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Aula 3 – Saúde Ocupacional

05/03/2007

HIGIENE DO TRABALHO

Higiene do Trabalho é uma ciência multidisciplinar que tem por objetivo fundamental a
preservação da saúde do trabalhador.

OBJETIVOS DESTE MÓDULO

O capítulo de Saúde Ocupacional será dividido basicamente em três partes, sendo:


♦ 1ª Parte – Introdução.
♦ 2ª Parte – Agentes Físicos
♦ 3ª Parte – Agentes Químicos

Nesta primeira parte (Introdução), o objetivo é fornecer ao aluno uma base conceitual e princípios
básicos utilizados nos trabalhos relacionados com saúde ocupacional.

Portanto o aluno terá um conceito geral sobre riscos ambientais e de que forma a Higiene do
Trabalho atua no cenário Industrial e em outras atividades, desta forma o objetivo principal, e
preparar o aluno para o segundo e terceiro módulo, onde se verificarão em detalhes os estudos e
controle das exposições ocupacionais a agentes físicos e químicos, bem como suas aplicações nas
atividades do profissional da área de engenharia de Segurança e higiene no trabalho e sua atuação
na preve nção de doenças e na garantia da manutenção da integridade física dos trabalhadores.

INTRODUÇÃO A HIGIENE DO TRABALHO

Diante do processo de modernização e suas conseqüências, incluindo as desigualdades sociais,


poluição e degradação ambiental; a crescente concentração de poder econômico e político; a
industrialização acelerada e o uso de novos métodos tecnológicos na agricultura, a espécie
humana está sujeita a uma série de riscos decorrentes dos fatores ambientais envolvidos neste
processo, tais como: exposições a substâncias químicas, ruído, vibrações, radiações ionizantes e
não ionizantes, temperaturas extremas, pressões anormais, vírus, bactérias, protozoários, e muitos
outros.

O desenvolvimento tecnológico da humanidade, além de trazer enormes benefícios e conforto para


o homem do século XX, tem exposto o trabalhador a diversos agentes potencialmente nocivos e
que, sob certas condições, poderão provocar doenças ou desajustes no organismo das pessoas
que desenvolvem suas atividades normais em vários locais de trabalho.

A Higiene do Trabalho, estruturada como uma ciência prevencionista, vem sendo aperfeiçoada dia
a dia e tem como objetivo fundamental atuar no ambiente de trabalho, a fim de detectar o tipo do
agente prejudicial, quantificar sua intensidade ou concentração e tomar medidas de controle
necessárias para resguardar a saúde e o conforto dos trabalhadores durante toda sua vida de
trabalho.

Desta forma podemos considerar a Higiene do Trabalho como uma ciência multidisciplinar que
aparece com o objetivo fundamental da preservação da saúde e da integridade física dos
trabalhadores. Como você poderá ver em detalhes no decorrer deste primeiro módulo, podemos
definir a Higiene do Trabalho ou Higiene Ocupacional como ética prevencionista das enfermidades
profissionais.
Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

Definições mais detalhadas podem ser obtidas a partir de instituições internacionais, como por
exemplo:

♦ Para a A.I.H.A. (American Industrial Hygienists Association) se trata da “Ciência e arte


dedicados ao Reconhecimento, Avaliação e Controle dos fatores ambientais ou tensões
emanadas ou provocadas pelo local de trabalho e que pode ocasionar enfermidades,
destruir a saúde e bem-estar ou criar algum mal-estar significativo entre os trabalhadores
e os cidadãos da comunidade”.

♦ Para ACGIH (American Conference of Governmental Industrial Hygienists) se trata da


“ciência e arte devotada ao reconhecimento, avaliação e controle dos fatores ambientais e
de estresse originados do ou no local de trabalho, quem podem causar doenças,
comprometimento da saúde e do bem-estar, ou significante desconforto ou ineficiência
entre os trabalhadores ou membros da comunidade”.

Da definição de Higiene e seus objetivos, fica claramente estabelecido que seus princípios e
metodologia de atuação são aplicáveis a qualquer forma de atividade humana, em que possam
estar presentes diversos fatores causadores de doenças profissionais.

A maioria dos processos pelos quais o homem modifica os materiais extraídos da natureza, para
transformá-los em produtos úteis, segundo as necessidades tecnológicas atuais, são capazes de
dispersar no ambiente dos locais de trabalho substâncias que, ao entrarem em contato com o
organismo dos trabalhadores, podem acarretar moléstia ou danos à sua saúde.

