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Ponto V - Dos Bens
Ponto V - Dos Bens
CENTRO DE EDUCAÇÃO
DIVISÃO DE ENSINO SUPERIOR
DISCIPLINA: DIREITO CIVIL
PROFESSOR: CEL COSTA
5º MÓDULO – DOS BENS
COISA ≠ BEM
TEORIAS:
Fonte: PEREIRA, Caio Mário da Silva. Instituições de direito civil. 20. ed. Rio de Janeiro: Forense,
2004. v. I, p. 116.
“Coisa é tudo que existe objetivamente, com exclusão do homem”. Os “bens são coisas que,
por serem úteis e raras, são suscetíveis de apropriação e contêm valor econômico”.
Fonte: RODRIGUES, Silvio. Direito civil. 33. ed. São Paulo: Saraiva, 2003. v. I, p. 116.
COISA BEM
GÊNERO ESPÉCIE
BENS
OBJETO TUTELADO
PELA NORMA1
Resumo dos conceitos:
Bens = Coisas com interesse econômico e/ou jurídico. (Critério adotado pelo CCB/2002)
São aqueles que não podem ser removidos ou transportados sem a sua deterioração ou
destruição.
São aqueles que podem ser transportados, por força própria ou de terceiro, sem a
deterioração, destruição e alteração da substância ou da destinação econômico-social.
São aqueles formados pelo solo, subsolo, espaço aéreo e os que forem sendo
incorporados naturalmente, chamados de imóveis por acessão.
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1.2.3 BENS IMÓVEIS POR ACESSÃO INDUSTRIAL OU ARTIFICIAL.
São aqueles bens formados por tudo o que o homem incorporar permanentemente ao
solo, não podendo removê-lo sem a sua destruição ou deterioração.
Obs: há uma discussão doutrinária se estes bens ainda persistem na atual sistema
legislativo, mesmo o código civil ainda mantendo sua definição como pertença.
Obs: O assunto será tratado quando da análise dos bens acessórios, especificamente das
pertenças.
São bens imóveis por determinação legal, o direito à sucessão aberta e os direitos reais
sobre os imóveis a exemplo: A hipoteca, como regra geral e do penhor agrícola,
excepcionalmente.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
Penhor - entrega de um bem para que sirva de garantia de pagamento, seja de uma
dívida, seja de uma operação de crédito. (Art. 1431 CC/2002)
São os que podem ser transportados sem qualquer dano, por força própria ou alheia.
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Obs 1: Quando o bem móvel puder ser movido de um local para outro, por força
própria, será denominado bem móvel semovente, como é o caso dos animais.
Obs 2: Conforme o art. 84 do CC, os materiais destinados a uma construção, enquanto
não empregados, conservam a sua mobilidade sendo, por isso, denominados bens móveis
propriamente ditos.
São os que eram imóveis, mas que foram mobilizados por uma atividade humana.
Exemplo típico é a colheita de uma plantação.
Obs: Há uma situação oposta à imobilização por acessão física industrial. A segunda
parte do art. 84 do CC prevê que, no caso de demolição, os bens imóveis podem ser
mobilizados, ocorrendo a antecipação.
BEM IMÓVEL
BEM MÓVEL
≠
POR ACESSÃO
FÍSICA OU POR
INDUSTRIAL(ar ANTECIPAÇÃO
t. 81,II) (art. 84, in fine)
(tijolos novos) (tijolos velhos)
ATENÇÃO:
Os navios e aeronaves são bens móveis especiais ou sui generis. Apesar de serem
móveis pela natureza ou essência, são tratados pela lei como imóveis, necessitando de registro
especial e admitindo hipoteca. Justamente porque pode recair também sobre navios e aviões,
pelo seu caráter acessório e pelo princípio de que o acessório deve seguir o principal, a
hipoteca, direito real de garantia, pode ser bem móvel ou imóvel.
