexo III estabelece Qualquer acção de Terminal deve
as normas para a descarga dos efluentes, para várias
indústrias. considerar os níveis admissíveis
nos termos do presente decreto. A
violação implica uma penalidade.
Poluição e Gestão de Resíduos Sólidos
Decreto n.º 83/2014 - Estabelece regras relativas à produção, emissão ou O proponente tem a
Regulamento sobre a deposição de qualquer substância tóxica ou poluidora responsabilidade de implementar
Gestão de Resíduos de modo a prevenir ou minimizar os seus impactos boas práticas de gestão de
negativos sobre a saúde e o ambiente. resíduos perigosos durante a
Perigosos Este regulamento estabelece a classificação dos operação.
resíduos perigosos, as formas de segregação,
identificação e acondicionamento, colecta, transporte, O Projecto deve estar de acordo
com as exigências descritas neste
tratamento e deposição final. Os resíduos perigosos regulamento.
são classificados e subdivididos nas categorias
estabelecidas no Anexo IX deste regulamento
Decreto 8/2003 – Estabelece as regras relativas à gestão dos resíduos O proponente tem a
Regulamento sobre biomédicos, com vista à salvaguarda da saúde e responsabilidade de implementar
lixo segurança dos trabalhadores das unidades santarias, boas práticas de gestão de
dos trabalhadores auxiliares e do público em geral e resíduos biomédicos durante a
biomédico forma a minimizar os impactos destes resíduos sobre o operação.
ambiente.
O decreto aplica-se às unidades sanitárias, instituições

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.7


Relatório de EPDA
Legislação Descrição Aplicabilidade para o
Projecto
de investigação e a empresas que produzam,
manuseiem, transportem ou eliminem lixo biomédico; O Projecto deve estar de acordo
ou com as exigências descritas neste
particulares que sejam trabalhadores ou doentes regulamento.
dessas empresas ou unidades sanitárias.
Este documento define os diferentes tipos de lixo
biomédico existente e apresentas as regras para a sua
gestão ao nível da prodição, armazenamento,
deposição e transporte. Define ainda as multas
aplicáveis aos casos de incumprimento.
Lei Nº 20/97 – Lei do Limita a "produção e/ou deposição no solo ou subsolo O Proponente tem a
e deposição para a água ou atmosfera de quaisquer responsabilidade de implementar
Ambiente substâncias tóxicas ou poluentes, bem como a prática medidas para evitar a poluição
de actividades que acelerem a erosão, a durante e após a implementação
desflorestação, a desertificação ou qualquer outra do Projecto.
forma de degradação ambiental" para os limites
estabelecidos pela lei (Artigo 9). O Projecto deve estar em
conformidade com as exigências
Quanto à poluição ambiental, o Artigo 9 proíbe a descritas neste regulamento.
produção e deposição de quaisquer substâncias
tóxicas ou poluentes em solos, sub-solos, água ou
atmosfera, assim como proíbe quaisquer actividades
que possam acelerar qualquer forma de degradação
ambiental além dos limites estabelecidos por lei.
Energia Eléctrica
Lei nº. 21/97 – Lei de O Artigo 9 estabelece que a transmissão de energia
Electricidade eléctrica, tanto por entidades privadas ou públicas,
requer a emissão de uma concessão para o efeito. O
Artigo 14º estabelece que a gestão da rede nacional de
transmissão de energia é atribuída a uma entidade
pública e que o capital privado pode participar no A EDM foi designada como a
desenvolvimento da rede nacional de transmissão de entidade gestora da rede nacional
energia. de transmissão de energia, em
conformidade com o Decreto
42/2005.
Decreto n.º 42/2005 - O Artigo 3 enfatiza que a construção e operação de
Regulamento que infra-estrutura de transporte de energia requerem a
estabelece as regras emissão de uma concessão, conforme exigido pela Lei
para a rede eléctrica nº 21/97.
nacional

Decreto n.º 57/2011 - Este decreto estabelece várias normas e directrizes De acordo com este decreto, a
Regulamento de para o desenvolvimento de projectos de linhas largura da RoW da linha deveria
Segurança das Linhas eléctricas, de modo a assegurar a sua segurança. O ser de 50 m (25 m para cada lado
Eléctricas de Alta Artigo 28 (ponto 2) estabelece que, de modo a da linha). No entanto, isto
Tensão assegurar uma operação segura de linhas de alta contradiz a Lei de Terras, que
tensão, a zona de protecção (RoW) deverá ter uma estabelece uma largura de 100 m
largura máxima de 30 m, para linhas abaixo de 66 kV, para a RoW (50 m para cada lado).
e 50 m para linhas acima de 66 kV. Como tal, foi adoptada uma RoW
com 100 m, em cumprimento da
Lei de Terras.

Direitos sobre o Uso da Terra e Reassentamento


Resolução n.º 10/95 –
Política Nacional da O Projecto deve estar de acordo
Terra com os princípios da política,
conforme os regulamentos

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.8


Relatório de EPDA
Legislação Descrição Aplicabilidade para o
Projecto
definidos nas leis que
implementam
Lei nº. 19/1997 – Lei A Lei de Terras e o seu
de Terras regulamento definem zonas de
Estabelecem os termos em que se opera a protecção total e parcial, onde o
constituição, exercício, modificação, transporte e uso da terra é restrito.
extinção do direito de uso e aproveitamento da terra. De acordo com este regulamento,
Definem zonas de protecção parcial e total, com vista à a faixa de 50 m para cada lado de
conservação ou preservação da natureza e de defesa uma linha de transmissão é
constituída como uma zona de
e segurança do Estado
protecção parcial (a RoW da
linha).

A aprovação de projectos de
linhas de transmissão pelo
Conselho de Ministros ou pelas
autoridades competentes
relevantes implica a criação
automática das respectivas zonas
de protecção parcial.
Decreto n.º 66/98 – A criação desta zona de protecção
Regulamento da Lei parcial irá extinguir os DUATs
das Terras existentes ao longo da RoW, e
impedir a emissão de novos
DUATs. Isto cria a necessidade de
compensar os bens existentes e
reassentar as comunidades
existentes dentro da RoW.
Alguns usos poderão continuar a
ser permitidos dentro da RoW
(como o cultivo de culturas
anuais), mas terão de ser
implementadas garantias legais e
outras medidas para proteger os
direitos das pessoas afectadas
que optarem por continuar a
praticar actividades permitidas
dentro da RoW, onde tal for
tecnicamente viável e permitido
pela EDM. Estas situações serão
resolvidas através do Plano de
Reassentamento ou de outros
instrumentos específicos.
Decreto n.º 31/2012 – Caso o Projecto resulte em
Regulamento do reassentamento físico ou
Processo de económico este regulamento é
Reassentamento aplicável e será necessário
resultante de desenvolver um Plano de
Actividades Define as regras e princípios de referência a serem Reassentamento. Qualquer
Económicas seguidos em processos de reassentamento resultantes deslocação económica (tais como
da implementação de actividades económicas públicas perdas de machambas ou outros
e privadas. O Art.º 15 define que o Plano de bens) deverá ser também avaliada
Reassentamento é parte do processo de AIAS e que a no EIA e, no caso de ocorrer, ser
devidamente compensada, em

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.9


Relatório de EPDA
Legislação Descrição Aplicabilidade para o
Projecto
sua aprovação precede a emissão da licença conformidade com a Lei da Terra.
ambiental. De notar que no caso de projectos
de electricidade, os procedimentos
de expropriação poderão ser
aplicáveis.
Decreto n.º 23/2008 – Se para a implementação do
Regulamento de Define bases para garantir a organização do espaço Projecto for necessária a
Ordenamento do nacional baseado em um processo dinâmico, expropriação de direitos de uso da
Território participativo, racional e sustentável dos recursos terra, os requisitos deste
naturais em conformidade com os princípios, objectivos regulamento devem ser
e direitos dos cidadãos consagrados na Constituição cumpridos. A expropriação requer
da República com vista à preservação do equilíbrio a emissão de uma declaração de
ambiental e promoção do desenvolvimento interesse público para o Projecto,
sustentável. conforme definido na Lei de
Energia Eléctrica.

Diploma Ministerial n.º Caso seja necessária a


181/2010 – Directiva Visa operacionalizar o processo de expropriação para expropriação da terra ou dos
sobre o Processo de efeitos de ordenamento territorial ao abrigo do artigo 2 direitos de uso da terra da área do
Expropriação para do Decreto n.º 23/2008, de 1 de Julho, estabelece um Projecto, os procedimentos para
efeitos de conjunto de regras e procedimentos para efeitos da tal deverão cumprir com os
Ordenamento actividade supramencionada, dotando os diferentes requisitos definidos nesta
Territorial intervenientes de linhas de orientação que deverão directiva.
nortear o procedimento de expropriação.

Património Cultural
Lei n.º 10/88 – Lei do Tem como objectivo proteger o património cultural A presença potencial de
Património Cultural material ou não-material. O património cultural é património cultural na área do
definido nesta lei como o “conjunto de bens materiais e Projecto deve ser avaliada no EIA.
imateriais criados ou integrados pelo Povo Durante a construção do Projecto
moçambicano ao longo da história, com relevância poderão também ser encontrados
para a definição da identidade cultural moçambicana.” objectos arqueológicos. Se tal
Os bens culturais materiais incluem: monumentos, suceder, o Proponente deverá
grupos de edifícios com relevância histórica, artística comunicar imediatamente o
ou científica, lugares ou sítios (com interesse achado à instituição de património
arqueológico, histórico, estético, etnológico ou cultural relevante.
antropológico) e elementos naturais (formações físicas
e biológicas com interesse particular sob um ponto de
vista estético ou científico).

Biodiversidade
Lei n.º 20/97 – Lei do Os Artigos 12 e 13 definem que o planeamento, O Projecto deve considerar a
Ambiente implementação e operação de projectos deverão biodiversidade protegida e a
garantir a protecção dos recursos biológicos, em presença de potenciais valores
particular de espécies de flora e fauna ameaçadas de relevantes de biodiversidade na
extinção ou que requeiram atenção especial, devido ao área do Projecto deverá ser
seu valor genético, ecológico, cultural ou científico. avaliada na AIAS.
Este aspecto estende-se aos seus habitats,
especialmente àqueles presentes em áreas de
protecção ambiental.

Lei n.º 10/99 – Lei das Estabelece as regras e princípios base para a Nenhuma área de protecção,
Florestas e Fauna protecção, conservação e uso sustentável dos recursos conforme definida por esta Lei, é
Bravia florestais e da fauna bravia. O Artigo 10 define as zonas interferida pelo Projecto.
de protecção, como áreas delimitadas do território,
representativas do património natural nacional,

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.10


Relatório de EPDA
Legislação Descrição Aplicabilidade para o
Projecto
definidas devido à sua biodiversidade, ecossistemas
frágeis ou à conservação de espécies animais e
vegetais.
Decreto n.º 12/2002 – Aplica-se à protecção, conservação, uso, exploração e O Proponente deve notificar o
Regulamento da Lei actividades de produção de recursos de flora e fauna. MTA se uma espécie listada neste
das Florestas e Fauna Inclui o comércio, transporte, armazenamento e regulamento
Bravia transformação primária artesanal e industrial destes
recursos. Inclui uma lista de espécies de fauna
protegida no seu Anexo II, cuja caça é proibida.

Lei n.º 16/2014 Esta lei estabelece os princípios e normas básicos para Nenhuma área de conservação,
(emendada pela Lei n.º a protecção, conservação, restauração e uso conforme definidas por este
5/2017) – Lei da sustentável para o uso da diversidade biológica em diploma, é interferida pelo Projecto
Protecção, território nacional, em particular em áreas de proposto.
Conservação e Uso conservação.
Sustentável de O Artigo 16 define que todas as actividades que
Biodiversidade, e seu possam resultar em alterações ao coberto vegetal, ou
Regulamento que possam degradar a flora, fauna e os processos
ecológicos até ao ponto de comprometerem a sua
manutenção, são interditas dentro de parques naturais,
excepto se necessárias por motivos científicos ou de
gestão.
O Artigo 11 do Regulamento estabelece que
monumentos culturais e naturais devem ser
conservados. Estes incluem áreas com um ou mais
valores estéticos, geológicos, religiosos, históricos ou
culturais únicos que, dada a sua raridade, devem ser
conservados. Monumentos naturais podem incluir
árvores de valor ecológico, estético, histórico e cultural.
Higiene e Segurança Laboral

Lei n.º 23/2007- Lei do Esta lei aplica-se às relações jurídicas de trabalho O Proponente deve fornecer aos
Trabalho subordinado estabelecidas entre empregadores e seus trabalhadores, boas
trabalhadores nacionais e estrangeiros, de todas as condições físicas, o trabalho
indústrias, em actividade no país. O capítulo VI fornece ambiental e moral, informá-los
os princípios de segurança, higiene e saúde dos sobre os riscos do seu trabalho e
trabalhadores. instruí-los sobre o cumprimento
adequado das normas

Lei n.º 5/2002 - Lei de Esta lei estabelece os princípios gerais que visam É proibida a testagem de
Protecção dos assegurar que todos os empregados e candidatos a HIV/SIDA aos trabalhadores,
Trabalhadores com emprego não sejam discriminados no local de trabalho candidatos a emprego, candidatos
HIV/SIDA ou quando se candidatam a empregos, por estes serem para avaliar o treinamento ou
suspeitos ou por terem HIV/SIDA. O artigo 8 estabelece candidatos a promoção, a pedido
que o trabalhador que se infecta com HIV/SIDA no local dos empregadores, sem o
de trabalho, em conexão com a sua ocupação consentimento do trabalhador ou
profissional, além da compensação a que tem direito, candidato a emprego. O
têm garantia de assistência médica adequada para proponente deverá treinar e
aliviar seu estado de saúde, de acordo com a Lei do reorientar todos os trabalhadores
trabalho e demais legislação aplicável, custeados pelo infectados com HIV/SIDA, que
empregador. sejam capazes de cumprir os seus
deveres no trabalho, levando-a
para um emprego compatível com
as suas capacidades residuais.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.11


Relatório de EPDA
Legislação Descrição Aplicabilidade para o
Projecto
Decreto n.º 45/2009 – O presente regulamento estabelece as regras relativas O Proponente deve cumprir com
Regulamento sobre às actividades de inspecção, no âmbito do controle da as exigências. No caso de uma
Inspecção Geral do legalidade do trabalho. O ponto 2 do Artigo 4 prevê inspecção, o proponente deve
Trabalho responsabilidades do empregador em matéria de ajudar a fornecer todas as
prevenção de riscos de saúde e segurança profissional informações necessárias para os
para o empregado. inspectores

LEGISLAÇÃO INTERNACIONAL (NORMAS, PADRÕES E DIRECTRIZES


INTERNACIONAIS)
No contexto internacional existem vários instrumentos de referência que abordam, de forma
global, as questões ambientais e sociais, nomeadamente convenções, acordos, padrões, etc.,
as quais de alguma forma estão reflectidas na legislação nacional descrita acima.
Relativamente ao Projecto em referência são considerados relevantes os seguintes
instrumentos:
A IFC (Internacional Finance Corporation/Corporação Financeira Internacional) é membro do
Grupo do Banco Mundial e uma das maiores instituições de desenvolvimento que se concentra
exclusivamente no sector privado nos países em desenvolvimento (IFC, 2012)2. A IFC foi
fundada em 1956 e trabalha em países em desenvolvimento para criar oportunidades de
emprego, gerar receitas fiscais, melhorar a governança corporativa e, talvez o mais importante
de tudo, garantir que os projectos possam contribuir para a elevação das comunidades locais
dos seus países. Em relação a este último elemento, é também a visão do IFC que as pessoas
possam ter a oportunidade de sair da pobreza e melhorar as suas vidas.
A IFC publicou os seus Padrões de Desempenho (PDs) sobre Sustentabilidade Ambiental e
Social em Abril de 2006 e publicou Notas de Orientação abrangentes em Abril de 2007.Os PD
foram revistos em 2012 (cf. IFC, 2012).
Os PDs do IFC são exclusivamente adaptados para a gestão de projectos e requisitos do
projecto geral para apoio da IFC. Além desses padrões, a IFC também publicou Notas de
Orientação de apoio para cada padrão, que fornece orientação para os clientes e ao pessoal
da IFC, com o intuito dos projectos respeitarem os PDs com eficácia
Os objectivos de cada um dos padrões de desempenho estão apresentados na Tabela que
segue:

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.12


Relatório de EPDA
Tabela 3: Padrões de Desempenho da IFC

Padrão de Desempenho Objectivo Chave


• Identificar e avaliar os impactos sociais e ambientais, tanto adversos como
PD 1: Avaliação e gestão de benéficos, na área de influência do projecto;
riscos e impactos sociais e • Evitar, ou quando a prevenção não for possível, minimizar, mitigar ou
ambientais compensar os impactos adversos nos trabalhadores, Comunidades e meio
ambiente;
• Certificar que as Comunidades são devidamente envolvidas nas questões
que as podem afectar; e
• Promover a melhoria do desempenho social e ambiental das empresas
através do uso efectivo de sistemas de gestão.
• Estabelecer, manter e melhorar a relação entre trabalhadores /
administração;
PD 2: Trabalho e Condições de • Promover o tratamento justo, sem discriminação e, igualdade de
Trabalho oportunidades dos trabalhadores e cumprimento das leis trabalhistas e do
emprego;
• Proteger a mão-de-obra, abordando o trabalho infantil e o trabalho forçado;
• Promover condições de trabalho seguras e saudáveis; e
• Proteger e promover a saúde dos trabalhadores.
• Evitar ou minimizar os impactos negativos sobre a saúde humana e o meio
PD 3: Eficiência de recursos e ambiente, evitando ou minimizando a poluição das actividades do projecto;
prevenção contra a poluição e
• Promover a redução das emissões que contribuem para as alterações
climáticas.

