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FUNDAÇÃO GETULIO VARGAS

ESCOLA DE ECONOMIA DE SÃO PAULO

TIAGO LUIS ANGELINO

OPORTUNIDADES DE EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA DE


PEQUENOS E MÉDIOS FRIGORÍFICOS NO BRASIL

SÃO PAULO
2023
TIAGO LUIS ANGELINO

OPORTUNIDADES DE EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA DE


PEQUENOS E MÉDIOS FRIGORÍFICOS NO BRASIL

Dissertação apresentada à Escola de Economia


de São Paulo da Fundação Getúlio Vargas,
como requisito para a obtenção do título de
Mestre em Agronegócio .

Campo de Conhecimento: INDÚSTRIA e


VIABILIDADE FINANCEIRA

Orientador: Prof. Dr. THIAGO GHILHERME


PÉRA

SÃO PAULO
2023
Angelino, Tiago Luis.
Oportunidades de exportação de carne bovina de pequenos e médios frigoríficos
no Brasil / Tiago Luis Angelino. - 2023.
96 fls.

Orientador: Thiago Guilherme Péra.


Dissertação (mestrado profissional MPAGRO) – Fundação Getulio Vargas, Escola
de Economia de São Paulo.

1. Carne bovina - Exportação. 2. Frigoríficos - Brasil. 3. Concorrência. 4. Estudos


de viabilidade. 5. Pequenas e médias empresas. I. Péra, Thiago Guilherme. II.
Dissertação (mestrado profissional MPAGRO) – Escola de Economia de São Paulo.
III. Fundação Getúlio Vargas. IV. Título.

CDU 339.564(81)

Ficha Catalográfica elaborada por: Isabele Oliveira dos Santos Garcia CRB SP-
010191/O
Biblioteca Karl A. Boedecker da Fundação Getulio Vargas - SP
TIAGO LUIS ANGELINO

OPORTUNIDADE DE EXPORTAÇÃO DE CARNE BOVINA DE PEQUENOS


EMÉDIOS FRIGORÍFICOS NO BRASIL

Dissertação apresentada à Escola de Economia


de São Paulo, da Fundação Getúlio Vargas –
EESP/FGV, como parte dos requisitos para
obtenção do título de Mestre em Agronegócio.

Data de Aprovação: __/ /__

Banca examinadora:

Dr. Thiago Guilherme Péra


ESALQ-USP

Dr. Felippe Cauê Serigati


EESP/FGV

Dr. Augusto Hauber Gameiro


FMVZ/USP
AGRADECIMENTOS

DEUS, este é o maior pai e amigo que me deu forças em acreditar que poderia alcançar todos
os objetivos profissionais e pessoais, e esta finalização deste Mestrado Profissional é mais uma
etapa concluída com muito esforço e dedicação. A minha esposa Sâmya e as minhas filhas Laís,
Geovana e Eduarda, pois são essas mulheres da minha vida que dedico o nosso sucesso, são
minhas motivadoras que me incentivam diariamente na busca dos nossos objetivos. Obrigado
minha família. Aos meus pais Mario e Maria que me deram a base, a educação e a condição de
buscar um sonho, realizações. A Fundação Getúlio Vargas na composição do programa de Pós-
Graduação e na composição de todos os membros do corpo docente e Administradores do curso.
Ao meu Orientador Thiago Guilherme Péra por todo suporte, enfim, meu MUITO OBRIGADO
a todos que me ajudaram direta e indiretamente.
RESUMO

O Brasil é líder mundial em exportações de carne bovina. A capacidade produtiva, os


insumos de variedade para alimentação animal e a área de pastagens, são diferenciais relevantes
na equiparação com os concorrentes internacionais. Com a aprovação governamental, as
empresas brasileiras se expandiram de forma consistente. Somado a isso, o último decênio foi
pautado por um extenso crescimento tecnológico em todas as etapas produtivas, desde o
comando dos animais até a mesa do consumidor. Esse processo trouxe grande concorrência aos
produtos brasileiros que, rapidamente, entraram no menu de mercados exigentes. O
desenvolvimento desta pesquisa objetiva aprofundar a discussão sobre a visibilidade dos
frigoríficos de bovinos de médio e pequeno porte sobre a viabilidade da exportação de seus
produtos, quais mercados possíveis, benefícios fiscais atrelados, demanda agregada, e
adicionais no suporte para se transformar em uma empresa exportadora. A metodologia da
pesquisa consistiu em uma análise qualitativa sob a ótica do mercado e do desempenho das
referidas empresas. O objetivo principal desse projeto é contribuir com a visibilidade dos
pequenos e médios frigoríficos em viabilizar e incluir seu potencial de exportação latente ao
seu modelo de negócio. Portanto, recomenda-se que, à luz dos resultados apresentados e da
bibliografia revisada, sejam implementadas práticas de negócios visando a viabilização desse
novo paradigma com vistas a expansão de mercado.

Palavras-chave: Exportação De Carne Bovina, Frigoríficos No Brasil, Competitividade,


Análise De Viabilidade.
ABSTRACT

Brazil is the world leader in beef exports. The productive capacity, the variety of inputs
for animal feed and the pasture area, are relevant differentials in the comparison with
international competitors. With government approval, Brazilian companies have expanded
consistently. Added to this, the last decade has been marked by extensive technological growth
in all production stages, from controlling the animals to the consumer's table. This process
brought great competition to Brazilian products, which quickly entered the menu of demanding
markets. The development of this research aims to deepen the discussion on the visibility of
medium and small beef slaughterhouses on the viability of exporting their products. The
research methodology consisted of a qualitative analysis from the perspective of the market and
the performance of these companies. The main objective of this project is to contribute to the
visibility of small and medium-sized slaughterhouses in enabling and including their latent
export potential in their business model. Therefore, it is recommended that, in the light of the
presented results and the revised bibliography, business practices be implemented in order to
make this new paradigm viable with a view to market expansion.

Keywords: Beef Exports, Brazilian Meat Packing Plants, Competitiveness, Feasibility Analysis.
LISTA DE FIGURAS

Figura 1 - Mercado Global da Carne Bovina: Cenário Futuro ................................................. 14


Figura 2 - Evolução da produção de carnes no Brasil no período de 2000 a 2021 .................. 18
Figura 3 - Consumo brasileiro de carne e ovos per capita em 2021 ......................................... 18
Figura 4 - Participação da produção brasileira no mundo em 2021 ......................................... 19
Figura 5 - Principais destinos da exportação brasileira em 2021 ............................................. 19
Figura 6 - Principais destinos da exportação de carne bovina brasileira em 2021 ................... 20
Figura 7 - Demanda per capita por carne no mundo entre 1993 e 2020................................... 20
Figura 8 - Exportações Brasileiras do Agronegócio por Mercados - 2022 .............................. 23
Figura 9 - Exportações Brasileiras do Agronegócio por UF - 2022 ......................................... 23
Figura 10 - Exportações Brasileiras do Agronegócio por Setores - 2022 ................................ 24
Figura 11 - Balança Comercial do Agronegócio - Série Histórica ........................................... 25
Figura 12 - Produção de carne bovina (mil toneladas) ............................................................. 28
Figura 13 - Exportação de carne bovina (mil toneladas) .......................................................... 28
Figura 14 - Consumo de carne bovina (mil/toneladas)............................................................. 29
Figura 15 - Mercado Global da Carne Bovina: Cenário em 2020 ............................................ 31
Figura 16 - Volume de exportação de carne bovina no Brasil ................................................. 33
Figura 17 - Mercados de destino da carne bovina brasileira, por valor e participação, com
volume exportado para os principais compradores .................................................................. 44
Figura 18 - Fluxograma Metodológico ..................................................................................... 48
Figura 19 - Norteadores da Companhia – Estratégia JBS ........................................................ 52
Figura 20 - Pilares estratégicos Marfrig ................................................................................... 54
Figura 21 - Projetos sustentabilidade Minerva ......................................................................... 58
Figura 22 - Índices financeiros fundamentalistas – JBS........................................................... 67
Figura 23 - Gráfico Balanço Patrimonial - JBS........................................................................ 68
Figura 24 - Gráfico Demonstração de Resultado - JBS............................................................ 68
Figura 25 - Índices financeiros fundamentalistas - MARFRIG ............................................... 70
Figura 26 - Gráfico Balanço Patrimonial - MARFRIG ............................................................ 71
Figura 27 - Gráfico Demonstração de Resultado - MARFRIG ................................................ 71
Figura 28 - Índices financeiros fundamentalistas - MINERVA ............................................... 73
Figura 29 - Gráfico Balanço Patrimonial – MINERVA ........................................................... 74
Figura 30 - Demonstração de Resultado - MINERVA............................................................. 74
Figura 31 - Índices financeiros fundamentalistas – BRF ......................................................... 76
Figura 32 - Gráfico Balanço Patrimonial– BRF ....................................................................... 77
Figura 33 - Demonstração de Resultado– BRF ........................................................................ 77
LISTA DE TABELAS

Tabela 1 - Consumo de carne bovina no Brasil no período 2012 - 2022 ................................. 32


Tabela 2 - As 8 maiores empresas do agronegócio brasileiro considerando o segmento de
Proteina Animal ........................................................................................................................ 35
Tabela 3 - Frigoríficos de grande porte, considerando os volumes de abates em 2022 ........... 37
Tabela 4 - Frigoríficos de médio porte, considerando os volumes de abates em 2022 ............ 37
Tabela 5 - Frigoríficos de pequeno porte, considerando os volumes de abates em 2022 ........ 38
Tabela 6 - Frigoríficos brasileiros e sua participação no mercado ........................................... 40
Tabela 7 – Participação do volume de exportação por grupo de classificação dos Frigoríficos
.................................................................................................................................................. 42
Tabela 8 - Relação dos países importadores de carne bovina em 2022 ................................... 42
Tabela 9 – Relação do Market share entre os Frigoríficos e o volume total de exportação em
2022 ......................................................................................................................................... 47
Tabela 10 - Resumo Das Análises – Foco das Empresas ......................................................... 65
Tabela 11 - Resultado 2021 – Comparativo players................................................................. 78
Tabela 12 - Resultado 3º TR.22 – LTM 2021 – Comparativo players ..................................... 79
Tabela 13 - Roteiro das principais análises de viabilidade para exportação de médias e pequenas
empresas frigoríficas................................................................................................................. 86
LISTA DE SIGLAS E ABREVIATURAS

ABIEC Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes


APEXBRASIL Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
APPCC Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle
BRC British Retail Consortium
BPF Boas Práticas de Fabricação
CRA Certificado de Contas a Receber
EMBRAPA Empresa Brasileira de Pesquisa Agropecuária
FAO Food and Agriculture Organization of the United Nations
GEE Gases de Efeito Estufa
ILPF Integração Lavoura Pecuária Floresta
MAPA Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento
OCDE Organização para Cooperação e Desenvolvimento Econômico
PIB Produto Interno Bruto
SECEX Secretaria do Comércio Exterior
SIF Sistema de Inspeção Federal
SISCOMEX Sistema Integrado de Comércio Exterior
SIG Sistema de Gestão Integrada
SPL Sistema Produtor de Leitões
SVT Sistema Vertical Terminador
TRQ Quota Tarifária
USDA Serviço Agrícola Estrangeiro do Departamento de Agricultura dos EUA
SUMÁRIO

1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 15
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 16
2.1 Uma visão geral do setor carne bovina no Brasil ....................................... 16
2.2 Importância das exportações de carne bovina para o Brasil .................... 21
2.3 Representatividade Brasileira no Comércio Mundial de carne bovina ... 25
2.4 Projeções das importações e exportações de carne bovina ........................ 27
2.5 Principais países exportadores de carne bovina no mundo ....................... 29
2.6 Os principais países consumidores de carne bovina .................................. 31
2.7 O mercado internacional da carne bovina brasileira ................................. 32
2.8 Listagem dos mercados habilitados para exportação de carne bovina .... 34
2.9 Oportunidades em exportação de carne bovina para a pequena indústria
no Brasil................................................................................................................ 35
2.10 Market share de exportação de carne bovina das diferentes estruturas
dos frigoríficos (pequeno, médio e grande) ....................................................... 36
2.11 Limitações para ampliação dos volumes exportados de carne bovina no
Brasil ..................................................................................................................... 42
2.12 Aspectos de comercialização, logística e regulatórios na exportação de
carne bovina ......................................................................................................... 43
2.13 Investimentos necessários nas pequenas indústrias frigoríficas visando a
exportação ............................................................................................................ 46
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 46
3.1 Detalhamento da base de dados e características gerais ............................ 46
3.2 Gestão e organização das empresas ............................................................. 46
3.2.1 Dados financeiros ......................................................................................... 47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 49
4.1 Características gerais das empresas selecionadas ...................................... 49
4.2 Análise da gestão e organização das empresas selecionadas ..................... 50
4.2.1 JBS (JBSS3) ................................................................................................. 50
4.2.2 MARFRIG (MRFG3) ................................................................................... 54
4.2.3 MINERVA (BEEF3) .................................................................................... 56
4.2.4 BRF (BRFS3) ............................................................................................... 60
4.3 Caracterização e análise dos dados financeiros das empresas
selecionadas .......................................................................................................... 65
4.3.1 JBS (JBSS3) .................................................................................................. 65
4.3.2 MARFRIG (MRFG3)........................................... ......................................... 68
4.3.3 MINERVA (BEEF3).....................................................................................71
4.3.4 BRF (BRFS3)................................................................................................74
4.4 Análise qualitativa sobre a viabilidade de exportação de carne bovina
para médias e pequenas empresas ..................................................................... 79
4.5 Roteiro para análise de viabilidade de exportação para médias e
pequenas empresas .............................................................................................. 86
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 89
ANEXOS ................................................................................................................................. 93
Anexo 1 – Relação de Países por classificação de Lista habilitados para
exportação ............................................................................................................. 93
14

1 INTRODUÇÃO

O agronegócio tem um destaque importante nas exportações do país, mais


especificamente no segmento de bovinos, no último levantamento divulgado pela Secretária do
Comércio Exterior (SECEX), no ano de 2021, 26% dos abates de bovinos realizados nas
Industrias habilitadas pelo Sistema de Inspeção Federal (SIF) no país, foram direcionados como
produto acabado para o mercado externo, são recordes anuais de volume e uma crescente
oportunidade na abertura de mercados importadores, porém há uma grande possibilidade para
aumentarmos está fatia na participação nas exportações, principalmente em companhias de
médio e pequeno porte no segmento. Atualmente, o acesso a estes mercados são muito
direcionados as grandes companhias do segmento, ficando muito restrito a abertura para as
companhias menores porte onde direcionam praticamente toda sua produção para o mercado
interno, desta forma há oportunidades de entrar em um mercado de potencial viabilidade
financeira, abertura de mercado e portfólio, aproveitar os benefícios na atividade exportação,
equilíbrio de mercado no segmento, agregação de valor a toda cadeia (pecuarista, indústria e
revenda/distribuição) e desenvolvimento de opções de venda a esses negócios.
A Figura 1 apresenta o cenário futuro projetado no crescimento de importações e
exportações globais de carne bovina.

Figura 1 - Mercado Global da Carne Bovina: Cenário Futuro

Fonte: USDA (2019)


15

Há grandes oportunidades de desenvolvimento das indústrias brasileiras visando atender


esta demanda crescente internacional, trazendo opções de negócios em um equilíbrio maior
entre as grandes, médias e pequenas companhias no Brasil do segmento.
Em termos de motivação na temática, há poucas pesquisas e materiais no objetivo
proposto desta pesquisa de forma aplicada, envolvendo a existência de oportunidades para o
desenvolvimento deste mercado, principalmente na abertura junto as companhias que ainda não
exportam (74% do abate no Brasil são direcionados ao mercado interno através de produção
carne com osso e produto acabado) concentrados em médios e pequeno porte.

1.1 OBJETIVOS

O objetivo geral desta pesquisa é avaliar, de forma qualitativa, a criação do canal de


comercialização internacional, por parte de pequenos e médios frigoríficos de bovinos no
Brasil, envolvendo uma análise sobre as oportunidades e os desafios.
Particularmente, os objetivos específicos da dissertação buscam identificar fatores de
oportunidades e de ameaças na viabilidade da exportação das companhias, como opção
adicional no modelo de negócio para os pequenos e médios frigoríficos.
Tal pesquisa poderá contribuir em um material para auxiliar tomadores de decisão na
temática de pequenas e médias empresas frigorificadas no entendimento dos conceitos de
viabilidade nas exportações, com vistas ao aumento da participação do Brasil nas exportações
de carne bovina.
16

2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Uma visão geral do setor carne bovina no Brasil

Segundo Florindo (2014) especialmente nos países asiáticos, o consumo de alimentos


está aumentando devido ao crescimento populacional e ao desenvolvimento econômico. Esses
fatores impulsionaram o mercado internacional de carne bovina nos últimos anos, tornando o
Brasil um dos principais exportadores dessa commodity. O Brasil possui o maior rebanho
bovino comercial do mundo e é atualmente o maior exportador de carne bovina. Sua produção
tem apresentado ritmo de crescimento impulsionado pelo aumento da produtividade em
decorrência do melhoramento genético dos animais e do manejo e reforma adequados das
pastagens, resultando em maior capacidade animal por hectare. A pecuária está presente em
todas as unidades da Federação brasileira, com maior concentração nas regiões Centro-Oeste e
Norte. Os estados com os maiores rebanhos são Mato Grosso, Minas Gerais, Goiás e Mato
Grosso do Sul.
De acordo com a Embrapa (2021) para alimentar todo o planeta, é preciso aumentar a
produção global de alimentos em 70% até 2050. No entanto, é preciso produzir alimentos de
forma sustentável para não agravar os impactos ambientais, como a emissão de gases de efeito
estufa (GEE) e a perda da biodiversidade, além de respeitar o bem-estar animal. No Brasil, as
cadeias de bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, suínos e aves geram milhões de empregos
diretos e indiretos. Juntos, eles respondem por cerca de um terço do valor agregado total da
agricultura doméstica. Somos o maior exportador mundial de carne de frango, suína e bovina.
Essa projeção é da Organização das Nações Unidas para Agricultura e Alimentação
(FAO). A maioria desses alimentos consiste em proteína animal. A proteína animal vem
aumentando o consumo nos países em desenvolvimento nos últimos anos, o que aponta a
necessidade de produzir alimentos de forma sustentável para prevenir a biodiversidade. Além
da sustentabilidade ambiental, consumidores de todo o mundo estão cada vez mais exigindo
que as cadeias produtivas respeitem não só o bem-estar dos animais de produção, mas também
dos trabalhadores envolvidos nos diversos processos produtivos. Tudo isso deve ser aliado a
um alto nível de Sanidade. No Brasil, as cadeias de bovinos, bubalinos, caprinos, ovinos, suínos
e avícolas geram milhões de empregos diretos e indiretos e, juntas, respondem por cerca de um
terço do valor agregado agrícola total do País. Nem é preciso dizer que o país é o maior
exportador mundial de carne de frango, suína e bovina.
17

Ainda de acordo com a Embrapa (2021), o Brasil não conseguiu essa posição por acaso.
O reconhecimento mundial da qualidade da carne brasileira é resultado, entre outras coisas, de
seu investimento em ciência. A Embrapa conta com cerca de 240 cientistas e analistas atuando
em diferentes áreas desenvolvidas por meio de projetos que compõem o portfólio de carnes.
Graças à ciência nacional, os pecuaristas estão usando informações genômicas para moldar seus
rebanhos e pré-definir as características específicas que cada bezerro exibirá, antes mesmo de
nascer, com base nos genes de seus pais. Por meio de várias outras ferramentas de
melhoramento genético, os produtores obtiveram novas linhagens e variedades. Pastagens
associadas a lavouras e árvores podem trazer mais renda para os produtores, melhorar o bem-
estar animal e até mesmo neutralizar as emissões de GEE no processo. As granjas de suínos e
aviários possuem rígidos protocolos sanitários que ajudam a proteger a saúde humana e animal
e colocam a carne brasileira entre as mais seguras do mundo.
Segundo análise econômica realizada pela Embrapa (2021), novos métodos de manejo
e boas práticas de produção trarão mais conforto aos animais e melhorarão a produtividade, os
lucros e a sustentabilidade da produção. Um processo inédito cria alimentos inovadores que se
transformam em produtos nas gôndolas dos supermercados, e a certificação de todas as
produções garante alimentos seguros e saudáveis para os consumidores. Além disso, a Embrapa
contribui para a formulação de políticas públicas neste setor por meio de dados científicos.
Esses são apenas alguns dos avanços obtidos por meio de pesquisas científicas que tornam a
carne produzida no Brasil cada vez melhor, mais competitiva, mais sustentável e mais avançada
tecnologicamente.
A Figura 2 demonstra o crescimento dos três principais tipos de carnes, no período de
2000 a 2021, em milhões de quilogramas de carcaças. As taxas de produção de carne bovina e
de frango crescem de forma similar até 2006, quando a carne de frango passa a se distanciar.
No período estudado, a produção de carne de frango cresce 142,6%; a bovina, 43,0%; e a de
suínos, 115,2%. Quanto à produção mundial de carnes, o Brasil ocupava, em 2020, a terceira
posição, depois da China e dos Estados Unidos, mas, nas exportações, ocupava a segunda
posição, com 7,4% do mercado mundial. No que se refere à carne bovina, foi o segundo maior
produtor, apenas superado pelos Estados Unidos, e o principal exportador. Na produção de
frango, também foi o terceiro maior produtor, sendo Estados Unidos e China os primeiros; no
mercado internacional, o Brasil ocupa a primeira posição com mais de 20% do mercado
(ESTADOS UNIDOS, 2021).
18

Figura 2 - Evolução da produção de carnes no Brasil no período de 2000 a 2021

Fonte: Embrapa (2021)

A CIAS (central de aves e suínos) disponibiliza alguns mapas e infográficos, destacados


nas figuras 3 a 7.

