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Lupa - Caderno n25 2162023
Lupa - Caderno n25 2162023
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Responsável – Projeto Lupa: Weyner Lopes Rodrigues
Diretor da Escola de Formação da Secretaria de Educação
de Minas Gerais
Sobre o editorial do Jornal LUPA dessa edição, de acordo com seus conhecimentos e sua vivência,
1 responda as perguntas abaixo:
A. Qual livro mais te inspirou em sua vida? Explique a razão da sua escolha.
B. Qual o primeiro livro que você leu? O que ele ensinou a você?
C. Após fazer uma breve pesquisa sobre os lançamentos editoriais de 2023, cite 5 livros que
chamaram a sua atenção e relate por qual razão você gostaria de lê-los.
D. Cite 3 personagens inesquecíveis que você conheceu ao ler livros, e porque eles se tornaram
tão importantes para você.
4 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 EDITORIAL
E. Explique que gênero literário mais te agrada, com base nos últimos livros que você leu.
A. Muitas formas de arte são criadas e desenvolvidas a fim de promover uma (re)construção/
criação dos mundos real e ficcional, bem como para registrar e representar nossa cultura e nossa
história.
B. Os primeiros registros artísticos dos seres humanos são desenhos e escritas rupestres nas
paredes das cavernas, por meio dos quais é possível compreender como era o mundo e as formas
de organização social.
C. Toda produção artística está integrada em um tempo, cultura, história e tradições. O trabalho
com as palavras representa nossa história a partir de construções simbólicas.
D. A obra artística pode ser considerada como sendo um exemplar da expressão de sua época, de
sua cultura.
E. A música é reconhecida como sendo a principal representação artística, pois relaciona a
Literatura à instrumentalidade.
Direito à cidade
2 Quando surgiu a ideia de Direito à Cidade? O que era permitido aos cidadãos?
Quais os quatro grandes aspectos que precisam ser considerados para que todo cidadão tenha
4 Direito à Cidade?
5 Como você avalia a garantia do Direito à Cidade onde você vive? Acontece? Explique.
6 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CIDADES
Um importante aspecto do Direito à Cidade está relacionado aos espaços públicos. Como têm
6 sido apropriados (utilizados) os espaços públicos em sua cidade?
Pensando nos espaços públicos de sua cidade, o que precisa ser feito para que, de fato, todos os
7 cidadãos possam utilizá-los com qualidade?
No artigo foi mencionado o Estatuto da Juventude - Lei nº 12.852 de 5 de agosto de 2013, para destacar que
todos temos Direito à cidade. Conheça os princípios deste Estatuto:
Dos Princípios
Art. 2º O disposto nesta Lei e as políticas públicas de juventude são regidos pelos seguintes princípios:
Parágrafo único. A emancipação dos jovens a que se refere o inciso I do caput refere-se à trajetória de
inclusão, liberdade e participação do jovem na vida em sociedade, e não ao instituto da emancipação
disciplinado pela Lei nº 10.406, de 10 de janeiro de 2002 - Código Civil.
Disponível em: https://www.planalto.gov.br/ccivil_03/_ato2011-2014/2013/lei/l12852.htm. Acesso em: 8 jun. 2023.
CIDADES CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 7
Escolha um dos princípios e apresente uma ação que já acontece ou deveria acontecer para a sua
8 efetivação.
8 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 HISTÓRIA
https://www.significados.com.br/evolucao-humana/
É possível afirmar que o Homem de Neandertal e o Homo Sapiens habitaram a terra ao mesmo
3 tempo? Justifique sua resposta utilizando dados das questões anteriores:
Que hipóteses foram levantadas pelos pesquisadores a partir dos vestígios encontrados na Cueva
5 Des-Cubierta?
10 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 HISTÓRIA
Muitos pesquisadores buscaram provas ao longo da história de que os homo sapiens foram mais
6 bem sucedidos que os neandertais em aspectos cognitivos. Como podemos definir Cognição?
O texto mostra que os neandertais, nossos antepassados mais próximos, apresentam várias
7 características de nossa espécie, os homo sapiens. Apresente algumas:
13 Explique como os CROODS registravam suas ações e qual tema, geralmente, era retratado?
No filme observamos coisas criadas ou desenvolvidas ao longo da história, que são, de acordo
15 com os seus estudos, pertencentes a que período ou era?
(UFPB) Tendo em vista os conhecimentos atuais sobre a evolução humana, na chamada Pré-
19 História, marque verdadeiro (V) ou falso (F) para as caracterizações a seguir:
( ) ‘Australopithecus’: considerado o mais antigo hominídeo, tinha postura ereta e crânio pequeno,
sendo conhecidas, pelo menos, seis de suas espécies.
( ) ‘Homo neanderthalensis’: conviveu com o ‘Homo sapiens’, era capaz de criar ferramentas e
armas mais sofisticadas, além de enterrar seus mortos e viver em cavernas.
