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1º ano de Direito FDCE CAD
Com o inicio da pandemia COVID-19 em 2020, em Portugal, veio também mais tempo livre no
sentido em que nos encontrávamos em confinamento geral obrigatório. Com mais tempo livre,
já que, por exemplo, as horas despendidas em transportes diariamente para a faculdade
podiam ser agora direcionadas para outras questões. Decidi então, literalmente de um dia
para o outro, criar a CAD, Comunidade de Aficionados de Direito. Com que objetivo? Queria
ligar os estudantes de Direito de todo o país, queria divulgar e criticar as mais recentes notícias
jurídico-políticas, queria levar a cabo iniciativas que aproveitassem a todo e qualquer jurista,
professor, estudante, advogado, etc… Criei o site, a página no Instagram e assim se começou a
erguer o projeto. Entretanto, com as aulas online, pensei também em elaborar apontamentos
semanais e divulgar com os meus colegas, utópico para um trabalho a sós, mas perfeitamente
possível com a entreajuda dos meus colegas porque cada grupo de estudantes faria os
apontamentos semanais de cada cadeira. Porque fazer os apontamentos semanais? A resposta
é extensa, mas simples. Com a “obrigação” de preparar esses mesmos apontamentos, tenho
também um duplo dever de assistir às aulas, de perceber e apontar as mesmas, porque não o
fazendo, falharia comigo e com os restantes colegas com quem me comprometi a partilhar os
apontamentos. Desta forma, dividimos até pelos vários estudantes a tarefa de recolher os
escritos relativos às diversas matérias. É trabalhoso, mas, inevitavelmente, ao preocuparmo-
nos com nos próprios estamos também a ajudar todos os outros alunos. Ou seja, no 1º ano,
começamos apenas a partir de março com os apontamentos semanais, mas no 2º ano, ano
letivo 2020/2021, os apontamentos semanais começaram no inicio e acabaram apenas no fim
do ano letivo! Dito isto, pode conter falhas de escrita ou de direito, foi feito ao longo do tempo
por juristas em formação, entregue semanalmente, portanto, é compreensível e pedimos
também que quando notada alguma falha grave nesse sentido, que nos seja comunicado. Este
projeto ajudou também a impulsionar um ambiente saudável no curso de Direito na nossa
universidade, não que já não o houvesse, mas esta iniciativa só o veio melhorar. Esperamos
ainda que esta iniciativa inspire ad aeternum o maior número de estudantes possíveis, já que
ficou demonstrado que a entreajuda tem efeitos positivos para todos nós. Se tiveres interesse
em colaborar connosco, envia-nos mensagem no Instagram. Somos vários estudantes da
licenciatura em Direito com vontade de mudar, ajudar e com disponibilidade em ser ajudados.
Obrigado a todos aqueles que todos os dias se esforçam por uma comunidade melhor,
saudavelmente competitiva, consciente e dedicada.
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2. A obrigação
2.1. Conceito:
● A obrigação (obligatio) é um vinculo jurídico por virtude do qual uma pessoa
(devedor) está adstrita para com outra (credor) à realização de uma prestação.
Segundo os jurisconsultos clássicos, o objeto de uma obrigação podia consistir em:
⮚ Dare: constituição ou transferência de um direito real;
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⮚ Facere: realização de uma atividade que não se traduza num dare. Pode
consistir também numa abstenção (non facere).
2.2. Fontes:
● As fontes das obrigações são os factos que, segundo o Direito Romano, criam um
vinculo obrigacional entre duas ou mais pessoas.
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3. Contratos:
3.1. Conceito:
● Em sentido amplo, pode definir-se contrato como um acordo de duas ou mais
pessoas, dirigido à produção de efeitos jurídicos.
● E, num sentido mais restrito, dir-se-á que é uma convenção de que nascem
obrigações e os correspondentes direitos de crédito.
● Estamos, todavia, perante noções abstratas que o Direito Romano ignorou: tão-só
nos apresenta tipos determinados de contratos que, segundo o ius civile, podiam
criar obrigações.
Na base dos contratos como fontes de obrigações está uma longa evolução.
● Depois de toda essa evolução, poder-se-á definir contractus como um acordo de
vontade de duas ou mais pessoas que, obedecendo a esquemas fixados pelo ius
civile, visa constituir uma relação jurídica obrigacional.
Os contratos são constituídos pelos seguintes elementos:
1. Causa: é o fim que o ius civile reconhece como social e economicamente digno de
proteção.
2. Consenso: é o acordo das partes, cujas vontades convergem, assim, para o mesmo
fim que constitui a causa fixada pelo ius civile ao contrato utilizado.