Figura 3 - Consumo brasileiro de carne e ovos per capita em 2021

Fonte: Embrapa (2021)


19

Na Figura 4, observa-se o percentual da participação da produção e exportação


Brasileira comparando com o volume mundial.

Figura 4 - Participação da produção brasileira no mundo em 2021

Fonte: Embrapa (2021)

Na Figura 5, observa-se os principais destinos da exportação nacional, destacando-se os


países USA, China, e os blocos Oriente médio e União Europeia.

Figura 5 - Principais destinos da exportação brasileira em 2021

Fonte: Embrapa (2021)


20

Figura 6 - Principais destinos da exportação de carne bovina brasileira em 2021

Fonte: ABIEC (2021)

Figura 7 - Demanda per capita por carne no mundo entre 1993 e 2020

Fonte: Embrapa (2021)


21

2.2 Importância das exportações de carne bovina para o Brasil

De acordo com a Embrapa (2021), a exportação de carne bovina representou 3% das


exportações brasileiras e um faturamento de 6 bilhões de reais no ano de 2020. Representou 6%
do Produto Interno Bruto (PIB) ou 30% do PIB do Agronegócio também no mesmo ano, com
um movimento superior a 400 bilhões de reais, que acresceu em quase 45% nos últimos cinco
anos.
Para Continni et al. (2012), no passado as exportações do agronegócio tiveram um papel
importante na economia brasileira, contribuindo significativamente para o balanço de
pagamentos do país. Nas últimas duas décadas, essa relevância aumentou significativamente.
A balança comercial internacional do setor (exportações menos importações) aumentou em
termos nominais de cerca de US$ 11 bilhões em 1989 para US$ 77,5 bilhões em 2011.
Responsável pelo desempenho da balança comercial do Brasil. A balança comercial do
agronegócio mais do que compensou o déficit registrado pela diferença entre exportações e
importações dos demais setores em quase todos os anos de 2001 a 2011. Com isso, a balança
comercial do país registrou uma medida bastante significativa junto com o desempenho
superavitário. As exportações do agronegócio também são importantes para os países, pois
permitem a expansão da produção agrícola nacional por meio do aumento do volume de
produtos para o mercado externo. O consumo interno representa agora cerca de dois terços da
produção de vários produtos agrícolas.
Ainda de acordo com Continni et al. (2012), as exportações de produtos agro
processados como destino da produção nacional foram as que mais cresceram, apesar da
importância do mercado interno para o escoamento da produção nacional. De 1996 a 2010, o
consumo interno dos principais produtos do agronegócio cresceu a uma taxa média anual de
3,8%. Em contraste, as exportações desses produtos aumentaram em média 9,1% ao ano.
Portanto, as vendas externas facilitaram muito a expansão do agronegócio brasileiro. A
evolução da abertura do agronegócio brasileiro (definida como a relação entre as exportações e
o PIB do setor) também demonstra a importância das exportações do agronegócio como fonte
de crescimento da agricultura do país. A abertura econômica geral aumentou de 8% em 1991-
1995 para 12% em 2005-10, enquanto a abertura do agronegócio aumentou de 3% para 17% no
mesmo período. Esse crescimento contribuiu muito para o dinamismo do setor e gerou maior
demanda por seus produtos. O Brasil tem se destacado como um importante player global em
diversos produtos agroindustriais, tanto na produção quanto na exportação.
22

Dados de 2010 do Agrostat (2012) assinalam que o país era o maior fabricante mundial
de açúcar, café e suco de laranja, e o secundário maior de soja, carne bovina, tabaco e álcool.
Nas exportações, era o fundamental vendedor (exportador) de açúcar, comercializando para 113
mercados e exportando US$ 6,167 bilhões; café, para 134 mercados e com US$ 3,364 bilhões
exportados; suco de laranja, para 82 mercados e com US$ 1,469 bilhão; soja, para 74 mercados
e com US$ 9,308 bilhões; carne bovina, para 144 mercados e com US$ 3,923 bilhões; tabaco,
para 114 mercados e com US$ 1,752 bilhão; álcool, para 40 mercados e com US$ 1,605 bilhão;
e carne de aves, chegando a 145 mercados e tendo exportado US$ 3,203 bilhões. O agronegócio,
em todos os períodos estimados, apresentou superávit crescente. O superávit do agronegócio na
balança comercial incide em US$ 10,8 bilhões em 1989 para US$ 77,5 bilhões em 2011, um
aumento de 617,6%. Esses recursos em moeda internacional foram principais para superar os
estrangulamentos externos, contendo a dívida externa, que atrapalhavam o crescimento do
Produto Interno Bruto e o bem-estar de nossa população. O saldo acumulado da balança
comercial brasileira, do agronegócio brasileiro e dos demais setores de 1989 a 2011, em bilhões
de dólares (valores correntes) foi sempre positivo e crescente no período; já o dos demais
departamentos, depois de um acelerado período positivo (embora muito acanhado) até 1995,
foi continuamente negativo. Daí é possível concluir que o saldo positivo da balança comercial
do país é decorrente inteiramente do agronegócio.
Nas figuras a seguir, demonstra-se as quantificações das exportações brasileiras do
Agronegócio, participações por países destinos, Estados de origem e setores. E por último na
Figura 11, a balança comercial do agronegócio.
23

Figura 8 - Exportações Brasileiras do Agronegócio por Mercados - 2022

Fonte: MAPA (2022)

Figura 9 - Exportações Brasileiras do Agronegócio por UF - 2022

Fonte: MAPA (2022)


24

Figura 10 - Exportações Brasileiras do Agronegócio por Setores - 2022

Fonte: MAPA (2022)


25

Figura 11 - Balança Comercial do Agronegócio - Série Histórica

Fonte: MAPA (2022)

2.3 Representatividade Brasileira no Comércio Mundial de carne bovina

Para Sabadin (2006), o desempenho das exportações brasileiras tem apresentado


aumento de competitividade desde o final da década de 1990, sustentando crescimento
significativo em um mercado global em retração e aumentando significativamente sua
participação neste mercado. Na última década, a participação nas exportações de dois principais
produtos de carne bovina, carne processada e carne fresca desossada, mudou. A evolução das
exportações brasileiras de carne bovina também reflete o rumo das taxas de câmbio e das
políticas comerciais neste período, bem como outros instrumentos de política macroeconômica
que afetaram o comércio exterior. A desvalorização da moeda iniciada no final dos anos 1990
ajudou a tornar os produtos brasileiros mais competitivos.
A inserção no mercado internacional de carne bovina tem levado a mudanças estruturais
cada vez maiores na indústria exportadora e em toda a cadeia produtiva. As principais mudanças
estão relacionadas à saúde e qualidade, implantação de laboratórios na fábrica, adequação aos
padrões de certificação ISO, Sistemas de Gestão Integrada – SIG, elaboração dos Planos de
Boas Práticas de Fabricação - BPF e Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle - APPCC,
assim como programas de bem-estar animal.
26

De acordo com o Embrapa (2021), em 2020, o rebanho brasileiro foi o maior do mundo,
respondendo por 14,3% do rebanho mundial, com 217 milhões e o da Índia com 190 milhões.
O país é o maior produtor mundial de gado, mas somando a produção de aves e suínos coloca
o país como o terceiro maior do mundo no mercado internacional, com 9,2% ou 29 milhões de
toneladas de produção em 2020. Estando atrás da China e dos Estados Unidos.
Porém em contagem de carnes exportadas (bovina, suína e aves), em 2020, o Brasil
passou a ocupar o segundo lugar, com 7,4 milhões de toneladas ou 13,4% do total mundial.
Entre 2000 e 2020, as exportações de carnes brasileiras renderam US$ 265 bilhões. Contudo,
ao se fazer o corte a respeito da carne bovina, o país, em 2020, foi o maior exportador de carnes
do mundo, com 2,2 milhões de toneladas e 14,4% do mercado internacional. Em seguida,
aparecem a Austrália, Estados Unidos e Índia. Em relação ao rebanho bovino separadamente o
estudo ressaltou que o país, em 2020, passou a ser o que tem o maior rebanho do mundo e
também o maior exportador.
De acordo com a ABIEC (2022) nos seis primeiros meses do ano de 2022, os embarques
somaram US$ 6,2 bilhões. As exportações brasileiras de carne bovina registraram crescimento
de 52% em receita no acumulado dos seis primeiros meses de 2022 em comparação com o
mesmo período de 2021. Os dados foram apanhados pela Secretaria de Comércio Exterior
(Secex) e divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
A ABIEC (2022) demonstra, que de janeiro a junho desse ano, o faturamento com as
vendas chegou a US$ 6,2 bilhões, ante US$ 4,08 bilhões no mesmo período do ano anterior.
Em volume, o aumento foi de 21,5%, passando de 874 mil toneladas em 2021 para 1,06 milhão
de toneladas até junho desse ano. No mesmo período, o preço médio da proteína cresceu 25,1%,
passando de US$ 4,6 mil a tonelada para US$ 5,8 mil por tonelada.
A receita alcançada com os embarques no mês de junho foi a mais perfeita da série
histórica, desde 1997, com US$ 1,14 bilhão. Na comparação com junho de 2021, o aumento da
receita foi de 36,8%, se confrontado aos US$ 835 milhões registrados no mesmo mês do ano
passado. Quando se nota o volume, a alta foi de 6,6%, passando de 164 mil toneladas para 175
mil toneladas. Já na comparação com maio de 2022, houve acréscimo de 5,4% na receita, que
foi de US$ 1,08 bilhão no mês anterior.
No primeiro semestre de 2022, o Brasil exportou carne bovina para 132 países, sendo
que os principais compradores foram a China, com US$ 3,6 bilhões, alta de 86% ante US$ 1,96
bilhão registrados no mesmo período de 2021. No mesmo período, o volume cresceu 35,3% e
ficou em 540 mil toneladas ante cerca de 400 mil toneladas.
27

Na sequência estão os Estados Unidos, com faturamento de US$ 530 milhões no


semestre, alta de 67% em relação aos US$ 317 milhões registrados no mesmo período de 2021.
A alta no volume foi de 83%, com 78 mil toneladas ante 42,6 mil toneladas.
Os embarques para a União Europeia cresceram 35% em receita com US$ 281 milhões
ante US$ 207 milhões, enquanto o volume embarcado aumentou 16,4% e fechou o período com
36,5 mil toneladas ante 31 mil toneladas no acumulado de 2021.
A receita dos embarques para o Egito no período cresceu 268% e ficou em US$ 274
milhões ante US$ 74,4 milhões, resultado do crescimento de 232,7% no volume de carne
embarcado, que passou de 21,3 mil toneladas para quase 71 mil toneladas.
Os embarques para Israel também armazenaram alta de 73,4% no volume, que passou
de US$ 74,8 milhões no primeiro semestre de 2021 para US$ 129,8 milhões em 2022. Em
volume, houve aumento de 50%, passando de 14.796 toneladas para 22.213 toneladas.

2.4 Projeções das importações e exportações de carne bovina

Em 2022 o Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (MAPA) e a Embrapa


divulgaram o documento “Projeção do Agronegócio – Brasil 2019/20 a 2029/30” com cenários
para os principais produtos do agronegócio, incluindo a carne bovina. As tendências emergentes
nos permitirão identificar caminhos possíveis e construir uma visão para o futuro do
agronegócio em um contexto global, para que o País continue crescendo e conquistando novos
mercados. A covid-19 teve um impacto significativo na evolução da economia brasileira em
2020 e 2021. Outro aspecto importante é a incerteza nos mercados internacionais devido à
disputa entre Estados Unidos e China, que resultou em tarifas de importação impostas por
ambos os países. As projeções do MAPA e da Embrapa para o setor de carne bovina para o
período mencionado referem-se à produção, exportação e consumo.
A produção total de carnes de frango, bovina e suína em 2019/20 está considerada em
28,2 milhões de toneladas, e a projeção para o fim da próxima década é 34,9 milhões de
toneladas. Essa variação resulta em um aumento de produção de 23,8%. O maior aumento de
produção deve ocorrer com a carne de frango, 28,1% (18.166 mil toneladas), seguidos de 26,8%
(5.283 mil toneladas) para a carne suína, e 16,2% (11.481 mil toneladas) para a carne bovina.
Esta apresenta o menor crescimento projetado entre as carnes, de 1,4% ao ano no período
2019/20 a 2029/30, mas que representa um valor relativamente elevado, pois conseguirá atender
ao consumo doméstico e às exportações. A produção detalhada de carnes no país pode ser
visualizado pela Figura 13.
28

Figura 12 - Produção de carne bovina (mil toneladas)

Fonte: CONAB (2020)

Em relação às exportações, as projeções assinalam para um elevado crescimento em


relação à carne bovina brasileira. O Departamento de Agricultura dos Estados Unidos considera
o Brasil em 2029 como primeiro exportador de carne bovina, com 28,7% do volume total, sendo
a Índia o segundo, seguida por Estados Unidos e Austrália. As exportações brasileiras de carne
bovina ao final do período das projeções devem chegar a 3.400 mil toneladas, representando
32,7% do total exportado de carnes pelo Brasil. Os fundamentais mercados para a carne bovina
brasileira são a China, Estados Unidos, Japão e Coréia do Sul. A China deve importar 31,7%
da carne bovina a ser exportada pelo Brasil em 2029.

Figura 13 - Exportação de carne bovina (mil toneladas)

Fonte: CONAB (2020)


29

Na figura 14, demonstra o consumo de carne bovina no período 2019/20 a 2029/2030 é


projetado que seja na ordem de 8.174 milhões de toneladas. Isso é equivalente a uma variação
de 10,4% com projeção de aumento do consumo de 0,8% ao ano.

Figura 14 - Consumo de carne bovina (mil/toneladas)

Fonte: CONAB (2020)

A pecuária terá grandes oportunidades de crescimento nas próximas décadas, mas para
aproveitar esse momento, o setor focará em vários aspectos, como cadeia produtiva de ponta a
ponta, garantia de qualidade e segurança dos produtos finais e questões sociais.

