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Teste 2 – Lucas Sabino – 162393

GRUPO I – 3 questões

1. HUME - Distinção entre impressões e idéias


Para Hume o conhecimento se dá através da experiência empírica. A partir de uma
experiência empírica temos o que ele chama de percepções que se traduzem em doações
originárias e as reprodutoras. As impressões correspondem às sensações e sentimentos,
enquanto as idéias correspondem às reproduções. Todas as idéias vem de impressões.
Nossa mente a partir de uma agregação do simples ao complexo cria novas formas. Claro
que o conteúdo só é verdadeiro caso haja conectividade entre a idéia e a impressão. A
impressão sendo a responsável por algo mais vívido e intenso que a sua cópia, isto é, a idéia.
Portanto, por Hume, se derivamos toda a epistemologia das sensações, sem elas não há
verdadeiro conhecimento.
Sobre as idéias em si, Hume afirma que temos as simples e as compostas. As simples sendo
indivisíveis e as compostas como aglomerado decomponível. Por isto, o fluxo/esquema se dá
através de: Impressões simples geram idéias simples, que por sua vez, geram idéias
complexas, e por fim, impressões complexas são formadas.

A epistemologia em Hume se dá pelo objeto do conhecimento das relações de idéias. Sendo


que, não pode haver contradição entre as idéias para que elas sejam devidamente
concatenadas. Contudo, elas só poderão ser concatenadas, se somente se, tiveram uma
natureza possível de serem, portanto as relações de idéias se caracterizam como analítico a
priori. Enquando as matérias de facto precisam da materialidade da existência para que
possam ser verificadas, portanto, o oposto não impllica em contradição pela probabilidade
dos acontecimentos. Portanto, as matérias de facto dizem respeito ao sintético a posteriori.

4. LEIBNIZ – Tipos de Verdades e seus princípios

Em Leibniz temos as verdades eternas necessárias regidas pelo princípio da não-contradição


e as verdades contingentes regidas pelo princípio da razão suficiente.

As verdades necessárias são as necessidades matemáticas que se tolerassem o princípio da


contradição se autodestruiriam, e seria impossível o mundo ser como ele é. Quando o
criador decide o melhor dos mundos possíveis, ele materializa a contingência, e toda a
superestrutura desse mundo será necessária enquanto esse mundo está sendo actualizado
na realidade. E por isso, as verdades eternas matemáticas são necessárias. Se Deus escolhe
que o melhor mundo é aquele que o um triângulo tem 3 lados, então isso se torna
necessário nesse mundo contingente em essência, mas que ao passar a existência se torna o
que recebe o movimento de execução. Se esse conceito fosse diferente, essa nova verdade
eterna só seria possível em outro mundo, não no atual. Portanto, o princípio da não-
contradição rege as superestruturas para que o mundo tenha estabilidade e ordem ao invés
de caos. Leibniz com sua base matemática utiliza-se de sistemas de equivalência em suas
notações matemáticas através desse princípio. Utilizamos isso em cada equação que
fazemos quando substituímos o número por uma incógnita, ou correlação de incógnitas, ou
mesmo apenas fazendo o cálculo de uma potência e seguindo o processamento matemático.
Podemos fazer isso, pois as verdades eterna matemáticas são necessárias, estabelecidas e
podem ser transmutadas em equivalências que preservam seu conteúdo como imperativo.

Já nas verdades contingentes não há uma necessidade de ser, mas é como é, porque é
melhor que seja tal como é. A essência do princípio de razão suficiente traz á mesa a questão
do motivo da existência de algo ao invés do nada. Leibniz, assim como Santo Agostinho, trata
a questão de maneira similar. A razão suficiente indica que é como é porque a essência do
mundo se inclina para a positividade do Ser ao invés do não-ser. A unidade é a conjugação
de todas as partes. A unidade mais rica é aquela que possui mais diversidade, mais
possibilidade. Na estrutura leibniziana de suas mônadas, poderíamos exprimir que cada
mônada é um espelho vivo e perpétuo do universo, e este é regulado por uma ordem
perfeita. A razão suficiente aqui expõe que as mônadas são assim para que o todo seja mais
rico e que o mundo seja o mais perfeito possível dentro do praticável. O alvo é ter o máximo
da unidade com a maior diversidade a partir de distintas perspectivas que foram definidas e
criadas harmonicamente para esta finalidade.

