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Tribunal de Justiça da Paraíba

PJe - Processo Judicial Eletrônico

03/08/2023

Número: 0801130-44.2023.8.15.0211
Classe: PROCEDIMENTO DO JUIZADO ESPECIAL CÍVEL
Órgão julgador: 3ª Vara Mista de Itaporanga
Última distribuição : 31/03/2023
Valor da causa: R$ 11.112,48
Assuntos: Indenização por Dano Moral, Obrigação de Fazer / Não Fazer
Segredo de justiça? NÃO
Justiça gratuita? SIM
Pedido de liminar ou antecipação de tutela? NÃO
Partes Procurador/Terceiro vinculado
LOKARROS COMERCIO DE VEICULOS E LOCADORA LTDA ERLI BATISTA DE SA NETO (ADVOGADO)
- ME (AUTOR)
PREFEITURA MUNICIPAL DE DIAMANTE-PB (REU) JOSE MARCILIO BATISTA (ADVOGADO)
Documentos
Id. Data da Documento Tipo
Assinatura
75438 30/06/2023 09:59 Contestação Contestação
063
ESTADO DA PARAÍBA
MUNICÍPIO DE DIAMANTE
Gabinete do Prefeito
EXCELENTÍSSIMO SENHOR DOUTOR JUIZ DE DIREITO DA 3ª VARA DA COMARCA DE ITA-
PORANGA-PB.

Processo nº 08011340-44.2023.815.0211

O MUNICÍPIO DE DIAMANTE, pessoa jurídica


de direito público interno, neste ato representado por seu Prefeito Consti-
tucional – HÉRCULES BARROS MANGUEIRA DINIZ – brasileiro, casado, agrope-
cuarista, residente e domiciliado na cidade de Diamante-PB, através de seu
advogado “in fine” assinado, Vem, à insigne presença de VOSSA EXCELÊNCIA,
com o axiomático respeito que faz por merecer, apresentar

CONTESTAÇÃO
A todos os termos da Ação de Cobrança
promovida por CATINGUEIRA MULTIMARCAS COMÉRCIO DE VEÍCULOS E LOCADORA LTDA,
assaz qualificado, nos autos do processo em epígrafe, pelas “quaestionis
facti et juris” a seguir elencados:
SINOPSE DA EXORDIAL

Sustenta o autor que firmou contrato com


o município com locação de veículos. Alega que ao final do contrato o muni-
cípio deixou de pagar-lhe a quantia de multas dos veículos neste período,
equivalente a vários meses de atraso.
À par destas considerações suplica a
procedência da demanda para ver compelido o município a pagar a verba plei-
teada, honorários advocatícios, citação da edilidade e benefícios da justi-
ça gratuita.
Eis, à guisa de sinopse o nefando enredo
da inicial.