● Todavia, há contratos em que a obrigação de uma das partes pode surgir, não
inicialmente, mas durante a sua vigência. Por isso, se fala de contratos bilaterais
imperfeitos: sucedia com o comodato, o depósito, o mandato, o penhor e a
fidúcia.
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● Os contratos de direito estrito são tutelados por actiones stricti iuris (ações de lei
estrita); o juiz deve observar rigorosamente o que foi acordado sem atender a
qualquer circunstancia que tenha influenciado o conteúdo da obrigação.
● Nos contratos gratuitos só uma das partes sofre uma perda patrimonial em
beneficio da outra. São exemplos a doação, o depósito e o comodato.
4. Contratos reais
4.1. Noções gerais:
● Contrato real é aquele que para produzir efeitos jurídicos não basta o consenso
entre as partes, é também necessária a prática de um certo ato material (datio ou
traditio – ex. dar; entregar) em relação à res (coisa) a que se refere.
1. Contrato de Mútuo:
● O mútuo é um contrato unilateral através da qual uma pessoa, que recebe de
outra a propriedade de determinada pecúnia (dinheiro, moeda) ou de outras res
fungíveis, se obriga a restituir, no final do prazo, igual quantidade do mesmo
género e qualidade.
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● Tratam-se de elementos essenciais e, por isso, não há mutuo se a res (coisa) não
for propriedade do mutuante ou a conventio (consenso) inválida por algum vício
que afete a declaração ou a vontade de uma das partes.
● É um contrato unilateral porque gera obrigações para apenas uma das partes.
Existência de juros:
● No plano do Direito Civil admite-se juros (art. 1143.º CC). Havendo juros já passa a
ser um contrato oneroso, tendo o mesmo de ser realizado num contrato à parte.
2. Fidúcia:
● É um contrato no qual uma pessoa (fiduciante), utilizando um negócio jurídico
formal (mancipatio), transfere a propriedade de uma res para outra (fiduciário)
que, por sua vez, se obriga a restituí-la depois de realizado o fim definido num
acordo não formal.
● É um contrato gratuito uma vez que existem perdas patrimoniais apenas para uma
das partes.
Credor (fiduciário):
● Tornava-se proprietário da res fiduciada e, portanto, podia reivindica-la de
terceiros e contra o próprio fiduciante que tivesse mantido ou recuperado a sua
posse.
A Fidúcia foi aplicada para a satisfação de diversas finalidades. Destacamos a:
● Fiducia cum creditore: visava garantir uma obrigação. O garante (fiduciante)
transferia a propriedade de uma res ao credor (fiduciário) que se obrigava a
restitui-la após a satisfação da dívida.
● Fiducia cum amico: transferia-se a propriedade de uma res a uma pessoa leal, com
vista à prossecução de diversos fins.
Finalidades:
● Tem como finalidade garantir uma obrigação.
● O garante (fiduciante) transfere a propriedade de uma res ao credor (fiduciário)
que, por sua vez, se obriga a restituí-la após a satisfação da dívida.
● Agora proprietário da res, o credor podia reivindica-la de quem dela se apoderou.
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3. Depósito:
● O depósito (depositum) é um contrato bilateral imperfeito e de boa fé em que
uma pessoa (depositante) entrega a outra (depositário) uma res móvel para que a
guarde, tornando-se mero detentor, não a podendo usar, e restitua num
determinado prazo ou quando o depositante pedir.
● Este é um contrato gratuito uma vez que existem perdas patrimoniais para apenas
uma das partes.
Depositante: deposita uma coisa móvel ou imóvel, não fungível, pois é um objeto com
individualidade e características próprias.
Modalidades especiais:
Da figura do depósito afastam-se os seguintes contratos:
● O depósito necessário: é o depósito forçado que se faz em situações excecionais
que não permitem que o depositante escolha livremente o depositário (ex: quando
há um naufrágio, um incêndio, etc.). O depositário tem responsabilidade acrescida,
se perder a coisa é condenado a pagar o dobro.
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4. Comodato:
● O comodato é um contrato bilateral imperfeito e de boa fé em que uma pessoa
(comodante) entrega uma res móvel ou imóvel a outra pessoa (comodatário) para
que a use gratuitamente, durante certo tempo e segundo o modo acordado, e a
restitua.
● É um contrato gratuito já que existem perdas patrimoniais apenas para uma das
partes.
Comodatário:
● O comodatário é um simples detentor da res, mantendo-se a propriedade e a
posse no comodante.
● No direito clássico, é responsável por custódia. Por isso, se a res for roubada,
responde perante o comodante.