5. Hume – Causalidade e Conexão Necessária

Desde os filósofos antigos a causalidade sempre foi um princípio aceito como premissa
básica. Talvez nunca se tenha questionado efetivamente a casualidade como Hume fez,
antes de Hume. A relação de causa-efeito é tão forte em nossa mente que afirmamos com
toda a categoria que se X é o caso, uma ação consequente acontecerá. Somos desde a mais
tenra idade condicionados nas regras da causalidade. Nos primeiros anos de vida de uma
criança, seja com brinquedos, sua relação simbiótica materna ou qualquer materialidade de
objetos, o que é aprendido pela criança é a casualidade. A criança é imersa nisto sem
qualquer possibilidade de fuga. E de tanto respirar o mundo da casualidade, acha que ele é
necessário. Assim como nossas crianças, os antigos acreditavam que a vida se dava em
relações necessárias geradas a partir de causa-efeito.O ingrediente para treinar uma mente
é oferecer uma relação entre duas ações e condicioná-la no tempo, tantas vezes quanto
forem necessárias para que a mente acredite, pelo hábito, que algo aciona algo.

Por exemplo: Somos condicionados à gravidade. A causa-efeito que criámos desde criança
nos força a pensar de maneira automatizada, quase subconscientemente, que ao deixar um
objeto, ele irá cair. E vivemos nossa vida toda com percepções desta natureza. O hábito gera
essa conexão. Mas o que acontece se formos para um ambiente de gravidade zero de uma
agência que lida com assuntos físicos? Nossa mente quebra ao ver que o hábito não se
concretizou. Há uma parte do primeiro filme de matrix muito interessante que revelar isto
de uma forma direta. Neo em busca do Oráciulo encontra uma menina que nasceu na
Matrix. E por isso, não é limitada pelos condicionamentos externos humanos. Digamos que a
mente dela é limpa de causalidade. A menina consegue curvar colheres com o poder da
mente, enquanto Neo não consegue, mesmo ao tentar. Qual a razão? Pois, Neo foi
condicionado a acreditar que não pode curvar uma colher, ou seja, a mente dele não
acredita mesmo que tente acreditar. O próprio sentido se auto-destrói na mente de Neo,
impossibilitando-o de esvaziar sua mente da casualidade e trazer ao acto o que a potência
de sua mente deseja. Talvez o “esvaziar a mente” do filme matrix seja o que Hume fez com a
casualidade. Hume consegue se desconectar dos antigos, e examinar a casualidade sem
aceitar pressupostos automáticos. O que Hume consegue nos dizer sobre?
A causalidade não pode ser demonstrada efetivamente. Apenas há uma tendência nossa em
acreditar que o futuro será o que acontece no passado, porque é geralmente o que
acontece. Pode não ser necessário que aconteça. O Hábito se traduz em ação repetitiva no
tempo que condiciona as mentes a esperar por uma relação de necessidade e causalidade.
No final das contas, a causalidade é uma crença, não um conhecimento. Uma inclinação do
nosso espírito. Pode se repetir ou não. Hábito não impõe necessidade. Uma criança que joga
futebol todos os dias, pode decidir deliberadamente em algum dia da vida nunca mais jogar.
Não é porque ela jogou durante 10 anos que isso é prova inequívoca que continuará
jogando, mesmo que as probabilidades disso acontecer estejam talvez mais inclinadas para
que sim do que para a negação da ação. Mas isso é só um jogo de probabilidades, que
podem definir as chances de algo acontecer, mas não definem se algo acontecerá.

Com isso temos o problema da indução em que existe o conceito cristalizado que tudo é
verdade até que seja falso. Isto é, a falseabilidade de algo. Todas as vezes que generalizamos
instâncias particulares para alcançar alguma regra do jogo da vida, estamos em risco de
estarmos entrando no problema da indução. E se nossa generalização ocorrer em um
momento precipitado em que não temos todos os dados reais ou adequados da realidade? A
generalização de particulares deve ser feita com muito cuidado conforme os lógicos nos
ensinam. Ao fazer generalizações em passos incorretos, estaremos criando falsidades.