• Evitar ou minimizar os impactos negativos sobre a saúde humana e o meio


PD 4: Saúde, Segurança e ambiente, evitando ou minimizando a poluição das actividades do projecto;
Protecção Comunitária e
• Promover a redução das emissões que contribuem para as alterações
climáticas.

• Evitar ou pelo menos minimizar o reassentamento involuntário sempre que


possível, explorando planos e disposições de projectos alternativos;
• Reduzir os impactos sociais e económicos adversos da requisição ou
restrições de terra sobre o uso da terra pelas pessoas afectadas através
de: (i) Proporcionar uma compensação pela perda de bens ao custo de
reposição; e (ii) Assegurar que as actividades de reassentamento sejam
implementadas com a divulgação adequada de informação, consulta e
PD 5: Aquisição de Terras e participação informada das pessoas afectadas;
Reassentamento Involuntário • Melhorar ou pelo menos restaurar os meios de subsistência e padrões de
vida das pessoas deslocadas; e
• Melhorar as condições de vida entre as pessoas deslocadas por meio de
provisão de habitação adequada com segurança da propriedade de posse
em locais de reassentamento.
PD 6: Conservação da • Proteger e preservar a biodiversidade; e
Biodiversidade e Gestão • Promover a gestão e utilização sustentáveis dos recursos naturais por meio
Sustentável dos Recursos da adopção de práticas que integram as necessidades de conservação e
Naturais Vivos prioridades de desenvolvimento.
• PD 7: Povos nativos • Certificar que o processo de desenvolvimento fomente o pleno respeito da
dignidade, direitos humanos, aspirações, culturas e modos de vida
baseados nos recursos naturais dos Povos Nativos;

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.13


Relatório de EPDA
Padrão de Desempenho Objectivo Chave
• Evitar impactos negativos de projectos nas comunidades dos povos
nativos, ou quando não for possível evitar, minimizar, mitigar ou compensar
os impactos, bem como proporcionar oportunidades para benefícios de
desenvolvimento, de forma culturalmente apropriada;
• Estabelecer e manter um relacionamento contínuo com as populações
locais afectadas por um projecto durante toda a duração do projecto;
• Fomentar negociações de boa-fé e participação informada das populações
locais quando os projectos têm de ser localizados em terras tradicionais ou
de uso habitual pelos Povos Nativos; e
• Respeitar e preservar a cultura, conhecimentos e práticas dos povos
nativos.
• Proteger o património cultural dos impactos adversos das actividades do
PD 8: Património Cultural projecto e apoiar a sua preservação; e
• Promover a distribuição equitativa dos benefícios provenientes do uso do
património cultural nas actividades comerciais.

Directivas de Ambiente, Saúde e Segurança da IFC


As Directivas Ambientais, de Saúde e de Segurança (DASS) da IFC – cuja identificação por
componente se apresenta abaixo – são documentos técnicos de referência com exemplos
gerais e específicos à indústria de Boa Prática Internacional para a Indústria. Quando um ou
mais membros do Grupo do Banco Mundial está envolvido num projecto, as directivas referidas
aplicam-se conforme requerido pelas suas políticas e padrões respectivos. As DASS contêm
os níveis e medidas de desempenho que são normalmente considerados alcançáveis em novas
instalações por tecnologia existente a custos razoáveis.
A aplicação das DASS nas instalações existentes pode envolver o estabelecimento de
objectivos específicos ao local, com um período de tempo apropriado para os alcançar. A sua
aplicabilidade deve ser adaptada aos perigos e riscos estabelecidos para cada projecto com
base nos resultados duma avaliação ambiental na qual variáveis específicas ao local, tais como
o contexto do país anfitrião, a capacidade assimilativa do ambiente, e outros factores do
projecto, devem ser tidas em conta.
A aplicabilidade de recomendações técnicas específicas deve ser baseada na opinião
profissional de pessoas qualificadas e experientes. Quando os regulamentos do país anfitrião
diferem dos níveis e medidas apresentados nas DASS, é esperado que os projectos alcancem
aqueles que forem mais rigorosos. Se níveis ou medidas menos rigorosos do que aqueles
fornecidos são apropriados, devido a circunstâncias específicas do projecto, uma justificação
completa e detalhada para quaisquer alternativas propostas é necessária como parte da
avaliação ambiental específica ao local. Esta justificação deve demonstrar que a escolha de
quaisquer níveis de desempenho alternativo protege a saúde humana e o ambiente.

Ambiente
• Emissões para o Ar e Qualidade do Ar Ambiente

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.14


Relatório de EPDA
• Preservação de Energia
• Água Residual e Qualidade da Água Ambiente
• Preservação da Água
• Gestão de Materiais Perigosos
• Gestão de Resíduos
• Ruído
• Terra Contaminada
Saúde e Segurança Ocupacionais
• Planeamento e Operação Gerais da Instalação
• Comunicação e Formação
• Perigos Físicos
• Perigos Químicos
• Perigos Biológicos
• Perigos Radiológicos
• Equipamento de Protecção Pessoal (EPP)
• Ambientes de Perigo Especial
• Monitorização
Saúde e Segurança Comunitárias
• Qualidade e Disponibilidade da Água
• Segurança Estrutural da Infra-estrutura do Projecto
• Segurança da Vida e Incêndio (SVI)
• Segurança do Tráfego
• Transporte de Materiais Perigosos
• Prevenção de Doenças
• Preparação e Resposta para Emergências
Construção e Abandono
• Ambiente
• Saúde & Segurança Ocupacionais
• Saúde & Segurança Comunitárias

Outras Directrizes de Segurança, Saúde e Ambiente


Diversas outras directrizes internacionais e de boas prácticas poderão ser directa e
indirectamente relacionadas com a construção/operação do Projecto em particular no que
respeita ao cumprimento de valores padrões que assegurem a protecção do ambiente e da
saúde humana. Na tabela a seguir listam-se, sumariamente, algumas das mesmas.

• Directrizes da Organização Mundial de Saúde (WHO) para água potável (4ª


edição)

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.15


Relatório de EPDA
• Directrizes da Organização Mundial de Saúde (WHO): Ruido na comunidade
(1998)
• Directrizes da Organização Mundial de Saúde (WHO): Qualidade do ar (2005
• Padrões da Africa do Sul para ruido -SANS 10103, (2003).
• Padrões da Africa do Sul para qualidade do ar - SANS 1929 (2005).
• Padrões da Organização Internacional de Normalização para ruido ocupacional -
ISO 1999, (1990)

Convenções Internacionais
Governo de Moçambique celebrou e ratificou várias convenções internacionais que abordam a
gestão ambiental. O proponente é obrigado a garantir que as suas actividades são efectuadas
em cumprimento das convenções internacionais, das quais o Governo de Moçambique é
signatário. As convenções relevantes e aplicáveis estão abaixo listadas:
Ano de
Convenção
Ractificação
Qualidade do Ar
1993 Convenção de Viena sobre a Protecção da Camada de Ozono de 1985;
Protocolo de Montreal sobre Substâncias que Destroem a Camada de Ozono de
1987 e as respectivas emendas efectuadas em Londres – 1990 e Copenhaga -
1992
1994 Convenção Quadro das Nações Unidas sobre as Alterações Climáticas, de 1992
(UNFCCC)
2004 Protocolo de Quioto de 1997
Habitats e Diversidade Biológica
1981 Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e Recursos Naturais (de
1968)
2003 Convenção sobre Terras Húmidas de Importância Internacional, especialmente
as que servem como habitat de Aves Aquáticas (Convenção Ramsar) de 1971, e
os respectivos Protocolo de Paris de 1982 e Emenda de Regina, de 1987.
Convenção de Bona sobre as Espécies Migratórias de Animais Selvagens, 1979,
e suas alterações
1994 Convenção das Nações Unidas sobre a Diversidade Biológica de 1992
2010 Convenção de Roterdao sobre o Procedimento de Prévia Informação e
Consentimento para determinados Produtos Químicos e Pesticidas Perigosos no
Comércio Internacional, de 19
2003 Convenção Africana sobre a Conservação da Natureza e dos Recursos Naturais,
versão revista
Resíduos Perigosos
1996 Convenção de Bamako sobre a Interdição da Importação de Lixos Perigosos e
Controlo da Movimentação Transfronteiriça desses lixos em Africa, de 1991

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.16


Relatório de EPDA
1996 Convenção de Brasileia sobre o controlo de movimentos transfronteiriços de
resíduos perigosos e sua eliminação de 1989
Outras
2004 Convenção de Estocolmo sobre Poluentes Orgânicos e Persistentes de 2001

QUADRO INSTITUCIONAL
As principais instituições essenciais no desenvolvimento do Projecto, são as descritas a seguir,
mas não limitadas a:
Ministério da Terra e Ambiente - MTA
Em 1994 foi criado o Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (MICOA), actualmente
o Ministério da Terra e Ambiente (MTA), o órgão central do aparelho de Estado que dirige a
execução da política ambiental, coordena, orienta, gere e promove o planeamento e uso
adequado dos recursos naturais do país. A responsabilidade do MTA é a seguinte, mas não
limitada a:

• Decidir sobre o impacto ambiental inerente à implementação de actividades


socioeconómicas no contexto de projectos de desenvolvimento;
• Decidir sobre a qualidade técnica dos estudos de avaliação de impacto ambiental;
• Realização de auditorias ambientais e activar o devido processo legal, quando há
infracções previstas na Lei do Ambiente;
• Rever e desenvolver políticas e planos intersectoriais de desenvolvimento sustentável;
• Promover a legislação sectorial;
• Coordenar a implementação da política ambiental;
• Educar e promover a consciencialização pública.
O MTA também é responsável por regular os procedimentos de AIA em Moçambique, através
da Direcção Nacional de Ambiente (DINAB). Conforme indicado acima, todos os projectos que
possam ter impactos ambientais e sociais adversos são obrigados, pelo regulamento do
processo de AIA, ao registo no MTA para a determinação da categoria (A+, A, B ou C) e
consequentemente o tipo de avaliação ambiental a ser efectuada.
A legislação estipula que o MTA é responsável pela coordenação das actividades na área
ambiental, por forma a garantir a integração das variáveis ambientais no processo de
planeamento e gestão do desenvolvimento socioeconómico. Neste sentido o MTA deve
cooperar com os outros ministérios e sectores.
O MTA também é responsável por assegurar a aplicação da legislação sobre os Padrões de
Qualidade Ambiental e de Emissão e Efluentes legislação e sobre o planeamento territorial.
O MTA estabeleceu Serviços Provinciais em todas as capitais provinciais, que são
responsáveis pela supervisão do processo de AIA no que diz respeito às actividades de

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.17


Relatório de EPDA
categoria A, enquanto as Direcções Provinciais de Planeamento Territorial garantem a
supervisão das actividades de categoria B e C.

Ministério de Recursos Minerais e Energia


O Ministério de Recursos Minerais e Energia (MIREME) foi criado pelo Decreto Presidencial n.º
1/2015, de 16 de Janeiro. As competências do Ministério são definidas na Resolução n.º
14/2015, de 8 de Julho, e incluem, entre outras, a promoção do conhecimento dos recursos
energéticos nacionais, o seu desenvolvimento e utilização, e o desenvolvimento da produção
de energia para satisfazer as necessidades nacionais e aproveitar as oportunidades do
mercado regional.

A Electricidade de Moçambique, E.P


A Electricidade de Moçambique, E.P. (EDM) foi criada em 1977 (Decreto-Lei n.º 38/77, de 27
de Agosto) como a entidade estatal responsável pelo serviço eléctrico. Foi transformada em
empresa pública em 1995 (Decreto n.º 27/95, de 17 de Julho), esperando-se assim que opere
em termos comerciais. A EDM está sob a tutela do MIREME e as suas responsabilidades são
o estabelecimento e a exploração do serviço público de produção, transmissão, distribuição e
comercialização de energia eléctrica em Moçambique, e como tal é a entidade gestora da rede
eléctrica nacional (Decreto n.º 43/2005, de 29 de Novembro).

Autoridade Reguladora de Energia


A Autoridade Reguladora de Energia (ARENE), foi recentemente criada pela Lei n.º 11/2017,
de 8 de Setembro, substituindo o anterior Conselho Nacional de Electricidade. A ARENE possui
poderes de supervisão, regulamentação, fiscalização e de sanção sobre o sector de energia.

Direcção Nacional de Electricidade


A Direcção Nacional de Electricidade (DNE), criada pelo Diploma Ministerial n.º 195/2005, de
14 de Setembro, é a entidade do Ministério da Energia responsável pela concepção, promoção,
avaliação, execução e monitorização das políticas do sector de electricidade. O licenciamento
de novas instalações eléctricas faz parte das competências da DNE, tal como definidas nos
seus estatutos orgânicos (Diploma Ministerial n.º 24/2010, de 29 de Janeiro).

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.18


Relatório de EPDA
Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS)
O Ministério do Trabalho, Emprego e Segurança Social (MITESS) é o órgão central do Aparelho
do Estado ao qual compete a direcção, planificação e controlo da acção governamental no
domínio da administração do trabalho, assegurando a execução da política e dos programas
económicos e sociais adoptados pelo Estado.
Em coordenação com os trabalhadores ou grupos de interesse dos trabalhadores, o MITESS
tem a responsabilidade e competência de verificar o desempenho da Empresa sobre as
condições de Higiene e Segurança no Trabalho e ajudar a ultrapassar possíveis conflitos
laborais e outros problemas relacionados, caso existam.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.19


Relatório de EPDA
3 MEMÓRIA DESCRITIVA DO PROJECTO

JUSTIFICAÇÃO DO INTERESSE DO PROJECTO


Actualmente, apenas 34% da população em Moçambique tem acesso à energia eléctrica. No
entanto, o país busca incansavelmente por um conjunto de soluções energéticas que levem
em conta essa realidade, que incluem a massificação do uso de eletricidade nas áreas
actualmente cobertas pela rede nacional e nas áreas remotas por soluções mistas utilizando
recursos renováveis e sustentáveis como energia eólica, solar e hídrica.

A demanda de electricidade em Moçambique, em particular na região Norte aumentou


rapidamente ao ponto em que o nível de procura excede a capacidade de geração disponível.
Isto tem reflexo sobre a sobrecarga do consumo de linha e a consequente deterioração da
qualidade de fornecimento e frequentes quedas de tensão
Neste contexto, a Electricidade de Moçambique E.P (EDM), entidade que tem a missão de
estabelecer e explorar os serviços públicos de produção, transporte, distribuição e
comercialização de energia eléctrica em Moçambique, pretende implementar um projecto para
o reforço e expansão da capacidade da rede de transporte e distribuição de energia nesta
região do país.
O Projecto enquadra-se nos esforços do Governo de Moçambique para satisfazer a grande
demanda de energia que se regista na cidade de Pemba e norte de Cabo Delgado, com
particular relevo para a cidade de Palma e, no interior, a cidade de Montepuez, originada pelas
recentes descobertas de gás, jazigos de pedras preciosas entre outros recursos
Em termos concretos:
• A Fase I que compreende a extensão do sistema de 110 kV de Metoro a Montepuez visa
facilitar a interconexão para evacuar energia de outras infraestruturas de produção de
energia existentes e planificadas para a região de Montepuez e nos arredores.
• A Fase II que inclui uma extensão de Montepuez a Marrupa visa melhorar a qualidade
e confiabilidade do abastecimento e, potencialmente, permitir a adição de cargas mais
elevadas na região. A linha também pode tornar-se parte de uma importante ligação
entre Metoro e Cuamba e futuramente poder-se-á aumentar a tensão para 220 kV,
embora inicialmente irá operar a 110 kV.
• Quanto ao abastecimento das outras áreas ao longo da costa norte de Nampula-Nacala,
a extensão de Metoro a Montepuez poderá ser uma alternativa viável, dependendo do
reforço da capacidade de abastecimento da rede do Songo via Matambo e Chimuara.
Os projetos em curso para aumentar a capacidade desse sistema incluem uma linha de
400 kV de Chimuara a Namialo - com o primeiro trecho de Chimuara a Alto Molocue em
execução.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.20


Relatório de EPDA
O reforço adicional de linha de Namialo via Metoro até Palma foi estudado anteriormente.
Também existe potencial para o desenvolvimento de novas terminais de energia na área,
incluindo hidreléctricas, fotovoltáicas e energia térmicas a gás natural. Metoro está projectada
para ser o eixo da rede de distribuição nesta região.
A actual subestação de Metoro de 110/33 kV não poderá ser ampliada como parte do presente
projecto, no entanto, a EDM já identificou um novo local para a implantação da nova subestação
de Metoro que acomodaria o desenvolvimentos de rede em 220 kV e 400 kV.
A nova linha de 220 kV em direção a Metoro, inicialmente a operar em 110 kV, será projectada
para conectar a nova subestação de Metoro.

