Você está na página 1de 2

Fichamento de leitura

Tipo: Livro/ cap. III


Assunto/Tema: "Da importância da ilusão na constituição da subjetividade e da realidade".

Na primeira parte deste capítulo a referência de Dom Quixote e Sancho Pança é


trazida para aludir a relação do acompanhante para com o acompanhado, dentro de uma
perspectiva winnicottiana. O texto diz que segundo Winnicott, o ser humano nasce com
potencial para alucinação e que é através dele que o bebê consegue se desenvolver, o
bebê enxerga que sua mãe é ele e ele é sua mãe, com isso ocorre uma indiferenciação de
corpos e quando a mãe consegue compreender as necessidades do seu bebê e satisfazê-
las, trará para ele a plena vivência, marcando assim a vida do bebê e o seu futuro como
adulto.

Sendo assim, no AT é habitual observar-se a indiferenciação de corpos entre o


acompanhante e acompanhado, para Winnicott essa indiferenciação é inevitável e também
necessária, a fim de que possa ajudar o paciente no seu desenvolvimento. Porém o
acompanhante precisa saber sustentar e usar dessa indiferenciação, sem perder a
capacidade de se distinguir.

Winnicott chama de ilusão o momento em que predomina a indiferenciação e fusão


de corpos, para ele é importantíssimo que o ser humano passe por esse período de ilusão.
Para que o bebe viva criativamente no futuro, ele precisa experienciar a ilusão.

Para Winnicott a responsabilidade da mãe é primordial para conceder ao bebê esse


período de ilusão, portanto a mãe necessita de um ambiente que a traga segurança
fazendo com que sinta-se amparada para se colocar à disposição do seu bebê. Além disso,
ela precisa de recursos psíquicos para sentir que seu ser não será ameaçado.

Caso isso não ocorra, existe uma predisposição à formação das psicoses.

Winnicott diz que as características, sendo o self do bebê são apresentadas pelo
seu ritmo, que nada mais é o seu jeito de ser e seu compasso, se esse tempo individual do
bebê não for respeitado e satisfeito, isto é, se ele não conseguir vivenciar a ilusão, sofrerá
do que é dito por Winnicott de uma invasão do self. Essa ruptura do self, traz ao bebê um
quadro de apenas reação e não mais criatividade, desencadeando um contexto autístico,
pois as experiências vividas pela criança terão perdido o significado e o isolamento do
mundo externo fará sentido, levando-o ao abandono da realidade externa, estabelecendo-
se em seu mundo subjetivo.

As falhas na vivência da mãe-bebê podem gerar buracos no self em formação,


especialmente aquelas experiências mais invasivas, e futuramente resultar nas psicoses.
Sendo assim, quando um terapeuta atende uma pessoa que passou por essas falhas de
comunicação primitiva, é necessário que o seu trabalho seja desenvolvido através da
confiança e criação de vínculo com o acompanhado, para que através disso ele consiga
experienciar pela primeira vez algo que não foi possível no seu desenvolvimento emocional.
Logo o paciente vive uma dependência absoluta do terapeuta e o mesmo precisa saber
sustentar a indiferenciação.

Por conseguinte, a ilusão é extremamente necessária como um alicerce na gênese


do psiquismo humano, como também um elemento indispensável para a simbolização que é
necessária para o desenvolvimento da criatividade, sendo assim, a imaginação é
fundamental na constituição da subjetividade e da própria realidade do ser.

Para a relação prática do AT é importante que o acompanhante permita que o


acompanhado viva essa experiência, para que através disso o paciente consiga
desenvolver ou estabelecer as funções psíquicas que na sua história de vida ficaram
comprometidas.

Você também pode gostar