( ) ‘Homo sapiens’: única espécie de hominídeo sobrevivente, desenvolveu e aprimorou a
linguagem, técnicas como o uso do fogo, instrumentos de trabalho e armamentos, sendo capaz de
se expressar através de linguagem simbólica, como em pinturas no interior das cavernas.
A sequência correta é:
A. V-F-V
B. F-V-F
C. F-F-V
D. V-V-F
E. V-V-V
14 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 SAÚDE
Sono e o aprendizado
5 Qual a quantidade de horas indicada para um sono ideal? Existem variações? Explique.
2 - Prepare o ambiente
Renovar a roupa de cama é uma medida simples e muito eficaz. Deitar em uma
cama confortável e cheirosa nos impulsiona a preferir o descanso a qualquer
outra coisa. Lembra da sensação de chegar no quarto de um hotel e encontrar
tudo lindo, arrumado, cheiroso e confortável? Reproduza isso no seu quarto!
Use travesseiros que melhor se adaptam à sua posição de dormir, texturas que
favorecem a sua pele e cores que acalmam o ambiente. Ajuste a temperatura de
acordo com a sua estrutura: seja ventilador, seja ar natural ou ar-condicionado.
4 - Pratique um esporte
O esporte traz vários benefícios para a saúde, dentre eles a regulação do sono. Ele estimula o corpo, ativando
a musculatura, além de trabalhar os sentidos e as habilidades. A prática de esporte impõe ainda a necessidade
de descanso. Durante o sono , o corpo continua trabalhando e consolida as conquistas adquiridas durante
a realização de exercícios. Portanto, escolha um esporte que lhe agrade e pratique-o com frequência — no
mínimo, três vezes por semana.
Aqui, uma dica importante é não fazer atividades físicas muito perto do horário de dormir para não ter o
efeito inverso, ok?
Francielly Barbosa utiliza uma matéria prima na solução encontrada. Fale sobre este produto e
3 explique por que é possível e viável a sua utilização.
18 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CIÊNCIA
Para a estudante Francielly Barbosa qual é o papel de uma cientista? E você como avalia o papel
5 dos(as) cientistas?
Na reportagem a estudante Francielly Barbosa, destaca que pretende concluir o Ensino Médio e cursar uma
universidade na área de STEM.
STEM nada mais é que uma sigla para Science, Technology, Engineering and Mathematics, (ou Ciência,
Tecnologia, Engenharia e Matemática, em português). Mais precisamente, esse termo se refere a um currículo
baseado na ideia de educar estudantes nessas quatro áreas em uma abordagem interdisciplinar e aplicada.
Isso significa que no lugar de ensinar essas quatro disciplinas separadamente, o STEM as integra em um
paradigma de aprendizado coeso, baseado em aplicações no mundo real. É possível delimitar alguns objetivos
gerais para esse tipo de ensino como:
1- Incentivar a inovação;
Para compreender melhor o que é STEM, é fundamental entender que o que separa esse currículo da
educação tradicional em Ciências e Matemática é o ambiente de aprendizado combinado e a possibilidade
de mostrar para os alunos como o método científico pode ser aplicado à vida cotidiana. Nos Estados Unidos,
o incentivo ao ensino STEM começa desde muito cedo, ainda na escola, e se intensifica no ensino superior.
Disponível em: https://www.universidadedointercambio.com/o-que-e-stem/. Acesso em: 6 jun. 2023.
Agora que você já conhece melhor o STEM, apresente a sua opinião sobre essa integração entre
7 disciplinas, hoje chamadas de componentes curriculares.
Pelo que você leu, a estudante Francielly Barbosa utilizou essa integração no desenvolvimento do
8 seu produto? Explique.
20 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CIÊNCIA
Como é vista a edição de DNA em embriões humanos pela comunidade científica? Quais os
2 principais questionamentos sobre essa prática?
Como é vista a edição de DNA em embriões humanos pela comunidade científica? Quais os
3 principais questionamentos sobre essa prática?
4 Quando a técnica CRISPR-Cas9 passou a ser utilizada em embriões humanos e com qual finalidade?
CIÊNCIA CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 21
A. Clone.
B. Híbrida.
C. Mutante.
D. Adaptada.
E. Transgênica.
22 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CIÊNCIA
A. I, III e IV.
B. III e IV apenas.
C. I e II apenas.
D. I, II e III.
E. I, II, III e IV.
CIÊNCIA CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 23
A Gazeta (https://www.agazeta.com.br/educares/como-o-tiktok-esta-ajudando-a-criar-uma-nova-geracao-de-leitores-no-pais-1122)
De acordo com o text (IFMG – 2023) Sobre as manifestações literárias no Brasil e a consolidação
1 do sistema literário, leia o recorte do texto “Formação da literatura brasileira” de
Antonio Candido:
O leitor perceberá que me coloquei deliberadamente no ângulo dos
nossos primeiros românticos e dos críticos estrangeiros que, antes
deles, localizaram na fase arcádica o início da nossa verdadeira
literatura, graças à manifestação de temas, notadamente o
Indianismo, que dominarão a produção oitocentista. Esses
críticos conceberam a literatura do Brasil como expressão
da realidade local, e ao mesmo tempo, elemento positivo na
construção nacional. (CANDIDO, 1959, p. 25).