OBJECTIVOS DO PROJECTO

Objectivo Geral:
O presente projecto visa a implantação de duas linhas aéreas (OHL)3 de transporte de energia
eléctrica a uma tensão de 220kV seguindo o traçado Metoro-Montepuez (110 km) e Montepuez-
Marrupa (175 km) e duas Subestações (400/220/110 kV e 110/33 kV) abrangendo as províncias
de Cabo Delgado e Niassa.
O Projecto encontra-se actualmente em fase do Estudo de Viabilidade cujo o produto final será
a preparação de um Relatório de Viabilidade que conterá a justificação técnica, financeira e
económica do Projecto e recomendações para a sua implementação.
Refira-se que o Estudo do Impacto Ambiental e Social constitui um elemento decisor para a
identificação e obtenção do financiamento necessário para implementação do Projecto, que
inclui os estudos de engenharia detalhados para a definição aprofundada do traçado da linha,
confirmação final da situação físico-ambiental e sócioeconómica ao longo da linha e seu devido
seguimento de acordo com os instrumentos de salvaguardas sociais ambientais e socias e
início das actividades de construção.

Objectivos específicos:
• Melhorar a qualidade e confiabilidade do abastecimento na região e, potencialmente,
também permitir a conexão com cargas mais elevadas na região.

3
As OHLs são linhas de alta tensão transportam grandes quantidades de energia eléctrica por longas distâncias

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Relatório de EPDA
• Complementar e facilitar a interconexão para evacuar energia de outras infraestruturas
de produção de energia existentes e planificadas para a região de Montepuez e
arredores.

LOCALIZAÇÃO E CARACTERÍSTICAS GERAIS DO PROJECTO


O Projecto localiza-se na região Norte de Moçambique, abrangendo a província de Cabo
Delgado nos distritos de Ancube, Montepuez e Balama e província de Niassa no distrito de
Marrupa.
A construção do traçado da OHL proposta subdivide-se em 2 fases distintas, nomeadamente
a fase 1 que consistirá no troço Metoro-Montepuez e a fase 2 que consistirá no troço
Montepuez-Marruapa. A O Projecto localiza-se na região Norte de Moçambique, abrangendo
a província de Cabo Delgado nos distritos de Ancube, Montepuez e Balama e província de
Niassa no distrito de Marrupa.
A construção do traçado da linha de transporte área de energia (adiante designada por OHL)
proposta subdivide-se em 2 fases distintas, nomeadamente a fase 1 que consistirá no troço
Metoro-Montepuez e a fase 2 que consistirá no troço Montepuez-Marrupa. A figura “A”
apresenta a localização geral do traçado proposto.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.22


Relatório de EPDA
apresenta a localização geral do traçado proposto.

Figura 1: Localização do traçado previsto (Metoro-Montepuzez-Marrupa)

No quadro seguinte apresenta-se uma estimativa da extensão do traçado base para em cada
um dos Postos Administrativos atravessados.
Tabela 4: Extensão do traçado nos Postos Administrativos atravessados

Extensão da
Troço Provincia Distrito P.Admin linha (km)
Mesa 31
Ancuabe Metoro 21
Cabo Namanhumbi 19
1 Delgado Montepuez Montepuez 20
Montepuez 14
Montepuez Mapupulo 13
Cabo Balama 46
Delgado Balama Impiri 37
Nungo 46
2 Niassa Marrupa Marrupa 15

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Relatório de EPDA
4 DESCRIÇÃO DO PROJECTO

DESCRIÇÃO DO TRAÇADO DA LINHA DE TRANSPORTE

A linha de transporte de energia eléctrica é o meio de transferência de energia eléctrica do


ponto da sua geração até aos potenciais consumidores finais. A linha de transporte é
constituída por torres que apoiam circuitos de condutores, podendo ser linhas de alumínio e
cobre.
Uma linha de alta tensão típica utiliza três principais tipos de torres metálicas reticuladas:
• Torres de suspensão que suportam os condutores em trechos de linha recta:
• Torres de ângulo, que são utilizadas em pontos em que a rota muda de direcção,
• Torres terminais que são utilizadas para entrada nas subestações.
Os apoios (torres) desta linha serão em estrutura metálica treliçada, tipo Y, prevendo-se que
tenham uma altura média de cerca de 40 m.
A Fase 1 deste projeto abrangerá uma extensão de aproximadamente do 110 km de linha entre
Metoro, no Distrito de Ancuabe e Montepuez no distrito com o mesmo nome na província de
Cabo Delgado. Esta linha de corrente alternada (HVAC) é dimensionada para transportar
energia eléctrica a uma tensão de 220 kV, sendo que na fase inicial vai operar a 110 kV, e
servirá para reforçar a expansão da electrificação e aumento de carga nas áreas próximas a
Montepuez.
A Fase 2 inclui a extensão de aproximadamente 175 km de linha de corrente alternada (HVAC)
a 220 kV (operando a 110 kV numa fase inicial) de Montepuez a Marrupa, no distrito com
mesmo nome, província de Niassa. A extensão da linha pretende melhorar a confiabilidade de
abastecimento local e, potencialmente o aumento da potência na região. Por outro lado a linha
poderá se tornar um elo de ligação importante entre Metoro e Cuamba.

Linha Metoro-Montepuez (Fase 1)


A linha de Metoro e Montepuez apresenta as principais componentes:

• Construção de 110 km de linha de transporte aérea (OHL) de 220kV, em cabo


2xCONDOR (477 MVA) a partir de Metoro até a subestação de Montepuez que
inicialmente vai operar a 110kV.
• Instalação de uma cela adicional de chegada de linha de 110kV de barramento simples
na subestação de Metoro;
• Instalação de um Transformador de Potência com capacidade 2X40MVA e tensão de
linha de 110/33kV na nova subestação de Montepuez;
• Instalação de Transformador de Potência que baixa tensão de chegada de 110kV
para 33kV na nova subestação de Montepuez;

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.24


Relatório de EPDA
• Instalação de uma cela de chegada da linha de 110kV com barramento simples na
nova subestação de Montepuez.
• Instalação de novo quadro de média tensão de 33kV (5 celas+2 celas de reserva),
reles, rectificadores AC/DC (AC= corrente alternada e DC = Corrente continua), Banco
de baterias DC e barramentos de protecção.
• Transformadores Auxiliares com tensão de 33/0.4kV e capacidade de 315 KVA
O traçado da linha contêm um total de 31 pontos angulares (adiante designados ângulos). São
definidos “ângulos” como os pontos em que a linha muda de direcção. A descrição do traçado
base previsto compreenderá:

• Saindo da subestação de Metoro a uma altitude de cerca de 350 m e inicia-se uma ligeira
subida até cerca de 500 m perto da localidade de Nancuia;
• Da subestação de Metoro, a linha vai para Oeste cruzando a estrada EN 106,
continuando para o ângulo L1.1_AP3 e continua para Noroeste até o ângulo L1.1_AP7
a cerca de 5 km do local previsto para a nova subestação de Metoro. (Ver mapa do
traçado em anexo);
• Os ângulos L1.1_AP7 e L1.1_AP7.1 são considerados locais para o término da linha
conectando a nova subestação;
• Até à Localidade de Megama o traçado da linha segue na direcção Noroeste, ao longo
da EN 242 (L1.1_AP20) e muda de direcção para Sudoeste até Montepuez
(L1.1_AP30);
• Para evitar localidades, a rota da linha cruzará duas vezes a estrada EN 242, perto das
localidades de Namanhumbir e Caraia.

Montepuez a Marrupa (Fase 2)


A linha de Montepuez a Marrupa apresenta as principais componentes:

• Construção de 147 km de OHL de 220kV, em cabo 2xCONDOR (477MVA) a partir da


subestação de Marrupa até Montepuez que vai operar inicialmente a 110kV de tensão;
• Instalação de uma cela adicional de chegada de linha de 110kV de barramento simples
na nova subestação de Montepuez;
• Instalação de uma cela adicional de chegada de linha de 110kV de barramento simples
na nova Subestação de Marrupa;
O traçado da linha numa extensão de cerca de 175 km, contêm um total de 23 ângulos. A
descrição do traçado base previsto compreenderá:

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.25


Relatório de EPDA
• Saindo de uma altitude de cerca de 500 m na Subestação de Montepuez, o traçado da
linha passa a Sudoeste e atravessa a Estrada 509 até ao ângulo L1.2_AP2. (ver mapa
do traçado em anexo);
• Em geral, o traçado da linha mantém o seu percurso na estrada EN242, evitando
localidades e outros obstáculos como as áreas de exploração mineira.
• Perto de L1.2_AP14, a linha cruza a estrada EN242 duas vezes para evitar uma
formação rochosa;
• De L1.2_AP16, a linha da rota está mudando de direção para Noroeste;
• De L1.2_AP17 a L1.2_AP19 a rota segue a estrada e cruza os cursos do rio Messalo.
Para acomodar a entrada da linha na subestação de Marrupa no local proposto para a sua
implantação, a rota cruza as duas linhas de transmissão existentes.

Desenho da Torre
Uma rota típica de linha aérea utiliza três principais tipos de torres de aço reticuladas,
nomeadamente:
• Torres de suspensão que suportam os condutores em trechos de linha recta. Podem ser
autoportantes ou serem torres em “V” espiadas por cabos de aço;
• Torres de ângulo que são utilizadas em pontos em que a rota muda de direcção. São
torres autoportantes;
• Torres terminais que são utilizadas onde a linha termina nas subestações.
As figuras abaixo apresentam exemplos de tipos de torres típicas e peças-chave a serem
usadas pelo presente Projecto.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.26


Relatório de EPDA
Figura 2: Exemplo e esquema de torre de suspensão em V com espias (Fonte: CONSULTEC 2018 citando SCDS & Mott
MacDonald, 2011; Norconsult,2015).

Figura 3: Exemplo e esquema de torre de suspensão autoportante típica (Fonte: CONSULTEC 2018).

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.27


Relatório de EPDA
Figura 4: Exemplo e esquema de torre de tensão autoportante (Fonte: CONSULTEC 2018 citando; Norconsult,2015).

Altura da Torre
Há diversas variáveis que definem a altura da torre (e a área de ocupação associada) tais
como:
• Terreno (novas linhas devem ser posicionadas de forma a manter as distâncias
regulamentares a edifícios, estruturas, árvores, linhas de transporte de energia eléctrica
etc.)
• Altura acima do nível do mar; e,
• Comprimento do vão.
Para o presente projecto prevê-se que as torres tenham uma altura média de cerca de 40 m.

Comprimento do Vão
A distância entre as torres (extensão do vão) varia tipicamente entre 400 m e 500 m, podendo
atingir 800 m em áreas de relevo difícil ou para facilitar a utilização de um vão único na travessia
de rios.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.28


Relatório de EPDA
SUBESTAÇÕES

Uma subestação eléctrica é uma instalação com um conjunto de equipamentos destinados


a elevar a tensão da energia eléctrica produzida nas centrais eléctricas para ser transportada
em Alta Tensão ou Muito Alta Tensão para as zonas de consumo ou, como no caso vertente,
uma vez perto das zonas de consumo e, baixar o nível de tensão para a energia eléctrica ser
distribuída em média tensão.
Em norma, a subestação é vedada por cercas de aço e com um sistema de segurança através
de fios electrificados montado no topo. A área é tipicamente nivelada e coberta por pedra
britada. As estradas de acesso internas são construídas de alcatrão com betão adjacente aos
transformadores. As linhas condutoras entram no local aproximadamente a 15m de altura
para se conectar aos transformadores. Prevê-se a edificação de instalações para o controlo
e parques de estacionamento construídos em bloco de concreto.

O Estudo de Viabilidade em curso pretende providenciar a interligação das subestações de


Metoro (existente), Montepuez (nova) e Marrupa (existente). A operação inicial da linha está
prevista para ser em 110 kV a partir da extensão da subestação de 110 kV em Metoro.
A futura linha em uma tensão de 220 kV, prevista para ser alimentada pela nova subestação
de 400/220/110 kV localiza-se a Oeste de Metoro. O local escolhido possui condições biofísicas
necessárias para a sua implantação.

Subestação de Metoro

4.2.1.1 Ampliação da Subestação existente em Metoro 110/33 kV


A Subestação existente de Metoro de 110/33 kV deverá ser alvo de expansão de capacidades
para acomodar e complementar as necessidades de Projecto. A expansão da infraestrutura
existente incluirá as seguintes componentes e actividades:

• Extensão de barramento de 110 kV (principal e de transferência);


• 1 baía de linha de 110 kV;
• Novo sistema de Controle e Proteção para o novo equipamento;
• Novo sistema de telecomunicações baseado em sistema de Fibra Óptica (FO);
• Integração em sistemas de alimentação auxiliar AC / DC existentes;
• Extensão do sistema de aterramento da subestação existente;
• Obras de construção associadas para a implantação do edifício de controle, fundações
de equipamentos, trabalho de plataforma, acessos internos, vedações, etc..).

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.29


Relatório de EPDA
Figura 5: Subestação Existente de Metoro 110/33 kV4

Construção da nova Subestação de Metoro de 400/220/110/33 kV


Como referido, o Projecto na Fase 1, inclui uma linha de 220 kV, operando a 110 kV em fase
inicial, entre a subestação existente Metoro e a subestação de Montepuez.
Uma vez construída a subestação de 400/220/110 kV em Metoro, a linha para Montepuez
poderá ser alimentada em 220 kV a partir da nova subestação. A primeira parte da linha do
subestação existente de 110 kV em direção a Montepuez, pode, nessa fase, tornar-se uma
ligação de 110 kV entre a subestação existente e a futura (ao menos que a nova subestação
de 400/220/110 kV seja construída primeiro, caso em que tal interligação é entendida como
parte do desenvolvimento da nova subestação).
Caso a nova subestação de 400/220/110 kV seja construída antes da nova linha de
transmissão em direção a Montepuez, entende-se que a linha para a linha de Montepuez partirá
da nova subestação de Metoro.
O local para a proposta da nova subestação de Metoro de 400/220/110/33 kV localiza-se a
aproximadamente 2,5 km da subestação existente. A área proposta tem uma dimensão
aproximada de 600 metros x 600 metros.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.30


Relatório de EPDA
Nova subestação de Montepuez de 110/33 kV
O local proposto para a construção da nova subestação de 110/33 kV em Montepuez será
definido durante o Estudo de Viabilidade. A nova subestação de Montepuez será constituída
pelas seguintes componentes e actividades:

• Sistema de barramento duplo de 110 kV (principal e de transferência);


• 2 baias de linha de 110 kV;
• 2 baias de transformador de 110 kV;
• 1 acoplador de barramento de 110 kV;
• 2 baias de transformador de 40 MVA, 110/33 kV;
• Equipamento de distribuição revestido de metal interno de 33 kV;
• Sistema de Controle e Proteção;
• Sistema de telecomunicações baseado em sistema de Fibra Óptica (FO);
• Sistemas auxiliares;
• Sistemas AC / DC;
• Obras de construção associadas para a implantação do edifício de controle, fundações
de equipamentos, trabalho de plataforma, acessos internos, vedações, etc.).

Figura 6: Nova Subestação de Montepuez

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.31


Relatório de EPDA
Ampliação da Subestação existente de Marrupa 110/33 kV
A expansão da infraestrutura existente incluirá as seguintes componentes e actividades:

• Extensão de barramento de 110 kV (principal e de transferência);


• 1 baía de linha de 110 kV;
• Novo sistema de Controle e Proteção para o novo equipamento;
• Novo sistema de telecomunicações baseado em sistema de Fibra Óptica (FO);
• Integração em sistemas de alimentação auxiliar AC / DC existentes;
• Extensão do sistema de aterramento da subestação existente;
• Obras de construção associadas para a implantação do edifício de controle, fundações
de equipamentos, trabalho de plataforma, acessos internos, vedações, etc..).