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PRELIMINARMENTE

É fato público e notório que ao assumir


os destinos da urbe de Diamante, o atual alcaide recebeu como legado, um
município atolado em dívidas com outros entes da Federação, cujo montante
ultrapassa o valor de R$ 2.000.000,00 (dois milhões de reais), quantia de-
rivada de precatórios judiciais, débitos com Cagepa, Saelpa, INSS, FGTS e
outros.
Ademais, a atual crise econômica que
atravessa o país, conclama a todos os cidadãos à união e ao somatório de
esforços no sentido de minimizar os seus efeitos e de aproximar o momento
de sua solução; de sobremaneira aos Gestores da Coisa Pública se impõe a
adoção de medidas de austeridade e diminuição de despesas, visando a ade-
quação e ajuste à nova situação financeira da Nação e do Município aos ri-
gores da Lei de Responsabilidade Fiscal.
Evidencie, ainda, que essa mesma crise
que afeta a todos tem gerado para o Poder Público demandas sociais de cará-
ter emergencial e compensatório, para o atendimento das quais são necessá-
rios aportes significativos de recursos financeiros, fato esse que tem for-
çado aos seus administradores a um processo permanente da revisão de prio-
ridades, objetivando atender da forma mais satisfatória possível aos muní-
cipes, com a utilização dos parcos recursos financeiros de que dispõe o
erário.
Por ato do impetrado a edilidade editou
o ato 02/2001, convocando todos os credores da edilidade para apresentarem
os respectivos créditos ao setor financeiro da municipalidade para verifi-
cação da legalidade e do empenho respectivo.
Não obstante, a tal providência que obe-
deceu ao princípio da publicidade, inclusive com publicidade no Diário Ofi-
cial do Estado e do Município, obedecendo assim aos ditames do art. 37 da
Carta Cidadã, a promovente deixou fluir “in albis” o prazo para apresen-
tação dos títulos que possuía, levando-o à contumácia o que culminou com o
cancelamento de todos os empenhos efetuados em desacordo com a lei, confor-
me se extrai da própria documentação acostada pelo autor.
Ocorre que esses teratológicas atos de
improbidade imaginados e confeccionados de forma Draconiana pelo ex-gestor,
têm se constituído, para o Município a eles vinculado, em um verdadeiro po-
ço sem fundo, do qual suas receitas ingressam para não mais retornar aos
seus cofres e a dívida contínua flutuante como se fosse um inchaço sem li-
mites.
Estancar tal sangria foi o objeto do ato
do Prefeito Municipal que erradicou enorme distorções na CONFECÇÃO DE DES-
PESAS, visto que, entende o atual gestor do município promovido que os re-
feridos pactos de natureza leonina possuíam irregularidades tão gritantes
que impossibilitam sua permanência no Mundo Jurídico, além do que os refe-
ridos beneficiários têm, de forma reprovável, maquilado resultados com a
hedionda finalidade de auferir lucros absurdos, e engordar seus cofres.

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INÉPCIA DA INICIAL – INEXISTÊNCIA DE
DOCUMENTO IMPRESNCINDÍVEL À PROPOSITURA DA AÇÃO (ART. 283 C/C O ART. 295,
IV DO CPC).
Trata-se de ação de indenização decor-
rente de contrato, que a promovente deixou de amplexar aos autos cópia do
processo licitatório em que foi vencedor, haja vista que a despesa ao longo
do período contrato ultrapassou os limites da Lei nº 8.666/93.
A matéria está pacificada no art. 320 do
CPC, verbis:

Art. 320 - A petição inicial será instruída com


os documentos indispensáveis à propositura da ação.

Destarte, somente o ato constitutivo do


crédito pode comprovar a legitimidade do seu suposto direito. Olvidando tal
providência, incide sobre a vexato quaestio o indeferimento da inicial, se-
gundo a melhor jurisprudência.
PROCESSUAL CIVIL – AUSENCIA DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS À
PROPOSITURA DA AÇÃO – INDEFERIMENTO DA INICIAL – 1. Correta a sen-
tença que indeferiu a petição inicial pelo descumprimento da decisão que
determinou que os autores comprovassem a titularidade de contas vincula-
das ao FGTS nos períodos em que pretendem as diferenças de correção mo-
netária (CPC, arts. 282, VI, 283 e 284, parágrafo único). 2. Apelação dos au-
tores improvida. (TRF 1ª R. – AC 199801000365235 – MG – 5ª T. – Rel. Juiz Anto-
nio Ezequiel – DJU 22.10.2001 – p. 98)

PROCESSUAL CIVIL – JUNTADA DE DOCUMENTOS ESSENCIAIS –


INCIDÊNCIA DOS ARTIGOS 283 E 284, DO CPC, E DO ARTIGO 5º, XXXV, DA
CF/88 – Cumprimento das normas insertas nos artigos 283 e 284, do CPC,
bem como das demais determinações judiciais. É garantia constitucional que
a lei não excluirá da apreciação do Poder Judiciário lesão ou ameaça a di-
reito. Aplicabilidade do artigo 5º, XXXV, da atual Carta Magna. Apelação
provida. Sentença anulada. (TRF 2ª R. – AC 98.02.35813-4 – RJ – 3ª T. – Rel. Juiz
Francisco Pizzolante – DJU 17.07.2001)

DOCUMENTOS SEM AUTENTICAÇÃO – PROVA


IMPRESTÁVEL EM SEDE DE AÇÃO DE COBRANÇA

Os documentos amplexados aos autos pela


parte autora desobedece ao mandamento inserto no art. 3651 do CPC, que pro-
clama ser possível valer como prova igual ao original, as reproduções de
documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público em cartó-
rio, com os respectivos originais.
Neste caso somente documento público faz
prova do que alega a impetrante e se cópia do original foi empregada sem a
prévia autenticação, despido encontra-se o writ de documentos essenciais à
propositura da ação devendo a parte proceder a autenticação para ulterior
deslinde da liça, segundo proclama a melhor jurisprudência sobre o tema:

1
Art. 365 - Fazem a mesma prova que os originais:
III - as reproduções dos documentos públicos, desde que autenticadas por oficial público ou conferidas em cartório, com os respectivos originais.