(UniRV – GO) A visão bakhtiniana de gêneros discursivos está diretamente associada às atividades
2 humanas em consonância com as diversas manifestações linguísticas. Logo, pode-se inferir que
gêneros são
(FEPESE) O aplicativo WhatsApp oferece um recurso chamado Lista de Transmissão, com o qual
3 o usuário pode enviar uma mensagem para diversos contatos de uma só vez.
Analise as afirmativas abaixo em relação ao assunto.
1. As listas de transmissão são listas de contatos salvos para as quais você pode enviar mensagens
mais de uma vez, sem precisar selecionar os mesmos contatos a cada envio.
2. Se um usuário enviar uma mensagem para sua lista de transmissão, ela será entregue aos
estinatários, independentemente se eles têm ou não o seu número salvo em seus celulares.
3. Ao enviar uma mensagem para uma lista de transmissão, quando essa mensagem for respondida,
o usuário e todos os contatos da lista receberão a mensagem de resposta na aba “conversas”.
Assinale a alternativa correta.
(IGEDUC - 2023) Julgue o item que se segue: O livro “Infância”, de Graciliano Ramos, é um clássico
4 da literatura, além de ser um importante registro que nos ajuda a compreender as concepções
de infância e, mais especificamente, o interior do Nordeste na passagem do século XIX para o XX,
trazendo reflexões importantes acerca da infância.
( ) Certo.
( ) Errado.
26 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 MATÉRIA DE CAPA
MUNDO
1. Na rede social WhatsApp utiliza a criptografia de ponta a ponta, garantindo que as mensagens e
as chamadas fiquem só entre os envolvidos, não podendo mais ninguém lê-las ou ouvi-las.
2. Nas configurações de privacidade do WhatsApp é possível gerenciar as permissões para que
outras pessoas vejam a hora em que a pessoa utilizou o WhatsApp pela última vez e também se
está online.
3. Uma das desvantagens do WhatsApp é que o programa não utiliza a criptografia nos backups
online.
(FEPESE) O WhatsApp é uma rede social famosa e bastante utilizada diariamente por muitas
6 pessoas. O aplicativo permite que o usuário formate os textos das suas mensagens. Assinale a
alternativa que apresenta a correta formatação aplicada à palavra TEXTO para que ela seja escrita
em negrito, em uma mensagem do WhatsApp.
A. ~TEXTO~
B. _TEXTO_
C. *TEXTO*
D. =(TEXTO)
E. inblack.TEXTO
Um exemplo de configuração, relacionada à sua privacidade, que o usuário pode fazer neste
aplicativo, no telefone celular, é
No contexto literário, o gênero lírico apresenta diversas formas poéticas, numa combinação
intrincada de subjetividade, musicalidade, sentimentos e emoções, evidenciando uma linguagem
figurada e carregada de significados. No caso específico do poema acima, é possível afirmar que:
A. Pode ser classificado como elegia, isto é, forma poética definida pelo seu conteúdo voltado aos
momentos dicotômicos que a vida permite acontecer, trazendo uma reflexão sobre como o sujeito
é frágil diante das intempéries diárias, trazendo a metáfora do barquinho de papel.
B. É um poema bucólico, repleto de ingenuidade, ausente de malícia, cujo eu lírico mergulha numa
dimensão poética paisagística, trazendo a instabilidade da vida como temática central.
C. Possui estrutura de um soneto, com perspectiva poética focada no jogo binômio: de um lado um
eu lírico que fala dos tempos felizes de criança; do outro um eu poético adulto que compara seus
ideais a barquinhos de papel.
D. Apresenta uma forma poética pequena, de origem japonesa, conhecida como haicai e fortalecida
pela espontaneidade da escrita, bem como pela simplicidade conduzida por meio do sentido
metafórico dos versos (escritos de forma clara e sucinta).
28 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CINEMA
MUNDO
Que papel o cinema brasileiro representa em sua vida? Você assiste muitas produções do nosso
1 país?
Tem algum filme brasileiro que você considera especial? Qual? O que torna esse filme diferente
2 dos demais?
A primeira exibição de cinema no Brasil ocorreu em 5 de novembro de 1896 e se resumia em oito cenas do
cotidiano de cidades europeias. Essas imagens se desenvolveram dando início aos primeiros filmes nos anos
de 1900.
Que papel essas cidades europeias representavam na vida dos brasileiros no contexto da primeira
3 exibição de cinema?
MUNDO
CINEMA CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 29
Várias obras foram produzidas, mas muitas delas nunca foram exibidas. Quais podem ter sido os
4 empecilhos encontrados para a exibição das primeiras produções brasileiras?