RELAÇÕES DA HIGIENE COM A MEDICINA DO TRABALHO

O caráter eminentemente técnico diferencia a Higiene da Medicina do Trabalho, pois a primeira


avalia e corrige as condições ambientais partindo de critérios de validade geral, e a segunda é a
que exerce o controle e vigilância direta do estado de saúde do trabalhador, cuja alteração, que
seja causada pelas condições do seu ambiente de trabalho, é precisamente o que se pretende
evitar.

Garantir que os riscos ambientais identificados e avaliados são considerados no desenvolvimento


do Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO).

SAÚDE OCUPACIONAL NO BRASIL

Da definição de Higiene e seus objetivos, fica claramente estabelecido que seus princípios e
metodologia de atuação são aplicáveis a qualquer forma de atividade humana, em que possam
estar presentes diversos fatores causadores de doenças profissionais.

Por esses motivos vamos dar uma denominação mais ampla a esta ciência, falando de “HIGIENE
DO TRABALHO”, sendo esta denominação a utilizada no Brasil.

No Brasil a exposições a agentes agressivos no ambiente de trabalho é regulamentada a partir da


Lei 6.514/77 (Capítulo V da CLT), regulamentado pela Portaria 3.214/78, em principal nas NR-9
(Programa de Prevenção de Riscos Ambientais – PPRA), NR-7 (Programa de Controle Médico de
Saúde Ocupacional – PCMSO), e da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres).

Assim, também estes processos poderão originar condições físicas de intensidade inadequada para
o organismo humano, sendo que ambos os tipos de riscos (físicos e químicos) são geralmente de
caráter acumulativo e chega às vezes, a produzir graves danos à saúde dos trabalhadores.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

Para um melhor entendimento dos riscos a que os trabalhadores estão expostos, é comum
classificarmos da seguinte forma:

• RISCOS QUÍMICOS
Os riscos químicos são aqueles onde as substâncias, compostos ou produtos possam
penetrar no organismo pela via respiratória, nas formas de poeiras, fumos, névoas,
neblinas, gases ou vapores ou que, pela natureza da atividade de exposição, possam ter
contato ou ser absorvidos pelo organismo através da pele ou por ingestão. Estes
agentes podem ser encontrados na forma sólida, líquida e gasosa, e sua ação pode
ocasionar tanto lesão crônica quanto aguda.

• RISCOS FÍSICOS
Riscos físicos são as diversas formas de energia a que possam estar expostos os
trabalhadores, tais como ruído, vibrações, pressões anormais, temperaturas extremas,
radiações ionizantes, radiações não-ionizantes, bem como o infra-som e ultra-som e
outros que veremos mais detalhadamente em capítulos posteriores.

• RISCOS BIOLÓGICOS
Os riscos biológicos estão relacionados à exposição a bactérias, bacilos, parasitas,
protozoários, vírus, entre outros agentes patológicos.

• RISCOS ERGONOMICOS
Os riscos ergonômicos estão relacionados à adequação do ambiente de trabalho as
características humanas.

• RISCOS MECÂNICOS
Os riscos mecânicos estão relacionados à possibilidade de acidentes do trabalho.

Na disciplina de saúde ocupacional, somente estaremos tratando dos chamados riscos ambientais,
que são os riscos físicos, químicos e biológicos. Os riscos mecânicos e ergonômicos serão tratados
em outras etapas do curso de engenharia de segurança e higiene no trabalho.

FIGURA 1 – AGENTES AMBIENTAIS

RISCOS
FÍSICOS

RISCOS RISCOS
QUÍMICOS BIOLÓGICOS

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

Os agentes ambientais a que os trabalhadores estão expostos podem ser considerados a partir dos
quatorze anexos da NR-15 (Atividades e Operações Insalubres), como segue:

QUADRO 1 – AGENTES AMBIENTAIS COM BASE NA NR-15 (ATIVIDADES E OPERAÇÕES


INSALURES)

Lei Portaria Norma Anexo Assunto – Agente.


Lei 6.514/77. Portaria 3214/78 NR-15 Anexo 01 Exposição a ruído contínuo
Capitulo V do Ministério do Atividades e ou intermitente.
relativo a Trabalho que Operações Anexo 02 Exposição a ruído de
Segurança e aprova as Normas Insalubres. impacto.
Medicina do Regulamentadoras. Anexo 03 Exposição a calor.
Trabalho. Anexo 04 Revogado.
Anexo 05 Exposição a Radiações
Ionizantes.
Anexo 06 Trabalho em condições
hiperbáricas.
Anexo 07 Exposição Radiações Não
Ionizantes.
Anexo 08 Vibrações.
Anexo 09 Exposição a frio.
Anexo 10 Exposição a umidade.
Anexo 11 Exposição a Agentes
Químicos (análise
quantitativa).
Anexo 12 Exposição a Agentes
químicos (análise
qualitativa).
Anexo 13 Exposição a Agentes
químicos (análise
qualitativa).
- Benzeno.
Anexo 14 Agentes Biológicos.