2.5 Principais países exportadores de carne bovina no mundo

Segundo Beefpoint (2022), o Serviço Agrícola Estrangeiro do Departamento de


Agricultura dos Estados Unidos (USDA) divulgou vários relatórios de países produtores,
consumidores e comerciantes de carne bovina, afirmando que a produção global de carne
bovina aumentaria em 2022. Espera-se que o comércio global de carne bovina continue se
expandindo para níveis recordes em 2022. O Brasil também deve se tornar o maior exportador
de carne bovina em 2022, com as exportações previstas para aumentar 12,1% ano a ano. O
Brasil tem sido o maior país exportador de carne bovina nos últimos cinco anos consecutivos e
o maior em 14 dos últimos 20 anos depois de se tornar o maior país exportador em 2004. O
Brasil deverá responder por 22% das exportações globais de carne bovina este ano. Após
interrupções em 2021, o Brasil volta a exportar carne bovina para China/Hong Kong.
A Beefpoint afirma que as exportações para os EUA aumentaram 131% em 2021 e estão
acentuadamente maiores até agora em 2022, após o aumento do acesso ao mercado brasileiro
para produtos frescos no início de 2021. No entanto, o Brasil encontrará taxas tarifárias
30

acentuadamente mais altas em 2022 para exportações para os EUA, uma vez que a Quota
Tarifária (TRQ) dos “outros países” seja cumprida.
O segundo nível de países exportadores de carne bovina é um segundo, terceiro e quarto
lugares muito menores atrás do Brasil. Os EUA, Índia e Austrália são todos aproximadamente
do mesmo tamanho como exportadores. Por uma pequena margem, a última previsão do USDA
é que os EUA sejam o segundo maior país exportador de carne bovina pelo segundo ano
consecutivo em 2022, com exportações totais de apenas 58% das exportações do Brasil. As
exportações de carne bovina dos EUA devem cair modestamente em relação aos níveis recordes
de 2021, mas permanecerão em níveis historicamente altos.
A Índia deverá ser o terceiro maior país exportador de carne bovina em 2022, com
exportações aumentando ano após ano a partir dos níveis de 2021. A Índia foi o maior
exportador global de carne bovina de 2014 a 2016, mas desacelerou e caiu para uma baixa
recente em 2020 antes de se recuperar. A produção de carne bovina na Índia inclui carne bovina
e carne de búfalo (carabeef).
A Austrália deverá ser o quarto maior país exportador de carne bovina em 2022. A
produção de carne bovina na Austrália caiu para o nível mais baixo em mais de duas décadas
em 2021, quando a indústria começou a se reconstruir após vários anos de liquidação forçada
pela seca. As exportações de carne bovina devem aumentar 14,2% ano a ano em 2022. A
Austrália respondeu por apenas 12,3% das importações de carne bovina dos EUA em 2021, a
menor já registrada. Isso se compara a uma participação média de quase 29% nos 20 anos
anteriores.
Os quatro principais países exportadores de carne bovina representam cerca de 60% do
total global projetado para 2022 no relatório do USDA. O terceiro nível de países exportadores
de carne bovina começa com cerca de metade do nível da Austrália, e inclui Argentina, UE,
Nova Zelândia, Canadá e Uruguai.
Coletivamente, as exportações desses cinco países devem diminuir 3,4% em 2022, com
apenas a UE apresentando um ligeiro aumento nas exportações. Juntos, os nove principais
países exportadores devem responder por quase 87% das exportações globais de carne bovina
em 2022. Além disso, as exportações de carne bovina do México e do Paraguai estão previstas
em pouco mais da metade do nível da Argentina e representam a participação total dos onze
principais exportadores de carne bovina para 93% do total global em 2022.
31

2.6 Os principais países consumidores de carne bovina


De acordo com a Premix (2022), o consumo de carne no Brasil é principalmente famoso
pela qualidade.
No país há também famosas churrascarias onde os garçons esbanjam carne no espeto.
Esse sistema de rodízio faz muito sucesso em churrascarias de norte a sul do Brasil. Não é à toa
que somos reconhecidos como um dos que mais consomem carne no mundo. A fama do
brasileiro de comer muita carne vem de outros países que são mais "carnívoros" do que o Brasil.
Entre as nações que compreendem a Organização para Cooperação e Desenvolvimento
Econômico (OCDE), os EUA estão em primeiro lugar. São inclusos nesse contexto, carnes
bovina, suína, aves, ovina e peixes, com cerca de 101 quilos por habitante. 20 países que mais
consomem carne:

Figura 15 - Mercado Global da Carne Bovina: Cenário em 2020

Fonte: USDA (2020)

A Tabela 1 apresenta o consumo de carne bobina no Brasil, em Kg/habitante, entre os


anos 2012 e 2022.
32

Tabela 1 - Consumo de carne bovina no Brasil no período 2012 - 2022


Ano Kg/hab % var.
2012 35,9
2013 38,3 6,7
2014 35,3 -7,8
2015 33,2 -5,9
2016 33,9 2,1
2017 33,9 0
2018 33,9 0
2019 30,6 -9,7
2020 27,7 -9,5
2021* 27,8 0,4
2022* 24,8 -10,8
Fonte: CONAB (2022)

Também pode ser avaliado o consumo de carne per capita, que afeta principalmente a
capacidade de produção de cada país. É um produto de alto valor no mercado internacional, por
isso tem grande relevância no cenário econômico A relação entre produção e consumo surge
principalmente devido à alta oferta do produto no mercado interno do país produtor.
Finalmente, o consumo per capita pode ser afetado pelos principais cenários econômicos. No
Brasil, por exemplo, a estabilidade econômica alcançada com o Plano Real efetivamente dobrou
o consumo per capita do Brasil. Já que, em 1990 o consumo de carne bovina era de 10 kg por
ano, já em 2019 foi de 30,6 kg.

2.7 O mercado internacional da carne bovina brasileira

De acordo com a Embrapa (2022), o Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina
do mundo e tem décadas de experiência em tecnologia para melhorar não só a produtividade,
mas também a qualidade dos produtos brasileiros, tornando-os mais competitivos e entrando
em mercados em mais de 150 países.
Em 2015, o país tinha o maior rebanho bovino do mundo (209 milhões), o segundo
maior consumidor mundial de carne bovina (38,6 kg/pessoa/ano) e o segundo maior exportador
(1,9 milhão de toneladas) e mais de 39 milhões foram abatidos. Por volta de 80% da carne
bovina consumida pelos brasileiros é produzida internamente. O parque industrial de
processamento tem capacidade para abater aproximadamente 200.000 bovinos por dia.
33

A exportação de carne bovina já compreende 3% das exportações brasileiras e um


faturamento de 6 bilhões de reais. Compreende 6% do Produto Interno Bruto (PIB) ou 30% do
PIB do Agronegócio, com um movimento superior a 400 bilhões de reais, que aumentou em
quase 45% nos últimos 5 anos, de acordo com a Figura 2.

Figura 16 - Volume de exportação de carne bovina no Brasil

Fonte: Scot Consultoria (2022)

Há quarenta anos, as pessoas tinham uma imagem muito diferente do mercado brasileiro
de carne bovina. Os rebanhos mal atingiam a metade do tamanho atual (209 milhões), muitos
eram importados para abastecer o mercado interno, graves problemas de saúde prejudicavam
as exportações e pastagens degradadas moldavam a paisagem.
De acordo com Embrapa, a pecuária passou por uma modernização revolucionária,
apoiada pelos avanços tecnológicos nos sistemas de produção e organização da cadeia,
refletindo claramente na qualidade da carne. Os rebanhos mais que dobraram, mas a área de
pastagem mal aumentou ou até diminuiu em algumas áreas. Isso mostra claramente um aumento
na produtividade. Ganho de peso dos animais, diminuição da mortalidade, aumento da taxa de
nascidos vivos e diminuição do tempo de abate também foram observados. A crescente adoção
34

da tecnologia pelos produtores locais, especialmente em relação à alimentação, genética,


manejo e saúde animal, é potencialmente benéfica.

2.8 Listagem dos mercados habilitados para exportação de carne bovina

Pelo quarto ano consecutivo, a Forbes Brasil (2021) publicou a lista Forbes Agro100,
que traz as maiores empresas de capital aberto no País. Entre elas, as dez maiores companhias
do agronegócio faturam R$ 929,5 bilhões, deixando os R$ 689,7 bilhões registrados em 2020
para trás.
A lista traz as companhias que são relevantes no mercado interno e também grandes
exportadoras do agronegócio. No ano passado, as exportações do setor somaram um recorde de
US$ 120,59 bilhões (R$ 625,8 bilhões), o que representa um avanço de 19,7% quando
comparado com 2020, de acordo com dados da Secretaria de Comércio e Relações
Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura.
O PIB do Agronegócio teve um avanço de 8,36% em 2021. Diante do bom desempenho
do PIB agregado, segundo dados da Cepea e da CNA (2021), o setor alcançou participação de
27,4% no PIB brasileiro — a maior desde 2004, quando foi de 27,53%. Os números ainda
mostram que os segmentos primário e de insumos se destacaram, com aumentos de 17,52% e
52,63%.
O PIB também aumentou para os outros dois segmentos, 1,63% para a agroindústria e
2,56% para o agro serviço. Dentre os ramos, enquanto o PIB do agrícola avançou 15,88% de
2020 para 2021, o PIB do pecuário recuou 8,95%.
35

Tabela 2 - As 8 maiores empresas do agronegócio brasileiro considerando o segmento de Proteína Animal


2021 2020
Classificação
Receita Receita A.H.R.L.
Ranking FORBES Ranking
Empresa líquida/R$ líquida/R % 2021 x
bovinos (100 maiores Bovinos
bilhões $ bilhões 2020
do Agro)
1 1º JBS S/A 270,200 1º 204,5 32,1
Marfrig Global
2 4º 67,400 5º 48,8 38,1
Foods
3 14º Minerva Foods 19,400 15º 17,1 13,5
Prima Foods
4 64º 2,650 62º 2,1 26,2
S/A
5 72º Frigol 2,400 68º 1,9 26,3
Alibem
6 80º 2,090 82º 1,5 39,3
Alimentos
Plena
7 91º 1,880
Alimentos
Pamplona
8 98º 1,740 88º 1,1 58,2
Alimentos
Fonte: Forbes (2021)

A lista Brasil de países habilitados para exportação de carne bovina pode ser consultado
no Anexo 1 do presente documento.

2.9 Oportunidades em exportação de carne bovina para a pequena indústria no Brasil

De acordo com o Ministério das Relações Exteriores (2022), pequenas empresas


brasileiras estão tendo mais oportunidades de realizarem exportações. O Brasil bateu recorde
de exportação de carne bovina em 2022. Para auxiliar a promover as exportações brasileiras, o
Governo Federal criou a Agência Brasileira de Promoção de Exportações e Investimentos
(Apex Brasil), ligada ao Ministério das Relações Exteriores. O escritório atua na transmissão
dos produtos e serviços brasileiros no exterior e alcance converter investimentos estrangeiros
para setores estratégicos. Atualmente, cerca de 15 mil empresas em 80 setores da economia
brasileira são atendidas pela entidade. A Apex Brasil atua em cerca de 25 setores do
agronegócio brasileiro articulando ações de figura customizada, estruturada e organizada,
fundamentada em muita inteligência. A estratégia de promoção de vendas é feita pela Agência
por intermédio de ações de marketing e relações públicas, além da participação das empresas
integrantes das marcas em eventos internacionais, como feiras de alimentos e bebidas.
36

Os produtos agrícolas brasileiros são exportados para o exterior com marcas


desenvolvidas pela Apex Brasil em parceria com empresas do setor. Assim, o frango é
exportado sob a marca Brazilian Chicken e os ovos crus e industrializados são exportados sob
a marca Brazilian Egg e Brazilian Pork, promovendo a carne suína. Para a carne bovina, nasceu
a carne brasileira e hoje é uma marca integrada que responde por 98% das exportações
brasileiras de carne bovina.
O Brasil vende para mais de 150 países e o apoio da Apex Brasil é importante em
programas, ações em redes sociais, participação em feiras ou informações comerciais cedidas a
empresas. Apex Brasil e esse apoio e parceria com o governo brasileiro tem sido fundamental
em desenvolver e conquistar um diferencial competitivo para manter essa posição de liderança
mundial.
De acordo com a ABIEC, o que é importante observar, é o grande % dos volumes
exportados de carne bovina que se concentram nos principais Frigoríficos do País (JBS, Marfrig
e Minerva) onde em média essas empresas exportam acima de 50% dos seus volumes
produzidos, sendo a composição de grande parte dos 25% dos volumes exportados de toda a
produção de carne bovina gerada no país, ou seja, há uma grande oportunidade de ampliar esse
volume migrando para exportação, e a pequena indústria tem um papel fundamental para
absolver parte desta oportunidade, visando atender mercados altamente consumidores e de
oportunidade de agregação de valor ao seu produto.

2.10 Market share de exportação de carne bovina das diferentes estruturas dos frigoríficos
(pequeno, médio e grande)

De acordo com a Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes (ABIEC)


(2022), o Brasil exportou cerca de 25% da carne bovina produzida no país em 2022, atendendo
a demanda de centenas de países, seguindo os mais rigorosos padrões de qualidade.
Para fins de comparar o porte do frigorífico, adotou-se como referência a escala de abate
de cabeças bovinas, que considera grande, com números acima de 700 cabeças abatidas/dia,
média com números entre 300 e 700 cabeças abatidas/dia e pequena com números abaixo de
300 cabeças abatidas/dia.
As Tabelas 3, 4 e 5 destacam as empresas frigoríficas de grande, médio e pequeno porte,
respectivamente, considerando os volumes de abates consolidados de suas unidades produtivas,
levando-se em consideração o período de 2022. Com esses dados, pode-se encontrar a média
de abate diário.
37

Tabela 3 - Frigoríficos de grande porte, considerando os volumes de abates em 2022


Cab.
Frigorífico abatido
média dia
JBS 22.674
Marfrig 6.898
Minerva 4.829
NaturaFrig 1.563
Prima
1.473
Foods
Frigol 1.463
Masterboi 1.299
Plena 1.143
Mercúrio 894
Frialto 885
Frigo
774
Estrela
Fribal 774
Frigon 762
Barra
721
Mansa
Fonte: Abiec (2022)

Tabela 4 - Frigoríficos de médio porte, considerando os volumes de abates em 2022


Cab.
abatido
Frigorífico
média
dia
Better Beef 690
Frigo Sul 648
Boa Carne 638
Frisa 606
Agra 571
Bom Mart 550
Frizelo 545
Distriboi 531
Astra 512
Cooperfrigu 501
Frigonosso 480
Rio Maria 477
Zanchetta 475
Frigo-Balbinos 470
Boi Brasil 465
Frigorífico Central 437
Mafrial 436
38

Frigorífico Jr 423
Frigorífico
421
Pantanal
Supremo 420
Iguatemi Foods 392
LKJ Frigorífico 367
BoiBras 346
Frigorífico
337
Valencio
Frigorífico Silva 327
Fribev 311
Fonte: Abiec (2022)

Tabela 5 - Frigoríficos de pequeno porte, considerando os volumes de abates em 2022


Cab.
abatido
Frigorífico
média
dia
Argus 281
Frigorífico Boa Vista 267
Frigotil 257
Cedro Alimentos 253
Ativo Alimentos 248
Frigorífico Boi Mix 240
Frigorífico Monte
233
Verde
Rio Machado 228
Bea Uvallet 226
Frigorífico Frigmann 214
Frical 202
Frigorífico Zimmer 201
Golden Imex 201
Beef Nobre 199
Beef Master 193
Frigorífico Gessner 192
Big Boi Foods 191
Abatedouro e
Frigorífico São 173
Francisco
163 Beef 166
Santa Lúcia Indústria
165
e Comércio de Carnes
Boiporé 163
Dimieza 157
39

Comesul 156
Frivasa 155
Frigorífico Verdi 154
Fribaz 153
Frigo Driluz 98
Frigorífico Frigoangus 90
Frigorífico Paraíso 89
Frigorífico Ribeiro 86
Matadouro e
84
Frigorífico Paladar
Buriti 84
Frical Frigorífico
81
Cariacica
Friesp Foods 79
Agropecuária
78
Exclusiva
Fribarreiras 77
Hipercarnes 76
Frigorífico Vale do
73
Paraíso
Barbosa & Cia 73
Ouro do Sul 73
Frigomil 70
Frima Frigorífico
69
Marinho
Cooperaliança 65
Friron 65
Frigorífico 3K 64
Frigorífico do Vale 63
Via Carnes Indústria e
60
Comércio
Frigorífico Luciana 60
Frigorífico União 57
Frigorífico Cristal 55
Frigorífico Boi Bravo 52
BGC Frigoríficos 42
Itajara Comércio de
36
Carnes
Olhos D'Água 34
Dicasa Alimentos 33
Frigus 31
Boibom 23
Terral Frigorífico 17
Frigoli Alimentos 14
40

Frigo 10 13
Já Guafrangos 10
Irmãos do Valle 9
Frigordo 8
New Beef 5
SF Industrial e
3
Comércio de Carnes
Comanche
2
Frigoríficos
Fonte: Abiec (2022)

A participação de mercado dos frigoríficos brasileiros, em termos de quantidade


exportada, em quilogramas, pode ser visualizado na Tabela 6.

Tabela 6 - Frigoríficos brasileiros e sua participação no mercado


Quantidade Market Preço
Frigoríficos exportada share médio
(kg) (%) (US$/t)
JBS 646.453.934 32,390 5.746
Marfrig 375.262.442 18,800 6.018
Minerva 267.729.656 13,410 5.959
Naturafrig 88.339.042 4,430 6.386
Prima Foods 78.976.833 3,960 5.898
Frigol 57.341.921 2,870 6.308
Não Declarado 51.487.617 2,580 5.159
Barra Mansa 41.266.845 2,070 6.518
Plena 37.608.743 1,880 6.105
FrigoEstrela 36.451.559 1,830 6.236
CooperFrigo 33.200.463 1,660 6.478
Agra
32.265.749 1,620 5.957
Agroindustrial
Mercúrio 30.955.290 1,550 5.867
Iguatemi 28.489.132 1,430 6.386
Frisa 28.190.793 1,410 6.425
Frialto 22.363.312 1,120 6.526
Frigorífico Rio
20.883.274 1,050 6.725
Maria
Frigon 17.256.186 0,860 4.543
Zanchetta 13.242.845 0,660 4.611
Astra 12.730.034 0,640 5.940
Frigosul 12.028.929 0,600 6.221
Supremo 11.024.095 0,550 4.548
BonMart 10.251.020 0,510 6.528
Masterboi 8.790.769 0,440 6.210
41

Beauvallet 7.757.598 0,390 4.919


Frigorífico
7.537.414 0,380 6.830
Redentor
Fribal 4.583.284 0,230 4.464
Frivasa 2.333.730 0,120 4.367
Silva 2.193.897 0,110 3.681
Boa Vista
2.027.130 0,100 4.753
Alimentos
Comesul Beef 1.456.958 0,070 4.989
Verdi 1.123.820 0,060 4.633
Juruena 855.231 0,040 5.361
Rio Grande 854.800 0,040 5.924
Boi Brasil 635.949 0,030 5.090
Zimmer 605.316 0,030 5.022
Better Beef 567.497 0,030 3.556
KM3 241.418 0,010 3.323
Fortefrigo 207.598 0,010 4.277
Frigotil 150.153 0,010 3.721
BoiBras 131.246 0,010 4.568
Kadão
108.762 0,010 4.047
Alimentos
Balbinos 53.350 0,000 2.755
Boi Mix 30.377 0,000 3.198
Redentor Foods 24.875 0,000 2.100
Re Ribeiro 4.982 0,000 9.578
FBZ 4.063 0,000 2.400
BoiBom 3.222 0,000 11.266
Agromass
1.760 0,000 1.956
Brasil
Frigo 10 150 0,000 2.727
Total Geral 1.996.085.063 100 5.923
Fonte: Balança Comercial e Estatísticas de Comércio Exterior (2022)

A Tabela 7 detalha a participação do volume de exportação por grupo de classificação


dos frigoríficos.
42

Tabela 7 - Participação do volume de exportação por grupo de classificação dos frigoríficos


%
. Frigoríficos Quantidade Participação
exportadores - exportada exportações
classificação (t) de carne
bovina
Grande 1.713.380 85,84
Médio 257.376 12,89
Pequeno 25.329 1,27
Total Geral 1.996.085 100
Fonte: Balança Comercial e Estatísticas de Comércio Exterior (2022)

Os maiores países consumidores da carne bovina brasileira, em 2022 separados por


bloco econômico. Tal relação pode ser visualizada na Tabela 8.