Como mostrado na matéria sobre o cinema brasileiro, temos duas datas a comemorar: 19 de junho
5 e 5 de novembro. O que é celebrado em cada uma delas?
Veja abaixo a sinopse do filme Cidade de Deus, filme brasileiro que também ganhou grande prestígio
internacional.
Ao mesmo tempo que retrata uma história, um filme tem a capacidade de realizar uma crítica
8 social. De que maneira isso acontece?
Retratar o cotidiano de uma favela no Rio de Janeiro pode contribuir para uma valorização das
9 características culturais da comunidade? Explique seu ponto de vista.
Obras como Cidade de Deus podem ter um papel social importante. Você acredita que o cinema
11 tem expressividade política? Como?
MUNDO
CINEMA CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 31
Veja abaixo a sinopse do filme Carandiru de 2003, importante produção brasileira que conquistou o público.
Carandiru é mais um filme brasileiro que traz uma denúncia social importante. Que mazela social
12 é apresentada nesse filme?
O contexto retratado no filme é de 2003. Passaram-se 20 anos e muita coisa se modificou. Quanto
13 ao HIV, quais mudanças são possíveis de serem apontadas?
E o sistema carcerário, em relação ao que foi denunciado no filme Carandiru em 2003, sofreu
14 transformações?
32 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CINEMA
MUNDO
O filme foi baseado no livro Estação Carandiru, no qual o médico Dráuzio Varella relata a sua
15 experiência no presídio. Vários filmes são fruto de adaptações de livros. Você gosta dessas
adaptações? Já experimentou ler um livro para depois assistir o filme? Em caso positivo, que
diferenças você observou entre as duas obras?
O presídio Carandiru foi completamente desativado em 2002, um ano antes do lançamento do filme. Dráuzio
Varella trabalhou até 2002 no local, mas tanto o filme quanto o livro encerram a narrativa em 1992, quando
uma rebelião terminou com 111 presos assassinados (números do governo) pela Polícia Militar.
Ao tornar-se mundialmente conhecido, o filme Carandiru expôs o massacre ocorrido no Carandiru após
uma rebelião dos detentos. Mostrou para a sociedade os problemas do sistema carcerário brasileiro e as
dificuldades em encontrar um caminho para a resolução dessa situação
Como “Cidade de Deus” e “Carandiru”, o filme “Bacurau” também trata de importantes pautas
17 sociais: negligência de determinadas regiões, injustiças, negação de direitos, invasão de
propriedade e violência. A história apesar de trazer toques de ficção científica, também relata
problemas sociais de nosso país? Explique a sua resposta.
Com Bacurau, pela primeira vez um filme brasileiro recebeu o Prêmio do Júri, uma das mais
17 importantes categorias do Festival de Cannes. Ao observar a história do cinema brasileiro, que
conquistas você observa que fazem com que a data 19 de junho, dia do cinema brasileiro, seja
momento de grandes comemorações?
Com Bacurau, pela primeira vez um filme brasileiro recebeu o Prêmio do Júri, uma das mais
18 importantes categorias do Festival de Cannes. Ao observar a história do cinema brasileiro, que
conquistas você observa que fazem com que a data 19 de junho, dia do cinema brasileiro, seja
momento de grandes comemorações?
No Festival de Cannes, Bacurau recebeu 7 minutos de aplausos. Na época, o diretor da obra chegou a
manifestar a respeito: “Esse é um momento muito importante para o nosso país e esse é um filme sobre
resistência, sobre educação, sobre ser brasileiro no mundo.”
19 Em que medida o filme Bacurau pode ser entendido como um filme de resistência?
34 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CINEMA
MUNDO
Apesar do filme se tratar de um recorte do passado, o longa discute temas atemporais, como a
2 opressão às mulheres e os estigmas da intolerância. Qual era o papel da mulher na sociedade
colonial? Descreva no espaço abaixo.
MUNDO
CINEMA CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 35
O texto abaixo analisa as relações entre o homem e a mulher no Brasil, no período da Colônia e do
3 Império.
A. as mulheres ocupavam o centro decisório das famílias, mesmo que homens praticassem atos
violentos contra elas, ferindo o estabelecido pela lei.
B. o modelo de família patriarcal, apesar de dominante, era subvertido por vários procedimentos
adotados pelas mulheres.
C. o rompimento de uma relação matrimonial por parte da mulher era considerado um ato de
feitiçaria, passível de punição pela Inquisição católica.
D. as mulheres tinham poder de decisão quanto ao número de filhos, satisfazendo, assim, o modelo
feminino característico da sociedade patriarcal.
(ENEM) No final do século XVI, na Bahia, Guiomar de Oliveira denunciou Antônia Nóbrega à
4 Inquisição. Segundo o depoimento, esta lhe dava “uns pós não sabe de quê, e outros pós de osso de
finado, os quais pós ela confessante deu a beber em vinho ao dito seu marido para ser seu amigo
e serem bem-casados, e que todas estas coisas fez tendo-lhe dito a dita Antônia e ensinado que
eram coisas diabólicas e que os diabos lha ensinaram”.