AGENTES AMBIENTAIS

Como já indicado, visando facilitar o estudo dos riscos ambientais, podemos, classificá-los em três
grupos:

• Riscos Químicos
• Riscos Físicos
• Riscos Biológicos

Por sua vez, cada um destes grupos subdivide-se de acordo com as conseqüências fisiológicas que
podem provocar, quer em função das características físico–químicas dos agentes, quer segundo
sua ação sobre o organismo que deve ser estudada detalhadamente.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

RISCOS QUÍMICOS

As substâncias ou produtos químicos podem contaminar um ambiente de trabalho classificam-se,


segundo as suas características físico-químicas, em:

Aerodispersóides que podem ser sólidos e líquidos (névoas e neblinas).


Gases e vapores.

Ambos comportam-se de maneira diferente, tanto no que diz respeito ao período de permanência
no ar, quanto às possibilidades de ingresso no organismo (formas de ingresso de agentes químicos
e biológicos são pelas vias respiratórias, digestivas e cutâneas).

Por sua vez, os aerodispersóides podem ser divididos em sólid os e líquidos.

Os aerodispersóides sólidos e líquidos são classificados em relação ao tamanho de sua partícula e


à sua forma de origem.

São poeiras e névoas os aerodispersóides originados por ruptura mecânica de sólidos e líquidos,
respectivamente, e são fumos e neblinas aquelas formados por condensação ou oxidação de
vapores, provenientes respectivamente de substâncias sólidas ou líquidas a Condições Normais de
Temperatura e Pressão (CNTP) - (25º C e 1 atmosfera de pressão).

RISCOS FÍSICOS

Ordinariamente, os riscos representam um intercâmbio brusco de energia entre o organismo e o


ambiente, em quantidade superior àquela que o organismo é capaz de suportar, podendo acarretar
uma doença profissional.

Entre os mais importantes podemos citar:

• Temperaturas Extremas: Calor ou Frio


• Ruído
• Vibrações
• Pressões Anormais ou Pressões Extremas
• Radiações – Classificadas como Ionizantes ou Não–Ionizantes
• Umidade

RISCOS BIOLÓGICOS

Os contaminantes biológicos constituem o terceiro grupo de agentes que, junto com os físicos e os
químicos, são objetos de estudo em Higiene do Trabalho como desencadeantes de enfermidades
profissionais.

A presença de contaminantes biológicos no ambiente de trabalho e o contato dos trabalhadores


com estes, pode resultar em riscos biológicos.

Definem-se agentes biológicos como os microorganismos, parasitas e derivados animais ou


vegetais capazes de originar qualquer tipo de infecção, alergia, zoonose ou toxicidade.

Os contaminantes biológicos são todos os seres vivos de origem animal ou vegetal e aquelas
substâncias derivadas dos mesmos, presentes no posto de trabalho e que podem provocar efeitos
negativos na saúde dos trabalhadores.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

Classificam-se em:
- Organismos vivos: bactérias, ricktesias, vírus, fungos que podem causar
infecções, protozoários e alguns grupos de invertebrados parasíticos como
helmintos e artrópodes (mosquitos, carrapatos, pulgas, etc.);
- Zoonoses: originam-se do contato com animais.
- Derivados animais: anexos cutâneos (pêlos, penas, plumas), excrementos e
secreções;
- Derivados vegetais: pólen, pó vegetal, esporos fungicos e bolores.

De maneira geral, temos:


• Vírus
• Bactérias
• Fungos
• Parasitas
• Bacilos
• Helmintos
• Ricktesias

CONHECENDO A HISTÓRIA DA SAÚDE OCUPACIONAL


(Verificar texto em anexo)

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Módulo I – Introdução

PROGRAMAS DE SAÚDE OCUPACIONAL NO BRASIL

O tema saúde ocupacional não possui uma norma especifica definida pela legislação brasileira,
sendo tratamento através de diversos programas separados, porém, neste contexto, os programas
mais importantes são o Programa de Prevenção de Riscos Ambientais (PPRA), que em conjunto
com Programa d Controle Médico de Saúde Ocupacional (PCMSO) possuem como objetivo geral à
identificação, avaliação e controle dos riscos ambientais existentes nos locais de trabalho, que
possam causar danos à saúde ou a integridade física dos trabalhadores. Este dois programas serão
tratados com maior profundidade nesta disciplina, e de medicina do trabalho respectivamente.