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Suscitada em contestação, a questão de falta de
documento essencial à propositura da ação, há de ela
obrigatoriamente ser decidida ao ensejo do saneamento
do processo não podendo ser relegada para apreciação a
final (RJTESP 113/328)

É obrigação da parte, e não do juiz, instruir o


processo com os documentos tidos como pressupostos
da ação que, obrigatoriamente, devem acompanhar a
inicial ou a resposta (art. 283 do CPC) – (STJ 1ª Turma ,
RESp 21.962-4-AM – Rel. Min. Garcia Vieira ).

Portanto, todos os documentos da ordiná-


ria de cobrança devem ser reproduzidos com a inicial, desta forma estando a
inicial que in casu deve se atrelar aos requisitos do art. 282 do CPC, de-
sacompanhada dos documentos indispensáveis, deve o juiz determinar o supri-
mento da mácula, sob pena de indeferimento da inicial, é o que se requer em
medida prefacial.
NO MÉRITO
AUSÊNCIA DE LICITAÇÃO – DESPESA IRREGU-
LAR – INCIDÊNCIA DE HIPÓTESE CRIMINAL.

Conforme o autor menciona o valor mensal


cobrado atinge ao final do ano quantia superior a 8.000,00, cuja despesa
para ser acoimada de legal, necessariamente deveria passar pelo crivo de um
processo de licitação, porquanto, ultrapassa o valor de dispensa e inexis-
tindo tal procedimento a despesa é nula e o seu ordenador passível de res-
ponder a processo criminal por violação da Lei Geral de Licitações que as-
sim averbera:
Art. 89. Dispensar ou inexigir licitação fora das hipóteses previstas em lei, ou dei-
xar de observar as formalidades pertinentes à dispensa ou à inexigibilidade:
Pena - detenção, de 3 (três) a 5 (cinco) anos e multa.
Parágrafo único. Na mesma pena incorre aquele que, tendo comprovada-
mente concorrido para a consumação da ilegalidade, beneficiou-se da dispensa ou
inexigibilidade ilegal, para celebrar contrato com o Poder Público.

No caso objurgado, não se abriu possibi-


lidade de eventuais interessados às condições que poderiam ser fixadas no
instrumento convocatório, com vistas à possibilidade de formularem propos-
tas dentre as quais selecionaria a administração a mais conveniente para a
celebração do contrato. Simplesmente foi dispensada a cautela e formalizado
um Draconiano contrato sem forma e/ou figura de direito a evidenciar o pre-
sente despautério, data máxima vênia.
Esse é o regramento legal.

Art. 3º A licitação destina-se a garantir a observância do princí-


pio constitucional da isonomia e a selecionar a proposta mais vantajosa
para a Administração e será processada e julgada em estrita conformidade
com os princípios básicos da legalidade, da impessoalidade, da moralida-
de, da igualdade, da publicidade, da probidade administrativa , da vincula-
ção ao instrumento convocatório, do julgamento objetivo e dos que lhes
são correlatos. (Lei n° 8.666/93) (Grifei!)

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Assim a despesa não revestiu-se de lega-
lidade a fomentar sua eventual cobrança, porquanto, foi inobservado na es-
pécie a feitura de processo licitatório tendo em vista que a despesa ultra-
passou o valor de R$ 8.000,00 (oito mil reais), afeiçoando-se a hipótese
como incidência de crime que deva ser apurado nos termos do art. 1022, da
Lei nº 8.666/93, devendo ser extraído peças do processo com remessa imedia-
ta ao Ministério Público para averiguação de hipótese penal se assim achar
conveniente.