Tabela 8 - Relação dos países importadores de carne bovina em 2022


Quantidade Market Preço
Bloco/país exportada Share médio
(kg) (%) (US$/t)
China 1.239.155.169 62,080 6.423
Oriente
168.558.624 8,440 5.278
Médio

Ásia/Oceania 120.893.047 6,060 4.613


USA 89.076.363 4,460 5.027
Egito 85.362.920 4,280 4.022
Chile 78.658.443 3,940 4.978
Europa 66.807.224 3,350 8.400
Américas 39.642.475 1,990 4.834
Hong Kong 39.331.603 1,970 4.953
Rússia 37.938.640 1,900 4.272
África 18.004.256 0,900 4.257
Leste
11.302.630 0,570 3.733
Europeu
Irã 1.353.669 0,070 4.003
Total Geral 1.996.085.063 100,000 5.923
Fonte: Balança Comercial e Estatísticas de Comércio Exterior (2022)

2.11 Limitações para ampliação dos volumes exportados de carne bovina no Brasil

De acordo com o Canal Rural (2018) para aumentar a produção de carne, é necessário
técnicas como manejo adequado das pastagens (manejo, piquete, adubação), aumento da
43

densidade de criação e investimento na criação animal, (melhoria da puberdade precoce, podem


ser introduzidas para melhorar o sistema de produção, mortalidade pós-desmame reduzida,
intervalos entre partos mais curtos), suplementos dietéticos, saúde, e o uso de técnicas como a
Integração Lavoura Pecuária Floresta.
Em relação às estruturas frigoríficas, é importante investimentos em performance
produtiva, melhoria de estruturas em equipamentos para congelamento e estocagem dos
produtos, e principalmente, profissionais para treinamentos aos colaboradores, apoio para gerar
o canal de oferta aos Clientes internacionais e ampliação das opções em carteiras de clientes.
O investimento em infraestrutura é outra área em que o país precisa melhorar.
Atualmente, toda a carne para exportação é transportada para os portos por meio de rodovias.
Apesar desses desafios, o Brasil é competitivo. Países tradicionais produtores de carne
bovina como Austrália, China, Índia, Estados Unidos, União Europeia, Argentina e Uruguai
são limitados pela falta de terras para atender a essa demanda.
Mesmo em países com vastas extensões de terra, como China e Índia, o crescimento
populacional e o esgotamento dos recursos naturais estão dificultando essa expansão. Esses dois
países, respondem por 38,6% da população mundial, com 2,7 bilhões de pessoas (FAO, 2017).
Conforme ainda divulgado pelo Canal Rural (2018), nos Estados Unidos, o mau tempo
em partes importantes do país dificultou a expansão da produção de alimentos.
Na Austrália, grande parte do território é semiárido, limitando o cultivo de carne bovina
e vegetais.
Por outro lado, a vasta área de terras do Brasil, clima favorável, produção abundante de
grãos, recursos naturais disponíveis e condições favoráveis de crescimento de pastagens tornam
a criação de gado de corte menos comum do que em países como a Austrália.
Observar a demanda por carne nos países desenvolvidos mostra que os consumidores
estão exigindo carne de alta qualidade e que atender a esse mercado exigirá investimentos ainda
maiores em padronização de carcaças e rastreabilidade do rebanho.
Por fim, o desafio de produzir alimentos para toda a população mundial nos próximos
anos é a eficiência. Do campo à mesa, todo o sistema de produção deve ser eficiente e evitar
perdas/desperdícios.

2.12 Aspectos de comercialização, logística e regulatórios na exportação de carne bovina

De acordo com a MF Rural (2021), um planejamento eficiente requer uma logística bem
executada. Da pecuária à mesa dos consumidores de outros países segue um complexo processo
44

logístico. No caminho da fazenda até o matadouro, muito trabalho já foi feito, inclusive
abatendo os animais e preparando a carne para o armazenamento.
Nesse sentido, a logística refere-se ao gerenciamento eficiente da rota dos produtos, a
fim de levá-los do produtor ao consumidor final da melhor maneira possível. A Logística é
responsável por definir o meio de transporte mais adequado para esses produtos, determinando
a forma ideal de armazenamento do ponto de vista de custo-benefício, e acompanhando todo o
percurso para garantir a integridade da carga, de forma a atender as expectativas do consumidor.
Atua em processos como garantia de integridade.
Além disso, para exportar com sucesso, você deve primeiro definir o destino de sua
mercadoria. Isso permite que seja adaptado a diferentes mercados e culturas locais. Exemplo:
Das exportações brasileiras, o maior volume de carne bovina in natura é enviado para a China
e industrializado nos Estados Unidos.
A Figura 17 detalha os mercados de destino da carne brasileira por valor e participação.

Figura 17 - Mercados de destino da carne bovina brasileira, por valor e participação, com volume exportado para
os principais compradores

Fonte: ABIEC (2016)

Os matadouros devem determinar se a carne é congelada ou apenas refrigerada. No


primeiro caso, a carne tem validade de 1 a 2 anos, enquanto a refrigerada é de cerca de 60 a 120
dias. Essas configurações dependem do seu propósito.
45

Desta forma é possível determinar a temperatura do recipiente em que a carne é


armazenada e transportada. Estes são carregados em caminhões que trafegam por terra até o
porto. No porto, a carga é avaliada à medida que é embarcada no navio. Essa é a etapa mais
burocrática, como o embarque de cargas.
Para que o embarque ocorra, é necessária a apresentação de uma série de documentos,
como a fatura comercial, que é uma fatura do exterior, e o certificado de origem que comprova
a legalidade da mercadoria. Esses documentos são avaliados para determinar a parametrização
realizada pelo sistema juntamente com a comprovação da existência da carga.
Uma consideração importante para as estradas terrestres são as condições das estradas
que dificultam a navegação dos caminhões e onde os contêineres estão estacionados. Nesse
sentido, os terminais de carga transportadora podem auxiliar na redução de custos e no
monitoramento da movimentação de entrada e saída de contêineres.
A parametrização é realizada pelo Siscomex (Sistema Integrado de Comércio Exterior),
ferramenta automatizada que armazena e gerencia as informações da Delegacia de Comércio
Exterior. O sistema classifica os contêineres recebidos em três categorias, sendo elas o Canal
Verde (cargas desse tipo são automaticamente despachadas pelo Siscomex, sem a necessidade
de maiores averiguações); Canal Amarelo (é apontada a necessidade de uma verificação maior
da documentação. Essa verificação é feita por um Auditor Fiscal da Receita Federal e, caso a
documentação tenha sido apresentada no período da manhã, o despacho pode ser concluído
ainda no mesmo dia, o que não ocorre caso tenha sido no período da tarde, concluindo apenas
no dia seguinte) e Canal Vermelho: (é necessária a verificação da documentação e também da
mercadoria, demandando mais tempo e sendo concluída no dia seguinte independente do início
da operação. Nesse caso a vigilância sanitária e, no caso da carne bovina, a Vigiagro confere a
integridade da mercadoria antes de efetivar o despacho. A aprovação do auditor fiscal é
chamada de desembaraço).
A prioridade de embarque também pode variar em função do prazo estabelecido para o
embarque da mercadoria, o chamado prazo.
No tema tributário, a Lei Kandir permitiu que os produtos agropecuários brasileiros se
inserissem no mercado internacional de maneira mais competitiva. Na sequência, o setor, dada
a sua natural aptidão, alavancou a produção e suas exportações. A Lei Kandir, após a
estabilidade trazida pelo Plano Real, sem sombra de dúvidas, foi a alavanca que o setor
precisava para se tornar um dos setores mais dinâmicos da economia nacional, e um dos
principais fornecedores de alimentos para o mundo.
46

Divulgado em matéria pela CNA Brasil (2019). Editada em 1996, a Lei Complementar
87/1996 – conhecida por Lei Kandir em razão de seu autor, o então deputado federal e
economista Antônio Kandir – estabeleceu a isenção do pagamento de ICMS sobre exportações
de produtos primários e semielaborados ou serviços. A Lei Kandir permitiu que os produtos
agropecuários brasileiros se inserissem no mercado internacional de maneira competitiva,
chegando a tornar-se um dos setores mais dinâmicos da economia nacional e um dos principais
fornecedores de alimentos para o mundo.

2.13 Investimentos necessários nas pequenas indústrias frigoríficas visando a


exportação

Para a Food Connection (2022), a exportação de carne exige que os frigoríficos


conheçam os meios burocráticos e logísticos para atender o mercado internacional. Deve ser
elaborada e obtida uma licença para participar deste mercado onde pecuaristas e frigoríficos
geram renda. O pré-requisito é a qualificação Siscomex (Sistema Integrado de Comércio
Exterior).
O Siscomex é uma ferramenta de gestão que consolida as atividades de registro,
acompanhamento e controle das operações de comércio exterior de responsabilidade do
exportador. Além disso, os frigoríficos devem ser qualificados para cada país para o qual
exportam. Cada país tem suas próprias exigências para que os frigoríficos possam exportar.
As certificações que darão suporte à qualificação dos frigoríficos, portanto, variam e
dependem principalmente dos requisitos nacionais. Por esses motivos, é preciso um consultor
profissional para pesquisar as certificações e exigências que os frigoríficos vão precisar de
qualquer maneira, como ponto de partida para facilitar o aumento das exportações de carne.
Além das questões burocráticas e logísticas, também é preciso entender toda a questão
das projeções de custos e lucros nas exportações de carnes.
Em resumo, as etapas de compreensão e adequação às exigências do mercado de
importação relacionadas ao Siscomex, definição de regras burocráticas para questões de
logística e transporte e rastreamento de rentabilidade são essenciais para a exportação de carne.
Em vista do exposto, é apropriado enfatizar a importância da assessoria profissional e
pessoal ao considerar as leis e convenções que regem os controles de exportação de carne.
46

3 MATERIAL E MÉTODOS

O objeto de estudo deste trabalho foi composto por quatro grandes empresas do
agronegócio, de capital aberto que realizam exportações como forma de trazer relações que
podem ser importantes para pequenos e médios frigoríficos. A amostra foi escolhida devido ao
fato das companhias de capital aberto disponibilizarem com mais clareza e transparência seus
dados financeiros. Também foram escolhidas de acordo com o ranking da Forbes 2022 em
ranking de milhões de reais de Receita Líquida.
A primeira fase da pesquisa envolveu o processo de análise exploratória, por intermédio
da revisão da literatura em livros, revistas, artigos e sites especializados sobre o assunto. De
acordo com Gil (1999), a pesquisa exploratória equivale à etapa inicial de uma verificação
científica e colabora para delimitar uma dificuldade passível de estudo, por meio de métodos
sistematizados. A segunda etapa do trabalho abrangeu a pesquisa do tipo descritiva e ponderou
as propriedades do fenômeno e suas relações com as variáveis, por meio da utilização de
técnicas uniformizadas de coleta de dados (GIL, 1999).
A coleta de dados foi realizada a partir de coleta de informações nos próprios portais
das companhias selecionadas, nos principais portais de índices financeiros fundamentalistas e
no site da B3 (Bolsa de Valores). A análise e comparação dos dados serão demonstrados em
figuras, gráficos e tabelas para melhor visualização.
As empresas do agronegócio que compõem a amostra são todas do setor de alimentos e
bebidas, a saber: JBS (JBSS3), MARFRIG (MRFG3), MINERVA (BEEF3) e BRF (BRFS3).

3.1 Detalhamento da base de dados e características gerais

Esta parte do trabalho tem como objetivo identificar as características gerais das
empresas dentro do segmento de exportação de carne bovina. Para isso, foram consideradas
informações como o nome, tamanho, principal executivo, tempo de funcionamento, mercado
atendido e outras atividades desenvolvidas pela companhia.

3.2 Gestão e organização das empresas

Este tema teve como finalidade identificar a reestruturação e a modernização, que os


frigoríficos exportadores enfrentaram, para se adaptar ao comércio internacional e se tornar
47

competitivos, sendo combinado por informações como programas de qualidade adotados pela
companhia para atender ao mercado externo; controle ambiental do processo produtivo;
estratégias de marketing, marcas e rótulos; principais linhas de crédito e mecanismos de
alavancagem e concorrência no setor e concentração de mercado.
A Tabela 9 destaca a relação do market share entre os 10 principais frigoríficos e suas
composições no que se refere ao volume total de carne bovina exportada em 2022.

Tabela 9 - Relação do Market share entre os frigoríficos e o volume total de exportação em 2022
Quantidade Market
Frigoríficos exportada share
(kg) (%)
JBS 1.232.658.807 34,650
Marfrig 669.737.777 18,830
Minerva 467.187.412 13,130
Prima Foods 142.468.712 4,010
Naturafrig 131.482.533 3,700
Não declarado 98.048.535 2,760
Frigol 94.237.186 2,650
Plena 63.406.672 1,780
Barra Mansa 61.157.288 1,720
Cooperfrigu 55.443.242 1,560
Total Geral 3.557.075.901 100,000
Fonte: Balança Comercial e Estatísticas de Comércio Exterior (2022)

3.2.1 Dados financeiros

Este assunto teve como finalidade localizar e demonstrar em números, o resultado das
companhias estudadas. Como são companhias de capital aberto, é interessante compreender
seus índices financeiros dos últimos anos. Foram consideradas informações como índices
financeiros fundamentalistas, demonstrações de resultados e comparação entre companhias.
É importante para uma microempresa ou empresa de pequeno porte entender como uma
grande empresa funciona. Como suas ações, investimentos e estratégias impactam no seu
desenvolvimento. Lições ensinadas por grandes empresas podem capacitar negócios
emergentes em áreas diversas, principalmente no agronegócio.
A Figura 18 apresenta o fluxograma metodológico para a presente dissertação.
48

Figura 18 - Fluxograma Metodológico

FLUXOGRAMA METODOLÓGICO

BUSCA DAS CARACTERÍSTICAS


SELEÇÃO DAS EMPRESAS
GERAIS

ANÁLISE DOS DADOS IDENTIFICAÇÃO DA FORMA DE


FINANCEIROS GESTÃO E ORGANIZAÇÃO

ESTUDO DA VIABILIDADE E
ANÁLISES

Fonte: Elaborado pelo autor (2023)


49

4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Características gerais das empresas selecionadas

A JBS (JBSS3), do setor de alimentos e bebidas foi fundada em 1953 no município de


Anápolis – GO, com receita atual de R$ 270,20 bilhões. Gilberto Tomazoni é seu principal
executivo
A JBS, maior empresa de alimentos e bebidas do mundo e segunda maior empresa de
alimentos do mundo, é a segunda maior empresa do Brasil e a maior empresa privada em
receita. Gigante com quase 400 unidades de produção em 15 países dos 5 continentes, a empresa
faz muito mais do que carne bovina, suína e de aves. Tem negócios relacionados como couro,
biodiesel, cuidados pessoais e limpeza, soluções de gestão de resíduos sólidos, embalagens
metálicas e, mais recentemente, aventurou-se em alimentos alternativos e investiu em proteínas
vegetais. Em 2020, a empresa alcançou mais um recorde de desempenho com um faturamento
de cerca de R$ 270 bilhões, um crescimento de 32% em relação a 2019. A empresa também
passou a investir em comércios alternativos, como carnes vegetais (FORBES, 2021).
Já a MARFRIG (MRFG3) também presente no setor de alimentos e bebidas foi fundada
em 2000 em São Paulo – SP. Possui receita de R$ 67,48 bilhões e tem na figura de Miguel de
Souza Gularte o seu principal executivo na América do Sul.
A Marfrig, segunda maior empresa de alimentos e bebidas do mundo, teve um aumento
de 38% nas vendas em 2020 em relação a 2019, graças aos preços mais altos e ao dólar mais
forte. Mais de 70% das vendas vêm de operações na América do Norte. A Marfrig tem
capacidade para abater 31.200 bovinos e 6.500 ovinos por dia. Possui 28 unidades operacionais
na América do Sul, Brasil, Argentina, Chile e Uruguai, e 8 unidades nos Estados Unidos.
A Minerva (BEEF3), assim como as outras empresas selecionadas é do setor
alimentício, foi fundada em 1957 em Barretos – SP, apresenta receita de R$ 19,41 bilhões e
apresenta Fernando Galetti de Queiroz como seu principal executivo.
A Minerva Foods se destaca por sua competência em gestão de riscos no cenário do
agronegócio brasileiro. A empresa não é a maior em abate de gado, é a terceira. No entanto, a
empresa é uma das maiores exportadoras e tem feito parcerias com sucesso fora do Brasil.
Especialmente nos negócios, a Minerva se caracteriza pela sustentabilidade. Em 2020,
estabeleceu uma unidade de capital de risco para investir em inovação e fortaleceu sua atuação
no segmento de food service de alta margem (FORBES, 2021).
50

Finalmente, a BRF (BRFS3) também do setor de alimentos e bebidas foi fundada em


2009 em São Paulo – SP com Perdigão e Sadia, apresenta receita de R$ 33,5 bilhões e apresenta
Lorival Luz como seu principal executivo.
A BRF foi formada em 2009 a partir da fusão de duas empresas concorrentes. Perdigão,
fundada em 1930 em Videira, Carolina do Sul, e Sadia, que se apresentou na década seguinte
no Concórdia, também em Santa Catarina. Como resultado da fusão, a BRF se tornou uma das
maiores empresas de alimentos do mundo e a maior exportadora de aves do Brasil. O portfólio
da empresa inclui mais de 30 marcas. Nos últimos anos, as ações da empresa foram prejudicadas
por mudanças de gestão que focaram no lado financeiro e abriram espaço para crescimento
competitivo, especialmente no segmento de alimentos processados. No início de 2021, os
rumores de uma fusão ou aquisição pela Marfrig aumentaram (FORBES, 2021).

4.2 Análise da gestão e organização das empresas selecionadas

Nesta seção são apresentadas as análises envolvendo as práticas de gestão e organização


das empresas selecionadas, particularmente, os tópicos de programas de qualidade voltados
para atender ao mercado externo; controle ambiental do processo produtivo, estratégias de
marketing, marcas e rótulos; principais linhas de créditos mecanismos de alavancagem; e,
concorrência no setor e concentração de mercado.