FIGURA 2 – PROGRAMAS RELACIONADOS À HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL

PPRA

PCA
PPR

PROGRAMAS
PCMAT
RELACIONADOS A PGR
HIGIENE
OCUPACIONAL

LTCAT
NR-17

PCMSO

Na análise da figura 2, é importante considerar as principais legislações e riscos envolvidos em


cada tipo de programa, conforme indicado no Quadro 2 a seguir.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

QUADRO 2 – PROGRAMAS RELACIONADOS A HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL


SIGLA DESCRIÇÃO AGENTES AMBIENTAIS CONTEMPLADOS (*) ABRANGÊNCIA LEGISLAÇÃO APLIC ÁVEL
01 02 03 04
PPRA PROGRAMA DE PREVEN ÇÃO GERAL TRABALHISTA
DE RISCOS AMBIENTAIS X X X PORTARIA 3214/78 – NR-9

- LAUDO ERGONÔMICO GERAL TRABALHISTA


X PORTARIA 3214/78 – NR-17

PCMSO PROGRAMA DE CONTROLE GERAL TRABALHISTA


MÉDICO DE SAÚDE X X X X PORTARIA 3214/78 – NR-7
OCUPACIONAL
PCA PROGRAMA DE GERAL TRABALHISTA
CONSERVAÇÃO AUDITIVA X PORTARIA 3214/78 – NR-7
(RUÍDO)
ANEXO 1

PPR PROGRAMA DE PROTEÇÃO GERAL TRABALHISTA


RESPIRATÓRIA X INSTRUÇÃO NORMATIVA
001/1994

PGR (*) PROGRAMA DE ESPECÍFICO: TRABALHISTA


GERENCIAMENTO DE RISCOS X X X X MINEIRAÇÃO PORTARIA 3214/78 – NR-22

PCMAT PROGRAMA DE CONDIÇÕES ESPECÍFICO: TRABALHISTA


(*) E MEIO AMBIENTE DE CONSTRUÇÃO PORTARIA 3214/78 – NR-18
X X X X
TRABALHO NA IND ÚSTRIA CIVIL
DA CONSTRUÇÃO
LTCAT LAUDO TÉ CNICO DAS GERAL PREVIDENCIÁRIA
CONDIÇÕES AMBIENTAIS DO Decreto n.º 4.882/2003
X X X
TRABALHO Instrução Normativa n.º
99/03

(**) Também consideram agentes mecânicos (riscos de acidentes).

(*) DEFINIÇÕES
01 – QUÍMICOS
02 – FÍSICOS
03 – BIOLÓGICOS
04 – ERGONÔMICOS

A aplicação destes programas com o objetivo de resguardar a saúde e a integridade física dos
trabalhadores, podem ser entendida com o do fluxograma 1 a seguir.

FLUXOGRAMA 1 – APLICAÇÃO DOS PROGRAMAS RELACIONADOS A HIGIENE DO TRABALHO NO BRASIL

LTCAT

PPR PCA

PPRA NR -17
LAUDO
LAUDO
ERGONÔMICO

PCMAT PGR RESGUARDO DA


SAÚDE E
INTEGRIDADE
FÍSICA DOS
COLABORADORES
IDENTIFICAÇÃO
RECONHECIMENTO
AVALIAÇÃO
E CONTROLE AMBIENTAL

CONTROLE CLÍNICO
CLÍNICO E
E
PCMSO BIOLÓGICO

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Módulo I – Introdução

PROGRAMA DE PREVENÇÃO DE RISCOS AMBIENTAIS – PPRA.


NORMA REGULAMENTADORA N. º 9 (PORTARIA 3.214/78).

O PPRA (Programa de Prevenção de Riscos Ambientais) é regulamentado pela Portaria 3.214/78


através da Norma Regulamentadora 9, e tem como objetivo estabelecer critérios para implantação
de um programa de higiene ocupacional, buscando a preservação da saúde e da integridade física
dos colaboradores no desempenho de suas funções, através da prevenção e do gerenciamento dos
riscos ambientais existentes nos locais de trabalho, bem como estabelecer uma estratégia
consistente de avaliação da exposição ocupacional a riscos ambientais, através da documentação
dos riscos, priorização das avaliações necessárias, planejamento das ações de controle e
implementação destas.

