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terapia primal

A terapia primal foi criada por Arthur Janov nos anos 60. É uma terapia
que se pode considerar de choque por ser bastante exigente, mas que
também vai proporcionar muito alívio psicológico. Tem indicação
específica para as neuroses.
O ser humano reage desde cedo à falta de satisfação das suas
necessidades e é a não satisfação das necessidades básicas do bebé que
possibilita a instalação da neurose.
As necessidades de cuidado e a fome no bebé são uma única
necessidade. Assim, se existe uma privação repetida, o bebé tem
estratégias para não sofrer: sofre só de uma das coisas e, como
tal, sofre menos. Se estas privações forem muito grandes o bebé arranja
formas de obter satisfação física e psicológica e surge a neurose: usa
formas enviesadas de obter essa satisfação. O desconforto físico é
localizado numa só parte do corpo, deslocando os focos de tensão para
partes onde as possa controlar. A neurose é uma defesa, uma defesa
simbólica que nunca é satisfeita, porque o sofrimento é real e concreto,
nunca sendo realizado por forma simbólica.
Existe assim desde a infância um self real e um self irreal. Este último vai
procurar gratificações que o seu ambiente não lhe proporcionou. Da
relação com os pais surge a negação de necessidades primárias e
consequente dor primária (que são negadas por um processo consciente).
Na terapia primal, pretende-se que o paciente reviva a cena primal: uma
vivência em que por um momento a criança perde a esperança de ser
amada da forma como é, e começa a agir com o seu self irreal que é
completamente neurótico.
Há dois tipos de cenas:
Cena primal maior: corresponde a um acontecimento muito assustador,
de sofrimento terrível que a criança passou.
Cena primal menor: corresponde a pequenas divergências, humilhações,
falta de atenção.
Nesta terapia o paciente tem certas proibições orgânicas que tem de
cumprir: proibição do uso de álcool, tabaco, estimulantes, drogas e outros
comprimidos durante o tratamento.
É uma terapia violenta para o corpo, porque o envolve de uma forma
violenta.
A terapia é individual mas tem momentos em que é realizada em grupo.
O paciente deve deixar o seu trabalho nos primeiros meses de terapia e é
o único paciente que o terapeuta vê durante três semanas, controladas
consoante a necessidade da pessoa (3/4 horas seguidas, por exemplo).
24 horas antes do inicio do tratamento o paciente é isolado, não podendo
ver televisão, falar, fumar, a única coisa permitida é escrever. Se o
indivíduo tem um ego equilibrado e bem estruturado pode-se pedir para
não dormir, para assim desfazer as defesas e estar fragilizado. Se o
indivíduo dorme pode sonhar e aliviar tensões, o que não se pretende
nesta terapia.
Na primeira sessão o sujeito está exausto e a sofrer, mas ainda pode
utilizar o seu falso self, intelectualizado. Mas o que se permite é a
expressão de emoções e sentimentos.
Na altura em que está a reviver a cena mais significativa, a pessoa é
encorajada a dar um grito: o grito primal.
Nesta terapia acredita-se que se se conseguir sentir a dor, pode-se retirar
a dor que se sente.
Na segunda sessão o sujeito chega com novos insights e a partir da
terceira sessão está envolvido nas suas memórias e pode repetir novas
cenas primais. No decurso da terapia o sujeito vai atingir um nível crítico
em que a regressão é grande e até podem falar como se fossem crianças.
Ao fim de algum tempo, já percebe o que de errado aconteceu no seu
passado e está apto a resolver essa dor, sentindo o que não sentiu na
altura e assim vai deixar esse problema no seu lugar, no seu passado.
Porto Editora – terapia primal na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. Disponível
em https://www.infopedia.pt/$terapia-primal
Terapia primal para os traumas: em que
consiste?
Para a terapia primal, a dor emocional tem origem em eventos traumáticos não
resolvidos da nossa infância. Essa terapia era bem conhecida nos anos 70 por facilitar
a conexão com a ferida reprimida a fim de curá-la.

A terapia primal facilita que a pessoa entre em contato com as suas emoções e as suas
necessidades mais profundas. Trata-se de uma abordagem psicológica que combina

o humanismo com a psicanálise e que busca tratar os traumas da infância. Cabe

ressaltar que, atualmente, este tipo de ferramenta terapêutica não está livre de

certa controvérsia.

Seu criador foi Arthur Janov, um psicanalista californiano que adquiriu grande

notoriedade após a publicação de seu livro The Primal Screa m (“O grito primal” em

tradução livre), em 1970. Nele, argumentava que a dor não expressa e as

memórias dolorosas são a fonte da maior parte das doenças do ser humano.
Assim, qualquer problema mental e físico poderia ser solucionado por meio deste

tipo de terapia, de acordo com o Dr. Janov. Conforme podemos deduzir, tal

afirmação não deixa de ser pretensiosa e discutível. Primeiramente, porque a

terapia primal não serve para todas as pessoas. Em segundo lugar, porque

algumas condições médicas têm origem psicológica. Da mesma forma, nem todo

problema tem suas raízes na infância. Apesar disso, este não deixa de ser um

recurso interessante em nível teórico.

