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Fundação Getulio Vargas Escola de Economia de São Paulo
Fundação Getulio Vargas Escola de Economia de São Paulo
SÃO PAULO
2023
TIAGO LUIS ANGELINO
SÃO PAULO
2023
Angelino, Tiago Luis.
Oportunidades de exportação de carne bovina de pequenos e médios frigoríficos
no Brasil / Tiago Luis Angelino. - 2023.
96 fls.
CDU 339.564(81)
Ficha Catalográfica elaborada por: Isabele Oliveira dos Santos Garcia CRB SP-
010191/O
Biblioteca Karl A. Boedecker da Fundação Getulio Vargas - SP
TIAGO LUIS ANGELINO
Banca examinadora:
DEUS, este é o maior pai e amigo que me deu forças em acreditar que poderia alcançar todos
os objetivos profissionais e pessoais, e esta finalização deste Mestrado Profissional é mais uma
etapa concluída com muito esforço e dedicação. A minha esposa Sâmya e as minhas filhas Laís,
Geovana e Eduarda, pois são essas mulheres da minha vida que dedico o nosso sucesso, são
minhas motivadoras que me incentivam diariamente na busca dos nossos objetivos. Obrigado
minha família. Aos meus pais Mario e Maria que me deram a base, a educação e a condição de
buscar um sonho, realizações. A Fundação Getúlio Vargas na composição do programa de Pós-
Graduação e na composição de todos os membros do corpo docente e Administradores do curso.
Ao meu Orientador Thiago Guilherme Péra por todo suporte, enfim, meu MUITO OBRIGADO
a todos que me ajudaram direta e indiretamente.
RESUMO
Brazil is the world leader in beef exports. The productive capacity, the variety of inputs
for animal feed and the pasture area, are relevant differentials in the comparison with
international competitors. With government approval, Brazilian companies have expanded
consistently. Added to this, the last decade has been marked by extensive technological growth
in all production stages, from controlling the animals to the consumer's table. This process
brought great competition to Brazilian products, which quickly entered the menu of demanding
markets. The development of this research aims to deepen the discussion on the visibility of
medium and small beef slaughterhouses on the viability of exporting their products. The
research methodology consisted of a qualitative analysis from the perspective of the market and
the performance of these companies. The main objective of this project is to contribute to the
visibility of small and medium-sized slaughterhouses in enabling and including their latent
export potential in their business model. Therefore, it is recommended that, in the light of the
presented results and the revised bibliography, business practices be implemented in order to
make this new paradigm viable with a view to market expansion.
Keywords: Beef Exports, Brazilian Meat Packing Plants, Competitiveness, Feasibility Analysis.
LISTA DE FIGURAS
1 INTRODUÇÃO ................................................................................................................... 14
1.1 OBJETIVOS ..................................................................................................................... 15
2 REVISÃO DE LITERATURA ........................................................................................... 16
2.1 Uma visão geral do setor carne bovina no Brasil ....................................... 16
2.2 Importância das exportações de carne bovina para o Brasil .................... 21
2.3 Representatividade Brasileira no Comércio Mundial de carne bovina ... 25
2.4 Projeções das importações e exportações de carne bovina ........................ 27
2.5 Principais países exportadores de carne bovina no mundo ....................... 29
2.6 Os principais países consumidores de carne bovina .................................. 31
2.7 O mercado internacional da carne bovina brasileira ................................. 32
2.8 Listagem dos mercados habilitados para exportação de carne bovina .... 34
2.9 Oportunidades em exportação de carne bovina para a pequena indústria
no Brasil................................................................................................................ 35
2.10 Market share de exportação de carne bovina das diferentes estruturas
dos frigoríficos (pequeno, médio e grande) ....................................................... 36
2.11 Limitações para ampliação dos volumes exportados de carne bovina no
Brasil ..................................................................................................................... 42
2.12 Aspectos de comercialização, logística e regulatórios na exportação de
carne bovina ......................................................................................................... 43
2.13 Investimentos necessários nas pequenas indústrias frigoríficas visando a
exportação ............................................................................................................ 46
3 MATERIAL E MÉTODOS ................................................................................................ 46
3.1 Detalhamento da base de dados e características gerais ............................ 46
3.2 Gestão e organização das empresas ............................................................. 46
3.2.1 Dados financeiros ......................................................................................... 47
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO ........................................................................................ 49
4.1 Características gerais das empresas selecionadas ...................................... 49
4.2 Análise da gestão e organização das empresas selecionadas ..................... 50
4.2.1 JBS (JBSS3) ................................................................................................. 50
4.2.2 MARFRIG (MRFG3) ................................................................................... 54
4.2.3 MINERVA (BEEF3) .................................................................................... 56
4.2.4 BRF (BRFS3) ............................................................................................... 60
4.3 Caracterização e análise dos dados financeiros das empresas
selecionadas .......................................................................................................... 65
4.3.1 JBS (JBSS3) .................................................................................................. 65
4.3.2 MARFRIG (MRFG3)........................................... ......................................... 68
4.3.3 MINERVA (BEEF3).....................................................................................71
4.3.4 BRF (BRFS3)................................................................................................74
4.4 Análise qualitativa sobre a viabilidade de exportação de carne bovina
para médias e pequenas empresas ..................................................................... 79
4.5 Roteiro para análise de viabilidade de exportação para médias e
pequenas empresas .............................................................................................. 86
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS .............................................................................................. 87
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS ................................................................................. 89
ANEXOS ................................................................................................................................. 93
Anexo 1 – Relação de Países por classificação de Lista habilitados para
exportação ............................................................................................................. 93
14
1 INTRODUÇÃO
1.1 OBJETIVOS
2 REVISÃO DE LITERATURA
2.1 Uma visão geral do setor carne bovina no Brasil
Ainda de acordo com a Embrapa (2021), o Brasil não conseguiu essa posição por acaso.