Figura 7: Subestação Existente de Marrupa

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Relatório de EPDA
ACTIVIDADES PRINCIPAIS E COMPLEMENTARES
Os trabalhos de construção do Projecto proposto seguirão as diretrizes e especificações da
EDM. Para apoiar as principais obras de construção da linha de transporte e das subestações,
as seguintes actividades são identificadas como principais na fase de construção, operação e
manutenção:

Fase de construção

4.3.1.1 Implantação das torres e colocação de cabos da linha


Tabela 5: Actividades necessárias a construção das linhas aéreas de transporte de energia

Actividade Descrição

1 Actividades de • A limpeza dos corredores pelo qual passará a linha


Prepação do local • Verificação das infraestruturas existentes de serviços
• Levantamentos geotécnicos e ecológicos se forem necessários
• Avaliações preliminares sobre aspectos de arqueologia.
2 Actividades de • Identificação dos locais exactos para a colocação das torres de
criação de energia e as vias de acesso temporárias, verificação dos direitos
acessos de uso de terra e posterior negociação com os titulares de terra
para assegurar o acesso temporário
• Para corredores inacessíveis a veículos serão abertos áreas de
servidão. Sempre que houver acessibilidade ao corredor da
linha o acesso será feito pelas estradas existente
3 Obras de • Abertura da área de servidão (faixa de protecção a um corredor
construção de 50m de largura centrado na linha). As fundações dos apoios
serão constituídas por maciços de betão e ocupando
directamente uma área de, em média, 196 m2 (14 x 14m)
• A escavação das fundações das torres e a sua a colocação nos
lugares identificados
• Preparação, transporte e colocação de betão e outros materiais
nos locais identificados. A dimensão da escavação dependerá
do modelo da torre.
4 Erecção da torre • Secções de treliça de aço da torre são transportadas por via
rodoviária. A montagem de cada torre poderá ser conduzida ao
nível do solo tanto quanto possível, até se tornar necessária a
utilização de uma grua para permitir que as secções superiores
da torre possam ser completadas. É práctica normal usar
guindastes para erguer estruturas de aço, sujeitos a um bom
acesso disponível. Onde o terreno for de difícil acesso e de
forma a minimizar a perturbação, as estruturas de aço poderão
ser entregues por helicópteros;
5 • Inclui o desenrolamento, regulação, fixação e amarração dos
Colocação cabos condutores e de guarda. Esta actividade é realizada com
(lançamento) dos os cabos em tensão mecânica, assegurada por maquinaria
cabos e específica (equipamento de desenrolamento de cabos em
montagem de tensão mecânica) e desenvolve-se na área de cerca de 400 m2,
acessórios

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.33


Relatório de EPDA
Actividade Descrição

na envolvente do local de implantação de cada apoio ou a meio


vão da linha. No cruzamento e sobre passagem de obstáculos
tais como vias de comunicação, linhas aéreas, linhas
telefónicas, etc. são montadas estruturas em pórtico, para sua
protecção durante os trabalhos de montagem.
6 Testes de • Todo o equipamento montado é testado para assegurar que
equipamento cumpre com as normas estruturais, mecânicas e eléctricas;
7 • Após a conclusão dos trabalhos as áreas afectadas serão
Recuperação de limpas, com remoção de resíduos resultantes dos trabalhos,
áreas afectadas regularização e descompactação dos solos e reparação de
vedações e caminhos de acesso afectados, em acordo com os
utilizadores da terra/detentores de títulos.

4.3.1.2 Construção e Ampliação das Subestações


A construção de novas ou ampliação das subestações existentes envolverá as seguintes
actividades:

• Instalação do(s) estaleiro(s) e parque de material – a localizar habitualmente na


vizinhança imediata do perímetro da subestação existente. Em casos de novas
subestações verificação de titularidade da terra da área proposta.
• Terraplanagens e abertura de acessos
o A área de implantação da subestação será terraplanada (com remoção prévia da
vegetação existente), realizando-se as escavações e os aterros necessários para
se alcançarem as cotas pretendidas. Nesta fase são também abertos os acessos
(exteriores e interiores) à subestação;
• Execução de fundações e trabalhos de construção civil;
• Realizar obras de drenagem, empilhagem se for necessário, a construção das
fundações para o central, instalação da vedação de segurança e testes da
impermeabilidade das caixas de retenção e canais de drenagem;
• Montagem da estação - Os transformadores são entregues no local e manobradas em
posição utilizando técnicas especializadas. Outro equipamento eléctrico é montado
através de gruas móveis e posteriormente afixado nas plataformas de betão;
• Componente eléctrica e o comando - Os cabos eléctricos, equipamento de protecção e
controlo, e sistemas de instrumentação são instalados por especialistas contratados;
• Comissionamento para garantir que os sistemas de controle das subestações funcionam
correctamente antes do equipamento da subestação estar operacional como parte do
sistema de transporte. O comissionamento envolve o teste de sistemas de controle e

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.34


Relatório de EPDA
softwares e as actividades de construção adicional são mínimas bem como os impactos
daí advindo;
• Manutenção da linha de energia e subestações.

Fase de Operação

A operação do sistema será feita conforme as práticas normais da operação da rede eléctrica
no geral que envolverão:
• Transporte de energia;
• Monitoria constante da qualidade da operação e do estado do equipamento;
• Controlo do crescimento da vegetação arbustivo e de ocupação ilegal do terreno nos
corredores ocupados pela linha;
• Substituição de peças avariadas ou roubadas;
• Outras actividades regulares de reparação e manutenção.

Desactivação

O final do ciclo de vida de uma linha de transporte de energia é imprevisível, uma vez que estas
infraestruturas poderão ser objecto de intervenções várias que permitam aumentar a sua vida
útil antes de se proceder à sua completa desactivação e desmontagem.
Desta forma, verifica-se que este tipo de infraestruturas tem uma vida útil longa, não sendo
possível prever com rigor, uma data para a sua eventual desactivação.
Também as subestações não são frequentemente desactivadas, sendo antes objecto de
remodelações, que consistem na substituição de equipamentos obsoletos ou insuficientes e
visando a melhoria do funcionamento da instalação

BREVE DESCRIÇÃO DA TECNOLOGIA DE CONSTRUÇÃO E DE OPERAÇÃO


Em geral uma linha de transporte de usa três principais tipos de torres de aço, que poderão ser
considerados para o presente Projecto, nomeadamente:

• Torres de suspensão que suportam os condutores em trechos rectos de linhas;


Existem dois desenhos alternativos que podem ser usados no Projecto, a auto-
sustentável ou torres em “V” suspensas por cabos;
• Torres de ângulo / desvio que são usados nos pontos onde a rota muda de direcção.
Estas são torres auto suportadas.
• Torres terminais que são usados onde a linha termina nas subestações.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.35


Relatório de EPDA
A equipe de desenho vai sugerir o tipo de tecnologia a adoptar. Em muitas situações haverá
combinação de desenhos alternativos.
Distância normal entre as torres Aproximadamente 400 metros
Altura típica da torre 26 metros apartir do solo até a baliza inferior
Via de acesso temporária (restrita) De acordo com as condições do terreno

O equipamento tipicamente usado para a construção das linhas de alta tensão inclui:
• Veículos (transporte do pessoal, camiões 4x4, gruas móveis, camião basculante,
escavadores e empilhadoras);
• Secções das torres pré-fabricadas em treliças de aço;
• Guincho (1-15 toneladas) e rolo da linha condutor;
• Compressores (até 20 toneladas);
• Betão preparado no estaleiro fixo ou móvel;
• Tinta de protecção de aço; e
• Acampamento móvel para trabalhadores, facilidades sanitárias e de deposição de
resíduos sólidos.
O equipamento usado para a construção de subestações aplicado para o presente Projecto
poderá incluir:
• Veículos (transporte do pessoal, camiões 4 x 4, gruas móveis, camião basculante,
escavadores e empilhadoras);
• Betão preparado no estaleiro fixo ou móvel;
• Transformadores.

CONSUMOS, EMISSÕES E RESÍDUOS

As necessidades de combustíveis e lubrificantes são para a construção e operação das


subestações. Veículos e máquinas usados durante a construção necessitarão de usar
combustíveis e lubrificantes que serão adquiridos no mercado nacional. No caso de operação
longe dos postos, o armazenamento dos combustíveis e lubrificantes será em tambores de 200
litros e outros recipientes menores selados, transportados e guardados temporariamente em
armazéns móveis com um sistema de retenção de líquidos para possíveis casos de derrame.

Na fase de construção, serão usados combustíveis para o transporte, geradores e outras


máquinas. Na fase de operação, são igualmente usados os combustíveis nos veículos de
inspeção e outras operações, bem como para o funcionamento das subestações.
Resíduos gerados durante as actividades de construção compreendem material escavado
para implantação das fundações das torres. O solo escavado normalmente será acumulado
ao longo da rota do traçado e recolhidos após a conclusão das instalações. Outros tipos de
resíduos sólidos gerados na fase de construção incluem:

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.36


Relatório de EPDA
• Fundações ou guarnições de aço;
• Cortar árvores e vegetação;
• Metais, madeira, sacos de cimento, areia e cascalho, derramamentos de concreto,
cabos cortados;
• Resíduos domésticos das actividades diárias dos estaleiros de obra e trabalhadores;
• Resíduos perigosos, como óleos usados na operação e manutenção de máquinas;
• Resíduos de betão (da execução das fundações), bem como resíduos das embalagens
(madeira, cartão, plástico) dos materiais e equipamentos a serem instalados (na linha e
nas subestações) ou defeituosos das torres, incluindo condutores e isoladores;
A fase de operação os resíduos gerados serão provenientes das actividades de manutenção,
reparação e substituição e incluem:

• Restos de cabos substituídos ao longo da linha de transmissão. Alguns desses cabos


pode serem cobertos com isoladores em PVC, que, se queimados, causam emissões
prejudiciais incluindo dioxinas;
• Sucata de acessórios, isoladores, cruzetas, condutores e outras sucatas que são
esperadas ser de materiais inertes

MÃO-DE-OBRA
Nesta fase do Projecto não são conhecidos os números finais da mão-de-obra necessária para
o desenvolvimento do mesmo. Contudo estima-se que uma parte da mão-de-obra menos
qualificada, poderá ser recrutada localmente pelo empreiteiro tendo como base a Lei de
Trabalho vigente. As tarefas incluem as actividades de limpeza do corredor, motoristas,
pedreiros e soldadores.

MATÉRIA-PRIMA

As matérias-primas a serem usadas são cimento para obras civis e fundações das torres, aço
para as próprias torres, porcelana para os isoladores e cobre para os cabos. O equipamento
de construção das torres de aço, linha de transporte (alumínio e cobre) e as infraestruturas das
subestações (barramentos e transformadores) e todo equipamento pesado será adquirido em
fornecedores locais. As subestações utilizarão ainda transformadores adquiridos no
estrangeiro. Os lubrificantes, adesivos, óleos etc. serão comprados localmente pelo
empreiteiro. Os materiais de construção de edifícios e pedra britada serão adquiridos
localmente.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.37


Relatório de EPDA
ALTERNATIVAS DE LOCALIZAÇÃO
No traçado previsto, que por enquanto ainda se encontra definido ao nível de um estudo de
viabilidade e, por conseguinte, ainda carece de detalhamento posterior, foi adoptada uma lógica
de implantação da nova linha sem a criação de corredores adicionais de perturbação, seguindo
as linhas de transmissão existentes, estradas / trilhos, ferrovias, etc, na medida do possível,
levando em consideração todos os aspectos técnicos e econômicos (acessos, características
e condições do solo, condições topográficas, propriedades comerciais, localização de pontos
angulares ao longo do traçado da linha e quaisquer outras condições).
Para auxiliar o processo de definição da rota, as seguintes contribuições ambientais e sociais
(fundadas na legislação nacional de AIA e nas Políticas de Salvaguarda do Banco Mundial)
foram aplicadas na análise de opções técnicas:
• Desenvolvimento de orientações ambientais e sociais para a definição da rota
incluindo os seguintes princípios
o Evitar áreas naturais importantes e habitats ecologicamente sensíveis;
o Evitar áreas esteticamente sensíveis;
o Evitar ativos sociais, agrícolas e culturais importantes;
o Evitar áreas de actividade humana;
o Evitar as Áreas Importantes para Aves Migratórias (áreas regulares de rota,
pousio, descanso, alimentação e reprodução);
o Selecione o direito de passagem topograficamente sensível
• Identificação preliminar de potenciais efeitos ambientais e critérios com o potencial de
influenciar o traçado da linha
• Caracterização ambiental e social da área de estudo – através de uma combinação de
análise documental e consultas preliminares;
Contudo, no decurso do detalhamento do Projecto de engenharia e na sequência do EIA
poderá vir a identificar-se a necessidade de se definirem alternativas em troços específicos
para, designadamente, prevenir ou minimizar a travessia de áreas habitadas.

VALOR TOTAL DE INVESTIMENTO DO PROJECTO


O orçamento do Projecto previsto na presente data é de 65.000.000 USD (Sessenta e Cinco
Milhões de Dólares Norte Americanos), valor a aferir no decurso do estudo de viabilidade.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.38


Relatório de EPDA
5 SITUAÇÃO AMBIENTAL DE REFERÊNCIA

DEFINIÇÃO DAS ÁREAS DE INFLUÊNCIA DO PROJECTO


A Área de Influência Directa (AID) constitui a área de impactos directos do Projecto sobre o
ambiente natural e o ambiente socioeconómico (ocupação de terras, desenvolvimento local e
regional, entre outros).
Tipicamente, a AID corresponde às áreas de implantação física das infraestruturas e dos
trabalhos de construção, bem como a uma área marginal onde os efeitos da presença e
operação dessas acções se fazem sentir directamente. A AID considerada para o meio
físico, biótico e sócio-económico do Projecto inclui assim as seguintes áreas:

• A construção/expansão e operação das subestações, incluindo a Zona de Protecção


Parcial (área de servidão) de 50 m em torno destas;
• A área de servidão permanente (Zona de Protecção Parcial) sob as linhas aéreas até 50
metros de cada um dos lados do corredor das linhas de transporte, a ser usada durante
a fase de construção e mantida como área restrita durante a operação;
• Os acessos temporários e permanentes para manobras e posicionamento de viaturas e
maquinaria usada durante a construção;
• Os acampamentos para acomodação dos trabalhadores;
Dado que existem populações ao longo das linhas, os bairros/as povoações localizadas nas
localidades atravessadas pelas linhas estarão também abrangidas na Área de Influência
Directa devido aos impactos que poderão advir com a construção das linhas de energia (os
moradores poderão ser abrangidos pelo recrutamento de emprego durante a construção, ou
poderão possuir machambas ou infraestruturas dentro da área de servidão).
Por essa razão, para o Estudo Socioeconómico considerar-se-á a área de 5km de cada lado
das linhas como a Zona de Influência Socioeconómica, que também constitui e está dentro da
Área de Influência Directa.

A servidão é definida como a área que é necessário manter, uma vez que a linha de transporte
de energia esteja operacional. A largura desta servidão é definida pela voltagem da linha.
Avaliações detalhadas que definirão a servidão final para o presente Projecto serão realizadas
em paralelo com o processo da AIAS, pelo consultor que está a realizar o estudo de viabilidade
viabilidade.
O referido processo será realizado de acordo com as especificações legais, e tomando em
consideração as infra-estruturas já existentes. Serão dadas contribuições para este processo
pelo consultor da AIAS, com base nos estudos preliminares feitos até à data e onde necessário,
e também serão realizadas visitas adicionais e actividades de consulta, como parte do
processo de tomada de decisão final.

A Figura 8 apresentada em seguida ilustra a Área de Influência Directa do Projecto, tal como
aqui descrita.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.39


Relatório de EPDA
Figura 8: Área de Influência Directa do Projecto

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.40


Relatório de EPDA
Área de Influência Indirecta (AII) constitui uma área mais abrangente até onde se podem
fazer sentir as influências da ocupação proposta, não de forma directa, mas por via dos
possíveis efeitos secundários que podem resultar do Projecto.
É o caso da imigração para a área onde vão decorrer as obras de construção ou onde estarão
instalados os estaleiros e escritórios do empreiteiro responsável pela obra para procurar
oportunidades de emprego, da dinamização da economia local e regional devido à presença
de um contingente de trabalhadores cujas necessidades de consumo devem ter uma resposta
local em termos de abastecimento e serviços.
A presença de trabalhadores que auferem salários e de pessoas provenientes de povoações
vizinhas, de outros distritos e províncias poderão também contribuir para a perturbação da
organização social local, por exemplo.
Neste contexto, todos os distritos e postos administrativos através dos quais as linhas de
energia irão passar, estão abrangidos na Área de Influência Indirecta, nomeadamente os
distritos de Ancuabe, Montepuez, Balama, na Província de Cabo Delgado e o Distrito de
Marrupa, na Província de Niassa. As Províncias de Niassa e Cabo Delgado, às quais estes
distritos pertencem, fazem também parte da Área de Influência Indirecta do Projecto.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.41


Relatório de EPDA
Figura 9: Área de Influência Indirecta do Projecto

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.42


Relatório de EPDA
CARACTERIZAÇÃO AMBIENTAL

Componente Física

5.2.1.1 Clima
Segundo a classificação climática de Koppen, o clima da região de Cabo Delgado (Ancuabe e
Montepuez) e Niassa (Marrupa) é caracterizado por um clima tropical (AW) com duas estações
distintas, nomeadamente, uma estação húmida que ocorre de Novembro a Março e uma
estação seca de Abril a Outubro. Neste tipo de clima, a precipitação pluviométrica média anual
é normalmente superior à evaporação anual. O clima AW tem uma estação seca no Inverno e
é mais amplo do que nos climas equatoriais húmidos (MICOA, 2012)
Na região do corredor do Projecto para os distritos de Ancuabe e Montepuez (Cabo Delgado)
a temperatura média anual varia de 33 ° em Novembro a uma média de 19 °em Julho
(Climatedata.eu, 2017). A precipitação média anual situa-se em 1.147 mm com o mês mais
húmido ocorrendo em Dezembro (média de precipitação de 213 mm) e o mês mais seco ocorre
durante o mês de Setembro (média de 4 mm). A evatranspiração potencial de referência (Eto)
se situa entre 1.300 e 1.500 mm. (Climatedata.eu, 2017).
Na região do corredor do Projecto para o distrito de Marrupa (Niassa) a temperatura média
anual varia de 22° a 24°C. A precipitação anual varia de 1.000 a 1.400mm, podendo atingir os
1.600mm (MAE, 2005).