A metodologia de trabalho estabelecida na NR-9 para desenvolvimento do PPRA, considera quatro


etapas básicas para a elaboração deste programa, sendo:

I. Antecipação
II. Reconhecimento
III. Avaliação
IV. Controle

FLUXOGRAMA 3 – RESUMO DO DESENVOLVIMENTO DO PPRA

ANTECIPAÇÃO RECONHECIMENTO

ATIVIDADE
CONSTANTE

AVALIAÇÃO
DIVULGAÇÃO PARA QUALITATIVA
CIPA
AVALIAÇÃO
(PLANILHA B)
AMOSTRAGEM
DIVULGAÇÃO PARA AMBIENTAL
OS (QUANTITATIVO)
COLABORADORES

DISPONIBILIZAÇÃO ANÁLISE OU
DE INFORMAÇÕES DEFINIÇÃO DAS HISTÓRICO MÉDICO
PARA ELABORAÇÃO MEDIDAS DE OCUPACIONAL
DO PCMSO CONTROLE

ANTECIPAÇÃO DOS RISCOS

Antecipar um risco é determinar a possibilidade de existência futura de um risco à saúde dos


trabalhadores ainda na fase de projeto de um local de trabalho, ou na modificação, de qualquer
natureza, de um local já existente.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

Na antecipação de riscos diversos são as dificuldades, pois em grande número de casos, projetos
de instalações e/ou máquinas são elaborados e executados com evidentes falhas que envolvem um
comprometimento não só à saúde como até a integridade física ou mesmo à vida dos
trabalhadores. Em muitos casos simplesmente não há qualquer projeto.

Os responsáveis pela elaboração dos projetos de construção e equipamentos não estão ainda
suficientemente motivados e capacitados, para incluir no projeto os itens de segurança e higiene
adequados, apesar de já se dispor, mas escolas de engenharia e afins o ensino básico destas
ciências.

RECONHECIMENTO DE RISCOS

Reconhecer um risco é, conhecendo suas propriedades físicas, químicas e toxicológicas, determinar


sua presença num local de trabalho e a possibilidade de exposição dos trabalhadores. No
reconhecimento de um risco, diversos são os problemas enfrentados ainda hoje. Riscos Físicos
como o ruído, calor ou radiação é bem conhecidos e seu reconhecimento não oferece maiores
problemas. Os riscos químicos, contudo, oferecem ainda hoje grande dificuldade, parte pela
própria complexidade do assunto, e parte pelo despreparo da pessoa da equipe de saúde do
trabalhador nos assuntos ligados à Química, o que é agravado por uma constante atitude de
diversas industrias ou empresas fornecedoras de produtos químicos em não fornecerem
informações mais complexas sobre seus produtos.

Para o reconhecimento de riscos se faz necessárias à formação adequada do Higienista e uma


atualização constante através de acesso as informações completas e atualizadas.

Algumas dificuldades já nesta fase são observadas. Inicialmente com a formação dos Higienistas
(Profissão até hoje não Regulamentada em nosso País), ou dos responsáveis da execução das
atividades de Higiene. Não havendo a formação adequada é possível ter-se distorções como um
Engenheiro Civil, ou Mecânico serem responsáveis por controle de Agentes Químicos e que
certamente só poderá ser realizado com o esforço e dedicação, qualidades estas que infelizmente
são cada vez mais raras no Brasil de hoje.

Mesmo com formação adequada o Higienista enfrenta problemas pelo desconhecimento de ação
agressiva do agente. Uma substância pode hoje não ter nenhuma referência de sua toxicidade ou
risco à saúde, não porque não seja prejudicial, mas simplesmente porque não se dispõe de
informações suficientes, porque não houve tempo para que a Comunidade Científica realizasse
pesquisas adequadas sobre ela, pois são introduzidas muitas substâncias novas por ano no
mercado mundial e muitas vezes sem que se tenha um histórico relacionado à saúde do
trabalhador.

Para algumas substâncias químicas, mesmo sendo utilizadas há muito tempo, simplesmente pode
não haver tido motivação dos pesquisadores para desenvolverem algum projeto de pesquisa sobre
elas, ou ainda as Agências Financiadoras ou Centros de Pesquisas não as colocam em prioridade
para liberação de recursos financeiros.

Por outro lado, as informações existentes na literatura, mesmo as mais recentes, são de no mínimo
alguns meses se não anos. O conhecimento científico é dinâmico e diversos são os exemplos de
substâncias que mudam drasticamente seu perfil de maneira rápida. Ex. Formaldeído, Óxido de
Etileno, etc... .