(ARAÚJO, E. O teatro dos vícios. Transgressão e transigência na sociedade urbana colonial. Brasília: UnB/José Olympio, 1997.)
A. o problema dos métodos citados no trecho residia na dissimulação, que acabava por enganar o
enfeitiçado.
B. o diabo era um concorrente poderoso da autoridade da Igreja e somente a justiça do fogo
poderia eliminá-lo.
C. os ingredientes em decomposição das poções mágicas eram condenados porque afetavam a
saúde da população.
D. as feiticeiras representavam séria ameaça à sociedade, pois eram perceptíveis suas tendências
feministas.
E. os cristãos deviam preservar a instituição do casamento recorrendo exclusivamente aos
ensinamentos da Igreja.
36 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 CINEMA
MUNDO
A partir do século XVI, a Igreja Católica teve um fortalecimento substantivo em Portugal, assim
5 como na Espanha, o que se viu refletido na montagem do sistema colonial no Brasil, incluindo
a implantação do Tribunal do Santo Ofício. Qual fator está ligado a esse fortalecimento do
catolicismo português?
“O chamado achamento do Brasil não provocou nem de longe o entusiasmo despertado pela
6 chegada de Vasco da Gama à Índia. O Brasil aparece como uma terra cujas possibilidades de
exploração e contornos geográficos eram desconhecidos. Por vários anos pensou-se que era uma
grande ilha.”
(Fausto, Boris. História Concisa do Brasil — 2. Ed., 6. Reimpr. São Paulo: Editora da Universidade de São Paulo, 2014. p 16).
A. As terras brasileiras logo despertaram o interesse dos europeus devido às riquezas auríferas
aparentes logo nos primeiros anos de ocupação portuguesa.
B. Entre 1500 e 1535, a principal atividade econômica foi a extração do pau-brasil, obtido
essencialmente mediante troca com os índios.
C. Entre 1500 e 1535, a formação das capitanias hereditárias foi essencial para a extração de pau-
brasil e de drogas do sertão no Brasil colônia.
D. A cana-de-açúcar foi o primeiro produto a ser extraído em larga escala das terras coloniais.
E. A primeira grande atividade econômica realizada no Brasil foi a extração de látex, que ficou
conhecido como Ciclo da Borracha
A historiografia que trata da emancipação política do Brasil põe quase sempre em evidência a singularidade
do nosso movimento com relação à América Espanhola. Enquanto nesta última o processo de ruptura com
a metrópole resultou na constituição de várias repúblicas, no Brasil, a independência monárquica garantiu a
integridade do território. Entretanto, o processo iniciado em 1808 e que alcançou o seu ponto máximo em
1822 possui múltiplos aspectos.
Convém lembrar que Portugal não tinha condições de fazer frente às tropas francesas. Exercendo um papel
secundário na Europa, sua margem de manobra era extremamente limitada. O tratado de Fontainebleau
assinado pela França e pela Espanha já havia decidido a partilha de Portugal e do seu império. A transferência
da Corte para o Brasil apresentou-se como a única solução.
Maria Eurydice de Barros Ribeiro. “Os Símbolos do Poder
MUNDO
CINEMA CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 37
I. No ano de 1816, o Nordeste foi assolado por uma grande seca que afetou a agricultura de
subsistência e provocou a queda da produção de algodão e açúcar.
II. O prejuízo dos grandes proprietários ligados à exportação foi imenso. Mas, os mais prejudicados
foram as massas trabalhadoras.
III. O aumento de impostos e a criação de novos impostos para sustento da Corte sediada no Rio
de Janeiro contribuíram para tornar ainda pior a qualidade de vida da população, à medida que o
preço dos gêneros de primeira necessidade tornou-se proibitivo aos pobres.
A respeito das asserções I, II e III sobre a Revolução Pernambucana de 1817 deve-se afirmar que
Pai (Inocêncio):
Mãe (Margarida):
Filho (Gilberto):
Qual o tempo da narrativa lida? Sobre o caráter cronológico ou psicológico, transcreva um trecho
3 do texto que os represente.
Dava-lhe café bem forte sem açúcar, voltava para a Singer, e ficava pedalando horas e horas.
Era por isso que a Singer funcionava dia e noite. Graças a Deus nunca lhe faltava trabalho.
Fui eu que trabalhei na Singer para sustentar a casa, pagar o colégio para ele!
Observe os trechos a seguir e indique quais sentimentos estão sendo demonstrados em cada uma
14 dessas passagens.
Como fica ridículo nesse smoking! O pescoço descarnado, dançando dentro do colarinho alto e
duro, lembra um palhaço de circo.
Betinho é um bebê de quatro meses que acaba de fazer uma descoberta maravilhosa: as suas
mãos...