GRUPO II – A. Leibniz

DEFINIÇÕES: MÔNADAS

As mônadas são definidas como os verdadeiros átomos indivisíveis da matéria. Mas não do ponto de
vista mecanicista, uma vez que na tese de Leibniz a mônada era uma parte de natureza metafísica do
Ser e que tinha um teleologia definida desde a sua concepção. Ou seja, algo como uma estrutura que
é lançada na existência, mas que é harmonicamente conectada ao seu mestre e seus interesses.
Justamente por isso as môndas carregam algum grau de consciência sem transitividade ou
intersujeitabilidade entre si a fim de manterem-se fiéis a causa primeira de sua existência. Portanto,
a mônada não é afetada pela outra. Leibniz descreve níveis distintos entre as mônadas. Os critérios
são apetição, percepção, memória, imaginação, apercepção, reflexão e razão. As Mônadas tem
todos os predicados, mas as quantidades de cada qualidade são distintas. Logo, há predominância
de algumas qualidades perante a outras, mas não uma exclusividade de característica na
singularidade de cada mônada. Por conta da diferenciação dos predicados, podemos separar as
mônadas em inanimadas, animadas e conscientes.

De uma maneira macro, podemos compreender que as mônadas nuas se encontram no reino
mineral e das plantas, as sensitivas em almas não tão elevadas, as racionais das almas humanas e a
suprema que seria Deus. A ordem entre elas é explicada pela harmonia preestabelecida, que deus
introduziu na criação. Seu objeto de predicativo de distinção são os elementos de apercepção,
consciência, reflexão e razão, estruturalmente postos numa ordem hierárquica. Mesmo que estejam
em sub-grupos, cada mônada é única justificando o idealismo pluralista leibniziano em que todas as
partes importam no todo, e quanto mais partes em sua diversidade plural existirem melhor será o
todo. A unidade é a conjugação de todas as partes. A unidade mais rica ou é melhor possível quando
possui mais riqueza diversa, ou a chamada, pluralidade de perspectivas.
ESTRUTURA E ORGANIZAÇÃO
Leibniz admite que há conexão universal entre os entes. Ou seja, todos os entes interagem
casualmente. Cada mônada singular espelha o universo todo, pois cada mônada é um ponto de
vista, uma perspectiva do mundo. Os corpos são um agregado de mônadas. E apenas a mônada
suprema tem a capacidade de centralizar todos os pontos de vista em conjugação, e por isso,
alcançar os expoentes de sua potência. Se só Deus tem percepção de todas as mônadas, logo apenas
Deus pode tudo. Os outros, tem percepções processadas e não-processadas. As não-processadas são
o que são, pois não temos todo o saber. São só informações que não são integradas. Quem
consegue ler todas as Mônadas, tem todo o saber unificado. Quem não consegue proccessar, tem
um saber limitado. Não pode haver nada idêntico. Pois cada uma tem uma perspectiva, logo há
algum predicado distinto, e por isso, é distinto. Leibniz é um essencialista. Em instância: imaginemos
que temos duas mônadas e que elas observam o mesmo evento. A descrição de cada uma delas será
distinta, pois elas são distintas e a posição em que se encontram é distinta, logo o resultado final
será disinto e plural entre si. Portanto, o predicado da mônada influencia os seus afetos justificando
a tese essencialista ao modelo de Leibniz.

Todas as mônadas estão posicionadas num grande pleno. Em Leibniz, tempo e espaço são relações
das coisas. Espaço e o tempo são representações reais, contudo confusas por conta de relações de
ordem das coisas (simultaneidade + sucessão). O espaço é a relação entre corpos. Sem os corpos,
não há espaço. Deus vê apenas as relações puras porque não depende da representação do espaço
do tempo. Então ele consegue saber, por exemplo, todos os números de uma raiz irracional, nós
não. Deus vê todas as relações de todas as Mônadas, portanto a sucessão em si e simultaneidade em
si sem juntá-los e sujá-los com o espaço-tempo. Deus vê o conceito puro, o integral, nós vemos
através do juízo de uma representação impura de uma ordem - que criamos artificialmente pelo
filtro do espaço-tempo. Ou seja, como não temos a mesma capacidade da mônada suprema,
utilizamos o espaço-tempo para compreender, ao fazer isso, conseguimos compreender
parcialmente algumas matérias, mas nunca teremos acesso à compreensão pura e limpa da
realidade como ela é sem instrumentalizá-la no espaço-tempo.