A título de curiosidade, o próprio John Lennon comentava que, após anos de trabalho

terapêutico com Arthur Janov, foi capaz de assimilar boa parte de sua infância. Ele

também confessou que construir esse relato o ajudou a recuperar o seu potencial
criativo em um momento pontual de sua carreira.

Fatores como abandono, abuso, falta de amor e necessidades não atendidas durante a nossa

infância são os objetivos que a terapia primal ou primária, desenvolvida nos anos 70, busca

tratar.
Terapia primal: objetivo, características e
eficácia
A terapia primal é como fazer uma viagem profunda e reparadora à nossa infância.

Essa jornada implica sentir, experimentar e compreender a origem do

nosso sofrimento psicológico. Por exemplo, digamos que, se a depressão fosse

um jardim cheio de ervas daninhas, essa abordagem nos guiaria para que

pudéssemos arrancar cada planta a fim de ver o que está escondido nas suas

raízes.

O que descobriríamos é que a semente comum dessa angústia mental que limita a

nossa vida está no passado. Às vezes, não é necessário que tenham existido
dinâmicas de abuso. Afinal, muitas vezes, crescemos sentindo que existem

necessidades que nunca foram atendidas (de validação, segurança, reconhecimento,

etc.).

Assim, o objetivo prioritário desta forma de terapia é que o paciente libere e

expresse as suas emoções reprimidas. Para isso, cria-se um ambiente seguro

entre a pessoa e o psicoterapeuta para que ela se sinta à vontade para conversar,

chorar e até mesmo gritar.

Portanto, a expressão e a liberação emocional são esse primeiro limiar catártico

que facilitará, pouco a pouco, a resolução dos problemas psicológicos.

De que tipo de terapia se trata?


A terapia primal faz uso de uma perspectiva humanista que, por sua vez, integra um
enfoque corporal. Ou seja, em outras palavras, para essa abordagem psicológica, o

nosso corpo é o plano em que os transtornos mentais se manifestam. Assim, o

objetivo é tratar essas sensações e esses desconfortos para encontrar a origem do

problema.

Além disso, ao aspecto humanístico também se adiciona o psicodinâmico. Para o

Dr. Janov, a sua principal missão era, por um lado, orientar o paciente em direção

à conexão com as áreas inconscientes e reprimidas originadas pelo substrato


original do trauma. Por outro lado, ele tinha como objetivo ajudar a desativar

todo esse conjunto de mecanismos de defesa neuróticos que impedem o contato

com a ferida original.

Quais são as técnicas que a terapia primal utiliza?

Mais do que técnicas, o que a terapia primal aplica é uma série de etapas que

orientam o processo terapêutico entre o especialista e o paciente. São as

seguintes:

• A regressão. Durante esta fase, o objetivo é conectar a pessoa com o estado


emocional e psicofisiológico em que o trauma foi vivenciado como tal. Algo
assim implica conduzir a mente em direção ao passado reprimido, para facilitar
o aparecimento da dor emocional em todas as suas formas.
• Liberação. Uma vez feito o contato com a ferida primordial do trauma, é
necessário liberar e expressar esse sofrimento há muito contido, silenciado e
reprimido. Assim, esta terapia incentiva a chorar, gritar e liberar todas as
sensações e emoções, sem medo.
• Integração. A terceira fase da terapia primal é a mais decisiva para a cura e
superação do trauma. Chega a hora de racionalizar o passado, dando-lhe
sentido, unindo as peças soltas para dar lugar ao perdão. Em particular,
o autoperdão como um mecanismo de libertação para que a pessoa se sinta
merecedora de um presente e um futuro mais saudáveis.
• Resolução. Em qualquer exercício psicoterapêutico, é decisivo saber encerrar
esta viagem psicoemocional. A pessoa deve se sentir livre da dor emocional e
suficientemente segura, realizada e com habilidades suficientes para enfrentar o
seu dia a dia.

No caso da terapia primal, não há base científica suficiente para garantir a sua validade e

eficácia. A sua idade de ouro ocorreu durante os anos 70, com um posterior declínio em sua

aplicação.
Qual é a eficácia da terapia de Arthur Janov?
Cabe destacar que são poucas as análises da eficácia da terapia primal que estão

disponíveis. Por exemplo, podemos citar o estudo de 1983 publicado na

revista Psychotherapy and Psychosomatics. Nele, destacava-se que, dos 10 pacientes

analisados que apresentavam diversos transtornos de personalidade, 8

melhoraram de forma notável após 2 anos. Porém, um dos grandes problemas

deste estudo é que a amostra não é representativa.