Comodante:
● O comodante está obrigado a ressarcir os gastos necessários que o comodatário
fez para conservar a res e, também, a indemnizar os danos eventualmente
causados quer pela res quer por si próprio.
5. Penhor:
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● É um contrato gratuito porque existem perdas patrimoniais apenas para uma das
partes.
Obrigações do credor:
● Obrigação de conservar a coisa, durante o tempo de o crédito ser pago;
Obrigações do garante:
● Pagar as despesas para que a coisa não se perdesse ou deteriorar-se –
responsabilidade do garante. Se o objeto se perder ou deteriorar:
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5. Contratos consensuais:
● Os contratos consensuais caracterizam-se pelo facto de a sua validade só
depender do acordo das partes, que se pode manifestar de qualquer modo.
Portanto, não é necessária uma forma determinada (como nos contratos verbais e
literais) nem a entrega da res (como nos contratos reais).
● Por outro lado, o respeito pela vontade impôs-se com particular prioridade quer na
interpretação, quer nos vícios e nas divergências com a sua declaração.
● Fiel aos princípios romanos de que o simples acordo não transfere a propriedade
de uma res, a jurisprudência recusou este efeito ao acordo entre comprador e
vendedor e admitiu, por sua vez, o de criar as obrigações de, através de atos
sucessivos, transferirem, respetivamente, a posse livre e pacífica da res vendida e a
propriedade do preço.
2. Res: a sua posse, livre e pacífica deve ser transferida ao comprador. Pode ser
corpórea ou não corpórea, presente ou futura.
● Não corpórea: servidões prediais ainda não constituídas, usufruto, etc.
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3. Pretium (preço): O preço deve ser certo, ou seja, a pecúnia deve ser
determinada no momento do acordo ou determinável perante circunstâncias
objetivas (fixado por unidade de peso, capacidade ou medida, através de
pesagem ou medição).
Obrigações do vendedor:
● Transferir a posse livre e pacífica da res ao comprador, portanto, deve encontrar-
se livre de vícios e não ser precária. Sendo habitual do comércio com os povos
estrangeiros, a jurisprudência romana recorreu ao contrato da compra e venda
para afastar essa dificuldade: o vendedor obrigava-se a transferir a posse da res ao
comprador e responsabilizava-se pela evicção. Se fosse civil romano, o comprador
adquiria a sua propriedade por usucapião (estrangeiro não podia evocar).
Entretanto, a garantia prestada pelo vendedor contra a evicção assegurava ao
comprador a manutenção da posse durante o tempo necessário para usucapir. O
fim natural da compra e venda é a transferência da propriedade, e a boa fé exige
que o vendedor faça o necessário para que o comprador a adquira.
● Cuidar da res até à sua entrega, a obrigação do vendedor dependia de culpa levis,
ou seja, se a res perecesse ou fosse deteriorada por um evento imprevisível ou de
força maior, este não seria responsável e apenas deveria entregar ao comprador o
que restasse materialmente da res ou, se a destruição ou deterioração fosse obra
de terceiro, ceder-lhe as ações que eventualmente tivesse.
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● Responder pelos vícios ocultos da res: é a obrigação com que, desde os tempos
antigos, o vendedor costumava garantir que a res vendida tinha materialmente a
consistência ou se encontrava nas condições determinadas pelo acordo e,
portanto, não havia elementos físicos ou jurídicos suscetíveis de diminuírem a sua
aptidão ou o exercício das suas faculdades.
⮚ Se a res vendida fosse furtada antes da sua entrega, o vendedor podia libertar-
se da sua responsabilidade cedendo, ao comprador, as ações que lhe eram
concedidas contra o ladrão.
Obrigações do comprador:
● Transmitir a propriedade (dare) do pretium (preço) ao vendedor. Também está
obrigado a pagar juros se não pagar o pretium decorrido um certo tempo após a
receção da res;
● Responder pelo risco. A partir do momento que o contrato está perfeito, o risco
corre pelo comprador.
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Pactos acessórios:
1. O pactum displicentiae (acordo de desagrado): sujeitava os efeitos da compra e
venda à condição resolutória potestativa de o comprador declarar que não
aprovava a res; ou fazia depender esses efeitos da declaração de agrado do
comprador (condição suspensiva). Se não tivesse fixado um prazo, o comprador
podia pedir que a compra e venda fosse declarada sem efeito. Dispunha de 60 dias,
findos os quais se considerava firme (condição resolutória) ou não concluída
(condição suspensiva).