O reconhecimento mundial da qualidade da carne brasileira é resultado, entre outras coisas, de
seu investimento em ciência. A Embrapa conta com cerca de 240 cientistas e analistas atuando
em diferentes áreas desenvolvidas por meio de projetos que compõem o portfólio de carnes.
Graças à ciência nacional, os pecuaristas estão usando informações genômicas para moldar seus
rebanhos e pré-definir as características específicas que cada bezerro exibirá, antes mesmo de
nascer, com base nos genes de seus pais. Por meio de várias outras ferramentas de
melhoramento genético, os produtores obtiveram novas linhagens e variedades. Pastagens
associadas a lavouras e árvores podem trazer mais renda para os produtores, melhorar o bem-
estar animal e até mesmo neutralizar as emissões de GEE no processo. As granjas de suínos e
aviários possuem rígidos protocolos sanitários que ajudam a proteger a saúde humana e animal
e colocam a carne brasileira entre as mais seguras do mundo.
Segundo análise econômica realizada pela Embrapa (2021), novos métodos de manejo
e boas práticas de produção trarão mais conforto aos animais e melhorarão a produtividade, os
lucros e a sustentabilidade da produção. Um processo inédito cria alimentos inovadores que se
transformam em produtos nas gôndolas dos supermercados, e a certificação de todas as
produções garante alimentos seguros e saudáveis para os consumidores. Além disso, a Embrapa
contribui para a formulação de políticas públicas neste setor por meio de dados científicos.
Esses são apenas alguns dos avanços obtidos por meio de pesquisas científicas que tornam a
carne produzida no Brasil cada vez melhor, mais competitiva, mais sustentável e mais avançada
tecnologicamente.
A Figura 2 demonstra o crescimento dos três principais tipos de carnes, no período de
2000 a 2021, em milhões de quilogramas de carcaças. As taxas de produção de carne bovina e
de frango crescem de forma similar até 2006, quando a carne de frango passa a se distanciar.
No período estudado, a produção de carne de frango cresce 142,6%; a bovina, 43,0%; e a de
suínos, 115,2%. Quanto à produção mundial de carnes, o Brasil ocupava, em 2020, a terceira
posição, depois da China e dos Estados Unidos, mas, nas exportações, ocupava a segunda
posição, com 7,4% do mercado mundial. No que se refere à carne bovina, foi o segundo maior
produtor, apenas superado pelos Estados Unidos, e o principal exportador. Na produção de
frango, também foi o terceiro maior produtor, sendo Estados Unidos e China os primeiros; no
mercado internacional, o Brasil ocupa a primeira posição com mais de 20% do mercado
(ESTADOS UNIDOS, 2021).
18
Figura 7 - Demanda per capita por carne no mundo entre 1993 e 2020
Dados de 2010 do Agrostat (2012) assinalam que o país era o maior fabricante mundial
de açúcar, café e suco de laranja, e o secundário maior de soja, carne bovina, tabaco e álcool.