DA IMPOSSIBILIDADE JURÍDICA DE EFETUAR PAGAMENTO SEM PRÉVIO EMPENHO

O empenho é o canal que a Administração


possui para vincular suas despesas ao orçamento público, facilitando as
fiscalizações interna e externa das verbas públicas, além de constituir uma
garantia aos fornecedores e prestadores de serviços e todo aquele que negó-
cios com a Administração.
Ora, para que o Chefe do Executivo de
Diamante, pudesse efetuar o pagamento relativo a suposta contratação em
atraso, obrigatório seria que, previamente, existisse uma Nota de Empenho
que autorizasse o mesmo a realizar a despesa no valor dos pagamentos. Assim
disciplina o art. 60 da lei nº 4.320/64 quando enuncia: “É vedada a reali-
zação de despesa sem prévio empenho”.
Com a autoridade de anos de larga expe-
riência com o assunto, escreveram Teixeira Machado e Heraldo Costa Reis:

“O conceito de empenho pressupõe anterioridade. O


empenho é ex-ante. Daí o receio de ter uma definição
legal de empenho meramente formal. O empenho constitui
instrumento de programação, pois, ao utilizá-lo racio-
nalmente, o Executivo tem sempre o panorama dos compro-
missos assumidos e dotações ainda disponíveis.” ( in A
LEI 4320 COMENTADA, pág. 119, 1995, IBAM, 26ª Ed.)

Continuam os mestres:

“Pelo conceito da Lei 4.320, não há empenho a pos-


teriori . Cumpre esclarecer que a expressão Realização
da Despesa significa pagamento. A própria lei criou me-
canismos que possibilitam à Administração trabalhar sem-
pre com empenho” ( ob. citada ) GRIFO NOSSO.

2 Lei nº 8.666/93
Art. 102. Quando em autos ou documentos de que conhecerem, os magistrados, os membros dos Tribunais
ou Conselhos de Contas ou os titulares dos órgãos integrantes do sistema de controle interno de qualquer dos
Poderes verificarem a existência dos crimes definidos nesta lei, remeterão ao Ministério Público as cópias e
os documentos necessários ao oferecimento da denúncia.

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Assim, jamais poderia o atual Prefeito
efetuar tal pagamento para depois lançar a res-
pectiva Nota de Empenho. Como vimos, no trato
dos dispêndios públicos, há que se preceder o
empenho para depois realizar a liquidação da
despesa prevista.

É o que dispõe o art. 62 da citada lei:

“O pagamento da despesa só será efetuado


quando ordenado após sua regular liquidação”.

A despesa para ser reconhecida como vá-


lida pela Administração passa por uma seqüência de fases distintas até que
realmente seja quitada, já que depois do empenho, será verificado a liqui-
dação para no final possa operar o pagamento da respectiva despesa. Eis o
verdadeiro aparato de exigências que o legislador criou para proteger o
Erário Público de despesas inexistentes.
Ademais, douto julgador, para se auferir
se realmente existe um crédito líquido, certo e exigível como almeja a pro-
movente, necessário é que documentos corroborassem com sua pretensão.
Neste diapasão, a edilidade baixou ato
convocando todos os credores realmente conferir a legalidade dos créditos
que lhe fossem apresentados, e não se sabe por qual razão a promovente não
apresentou o credito ora em discussão.
Destarte, não esquiva pura e simples da
administração para quitar o suposto débito, mas pelo contrário há impedi-
mento legal, posto que o mesmo inexiste por ferir normativo próprio da LRF
e por não possuir as condições exigidas para confecção de lagalidade.
Ainda no corpo da mencionada norma legal
, elucida o dispositivo:

“ Art. 63 - A liquidação da despesa


consiste na verificação do direito adqui-
rido pelo credor, tendo por base os títu-
los e documentos comprobatórios do respec-
tivo crédito”

Logo, para se apurar a origem, o objeto


e o valor do que se deve pagar, necessário se faz que seja apresentada, pe-
lo credor, a documentação correspondente ao direito correspondente, sem a
qual o responsável pelo pagamento na administração não poderá realizar
qualquer quitação sob pena de ser responsabilizado por improbidade adminis-
trativa, além de outras cominações legais.
Se admitirmos a hipótese de que realmen-
te existe um crédito líquido, certo e exigível, imprescindível seria que o
impetrante anexasse a proemial as notas fiscais declinando qual o servidor