Algumas substâncias necessitam ainda de grandes períodos de experimentação não sendo possível
à obtenção de resultados em experimentos de curto prazo em laboratório. Ex. DDT.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

AVALIAÇÃO DOS RISCOS

A fase sem dúvida mais complexa da Higiene é a fase de avaliação, que apresenta diversas
dificuldades ainda hoje, tais como: Estratégia, Procedimento de Coleta, Número de Amostras, etc.
Temos ainda dificuldades na compra em razão do alto custo de muitos equipamentos de
Monitoramento Ambiental e por não serem fabricados no Brasil, dificuldades com a manutenção e
reposição de peças, alem da indicação de equipamentos para coleta (necessidade de
conhecimentos técnicos) e análise química das concentrações de agentes químicos ou intensidades
de agentes físicos (laboratórios especializados). Faz-se necessário o estudo aprofundado para não
investir em material inadequado para a atividade que se deseja avaliar, infelizmente sendo ainda
freqüente a perda irreparável de amostras coletadas até com dificuldades por inadequação do
equipamento de coleta e falta de informações dos usuários.

Uma terceira dificuldade refere-se a Agentes Químicos. O laboratório deve ser especializado em
micro-análise, com profissionais altamente capacitados para tais atividades, deve contar com
métodos analíticos validados por procedimentos padrões reconhecidos (normalmente estes
padrões são internacionais) e com equipamentos de geração de atmosfera padrão, além do
controle de qualidade interno e externo. É fácil perceber que não é simples encontrarmos na
realidade brasileira, um laboratório que atenda a estas especificações mínimas, situação esta que
começa a se reverter.

Após a fase de medição muitos problemas ainda existem com a falta de conhecimentos da
interpretação dos resultados quando, então, faz-se muitas vezes uma comparação direta com os
limites de exposição sem ao menos se considerarem, as médias que devem ser calculadas ou a
somatória de medidas padronizadas (Exemplo Agentes Químicos – NR 15).

Alguns conceitos importantes para a etapa de avaliação são:

Tempo de exposição: Quanto Maior o tempo de exposição, maior será as possibilidades de se


produzir uma doença do trabalho.

Concentração ou intensidade dos agentes ambientais: Quanto maior a concentração ou intensidade


dos agentes agressivos presentes no ambiente de trabalho, tanto maior será a possibilidade de
danos à saúde dos trabalhadores expostos.

Características dos agentes ambientais: As características específicas de cada agente também


contribuem para a definição do seu potencial de agressividade.

O estudo do ambiente de trabalho, visando estabelecer relação entre o ambiente e possíveis danos
à saúde dos trabalhadores deve ser devidamente analisado tanto a tarefa como as situações
ambientais.

Devem ser efetuados monitoramento e conhecer as situações de risco e buscando soluções para
que se mantenham condições abaixo do Limite de Tolerância menor que 50%, conforme previsto
na NR-9 para que os trabalhadores possam efetuar suas atividades normais em seus locais de
trabalho sem riscos a sua saúde e vida, isso constitui no que chamamos de um levantamento de
condições ambientais de trabalho.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

O levantamento pode dividir-se em duas partes:

• Estudo qualitativo
• Estudo quantitativo

O estudo qualitativo das condições de trabalho visa coletar o maior número possível de
informações e dados necessários, a fim de fixas as diretrizes a serem seguidas no levantamento
quantitativo.

O estudo quantitativo complementará o reconhecimento preliminar dos ambientes de trabalho,


através de medições adequadas, que nos dirão no final, quais as possibilidades dos trabalhadores
serem afetados pelos diferentes agentes agressivos nos locais de trabalho.

CONTROLE DOS RISCOS

Com estas dificuldades todas, percebe-se que as medidas de controle mal fundeadas só poderão
redundar em inadequadas e, com isso, toda a equipe de saúde do trabalho e mesmo da Saúde
Pública fica desacreditada.

Mesmo com uma avaliação correta de medidas de controle enfrentamos ainda o problema
econômico no seu desenvolvimento e implantação que corrigirá a situação que poderá atingir a
saúde dos colaboradores; para superar este obstáculo devemos ter muita motivação da Legislação,
da empresa, dos trabalhadores e dos profissionais de Segurança do Trabalho que devem cada vez
mais buscar conhecimentos para demonstrar as necessidades de uma correção de uma atividade
que esta sendo prejudicial.