A terapia primal teve grande êxito no contexto da contracultura americana dos anos
1970. O próprio Arthur Janov se tornou um símbolo para os movimentos juvenis

da época. Ele defendia mensagens como, por exemplo, a de que qualquer agitação

social radical deve também resolver os seus traumas pessoais para alcançar a

vitória e a liberdade.

John Lennon e Yoko Ono foram dois defensores desse tipo de terapia. Portanto,

podemos concluir que esta abordagem teve uma idade de ouro e então um

posterior declínio. Finalmente, ela não conta com o respaldo da comunidade


científica e, atualmente, trata-se de um recurso interessante do passado que faz

parte da própria história da psicologia.

A TERAPIA PRIMAL FUNCIONA? CONHEÇA O TRATAMENTO BASEADO NO GRITO

28/09/2022

MAURA MARTINS - SAÚDE/BEM-ESTAR

Na década de 1970, um psicólogo americano chamado Arthur Janov publicou uma obra chamada The Primal
Scream. Primal Therapy: The Cure for Neurosis, em que descreve as suas experiências com a chamada terapia
primal.

Trata-se de um tipo de psicoterapia que aponta a dor reprimida de traumas de infância como a causa de todas
as neuroses. Estas dores poderiam ser acessadas a partir da recriação de episódios específicos da infância e a
expressão do sofrimento vinculado a esse momento por meio do grito.

O desenvolvimento desta terapia primal tornou Janov rico e famoso, com adeptos célebres à sua teoria,
como John Lennon e Yoko Ono. Mas será que realmente funciona? A ciência já se debruçou sobre este assunto.
Vejamos o que foi descoberto.

Os efeitos da "terapia do grito primal"

(Fonte: BBC)

Os cientistas dizem que há pouca evidência de que este tipo de terapia radical realmente funcione como algo
que traz melhorias à saúde mental. Esta é a opinião do professor Sascha Frühholz, do departamento de
psicologia da Universidade de Zurique.

“Na minha opinião, não há evidências científicas de que a terapia do grito primal tenha algum efeito positivo no
tratamento de transtornos mentais e psicológicos. Dado que a psicoterapia moderna é uma abordagem de
tratamento baseada em evidências, nenhuma escola séria de psicoterapia usa nenhum elemento da terapia do
grito primal hoje”, explicou ele ao The Guardian.
Segundo o professor, o erro da terapia primal é crer que os eventos traumáticos do início da vida estariam
"presos" no corpo e na mente, e que só se seriam "libertados" por meio de gritos. “Não há evidências científicas
para isso", completou Frühholz.

Por fim, ele crê que focar em gritos de raiva pode ser um método contraproducente para a terapia. “Já sabemos
que essas expressões consistentes de raiva como método terapêutico não têm nenhum efeito ou até mesmo
efeitos negativos no resultado terapêutico”, acrescentou. O psicólogo ainda argumenta que sua pesquisa já
comprovou que a expressão de gritos "positivos", ligados à alegria e ao prazer, são muito mais efetivos para a
saúde dos seres humanos.

Gritar pode ser bom para a saúde?

(Fonte: Truly Experiences)

Mas quais seriam então os efeitos de gritar para a saúde mental? Existe algum benefício que pode ser tirado
desta expressão extrema de sentimentos por meio das cordas vocais, ainda que isto não signifique um processo
terapêutico?

Há discordâncias entre os pesquisadores. Rebecca Semmens-Wheeler, professora de psicologia na Birmingham


City University, declara duvidar que haja benefícios a longo prazo. Ela ainda pontua que gritar ou ouvir gritos dos
outros pode aumentar os níveis de adrenalina e cortisol no corpo, que são hormônios ligados ao estresse e
ao medo.

“Isso é o oposto do que você está fazendo com coisas como meditação ou ioga, que geralmente ativam o
sistema nervoso parassimpático que ajuda você a desacelerar, fazer um balanço, deixar o córtex pré-frontal
obter glicose novamente. Tudo isso nos ajuda a tomar melhores decisões”, declarou ao The Guardian.

Mas há quem defenda o poder catártico do grito. "Liberar a emoção reprimida é libertador, como cuspir veneno
da boca”, disse Ryan Howes, psicólogo na Califórnia, em declaração ao portal The Wellness.

Ainda assim, ele destaca que o grito, em si, não é capaz de acessar (e resolver) processos mais profundos. Ele
menciona que só gritar é como "colocar um band-aid em uma ferida grave". Ou seja, o ideal é que o grito seja só
uma ferramenta inicial para quem quiser fazer uma autoinvestigação produtiva por meio da terapia.

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