5.2. Locação:
• A locação é um contrato consensual, obrigacional, oneroso e sinalagmático em que
uma pessoa se obriga para com outra a proporcionar-lhe o gozo temporário duma
res, ou a prestar determinados serviços ou a realizar uma obra, mediante o
pagamento de uma remuneração.
A locação é constituída pelos seguintes elementos essenciais:
1. Consenso: é o acordo entre as partes. Como sucede em qualquer contrato
consensual, basta para criar a relação obrigacional.
2. Objeto: pode ser uma res que o locatário deve usar segundo o modo acordado
durante um certo tempo (locação de coisa), uma atividade laboral que o locador
deve realizar no tempo acordado (locação de trabalho) ou uma res que o locador
entrega ao locatário para fazer uma determinada obra (locação de obra).
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● Assim, se a res locada fosse destruída por um evento de força maior, o locador
sofria o dano e o locatário só devia a remuneração em relação ao tempo em que
esteve em seu uso.
● Não tendo o locatário um direito real e sendo um mero detentor da res, se esta
fosse reivindicada pelo proprietário, só podia demandar o locador pelos danos
causados (a responsabilidade por evicção continua a ser subjetiva: depende da
culpa do locador na locação de res alheia).
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Obrigações do locatário:
● Pagar a remuneração acordada . Na época clássica, se o locatário abandonasse o
fundus locado antes do prazo acordado, sem justa causa, era obrigado a pagar a
totalidade da renda. No direito justinianeu, a sua responsabilidade limita-se ao
dano efetivamente causado ao locador;
● Conservar a res em boas condições (locatário simples detentor) e não fazer uso
indevido (utilizar a res para os fins a que se destina);
Quando caducava:
● Destruição material da res locada ou se tornar uma res comércio exterior;
Resolução do contrato:
Critério geral: uma parte pode resolver o contrato se a outra não cumprir
(responsabilidade) ou não puder cumprir (risco) as suas obrigações.
Podia pedir:
a) O locador, quando:
1. O locatário não paga a renda durante 2 anos;
2. A res é objeto de abuso ou sofre deterioração;
3. Tem necessidade de habitar a casa ou pretende reforma-la.
b) O locatário, quando:
1. O locador se atrasa na entrega da res;
2. A res tem defeitos que impedem, limitam ou dificultam a sua utilização;
3. Há um temor fundado de um perigo.
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● Desta forma, o homem livre podia locar a sua atividade sem diminuir a sua
personalidade e capacidade jurídicas.
Quando cessava:
● Com a morte do locador e não do locatário: o locatário podia prestar os seus
serviços aos herdeiros do locador que, portanto, o substituíam na obrigação de
pagar a merces.
● Por sua vez, o locatário deve executar essa obra com correção e entregá-la no
prazo acordado ou, caso não tenha sido fixado, no tempo normalmente utilizado
para a realizar.
5.3. Sociedade:
● A sociedade é um contrato consensual e de boa fé em que duas ou mais pessoas
(plurilateral) se obrigam reciprocamente a pôr em comum determinados bens ou
trabalho com vista à obtenção de um fim patrimonial comum.
É constituída pelos seguintes elementos essenciais:
1. Consenso: é o acordo de vontade entre as partes.
⮚ Quanto ao modo por que o condomínio sobre as res podia ser constituído, é
sugerido que, nas sociedades universais, bastava o consentimento das partes,
sendo desnecessária a traditio (ou outra forma de transmissão da propriedade).
⮚ Depois da entrega da res, o socio não a pode reclamar, a menos que se trate de
uma res furtiva ou proveniente de um ato ilícito que tenha sido condenado.
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3. Finalidade: o interesse comum que as partes se propõem realizar deve ser lícito e
suscetível de constituir uma utilidade ou vantagem patrimonial para todos os
sócios.
⮚ Por isso, não produz efeitos o acordo de constituição de uma sociedade que
reserve os ganhos para um ou algum dos sócios e as perdas para os outros. Não
admitia o pacto-leonino, isto é, um sócio apenas participar nos lucros e não nas
perdas.
2. Cada sócio tem o direito de ser reembolsado dos gastos que tenha feito e
indemnizado dos danos que a gestão lhe causou.
⮚ Participa nos ganhos e nas perdas da gestão comum, sendo estas distribuídas
em proporções iguais seja qual for a contribuição de cada sócio, exceto acordo
diferente.
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● O contrato de sociedade não cria uma pessoa jurídica distinta dos sócios. Isto é, ao
contrário do ordenamento português (pessoas coletivas), no direito romano as
sociedades não têm personalidade jurídica. Por isso, não existem relações
obrigacionais entre a sociedade e terceiros: só há créditos e obrigações de cada
sócio com terceiros.