4.2.1 JBS (JBSS3)

Inicialmente em relação à JBS e seus programas de qualidade adotados pela empresa


para atendimento do mercado externo, destaca-se que para assegurar a qualidade, a segurança
e a sustentabilidade de todos os seus produtos e atender às necessidades e exigências de seus
clientes e consumidores. A JBS conta com rigorosos processos em toda cadeia produtiva.
Princípios como Transparência, Integridade, Autenticidade e Inovação regem a atuação da
Companhia nos quatro pilares, sendo eles: Food Safety (Proteger os alimentos de contaminação
por agentes passíveis de ocorrer na cadeia produtiva), Food Quality (a soma de todas as
propriedades e atributos de um alimento que são aceitáveis para o cliente), Food Fraud (Proteger
contra a fraude alimentar causada deliberadamente para gerar ganhos econômicos a partir da
adulteração dos produtos ou disponibilização de informações enganosas) e Food Defense
(Proteger os alimentos de contaminação intencional improváveis de ocorrer na cadeia
51

produtiva.), sustentando a confiança dos mais importantes e exigentes clientes do mundo (JBS,
2022).
No que se refere ao controle ambiental do processo produtivo, Um grande desafio hoje
é atender às necessidades alimentares e nutricionais de uma população mundial crescente por
meio de modelos sustentáveis que possibilitem uma vida em equilíbrio com o planeta. Alcançar
isso requer maximizar o uso eficiente dos recursos naturais existentes e integrar a mais recente
tecnologia, inovação e práticas responsáveis em todos os sistemas de produção de alimentos
em todo o mundo. A JBS se comprome em ajudar a sociedade a enfrentar esse desafio,
melhorarando a eficiência das operações, minimizando a pegada ambiental e entregando valor
nutricional a milhões de consumidores todos os dias. As principais vertentes de atuação são:
Monitoramento dos indicadores ambientais por equipe qualificada,treinada e dedicada;
Elaboração de plano anual de investimentos para melhorias ambientais e o engajamento dos
colaboradores e dos fornecedores nos temas correspondentes sensíveis a essa questão;
Engajamento da cadeia de fornecedoresde matéria-prima prioritária em conformidade com as
políticas e critérios socioambientais da companhia. A abordagem de gestão se concentra na
eficiência operacional, inovação e conformidade com as leis e regulamentos ambientais
aplicáveis. Promovendo um modelo de melhoria contínua, reconhecendo que a conservação do
ambiente e dos recursos proporciona valor e segurança às gerações presentes e futuras (JBS,
2022).
A JBS do Brasil possui um plano anual de investimentos em melhoria ambiental com
foco no tratamento de efluentes, gestão de resíduos, emissões atmosféricas e de gases de efeito
estufa (GEE) e gestão do uso da água. O plano se baseia em uma avaliação ambiental
abrangente que realizam para identificar oportunidades de melhorar as métricas ambientais das
instalações de processamento no Brasil. O plano de investimentos é atualizado anualmente e
inclui uma extensa lista de projetos concluídos. A adesão a esses princípios no dia a dia da
empresa é norteada por sua política ambiental. A Política Ambiental apresenta as normas e
melhores práticas aplicáveis e divulga os pontos de monitoramento e controle ambiental para
uniformização e rotina em todas as plantas produtivas (JBS, 2022).
A JBS gerencia os indicadores ambientais e de sustentabilidade das unidades
produtivas, incluindo consumo de água, produção e análise de efluentes, consumo de energia,
produção de vapor, produção de resíduos, transporte, gás de refrigeração, dados de produção e
dados de emissões de gases de efeito estufa. Sobretudo, este sistema é fornecido regularmente
por equipes de unidades individuais. Isso permite monitorar o desempenho das plantas e
correlacioná-las com as metas da empresa para reduzir o consumo e a geração de resíduos
52

sólidos, líquidos e gasosos, criando planos de prevenção e redução de impactos ambientais,


permitindo assim um melhor controle sobre a implementação dos planos. O sistema de gestão
ambiental auditado internamente é baseado nos requisitos da ISO 14001. No Brasil, a JBS
possui a certificação ISO 14001 para as unidades de Itapiranga/SC, Ipojuca/PE , Gaspar/SC e
Campo Grande/MS . As ferramentas de gestão ambiental da empresa no país são conduzidas
por essas divisões, que por sua vez repassam as melhores práticas e modelos de gestão para
outras fábricas (JBS, 2022).
Em relação a estratégias de marketing, marcas e rótulos, destaca-se o fato de que a
empresa está baseada em dois pilares principais, sendo eles o aumento da rentabilidade e o
crescimento. Os principais objetivos são: crescimento contínuo, tanto de forma orgânica quanto
por aquisições, consolidando sua posição de liderança na indústria global de alimentos;
aproveitar as oportunidades de consolidação do setor no Brasil e no mundo; aproveitar a
abertura e o crescimento dos mercados internacionais e buscar maiores taxas de retorno, visando
maximizar o resultado para os acionistas.
A Figura 19 destaca os norteadores da empresa e sua respectiva estratégia.

Figura 19 - Norteadores da Companhia – Estratégia JBS

Fonte:JBS (2022)

No que se refere às principais linhas de crédito e mecanismos de alavancagem, a JBS


fecha acordos para preservar linhas de crédito com instituições financeiras. Negociações
envolvem um grupo de bancos públicos e privados, brasileiros e estrangeiros, que tem como
53

premissas a estabilização de cerca de R$ 20,5 bilhões do endividamento da companhia. A


celebração destes acordos de normalização demonstra a confiança das instituições financeiras
na gestão da companhia e contribui para uma significativa extensão do prazo médio de
vencimento das dívidas, assegurando a liquidez financeira e a continuidade do bom
desempenho operacional. A Gestão da estrutura de capital da JBS é focada em métricas de
liquidez imediata modificada – ou seja, disponibilidades mais investimentos financeiros,
divididos pela dívida de curto prazo – e de capital de giro, para manter a alavancagem natural
da Companhia e de suas controladas. As operações financeiras têm como contraparte
instituições financeiras: limites de exposição definidos pela Comissão de Gestão de Riscos e
aprovados pelo Conselho de Administração, baseados em classificações de risco (ratings) de
agências internacionais especializadas. Nas contas a receber de clientes ocorre a pulverização
da carteira e estabelecimento de parâmetros seguros para a concessão de crédito (sempre
observando limites proporcionais, índices financeiros e operacionais, e realizando consultas a
órgãos de monitoramento de crédito) (JBS, 2022).
A qualidade moral da concentração do mercado nas sociedades de consumo é uma
questão controversa. Muitos críticos argumentam que a concentração de mercado é evidência
de uma má alocação de recursos e oportunidades. Mas também se admite que uma economia
homogênea indica que ninguém está crescendo. A concentração da JBS no mercado de carnes
tem sido apontada por criadores, especialistas e governantes como a principal causa de alguma
crise do setor. Um erro da empresa atinge praticamente toda a cadeia de comercialização do
gado.
Em janeiro de 2022, o presidente dos EUA, Joe Biden, anunciou planos para reduzir os
níveis de proteína animal. A empresa brasileira JBS, que afirma ser a maior produtora de carne
bovina dos Estados Unidos e a segunda maior produtora de carne de frango e suína, enfrenta as
repercussões da decisão de Biden. Ao lado da JBS, a brasileira Marfrig também foi citada em
estudo publicado no site da Casa Branca, em que as empresas usaram o poder de mercado para
aumentar os preços e pagar menos aos agricultores, economizando seu próprio dinheiro
(BRASIL DE FATO, 2022).
O plano de Biden é alocar US$ 1 bilhão (cerca de R$ 5,6 bilhões) para "expandir a
capacidade de processamento independente". As linhas de financiamento são destinadas a
empresas “mais diversificadas” e “comunidades desfavorecidas” que processam proteína
animal. Trabalhar com sindicatos e empresas para investir na qualificação profissional e reduzir
os custos de inspeção para pequenas empresas (BRASIL DE FATO, 2022).
54

4.2.2 MARFRIG (MRFG3)

No que se refere a programas de qualidade visando o mercado externo, em 2020 a


MARFRIG lançou compromissos com metas de inclusão, combate ao desmatamento,
rastreabilidade e transparência. O objetivo foi de envolver toda a cadeia de valor no atendimento
a esses requisitos. Como uma das maiores empresas de proteína animal do mundo, a
sustentabilidade é o seu eixo estratégico mais importante. Políticas e práticas consistentes de
sustentabilidade relacionadas à minimização do impacto ambiental das operações, garantindo
o bem-estar animal sempre que possível buscando conservar recursos naturais para conduzir
negócios e proteger os interesses que criam valor para as pessoas. A Figura 20 destaca os pilares
estratégicos da MARFRIG.

Figura 20 - Pilares estratégicos Marfrig

Fonte: Marfrig (2022)

A empresa apresenta forte compromisso com a sustentabilidade em seu trabalho diário.


A companhia estabelece metas e monitora os resultados, dividindo os esforços em seis eixos
estratégicos. O Controle de Origem tem Compromisso do fornecedor com o controle de origem
das matérias-primas e com as melhores práticas de sustentabilidade. Ela é responsável pela
implantação do programa Marfrig Verde+, que visa estender a pecuária sustentável e de baixa
emissão a toda a cadeia de valor. Dentro das instalações industriais, aplicam um rígido controle
de qualidade e segurança alimentar por meio de processos e procedimentos que respeitam o uso
de antibióticos, hormônios e substâncias controversas utilizadas na pecuária. No campo do bem-
estar animal, a gerência de práticas de manejo de animais da fazenda ao abate que devem ser
55

implementadas de acordo com as recomendações globais de bem-estar animal e os mais


rigorosos padrões internacionais para o abate humanitário. Já no que diz respeito a mudanças
climáticas, a empresa visa minimizar o impacto das operações nas mudanças climáticas e buscar
a melhoria contínua na eficiência dos processos para adaptação a essa nova situação. A gestão
de recursos naturais busca facilitar a gestão do consumo de água e energia no processo
produtivo. Busca também formas alternativas de gerar energia a partir de fontes limpas e
renováveis (MARFRIG, 2022).
Para a gestão de resíduos, a empresa busca promover práticas ambientalmente corretas
no tratamento e disposição de efluentes líquidos e resíduos sólidos de suas operações. No que
tange à responsabilidade social, visa engajar fornecedores em práticas que respeitem os direitos
humanos e apoiar o desenvolvimento de novos meios de produção, tecnologias e iniciativas
para aumentar a inclusão para atuar impactando positivamente (MARFRIG, 2022).
Em 2021, a Marfrig assinou um contrato de financiamento de sustentabilidade de US$
30 milhões por 10 anos com a Stichting andgreen fund (andGreen) como parte da estratégia de
crescimento sustentável. É por isso que começaram a investir em uma cadeia produtiva,
economicamente robusta, social e ambientalmente responsável da pecuária na Amazônia e no
Cerrado, especificamente com o objetivo de proteger esses biomas. Por meio da Marfrig
Verde+, investiram em tecnologias e abordagens inovadoras de rastreabilidade. Combinaram
mecanismos de monitoramento para identificar áreas mais vulneráveis ao desmatamento e
implementamos um sistema de monitoramento indireto de fornecedores (MARFRIG, 2022).
Em relação a estratégias de marketing, marcas e rótulos, a Marfrig lançou em 2022 o e-
commerce Bassi, voltado para o consumidor final por meio de delivery. Nesta primeira etapa
do projeto, produtos das marcas Bassi, Bassi Angus, Montana Steakhouse e PlantPlus Foods
(de proteína vegetal) foram vendidos a partir da plataforma para o público da capital paulista.
(Mercado E CONSUMO, 2022).
A Marfrig possui dark stores em diferentes pontos da cidade. Essas lojas são pequenos
espaços que usam sistemas baseados em localização para armazenar e enviar carne aos
consumidores. A loja dark mais próxima encaminhará o pedido e garantirá a entrega rápida em
até 1 hora. Cada loja tem cerca de 15 metros quadrados e contém 5 geladeiras. Um colaborador
é responsável pelos processos de logística, expedição e gestão de mercadorias.
A Bassi E-Commerce utiliza plataformas tecnológicas para gestão de pedidos, produtos
e cadeias logísticas, em parceria com agências de fomento especializadas em serviços de
transformação digital. O e-commerce Bassi é mais uma evolução dos negócios da Marfrig, um
modelo de negócio online para estabelecimentos comerciais (restaurantes, açougues,
56

lanchonetes) tradicionalmente voltado para as chamadas vendas B2B (business-to-business).


Fortalece a frente B2C (Business to Consumer), finalizando trabalhos escolhidos a dedo por
especialistas para envio no mesmo dia, o que agiliza a entrega, por meio da utilização de dark
stores que garantem agilidade na entrega ao consumidor. Até o fim de 2022, a Marfrig terá sua
própria loja oficial no Marketplace, iFood e aplicativo de entrega Rappi. Este ano, como parte
do Bassi E-Commerce, a Marfrig fará parceria com açougues, butiques, açougues
especializados e supermercados que poderão vender seu estoque de produtos da marca por meio
da plataforma. O e-commerce também comercializa produtos industrializados e de terceiros,
ampliando o alcance de entrega dos produtos. Serviço de entrega regular, suporte especializado
por chat, compra regular (tipo de assinatura) também estão planejados (MARFRIG, 2022).
As principais linhas de crédito e os mecanismos de alavancagem são destacados por
meio de sua subsidiária Keystone Foods, a Marfrig Global Foods S.A. (São Paulo/SP) captou
US$ 900 milhões, aumentando sua linha de crédito disponível em US$ 270 milhões. A
Keystone Foods é uma das maiores fornecedoras mundiais de produtos proteicos de alto valor
para canais de fast food, varejistas e indústria alimentícia. Essas linhas de crédito disponíveis
para a Empresa consistem em uma linha de crédito rotativo de US$ 530 milhões com
vencimento em 2020 e um empréstimo a prazo de US$ 370 milhões com vencimento em 2022
(MARFRIG, 2022).

4.2.3 MINERVA (BEEF3)

No que se refere a programas de qualidade com o objetivo de adentrar ao mercado


externo, a Minerva Fine Foods possui um sistema de qualidade exigente, que assegura o
controle de todas as fases do processo e também do ambiente de fabricação, atendendo a
legislação brasileira de Análise de Perigos e Pontos Críticos de Controle (APPCC) e a dos
principais países importadores. Esse sistema é permanentemente auditado pelos clientes e
certificado pela British Retail Consortium (BRC), uma das mais exigentes normas de produção
de alimentos da Europa (MINERVA FOODS, 2022).
A Minerva Foods entende que o controle ambiental durante o processo produtivo é o
momento atual exige mais de todos as empresas. Para isso, reafirmam o objetivo de alimentar
o mundo de forma mais sustentável por meio de iniciativas voltadas ao respeito e
responsabilidade com o meio ambiente. Guiados pela ciência e tecnologia, equilibram a
rentabilidade e sustentabilidade. Trabalham com os principais institutos de pesquisa da América
57

do Sul para combater as mudanças climáticas e a extração ilegal de madeira. A Minerva Foods
é a única empresa do setor de bovinos a integrar a carteira do Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) 2021/2022 da B3. Reflete o compromisso com as melhores práticas sociais,
ambientais e de governança, sendo a sustentabilidade uma delas. Um pilar fundamental do
modelo de liderança (MINERVA FOODS, 2022). As Figura 21 destaca os projetos de
sustentabilidade da Minerva Foods.
58

Figura 21 - Projetos sustentabilidade Minerva

Fonte: Minerva Foods (2022)

No que tange a estratégias de marketing, o ABC da comunicação (2021) destaca que a


Minerva anunciou o lançamento de uma nova identidade visual. Com tipografia moderna e
funcionalidade mais robusta, a marca reflete uma comunicação moderna e clara com todos os
públicos-alvo. Este é o segundo grande rebranding em seus quase 30 anos de história, sendo
que o último foi concluído em 2012. O anúncio antecipa as comemorações dos 30 anos da
empresa, que serão comemorados em abril de 2022. Uma nova identidade foi desenvolvida em
parceria com a agência REF. A revitalização da marca reflete a transformação pela qual a
Minerva Foods passou nos últimos anos: inovação da indústria, pioneirismo com foco no
planeta e forte foco nos negócios. Mais do que uma nova identidade, a empresa passará a atuar
em todos os países onde atua com a marca Minerva Foods. Essa mudança fortalecerá a presença
59

global unificada, garantindo que onde quer que os clientes estejam, a Minerva Foods será uma
marca unificada.
Em relação a linhas de crédito e mecanismos de alavancagem, a Beefpoint (2020)
destaca que a Minerva Foods, pretende captar R$ 600 milhões com a emissão do Certificado de
Contas a Receber (CRA) do Agronegócio. O Valor apurou que serão emitidas duas séries de
títulos com vencimentos em 2025 e 2026. A XP Investimentos e o BTG Pactual estão
coordenando esta edição. Com a série prevista para 5 anos, a empresa vai arrecadar 400 milhões
de reais. As taxas do investidor são IPCA mais 5,75% ao ano. Os títulos com vencimento em
2026 terão remuneração de CDI mais 5,40% ao ano. A Minerva pretende usar seus recursos
para comprar dívidas de empresas estrangeiras no mercado secundário. Esses títulos estão sendo
negociados atualmente abaixo do valor de face, em torno de 98%. Convertidos para reais, a taxa
de juros desses títulos é de aproximadamente 10% ao ano. A opção de emissão do CRA
mostrou-se mais barata do que uma linha de crédito oferecida pelo banco por até um ano em
CDI mais uma taxa de juros de 4% ou 5% ao ano. Antes da crise do coronavírus, as taxas de
juros dessas linhas de curto prazo giravam em torno do CDI mais 2% ao ano. Para evitar o
risco de inflação, o Minerva fará swap de títulos com vencimento em 2025 com bancos,
pagando um valor igual a 150% do CDI (aproximadamente 4,5% ao ano considerando os preços
atuais). Ao final de março/2020, a dívida total do Minerva somava R$ 11,7 bilhões, sendo 72%
em moeda estrangeira. Destes, 18,5% tinham prazos curtos. A dívida líquida era de R$ 5,4
bilhões. O índice de alavancagem (relação dívida líquida sobre EBITDA) é de 2,99x.
A concorrência no setor e concentração de mercado são detalhados por intermédio da
sua estratégia de exportação, a Minerva Foods alcançou uma acentuada presença no mercado
mundial de proteína animal. A participação do mercado externo na receita bruta total da
Minerva Foods passou de 55,1% em 2011, para quase 69% em 2020. Os principais concorrentes
da Minerva Foods são companhias exportadoras de carne bovina como a JBS e a Marfrig, além
de algumas empresas internacionais como a empresa americana Tyson Foods, focada em
proteínas. O mercado de exportação de carne bovina é bastante concentrado, as empresas
classificadas como “Grandes” dominam 85% dos volumes exportados no Brasil. As 3 maiores
empresas de exportação de carne bovina consolidam 65% do volume total em 2022. A JBS
representa 32%; Marfrig com 19% e Minerva com 14%.
60