Nas exportações, era o fundamental vendedor (exportador) de açúcar, comercializando para 113
mercados e exportando US$ 6,167 bilhões; café, para 134 mercados e com US$ 3,364 bilhões
exportados; suco de laranja, para 82 mercados e com US$ 1,469 bilhão; soja, para 74 mercados
e com US$ 9,308 bilhões; carne bovina, para 144 mercados e com US$ 3,923 bilhões; tabaco,
para 114 mercados e com US$ 1,752 bilhão; álcool, para 40 mercados e com US$ 1,605 bilhão;
e carne de aves, chegando a 145 mercados e tendo exportado US$ 3,203 bilhões. O agronegócio,
em todos os períodos estimados, apresentou superávit crescente. O superávit do agronegócio na
balança comercial incide em US$ 10,8 bilhões em 1989 para US$ 77,5 bilhões em 2011, um
aumento de 617,6%. Esses recursos em moeda internacional foram principais para superar os
estrangulamentos externos, contendo a dívida externa, que atrapalhavam o crescimento do
Produto Interno Bruto e o bem-estar de nossa população. O saldo acumulado da balança
comercial brasileira, do agronegócio brasileiro e dos demais setores de 1989 a 2011, em bilhões
de dólares (valores correntes) foi sempre positivo e crescente no período; já o dos demais
departamentos, depois de um acelerado período positivo (embora muito acanhado) até 1995,
foi continuamente negativo. Daí é possível concluir que o saldo positivo da balança comercial
do país é decorrente inteiramente do agronegócio.
Nas figuras a seguir, demonstra-se as quantificações das exportações brasileiras do
Agronegócio, participações por países destinos, Estados de origem e setores. E por último na
Figura 11, a balança comercial do agronegócio.
23
De acordo com o Embrapa (2021), em 2020, o rebanho brasileiro foi o maior do mundo,
respondendo por 14,3% do rebanho mundial, com 217 milhões e o da Índia com 190 milhões.
O país é o maior produtor mundial de gado, mas somando a produção de aves e suínos coloca
o país como o terceiro maior do mundo no mercado internacional, com 9,2% ou 29 milhões de
toneladas de produção em 2020. Estando atrás da China e dos Estados Unidos.
Porém em contagem de carnes exportadas (bovina, suína e aves), em 2020, o Brasil
passou a ocupar o segundo lugar, com 7,4 milhões de toneladas ou 13,4% do total mundial.
Entre 2000 e 2020, as exportações de carnes brasileiras renderam US$ 265 bilhões. Contudo,
ao se fazer o corte a respeito da carne bovina, o país, em 2020, foi o maior exportador de carnes
do mundo, com 2,2 milhões de toneladas e 14,4% do mercado internacional. Em seguida,
aparecem a Austrália, Estados Unidos e Índia. Em relação ao rebanho bovino separadamente o
estudo ressaltou que o país, em 2020, passou a ser o que tem o maior rebanho do mundo e
também o maior exportador.
De acordo com a ABIEC (2022) nos seis primeiros meses do ano de 2022, os embarques
somaram US$ 6,2 bilhões. As exportações brasileiras de carne bovina registraram crescimento
de 52% em receita no acumulado dos seis primeiros meses de 2022 em comparação com o
mesmo período de 2021. Os dados foram apanhados pela Secretaria de Comércio Exterior
(Secex) e divulgados pela Associação Brasileira das Indústrias Exportadoras de Carnes.
A ABIEC (2022) demonstra, que de janeiro a junho desse ano, o faturamento com as
vendas chegou a US$ 6,2 bilhões, ante US$ 4,08 bilhões no mesmo período do ano anterior.
Em volume, o aumento foi de 21,5%, passando de 874 mil toneladas em 2021 para 1,06 milhão
de toneladas até junho desse ano. No mesmo período, o preço médio da proteína cresceu 25,1%,
passando de US$ 4,6 mil a tonelada para US$ 5,8 mil por tonelada.
A receita alcançada com os embarques no mês de junho foi a mais perfeita da série
histórica, desde 1997, com US$ 1,14 bilhão. Na comparação com junho de 2021, o aumento da
receita foi de 36,8%, se confrontado aos US$ 835 milhões registrados no mesmo mês do ano
passado. Quando se nota o volume, a alta foi de 6,6%, passando de 164 mil toneladas para 175
mil toneladas. Já na comparação com maio de 2022, houve acréscimo de 5,4% na receita, que
foi de US$ 1,08 bilhão no mês anterior.
No primeiro semestre de 2022, o Brasil exportou carne bovina para 132 países, sendo
que os principais compradores foram a China, com US$ 3,6 bilhões, alta de 86% ante US$ 1,96
bilhão registrados no mesmo período de 2021. No mesmo período, o volume cresceu 35,3% e
ficou em 540 mil toneladas ante cerca de 400 mil toneladas.