De novo D. Margarida volta ao triste passado. Lembra-se daquele horrível quarto que ocupavam
no inverno de 1915. Foi naquele ano que o Inocêncio começou a beber. O frio foi a desculpa.
Tratava o marido como se ele tivesse dez anos e não trinta. Metia-o na cama. Dava-lhe café bem
forte sem açúcar [...]
Os galos já estavam cantando quando ela ia deitar, com os rins doloridos, os olhos ardendo.
[...] Inocêncio bate palmas, sempre de boca aberta, os olhos cheios de lágrimas, pescoço vermelho e
pregueado, o ar humilde...
O diabo do homem era mesmo preguiçoso. O que queria era andar na calaçaria, conversando pelos
cafés, contando histórias, mentindo...
44 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 LITERATURA
MUNDO
Quem diria que aquele moço ali, pianista famoso, que recebe os aplausos de toda esta gente,
doutores, oficiais, capitalistas, políticos... o diabo!
Gilberto levanta os olhos para o camarote da mãe e lhe faz um sinal breve com a mão, ao passo que
seu sorriso se alarga, ganhando um brilho particular.
Tem ímpetos de erguer-se no camarote e gritar para o povo: “Vejam, é o meu filho! O Gilberto. O
Betinho!
No conto, o autor menciona os grandes nomes como Beethoven e Chopin. Quem foram? Pesquise
16 e escreva nas linhas abaixo.
LITERATURA
MUNDO CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 45
É noite escura e o cais está deserto. Ivo ergue a gola do sobretudo. Sente muito frio, e o silêncio
enorme e hostil enche-o de um vago medo. Vai viajar. Mas é estranho… Tudo parece diferente do que ele
sempre imaginara. O grande transatlântico se desenha sem contornos certos contra o céu de fuligem. Não se
vê um só vulto humano no cais. Adivinha-se, entretanto, na treva, a presença rígida e gelada dos guindastes.
Os minutos passam. Ivo olha. Sim, agora vê com mais clareza a silhueta do grande barco. A grande
Viagem! O seu sonho vai se realizar. Ficarão para trás todas as suas angústias. É uma libertação. Devia estar
alegre, sacudir os braços, correr, gritar. Mas uma opressão estranha o paralisa. Que é isto? Onde estão os
outros passageiros? Onde se meteu a tripulação? É inquietante este silêncio noturno. E pavorosa esta sombra
glacial que envolve tudo. Ivo quer lançar ao ar uma palavra. Pronuncia bem alto seu próprio nome. O som
morre sem eco. O silêncio persiste. Então ele começa a sentir um mal-estar que nem a si mesmo consegue
explicar.
Divisa aos poucos, vultos imóveis na amurada do paquete. Parecem guardas petrificados dum barco
fantasma. Por que não se movem? Por que não falam? A esta hora a orquestra de bordo devia estar tocando
uma marcha festiva. Carregadores gritando. Passageiros, empregados de hotel, agentes da companhia de
navegação, guardas — muita gente devia andar pelo cais num formigamento sonoro. No entanto reina o mais
espesso silêncio… Ivo dá dois passos e é tomado duma esquisita sensação de leveza. Caminha sem o menor
esforço. E como se não encontrasse nenhuma resistência no ar, como se suas pernas fossem de algodão.
Mete a mão no bolso. Sim, ali está a sua passagem. Fica mais tranquilo e encorajado. Pode embarcar.
Deve embarcar… Seria decepcionante perder o navio…
Dirige-se para a prancha. Hesita um instante antes de partir, porque a seus ouvidos soa, muito
fraca, muito abafada, uma voz amiga.
46 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 LITERATURA
MUNDO
— Ivo, Ivo querido, não me abandones! Inexplicável. De onde veio a voz? Volta a cabeça para os
lados, procurando. Só encontra a escuridão fria e inimiga, O navio apita. Um som soturno, grave e prolongado,
enche a grande noite. É uma queixa, quase um choro e, apesar disso, tem um certo tom de ameaça. Nesse apito
rouco Ivo sente o pavor do oceano desconhecido na noite negra, a angústia dos navios perdidos a pedirem
socorro, a aflição dos náufragos, o horror das profundezas do mar. O apito uivante e áspero parece feito dos
gritos de todos os afogados, de todos os mares.
Ivo sente-se desfalecer de medo.
— Meu Ivo, por que foi? Por que foi?
Outra vez a voz. Ivo estremece. De onde vem aquela voz? Na amurada, os vultos continuam
imóveis. Nenhum deles podia ter falado assim com aquela ternura longínqua. Porque eles devem ter uma voz
cavernosa de pedra.
Parado ao pé da prancha, Ivo olha para o alto. Vê um homem na extremidade superior da escada.
Está de pernas abertas, braços cruzados, olhando para baixo. Ivo não lhe pode distinguir as feições. Mas é
curioso, ele sente a força de dois olhos magnéticos que o fitam. E aquele olhar é um chamado, uma ordem.
