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falso self

É importante clarificar o conceito de self como a essência de


cada um, para se poder falar de falso self. Assim, o self será o
eu e a integração da totalidade de si mesmo. Isto acontece a
partir de um "ambiente suficientemente bom" que possibilite
o desenvolvimento das potencialidades de um self rudimentar
que já existe desde o nascimento, embora de forma
extremamente frágil. Nos casos em que falha a função
materna de integrar as sensações corporais do bebé, os
estímulos ambientais e o despertar de suas capacidades
motoras, a criança sente a sua continuidade existencial (o ser)
ameaçada e procura substituir a proteção que lhe falta por
outra, "fabricada" por ela própria.
Winnicott expressa com as seguintes palavras a este
fenómeno, ao comparar a formação do falso self com uma
casca de árvore, às custas da qual cresce e se desenvolve
o self oprimido do sujeito: "Então, o indivíduo desenvolve-se
mais como uma extensão da casca do que do núcleo.
O self verdadeiro permanece escondido, e o que temos que
enfrentar clinicamente é o self falso, cuja missão é ocultar
o self verdadeiro".
Winnicott considera que o verdadeiro self seria o que resulta
de a mãe ter aceitado os gestos espontâneos da criança. Nos
casos em que a mãe não tem capacidade para entender e
satisfazer as necessidades do filho, ela submete a criança aos
seus próprios gestos e vontades, o que começa a gerar um
falso self.
A princípio, Winnicott considerou o falso self como uma
formação presente apenas nos pacientes graves, provocada
por falta de cuidados maternos. Mais tarde, propôs uma
gradação de matizes, na qual o falso self estaria sempre
presente, em qualquer pessoa, embora com diferentes níveis
de implicação patológica. Nos casos mais próximos da saúde,
o self falso agiria como uma forma de defender e proteger o
verdadeiro, que se mantém oculto, enquanto nos casos mais
graves o falso self substitui o verdadeiro. Deste modo, a visão
que o sujeito tem de si e a visão que as pessoas que o rodeiam
têm dele são uma visão da casca espessa que ele criou.
Winnicott assevera que o falso self, especialmente quando se
encontra nos extremos mais patológicos da escala, é
acompanhado por uma sensação subjetiva de vazio, de
futilidade e de irrealidade. Como se constitui às expensas do
núcleo autêntico do self, obriga este a renunciar às suas
pulsões (que constituem a sua essência) em favor de uma
adaptação "bem-sucedida". Faz-se o que o outro espera de nós
e não o que se desejaria.
Segundo Zimerman o falso self resulta de um continuado
esforço da criança em assegurar o amor dos pais, nem que
seja renunciando à espontaneidade e sujeitar-se às
expectativas daqueles. Mas há que destacar um aspeto:
Os sujeitos que têm um falso self não devem ser
necessariamente considerados como pessoas falsas. É possível
que os êxitos conseguidos pelo sujeito sejam devidos às suas
reais capacidades, embora persista uma sensação de
falsidade, devido à dificuldade que se estabeleceu em
distinguir o que é falso daquilo que é verdadeiro.
Porto Editora – falso self na Infopédia [em linha]. Porto: Porto Editora. Disponível
em https://www.infopedia.pt/$falso-self

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