27
A pecuária terá grandes oportunidades de crescimento nas próximas décadas, mas para
aproveitar esse momento, o setor focará em vários aspectos, como cadeia produtiva de ponta a
ponta, garantia de qualidade e segurança dos produtos finais e questões sociais.
acentuadamente mais altas em 2022 para exportações para os EUA, uma vez que a Quota
Tarifária (TRQ) dos “outros países” seja cumprida.
O segundo nível de países exportadores de carne bovina é um segundo, terceiro e quarto
lugares muito menores atrás do Brasil. Os EUA, Índia e Austrália são todos aproximadamente
do mesmo tamanho como exportadores. Por uma pequena margem, a última previsão do USDA
é que os EUA sejam o segundo maior país exportador de carne bovina pelo segundo ano
consecutivo em 2022, com exportações totais de apenas 58% das exportações do Brasil. As
exportações de carne bovina dos EUA devem cair modestamente em relação aos níveis recordes
de 2021, mas permanecerão em níveis historicamente altos.
A Índia deverá ser o terceiro maior país exportador de carne bovina em 2022, com
exportações aumentando ano após ano a partir dos níveis de 2021. A Índia foi o maior
exportador global de carne bovina de 2014 a 2016, mas desacelerou e caiu para uma baixa
recente em 2020 antes de se recuperar. A produção de carne bovina na Índia inclui carne bovina
e carne de búfalo (carabeef).
A Austrália deverá ser o quarto maior país exportador de carne bovina em 2022. A
produção de carne bovina na Austrália caiu para o nível mais baixo em mais de duas décadas
em 2021, quando a indústria começou a se reconstruir após vários anos de liquidação forçada
pela seca. As exportações de carne bovina devem aumentar 14,2% ano a ano em 2022. A
Austrália respondeu por apenas 12,3% das importações de carne bovina dos EUA em 2021, a
menor já registrada. Isso se compara a uma participação média de quase 29% nos 20 anos
anteriores.
Os quatro principais países exportadores de carne bovina representam cerca de 60% do
total global projetado para 2022 no relatório do USDA. O terceiro nível de países exportadores
de carne bovina começa com cerca de metade do nível da Austrália, e inclui Argentina, UE,
Nova Zelândia, Canadá e Uruguai.
Coletivamente, as exportações desses cinco países devem diminuir 3,4% em 2022, com
apenas a UE apresentando um ligeiro aumento nas exportações. Juntos, os nove principais
países exportadores devem responder por quase 87% das exportações globais de carne bovina
em 2022. Além disso, as exportações de carne bovina do México e do Paraguai estão previstas
em pouco mais da metade do nível da Argentina e representam a participação total dos onze
principais exportadores de carne bovina para 93% do total global em 2022.
31
Também pode ser avaliado o consumo de carne per capita, que afeta principalmente a
capacidade de produção de cada país. É um produto de alto valor no mercado internacional, por
isso tem grande relevância no cenário econômico A relação entre produção e consumo surge
principalmente devido à alta oferta do produto no mercado interno do país produtor.
Finalmente, o consumo per capita pode ser afetado pelos principais cenários econômicos. No
Brasil, por exemplo, a estabilidade econômica alcançada com o Plano Real efetivamente dobrou
o consumo per capita do Brasil. Já que, em 1990 o consumo de carne bovina era de 10 kg por
ano, já em 2019 foi de 30,6 kg.
De acordo com a Embrapa (2022), o Brasil é um dos maiores produtores de carne bovina
do mundo e tem décadas de experiência em tecnologia para melhorar não só a produtividade,
mas também a qualidade dos produtos brasileiros, tornando-os mais competitivos e entrando
em mercados em mais de 150 países.
Em 2015, o país tinha o maior rebanho bovino do mundo (209 milhões), o segundo
maior consumidor mundial de carne bovina (38,6 kg/pessoa/ano) e o segundo maior exportador
(1,9 milhão de toneladas) e mais de 39 milhões foram abatidos. Por volta de 80% da carne
bovina consumida pelos brasileiros é produzida internamente. O parque industrial de
processamento tem capacidade para abater aproximadamente 200.000 bovinos por dia.
33
Há quarenta anos, as pessoas tinham uma imagem muito diferente do mercado brasileiro
de carne bovina. Os rebanhos mal atingiam a metade do tamanho atual (209 milhões), muitos
eram importados para abastecer o mercado interno, graves problemas de saúde prejudicavam
as exportações e pastagens degradadas moldavam a paisagem.