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3.CLASSIFICAÇÃO DOS BENS MÓVEIS QUANTO À FUNGIBILIDADE:
São aqueles que não podem ser substituídos por outros da mesma espécie, quantidade
e qualidade.
São também denominados bens personalizados ou individualizados, sendo que os bens
imóveis são sempre infungíveis.
Ex: As obras de arte únicas e os animais de raça identificáveis.
Obs: Os automóveis também são bens móveis infungíveis por serem bens complexos e
terem número de identificação (chassi).
Obs: No caso de empréstimo de bens infungíveis há contrato de comodato.
São os que podem ser substituídos por outros da mesma espécie, qualidade e
quantidade
Exemplo: Dinheiro, ferramentas de construção.
Obs: O empréstimo de bens fungíveis é o mútuo, caso do empréstimo de dinheiro.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
COMODATO: Empréstimo de bem que não pode ser substituído e deve ser devolvido ao
final.
Ex: Locação de veículos.
MÚTUO: Empréstimo de bem que pode ser substituído e deve ser devolvido ao final.
Ex: dinheiro, ferramentas de construção.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
COMODATO: Empréstimo de bem que não pode ser substituído e deve ser devolvido
ao final. Ex: Locação de veículos.
MÚTUO: Empréstimo de bem que pode ser substituído e deve ser devolvido ao final.
Ex: dinheiro, ferramentas de construção.
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4. CLASSIFICAÇÃO DOS BENS QUANTO A CONSUNTIBILIDADE:
São bens móveis, cujo uso importa na destruição imediata da própria coisa
(consuntibilidade física), bem como aqueles destinados à alienação. (art. 86 do CC/2002)
São aqueles que proporcionam reiteradas utilizações, permitindo que se retire a sua
utilidade, sem deterioração ou destruição imediata (inconsuntibilidade física), bem como
aqueles que são inalienáveis (inconsuntibilidade jurídica).
FIXANDO:
Ex: Um automóvel.
INFORMAÇÕES ADICIONAS
O Código de Defesa do Consumidor, no seu art. 26, classifica os bens como DURÁVEIS
( INCONSUMÍVEIS) Os que não desaparecem facilmente com o consumo (90 dias para
reclamação) e os não NÃO DURÁVEIS (CONSUMÍVEIS), ou seja, os que não têm permanência
com o uso. (30 dias para reclamação)
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Ex: Sacas de cereais, que podem ser divididas sem qualquer destruição.
Obs: Os bens divisíveis geram obrigações divisíveis, nos termos do art. 257 do CC.
São os que não podem ser partilhados, pois deixariam de formar um todo perfeito,
acarretando a sua divisão uma desvalorização ou perda das qualidades essenciais desse todo.
Ex: Caso de uma casa térrea, bem imóvel, cuja divisão gera diminuição do seu valor.
Outro exemplo clássico utilizado é o do relógio de pulso de valor considerável
Ex: Herança, que é indivisível até a partilha, por força do princípio da SAISINE, nos
termos dos arts. 1.784 e 1.791, Parágrafo único, do CC/2002.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
Ex: Se dois proprietários de um boi convencionarem que o animal será utilizado para a
reprodução, retira a possibilidade de sua divisão (touro reprodutor).
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6. CLASSIFICAÇÃO QUANTO A INDIVIDUALIDADE:
São bens singulares aqueles que, embora reunidos, possam ser considerados de per si,
independentemente dos demais, deve-se levar em conta o bem em relação a si mesmo.
Podem ser:
Se subclassificam em:
É o conjunto de bens singulares, tangíveis ou não, a que uma ficção legal, com o intuito
de produzir certos efeitos, dá unidade individualizada.
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Exemplos: O patrimônio, a herança de determinada pessoa, o espólio, a massa falida,
entre outros conceitos estudados como entes despersonalizados no capítulo anterior.
São os bens cuja existência e finalidade dependem de um outro bem, denominado bem
principal.