5.2.1.2 Topografia
A morfologia da zona atravessada pelo traçado da linha de transporte de energia proposta é
marcada pela presença de zonas aplanadas e de relevo suave, com a ocorrência de numerosos
inselbergs, típicos da região e cortadas por uma série de rios que correm genericamente de
Oeste para Este.
A altitude varia de 729,3 m no ponto mais alto (em Marrupa) para 366 m no ponto mais baixo
(em Metoro). Pelo perfil topográfico apresentado na figura abaixo, nota-se claramente a
existência de vales, interflúvios, talvegues e cumeeiras na área do Projecto. Dando indicação
de ocorrência de escoamentos superficiais.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.43


Relatório de EPDA
Figura 10: Perfil Topográfico do traçado da área do Projecto (Fonte: Google Earth)

5.2.1.3 Geologia
O Nordeste de Moçambique é predominantemente subjacente a rochas proterozóicas que
formam uma série de complexos de gneis que variam de Paleo a Neoproterozóico em idade.
O traçado do projecto está localizado predominantemente em sedimentos do super-grupo do
complexo de Montepuez de era NeoProterozóico. A geologia no complexo varia gnaisses
granítico, gnaisses granítico a granodiorítico e gnaisses quartzo-feldspático seguindo se os
granulíticos máficos do Complexo de Ocua. Uma pequena secção a Noroeste do traçado da
linha de transporte de energia proposta está situada em sedimentos do grupo Rio Mecole de
idade Fanerozóica. A geologia neste complexo pode ser descrita como arenito arcósico e
conglomerado (Bjerkgard, 2006). A Figura 11 apresenta o enquadramento geológico do
traçado do Projecto.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.44


Relatório de EPDA
Figura 11: Enquadramento Geológico da traçado da área do Projecto

5.2.1.4 Solos
Na secção de Metoro e grande parte de Montepuez predominam solos argilosos castanhos em
associação com solos arenosos castanhos-cinzentos, seguindo-se uma associação de solos
vermelhos de textura média. Estes tipos de solos podem apresentar aptidão moderada para a
prática agrícola.
Por sua vez, os solos na região de Marrupa (Niassa) são argilosos vermelhos e profundos, com
uma boa permeabilidade e bem drenados, com fertilidade baixa e susceptíveis a erosão. Em
uma pequena extensão a Este de Marrupa, os solos predominantes nos vales de rios são
aluvionares, escuros, profundos, de textura pesada e média, moderadamente a mal drenados,
o topo e as encostas são moderadamente bem drenados. A Figura 12 ilustra a ocorrência do
tipo de solos na região do Projecto.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.45


Relatório de EPDA
Figura 12: Distribuição do tipo de Solos no traçado da área do Projecto

5.2.1.5 Recursos Hídricos


Na região atravessada pela interconexão há a assinalar a presença de numerosos rios que são
cruzados pela linha. Estes rios, de dimensões muito variáveis, fazem parte das bacias
hidrográficas dos rios Messalo, Montepuez e Megaruma. Destacam-se como principais rios
pelo traçado da linha: Miticué, Macorre, Necapa, Megaruma, Nehupua. Montepuez, Ruaça,
Tombororo, Nerace e Rumumbé (Figura 13).

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.46


Relatório de EPDA
.

Figura 13: Mapa de Hidrologia do traçado da área do Projecto

Componente de Qualidade Ambiental

5.2.2.1 Qualidade do Ar
O principal aspecto a salientar em relação à qualidade do ar na zona para onde se prevê a
implantação do Projecto tem a ver com a ausência de fontes significativas de poluição industrial
e com os volumes de tráfego relativamente modestos que percorrem as estradas aí existentes.
Desta forma e apesar da inexistência de estudos ou actividades de monitorização que
proporcionem uma caracterização das concentrações de poluentes atmosféricos na zona, é de
admitir que a qualidade do ar ambiente seja, no geral, boa.
Contudo, há que ter em conta a realização de queimadas e os processos de erosão eólica,
agravados com a mobilização (agrícola) dos solos e, numa escala mais localizada, a circulação
de viaturas em estradas não pavimentadas, levando à libertação de poeiras.
A queima doméstica de biomassa (lenha ou carvão) constitui, à semelhança do que acontece
na generalidade das áreas rurais de Moçambique e de todo o continente Africano e de outras

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.47


Relatório de EPDA
regiões, o principal problema de poluição do ar, com reflexos ao nível da saúde das populações
como é demonstrado em vários estudos internacionais.

5.2.2.2 Ambiente Sonoro


Na AID do Projecto não há a assinalar a presença na actualidade de fontes de ruído
importantes. Quanto muito, a estrada EN 242 constituirá a principal fontes de ruído mas os
reduzidos volumes de tráfego que circulam nessa via não são de molde a causar, em termos
médios, uma degradação apreciável do ambiente acústico.
Assim, é de esperar que na grande parte do tempo os níveis de ruído ocorrentes na AID sejam
baixos, típicos de áreas rurais ou naturais. Idêntica consideração se deverá fazer relativamente
às vibrações.

Componente Biótica

5.2.3.1 Flora e Habitat


Segundo MICOA4 (2009) existem oito tipos amplos de vegetação para Moçambique que foram
descritos e mapeados (Figura 14). Em termos de enquadramento vegetacional a área do
Projecto insere-se na mata de miombo e pequena porção de mosaicos costeiros.

4 MICOA-Ministério para a Coordenação da Acção Ambiental (Actual MITA: Ministério da Terra e Ambiente).

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.48


Relatório de EPDA
Figura 14: Principais tipos vegetacionais de Moçambique (Adaptado de Wild & Barbosa 1967, White 1983; extraído de
MICOA 2009).

Por sua vez o Fundo Mundial para a Natureza (WWF) definiu ecorregiões globais baseados
em assembleias geograficamente distintas de espécies, comunidades naturais e as condições
ambientais. Informações sobre cada região ecológica e seu estado de conservação são
fornecidas para ajudar com a conservação contínua dessas áreas. A área do Projecto
enquadra-se em uma (1) ecorregião descritas pelo Fundo Mundial para a Natureza (WWF
2014). Nomeadamente a Ecoregião da Floresta de Miombo Oriental (Figura 15).

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.49


Relatório de EPDA
Figura 15: A área do Projecto em relação as ecorregiões da WWF.

Flora local
A vegetação presente na área de estudo é um mosaico complexo de Floresta Indiferenciada
Aberta Alta, Floresta Ripariana, Mata de Bambu, Floresta Indiferenciada, Savana de Acácia
Aberta, Savana de Palmeira Aberta e alguns pequenos trechos de Floresta de Miombo Aberta
Alta.
As Florestas Riparianas da área de estudo são caracterizadas por um canopy fechado de 75-
100% de cobertura com canopy de árvore de até 20m e árvores emergentes que atingem até
40m . As espécies comuns que ocorrem dentro deste tipo de vegetação incluem Millettia bussei,
Markhamia obtusifolia, Artabotrys brachypetalus, Dalbergia arbutifolia, Hyphaene petersiana,
Terminalia stenostachya, Diospyros kirkii, Borassus aethiopum, Ficus sycamorus, Khaya
anthoteca, Stereospermum kunthianum, Boscia mossambicensis, Margaritaria dioscoidea var
triphosphaera e Garcinia livingstonei.
A Floresta Indiferenciada Aberta Alta é caracterizada por uma cobertura de canopy de 50%,
com altura média da árvore de 10m-15m. As espécies comuns encontradas neste tipo de
vegetação incluem Millettia stuhlmannii, Markhamia zanzibarica, Combretum zeyheri, Annona
senagalensis, Sclerocarya birrea, Lannea schweinfurthii, Sterculia appendiculata, Bauhinia
petersiana, Tamarindus indica, Bolusanthus speciosus e Diplorhynchus condylocarpon. Este
tipo de vegetação é muitas vezes intercalado com pequenos tufos de bambu
Ocorrem também grandes, quase impenetráveis, matas de tufos densos de bambu
(Oxytenanthera abyssinica. Esses tufos são intercalados com algumas árvores de pequeno a
médio tamanhos, como espécies de Combretum, Lannea antiscorbutica, Xeroderis stuhlmannii,
Sterculia appendiculata e Markhamia zanzibarica.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.50


Relatório de EPDA
Savana Aberta é caracterizada por pradarias abertas e higrófilas com árvores dispersas que
ocorrem em solos escuros e expansivos, que sugerem que ficam alagados durante a estação
chuvosa e que essas áreas são possivelmente zonas húmidas sazonais ou dambos. As
espécies arbóreas dominantes incluem Bauhinia galpinni, Acacia nigrescens, Diplolhynchus
condylocarpon e Terminalia cf boivinii.

5.2.3.2 Fauna
Na região de Metoro e Montepuez, há registo de uma possível ocorrência de 148 espécies de
mamíferos constituído por roedores, primatas, lebres, carnívoros, morcegos, antílopes e
ungulados de dedos pares. Das espécies mais abudantes destacam-se o Rato-bochechudo
(Saccostomus campestris), Gerboa de Peters (Gerbilliscus leucogaster), Esquilo-oriental-
riscado (Paraxerus flavovittis), Musaranho-almiscardo do Katanga (Crocidura luna), Esquilo-
vermelho-da-floresta (Paraxerus palliates), Facoceiro (Phacochoerus africanus), babuíno
amarelo (Papio cynocephalus) e Gato-bravo-africano (Felis silvestris) (MITADER, 2015).
Um total de 88 espécies de répteis têm intervalos de distribuição que incluem a área de estudo
e provavelmente estejam presentes no local. As espécies de maior ocorrência são a Cobra-
verde do Sul (Philothamnus hoplogaster); Camaleão-de-pescoço-achatado (Chamaeleo
dilepis); Cobra-da-erva-azeitona (Psammophis mossambicus); Cobra-das-casas-castanha
(Lamprophis capensis); Cobra-de-focinho-vermelho (Rhamphiophis rostratus) e Víbora-comum
(Bitis arietans arietans). (MITADER, 2015).

Na região de Marrupa, em Niassa, a maior parte da fauna de mamíferos registrados por


Smithers e Tello (1976) são actualmente considerados quase extintos como é o caso do Grande
Cudo (Tragelaphus strepsiceros), Impala (Aepyceros melampus), Cob-grande-dos-juncais
(Redunca arundinum), Inhacoso (Kobus ellipsiprymnus), Palanca negra (Hippotragus niger), e
Palanca vermelha (Hippotragus equino). As espécies mais abundantes na região são Damão
do Cabo (Procaviasp.), Lebre Negra (Lepus saxatilis), Porco-espinho (Hystrix africaeaustralis),
Macaco de cara preta (Cercopithecus pygerythrus), Porco Selvagem (Potamochoerus
larvatus), Ratazana do Capim (Thryonomys sp.).
Os répteis mais assinaláveis na região são o crocodilos do Nilo adultos (C. niloticus) que ocorre
nos principais cursos de água desta região e a abundante diversidades de espécies de cobras
venenosas, incluindo a mamba negra (Dendroaspis polylepis), mamba verde (D. angusticeps),
várias cobras (cobra cuspideira de Moçambique, Naja mossambica) e a cobra floresta, (N.
melanoleuca), a víbora assopradora (Bitisarietans), a víbora focinho nocturno (Causus
rhombeatus), a boomslang (Dispholidus typus), a cobra de ramos (Thelotornis
mossambicanus), e a cobra escavadora do sul (Atractaspis bibroni).

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.51


Relatório de EPDA
Os anfíbios em ambas as províncias são espécies características de zonas húmidas, das
planícies do norte de Moçambique, das quais 25 espécies estão registadas e mais 13 espécies
possivelmente também estão. Dois anfíbios obtidos na região, Hyperolius
acuticeps(anteriormente H. nasutus) e Ameitia quecketti (anteriormente A. angolensis)
permanecem em estado problemático, pois ambos pertencem a grupos que passaram
recentemente por revisão taxonómica (Channing et al. 2.013 e Channing e Baptista 2013,
respectivamente), e é apenas provisória a designação de material do norte de Moçambique.

5.2.3.2.1 Aves
De acordo com relatório de Mapeamento de Habitats em Moçambique, mais de 300 espécies
de aves podem possivelmente existir na região de Marrupa em Niassa, com o seu habitat
preferencial nas floresta Miombo e florestas secundárias em paisagens agrícolas, que são os
habitats dominantes no local. As espécies típicas incluíem: Bufo Malhado (Bubo lacteus), Águia
Pesqueira (Pandion haliaetus), Coruja da Floresta (Strix woodfordii), Gavião Papa Lagartos
(Kaupifalco monogrammicus), Águia Pescadora Africana (Haliaeetus vocifer) e Mocho de
Orelhas Africano (Otus senegalensis).
Os dados do mesmo relatório indicam que para a , na região de Montepuez a maior diversidade
de avifauna localiza-se na Floresta Riparana . As espécies de provável ocorrência e em
abundância dentro do tipo de habitat incluem: Abelharuco-dourado (Meropspusillus); Papa-
moscas de Livingstone (Erythroceruslivingstonii); Cuco-esmeraldino (Chrysococcyzcupreus);
Rola-esmeraldina (Turturchalcospilos); Picanço-tropical (Laniarius major); Toutinegra
(Pycnonotus tricolor); a Cegonha-escopial (Ciconiaepiscopus), o Borrelho de Kittlitz
(Charadriuspecuarius) e a Garça-de-dorso-verde (Butoridesstriata) .