De acordo com Embrapa, a pecuária passou por uma modernização revolucionária,
apoiada pelos avanços tecnológicos nos sistemas de produção e organização da cadeia,
refletindo claramente na qualidade da carne. Os rebanhos mais que dobraram, mas a área de
pastagem mal aumentou ou até diminuiu em algumas áreas. Isso mostra claramente um aumento
na produtividade. Ganho de peso dos animais, diminuição da mortalidade, aumento da taxa de
nascidos vivos e diminuição do tempo de abate também foram observados. A crescente adoção
34
Pelo quarto ano consecutivo, a Forbes Brasil (2021) publicou a lista Forbes Agro100,
que traz as maiores empresas de capital aberto no País. Entre elas, as dez maiores companhias
do agronegócio faturam R$ 929,5 bilhões, deixando os R$ 689,7 bilhões registrados em 2020
para trás.
A lista traz as companhias que são relevantes no mercado interno e também grandes
exportadoras do agronegócio. No ano passado, as exportações do setor somaram um recorde de
US$ 120,59 bilhões (R$ 625,8 bilhões), o que representa um avanço de 19,7% quando
comparado com 2020, de acordo com dados da Secretaria de Comércio e Relações
Internacionais (SCRI) do Ministério da Agricultura.
O PIB do Agronegócio teve um avanço de 8,36% em 2021. Diante do bom desempenho
do PIB agregado, segundo dados da Cepea e da CNA (2021), o setor alcançou participação de
27,4% no PIB brasileiro — a maior desde 2004, quando foi de 27,53%. Os números ainda
mostram que os segmentos primário e de insumos se destacaram, com aumentos de 17,52% e
52,63%.
O PIB também aumentou para os outros dois segmentos, 1,63% para a agroindústria e
2,56% para o agro serviço. Dentre os ramos, enquanto o PIB do agrícola avançou 15,88% de
2020 para 2021, o PIB do pecuário recuou 8,95%.
35
A lista Brasil de países habilitados para exportação de carne bovina pode ser consultado
no Anexo 1 do presente documento.
2.10 Market share de exportação de carne bovina das diferentes estruturas dos frigoríficos
(pequeno, médio e grande)
Frigorífico Jr 423
Frigorífico
421
Pantanal
Supremo 420
Iguatemi Foods 392
LKJ Frigorífico 367
BoiBras 346
Frigorífico
337
Valencio
Frigorífico Silva 327
Fribev 311
Fonte: Abiec (2022)
Comesul 156
Frivasa 155
Frigorífico Verdi 154
Fribaz 153
Frigo Driluz 98
Frigorífico Frigoangus 90
Frigorífico Paraíso 89
Frigorífico Ribeiro 86
Matadouro e
84
Frigorífico Paladar
Buriti 84
Frical Frigorífico
81
Cariacica
Friesp Foods 79
Agropecuária
78
Exclusiva
Fribarreiras 77
Hipercarnes 76
Frigorífico Vale do
73
Paraíso
Barbosa & Cia 73
Ouro do Sul 73
Frigomil 70
Frima Frigorífico
69
Marinho
Cooperaliança 65
Friron 65
Frigorífico 3K 64
Frigorífico do Vale 63
Via Carnes Indústria e
60
Comércio
Frigorífico Luciana 60
Frigorífico União 57
Frigorífico Cristal 55
Frigorífico Boi Bravo 52
BGC Frigoríficos 42
Itajara Comércio de
36
Carnes
Olhos D'Água 34
Dicasa Alimentos 33
Frigus 31
Boibom 23
Terral Frigorífico 17
Frigoli Alimentos 14
40
Frigo 10 13
Já Guafrangos 10
Irmãos do Valle 9
Frigordo 8
New Beef 5
SF Industrial e
3
Comércio de Carnes
Comanche
2
Frigoríficos
Fonte: Abiec (2022)
2.11 Limitações para ampliação dos volumes exportados de carne bovina no Brasil
De acordo com o Canal Rural (2018) para aumentar a produção de carne, é necessário
técnicas como manejo adequado das pastagens (manejo, piquete, adubação), aumento da
43
De acordo com a MF Rural (2021), um planejamento eficiente requer uma logística bem
executada. Da pecuária à mesa dos consumidores de outros países segue um complexo processo
44
logístico. No caminho da fazenda até o matadouro, muito trabalho já foi feito, inclusive
abatendo os animais e preparando a carne para o armazenamento.
Nesse sentido, a logística refere-se ao gerenciamento eficiente da rota dos produtos, a
fim de levá-los do produtor ao consumidor final da melhor maneira possível. A Logística é
responsável por definir o meio de transporte mais adequado para esses produtos, determinando
a forma ideal de armazenamento do ponto de vista de custo-benefício, e acompanhando todo o
percurso para garantir a integridade da carga, de forma a atender as expectativas do consumidor.
Atua em processos como garantia de integridade.