Deverão ser adotadas as medidas necessárias e suficientes para a eliminação, a minimização ou o


controle dos riscos ambientais sempre que forem verificadas uma ou mais das seguintes situações:

ü Constatação nas fases de antecipação dos riscos ou reconhecimento de riscos, de risco


potencial à saúde;
ü Quando os resultados das avaliações quantitativas da exposição dos colaboradores
excederem os limites de tolerância estabelecidos na legislação ou normas técnicas locais
ou, na ausência destes, os valores dos limites de exposição ocupacional adotados pela
ACGIH;
ü Quando, através do controle médico da saúde, ficar caracterizado o nexo causal entre os
danos verificados na saúde dos colaboradores e os riscos ambientais existentes.

Nota: Avaliar a eficácia das medidas de proteção implantadas, bem como desenvolver e implantar
medidas de controle de riscos ambientais obedecendo à seguinte hierarquia: eliminação ou
redução da utilização ou da formação de agentes prejudiciais à saúde dos colaboradores;
prevenção da liberação destes agentes no ambiente de trabalho; redução dos níveis ou das
concentrações destes agentes nos ambientes de trabalho, através da implantação de sistemas de
proteção coletiva, medidas de caráter administrativo para redução da exposição, e utilização de
equipamentos de proteção individual.

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

Atuação NA FONTE

NA TRAJETÓRIA

NO INDIVÍDUO

FLUXOGRAMA 2 – ANÁLISE DAS MEDIDAS DE CONTROLE

Existem medidas de
Tecnologia de proteção
SIM Pode ser SIM
individual ou coletiva que Tecnologia de
tecnicamente
eliminem, reduzem ou proteção eficaz
comprovada?
neutralizem o agente de
exposição? NÄO

NÄO Histórico
ocupacional
NÄO (PCMSO)
registram
resultados de
alterados?

Tecnologia de
proteção ineficaz
SIM

Modificação/Alteração
das características de
trabalho ou proteção

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

SIGLAS, ABREVIAÇÕES E DEFINIÇÕES.


(MATERIAL DE AUXÍLIO)

SIGLAS
DEFINIÇÕES
ABREVIAÇÕES
ABHO Associação Brasileira de Higienistas Ocupacionais
ABIEX Associação Brasileira das Indústrias de Equipamentos Contra Incêndio e Cilindros de Alta Pressão
ABIQUIM Associação Brasileira da Indústria Química
ABNT Associação Brasileira de Normas Técnicas
ABPA Associação Brasileira de Prevenção de acidentes
ACGIH American Conference of Governmental – INDUSTRIA HYGIENISTS
AIA Avaliação de Impacto Ambiental – BRASIL - MEIO AMBIENTE
AIHA American Industrial Hygienists Association – HIGIENE DO TRABALHO
ANSI American National Standards Institute
ASO Atestado de Saúde Ocupacional
ASTM American Society for Testing and Materials
BEL Unidade de intervalo de potência acústica
BPF Baixo Ponto de Fluidez
BTE Baixo Teor de Enxofre
CA Certificado de Aprovação
CANPAT Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho
CAT Comunicação de Acidentes do Trabalho
CEI Cadastro Específico do Instituto Nacional do Seguro Social
CFC Clorofluorcarbono
CGC Cadastro Geral do Contribuinte
CIPA Comissão Interna de Prevenção de Acidentes
CIPATR Campanha Nacional de Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural
CLT Consolidação das Leis do Trabalho
CMP Concentração Máxima Permitida
CNAE Classificação Nacional de Atividades Econômicas
CND Certidão Negativa de Débito
CNEN Comissão Nacional Energia Nuclear
CNP Conselho Nacional de Petróleo
CNPJ Cadastro Nacional de Pessoa Jurídica (nova sigla que substitui o CGC)
CNTP Condições Normais de Temperatura e Pressão
CONAMA Conselho Nacional de Meio Ambiente
CPATP Comissão de Prevenção de Acidente no Trabalho Portuário
CPN Comitê Permanente Nacional
CPR Comitê Permanente Regional
CREA Conselho Regional de Engenharia, Arquitetura e Agronomia.
CRF Certificado de Registro do Fabricante
CRI Certidão de Registro de Importador
CRJF Certidão de Regularidade Jurídico Fiscal
CRM Conselho Regional de Medicina
CSC Convenção de Segurança para Contêineres
DB Decibel corresponde a um décimo do Bel.
DECEX Departamento de Comércio Exterior