5.2.3.2.2 Áreas de Conservação e Biodiversidade


A biodiversidade representa um pilar vital para o desenvolvimento de Moçambique e para o
sustento da maioria da população moçambicana (Ministério da Terra, Ambiente e
Desenvolvimento Rural, 2015).
As zonas de protecção natural são áreas territoriais delimitadas, representativas do património
natural nacional, destinadas à conservação da diversidade biológica e de ecossistemas frágeis
ou de espécies animais ou vegetais. São áreas e ecossistemas reconhecidos como tendo o
estatuto de protecção do espaço, incluindo reservas, áreas de protecção especial, coutadas,
áreas de conservação comunitária, santuários e parques ecológicos.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.52


Relatório de EPDA
Em Moçambique, a gestão das áreas de conservação é feita pela Administração Nacional das
Áreas de Conservação (ANAC), entidade sob tutela do Ministério da Terra e Ambiente (MTA).
A linha da fase 1 (Metoro-Montepuez) não intersecta nenhuma área de conservação. No
entanto no desenvolvimento da linha da Fase 2 (Montepuez -Marrupa) o Projecto tem potencial
de intersectar nas extremidades da Coutada de Messalo, localizada no distrito de Marrupa.
Portanto conforme pode ser observado na Figura 16.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.53


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Figura 16: Áreas de Conservação ao longo do traçado da linha do Projecto

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Relatório de EPDA
Componente SócioEconómica

5.2.4.1 Localização geográfica e inserção político-administrativa


Conforme indicado nos capítulos anteriores, o Projecto localiza-se em duas províncias da Zona
Norte de Moçambique, atravessando quatro (4) distritos e dez (10) postos administrativos. . A
linha inicia o seu percurso a Este, no Posto Administrativo de Metoro, no Distrito de Ancuabe,
na Província de Cabo Delgado, seguindo na direcção Oeste em direcção aos distritos de
Montepuez e Balama, no interior da mesma província, terminando em seguida no Distrito de
Marrupa, já na Província de Niassa (ver Figura 8, apresentada na Secção 5.1 – Área de
Influência do Projecto, e Tabela 4 apresentada em seguida).
As distâncias percorridas em cada um dos 4 distritos são relativamente grandes, variando de
cerca de 52 km em Ancuabe a 83 km em Balama.
Tabela 6: Províncias, distritos e postos administrativos atravessados pela linha de transporte de energia

Províncias Distritos Postos Administrativos

Cabo Ancuabe Metoro, Mesa


Delgado
Montepuez Namanhumbi, Município, Montepuez, Mapupulo
Balama Balama, Impiri

Niassa Marrupa Nungo, Marrupa

De acordo com a legislação em vigor, os órgãos locais do Estado a nível do distrito localizam-
se em quatro níveis hierarquicamente dispostos de cima para baixo nomeadamente o Distrito,
o Posto Administrativo, a Localidade e a Povoação. Cada um deles é dirigido por um
responsável nomeado pelo órgão do Estado hierarquicamente superior, sendo no caso do
Administrador de Distrito a nomeação da responsabilidade do Presidente da República. A lei
não está a ser ainda implementada a nível da povoação, cujo chefe é ainda um líder comunitário
residente na povoação.
Em cada nível de governação do território, o dirigente respectivo conta com um órgão de
governo que integra técnicos que asseguram, ao nível local, a implementação das políticas e
dos planos dos vários sectores que compõem o Estado, assim como órgãos consultivos que
integram representantes das comunidades, de grupos de interesse e da sociedade civil, e ainda
outras pessoas influentes.
O quadro que estabelece a existência e funcionamento dos órgãos consultivos ao nível do
distrito terá mudado com a aprovação da Lei 7/2019 que estabelece o quadro legal da
organização e funcionamento dos Órgãos de Representação do Estada na Província e do

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.55


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respectivo regulamento (Decreto 63/2020), uma vez que este prevê os mecanismos de
participação da comunidade e o estabelecimento de fóruns comunitários ao nível do distrito,
posto administrativo e localidade
Tabela 7: Níveis de governação e chefia dos órgãos locais do Estado ao nível do Distrito

Nível de Dirigente do Estado Órgãos de governação Órgãos Consultivos


governação local
Distrito (DIST) Administrador do Distrito Serviços Distritais Conselho Consultivo
do DIST
Posto Chefe do Posto Secretaria Administrativa Conselho Consultivo
Administrativo (PA) do PA do PA
Localidade (LOC) Chefe da Localidade Secretaria Administrativa Conselho Consultivo
da LOC da LOC
Povoação (POV) Chefe da Povoação Secretaria Administrativa Conselho Consultivo
da POV da POV

5.2.4.2 Organização comunitária


A organização da autoridade comunitária ao nível dos distritos que compõem a Área de
Influência Indirecta poderá ter ligeiras diferenças relacionadas com a sua configuração local,
sendo geralmente composta por dois sistemas de poder que colaboram entre si: os líderes
comunitários eleitos, geralmente chamados Secretários, e os líderes comunitários provenientes
do poder tradicional. A liderança comunitária é um importante órgão de colaboração e apoio às
autoridades do Estado e Governo ao nível local (Chefe do Posto Administrativo, Chefe da
Localidade).
O sistema da liderança comunitária reconhecida pelo Governo integra os líderes comunitários
eleitos localmente (secretários do 1º, 2º e 3º escalão trabalhando aos vários níveis como a
povoação, povoados e os bairros) e o sistema tradicional (composto pelo Régulo e os seus
representantes nas povoações e povoados).
Outras pessoas reconhecidas como líderes comunitários são os anciãos e os “influentes”, que
podem agregar pessoas idosas respeitadas, líderes religiosos, empresários e curandeiros.

5.2.4.3 Perfil sociodemográfico e de bem-estar


POPULAÇÃO
As províncias nortenhas de Cabo Delgado e Niassa possuem um território relativamente vasto,
sendo a Província do Niassa aquela com maior área (122.827 km2 para 78.778 km2) e menor
população, apresentando por isso uma densidade populacional bastante baixa (14 habitantes
por quilómetro quadrado). Niassa teve, contudo, uma taxa de crescimento populacional mais
alta, perto de 4% por ano, enquanto Cabo Delgado teve cerca de 3,5%.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.56


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O Distrito de Montepuez é o mais populoso entre os que albergam a linha de transmissão,
apesar de ter uma densidade populacional baixa devido ao seu extenso território. O Distrito de
Marrupa, na Província de Niassa, é o que tem uma população mais baixa, que não chega a
metade dos outros distritos de Cabo Delgado, tendo também uma densidade populacional
bastante baixa, de 4,4 habitantes por quilómetro quadrado.
O Distrito de Ancuabe é o que apresentou uma taxa de crescimento populacional e densidade
populacional relativamente mais alta.
Tabela 8: Indicadores Populacionais na Área de Influência do Projecto segundo Censo 2017

Província/Distrito Nº Nº Nº de AFs Taxa Crescimento Densidade


Habitantes Habitantes 2017 2007- 2017 (%) Populacional
Censo 2007 Censo 2017 (hab/km2)
Província da Cabo Delgado
1.606.568 2.267.715 545.509 3,51 28,8
Distrito de Ancuabe 107.238 159.340 38.071 4,04 32.0
Distrito de Montepuez 193.602 272.069 67.770 3,46 15,1
Distrito de Balama 124.100 175.733 43.443 3.54 31,7
Província da Niassa 1.170.783 1.713.751 384.683 3,88 14,0
Distrito de Marrupa 53.649 77.808 18.12 3,79 4,4
INE (2012 a) Estatísticas Distritais (Estatística do Ancuabe, Montepuez. Balama, Marrupa). Novembro 2013
INE (2007) III Recenseamento Geral da População de 2017. Plano de Tabulação (país, província, distrito) (ficheiro electrónico)
INE (2017) Quadros do Recenseamento Geral de População de 2017 – Província de Cabo Delgado e Niassa (ficheiros
electrónicos)

INDICADORES SOCIODEMOGRÁFICOS
A Tabela 9 apresentada em seguida resume alguns indicadores sociodemográficos
seleccionados nas estatísticas dos distritos que compõem a Área de Influência Indirecta do
Projecto.
Em termos de estrutura da população, são províncias e distritos eminentemente rurais, alguns
deles com população toda ela considerada rural constituídas por povoações dispersas
(Ancuabe e Balama). O Distrito de Montepuez apresenta uma proporção mais baixa de
população rural, estando a grande parte da população urbana concentrada no Município de
Montepuez, sede do distrito.
O tamanho médio dos agregados familiares varia de 4 a 4,5 pessoas por agregado familiar,
sendo na Província de Niassa e no Distrito de Marrupa que o número é ligeiramente maior. A
estrutura etária da população revela uma população eminentemente jovem correspondente à
população não-activa, que chega perto de 50% da população das duas províncias e dos quatro
distritos da área de estudo, sendo a taxa de mortalidade alta e a consequente esperança de

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.57


Relatório de EPDA
vida baixa os indicadores que explicam a proporção mais baixa de população nas faixas etárias
mais altas.
Em 2007 a proporção de habitantes analfabeta era ainda bastante alta nos distritos, variando
entre 67 e 74%, sendo apenas relativamente mais baixa no Distrito de Montepuez, onde a
oferta de serviços de educação será maior.
Em 2017, apesar de ainda não estarem disponíveis dados que permitam calcular a taxa de
analfabetismo nos distritos, a percentagem de população analfabeta nas províncias de Cabo
Delgado e Niassa diminuiu cerca de 6% em Cabo Delgado e apenas 2% no Niassa, indicando
que a nível dos distritos ter-se-á verificado uma diminuição no mesmo sentido, apesar das
variações que possam verificar-se de distrito para distrito5.
Tabela 9: Indicadores Sociodemográficos na Área de Influência do Projecto (Censo 2007 e 2017)

População Tamanho 0 - 14 Taxa Taxa de Mortalidade


Província/Distrito Rural do AF anos Analfabetismo 2007 Infantil (#) 7
(%) (#) (%) 2007 (%) 6
Província da Cabo Delgado 76,7 4,2 46,8 66,6 87,7
Distrito de Ancuabe 100,0 4,2 48,5 69,7 123,0
Distrito de Montepuez 57,9 4,0 45,7 64,1 119.3
Distrito de Balama 100,0 4,0 49,7 73,7 151,3
Província da Niassa 74,3 4,5 50,8 61,0 116,6
Distrito de Marrupa 57,5 4,3 50,3 68,9 130,3
INE (2012 b) Recenseamento Geral da População e Habitação 2007. Indicadores Sociodemográficos Distritais
– Província de Cabo Delgado e Niassa
INE (2017) Quadros do Recenseamento Geral de População de 2017 – Província de Cabo Delgado e Niassa
(ficheiros electrónicos)

INDICADORES DE BEM-ESTAR
A Tabela em baixo resume alguns indicadores de bem-estar nos distritos que constituem a
Área de Influência Directa do Projecto, nomeadamente o tipo de habitação, o acesso a energia
eléctrica da rede de energia, o acesso a água potável e o saneamento seguro8.
Em 2007 o tipo de casa predominante era a casa tipo palhota, construída com materiais locais
recolhidos no ambiente envolvente, apesar de em alguns distritos com mais população urbana,
como Montepuez, existirem algumas casas de tipo misto, construídas com materiais locais

5
De acordo com o Censo 2017 a taxa de analfabetismo foi de 60,8 e 59% em Cabo Delgado e Niassa,
repectivamente.
6
A Taxa de Analfabetismo e de Mortalidade apuradas pelo Censo 2017 ainda não estão disponíveis desagregadas
por distrito, razão pela qual se apresentam os resultados apurados pelo Censo 2007.
7
Número de óbitos no primeiro ano de vida por mil nascidos vivos.
8
O Indicador Água Potável agrega pessoas com acesso a água canalizada, fontenário, e poço e furo protegido
com bomba, enquanto o Indicador Saneamento Seguroi

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.58


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agregando materiais convencionais como o cimento nas paredes ou no chão, ou chapas de
zinco (ou de outro tipo) na cobertura9. Os resultados do Censo 2017 nas zonas rurais das duas
províncias indicam que cerca de 24% das habitações são do tipo misto, indicando que a
proporção de casas deste tipo nos distritos da Área do Projecto terá crescido no período entre
os dois censos.
O acesso a energia da rede nacional em 2007 era extremamente baixo nos distritos, não
ultrapassando 1% das residências, com excepção do distrito de Montepuez, devido à influência
do Município de Montepuez que permite o acesso à energia de rede a um número considerável
de munícipes. Segundo o Censo 2017, nas zonas rurais das duas províncias, cerca de 3% das
residências têm energia eléctrica da rede indicando que poderá ter-se verificado um ligeiro
aumento de residências com energia eléctrica no período entre os dois censos. Situação
semelhante se verifica no acesso a saneamento seguro.
Em 2007, o acesso a água potável ainda era baixo nos distritos da Área do Projecto, sendo
muito baixo em Balama e Marrupa. Contudo, os resultados do Censo 2017 indicam que 42 a
43% das residências localizadas nas zonas rurais têm acesso a uma fonte de água potável,
tudo indicando que este valor terá crescido nos distritos da Área do Projecto no período 2007-
2017.
Tabela 10: Indicadores de Bem-estar na Área de Influência do Projecto, segundo Censo 2007 e 2017 (%)

Indicadores de bem- Província de Cabo Província de


estar Delgado 2017 Ancuabe Montepuez Balama Niassa 2017 Marrupa
2007 2007 2007 2007
(nº de residências) Total Rural Total Rural
Casa Tipo Palhota 61,3 71,0 97,7 85,7 98,2 61.0 66,3 96,1
Casa Tipo Mista 29,8 23,6 1,1 9,7 0,9 23,3 23,7 0,8
Outro tipo habitação 8,9 5,4 1,2 4.6 0,9 15,7 10,0 3,1
Electricidade 11,2 3,2 0,3 3,5 0,4 11,2 3,2 1,1
Fonte água potável 47,5 43,0 25,3 20.6 14,2 47,4 42,1 10,1
Saneamento seguro 20,2 12.1 4,5 2,7 7,6 24.8 18,3 1,7
INE (2012 b) Recenseamento Geral da População e Habitação 2007. Indicadores Sociodemográficos Distritais
– Província de Cabo Delgado e Niassa
INE (2017) Quadros do Recenseamento Geral de População de 2017 – Província de Cabo Delgado e Niassa
(ficheiros electrónicos)

AGLOMERADOS POPULACIONAIS
A população dos quatro distritos que compõem a Área de Influência do Projecto reside em
povoações onde o padrão de ocupação é geralmente disperso. Exceptuam-se as sedes de

9
Os resultados publicados do Censo 2017 não desagregam esta variável no nível do distrito, estando apenas
disponível ao nível da província.

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distrito e algumas sedes de posto administrativo que têm um núcleo onde a população está
mais concentrada. No Distrito de Marrupa, o padrão de ocupação parece ser diferente com
várias povoações de tipo concentrado com a área dividida em bairros, por sua vez divididos em
talhões residenciais10.
A linha de transporte de energia do Projecto do Lote 1 atravessa os distritos em zonas pouco
povoadas e, noutros casos, em zonas relativamente povoadas, havendo aglomerados
populacionais localizados da Área de Influência Socioeconómica, de cinco quilómetros para
cada lado da linha de transporte, como ilustra a figura abaixo apresentada.
A probabilidade de alguns residentes nestes aglomerados/povoações terem estruturas
residenciais e machambas na Zona de Protecção Parcial de 50 metros para cada lado é,
portanto, alta.
A Figura 17 ilustra os aglomerados populacionais localizados na Zona de Influência
Socioeconómica ao longo da linha de transporte, distinguindo-os de acordo com a densidade
populacional. Apesar de na Zona de Influência Socioeconómica existirem aglomerados de
densidade mais alta (20 a 62 habitantes por 100 m2), estes são em número pequeno,
predominando os aglomerados de baixa densidade (3 a 10 habitantes por 100 m2).

10
Esta poderá ser a razão pela qual cerca de 42,5% da população residente no distrito foi categorizada como
população urbana (ver Tabela 7, Secção – Indicadores Sociodemográficos.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.60


Relatório de EPDA
Figura 17: Aglomerados populacionais na Área de Influência Socioeconómica do Projecto

Fonte: Bondarenko M, Jones P, Leasure D, Lazar AN, Tatem AJ, 2020. Census disaggregated grided population estimates for Mozambique (2017)
version 1.1. World Pop, University of Southampton. doi 10.5258/SOTON/WP00672.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.61


Relatório de EPDA
5.2.4.4 Género
A Tabela em baixo apresenta alguns indicadores que reflectem as diferenças de género na
população residente nos distritos e províncias que albergam a linha de transporte de energia
do Lote 1.
Nas duas províncias e em todos os distritos observa-se a tendência histórica de um maior
número de mulheres no país, o que poderá estar relacionado com a taxa de mortalidade mais
alta nos homens do que nas mulheres. Em alguns casos, a percentagem mais alta de mulheres
num distrito poderá estar relacionada com a emigração masculina para outras províncias, para
outros distritos mais prósperos ou para as cidades, o que se verifica geralmente nos distritos
eminentemente rurais11 ou nas zonas rurais dos distritos.
Cerca de um terço dos agregados familiares (AF´s) é dirigido pela mulher, o que poderá estar
relacionado com casos de viuvez, divórcio e mulher solteira. Na Província de Niassa e no
Distrito de Marrupa a percentagem de AF´s dirigidos pela mulher é relativamente mais alta do
que em Cabo Delgado.
Os resultados do Censo 2007 indicavam que a taxa de analfabetismo nas mulheres era sempre
mais alta do que a da população do respectivo território no seu todo, chegando a atingir uma
diferença de 14 a 16 pontos percentuais (dados comparados com os apresentados na Tabela
da secção anterior).
Em 2017 a Taxa de Analfabetismo das províncias de Cabo Delgado e Niassa baixou para 60 e
59%, respectivamente, indicando uma redução significativa no diferencial percentual entre os
dois sexos. Poder-se-á verificar a mesma tendência nos distritos da Área do Projecto.
Tabela 11: Indicadores populacionais e sociodemográficos na população de mulheres na Área de Influência do Projecto,
segundo Censo 2007 e 2017

Habitantes % de AFs dirigidos Taxa Taxa


Província/Distrito Censo 2017 Mulheres pela mulher Analfabetismo Analfabetismo
Mulheres ((#) 2017 (%) Mulheres Mulheres
2007 (%) 12 2017 (%)
Província da Cabo
Delgado 1.169.645 51,6 32,4 80,9 68,1
Distrito de Ancuabe 81.765 51,3 34,7 84,2 -
Distrito de Montepuez 139.526 51,3 32,4 78,9 -
Distrito de Balama 91.098 51,8 31,9 88,3 -
Província da Niassa 880.047 51.4 35,9 76,3 65,7
Distrito de Marrupa 40.042 51,5 34,2 85,6 -
INE (2012 b) Recenseamento Geral da População e Habitação 2007. Indicadores Sociodemográficos Distritais
– Província de Cabo Delgado e Niassa