Começa a subir. Lembra-se de um trecho de antologia da sua infância. André Chenier subindo as
escadas do cadafalso. Sim, ele sente que vai ser guilhotinado. Lá em cima está o carrasco. Ou será apenas
o capitão? Ivo sobe. Um, dois, três, quatro degraus … O frio aumenta, Ivo começa a tiritar. Cinco, seis, sete.
Sente uma fraqueza, uma tontura. Subiu apenas sete degraus, mas agora o cais está tão longe de seus pés,
que ele tem a sensação de se encontrar no alto duma torre altíssima. O vento sopra gelado como a face dum
morto. Mas por que lhe vêm com tanta insistência esses pensamentos macabros? Esta não é então a Viagem,
a sua desejada aventura transoceânica? Deve então alegrar-se, cantar... Procura assobiar uma ária alegre.
Mas o vento lhe impõe silêncio. Ivo sobe sempre... Quando senta o pé no navio, não vê mais o capitão. Volta
os olhos e só enxerga a noite, a grande noite, a densa noite.
Por que não acendem as luzes deste navio? Senhores, as luzes! Outros vultos passam. Mulheres,
homens, crianças. É aflitivo. Ivo não lhes pode ver os rostos. E o silêncio apavorante!...
Ivo se aproxima dum homem que se acha encostado à amurada.
— Por favor, meu amigo, pode me dizer se este vapor é o…
Cala-se. É assustador. Ele não sabe o nome do barco em que entrou. Como foi isso? Não se trata
então duma viagem, da “sua” desejada viagem, por tanto tempo planejada e acariciada? Por que tudo agora
está tão esfumado e confuso, como se sobre sua memória tivesse caído um véu? Ivo começa a suar. O suor lhe
escorre pelo rosto em bagas frias.
– Pode me dizer onde fica o bar?
Sim, precisa tomar uma bebida qualquer. Deve ser o frio que o deixa assim tão sem memória, tão
fraco e trêmulo.
— Cavalheiro, pode me dizer onde fica o sol?
O sol? Mas ele não queria perguntar onde ficava o sol. Jurava que ia
perguntar onde ficava o bar.
— Por favor, cavalheiro…
O vulto se move sem o menor ruído e some-se na sombra.
Ivo treme dos pés à cabeça. “Preciso encontrar o meu camarote” diz para si mesmo — “preciso
descobrir a minha bagagem” — pensa, numa crescente aflição. — “Deve existir alguém a bordo que possa me
explicar. Talvez um doutor… Sim. Estou doente…”
LITERATURA
MUNDO CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 47
E agora ele tem consciência duma dor, não aguda, mas continuada e martelante, bem no lado
esquerdo do peito. Leva a mão ao coração. Retira-a úmida. Será sangue? Sim, deve ser…
Sai a correr apavorado. Um médico! Um médico! Estou ferido, vou morrer, socorro! Mas suas
pernas, de tão leves, agora se vergam. Ivo para. Ajoelha-se e grita ainda: Um médico! Mas não consegue
ouvir a própria voz. Ergue-se, agoniado. Homens, mulheres e poucas crianças continuam a passar. São ainda
sombras sem vozes nem gestos.
Ivo procura orientar-se na escuridão. Parece-lhe agora enxergar contornos mais nítidos. Sim. Ali
está uma porta. Um corredor. Se ele entrar no corredor talvez ache o seu camarote. Tem agora vagamente
a lembrança dum número. 27… 27… Recorda-se de tê-lo visto impresso em algarismos negros sobre um
quadro branco. 27… Onde?
De repente tem a impressão de que na memória se lhe abre uma clareira por onde ele enxerga o
passado. Mas é apenas um relâmpago. De novo cai a névoa. Já não lhe dói mais o peito. Tudo deve ter sido
ilusão … ele não está ferido. As sombras passam. A bruma que vem do mar invade o navio. Onde estará o
capitão? O frio e o silêncio persistem. O barco misterioso torna a soltar um gemido rouco e prolongado. Mas
– é incrível, incompreensível, endoidecedor — nem o apito consegue quebrar o silêncio.
Ivo caminha sem destino. Não ouve o ruído dos próprios passos. Não tropeça em nada. Aproxima-
se da amurada e olha o mar. Só vê a escuridão velada duma bruma de cor doentia.
Um homem se aproxima dele. Ivo olha-lhe o rosto... Já se lhe distinguem alguns traços. Decerto o
hábito da escuridão. Céus, mas que rosto pálido! Parece a cara dum cadáver. A pele está ressequida e tem um
tom esverdeado. Os olhos, parados e sem brilho. Os dentes arreganhados…
Agora aparecem outras faces. Uma criança sorrindo um sorriso horrendo. Uma mulher com os
olhos furados escorrendo sangue. Um velho com a boca queimada de ácido. Ivo solta um grito… Mas o silêncio
continua. Onde estarei? — pensa ele. — Onde estarei? Faz um esforço dolorido para se lembrar.