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responsável da edilidade pelo recebimento da mercadoria, posto que as assi-
naturas ali constantes são temerosas e das pessoas mencionadas nenhuma de-
las labora para edilidade, já que é o único documento admitido legalmente
para se comprovar seu direito, à luz do que disciplina o normativo consti-
tucional.
Ademais, douto julgador, invocando-se,
ainda, o princípio constitucional da moralidade, a Administração municipal
tem o dever de exigir a apresentação de tais documentos, pois caso contrá-
rio, estaria caracterizado a responsabilidade penal do impetrado.
Pois, culto e preclaro magistrado, a
correta aplicação dos recursos públicos é a medida que a presente ação visa
vergastar. A autora roga pela prestação de uma providência judicial, na
forte convicção de que possui um crédito líquido, certo e exigível, chegan-
do ao absurdo de solicitar o bloqueio de conta municipal, como se a res pú-
blica fosse levada ao seu talante.
É por todos consabido que hodiernamente,
que a responsabilidade na gestão fiscal pressupõe a ação planejada e trans-
parente, em que se previnem riscos e corrigem desvios capazes de afetar o
equilíbrio das contas públicas, mediante o cumprimento de metas de resulta-
dos entre receitas e despesas e a obediência a limites e condições no que
tange a geração de despesas com pessoal, da seguridade social e outras.
Com a sanção presidencial da Lei Comple-
mentar nº 101, em 4 de maio de 2000, e sua publicação no DOU, em
05.05.2000, entrou em vigência um novo código de regras para a gestão fis-
cal da administração pública brasileira, cuja normatização, pelo seu cará-
ter inovador e limitador, certamente produzirá um verdadeiro choque cultu-
ral nos responsáveis pela gerência dos recursos públicos, nas três esferas
de governo: federal, estadual e municipal.
Este novo código de procedimentos fis-
cal-administrativos tem como objetivo estabelecer princípios norteadores de
uma gestão fiscal responsável, fixando limites para o endividamento público
e para a expansão de despesas continuadas, com a instituição de mecanismos
prévios e necessários para assegurar o cumprimento de metas fiscais, visan-
do a alcançar o equilíbrio orçamentário entre receita e despesa, produzin-
do, via de conseqüência, um desenvolvimento sustentável.

Portanto, o elemento básico, a filosofia


governamental orientadora para a edição da Lei de Responsabilidade Fiscal,
diz respeito à implantação de uma estrutura estatal nova, consoante os fun-
damentos de uma administração pública gerencial, com a busca de um regime
fiscal capaz de assegurar o equilíbrio intertemporal das contas públicas,
tendo como objetivo a drástica e veloz redução do déficit público e a esta-
bilização do montante da dívida pública em relação ao Produto Interno Bruto
da economia, não podendo o gestor público dispensar tais formalidades sob
pena de violação a tipos penais que lhe acarretam sérios gravames.

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DO PEDIDO

Ante ao exposto, diante das preliminares


aventadas que seja o processo extinto sem julgamento do mérito nos moldes
do art. 267, do CPC e invocando a inexistência de licitação a conferir le-
galidade à despesa, cuja hipótese encarta-se ao contexto dos autos, requer
no mérito a total IMPROCEDÊNCIA DA AÇÃO, com a conseqüente condenação do
autor em custas e honorários advocatícios, extinguindo-se o feito com jul-
gamento do mérito nos moldes do art. 259 do CPC.

DAS PROVAS

Para provar a verdade do aqui alegado, o


contestante valer-se-á da prova documental (que anexa por exigência do art.
396 do CPC), pericial e inspeção judicial, e todos os meios probantes em
direito admitidos, ainda que não especificados no CPC, desde que moralmente
legítimos (CPC, art. 332), e obtidos de forma lícita (CF - art. 5°, LVI),
especialmente depoimento pessoal do(a) representante da promovente, sob pe-
na de confissão, se não comparecer, ou, comparecendo, se negar a depor
(CPC, art. 343, §§ 1° e 2°).
Termos em que
Pede Deferimento.

Itaporanga-PB, 30 de junho de 2023.

Data e assinatura digitais.

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