QUANTO A ORIGEM:
B) QUANTO AO ESTADO:
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Exemplo: as mangas armazenadas;
São os bens acessórios que saem da coisa principal, diminuindo a sua quantidade e
substância.
Exemplo: Pepita de ouro retirada de uma mina.
Obs: Percebe-se que é discutível a condição de acessório dos produtos, eis que são
retirados ou destacados da própria coisa principal.
Não seria ele um bem acessório natural?
São bens que se acrescem, como acessórios à coisa principal, daí serem considerados
como res anexa (coisa anexada). Portanto, são bens acessórios sui generis destinados, de modo
duradouro, a conservar ou facilitar o uso ou prestar serviço ou, ainda, a servir de adorno ao
bem principal, sem ser parte integrante. (...). Apesar de acessórios, conservam sua
individualidade e autonomia, tendo apenas como principal uma subordinação econômico-
jurídica, pois sem haver qualquer incorporação vinculam-se ao principal para que atinja suas
finalidades.
São pertenças todos os bens móveis que o proprietário, intencionalmente, empregar na
exploração industrial de um imóvel, no seu aformoseamento ou na sua comodidade.
DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 139.
Enfim, são os bens que, não constituindo partes integrantes, se destinam, de modo
duradouro, ao uso, ao serviço ou ao aformoseamento de outro.
Insta ainda observar que de acordo com o art. 94 do CC/2002, os negócios jurídicos que
dizem respeito ao bem principal não abrangem as pertenças, salvo se o contrário resultar da lei,
da manifestação de vontade, ou das circunstâncias do caso.
Exemplo: Veículo vendido com alienação fiduciária, ao qual o possuidor instala
equipamentos por ser ou ter se tornado pessoa que necessite de equipamento especial para
dirigir. Os equipamentos acrescidos pelo possuidor são pertenças do veículo e não bens
acessórios.(Parte inicial do art. 94 CC/2002)
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Exemplo: Piano e um conservatório, ao adquirir-se o imóvel na qualidade de
conservatório, o PIANO é uma pertença e deve acompanhar o imóvel. (Parte inicial do art. 94
CC/2002).
Exemplo: Caso seja adquirido um imóvel e não um conservatório, havendo um piano
nesse imóvel, neste caso o piano é bem acessório, e não pertença. (Parte final do art. 94
CC/2002).
C) PARTES INTEGRANTES
São partes integrantes que estão unidos ao bem principal, formando com este último
um todo independente. As partes integrantes são desprovidas de existência material própria,
mesmo mantendo sua integridade. (DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. 15. ed. São
Paulo: Saraiva, 2010. p. 140.)
Ex.: A lâmpada em relação ao lustre e a lente de uma câmera, ambas as coisas não têm a
mesma funcionalidade quando não estão ligadas ao principal.
A parte integrante sempre deve ser analisada tendo um outro bem como parâmetro. A
diferença substancial em relação às pertenças é que as últimas têm certa individualidade.
D) BENFEITORIAS
- BENFEITORIAS NECESSÁRIAS
Sendo essenciais ao bem principal, são as que têm por fim conservar ou evitar que o
bem se deteriore.
Exemplo: a reforma do telhado de uma casa.
- BENFEITORIAS ÚTEIS
- BENFEITORIA VOLUPTUÁRIAS
São as de mero deleite, de mero luxo, que não facilitam a utilidade da coisa, mas apenas
tornam mais agradável o uso da coisa.
Exemplo: construção de uma piscina em uma casa.
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8.1 BENS PARTICULARES OU PRIVADOS:(Art. 98, in fine)
São os que pertencem às pessoas físicas ou jurídicas de Direito privado, atendendo aos
interesses dos seus proprietários.
Obs: Os bens de uso geral do povo não perdem a característica de uso comum se o
Estado regulamentar sua utilização de maneira onerosa.