Quem sou eu? Como foi que vim parar aqui? Onde estão os meus amigos, as pessoas que eu via
todos os dias?
O frio aumenta. Ivo sente-se desfalecer. Tem a impressão de estar boiando nas ondas dum mar
gelado, como um náufrago; como um iceberg…
Camarote 27! — diz Ivo, – 27… 27… — Seus lábios se movem, mas nenhum som perturba o silêncio
do grande barco e da enorme noite.
De repente uma onda morna lhe invade o corpo. Pela proa do navio começa a nascer uma luz,
pálida a princípio, mas a pouco e pouco se fazendo mais viva e dourada. Os olhos de Ivo se agrandam. Aquela
luminosidade vai ser a explicação de tudo, a volta da memória… Sim, ele vai descer pela prancha e ganhar o
cais. O cais também é negro e silencioso. Mas não há nada como a terra firme. Ele não quer viajar neste vapor
tenebroso cujos passageiros são fantasmas. O mar desconhecido é um pavor na noite. Oh Deus! – pensa Ivo
– como foi que eu cheguei a desejar esta viagem!? Que louco! Que louco! A luz cresce. O calor aumenta. A
voz amiga se ouve mais forte: “Ivo, meu querido, fica comigo!” Sim, ele quer ficar. É preciso fugir do capitão do
barco noturno. Ivo dá dois passos para a luz.
Ajoelhada ao pé da cama, a moça aperta e beija a mão pálida do rapaz.
— Ivo, não quero que morras, não quero. Por que foi que fizeste isso? Por que foi?
Com a seringa de injeção numa das mãos, o médico contempla o rosto pálido do suicida. Pobre
diabo! Perdeu tanto sangue… O corpo está quase frio.
48 CADERNO LUPA N. 25, JUNHO 2023 LITERATURA
MUNDO
A um canto do quarto, a dona da casa, torcendo o avental, olha muito assustada para a cama. “Por
causa do que me devia, ele não precisava fazer isso. Eu podia esperar. Não tinha importância. Deus me perdoe.
Se eu soubesse, não tinha vindo hoje trazer a conta. Logo hoje, Nossa Senhora!”
Ao pé da janela, o porteiro da casa conversa com um agente de polícia.
— De onde era ele?
— Do interior.
— Tinha família?
O porteiro encolhe os ombros.
— Era um moço muito calmo, muito delicado. Andava sem emprego. Eu dizia para ele que tivesse
paciência. Mas qual! Não aguentou… Há gente nervosa.
Falam já de Ivo como quem fala dum morto. O médico aproxima-se do grupo.
— Fiz uma tentativa desesperada. Injetei-lhe adrenalina no coração. — Sacode a cabeça. — Não
tenho muita esperança. Enfim… acontecem milagres…
Ao ouvir a palavra milagre a velha começa a rezar.
De repente a moça se ergue, como que impelida por uma mola.
— Doutor! Ele está se mexendo… venha! Venha! Os três homens se aproximam da cama. O rosto de
Ivo se move, seus olhos se entreabrem. Há um breve instante de aflitiva esperança. Ivo como que se baloiça,
indeciso, por sobre as tênues fronteiras que separam a vida da morte. Mas parece haver do outro lado um
chamado mais forte. O corpo se imobiliza.
O doutor inclina-se e ausculta-lhe o coração. Olha para a moça e diz, baixinho:
— Sinto muito. Mas não há mais nada a fazer. A dona da casa desata a chorar. Com o rosto contraído
numa expressão mais de estupefação que de dor, a rapariga olha do médico para o morto, do morto para a
folhinha da parede, onde o número 27 em letras negras se destaca sobre o quadrado branco. Iam contratar
casamento, hoje, hoje…
O transatlântico vai partir. O transatlântico apita. É um gemido rouco, longo, doloroso, desesperado,
irremediável. Debruçado à amurada, Ivo olha o vácuo. Agora é uma sombra resignada entre as outras sombras.
O vento do grande mar desconhecido varre o barco dos suicidas. E todos eles ali vão em silêncio, enquanto na
ponte o fantástico Capitão olha com seus olhos vazios a noite insondável.
Érico Veríssimo. O navio das sombras. In: “Contos”. Porto Alegre: Editora Globo, 1978.
Vozes-mulheres
u p a
e d a g ó g ic
P
L P ER I Ó D I CO P EDAG Ó G I CO PA R A E S T U DA N T E S
D O E N S I N O F U N D A M E N TA L A N O S F I N A I S E E N S I N O M É D I O .
G O V E R N O D O E S TA D O D E M I N A S G E R A I S
S E C R E TA R I A D E E S TA D O D E E D U C A Ç Ã O D E M I N A S G E R A I S
E S C O L A D E F O R M A Ç Ã O E D E S E N V O LV I M E N T O P R O F I S S I O N A L D E E D U C A D O R E S