4.2.4 BRF (BRFS3)

Em relação a programas de qualidade, existe o compromisso de garantir a segurança


alimentar em toda a cadeia produtiva, do campo à mesa. O monitoramento moderno e técnico
de todo o processo produtivo garante uma cadeia segura com processos eficazes e de alta
qualidade Segurança e qualidade são pré-requisitos que a BRF considera importantes em todas
as etapas do desenvolvimento de seus produtos. E somente um conjunto de processos integrados
e consistentes pode garantir que esses atributos sejam controlados e aplicados ao longo do
processo. Em uma estrutura totalmente integrada conhecida como integração vertical, todos os
pontos da cadeia estão sob controle e responsabilidade da BRF. Isso permite à empresa garantir
a qualidade e segurança de seus produtos e controlar toda a cadeia do início ao fim. Esta
estrutura com fabricantes embutidos também inclui a cadeia de aves (granja de avós,
incubatório, granja de recria, granja de produção de ovos, incubatório, integrados (engorda),
abate e processamento) e a cadeia de suínos (granja de bisavós, granja de avós, granja com
Sistema Produtor de Leitões (SPL), Granja Sistema Vertical Terminador (SVT), abate e
processamento) (BRF, 2022).
A integração com os produtores tem grande importância, já que são eles que iniciam a
cadeia. A BRF fornece aos produtores integrados animais, ração, assistência técnica, transporte,
abate e todos os produtos necessários para a pecuária. Já os produtores oferecem instalações
que abordam os conceitos de saúde animal, trabalho, bem-estar e qualidade de vida. A partir
daí todo o processo é monitorado e controlado para garantir que os produtos estejam de acordo
com as legislações do Brasil e de outros países do mundo. Todo o manejo dos animais na
propriedade é feito manualmente por pessoas treinadas e responsáveis por manter os padrões
de segurança e bem-estar animal, incluindo temperatura, umidade e densidade. Os animais são
transportados e distribuídos em caminhões especializados, projetados de acordo com normas
técnicas específicas e separados de acordo com requisitos como espécie, sexo e idade. Todos
os animais são verificados diariamente para garantir que eles tenham condições ideais para o
pleno desenvolvimento. Os produtores passam por treinamentos constantes para garantir o
excelente desenvolvimento de suas produções, e a equipe técnica da BRF dá suporte no dia a
dia.
A ração produzida para os animais segue rígidos padrões de qualidade estabelecidos por
profissionais nutricionistas. Só podem ser utilizadas substâncias que tenham sido avaliadas
quanto à composição e qualidade dos ingredientes e aprovadas para alimentação animal. A
dieta, composta basicamente de milho e farelo de soja, possui nutrição balanceada e contém
61

quantidades calculadas para fornecer e garantir as necessidades nutricionais e vitamínicas


mínimas dos animais nas diversas fases da vida. Além disso, a fábrica está sujeita à fiscalização
do MAPA (Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento) de acordo com a legislação
específica sobre boas práticas de produção de ração animal. Todo o suporte para o cuidado
adequado dos animais é fornecido pela equipe técnica da BRF. Todos os medicamentos
necessários são utilizados somente mediante receita médica após visita veterinária para
diagnóstico da doença, sempre respeitando os princípios de bem-estar animal e sanidade do
lote, conjunto de características que compõem a saúde de um animal (BRF, 2022).
Os indicadores de produção são feitos regularmente em toda a cadeia e registrado na
Ficha de Controle de Lote (FAL). Este formulário é muito importante, pois funciona como um
diário e registra todas as informações referentes ao desenvolvimento do animal, produtos
utilizados, vacinas, rações recebidas e orientações do conselheiro. Além disso, todos os FALs
são encaminhados ao Serviço de Inspeção Federal (SIF) para verificação no momento do abate
do animal. Esses dados são importantes para a rastreabilidade relacionadas ao lote. Apenas
BRF, fabricantes e SIFs têm acesso a este documento. A BRF ainda tem total controle sobre o
tempo de espera. Este é um passo necessário para garantir que nenhum resíduo seja deixado na
carne durante a dosagem (BRF, 2022).
A seguir destacam-se alguns dos controles realizados durante a produção, dentre eles a
mortalidade (quantas aves estão morrendo e por quê. Dessa forma, se a taxa de mortalidade for
alta, o produtor pode ligar para o consultor para saber o que aconteceu); consumo de água
(monitoramento do consumo diário de água do lote. Esta é uma ação importante a ser
monitorada para intervir rapidamente se o lote estiver com sede); consumo de ração
(monitoramento constante para garantir que as aves estejam comendo a quantidade e o tipo de
ração adequados, e ação imediata quando alterações são observadas); ganho de peso (medido
semanalmente para verificar se o lote está bem desenvolvido. Em caso de violação, pode-se
tomar as medidas necessárias); temperatura de instalação (ações diárias para monitorar os níveis
máximos e mínimos de temperatura e umidade. Esta etapa é importante para garantir e
proporcionar conforto térmico à ave. São tomadas medidas imediatas quando ocorrerem
desvios).
A BRF segue rigorosamente todas as normas e procedimentos nacionais e internacionais
para evitar a introdução de doenças infecciosas nas instalações fabris. Todos os produtores
seguem um Guia de Boas Práticas desenvolvido por uma dedicada equipe de veterinários,
pecuaristas e agrônomos. Além disso, eles são treinados em processos de bem-estar animal e
são monitorados durante toda a vida do lote e durante o carregamento e transporte por
62

atendentes da BRF. Para garantir que os animais prosperem em um ambiente seguro e


adequado, há lavagem das mãos antes do contato com os animais, controle de pragas e vetores,
uso de calçados apropriados, controle dos destinos das camas e durante o lote muitas medidas
são tomadas, incluindo os produtos utilizados. Além disso, os produtores seguem as leis locais
exigidas e apenas o pessoal autorizado tem acesso às instalações. Os visitantes autorizados
devem preencher um formulário de controle de visitantes e comprovar sua saúde (BRF, 2022).
A BRF é ligada aos padrões Global GAP, Alo Free e Certified Humane em algumas
unidades como Chapecó, Marau, Capinzal, Mineiros e Serafina Corrêa. A empresa também
atende clientes reconhecidos internacionalmente pelo alto padrão de qualidade exigido de seus
fornecedores. Atualmente, 100 unidades em Brici Alegre (GO) produzem frangos de corte
certificados de acordo com o padrão Certified Humane. O Laboratório de Saúde Animal e
Ocupacional da BRF monitora toda a cadeia produtiva desde a matéria-prima, ração,
incubatório, granja (campo) até a extração do produto final. Analisado em estrita conformidade
com métodos oficiais padronizados (incluindo AOAC, AFNOR, ISO) ou desenvolvido
internamente usando validação (BRF, 2022).
O controle ambiental do processo produtivo possui uma Política de Saúde, Segurança e
Meio Ambiente (SSMA) da BRF fornece diretrizes para a gestão ambiental com base nos
princípios da ISO 14001, e a Política de Sustentabilidade é a principal ferramenta para a gestão
do capital natural. Com base nessas diretrizes, no Sistema de Excelência Operacional (SEO)
em Operações e no Programa de Excelência em Logística, a companhia analisa oportunidades
de trabalho e riscos. Por meio do Índice de Sustentabilidade Ambiental (ISA), monitora
efluentes, resíduos, emissões atmosféricas, ruídos, odores, subsídios e licenças ambientais. Esse
indicador interno mede o cumprimento dos requisitos legais e dos processos ambientais da
empresa. A BRF cumpre as normas e leis ambientais locais, estaduais e federais que regem os
aspectos relacionados à água, águas residuais, resíduos sólidos, emissões atmosféricas, ruído e
odores. Todas essas questões são abordadas na Política de Saúde, Segurança e Meio Ambiente
(Política de SSMA), que fornece diretrizes para a gestão ambiental com base nos princípios da
ISO 14001. Este documento orienta s atividades e estratégia de crescimento da companhia de
acordo com as normas vigentes. Em 2020, a BRF investiu R$ 123,8 milhões em projetos de
redução de impacto ambiental, alinhados com as categorias elegíveis de títulos verdes emitidos
pela BRF. Até 2022, pretendem ter acesso a green bonds (notas seniores de € 500 milhões)
emitidas para aumentar a capacidade de investir, entre outras coisas, em eficiência energética,
energia renovável e redução de emissões de gases de efeito estufa. Os fornecedores são
selecionamos 100% com base em critérios socioambientais. Além das diretrizes da Política de
63

Saúde, Segurança e Meio Ambiente (SSMA) e manuais de transparência, também


disponibilizam Códigos de Conduta para Fornecedores e Acordos com Partes Relacionadas. A
cadeia agrícola possui uma área dedicada de controle e gestão ambiental que acompanha os
produtores integrados e expansionistas (funcionários ligados à agricultura e pecuária que
visitam regularmente as unidades integradas). Um dos focos dessas análises é o componente
ambiental. São gerenciados 100% das licenças ambientais dos produtores em geral (BRF,
2022).
De acordo com Aberje (2022), a estrutura de marketing e inovação da BRF apresentou
mudanças. O diretor-executivo Luiz Franco, que está à frente da unidade de negócios BRF há
três anos, será responsável pela área de inovação e estratégia geral das categorias e marcas da
empresa, incluindo as marcas icônicas Sadia, Perdigão e Qualy. Marcelo Suárez, que liderou a
prática da marca no Brasil, atuará como diretor de Omnichannel e marketing de varejo,
colaborando com o vice-presidente comercial Brasil. A nova estrutura visa ser mais eficiente,
desde a interação da marca na mídia até a execução do produto nos canais de venda, aumentando
a presença das marcas BRF na mesa do consumidor. Franco tem mais de 20 anos de experiência
em marketing de bens de consumo, trabalhando na Pernod Ricard e Grupo GP. Na BRF, o
gerente atuou na divisão de lácteos e margarinas da empresa por mais de 10 anos, contribuindo
para a reestruturação de categorias, trades e marcas, além de ter atuado como diretor de
marketing para o mercado Halal quando radicado em Dubai. Garantiu a evolução da marca
Sadia com o lançamento da unidade de produção em Kizad, nos Emirados Árabes Unidos. Em
seguida, assumiu a diretoria da BRF, integrando o negócio e seus resultados a uma forte agenda
de inovação. Franco aguarda um novo desafio: consolidar os esforços e continuar o diálogo
com os consumidores, que é fundamental para as escolhas da companhia. Em sua nova função,
o executivo se reportará a Marcel Sacco, vice-presidente global de marketing e novos negócios
da BRF.
Com mais de 20 anos de experiência em marketing na Philip Morris, AmBev e
Carrefour, Marcelo Suárez passou os últimos três anos liderando estratégias de aprimoramento
de marcas e fortalecendo relacionamentos com mulheres e jovens. Graças ao esforço da equipe,
a Sadia alcançou o patamar de marca de alimentos mais valiosa e confiável do Brasil, com 46%
de preferência pelas marcas BRF (Sadia, Qualy, Perdigão, Claybom e Deline). Na nova
estrutura, o executivo será responsável por Trade Marketing e se reportará a Manoel Martins,
vice-presidente de Comercial no Brasil. Em sua nova função, o gerente vai liderar a estratégia
e inteligência de vendas para fortalecer ainda mais o relacionamento da empresa com os clientes
B2B. Há três anos liderando a equipe de marketing e trabalhando em estratégias para
64

reposicionar as marcas de consumo da empresa, existe uma ansiedade para novos desafios
quando se trata de marketing de varejo. Há muitas oportunidades nas relações comerciais,
atividades de trade marketing e ativação de marca (BRF, 2022).
Já no que se refere a linhas de crédito, no início de 2020 a BRF informou aos seus
acionistas e ao mercado em geral que a Companhia firmou uma linha de crédito rotativo com o
Banco do Brasil (BBAS3) com limite de até R$ 1,5 bilhão pelo prazo de três meses. A linha de
crédito poderia ser quitada total ou parcialmente a critério da BRF, conforme a necessidade.
Além disso, a Meatpacker financiou um contrato de empréstimo antecipado com o Banco do
Brasil totalizando R$ 1,57 bilhão com vencimento de agosto de 2021 a janeiro de 2022 com
recursos próprios. No mesmo ano, A BRF quitou esse acordo, a empresa informou que liquidou
antecipadamente um empréstimo de R$ 1,5 bilhão que venceria entre agosto de 2021 e janeiro
de 2022.Paralelamente, a companhia contratou, também com o Banco do Brasil, uma linha de
crédito rotativo com limite de R$ 1,5 bilhão e prazo de três anos. Ao realizar tais transações, a
empresa está otimizando sua estrutura de capital e reduzindo seu custo médio de dívida
financeira enquanto continua trabalhando para manter uma posição sustentável de liquidez de
curto prazo.
No que tange a concorrência no setor, A BRF - Brasil Foods é uma das maiores
companhias de alimentos do mundo em valor de mercado, líder na produção global de proteínas,
com participação de 9% da comercialização mundial, e maior exportadora mundial de aves. Em
2010 alcançou a posição de terceira maior exportadora do Brasil e é ainda uma das mais
importantes captadoras e processadoras de leite do país. Com um portfólio formado por mais
de 3 mil produtos, a Companhia opera 60 fábricas instaladas em todas as regiões do Brasil e
três no exterior. Companhia Aberta, em 2010, comemorou 30 anos de listagem de suas ações
na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa-BRFS3) e também comemorou 10 anos de
listagem na Bolsa de Nova Iorque (NYSE-BRFS). A BRF - Brasil Foods visa oferecer produtos
de qualidade a todos os consumidores nos mercados interno e externo, que inclui produtos in
natura, industrializados e congelados de carnes, além de massas, pizzas congeladas, margarinas
e produtos lácteos. Seus principais concorrentes são JBS, Marfrig, Minerva, Aurora, Danone e
Nestlé.
A Tabela 10 destaca um resumo das análises das empresas selecionadas para a presente
pesquisa.
65

Tabela 10 - Resumo Das Análises – Foco das Empresas


Estratégias JBS Marfrig
Minerva BRF
Sistema de
qualidade
exigente,certifica Monitorament
Food Safety,
Foco em do pela BRC o moderno e
Food Quality,
programas de (British Retail técnico de
Programas de qualidade Food Fraud e Sustentabilida
Consortium), todo o
Food de atendendo a processo
Defense.
legislação produtivo.
brasileira de
APPCC
Monitoramen
to dos
indicadores ,
Projetos de
investimentos
sustentabilidade, Projetos de
para Programa
Índice de redução de
Controle ambiental melhorias e Marfrig
Sustentabilidade impacto
engajamento Verde+.
Empresarial ambiental.
dos
(ISE).
colaboradores
e dos
fornecedores.
Estratégia
baseada no
Aumento da
aumento da E-commerce Identidade
Marketing marca na
rentabilidade Bassi visual,rebranding
mídia.
e
crescimento.
Bancos Por meio de
Certificado de
públicos e sua
Principais linhas de Contas a Receber Banco do
privados, subsidiária
crédito (CRA) do Brasil
brasileiros e Keystone
Agronegócio
estrangeiros Foods.
Concorrência/concentra
Baixa/Alta Baixa/Alta Baixa/Alta Baixa/Alta
ção de mercado
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)

4.3 Caracterização e análise dos dados financeiros das empresas selecionadas


4.3.1 JBS (JBSS3)

A JBS teve um aumento considerável no seu ativo, muito em função do aumento do


imobilizado, que são unidades produtivas, máquinas, equipamentos, etc., toda estrutura de
funcionamento da empresa. Houve também aumento do seu capital de giro, estoque e contas a
receber. A empresa com o passar dos anos vem aumentando gradativamente seu tamanho,
66

aumentando sua estrutura de funcionamento. Em relação ao seu Passivo, o endividamento da


companhia também aumentou e a maior parte dela está no longo prazo.
Em relação aos resultados produzidos pela empresa nos últimos anos, o faturamento/
receita de vendas também apresenta uma crescente. Mais importante que o faturamento, o lucro
da companhia disparou em 2021. Nos custos, custo dos produtos vendidos apresenta certa
regularidade igualmente nas despesas operacionais. Então isso mostra que a empresa vem
controlando bem sua linha de custos e despesas operacionais justamente para buscar um
aumento do lucro e consequentemente aumento das margens praticadas nas vendas dos seus
produtos.
Verificando seus índices de liquidez, se a empresa tivesse que pagar todas as suas
dívidas hoje, ela não teria esse capital, no longo prazo a empresa vai ter que correr atrás de
recursos para fazer frente ao seu endividamento. No curto prazo a empresa não tem problemas
financeiros, já no longo prazo a empresa precisará correr atrás de recursos. A rentabilidade do
Patrimônio Líquido obtida pelos acionistas em 2021 foi excelente.
A JBS é uma empresa gigante que tem tradição no mercado e passa segurança, já que
suas informações financeiras são auditadas. Com isso o investidor se sente seguro na hora de
investir e também por verificar os ótimos resultados da companhia. A Figura 22 apresenta os
indicadores da JBS e a Figura 23 destaca o balanço patrimonial da mesma. Finalmente, a Figura
24 mostra a demonstração de resultados.
67

Figura 22 - Índices financeiros fundamentalistas – JBS

Fonte: Statusinvest (2022)


68

Figura 23 - Gráfico Balanço Patrimonial - JBS

Fonte: Statusinvest (2022)

Figura 24 - Gráfico Demonstração de Resultado - JBS

Fonte: Statusinvest (2022)

4.3.2 MARFRIG (MRFG3)

A MARFRIG vem ampliando seu tamanho de forma gradativa ao longo dos últimos
anos, com elevação no imobilizado e também do intangível, muito em virtude de investimentos
dentro da sua atividade. Houve aumento do volume de dinheiro em caixa, capital de giro, contas
a receber e estoques. Em 2021 a empresa dá um salto em seu ativo de forma geral.
No endividamento há utilização de capital de terceiros e de capital próprio, onde a
empresa vinha de um prejuízo acumulado, porém no ano de 2020 esses prejuízos desaparecem
do balanço da empresa. Apesar do aumento nominal da dívida, o peso da mesma fica menor. A
69

maior parte das dívidas se concentram no longo prazo. A companhia buscou financiamentos de
longo e de curto prazo.
Em relação ao resultado, em 2020 a companhia mesmo com a pandemia do coronavírus
teve um aumento considerável na sua receita de vendas. Seu faturamento e lucro vem em uma
boa crescente.
Em relação aos seus índices financeiros, a capacidade de pagamento que a empresa tem
no curto prazo, mostra que se ela tivesse que pagar suas obrigações hoje, ela não teria condição,
ou seja, faltariam recursos para fazer frente a essas dívidas. Porém grande parte das dívidas é
de longo prazo. A cada exercício o endividamento da empresa vem recuando gradativamente.
A empresa gera alta rentabilidade a seus investidores, já que apresenta números interessantes e
consistentes.
As Figuras 25, 26 e 27 apresentam respectivamente os índices financeiros, o balanço
patrimonial e a demonstração de resultados da MARFRIG.
70

Figura 25 - Índices financeiros fundamentalistas - MARFRIG

Fonte: Statusinvest (2022)


71

Figura 26 - Gráfico Balanço Patrimonial - MARFRIG

Fonte: Statusinvest (2022)

Figura 27 - Gráfico Demonstração de Resultado - MARFRIG

Fonte: Statusinvest (2022)

4.3.3 MINERVA (BEEF3)

A Minerva do seu ativo total, grande parte compreende o imobilizado que são todos os
bens que fazem parte da estrutura de funcionamento da empresa. O seu capital de giro teve
aumento, ou seja, teve aumento dos recursos que a empresa utiliza para movimentar toda a sua
estrutura e gerar recursos. A companhia apresentou aumento no imobilizado, no capital de giro,
estoques, dinheiro em caixa e contas a receber, demonstrando estabilidade em seus ativos. Em
relação ao seu passivo, a empresa em 2020 saiu de um prejuízo que vinha de saldo de prejuízos
acumulados de anos anteriores. A empresa concentra grande parte da sua dívida no longo prazo.
Todo o crescimento retratado no ativo é originado através de endividamento, a empresa
72

buscando endividamento para investir dentro dela, para poder crescer. Portanto seu
endividamento é bastante alto. Seu patrimônio líquido é baixo para a estrutura da empresa,
consequentemente um endividamento muito alto.
Em relação ao faturamento, o mesmo apresenta crescimento. Já os resultados produzidos
pela empresa, há um lucro pequeno produzido em 2019 naturalmente em função dos prejuízos
acumulados. Nos anos seguintes, só o fato de parar de ter prejuízo já é um grande sinal. A partir
de então a empresa passou a ter lucro. A empresa saiu de uma situação muito difícil e teve boa
recuperação, porém falta se recuperar na parte de endividamento.
Em relação aos índices, com o tempo a empresa terá que fazer recursos através dos seus
resultados ou até mesmo não realizando novos investimentos para poder melhorar sua situação
financeira no longo prazo. Já no curto prazo a empresa não vem apresentando problemas já que
pela liquidez corrente seu índice é bom, ela consegue pagar e ainda sobrar dinheiro. O
comportamento da dívida é bem alto, como já citado anteriormente. A rentabilidade do
Patrimônio líquido aparentemente se mostra alta, porém é medida em cima de uma base muito
baixa (prejuízos anteriores, o PL era baixo e endividamento muito alto).
As figuras 28, 29 e 30 apresentam respectivamente os índices financeiros, o balanço
patrimonial e a demonstração de resultados da empresa
73