5.4. Mandato:
● O mandato é um contrato consensual e bilateral imperfeito no qual uma pessoa
(mandante) encarrega outra (mandatário) de realizar uma determinada atividade
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Obrigações do mandatário:
● Cumprir o encargo, seguindo as instruções do mandante ou, se não existirem,
segundo a natureza da atividade a realizar. Pode encarregar outra pessoa dessa
atividade, mas responde pelo trabalho da mesma.
● Prestar contas da sua gestão ao mandante. Se, da sua atividade, surgirem direitos
sobre terceiros, deve transmitir as correspondentes ações ao mandante.
Direitos de terceiro:
● A relação jurídica derivada do mandato é-lhe estranha. Por isso, só pode reclamar
os seus direitos perante o mandatário que, por sua vez, deve demandá-lo das suas
obrigações.
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● Renúncia do mandatário;
● Morte do mandante ou do mandatário.
Caso prático:
A encarrega B de celebrar uma compra e venda com C. No entanto, B não lhe paga, a
quem é que C deve cobrar?
6. Contratos inominados
● Relações cujo vínculo jurídico que liga as partes surge quando só uma delas
realizou a sua prestação e, por isso, pode exigir à outra a prestação a que se
comprometeu: a restituição do que recebeu ou a entrega do equivalente
pecuniário ao benefício patrimonial obtido.
6.1.Permuta:
● É um contrato inominado no qual uma pessoa dá a outra uma res determinada
para que esta lhe dê outra res (“dar/dar”).
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6.2.Estimatório:
● É um contrato no qual uma pessoa entrega a outra uma res ou mercadoria
determinada para que esta a venda pelo valor acordado e se comprometa, num
prazo determinado, a pagar e a devolver as res respetivamente vendidas e não
vendidas.
● Caso a outra pessoa consiga vender a res por um preço superior ao acordado, esta
fica o excedente.
Elementos:
1. Entrega da res para que o accipiens a venda;
2. Fixação do valor a pagar ao tradens;
3. Obrigação alternativa de o accipiens pagar o valor fixado ou restituir a res;
4. Faculdade de o accipiens fazer sua a diferença entre aquele valor e o preço da
venda.
6.3.Precário:
● É um contrato no qual uma pessoa (precario dans) concede gratuitamente a outra
(precarista), a pedido desta, o uso de uma res ou o exercício de um direito, com a
faculdade de revogar, em qualquer momento, a concessão.
● Não se confunde com o comodato (que se aproxima), nem com a locação porque
proporciona um gozo mais amplo ao precarista e permite ao precario dans que o
revogue segundo o seu livre arbítrio.
6.4.Transação:
● É um contrato no qual as partes põem fim ou evitam um litígio mediante
concessões recíprocas.
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● Nem sempre a transação era possível: era recusada depois da sentença ou não era
admitida quando a dívida, em litígio, respeitasse a alimentos dispostos num
testamento.
7. Quase contratos
● Trata-se de relações que geravam obrigações. Na sua base não estava uma
conventio (acordo), mas sim um ato unilateral.
7.1.Promessa unilateral:
● A pollicitatio é uma promessa unilateral de realizar uma prestação.
Caso prático:
● Perdi o meu cão e posto nas redes sociais para o encontrar e digo que quem
encontrar pago 100€ em troca, é um ato unilateral pois não existe acordo com a
pessoa que encontra o meu cão, mas sim uma obrigação de pagar.
7.2.Gestão de negócios:
● Ocorre quando alguém, sem estar encarregue ou obrigado pelo trabalho que
desempenha, realiza, por sua própria iniciativa e no interesse alheio, a gestão de
um ou mais negócio de outra pessoa.
● Desta atividade unilateral nasce uma relação obrigacional entre quem faz a gestão
(gestor) e aquele em cujo interesse atua (dono do negócio).
Obrigações do gestor:
⮚ Realizar a gestão que iniciou segundo a natureza do negócio e no interesse do
dono do negócio;
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● Considera-se que atuou com a necessária diligência quando a sua gestão foi útil.
Por isso, se realizou negócios que se afastam dos normalmente feitos pelo dono do
negócio ou não respeitou a sua proibição, responde também por caso fortuito.
● Desta forma, o dono do negócio não podia subtrair-se às suas obrigações para com
o gestor alegando, por exemplo, que queria que a sua casa que se encontrasse em
ruínas caísse.
● Não há gestão de negócios se alguém gere assuntos próprios julgando que são
alheios ou se alguém gere negócios comuns com um terceiro sem ser possível
separar os dois interesses. Se forem separáveis, haverá gestão de negócios
exclusivamente em relação ao terceiro.