INFORMAÇÕES ADICIONAIS:
Bens públicos de uso comum e especial são inalienáveis. (Art. 100 do CC/2002);
É possível que um dominical sela alienado por meio da desafetação (art. 101 do
CC/2002);
BENS PÚBLICOS não estão sujeitos a USUCAPIÃO – (Art.. 102 do CC/2002);
Quanto ao uso dos bens públicos este pode ser gratuito ou oneroso, nos termos da Lei
da entidade que o administra. (Art.103 CC/2002).
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Quanto a pretensão de adquirir, os bens públicos, comuns, especiais e dominicais são
imprescritíveis. (Art. 183, § 3º e 191, Parágrafo Único da CRFB/88)
BENS DIFUSOS: (art. 225 da CF/88 e Lei 6.938/81 – Lei da Política Nacional do Meio
Ambiente):
Bem ambiental que pode ser material e imaterial.
- Material as reservas florestais;
- Imaterial o ar que respiramos.
- Figura do POLUIDOR PAGADOR – Culpa objetiva.
RES NULLIUS: Coisas de ninguém;
Só os móveis, pois os imóveis pertencem ao Estado. (terras devolutas).
O bem de família convencional ou voluntário pode ser instituído pelos cônjuges, pela
entidade familiar ou por terceiro, mediante escritura pública ou testamento, não podendo
ultrapassar essa reserva um terço do patrimônio líquido das pessoas que fazem a instituição.
9.3.1 - IMPENHORABILIDADE:
A construção;
As plantações;
As benfeitorias de qualquer natureza; e
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Todos os equipamentos, inclusive os de uso profissional, ou móveis que guarnecem a
casa, desde que quitados. (Parágrafo Único do art. 1º da Lei 8.009/1990.)
A pequena propriedade rural – Art. 5º, XXVI, CRFB/88;
IMÓVEL LOCADO: Os bens móveis quitados que GUARNEÇAM a residência e que sejam
de PROPRIEDADE do locatário. (Parágrafo Único do art. 2º da Lei 8.009/1990)
Veículos de transporte;
Obras de arte e adornos suntuosos.(art.2º da Lei 8.009/90;
Vagas de Garagem – (Súmula 449 do STJ - “A vaga de garagem que possui matrícula
própria no registro de imóveis não constitui bem de família para efeito de penhora”).
Pelo titular do crédito decorrente do financiamento destinado à construção ou à
aquisição do imóvel, no limite dos créditos e acréscimos constituídos em função do respectivo
contrato;
Pelo credor de pensão alimentícia;
Para cobrança de impostos, predial ou territorial, taxas e contribuições devidas em
função do imóvel familiar;
Para execução de hipoteca sobre o imóvel oferecido como garantia real pelo casal ou
pela entidade familiar.
Por ter sido adquirido com produto de crime ou para execução de sentença penal
condenatória a ressarcimento, indenização ou perdimento de bens.
Por obrigação decorrente de fiança concedida em contrato de locação.
(Incluído pela Lei nº 8.245, de 1991)
9.3.4 IRRENUNCIABILIDADE:
REFERÊNCIA BIBLIOGRÁFICA:
- DINIZ, Maria Helena. Código Civil anotado. 15. ed. São Paulo: Saraiva, 2010. p. 36;
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- PONTES DE MIRANDA, Francisco Cavalcanti. Tratado de Direito Privado. 4. ed. São Paulo: RT,
1974. t. II;
- RODRIGUES, Sílvio. Direito civil. Parte geral. São Paulo: Saraiva, 2002. v. 1.;
- TARTUCE, Flávio Manual de direito civil : volume único / Flávio Tartuce. – 8. ed. rev, atual. e
ampl. – Rio de Janeiro: Forense; São Paulo: MÉTODO, 2018;
VENOSA, Sílvio de Salvo. Direito civil. Responsabilidade civil. 5. ed. São Paulo: 2005. v. IV.;
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