Figura 28 - Índices financeiros fundamentalistas - MINERVA

Fonte: Statusinvest (2022)


74

Figura 29 - Gráfico Balanço Patrimonial – MINERVA

Fonte: Statusinvest (2022)

Figura 30 - Demonstração de Resultado - MINERVA

Fonte: Statusinvest (2022)

4.3.4 BRF (BRFS3)

A BRF naturalmente também por ser uma indústria também tem uma participação
grande no imobilizado (todas as sedes, instalações, máquinas, equipamentos, etc.) toda a sua
estrutura de funcionamento que vai naturalmente absorver um valor significativo do seu ativo.
O ativo da empresa teve um crescimento discreto ao longo dos anos, com aumento do valor em
caixa, contas a receber, estoques e outros créditos. A empresa possui um ótimo capital de giro,
ela vem mantendo um volume alto de dinheiro em caixa ao longo do tempo. Em relação ao
endividamento, assim como as demais empresas mencionadas, a maior parte se encontra no
longo prazo, é comum nesse tipo de atividade. E o endividamento da BRF se manteve constante,
75

porém com um certo aumento em 2021. O crescimento alavancado da empresa se explica


através de seu endividamento.
Em relação ao faturamento, a receita de vendas da BRF veio aumentando ao longo do
tempo, porém mais importante do que a receita é o resultado. Em 2018 ela vinha de um prejuízo,
em 2019 teve um pequeno lucro, em 2020 seu lucro melhora, mas em 2021 nem tanto. Isso
mostra que o seu lucro ultimamente tem sido baixo comparado ao volume de atividade da
empresa. Ocorreu uma elevação de custo da produção entre 2020 e 2021, as despesas
operacionais se mantiveram praticamente constantes e as despesas financeiras aumentaram.
Portanto o custo e as despesas financeiras fizeram com que a empresa fechasse com lucro bem
menor em 2021.
Em relação aos indicadores, assim como as demais a empresa vai ter que continuar
gerando resultados para pagar suas dívidas de longo prazo, no curto prazo ela não apresenta
problemas financeiros. O endividamento já foi mencionado anteriormente, em função disso sua
margem líquida (quanto ela ganha em relação a quanto ela fatura) a empresa não apresenta boas
margens ao longo dos anos, em 2020 teve uma leve recuperação, mas em 2021 apresentou
margem muito baixa. Consequentemente isso também compromete a rentabilidade do ativo,
que é o retorno que ela tem obre o investimento feito dentro da empresa. Na rentabilidade do
Patrimônio Líquido, o ganho do acionista ao investir na BRF não foi bom nos últimos anos,
sendo negativo em 2018.
Em 2022 a MARFRIG assumiu o controle da BRF. Como verificado a BRF tem passado
por dificuldades para crescer e manter a rentabilidade. Mesmo com a troca de comando, o
cenário ainda é de incertezas.
As Figuras 31, 32 e 33 apresentam os índices financeiros, o balanço patrimonial e a
demonstração de resultado referente à BRF.
76

Figura 31 - Índices financeiros fundamentalistas – BRF

Fonte: Statusinvest (2022)


77

Figura 32 - Gráfico Balanço Patrimonial– BRF

Fonte: Statusinvest (2022)

Figura 33 - Demonstração de Resultado– BRF

Fonte: Statusinvest (2022)

Em resumo, seguem os resultados comparativos das Cias players do segmento


demonstradas acima, dos últimos períodos divulgados em Demonstrativos financeiros para o
mercado aberto, destacadas nas Tabelas 11 e 12.
78

Tabela 11 - Resultado 2021 – Comparativo players

2021 Acumulado - comparabilidade de Minera


Marfrig JBS BRF
resultados Foods

Resultado financeiro (R$ milhões)

R.O.L. 85.389,00 26.965,30 350.695,50 48.343,00


Margem Bruta 17.200,00 4.645,00 66.185,00 10.179,00
(%) Margem Bruta 20,1 17,2 18,9 21,1
EBITDA 14.544,00 2.413,20 45.662,70 5.559,00
(%) EBITDA 17 8,9 13 11,5
Resultado Líquido 4.342,00 598,9 20.486,30 516

% Resultado Líquido 5,1 2,2 5,8 1,1

Indicadores financeiros (milhões)


CAPEX 396 73 1.623 737
(R$) Fluxo de caixa operacional 1.066 1.050 629 1.428

(R$) Fluxo de caixa livre 1.010 309 3.543 707


(R$) Dívida líquida 17.747 5.374 57.173 15.318

Índice de alavancagem em R$ 1,60x 2,40x 1,76x 2,96x

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Marfrig, Minerva Foods, JBS e BRF (2022)
79

Tabela 12 - Resultado 3º TR.22 – LTM 2021 – Comparativo players

3º TR.22 – LTM 2021 - últimos 12 Minera


Marfrig JBS BRF
meses Foods

LTM Resultado - 12 meses (milhões)


R.O.L. 117.185,00 31.644,60 379.178,30 38.704,00
Margem Bruta 18.672,00 5.804,00 68.111,50 6.229,00

(%) Margem Bruta 15,9 18,3 18 16,1

EBITDA 14.705,00 2.965,50 43.144,20 3.176,00


(%) EBITDA 12,5 9,4 11,4 8,2

Resultado Líquido 5.445,00 831,1 19.581,20 1.068,00

% Resultado Líquido 4,6 2,6 5,2 -2,8

Fonte: Elaborado pelo autor com base em Marfrig, Minerva Foods, JBS e BRF (2022)

4.4 Análise qualitativa sobre a viabilidade de exportação de carne bovina para médias e
pequenas empresas

Tendo em vista as análises das características gerais, da gestão e organização das


empresas e dados financeiros, percebeu-se que as Cias analisadas (Marfrig, Minerva Foods,
JBS e BRF) têm estratégias parecidas nas exportações. Os programas de qualidade adotados
pelas companhias para atender ao mercado externo são bem estruturados, organizados e
monitorados.
O marketing das companhias também é bem consolidado. A estrutura de marketing das
grandes empresas mostra o quanto é fundamental ter um setor competente e alinhado nas suas
estratégias. Uma empresa com um inadequado planejamento, mix de marketing e toda uma
estrutura desenvolvida tende ao insucesso. A marca da empresa é muito importante, ela precisa
ser bem estudada e propagada.
80

As grandes empresas procuram formas de investimento, através de linhas de crédito e


de capital próprio, de modo que não ficam estagnadas mesmo sendo companhias consolidadas
no mercado. A visão é de melhoria contínua com vistas a conquistar mais espaço no mercado.
Em virtude disso as empresas apresentaram bons resultados financeiros no período analisado,
com indicadores sólidos e constantes mesmo a indústria possuindo elevados custos.
Apesar dessas empresas terem uma alta concentração de mercado e uma baixa
concorrência, já demonstrados nas tabelas 5 e 6, elas continuam empenhadas em melhorar seus
resultados e atender ao mercado nacional e internacional da melhor maneira.
Em virtude de todo o conteúdo apresentado foi possível responder as perguntas iniciais
propostas na pesquisa com foco nas pequenas e médias empresas.
Em função da análise comparativa das grandes empresas do setor de frigorífico de carne
bovina, para fins de insights, foi estruturado uma discussão sobre a viabilidade de pequenas e
médias empresas exportarem, envolvendo as estratégias para tal. Nesse contexto, as discussões
comparativas são apresentadas a seguir, em formato de responder os questionamentos
inicialmente propostos.
As diferenças de viabilidade financeira nos mercados externo e interno possuem
semelhanças e diferenças, sendo a viabilidade externa mais complexa. A análise de viabilidade
financeira e econômica deve ser feita antes de qualquer investimento. Na viabilidade no
mercado financeiro interno, as projeções de receitas, custos, investimentos e análise de
indicadores (Return on Investiment – ROI, Return on Equity - ROE, Valor Presente Líquido -
VPL, Taxa Interna de Retorno - TIR e Payback) são o ponto de partida para se fazer um bom
estudo de viabilidade financeira. Assim como análise de mercado, análise de gabinete, pesquisa
de mercado, avaliação do mercado consumidor, verificação dos concorrentes, consideração dos
fornecedores, estudo de projeções do mercado, coleta de dados, análise de índices sociais,
projeção de fluxo de caixa, análise dos indicadores como o break-even, a taxa mínima de
atratividade do negócio, o valor presente líquido, entre outros dados.
Na viabilidade financeira no mercado externo, os custos logísticos, tributários, mix de
produtos e precificações são alguns dos principais fatores a serem avaliados ao fazer negócios
de exportação.
Com acesso mais estável aos mercados externos e maior flexibilidade comercial, muitas
empresas se concentram nas exportações. Em última análise, esse objetivo deve ser planejado
e alcançado com base em pesquisas, estudos, estatísticas e previsões confiáveis. A Análise de
Viabilidade de Exportação contempla essas premissas e é utilizada para analisar toda a cadeia
logística e tarifária para estimar os custos operacionais. Além disso, oportunidades de redução
81

de custos devem ser identificadas. É necessário determinar as características de exportação e o


primeiro aspecto a ser considerado é o produto a ser exportado. O mais importante é verificar
se existem medidas administrativas exigidas pela Receita Federal, MAPA ou outros órgãos de
reconhecimento e se existem restrições ou exigências para entrada no país de destino. Na
exportação direta, o exportador faz o trabalho em seu nome e geralmente é feito por empresas
que querem internacionalizar suas marcas, conferindo às empresas maior autonomia na
estratégia e nas negociações. Exige a construção de expertise não apenas em comércio exterior,
mas também nos idiomas e costumes dos importadores estrangeiros. Nas exportações indiretas,
os mediadores auxiliam em todos os aspectos das negociações, inclusive na superação de
barreiras culturais e linguísticas, otimizam a execução das operações de exportação porque os
corretores profissionais possuem know-how e experiência. A operação é feita com risco
significativamente reduzido. É importante conhecer as estatísticas do mercado, depois de
conhecer as características das exportações, é preciso verificar os principais países que queiram
compram os produtos. Afinal, o sucesso do negócio depende diretamente da demanda do
mercado. Na sequência é preciso saber se o Brasil possui acordo comercial com o país de
interesse em relação ao produto (lista Anexo 1). Se for o caso, esse é um fator que ajuda a
reduzir custos e aumentar a exportação.
Além disso, a companhia precisa ter conhecimento das estatísticas comerciais
relacionadas às exportações de produtos nos últimos anos e conhecer as previsões de exportação
para os próximos anos. Esta pesquisa ajuda a entender o comportamento do mercado e
quantificar as oportunidades de retorno de exportação.
Também é preciso investigar as tendências exibidas pelos mercados internacionais para
auxiliar no controle das exportações. Finalmente, fatores econômicos e políticos podem ter um
impacto significativo nas relações comerciais entre as nações.
Um dos melhores parâmetros que uma empresa pode ter ao exportar é o desempenho de
seus concorrentes. Encontrar concorrentes internos e externos e avaliar os principais aspectos
de suas exportações. Identificação de quais os volumes de exportação e itens relacionados, quais
os preços praticados no mercado internacional, bem como o funcionamento da logística são
cruciais para um benchmarking.
A etapa mais importante da análise de viabilidade de exportação é o aprofundamento de
custos. Deve-se quantificar: custos logísticos, impostos recolhidos e não recolhidos,
desoneração fiscal (para empresas isentas de impostos como IPI, PIS, COFINS, ICMS na
exportação), exportação no Brasil (saída de produtos do Brasil) e importação no país de
desembaraço aduaneiro exigido para ambos. Levando em consideração esses custos, é possível
82

pesquisar e definir preços finais para os produtos de exportação de forma a manter a


competitividade no mercado externo. Com essas informações, fica mais fácil definir com quais
empresas vale a pena negociar com potenciais compradores. Nas negociações formais,
principalmente para a primeira venda, as condições financeiras também variam de acordo com
a forma de pagamento da venda. Finalmente, o risco de falha deve ser minimizado.
Normalmente para o primeiro embarque é interessante pedir o pré-pagamento da venda. No
entanto, mesmo que a empresa estrangeira se oponha a esse método, é possível solicitar uma
carta de crédito internacional emitida por um banco de primeira linha. O recebimento garantido
do pagamento significa uma operação mais segura. A lucratividade das exportações também
depende da determinação do meio de transporte ideal para suas operações logísticas. Esse plano
contempla o transporte nacional e internacional e, se implementado de forma eficaz, pode
garantir o bom funcionamento e o abastecimento adequado dos estoques dos importadores
estrangeiros. Para definir o modal de transporte ideal para a empresa, é importante conhecer os
principais modais de transporte de cargas pesadas (marítimo, aéreo, rodoviário, multimodal –
integração entre os diferentes modais), além da escolha de portos em regiões economicamente
viável para a localização das indústrias frigoríficas. De qualquer forma, considerando os custos
logísticos, a melhor forma de evitar atrasos, imprevistos e gargalos é contar com uma logística
integrada, que garante segurança e otimização em todas as etapas. Desta forma, o atendimento
é realizado porta a porta e o responsável acompanha todas as etapas do transporte desde o ponto
de partida até o destino final.
No caso da matéria-prima (bovinos) e seus custos agregados até a chegada no frigorífico
é o mesmo das empresas de mercado interno e externo, deve ser questionado o que se consegue
agregar na viabilidade financeira da exportação. Para alcançar números e informações
confiáveis é necessário realizar uma boa pesquisa de mercado. Além disso, a pesquisa de
viabilidade está baseada em quatro pilares: projeções de receitas; custos, despesas e
investimentos; dos fluxos de caixa e análise de indicadores. O sentido da mudança de
abastecimento do mercado doméstico para a atender a demanda também internacional é a
importância da exportação para o desenvolvimento e crescimento do negócio. A primeira
vantagem é a chance de penetrar em novos mercados para promover vendas. Esse processo
acontecendo, a mercadoria passa a ter o preço a partir da cotação do mercado e não pelo valor
estipulado na produção. De toda forma, passar pelas etapas é fundamental, como a fase
comercial, aduaneira, embarque etc. A real vantagem de exportar commerdities reside na escala
de comercialização, o volume. Commodities são matérias primas essenciais de produtos de alta
circulação, deste modo o volume necessário é elevado para atender a alta demanda do mercado.
83

O Brasil é um player importante e promissor do mercado internacional, sendo um dos maiores


exportadores de matéria prima, e com os recentes acordos de comércio fechados com o mundo
árabe, a perspectiva é que ocorra um aumento nas exportações. Esse mercado crescente
beneficia a entrada de novos integrantes.
O questionamento a respeito da participação dos pequenos e médios frigoríficos a
respeito de uma possível estruturação visando a participação nas exportações, como fazem os
grandes players deve ser feito. Primeiramente destaca-se o fato de que os pequenos e médios
frigoríficos podem se estruturar neste formato, porém os desafios são muito maiores.
Frigoríficos pequenos são frequentemente acusados de trazer para o mercado varejista produtos
com propriedades inferiores às exigidas pelos consumidores. A indústria frigorífica está no
centro da cadeia da carne bovina, sendo por um lado fornecedora de matéria-prima abastecendo
os abatedouros com animais para transporte, inspeção, abate, resfriamento e processamento, e
por outro fornecedor de produtos. Todos esses vínculos envolvendo os fabricantes costumam
ter problemas de relacionamento comercial devido à falta de laços estreitos que permitam a
essas diversas partes entender melhor seus respectivos entraves e dificuldades, sendo
atualmente difícil garantir um abastecimento estável desses produtos. Os consumidores estão
cada vez mais exigentes na compra de alimentos, e os sistemas de produção e a indústria de
alimentos devem atender a essas demandas. Há uma demanda crescente por carne de melhor
qualidade em determinados nichos de mercado. Pequenos e médios frigoríficos precisam
trabalhar com boas estratégias para fornecer produtos de qualidade aos varejistas, com o
objetivo de cobrir falhas nas operações e se estruturarem para se adequarem ao formato
exportador.
A estruturação da empresa e da unidade de produção visando iniciar as exportações deve
fundamentalmente passar pelo conhecimento e adequação a todos os pré-requisitos do mercado
importador no que se refere ao Siscomex. Definida a questão logística e as regras burocráticas
quanto ao transporte e acompanhamento da lucratividade. O Siscomex é um órgão
administrativo que unifica as atividades de registro, acompanhamento e controle das operações
de comércio exterior, sendo essa uma responsabilidade do exportador. O frigorífico também
necessita estar habilitado por cada país no qual ele tem como objetivo exportar (lista Anexo 1).
Cada país tem seus pré-requisitos impostos aos frigoríficos para que eles consigam realizar a
exportação. Além das questões burocráticas e logísticas, é necessário também entender toda a
questão de custos e previsão de lucros com a exportação de carne.
Deve-se destacar os desafios produtivos, logísticos e comerciais que auxiliem na
viabilização da exportação. Primeiramente, para viabilizar a exportação do negócio a
84

companhia possui muitos desafios. Os principais já foram mencionados anteriormente na


pesquisa. Na arte produtiva pode-se destacar o desafio de produzir com qualidade através de
padrões de mercados específicos. Com controles descritos em pré-requisitos de acordo com o
país destino. Na parte logística, o desafio é identificar as melhores empresas de transporte
marítimo e melhor valor de frete internacional. Procurando profissionais qualificados e
confiáveis, tanto na assessoria da internacionalização quanto na compra de um frete e no
desenvolvimento de um bom comprador. Além de se adequar a todas as normas e padrões dos
países compradores. No Comercial atuando nas opções e oportunidades que a estrutura
Frigorífica está condicionada, com o mix desejado, buscando direcionar em carteiras rentáveis
e na apresentação e fortalecimento das marcas na demanda internacional.
A abertura e escolha de opções em canais de vendas, viabilizando a participação no
mercado de exportações é fundamental para o sucesso da empresa, independentemente do
segmento de mercado que a companhia normalmente atende ou do tipo de público. Não muito
tempo atrás, tudo o que a companhia precisava era de um local físico para exibir seus produtos,
receber os clientes e vender suas soluções. No entanto, esse cenário mudou drasticamente ao
longo dos anos. Os empreendedores contam com diversos canais de vendas que fazem parte de
dois grupos específicos. Canais de venda online (sites, redes sociais, WhatsApp, e-mail e-
commerce) e off-line (lojas, quiosques, entre outros estabelecimentos físicos). Diversificar
canais de comercialização é fundamental para o sucesso dos negócios. No segmento de carne
bovina, há oportunidades para exportação sobre o mix dos cortes e miúdos bovinos, mercado
demonstra uma crescente histórica no volume e preços exportados, sendo que a proteína
brasileira vem conquistando um espaço muito importante na geração de oportunidades neste
negócio.
Em relação aos benefícios e viabilidade na exportação de carne bovina para pequenos e
médios frigoríficos, há uma grande concentração nas exportações de carne bovina em
frigoríficos considerados players de mercado no Brasil, e uma grande previsibilidade no
continuo crescimento de consumo desta proteína em todo mundo, sendo assim, oportunidades
são geradas a todo momento neste mercado, sendo que as estruturas que estiverem melhor
preparadas e com condição de exportação terão grandes diferenciais competitivos no mercado,
com opções de direcionamento do seu produto e conseguindo um melhor planejamento visando
o retorno financeiro mais agregado para o negócio.
Na exportação, considerando os frigoríficos médios e pequenos, os seguintes benefícios
podem ser elencados: potencialização dos volumes atuando com aproveitamento melhor da sua
capacidade produtiva; melhor condição de compra e competitividade entre os concorrentes;
85

Estrutura e linha produção com maiores controles, profissionalização dos seus colaboradores,
performance e evoluindo para um produto com alta capacidade de qualidade; maior mix de
produtos; fortalecimento de opções de carteiras e clientes; maior planejamento de seus
produtos; produção com venda antecipada; divulgação e crescimento da marca; fortalecimento
do caixa financeiro, visto que na exportação há parcelas antecipadas e o pagamento final em
Balance (no embarque do container ao navio); preços de vendas dos produtos altamente
competitivo com o mercado interno; maior opção de vendas com mix entre mercado interno vs.
externo e condição de obter maior rentabilidade ao negócio.
A quantidade de carne bovina produzida e ofertada ao mundo, a qualidade e o preço
competitivo são os principais fatores que alavancaram a comercialização internacional de carne
bovina brasileira.
Uma síntese das oportunidades e dos desafios pode ser consultada abaixo:

Oportunidades:
 Potencialização dos volumes atuando com aproveitamento melhor da sua capacidade
produtiva;
 Melhor condição estratégica para competitividade perante seus concorrentes;
 Estrutura e linha de produção com maiores controles, profissionalização, performance
e evoluindo para um produto com alta qualidade;
 Maior mix de produtos, condição de planejamento e opções de carteiras de Clientes;
 Planejamento de produção melhor posicionada (Venda antecipada);
 Recebimentos financeiros com antecipação parcial (% Contrato / % embarque
container);
 Preços de vendas altamente competitivos, agregação de valor;
 Aproveitamento benefícios fiscais (Lei Kandir).