Além disso, para exportar com sucesso, você deve primeiro definir o destino de sua
mercadoria. Isso permite que seja adaptado a diferentes mercados e culturas locais. Exemplo:
Das exportações brasileiras, o maior volume de carne bovina in natura é enviado para a China
e industrializado nos Estados Unidos.
A Figura 17 detalha os mercados de destino da carne brasileira por valor e participação.
Figura 17 - Mercados de destino da carne bovina brasileira, por valor e participação, com volume exportado para
os principais compradores
Divulgado em matéria pela CNA Brasil (2019). Editada em 1996, a Lei Complementar
87/1996 – conhecida por Lei Kandir em razão de seu autor, o então deputado federal e
economista Antônio Kandir – estabeleceu a isenção do pagamento de ICMS sobre exportações
de produtos primários e semielaborados ou serviços. A Lei Kandir permitiu que os produtos
agropecuários brasileiros se inserissem no mercado internacional de maneira competitiva,
chegando a tornar-se um dos setores mais dinâmicos da economia nacional e um dos principais
fornecedores de alimentos para o mundo.
3 MATERIAL E MÉTODOS
O objeto de estudo deste trabalho foi composto por quatro grandes empresas do
agronegócio, de capital aberto que realizam exportações como forma de trazer relações que
podem ser importantes para pequenos e médios frigoríficos. A amostra foi escolhida devido ao
fato das companhias de capital aberto disponibilizarem com mais clareza e transparência seus
dados financeiros. Também foram escolhidas de acordo com o ranking da Forbes 2022 em
ranking de milhões de reais de Receita Líquida.
A primeira fase da pesquisa envolveu o processo de análise exploratória, por intermédio
da revisão da literatura em livros, revistas, artigos e sites especializados sobre o assunto. De
acordo com Gil (1999), a pesquisa exploratória equivale à etapa inicial de uma verificação
científica e colabora para delimitar uma dificuldade passível de estudo, por meio de métodos
sistematizados. A segunda etapa do trabalho abrangeu a pesquisa do tipo descritiva e ponderou
as propriedades do fenômeno e suas relações com as variáveis, por meio da utilização de
técnicas uniformizadas de coleta de dados (GIL, 1999).
A coleta de dados foi realizada a partir de coleta de informações nos próprios portais
das companhias selecionadas, nos principais portais de índices financeiros fundamentalistas e
no site da B3 (Bolsa de Valores). A análise e comparação dos dados serão demonstrados em
figuras, gráficos e tabelas para melhor visualização.
As empresas do agronegócio que compõem a amostra são todas do setor de alimentos e
bebidas, a saber: JBS (JBSS3), MARFRIG (MRFG3), MINERVA (BEEF3) e BRF (BRFS3).
Esta parte do trabalho tem como objetivo identificar as características gerais das
empresas dentro do segmento de exportação de carne bovina. Para isso, foram consideradas
informações como o nome, tamanho, principal executivo, tempo de funcionamento, mercado
atendido e outras atividades desenvolvidas pela companhia.
competitivos, sendo combinado por informações como programas de qualidade adotados pela
companhia para atender ao mercado externo; controle ambiental do processo produtivo;
estratégias de marketing, marcas e rótulos; principais linhas de crédito e mecanismos de
alavancagem e concorrência no setor e concentração de mercado.
A Tabela 9 destaca a relação do market share entre os 10 principais frigoríficos e suas
composições no que se refere ao volume total de carne bovina exportada em 2022.
Tabela 9 - Relação do Market share entre os frigoríficos e o volume total de exportação em 2022
Quantidade Market
Frigoríficos exportada share
(kg) (%)
JBS 1.232.658.807 34,650
Marfrig 669.737.777 18,830
Minerva 467.187.412 13,130
Prima Foods 142.468.712 4,010
Naturafrig 131.482.533 3,700
Não declarado 98.048.535 2,760
Frigol 94.237.186 2,650
Plena 63.406.672 1,780
Barra Mansa 61.157.288 1,720
Cooperfrigu 55.443.242 1,560
Total Geral 3.557.075.901 100,000
Fonte: Balança Comercial e Estatísticas de Comércio Exterior (2022)
Este assunto teve como finalidade localizar e demonstrar em números, o resultado das
companhias estudadas. Como são companhias de capital aberto, é interessante compreender
seus índices financeiros dos últimos anos. Foram consideradas informações como índices
financeiros fundamentalistas, demonstrações de resultados e comparação entre companhias.
É importante para uma microempresa ou empresa de pequeno porte entender como uma
grande empresa funciona. Como suas ações, investimentos e estratégias impactam no seu
desenvolvimento. Lições ensinadas por grandes empresas podem capacitar negócios
emergentes em áreas diversas, principalmente no agronegócio.