11 Poderá ser o caso do Distrito de Balama, cuja população é toda ela rural e que apresentada uma população rural ligeiramente
mais alta do que nos outros distritos.
12 A Taxa de Analfabetismo apuradas pelo Censo 2017 estão disponíveis apenas ao nível da província, razão pela qual os

resultados a nível dos distritos são os apurados pelo Censo 2007.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.62


Relatório de EPDA
INE (2017) Quadros do Recenseamento Geral de População de 2017 – Província de Cabo Delgado e Niassa (ficheiros
electrónicos)

5.2.4.5 Equipamentos Sociais e Infraestruturas

EDUCAÇÃO
De acordo com o Perfil Distrital de cada um dos distritos que compõem a Área de Influência do
Projecto, a rede de educação dos distritos é formada por um grande número de escolas
primárias do 1º Grau (EP1) que se encontram espalhadas pelo território do distrito, seguindo
de um modo geral o padrão de ocupação do território pelas povoações onde reside a
população.
A rede de escolas primárias do 2º Grau (EP2) é bastante menor, o que significa que muitos
estudantes que terminam o EP1 não ingressam no EP2, e os que ingressam têm por vezes
que percorrer grandes distâncias para a escola do EP2. A política do sector de educação é
eliminar esta lacuna na formação através da instituição da Escola Primária Completa (EPC),
transformando gradualmente as escolas que só lecionam o EP1 em escolas primárias
completas13.
O número de escolas secundárias do 1º nível e 2º nível é muito pequeno, estando estas escolas
geralmente localizadas na Sede de Distrito ou de alguns postos administrativos. Em alguns
distritos existem escolas do ensino profissional e escolas onde é lecionado o ensino superior,
situação que será conhecida com maior profundidade aquando da visita aos distritos no âmbito
do EIA.
Tabela 12: Rede de estabelecimento de ensino na Área de Influência do Projecto no ano de 2013

Ensino Primário Ensino Secundário Ensino Ensino


Província/Distrito Técnico Superior
1º Grau 2º Grau 1º Nível 2º Nível Profissional
EP1 EP2 ESG I ESG II
Província da Cabo Delgado 941 27 45 21 s/i s/i
Distrito de Ancuabe 56 2 3 1 s/i s/i
Distrito de Montepuez 106 29 3 4 s/i s/i
Distrito de Balama 61 15 2 1 s/i s/i
Província da Niassa 831 181 40 15 s/i s/i
Distrito de Marrupa 41 16 1 1 s/i s/i
Fonte: INE (2012 a). Estatísticas Distritais (Estatística do Distrito de Ancuabe, Montepuez, Balama e Marrupa). Novembro de
2013.
EP1 – Escola Primária do 1º Grau (1ª à 5 Classe) EP2 - Escola Primária do 2º Grau. Lecciona da 6ª e 7 Classe.
ESG I – Escola Secundária do 1º Nível. (8ª à 10ªClasse) ESG II - Escola Secundária do 2º Nível (9ª e 10ªClasse)

13A efectivação desta tendência em cada distrito será verificada aquando da realização do trabalho de campo do EIA que irá
recolher informação actualizada nos serviços distritais.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.63


Relatório de EPDA
SAÚDE
A rede de unidades sanitárias nas duas províncias é sobretudo assegurada pelos centros de
saúde localizados nas sedes dos distritos e noutros pontos dos distritos que garantam a maior
cobertura da população residente nas zonas rurais. Apenas na Província de Cabo Delgado
existem três hospitais rurais, unidades sanitárias de referência que podem receber doentes
transferidos dos distritos vizinhos. O hospital provincial está localizado da capital, podendo
receber doentes transferidos dos distritos14.
A tabela apresentada em seguida não distingue os vários tipos de centros de saúde sendo,
contudo, política do sector de saúde assegurar em todos distritos centros de saúde de Tipo II,
que possuem maternidade, o serviço materno-infantil e o de consultas externas. Os centros de
saúde de Tipo I, que possuem internamento para crianças e adultos e outros serviços como
consultas especializadas, são em menor número e localizados em áreas onde existe maior
demanda em termos de população a ser coberta.
Os postos de saúde continuam a ser um importante elemento de apoio à rede de unidades
sanitárias do sector de saúde, em especial nos distritos onde a rede de centros de saúde não
consegue cobrir a população em termos de proximidade, funcionando a maior parte das vezes
com o apoio de agentes voluntários de saúde, como é o caso dos Agentes Polivalentes
Elementares e dos Activistas Comunitários.
Tabela 13: Rede de estabelecimento de ensino na Área de Influência do Projecto no ano de 2013

Hospital Hospital Centro de Posto de Camas por


Província/Distrito Provincial Rural Saúde Saúde 1000 hab
Província da Cabo Delgado 1 3 106 5 0,9
Distrito de Ancuabe - - 6 - 0,7
Distrito de Montepuez - 1 8 1 0,9
Distrito de Balama - - 6 0,5
Província da Niassa 1 1 107 32 0,7
Distrito de Marrupa 6 3 0,8
Fonte: INE (2012). Estatísticas Distritais (Estatística do Distrito de Ancuabe, Montepuez, Balama e Marrupa).
Novembro de 2013.

COMUNICAÇÕES
A comunicação é actualmente assegurada sobretudo pela rede de telefonia móvel das três
operadoras (Tmcell, Vodacom e Movitel), estando a cobertura do território do distrito
dependente da rede de cada operadora. A rede de telefonia fixa poderá ainda existir em alguns

14
O Hospital Geral de Nampula é a unidade de referência deste tipo na Zona Norte do País.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.64


Relatório de EPDA
distritos, contudo com uma cobertura muito fraca e com tendência de redução para algumas
instituições, sobretudo do Estado ao nível local.

REDE DE ESTRADAS
Os quatro distritos têm uma rede de estradas primária, secundárias, terciárias e vicinais. De
notar que uma parte do traçado da linha de transporte de energia do Projecto do Lote 1 é feito
relativamente perto da rede de estradas dos distritos.
Tabela 14: Rede de estradas dos distritos da Área de Influência do Projecto

Estradas Estradas Estradas Estradas Vicinais/ não


Província/Distrito Primárias Secundárias Terciárias classificadas
Distrito de Ancuabe 119.3 60.8 31.84 -
Distrito de Montepuez 70 210.7 45.3
Distrito de Balama 109.6 - 59.2 -

Distrito de Marrupa 138.4 30.7 161.08 -


Fonte: ANE, 2017

5.2.4.6 Actividades Económicas e meios de subsistência

AGRICULTURA E PECUÁRIA
Os quatro distritos que constituem a área do Projecto possuem uma população eminentemente
rural, Ancuabe e Balama tendo toda a população rural, enquanto Montepuez e Marrupa têm
cerca de 57% de população rural (ver Tabela 7, Secção – Indicadores Sociodemográficos).
A actividade predominante nas zonas rurais destes distritos é a agricultura de subsistência
caracterizada pela produção de culturas alimentares para garantir a segurança alimentar da
família, a prática de culturas de rendimento para venda na machamba ou nos mercados locais
mais próximos e o recurso à mão-de-obra familiar para garantir o esforço necessário, alguns
agregados recorrendo a mão-de-obra externa em certos momentos das operações agrícolas.
As culturas de rendimento garantem a obtenção de alguns recursos monetários para acesso
aos produtos básicos, mas os agregados familiares mais pobres não conseguem envolver-se
nesta prática resumindo-se à produção agrícola para autoconsumo. Nos distritos de Ancuabe
e Montepuez, existe a prática de produção de algodão em regime de contrato com empresas
que fazem a promoção desta cultura distribuindo aos agricultores os insumos agrícolas e
garantindo a sua compra após a colheita.
Os agricultores de subsistência praticam uma agricultura de itinerante de corte e queima em
pequenas explorações agrícolas. De acordo com os dados apurados pelo Censo Agro-pecuário

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.65


Relatório de EPDA
de 2010-2011, nos quatro distritos todas as explorações são pequenas com uma dimensão
média de 1,4 a 1,7 hectares15.
Tabela 15: Número de explorações agro-pecuárias com culturas alimentares básicas por tamanho e área cultivada na Área
de Influência do Projecto no ano de 2012

Pequenas e Médias Exlporações Grandes Explorações

Nº Área Área Nº Área Área


Província/Distrito Cultivada média Cultivada média
Província da Cabo Delgado 310.258 490.467 1,6 8 684 85,5
Distrito de Ancuabe 24.834 35.250 1,4 - - -
Distrito de Montepuez 29.545 47.438 1,6 - - -
Distrito de Balama 28.942 49.841 1,7 - - -
Província de Niassa 214.559 408.747 1,9 2 726
Distrito de Marrupa 11.554 17.028 1,5 - -
Fonte: INE (2012 a). Estatísticas Distritais (Estatística do Distrito de Ancuabe, Montepuez, Balama e Marrupa).
Novembro de 2013.

INDÚSTRIA E SERVIÇOS
A indústria, construção, comércio e a actividade de alojamento e restauração está muito pouco
desenvolvida nos quatro distritos da Área de Influência do Projecto, com excepção da
exploração das minas de Grafite nos distritos de Balama e Ancuabe pelas empresas Twigg
Exploration and Mining Lda, subsidiária da empresa australiana Syrah Resources, e pela
empresa GK Ancuabe Grafite Mine, respectivamente, e da unidade industrial de
descaroçamento de algodão existente em Montepuez cujo reinício de actividade estava
previsto para 2019 pela Empresa Plexus.
Tabela 16: Rede de indústria, comércio e serviços nos distritos na Área de Influência do Projecto

Balcões Micro- Pequena Indústria Comércio e Alojamento/


Província/Distrito
Bancários finanças e construção serviços restauração
16

Distrito de Ancuabe 1 s/i 3 41 9


Distrito de Montepuez 3 s/i 14 50 14
Distrito de Balama 1 s/i - 24 4
Distrito de Marrupa 1 s/i 3 27 5
Fontes: INE (2012 a). Estatísticas Distritais (Estatística do Distrito de Ancuabe, Montepuez, Balama Marrupa).
Novembro de 2013.

15
Apesar dos dados do Censo Agro-pecuário referirem-se a uma data relativamente distante (2010-2011), a
literatura acerca da agricultura de subsistência e os dados dos distritos indicam que o tamanho médio duma
exploração agrícola de subsistência não ultrapassa 2 hectares.
16
Informação obtida através de pesquisa na internet usando Google Chromme.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.66


Relatório de EPDA
À parte estas iniciativas de grande dimensão, a pequena indústria e construção resume-se a
um maior número de microempresas de farinação (moagens) e algumas de produção de
vestuário e de mecânica. Montepuez é o distrito com maior desenvolvimento da pequena
indústria, cuja sede de distrito é o Município de Montepuez. As empresas de comércio e
serviços são na grande maioria comerciantes a retalho, em alguns casos havendo um ou dois
comerciantes grossistas a operar no distrito. O alojamento e restauração também está pouco
desenvolvido, baseado em pensões e restaurantes.
Nos últimos anos, tem-se verificado um esforço assinalável de garantir que em todos os distritos
exista pelo menos um balcão de uma das instituições bancárias a operar no pais, o que já se
verifica nos quatro distritos.

5.2.4.7 Padrões de Uso da Terra e de Acesso aos Recursos Naturais

PADRÃO DE USO DOS RECURSOS NATURAIS


Os agricultores de subsistência que constituem a maioria dos residentes nos quatro distritos da
Área de Influência do Projecto dependem fortemente dos recursos naturais disponíveis no
ambiente envolvente como é o caso da água dos rios, riachos, lagos e lagoas para beber e
higiene individual e doméstica, dos recursos florestais para extracção de plantas medicinais,
para colecta de materiais para aplicar na construção/renovação da habitação, para confecção
de alimentação, e ainda como materiais de iluminação. Os recursos do solo e subsolo como a
areia e argila também são amplamente usados como materiais de construção da habitação e
no fabrico de utensílios domésticos.
Em muitos casos os recursos florestais e do solo e subsolo também são usados como fontes
de rendimento como é o caso da extracção de madeira em tábuas, a produção de mobiliário,
de lenha e carvão, a confecção de esteiras, panelas de barro, a produção de blocos de adobe
e a mineração artesanal. Esta última, devido à riqueza do subsolo, agrega um número
crescente de residentes assim como de pessoas provenientes de outos distritos e províncias17.

PADRÃO DE USO E OCUPAÇÃO DA TERRA


Num distrito eminentemente rural onde grande parte dos agregados familiares pratica uma
agricultura de subsistência, a terra é um dos recursos mais importantes para a manutenção e
desenvolvimento das condições de vida.

17
Na fase do EIA procurar-se-á obter dados mais objectivos sobre a mineração artesanal em termos de localização
e número de pessoas envolvidas.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.67


Relatório de EPDA
As principais formas de uso e aproveitamento da terra estão ligadas à forma pela qual o Estado
reconhece os direitos de uso e aproveitamento da terra, direitos estes estabelecidos na Lei e
no Regulamento de Terras:

• Direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT) por autorização de pedido, atribuído


a pessoas singulares ou colectivas, nacionais ou estrangeiras, cabendo aqui os casos
de entidades privadas que pretendem adquirir terra.
No caso das empresas de mineração de grafite sediadas em Balama e Ancuabe (ver
Actividades económicas secção 5.2.4.6 - Indústria e Serviços), o uso da terra para a
exploração mineira é assegurado pela realização de um contracto mineiro entre o
Governo de Moçambique e a empresa requerente, que atribui a esta o direito de
extracção, processamento, armazenamento e comercialização do produto mineiro.
Poderão existir outros tipos de DUAT por autorização de pedido solicitados por
indivíduos e operadores privados que estejam a desenvolver actividades no sector de
agricultura, pecuária e turismo, por exemplo18.

• O direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT) adquirido com base nas práticas
costumeiras, que engloba os casos de terra ocupada pelos agregados familiares e
comunidades segundo as normas e práticas costumeiras. A terra é obtida por herança
ou com base nas tradições locais e é usada para a construção de residências, prática
de agricultura, recolha de recursos naturais e pasto do gado;

• Direito de uso e aproveitamento da terra (DUAT) adquirido com base na ocupação de


boa-fé: diz respeito a agregados familiares nacionais que ocupam a terra há pelo menos
10 anos para a construção de suas residências e prática de agricultura;
Os DUAT adquiridos com base nas práticas costumeiras e ocupação de boa-fé são a forma
predominante de ocupação da terra na Área do Projecto pelos agricultores de subsistência que
usam a terra para extração de recursos naturais, para constuir as suas residências e para a
produção agrícola em pequenas e médias explorações.
O padrão de ocupação da terra pelos agregados familiares que praticam a agricultura de
subsistência depende do tipo de povoações onde estes residem.
Nas povoações/aglomerados populacionais onde o padrão de ocupação é disperso os talhões
residenciais estão geralmente perto das parcelas agrícolas. A práctica de agricultura de corte
e queima pode fazer com que a parcela a ser trabalhada esteja um pouco mais distante
enquanto a que está mais perto está em pousio.