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● A alguém que, sem estar obrigado e por iniciativa própria, efetuasse gastos
relacionados com atos funerários era concedido a actio funerária, que lhe permitia
reclamar aos herdeiros os gastos feitos, tendo em atenção a posição
socioeconómica do defunto.
Caso prático:
1. A viu que na cadeira está uma bolsa que pertence a B, tendo B se esquecido desta
antes de sair da sala. A pega na bolsa para a devolver pela sua própria vontade a B.
A ficou com as obrigações de cuidar da bolsa e de a entregar a B.
7.3.Enriquecimento injusto:
● Verifica-se quando uma pessoa enriquece sem causa justa e em detrimento de
outrem.
● A situação mais frequente ocorre quando alguém entrega uma res na convicção
errada de que está a cumprir uma obrigação. Para o proteger, o Direito Romano
concede-lhe uma actio pessoal denominada condictio.
● Accipiens / Dans
Obrigação de restituição:
Dependia dos seguintes elementos:
1. Solutio: realização de uma prestação com a intenção de extinguir uma obrigação.
2. Indebtum: não existe quando alguém cumpre uma obrigação natural. No entanto,
podia verificar-se quando:
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4. Boa fé do accipiens: se este sabia que a prestação não lhe era devida, estamos
perante o furto.
Outras situações:
1. Era concedida a quem efetuou uma prestação de dinheiro ou outra res para o
accipiens realizar uma determinada atividade. Se não a realizasse, o dans
recuperava a res entregue.
2. Era concedida a quem fez uma prestação para o accipiens realizar ou não um ato
reprovado pela moral ou pelo Direito ou cumprir o seu dever jurídico. Não gozava
desta condictio o dans que também participasse no ato desonesto.
4. Concedida a quem efetuou uma prestação de dinheiro ou outra res para um fim
que não existia ou que não podia realizar-se ou que deixou de existir.
8.1.Delitos:
● É o ato ilícito sancionado com uma pena. Pode ser:
● O Direito Romano não conheceu o delito como categoria geral e abstrata, mas
particulares delitos que, segundo o ius civilie são:
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8.2.Quase delitos:
● Além dos delitos previstos no ius civilie, existes outros atos ilícitos nos quais o
pretor concedia actiones in factum para os lesados poderem exigir a
correspondente indemnização.
● Ius honorarium
9. Direitos reais
● Segundo a teoria realista, traduz-se num poder direto e imediato sobre uma coisa
(elemento interno).
9.1.Direito de propriedade:
Definição:
● O direito de propriedade confere ao seu titular, de forma plena e absoluta, de usar,
fruir e dispor da sua res.
Características:
1. Confinidade: delimitação territorial / espacial.
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Conteúdo:
1. Usar: obter alguma utilidade sem alterar nem consumir a res;
Limites ao conteúdo:
1. Interesses públicos:
a) Expropriação por utilidade pública: a autoridade pública podia apoderar-se de
uma res alheia, sob duas condições:
i. Indemnizar o proprietário;
ii. Destinar a res expropriada à satisfação de um interesse público.
c) Limitações provocadas pelo trânsito publico: se uma via fosse deteriorada por
inundação ou ruína, o proprietário do terreno mais próximo devia permitir a
circulação do trânsito sobre o mesmo. Também os proprietários dos terrenos
confinantes com a via pública eram obrigados a mantê-la em bom estado.
2. Interesses privados:
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c) O dono de uma árvore podia entrar no terreno vizinho para recolher os frutos
que aí caíram. Esta permissão cabia a todos os frutos e a quaisquer objetos
caso não fosse possível a sua recuperação por razões naturais.
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Teorias:
1. Teoria da divisão ideal da res: concorrem vários direitos de propriedade cuja
titularidade pertence a pessoas diferentes. Cada um destes direitos tem por objeto
não a totalidade, mas uma parte da res comum. Encontrando-se a res
materialmente indivisa, esta parte corresponde a uma quota.
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● Se fosse para acolher algumas das teorias, a preferência iria para as que referem a
pluralidade e a independência de várias propriedades que têm por objeto a res
total e por titular cada um dos condóminos: são as teorias da propriedade comum
parcial e da propriedade comum integral.
● Podiam vender ou onerar a sua quota, mas não o podiam fazer sobre determinada
parte da coisa (art. 1408.º CC).
● No entanto, não pode realizar atos jurídicos que modifiquem ou alterem o direito
dos outros condóminos, sem o seu consentimento, por exemplo, constituir
servidões a favor ou contra o terreno comum.