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

SIGLAS
DEFINIÇÕES
ABREVIAÇÕES
DIN Deuthshe Industrie Normung - Norma Européia
DL Dose Letal
DNSHT Departamento Nacional de Segurança e Saúde do Trabalho
DNSHT Departamento Nacional de Segurança e Higiene do Trabalho
DORT Doenças Ósseas Relacionadas ao Trabalho
DOU Diário Oficial da União
DPC Diretoria de Portos e Costas
DTM Delegacia do Trabalho Marítimo
EIA Estudo de Impacto Ambiental
EPA Environmental Protection Agency
EPC Equipamento de Proteção Coletiva
EPI Equipamento de Proteção Individual
GTT Grupo de Trabalho Tripartite
HERTZ Medida de Freqüência
IA Impacto Ambiental
IBAMA Instituto Brasileiro de Meio Ambiente
IBS Instituto Brasileiro de Meio Segurança
IBUTH Índice de Bulbo Úmido – Termômetro de Globo
ICPR Comissão Internacional de Proteção Radiológico
ICRP International Commission of Radiological
IN Instrução Normativa
INMETRO Instituto Nacional de Metodologia, Normalização e Qualidade Industrial.
INSS Instituto Nacional de Seguridade Social
IOHA International Occupational Hygiene Association
IPT Instituto de Pesquisas Tecnológicas
IRB Instituto de Resseguros do Brasil
LRM Livro Registro do Mergulhador
LUX Unidade de Medida de Quantidade de Luz
3
m Metro Cúbico
MIG Metal Inert Gas
MTA Ministério do Trabalho e da Administração
MTb Ministério do Trabalho
NB Norma de Procedimento
NBR Normas Brasileiras
NFPA National Fire Protection Association
NIOSH National Institute for Occupational Safety and Health
NR Normas Regulamentadoras
NRR Normas Regulamentadoras Rurais
NRTP Norma Regulamentadora do Trabalho Portuário
OGMO Órgão Gestor de Mão de Obra
OIT Organização Internacional do Trabalho
OIT Organização Internacional do Trabalho
OMI Organização Marítima Internacional
OMS Organização Mundial da Saúde

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Saúde Ocupacional
Módulo I – Introdução

SIGLAS
DEFINIÇÕES
ABREVIAÇÕES
OSHA Occupational Safety and Health Administration
PAM Plano de Auxílio Mútuo
PAT Programa de Alimentação ao Trabalhador
PCA Programa de Conservação Auditiva
PCE Plano de Controle de Emergência
PCMAT Programa de Condições e Meio Ambiente do Trabalho na Indústria da Construção
PCMSO Programa de Controle Médico de Saúde Ocupacional
pH Potencial Hidrogeniônico
PMTA Pressão Máxima de Trabalho Admissível
PMTP Pressão Máxima de Trabalho Permitida
PPEOB Programa de Prevenção da Exposição Ocupacional ao Benzeno
Partes por Milhão: proporção de gás concentrado no ar ambiente.
PPM Exemplo: 10 ppm significa que em cada 1.000.000 de partes de ar no ambiente, 10.
Partes são da substância referida (existente)
PPP Perfil Profissiográfico Previdenciário
PPR Programa de Proteção Respiratória
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
PPRA Programa de Prevenção de Riscos Ambientais
RIMA Relatório de Impacto Ambiental
SEPATR Serviço Especializado em Prevenção de Acidentes do Trabalho Rural
SESMT Serviços Especializados em Engenharia de Segurança e Medicina do Trabalho
SESSTP Serviço Especializado em Segurança e Saúde do Trabalhador Portuário
SIPAT Semana Interna de Prevenção de Acidentes do Trabalho
SNTb Secretaria Nacional do Trabalho
SSMT Secretaria de Segurança e Medicina do Trabalho
SSST Secretaria de Segurança e Saúde do Trabalho
TEM Ministério do Trabalho e Emprego
TIG Tungsten Inert Gas
VRT Valor de Referência Tecnológico

Outras definições importantes:


• Tóxico: é toda substância capaz de exercer efeito adverso no organismo.
• Toxicologia: estuda as ações nocivas dos produtos químicos sobre os organismos
biológicos.
• Toxicidade: é a capacidade intrínseca da molécula de intoxicar ou envenenar.
Intoxicação: manifesta-se por um conjunto de sinais e sintomas, e pode ser classificada quanto a
intensidade dos efeitos em: leve, moderada e grave. Quanto à duração da exposição em aguda,
sub aguda e crônica. Quanto ao tipo em locais e sistêmicas.

Prof essor Marco Rogério Costa 16

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