18
Na Fase do EIA, procurar-se-á verificar a existência de DUATs atribuídos por autorização de pedido, que
possam existir na Área do Projecto.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.68


Relatório de EPDA
O talhão residencial é constituído por residência(s) geralmente construídas com materiais
locais ou com a incorporação de alguns materiais convencionais (casas de tipo misto). As
estruturas auxiliares mais comuns são casa de banho externa, a latrina, o alpendre para
preparação de comida, o celeiro e outras estruturas. Em muitos casos os agregados familiares
plantam árvores de fruto no talhão residencial e podem ainda plantar algumas culturas como
hortícolas.
Nas povoações/aglomerados populacionais onde a população está concentrada (sede de
distrito, posto administrativo e localidade e outras povoações deste tipo), as residências
localizam-se em talhões residenciais localizados nas povoações e as parcelas agrícolas
encontram-se mais distantes. As estruturas ali existentes são mais precárias como é o caso
dos abrigos de machamba, podendo também existir celeiros, alpendres e outro tipo de
estruturas.
A pesquisa de imagem com recurso ao Google Maps foi usada para uma análise preliminar a
fim de se saber se a linha de transporte do Lote 1 atravessa áreas onde existam estruturas
residenciais que possam ser afectadas pelas actividades de construção e operação, tendo-se
verificado que tal acontece nos quatro distritos em algumas secções da linha, como ilustra a
Figura abaixo indicada.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.69


Relatório de EPDA
Fonte: Pesquisa de Google, Março de 2021

Figura 18: Estruturas residenciais na Zona de Protecção Parcial da Linha de Transmissão

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.70


Relatório de EPDA
Sendo a agricultura a actividade que garante a subsistência da grande maioria dos agregados
familiares residentes nos quatros distritos, a probabilidade de a linha de transporte de energia
atravessar parcelas agrícolas localizadas na Zona de Protecção Parcial de 50 metros para cada
lado da linha é alta. Estas parcelas agrícolas pertencerão a agregados familiares residentes
mesmo na Zona de Protecção Parcial, na Área de Influência Socioeconómica de 5 km ou
mesmo em áreas mais afastadas.
As parcelas agrícolas, como referido na Secção 5.2.4.6 – Agricultura e Pecuária, são de
pequena dimensão, contendo culturas alimentares e de rendimento praticadas pelos
agregados familiares. O tipo de culturas depende das condições agro-climáticas e das práticas
e hábitos alimentares locais. Os agregados familiares também plantam árvores de fruto na
parcela residencial assim como nas parcelas destinadas à agricultura.
A pesquisa de imagem com recurso ao Google Maps foi usada para uma análise preliminar a
fim de se saber se a linha de transporte do Lote 1 atravessa áreas onde existam parcelas
agrícolas que possam ser afectadas pelas actividades de construção e operação, tendo-se
verificado que tal acontece nos quatro distritos em várias secções da linha, como ilustra a
Figura abaixo indicada.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.71


Relatório de EPDA
Fonte: Pesquisa de Google, Março de 2021

Figura 19: Parcelas agrícolas na Zona de Protecção Parcial da Linha de Transmissão

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.72


Relatório de EPDA
5.2.4.8 Património histórico e cultural
Os quatro distritos da Área de Influência têm uma história e cultura rica e diversa com origem
nos vários povos que no passado habitaram na zona e cuja memória os actuais residentes
incorporam através da educação na família onde nascem e são criados e do convívio na
comunidade de pertença onde crescem até se tornarem adultos e casarem.
Os rituais de iniciação das jovens raparigas e de circuncisão dos jovens rapazes, na altura da
puberdade, são praticados em todos os distritos. A religião muçulmana é predominante nos
quatro distritos, seguida da católica.
No entanto, as religiões confessionais convivem com a crença e práticas animistas como o
culto dos antepassados com origem nas tradições ancestrais que constituem o acervo cultural
materializado na língua, na história oral, nas danças e nas cerimónias, para dar apenas alguns
exemplos.
Nos distritos de Ancuabe, Montepuez e Balama, pertencentes a cabo Delgado, o grupo
etnolinguístico mais numeroso é o Makhua, seguido do grupo Makonde e Kimuane, estes dois
últimos com maior presença no Distrito de Montepuez.
No distrito de Marrupa, pertencente à Província de Niassa, o grupo etnolinguístico mais
numeroso é Cyao, como também se verifica nos outros distritos vizinhos da mesma província.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.73


Relatório de EPDA
5.2.4.9 Processo de Envolvimento das Partes Interessadas e Afectadas (PI&As)
O principal objetivo do “envolvimento” das Partes Interessadas e Afectadas (PI&As) do Projeto
é, através de comunicações abertas, informativas e inclusivas, manter as PI&As informadas
em relação aos seus interesses específicos, proporcionar-lhes oportunidades para participar
de decisões sobre os assuntos que as afectam e manter a sua confiança no Projeto.
Este envolvimento das PI&As é um processo contínuo, que já foi iniciado, e que se desenrola
conforme se descreve a seguir:

Figura 20: Processo de envolvimento das PI&As

Na fase de identificação foi desenvolvida uma lista com o apoio dos governos e autoridades
locais, principalmente a nível dos Distritos e dos Postos Administrativos abrangidos pelo
Projecto.
A lista inicial foi transformada numa base de dados contendo o nome da pessoa de contacto,
a instituição associada, as formas de contacto (incluindo telefone, correio eletrónico e fax) e
será continuamente actualizada ao longo do processo, à medida que se forem identificando
novas PI&As.
A identificação das PI&As permite a sua categorização pelas motivações, influência
(capacidade de afectar o cumprimento dos resultados) e importância (em termos de perdas ou
ganhos) que têm em relação ao sucesso do Projecto. Assim, ir-se-ão considerar as potenciais
formas e níveis em que as PI&As serão enquadradas no seu envolvimento (se devem, podem,
ou precisam de ser envolvidas). O nível de envolvimento das partes de cada um desses grupos
poderá variar, conforme o grau de risco que apresentam em relação ao êxito do Projecto.
A tabela que se segue ilustra essa categorização:

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.74


Relatório de EPDA
Tabela 17 : Categorização das PI&As

ALTA IMPORTÂNCIA ALTA IMPORTÂNCIA


ALTA INFLUÊNCIA BAIXA INFLUÊNCIA

A. B.

- MTA - Autoridades tradicionais;

- MIREME - Utilizadores dos recursos dentro da área de


servidão
- Governador da Província de Cabo Delgado
- Pessoas possuidoras de estruturas
- Governador da Província de Niassa
residenciais e/ou parcelas agrícolas dentro
- Secretário de Estado da Província de Cabo da área de servidão
Delgado
- Governo do Distrito de Ancuabe
- Secretário de Estado da Província de Niassa
- Governo do Distrito de Montepuez
- SPA da Província de Cabo Delgado
- Governo do Distrito de Balama
- SPA da Província de Niassa
- Governo do Distrito de Marrupa
- SPI da Província de Cabo Delgado
- Empresariado local
- SPI da Província de Niassa

C. D

- Empresariado local

- ONGs

BAIXA IMPORTÂNCIA BAIXA IMPORTÂNCIA


ALTA INFLUÊNCIA BAIXA INFLUÊNCIA
Nota: Esta categorização não é estática, podendo mudar ao longo da interacção com as PI&As

Grupo A.
Intervenientes que podem perder ou ganhar significativamente com o Projecto e cujas acções
podem afectar a capacidade do Projecto de cumprir os seus objectivos.
Grupo B.
Intervenientes que podem perder ou ganhar significativamente com o Projecto, mas cujas
acções não podem afectar a capacidade do Projecto de cumprir os seus objectivos.
Grupo C.
Intervenientes cujas acções podem afectar a capacidade do Projecto de cumprir os seus
objectivos, e que não vão perder nem ganhar muito com o Projecto.

Projecto de Expansão da Rede de Transporte de Energia Metoro-Montepuez-Marrupa Pág.75


Relatório de EPDA
Grupo D.
Intervenientes cujas acções não podem afectar a capacidade do Projecto de cumprir os seus
objectivos e que não vão perder nem ganhar muito com o Projecto.
Para que fosse permitido o seu envolvimento, o Consultor fez uma abordagem aos vários
intervenientes no processo, usando vários canais, dos quais se destacam:
• conversas e reuniões, quer por telefone, quer em presença:
• entrevistas semi-estruturadas;
• grupos focais;
• reuniões de consulta pública.
A figura que se segue apresenta o conjunto dessa abordagem de envolvimento das PI&As:

Processo de
Canais de Envolvimento Materiais
Envolvimento

Fase Reuniões
Preliminar
Conversas telefónicas

Mapas
Conversas telefónicas

E-mails

Entrevistas Relatórios
Notícias nos órgãos de
Fase de EPDA informação

Website do Projecto Anúncios

Reuniões de Consulta
Apresentações
Pública
em Ppt

Conversas telefónicas

E-mails Ilustrações
Entrevistas

Grupos focais
Fase de EIA
Notícias nos órgãos de Guiões
informação

Website do Projecto

Reuniões de Consulta
Pública

Figura 21 - Abordagem de Envolvimento das PI&As

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Serão feitos esforços pelo Consultor para garantir o envolvimento das PI&As, dando especial
atenção aos grupos vulneráveis a nível local.
Dadas as restrições impostas pela actual conjuntura de Pandemia do Covid-19, sempre que
possível os indivíduos afetados serão directamente consultados e nos casos onde não for
possível serão consultados através de seus representantes, incluindo os líderes locais,
membros dos Conselhos Consultivos e pessoas influentes dentro das comunidades.

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6 IDENTIFICAÇÃO PRELIMINAR DOS IMPACTOS AMBIENTAIS E
AVALIAÇÃO DAS QUESTÕES FATAIS
A seguir apresenta-se a avaliação preliminar de potenciais impactos socioambientais que
poderão resultar da implementação do projecto, foi realizada com base na informação de base
recolhida durante os levantamentos de campo, conjugando com as acções previstas no
projecto.
As actividades com maior potencial de induzir impactos significativos ocorrerão essencialmente
na fase de construção e serão, no caso do Projecto em apreço, as seguintes:

• A instalação dos estaleiros,


• A criação de acessos aos locais de montagem dos apoios e às subestações
• A desmatação e abertura da faixa de protecção da linha.
• As terraplanagens nas zonas das subestações.
• Movimentações de terras (subestação)
• A construção das fundações e montagem dos apoios e a colocação dos cabos.
• Construção de edifícios, estruturas e arruamentos e instalação de equipamentos
(subestação).
Na fase de operação, há a considerar, no caso da linha, a manutenção da faixa de protecção,
bem como a realização de inspecções periódicas do estado de conservação da linha, bem
como de trabalhos de limpeza e substituição de componentes deteriorados.
A operação das subestações implica essencialmente trabalhos de manutenção e conservação
que decorrerão no interior do perímetro das instalações.

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Tabela 18: Identificação preliminar de impactos

Fase de Fase de Fase de


COMPONENTE FÍSICA Construção Operação Encerramento

Não se prevê que o Projecto possa ter efeitos significativos sobre as


Clima características climáticas ou mesmo microclimáticas na sua área de X
influência
Risco de erosão do solo derivado da destruição do coberto vegetal para X
abertura da faixa de proteção da linha
X
Compactação do solo e alteração da morfologia do terreno devido a X
Geormofologia e Solos Implantação de estaleiros

Compactação do solo e alteração da morfologia do terreno devido a X


ocupação irreversível do solo para a implantação da plataforma da
instalação das subestações
Perda da capacidade agrícola dos solos X X

Meio Hídrico Superficial e Contaminação do meio hídrico superficial e subterrâneo decorrentes de X X


Subterrâneo descargas ou derrames acidentais
Aceleração de processos de erosão hídrica X X
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE DE QUALIDADE AMBIENTAL Construção Operação Encerramento

Qualidade da água Alteração da qualidade da água (superficial e subterrânea) devida à


contaminação das águas por derrames acidentais de combustíveis óleos
e lubrificantes X

Contaminação do ar por emissão de poeiras (partículas com dimensão


inferior a 10 μm- PM10 -Partículas Inaláveis) provenientes das
actividades associadas a fase de construção tais como operações de X
desmatação, movimentação de terras e circulação de veículos pesados
em áreas não pavimentadas.

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Emissões de poluentes atmosféricos resultantes da combustão nos
motores das viaturas e equipamento pesado utilizados em obra,
Qualidade do Ar designadamente monóxido de carbono (CO), óxidos de azoto (NOx),
compostos orgânicos voláteis (COV) e partículas (PTS – Partículas
Totais em Suspensão, PM10 – Partículas Inaláveis e PM2,5 – Partículas X
Inaláveis Finas).
Poluição sonora pelo tráfego rodoviário resultante do transporte de X X
matéria-prima durante a fase de construção e manutenção.

Aumento da emissão de ruído e vibrações devido ao uso de maquinarias X


e outros equipamentos pesados na fase de construção, podendo atingir
AmbienteSonoro
extensas áreas.
Produção de ruído aerodinâmico (causado pela interacção do vento com X
a estrutura dos apoios e com os cabos) e com o ruído resultante do efeito
de coroa (milhares de pequenas descargas eléctricas intermitentes).
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE BIÓTICA Construção Operação Encerramento

Flora e Vegetação Potencial destruição de habitats e perda de habitat para espécies de X X


flora decorrentes da actividades de desmatação temporária e definitiva.
Potencial aumento do risco de queimadas decorrente do aumento da X
movimentação de pessoas e de veículos afectos à obra.
Desaparecimento de áreas cultivadas e biodiversidade associada. X X

Fauna Perturbação e afugentamento de espécies faunísticas e perda de X X


habitats
Potencial aumento do risco de atropelamento/soterramento de espécies
de fauna com menor mobilidade X X

Potencial mortalidade de aves na linha eléctrica


X
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE MACRO-ECOSSISTÉMICA Construção Operação Encerramento

Alteração dos tipos de uso do solo na AID do Projecto. X X


Uso do Solo

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Resíduos Aumento da geração de resíduos durante a fase de construção e X
desactivação.

Risco de contaminação de solos e águas subterrâneas por eventuais X X


despejos indevidos de resíduos.
Paisagem Intrusão visual pela estabelecimento do estaleiro de obra. X X

Intrusão visual pela estabelecimento das infraestruturas do Projecto X


(linha e subestação) junto as comunidades e acessos rodoviários
Fase de Fase de Fase de
COMPONENTE SÓCIO-ECONÓMICA Construção Operação Encerramento

Deslocamento físico e socioeconómico


• Perda de estruturas residenciais e auxiliares X
• Perda de culturas agrícolas e árvores de fruto X
• Perda de direitos com outros usos da terra X
Economia e Emprego
• Criação de postos de trabalho X X X
• Desenvolvimento da economia local e regional X X X
• Conflitos no acesso aos postos de trabalho X X X
• Perda de postos de trabalho X X
• Maior disponibilidade de energia eléctrica
X
Sócioeconomia
Estrutura e organização social
• Conflitos trabalhadores/comunidade local X
X
• Interferência com hábitos e crenças da população local X
X
• Aumento de casos de prostituição, desvio de menores e agressão e X
violação da mulher X

Saúde Comunitária
• Perturbação devido a poluição sonora e atmosféricas devidas a X
trabalho de máquinas e outros equipamentos X
X X
• Perturbação devido a ocorrência de acidentes devido a aumento do X
tráfico X X
• Aumento de infecções sexualmente transmissíveis
Património Cultural
• Interferência com locais com interesse arqueológico, histórico e
X
cultural

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ANÁLISE DAS QUESTÕES FATAIS RELATIVA A IMPLEMENTAÇÃO DO
PROJECTO
Na análise de questões fatais foram tidos em conta os seguintes factores:

• Análise dos elementos do Projecto disponíveis;


• Descrição das actividades a desenvolver (e ciclo de vida do Projecto);
• Análise prévia do ambiente biofísico e social das áreas de influência directa e indirecta;
• Localização geográfica do Projecto (numa área definida marginal); e
Perante esta conjugação de factores, Nesta fase do processo de AIA não foram identificadas
questões fatais que possam inviabilizar o Projecto. Os principais impactos ambientais da
actividade são potencialmente mitigáveis recorrendo a tecnologias e meios apropriados para
este tipo de empreendimentos. Assim, todos impactos serão analisados com maior detalhe,
desenhadas medidas de mitigação para cada fase do projecto e desenvolvido um Plano de
Gestão Ambiental (PGA) onde constarão as responsabilidades e obrigações na implementação
das medidas de mitigação, planos de monitorização dos impactos, programa de educação
ambiental.

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7 REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
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disaggregated grided population estimates for Mozambique (2017) version 1.1. World
Pop, University of Southampton. doi 10.5258/SOTON/WP00672

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mangroves in Mozambique. South African Journal of Botany, 67: 393-398.
• Bingen, B., Bjerkgård, T., Boyd, R., Dehls, J., Engvik, A., Grenne, T. (2006). Notícia
Explicativa da Carta Geológica 1:250.000. Direcção Nacional de Geologia, Maputo.
• Centro de Estudos de Agricultura e Gestão de Recursos Naturais - CEAGRN, (2015),
Mapeamento de Habitats em Moçambique, Criando Bases para o contrabalanço de
biodiversidade em Moçambique
• CONSULTEC (2018), Processo de Avaliação do Impacto Ambiental do Projecto de
Transporte de Energia da Espinha Dorsal do Sistema Nacional de Transporte de Energia
(Projecto STE) – Fase 1: Vilanculos - Maputo
• INE (2007) III Recenseamento Geral da População de 2017. Plano de Tabulação (país,
província, distrito) (ficheiro electrónico)
• INE (2012 a) Estatísticas Distritais (Estatística do Ancuabe, Montepuez. Balama,
Marrupa). Novembro 2013.
• INE (2012 b) Recenseamento Geral da População e Habitação 2007. Indicadores
Sociodemográficos Distritais – Província de Cabo Delgado e Niassa
• INE (2017) Quadros do Recenseamento Geral de População de 2017 – Província de
Cabo Delgado e Niassa (ficheiros electrónicos)

• MAE. (2005). PERFIL DO DISTRITO DE MONTEPUEZ, PROVINCIA DE CABO


DELGADO. Maputo: Ministério da Administração Estatal.
• MAE. (2005). PERFIL DO DISTRITO DE METORO, PROVINCIA DE DE CABO
DELGADO. Maputo: Ministério da Administração Estatal.
• MAE. (2005). PERFIL DO DISTRITO DE MARRUPA, PROVINCIA DE NIASSA. Maputo:
Ministério da Administração Estatal.
• MITADER (2015). National Report on Implementation of the Convention on Biological
Diversity in Mozambique. Maputo, Mozambique.
• Smithers, R.H.N. and Tello, J.L.T.L. (1976). Checklist and atlas of the mammals of
Mozambique, Mus. Mem. Natl. Mus. Monum. Rhod. 9: 1-147.

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ANEXOS

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