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Unidade 1

Seção 2

Sociologia Brasileira
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Webaula 2
Gilberto Freyre e o problema
da dominação

1
Nesta webaula apresentaremos uma das primeiras análises do nosso país inspirada em
paradigmas caros à Sociologia, com foco na proposta de Gilberto Freyre. Por meio delas é
possível compreender as nossas “questões nacionais” e as motivações adjacentes à formação
da Sociologia enquanto disciplina no Brasil.

2
Um olhar do Brasil a partir do
Nordeste
Profundas transformações econômicas, sociais,
políticas e culturais autorizam a afirmação de
que houve um Brasil antes e um Brasil depois
dos anos 1930.

Apesar de São Paulo, Rio de Janeiro e Minas


Gerais serem sedes, naquela época, de um ciclo Fonte: pixabay.com
da economia e política brasileiras, houve outros
ciclos capazes de coordenar sobremaneira às
atividades e à vida social do país.

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Antes do café
Antes do café, a produção agrícola brasileira O mais importante, no engenho, era que
era dominada pelo açúcar. Para a implantação residiam todos que, de alguma maneira,
de um canavial era necessária uma larga estavam relacionados à produção do
extensão de terra, isolada e organizada, visando açúcar. Sendo assim, o engenho era
um melhor aproveitamento do produto para a dividido, em geral, entre a casa-grande e
exportação. a senzala.

Este imenso espaço era uma parte do que se


convém chamar de engenho onde, de fato,
eram realizadas todas as etapas de produção.

4
Casa grande e senzala
Como uma unidade de produção total e autossuficiente, em que pese a existência de uma
população livre, é inegável que, no engenho, se destacam a casa-grande e a senzala, descritas
a seguir.

A casa-grande era a imponente estrutura que servia A senzala era a insalubre estrutura que servia de lar
de lar ao senhor de engenho, sua família e certos aos trabalhadores do engenho, que eram escravos de
criados e criadas. origem africana.

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Fim do Ciclo
Com o início da concorrência dos holandeses, no século XVII,
Portugal tem a sua supremacia na produção de açúcar
ameaçada, até perder o posto no século XVIII. O ciclo do
açúcar termina no Brasil e, evidentemente, as consequências
são sentidas também na metrópole. No entanto, mesmo com
a decadência de tal modelo de produção, suas marcas
mantêm-se na sociedade brasileira.

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Determinismo social
Desde o século XIX havia autores preocupados em escrever
sobre as peculiaridades do Brasil. Contudo, em alguns como
Euclides da Cunha, em Os Sertões, o elemento-chave é a
terra, desse modo, ele acreditava em uma determinação ou
imposição do meio natural e das condições biológicas sobre
os indivíduos.

Consequentemente, Euclides da Cunha enxerga uma


descontinuidade entre o que se passa nos rincões do Brasil e
o que se passa nas cidades e, então, sinaliza a importância de
rupturas.

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Raça e cultura
Ao contrário de Euclides da
Cunha, outros autores, como
Sérgio Buarque de Holanda,
enfatizam estruturas de
pensamento e mentalidades –
isto é, ele argumenta que se 
explica uma sociedade
distinguindo a sua cultura e a sua
maneira de pensar, sentir e, logo,
agir.

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Matrizes brasileiras
O autor considera três matrizes na formação da sociedade brasileira, as quais contribuíram para
a peculiaridade do povo brasileiro. Clique para conhecê-las.

Indígenas Africanos Portugueses

Os indígenas promovem a Os negros trazem contribuições Os portugueses são dotados de


aproximação com o ambiente técnicas, culinárias, religiosas e de uma grande plasticidade e
local e práticas de ordem vestuário. promovem aqui uma abertura ao
medicinal e religiosa, moldando contato, e à interação entre
diversos hábitos. pessoas que não se viu em outros
locais.

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Ainda que não haja em Freyre uma hierarquização das três raças, é evidente que há uma
hierarquia entre os três grupos culturais. Fica evidente a atribuição, por parte deste autor, de
uma importância menor aos indígenas em comparação com os negros, considerando que
estes, por sua vez, submetem-se aos portugueses.

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História da vida cotidiana
Independentemente dessa comparação, o autor não se
restringe a analisar os aspectos da vida pública, política e
econômica do Brasil colonial. De maneira inovadora, Freyre
executa extensa pesquisa documental e empírica, e seu foco
recai sobre os aspectos da vida cotidiana, circunscrevendo,
assim, a análise da ordem patriarcal à análise da família e,
logo, da unidade engenho.

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Casa-grande “&” Senzala
Em meio à silenciosa minimização da contribuição dos
indígenas, Freyre destaca que a cultura negra pôde se diluir
na cultura portuguesa; senzala e casa-grande, representando
cada uma das culturas, fundem-se uma à outra e tornam-se,
portanto, um único mundo, uma única realidade social e
cultural. O próprio título do livro,Casa-grande & Senzala,
indica esta interpenetração dos dois polos a partir do uso do
“&” – ao invés do simples “e”.

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A harmonia autoritária na visão de Gilberto Freyre
Diferente dos autores que o precederam, Ele não descartava a existência de racismo,
Gilberto Freyre ressalta a contribuição da no entanto, para Freyre, a relação entre as
cultura negra para o país, além daquela culturas acabou sendo benéfica,
resumida ao trabalho físico. No cenário principalmente aos negros. Dominação e
dos anos 1930, em que diversas teorias submissão não seriam, portanto, polos de
racistas e propostas de eugenia eram uma relação propriamente vertical e, sim,
fortemente propagadas, Freyre polos de uma relação (quase) horizontal.
revoluciona ao dizer que a miscigenação Sendo assim, é preciso dizer, novamente,
era um aspecto positivo para o país. que existem conflitos, mas, na visão de
Freyre, existe também harmonia, mesmo
que sustentada sobre o princípio de
autoridade.

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O tempo trouxe e traz mudanças para a sociedade brasileira, mas Gilberto Freyre aponta para a
reprodução dos padrões de vida patriarcal para além do espaço físico e temporal do engenho,
onde havia casa-grande e senzala, hoje existem sobrados e mocambos.

Consequentemente, a modernidade não há de se realizar no Brasil na medida em que o


patriarcado tende a se manter. Em Freyre, há uma continuidade social e, se há continuidade, é
como se vivêssemos um eterno presente – ou, se você preferir, o passado, o presente e o futuro
estão sobrepostos na sociedade brasileira.

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Bons estudos!
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