● A todo o momento um dos condóminos podia instaurar uma ação a exigir aos
outros condóminos o termo do condomínio e obter a sua transformação em
propriedade individual ou disciplinar as relações internas e dirimir conflitos entre
ganhos, perdas e gastos comuns.
● Relativamente ao uso, este traduz-se no gozo da res sem modificar ou alterar a sua
substância. As fontes estabelecem que cada condómino é livre de praticar os atos
normais de conservação e de gozo sem prévio acordo, desde que não exceda o
normal e não prejudique os restantes.
Caso prático:
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O prédio de A e B tem duas frações autónomas e B quer vender a C. Cada um tem uma
quota ideal da coisa, ou seja, este não sabe qual é a sua parte. Logo, ele não pode
vender. Para o fazer tem que interpor a divisão da coisa comum ou ter o
consentimento dos outros comproprietários (A).
C ocupou indevidamente o prédio de A e B. A nada fez, mas B quer interpor uma ação
contra C. Este pode fazê-lo sozinho pois é proprietário da coia (qualitativamente é
idêntico, mas quantitativamente pode ser diferente). Esta ação corresponde a uma
ação de reivindicação.
10.Posse:
● A posse foi considerada um poder de disposição de uma res que o possuidor
exercia com a intenção de lhe pertencer exclusivamente, não confundindo com o
poder de dispor juridicamente.
● É pela posse que se tem da res que se presume quem é o seu proprietário (meio de
publicidade espontânea).
Elementos:
1. Corpus: elemento material que se identifica com os atos materiais praticados
numa res. É um facto físico e social: físico porque se traduz numa ação que direta
ou indiretamente se exerce sobre a res; social porque é imposta e respeitada por
terceiros.
Natureza
Entendimento da posse não como um direito, mas como uma a relação de facto:
1. A posse não se transmitia ao herdeiro porque, na época clássica, este não entrava
nas relações de mero facto.
3. Sendo o animus elemento essencial da posse, a sua cessação bastava para esta se
perder, ao contrário da propriedade, que se mantinha mesmo que o proprietário
se desinteressasse.
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Objeto:
Só podia possuir-se uma res que pudesse tornar-se objeto de propriedade. Por isso,
devia:
2. Ser corpórea.
3. Ter individualidade própria. Não se podia possui uma res ligada a outra, com a qual
forma uma unidade.
Aquisição:
● Sendo a posse uma relação de mero facto, não se exigiam formas para a sua
constituição: necessário era que se verificassem as condições que a jurisprudência
fixou nos elementos material e espiritual.
Conservação:
● Apenas podia manter-se a posse enquanto se verificassem os dois elementos:
corpus e animus.
Situações de conservação da posse:
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● Tem como objeto uma res corpórea que é propriedade de outra pessoa.
Regras:
1. A servidão não pode constituir-se sobre uma servidão.
5. O fundi dominante e serviente devem ser vizinhos, embora possam não ser
contíguos.
6. A servidão é indivisível.
11.1.1.Servidões rústicas:
Reagrupam-se, principalmente, em duas categorias:
2. Servidões de água:
a) Direito de, atravessando o fundus do vizinho, conduzir água potável para
irrigar ou escoar o fundus dominante.
b) Permite retirar água de um poço que existe num fundus vizinho atravessar o
mesmo para aquele fim.
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Extinção:
1. O fundus serviente se tornar uma res extra commerciumI;
2. Demolição do edifício dominante ou do edifício serviente;
3. Renuncia do seu titular;
4. Não uso: 2 anos na época clássica e 10 no direito justinianeu;
11.2. Usufruto:
● É o direito real de usar e desfrutar uma res alheia, respeitando a sua consistência
material e o seu destino económico.
3. O usufrutuário deve usar a res como um bom pai de família e sem exceder os
limites do conceito fruto.
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1º ano de Direito FDCE CAD
6. Não respondia por deteriorações naturais, pelo desgaste próprio do uso ordinário
nem pelo perecimento da res causado pela sua utilização normal.
Proprietário:
● Cabe-lhe o gozo de todos os elementos que não tem o caráter de frutos.
● Pode instaurar todas as ações que tutelam a propriedade: pelos danos causados à
res e se a mesma for subtraída.
● Pode adquirir e onerar a res com servidões que não prejudiquem o direito do
usufrutuário.
Extinção:
1. Renúncia;
2. Confusão;
3. Destruição, subtração ao comércio ou transformação da res numa nova;
4. Não uso durante tempo determinado;
5. Decurso do tempo para qual o usufruto se constituiu;
6. Morte do usufrutuário;
Caso prático:
A, proprietário de um prédio urbano, constitui usufruto vitalício a favor de B. B faz
contrato de locação com C por 10 anos. Passados 2 anos, A vende o prédio a D. A pode
vender prédio a D pois é seu proprietário. Com a venda do prédio, o usufruto não sofre
nenhuma alienação.