A Figura 18 apresenta o fluxograma metodológico para a presente dissertação.
48
FLUXOGRAMA METODOLÓGICO
ESTUDO DA VIABILIDADE E
ANÁLISES
4 RESULTADOS E DISCUSSÃO
4.1 Características gerais das empresas selecionadas
produtiva.), sustentando a confiança dos mais importantes e exigentes clientes do mundo (JBS,
2022).
No que se refere ao controle ambiental do processo produtivo, Um grande desafio hoje
é atender às necessidades alimentares e nutricionais de uma população mundial crescente por
meio de modelos sustentáveis que possibilitem uma vida em equilíbrio com o planeta. Alcançar
isso requer maximizar o uso eficiente dos recursos naturais existentes e integrar a mais recente
tecnologia, inovação e práticas responsáveis em todos os sistemas de produção de alimentos
em todo o mundo. A JBS se comprome em ajudar a sociedade a enfrentar esse desafio,
melhorarando a eficiência das operações, minimizando a pegada ambiental e entregando valor
nutricional a milhões de consumidores todos os dias. As principais vertentes de atuação são:
Monitoramento dos indicadores ambientais por equipe qualificada,treinada e dedicada;
Elaboração de plano anual de investimentos para melhorias ambientais e o engajamento dos
colaboradores e dos fornecedores nos temas correspondentes sensíveis a essa questão;
Engajamento da cadeia de fornecedoresde matéria-prima prioritária em conformidade com as
políticas e critérios socioambientais da companhia. A abordagem de gestão se concentra na
eficiência operacional, inovação e conformidade com as leis e regulamentos ambientais
aplicáveis. Promovendo um modelo de melhoria contínua, reconhecendo que a conservação do
ambiente e dos recursos proporciona valor e segurança às gerações presentes e futuras (JBS,
2022).
A JBS do Brasil possui um plano anual de investimentos em melhoria ambiental com
foco no tratamento de efluentes, gestão de resíduos, emissões atmosféricas e de gases de efeito
estufa (GEE) e gestão do uso da água. O plano se baseia em uma avaliação ambiental
abrangente que realizam para identificar oportunidades de melhorar as métricas ambientais das
instalações de processamento no Brasil. O plano de investimentos é atualizado anualmente e
inclui uma extensa lista de projetos concluídos. A adesão a esses princípios no dia a dia da
empresa é norteada por sua política ambiental. A Política Ambiental apresenta as normas e
melhores práticas aplicáveis e divulga os pontos de monitoramento e controle ambiental para
uniformização e rotina em todas as plantas produtivas (JBS, 2022).
A JBS gerencia os indicadores ambientais e de sustentabilidade das unidades
produtivas, incluindo consumo de água, produção e análise de efluentes, consumo de energia,
produção de vapor, produção de resíduos, transporte, gás de refrigeração, dados de produção e
dados de emissões de gases de efeito estufa. Sobretudo, este sistema é fornecido regularmente
por equipes de unidades individuais. Isso permite monitorar o desempenho das plantas e
correlacioná-las com as metas da empresa para reduzir o consumo e a geração de resíduos
52
Fonte:JBS (2022)
do Sul para combater as mudanças climáticas e a extração ilegal de madeira. A Minerva Foods
é a única empresa do setor de bovinos a integrar a carteira do Índice de Sustentabilidade
Empresarial (ISE) 2021/2022 da B3. Reflete o compromisso com as melhores práticas sociais,
ambientais e de governança, sendo a sustentabilidade uma delas. Um pilar fundamental do
modelo de liderança (MINERVA FOODS, 2022). As Figura 21 destaca os projetos de
sustentabilidade da Minerva Foods.
58
global unificada, garantindo que onde quer que os clientes estejam, a Minerva Foods será uma
marca unificada.