Desafios:
 Mudança de cultura organizacional – foco em performance e qualidade nos produtos;
 Habilitações (lista brasil – SIF liberados);
 Busca de informações, organização estratégica para adicionar ME;
 Profissionalização do fluxo operacional, adicionando controles exigidos;
 Geração de uma área comercial de exportação/Logística (próprio o terceiro).
86

4.5 Roteiro para análise de viabilidade de exportação para médias e pequenas empresas

Neste tópico, é apresentado, de forma sumarizado um roteiro de aspectos logísticos,


comerciais, fatores de ambiente interno e externo, regulatório, dentre outros, que devem ser
analisados para as empresas de pequeno e médio porte criar o canal de comercialização de carne
bovina.
A Tabela 13 apresenta o roteiro das principais análises de viabilidade para exportação
de médias e pequenas empresas do ramo frigorífico.

Tabela 73 - Roteiro das principais análises de viabilidade para exportação de médias e pequenas empresas
frigoríficas
Sequência Demanda Área Observações
1 Registro no S.I.F. S.I.F. Sistema de Inspeção Federal - MAPA
Cadastro em Controle de MAPA, SIGSIF, D.C.P.O.A, Receita
2
órgãos emissores Qualidade Federal etc.
Padrões de mercado que se queira atingir.
Matéria prima - Controle de
3 Padrão de matéria prima a ser adquirida e
bovinos Qualidade
documentações exigentes.
De acordo com os países de destino.
Controles e Controle de
4 Rastreabilidade, armazenagem, tempo de
normas Qualidade
resfriamento, estocagem etc.
Objetivos de Controle de Lista Brasil de todos os frigoríficos que
5
mercados Qualidade obtém S.I.F. já são habilitados.
Definição do portfólio de produtos que se
6 Mix de produtos Planejamento
deseja exportar.
Análise de custos
7 Planejamento Análise de todos os custos envolvidos
e rendimentos
Prospecção dos mercados importadores.
Mercados Planejamento e
8 Definição da estrutura interna ou externa
importantes Comercial
para cadastro e comercialização.
Levantamento das estruturas e viabilidade
Logística
portuária, Cia Marítima, Containers
9 terrestre e Logística
disponíveis, despachante e levantamento
marítima
dos custos adicionais.
Aspectos Benefícios fiscais na exportação e
10 Fiscal
tributários impactos.
Análise de
Controladoria e Avaliar a margem bruta na
11 viabilidade
Planejamento comparabilidade entre mercados.
financeira
Capacidade para absorver a estrutura da
Estrutura
12 Financeiro demanda de exportação. Estrutura de hedge
financeira
cambial.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
87

5 CONSIDERAÇÕES FINAIS

A inclusão brasileira no comércio internacional da carne bovina ocorre em função de


múltiplos fatores. O grande tamanho do rebanho nacional, a separação do país em redes
pecuárias, o controle da febre aftosa, o empenho da esfera exportadora de agropecuário e o
câmbio adequado, ao lado de empecilhos de sanidade animal encarados por grandes países
produtores e exportadores do mundo, colaboraram para que o país se tornasse, a partir de 2003,
o maior exportador de carne bovina mundial. O Brasil apresenta grandes oportunidades de
desenvolvimento das industrias visando atender esta demanda crescente internacional, trazendo
opções de negócios em um equilíbrio maior entre as grandes, médias e pequenas companhias
no Brasil do segmento.
O presente trabalho teve como objetivo dar visibilidade aos frigoríficos de bovinos de
pequeno e médio porte sobre a viabilidade de exportar seus produtos. Este trabalho é importante
pois há poucas pesquisas e materiais no objetivo proposto deste trabalho, entendendo que há
oportunidades significativas para o desenvolvimento deste mercado, principalmente na abertura
junto a companhias que ainda não exportam.
A análise realizada ao longo deste trabalho mostrou que o forte crescimento das
exportações brasileiras de carne bovina tem contribuído significativamente para a
modernização e competitividade da cadeia produtiva. Porém, paralelamente ao moderno
sistema exportador altamente competitivo, existem outros subsistemas voltados para o mercado
interno que são operados com muito menos eficiência. Além da diversidade, a competitividade
da cadeia produtiva da carne também é prejudicada pela falta ou inadequação de coordenação
e de instituições eficientes para apoiar o comércio entre os atores econômicos. Quanto aos
mercados externos, a existência de políticas protecionistas e as exigências técnicas e sanitárias
de países que formam grandes blocos de mercados consumidores formam os dois principais
entraves ao crescimento das exportações e à conquista de novos mercados. Nesse sentido, o
Brasil, juntamente com outros exportadores, deve pressionar a Organização Mundial do
Comércio (OMC) para mediar as negociações e remover barreiras tarifárias e não tarifárias. A
análise dos frigoríficos pesquisados no trabalho confirmou a vantagem competitiva do setor
exportador de carne bovina. Os maiores grupos exportadores se reorganizaram e se adequaram
aos padrões internacionais de produção e gestão, investiram e modernizaram a inovação de
processos e produtos, contrataram mão de obra profissional, aplicaram estratégias de marketing
adequadas, a logística e o comercial se transformaram. A tendência de concentração da indústria
de empacotamento de carnes é visível nos principais países produtores do mundo. O
88

envolvimento externo ajuda a garantir que apenas as empresas mais eficientes e capazes de se
adaptar às exigências da demanda internacional permaneçam no mercado
Após análise dos resultados conclui-se que o objetivo deste trabalho foi alcançado visto
que respondeu às perguntas propostas, focadas na visibilidade aos frigoríficos de bovinos de
médio e pequeno porte sobre a viabilidade de exportar seus produtos. Embora este estudo tenha
analisado a reestruturação e o desempenho do setor de exportação de carne, é importante
observar que essas análises têm algumas limitações. A maior dúvida diz respeito à amostra da
pesquisa, que estudou quatro grandes frigoríficos exportadores de capital aberto. Estes estão
entre os maiores do país e podem não representar a estratégia e a competitividade de todos os
frigoríficos brasileiros elegíveis para exportação. Em virtude disso algumas questões não
puderam ser aprofundadas.
Em termos de contribuições, o trabalho poderá auxiliar tomadores de decisão no
ambiente de frigoríficos de bovinos de pequeno e médio porte a obter informações importantes
sobre a viabilidade de exportar seus produtos.
As sugestões para trabalhos futuros apontam para a necessidade, conforme verificado,
de aprofundar as principais questões abordadas em linhas gerais neste trabalho. Estudos
voltados para a análise de mecanismos de coordenação e sistemas de preços são absolutamente
relevantes diante dos problemas enfrentados pela cadeia produtiva da carne bovina em relação
a essas questões. Outro tema importante que merece ser tratado à parte com todo o rigor e
atenção são as estratégias de marketing, branding, rotulagem e merchandising utilizadas pela
indústria processadora de carnes para exportação para conquistar novos mercados.
89

REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS

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identidade visual Disponível em: < https://www.abcdacomunicacao.com.br/minerva-foods-
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90

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BRASIL DE FATO. Com JBS na mira, Biden anuncia plano anti-concentração no


mercado de proteína animal. Disponível em:
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CANALRURAL. Os desafios da cadeia da produção de carne no Brasil e no mundo.


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<https://www.embrapa.br/qualidade-da-carne/carne-
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EMBRAPA. Brasil é o quarto maior produtor de grãos e o maior exportador de carne


bovina do mundo, diz estudo. Disponível em :<https://www.embrapa.br/busca-de-noticias/-
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bovina-do-mundo-diz-estudo/> Acesso em: 14 dez. 2022.

EMBRAPA. Trajetória/Desempenho Recente do Agro Nacional. Disponível em :<


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91

FAYH, M. O que faz Minerva Foods (BEEF3) e os Diferenciais da Empresa. Disponível


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FOODCONNECTION. Exportação de carne: como habilitar a sua empresa. Disponível


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GIL, A. C. Métodos e técnicas de pesquisa social. São Paulo: Atlas, 1999.

GOV.BR. Apoio do Governo Federal ajuda empresas brasileiras a exportarem.


Disponível em :< https://www.gov.br/pt-br/noticias/financas-impostos-e-gestao-
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em: 13 dez. 2022.

MERCADO E CONSUMO. Marfrig lança e-commerce voltado para o consumidor final.


Disponível em: <https://mercadoeconsumo.com.br/16/09/2022/ecommerce/marfrig-lanca-e-
commerce-voltado-para-o-consumidor-final/> Acesso em: 20 dez. 2022.

MFRURAL. Tudo que você precisa saber sobre a logística de exportação da carne
bovina. Disponível em :< https://blog.mfrural.com.br/logistica-de-exportacao-da-carne-
bovina/> Acesso em: 13 dez. 2022.

PASTO EXTRAORDINARIO. Carne bovina: mercado interno versus mercado externo.


Disponível em :< https://www.pastoextraordinario.com.br/carne-bovina-mercado-interno-
versus-mercado-externo.html/> Acesso em: 14 dez. 2022.

RADAR AGTECH BRASIL. Mapeamento dos startups do setor agro brasileiro.


Disponível em:<https://www.embrapa.br/busca-de-publicacoes/-/publicacao/1116167/radar-
agtech-brasil-2019-mapeamento-das-startups-do-setor-agro-brasileiro> Acesso em: 11 dez.
2022.

SABADIN, C. O comércio internacional da carne bovina Brasileira e a indústria


frigorífica exportadora. Dissertação (Mestrado em Agronegócios) – Universidade Federal
92

de Mato Grosso do Sul, Universidade de Brasília e Universidade Federal de Goiás. Campo


Grande, 123p. 2006.

VISÃO AGRO. Lista Forbes Agro100 Dez maiores empresas faturam R$ 929,5 bilhões.
Disponível em :<https://visaoagro.com.br/economia/lista-forbes-agro100-dez-maiores-
empresas-faturam-r-9295-bilhoes/ > Acesso em: 15 dez. 2022.
93

ANEXOS

Anexo 1 – Relação de Países por classificação de Lista habilitados para exportação


Classificação
PAISES
LISTA
TURKS E CAICOS Lista BR
AFEGANISTÃO Lista BR
ÁFRICA DO SUL Lista Específica
ALBÂNIA Lista específica (Lista UE)
ANGOLA Lista BR
ANGUILLA Lista BR
ANTIGUA E BARBUDA Lista BR
ANTILHAS HOLANDESAS Lista BR
ARÁBIA SAUDITA Lista Específica
ARGELIA Lista BR
ARGENTINA Lista Específica
Lista Específica
ARMENIA
(União Econômica Euroasiática)
ARUBA Lista BR
AUSTRÁLIA Lista Específica
AZERBAIJÃO Lista BR
BAHAMAS Lista BR
BAHREIN Lista BR
BANGLADESH Lista BR
BARBADOS Lista BR
BELIZE Lista BR
BENIN Lista BR
BERMUDA Lista BR
Lista Específica
BIELORRÚSSIA
(União Econômica Euroasiática)
BOLIVIA Lista BR
BÓSNIA - HEZERGOVINA Lista específica (Lista UE)
BRUNEI Lista BR
CABO VERDE Lista BR
CAMARÕES Lista BR
CANADÁ Lista Específica
CATAR Lista BR
CHILE Lista Específica
CHINA Lista Específica
CONGO Lista BR
CORÉIA DO NORTE Lista BR
COSTA DO MARFIM Lista BR
COSTA RICA Lista BR
CUBA Lista Específica
CURAÇAO Lista BR
DJIBOUTI Lista BR
94

DOMINICA Lista BR
EGITO Lista Específica
EMIRADOS ARABES Lista Brasil / Registro no ESMA
ESTADOS UNIDOS Lista Específica
FILIPINAS Lista Específica
GABÃO Lista BR
GAMBIA Lista BR
GANA Lista BR
GEORGIA Lista BR
GIBRALTAR Lista BR
GRANADA Lista BR
GUAM Lista específica (Lista EUA)
GUÃO/GUAME Lista BR
GUATEMALA Lista BR
GUIANA Lista BR
GUIANA FRANCESA Lista BR
GUINEA Lista BR
GUINEA EQUATORIAL Lista BR
HAITI Lista BR
HONDURAS Lista BR
HONG KONG Lista Específica
IEMEN Lista BR
ILHA DE MAN Lista BR
ILHA DE SÃO MARTINHO Lista BR
ILHA SÃO MARTINHO Lista BR
ILHAS CANÁRIAS Lista específica (Lista UE)
ILHAS CAYMAN Lista BR
ILHAS COMOROS Lista BR
ILHAS DOMINICA Lista BR
ILHAS MALDIVAS Lista BR
ILHAS MALVINAS Lista BR
ILHAS MARIANAS Lista específica (Lista EUA)
ILHAS MARSHALL Lista BR
ILHAS MAURICIUS Lista BR
ILHAS MAYOTTE Lista específica (Lista UE)
ILHAS SALOMÃO Lista BR
ILHAS TURCAS E CAICOS Lista BR
ILHAS VIRGENS Lista específica (Lista EUA)
INDIA Lista BR
INDONÉSIA Lista Específica
IRÃ Lista Específica
IRAQUE Lista Específica
ISLANDIA Lista BR
ISRAEL Lista Específica
JAMAICA Lista BR
JAPÃO Lista Específica
95

JORDANIA Lista BR
Lista Específica
KAZAQUISTÃO
(União Econômica Euroasiática)
KIRIBATI Lista BR
KUWAIT Lista Específica
LAOS Lista BR
LÍBANO Lista Específica
LIBERIA Lista BR
LÍBIA Lista BR
MACAU Lista BR
MACEDÔNIA Lista específica (Lista UE)
MADAGASCAR Lista BR
MALÁSIA Lista Específica
MALI Lista BR
MARROCOS Lista BR
MARTINICA Lista BR
MAURITÂNIA Lista BR
MÉXICO Lista Específica
MIANMAR Lista BR
MICRONESIA Lista BR
MOÇAMBIQUE Lista BR
MOLDAVIA Lista BR
MONACO Lista BR
MONGOLIA Lista BR
MONTENEGRO Lista específica (Lista UE)
MONTSERRAT Lista BR
NAMIBIA Lista BR
NIGÉRIA Lista BR
NIUE Lista BR
NORUEGA Lista específica (Lista UE)
NOVA ZELÂNDIA Lista BR
OMAN Lista BR
PALESTINA
Lista BR
(Território)
PANAMÁ Lista BR
PAPUA NOVA GUINÉ Lista BR
PAQUISTÃO Lista BR
PARAGUAI Lista Específica
PERU Lista Específica
PLANES AND SHIPS PROVISIONS Lista BR
POLINÉSIA FRANCESA Lista BR
PORTO RICO Lista específica (Lista EUA)
QUÊNIA Lista BR
Lista Específica
QUIRGUISTÃO
(União Econômica Euroasiática)
QUIRIBATI Lista BR
REINO UNIDO Lista Específica
96

REPUBLICA CENTRO AFRICANA Lista BR


REPÚBLICA DEMOCRÁTICA DO
Lista BR
CONGO
REUNION Lista BR
RUANDA Lista BR
Lista Específica
RÚSSIA
(União Econômica Euroasiática)
SAMOA Lista específica (Lista EUA)
SANTA LÚCIA Lista BR
SÃO CRISTOVÃO E NEVIS Lista BR
SÃO TOMÉ E PRINCIPE Lista BR
SÃO VICENTE E GRANADINAS Lista BR
SEICHELES Lista BR
SENEGAL Lista BR
SERRA LEOA Lista BR
SÉRVIA Lista específica (Lista UE)
SINGAPURA Lista Específica
SINT MAARTEN Lista BR
SRI LANKA Lista BR
SUÍÇA Lista específica (Lista UE)
SURINAME Lista BR
TAILÂNDIA Lista Específica
TAIWAN Lista BR
TAJIQUISTÃO Lista BR
TANZANIA Lista BR
TOGO Lista BR
TONGA Lista BR
TRINIDAD & TOBAGO Lista BR
TUNISIA Lista BR
TURCOMENISTÃO Lista BR
TURQUIA Lista Específica
TUVALU Lista BR
UCRÂNIA Lista Específica
UGANDA Lista BR
UNIÃO EUROPEIA Lista Específica
URUGUAI Lista Específica
UZBEQUISTÃO Lista BR
VANUATU Lista BR
VENEZUELA Lista Específica
VIETNÃ Lista Específica
ZÂMBIA Lista BR
Fonte: Ministério da Agricultura, Pecuária e Abastecimento (2022)

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