O organismo dita as regras como orquestrador das Mônadas. A vida não é apenas mecânica
individual como mecanicistas diziam. Mas há ordem de cima pra baixo. Não de baixo pra cima. Essa
ordem harmônica orquestra tudo do fim para o início. O todo formula como as partes devem atuar
para ser o todo novamente de forma teleológica. A organização se traduz na dinâmica afetiva de
uma mônada para outra. Lembrando que uma mônada não afeta a outra diretamente, mas cada
mônada possui sua própria conexão com a mônada suprema. Esta indica a finalidade teleológica a
ser trilhada. E nisso, há movimento. E esse movimento transforma o cosmos. Portanto, a alteração
do mundo não é uma relação entre a unidade da mônada com outra singular, mas sim da unidade da
mônada com a suprema que progressivamente gera movimento e afeta outra unidade de mônada
até que cheguemos à regência do todo. Ao caminhar pela organização, teremos em conta a
hierarquia do mundo e suas relações.

TESE DA LIBERDADE
Deus gera movimento para apenas um mundo dentro vários possíveis, ou seja, a contingência. Nesse
mundo, há verdades necessárias e contingentes. Ou seja, o mundo é contingente na sua alternativa,
mas após a materilização, há a imposição da necessidade em suas verdades eternas regidas pelo
princípio de não-contradição. No que tange a contingência do mundo o princípio essencial é o da
razão suficiente. A razão suficiente aqui expõe que as mônadas são assim para que o todo seja mais
rico e que o mundo seja o mais perfeito possível dentro do praticável. O alvo é ter o máximo da
unidade com a maior diversidade a partir de distintas perspectivas que foram definidas e criadas
harmonicamente para esta finalidade. Em suma, a liberdade está na disposição em fazer o melhor
para um mundo melhor, contudo somos limitados nesse caminhar, uma vez que o mundo
contingente já foi calculado e o peso de nossas escolhas também já foi previamente pensado.

NATUREZA
Sobre a natureza temos o princípio da continuidade que nos diz que não há saltos na natureza. As
influências são contínuas e constantes, não pontuais e esporádicas. Podemos constatar isso no
trabalho de Darwin no que tange a evolução e adaptaçào lenta dos seres vivos. Nenhum salto é
dado. Todos os passos que acontecem, acontecem por uma razão de ser, que por sua vez, ao ser
devidamente avaliada compreende o cenário real do ocorrido. Além disso, justamente pela
constância e estabilidade da natureza, ela funciona necessariamente com verdades eternas
necessárias sob um mundo contingente, que é o melhor possível entre muitos.

O MELHOR DOS MUNDOS POSSÍVEIS


A tese do melhor dos mundos possíveis é talvez a somatória de todos os conceitos abordados
anteriormente na forma de um sistema ou pelo menos detém inserções diversas. Leibniz ao
descrever o funcionamento das mônadas, a estrutura, organização e implicações indica que o
sistema elegante proposto é funcional a medida que Deus, em sua sabedoria plena, decide por criar
um mundo que seja o melhor possível na medida do possível. Isto é, o cerne da questão não está na
capacidade de Deus em criar, mas sim numa criação que não se deteriore por conta das criaturas. O
bem deve ser maximizado e o mal atenuado numa espécie de utilitarismo divino através das
verdades eternas e contingentes que o mundo em execução carregará. Deus calcula todas as
possibilidades de um mundo possível, e escolhe intencionalmente o melhor contingente para vir à
existência. Após o início deste, já no desenrolar da existência, todas as mônadas e estruturas
seguirão teleologicamente um caminho que foram essencialmente definidas a seguir pela sabedoria
de Deus ao longo do tempo. Como uma sinfonia, o universo dança a música que Deus assim desejou.
E se todos compreenderam a teleologia intrínseca do movimento, todos desejarão ir ao encontro da
mônada suprema. E assim o sistema é elegantemente fechado, sem perda, sem movimentos
dialéticos, sem dúvidas, mas sim apenas o signo semiótico do filho indo em direção ao seu pai numa
tarde de domingo.

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