O que acontece ao contrato de locação?
Contrato de compra e venda NÃO AFASTA a locação pois não é o direito de
propriedade que está onerado pela locação, mas sim o usufruto.
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Caducando o usufruto caduca a locação, ainda que o contrato de locação não tenha
terminado.
O que acontece ao direito de propriedade de D quando B morre?
Este expande-se, isto é, D tem o direito de usar, fruir e dispor do prédio.
11.3. Uso:
● Usuário inicialmente não podia recolher nenhuns frutos.
● Depois, o direito romano permitiu que o usuário, além do uso do prédio, também
pudesse recolher alguns frutos necessários à satisfação das suas necessidades
essenciais e da sua família.
● O usuário era, como no usufruto, obrigado a prestar uma caução, com que garantia
ao proprietário o uso diligente da res e a sua restituição no termo do uso.
● Ao contrário do usufruto, este não podia ser locado ou onerado nem podia ser
adquirido por usucapião.
11.4. Habitação:
● É um direito real especial concedido a uma determinada pessoa de habitar ou
arrendar uma casa alheia.
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● Tais obrigações eram protegidas por ações pessoais que se instauravam para o
demandado (a parte contratual) ceder a ação que tinha contra o terceiro que,
posteriormente, se impunha a demandar.
● A superfície constituía-se por contrato que podia ser uma venda, uma locação ou
uma doação.
Caso prático:
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A
B D
C
A pretende vender o seu prédio a C, pode fazê-lo sem problema nenhum. C adquire o
prédio, mas esse prédio está onerado com um direito real (ónus sobre a res), isto é, C
vai ter que suportar, não podendo de forma alguma afastar o direito de superfície.
Mas ao abrigo do contrato de locação anterior, os ónus que A assumiu são ónus
pessoais, se cumprir tudo bem, se não cumprir terá apenas de responder perante a
outra parte, neste caso B. Mas se o ónus é um ónus sobre a res, com eficácia erga
omnes, neste caso, o C compra o prédio de A e o direito de superfície continua lá.
Igualmente, B pode transmitir o seu direito de propriedade sobre o prédio e, o
adquirente, D, continua a beneficiar do direito de superfície.
● Garantias reais das obrigações têm por objetos coisas certas e determinadas ou um
conjunto de coisas certas e determinadas.
a) Penhor:
● Na época clássica, o penhor é um direito real sobre uma res alheia destinado a
garantir o cumprimento de uma obrigação.
Características:
● Acessoriedade: o penhor é acessório do contrato de mútuo. Se o contrato de
mútuo for inválido ou inexistente, o do penhor também é.
Extinção:
● Cessação da dívida garantida;
● Venda da res para satisfação do credor;
● Destruição da res;
● Renúncia;
● Confusão dos títulos de proprietário e de credor pignoratício
b) Hipoteca:
● Especial afetação da coisa ao cumprimento de uma obrigação.
● Não há transmissão do direito de propriedade nem da posse.
● Não implica entrega da coisa.
● Podia incidir sobre qualquer coisa, móveis ou imóveis.
● Mesmas características do penhor: acessoriedade e indivisibilidade.
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Constituição:
1. Acordo;
2. Testamento;
3. Disposição legal.
Acumulação de hipotecas:
● A falta de entrega da res possibilitava a acumulação de hipotecas sobre a mesma
res para garantia de obrigações diferentes.
Extinção:
1. Destruição da res;
2. Renúncia;
3. Confusão;
4. Extinção da dívida;
5. Venda da res hipotecada. Os restantes credores hipotecários só tinham direito ao
excedente.
Caso prático:
A pretende vender imóvel a B. Para o comprar, B precisa contrair um empréstimo em
pecúnia (mútuo bancário) a C, que é banqueiro. C, por sua vez, exige uma garantia:
uma hipoteca sobre a casa de D.
Esta garantia vai ser prestada por um terceiro pois o banco entendia que C não tinha
património suficiente para a garantia, tendo então D ficado com o seu prédio
hipotecado.
Agora, D pretende vender o prédio hipotecado a E. Este pode fazê-lo, sendo que a
hipoteca se mantém (eficácia erga omnes).
AGRADECIMENTOS:
Adriana Borges
David Silva
Eduardo Leão
Érica Araújo
Gabriel Pinho
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Manuela
Marlene Ferreira
Matilde Campos
Miguel Ledo
Pedro Gomes
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