Em relação a linhas de crédito e mecanismos de alavancagem, a Beefpoint (2020)
destaca que a Minerva Foods, pretende captar R$ 600 milhões com a emissão do Certificado de
Contas a Receber (CRA) do Agronegócio. O Valor apurou que serão emitidas duas séries de
títulos com vencimentos em 2025 e 2026. A XP Investimentos e o BTG Pactual estão
coordenando esta edição. Com a série prevista para 5 anos, a empresa vai arrecadar 400 milhões
de reais. As taxas do investidor são IPCA mais 5,75% ao ano. Os títulos com vencimento em
2026 terão remuneração de CDI mais 5,40% ao ano. A Minerva pretende usar seus recursos
para comprar dívidas de empresas estrangeiras no mercado secundário. Esses títulos estão sendo
negociados atualmente abaixo do valor de face, em torno de 98%. Convertidos para reais, a taxa
de juros desses títulos é de aproximadamente 10% ao ano. A opção de emissão do CRA
mostrou-se mais barata do que uma linha de crédito oferecida pelo banco por até um ano em
CDI mais uma taxa de juros de 4% ou 5% ao ano. Antes da crise do coronavírus, as taxas de
juros dessas linhas de curto prazo giravam em torno do CDI mais 2% ao ano. Para evitar o
risco de inflação, o Minerva fará swap de títulos com vencimento em 2025 com bancos,
pagando um valor igual a 150% do CDI (aproximadamente 4,5% ao ano considerando os preços
atuais). Ao final de março/2020, a dívida total do Minerva somava R$ 11,7 bilhões, sendo 72%
em moeda estrangeira. Destes, 18,5% tinham prazos curtos. A dívida líquida era de R$ 5,4
bilhões. O índice de alavancagem (relação dívida líquida sobre EBITDA) é de 2,99x.
A concorrência no setor e concentração de mercado são detalhados por intermédio da
sua estratégia de exportação, a Minerva Foods alcançou uma acentuada presença no mercado
mundial de proteína animal. A participação do mercado externo na receita bruta total da
Minerva Foods passou de 55,1% em 2011, para quase 69% em 2020. Os principais concorrentes
da Minerva Foods são companhias exportadoras de carne bovina como a JBS e a Marfrig, além
de algumas empresas internacionais como a empresa americana Tyson Foods, focada em
proteínas. O mercado de exportação de carne bovina é bastante concentrado, as empresas
classificadas como “Grandes” dominam 85% dos volumes exportados no Brasil. As 3 maiores
empresas de exportação de carne bovina consolidam 65% do volume total em 2022. A JBS
representa 32%; Marfrig com 19% e Minerva com 14%.
60
reposicionar as marcas de consumo da empresa, existe uma ansiedade para novos desafios
quando se trata de marketing de varejo. Há muitas oportunidades nas relações comerciais,
atividades de trade marketing e ativação de marca (BRF, 2022).
Já no que se refere a linhas de crédito, no início de 2020 a BRF informou aos seus
acionistas e ao mercado em geral que a Companhia firmou uma linha de crédito rotativo com o
Banco do Brasil (BBAS3) com limite de até R$ 1,5 bilhão pelo prazo de três meses. A linha de
crédito poderia ser quitada total ou parcialmente a critério da BRF, conforme a necessidade.
Além disso, a Meatpacker financiou um contrato de empréstimo antecipado com o Banco do
Brasil totalizando R$ 1,57 bilhão com vencimento de agosto de 2021 a janeiro de 2022 com
recursos próprios. No mesmo ano, A BRF quitou esse acordo, a empresa informou que liquidou
antecipadamente um empréstimo de R$ 1,5 bilhão que venceria entre agosto de 2021 e janeiro
de 2022.Paralelamente, a companhia contratou, também com o Banco do Brasil, uma linha de
crédito rotativo com limite de R$ 1,5 bilhão e prazo de três anos. Ao realizar tais transações, a
empresa está otimizando sua estrutura de capital e reduzindo seu custo médio de dívida
financeira enquanto continua trabalhando para manter uma posição sustentável de liquidez de
curto prazo.
No que tange a concorrência no setor, A BRF - Brasil Foods é uma das maiores
companhias de alimentos do mundo em valor de mercado, líder na produção global de proteínas,
com participação de 9% da comercialização mundial, e maior exportadora mundial de aves. Em
2010 alcançou a posição de terceira maior exportadora do Brasil e é ainda uma das mais
importantes captadoras e processadoras de leite do país. Com um portfólio formado por mais
de 3 mil produtos, a Companhia opera 60 fábricas instaladas em todas as regiões do Brasil e
três no exterior. Companhia Aberta, em 2010, comemorou 30 anos de listagem de suas ações
na Bolsa de Valores de São Paulo (BM&FBovespa-BRFS3) e também comemorou 10 anos de
listagem na Bolsa de Nova Iorque (NYSE-BRFS). A BRF - Brasil Foods visa oferecer produtos
de qualidade a todos os consumidores nos mercados interno e externo, que inclui produtos in
natura, industrializados e congelados de carnes, além de massas, pizzas congeladas, margarinas
e produtos lácteos. Seus principais concorrentes são JBS, Marfrig, Minerva, Aurora, Danone e
Nestlé.
A Tabela 10 destaca um resumo das análises das empresas selecionadas para a presente
pesquisa.
65
A MARFRIG vem ampliando seu tamanho de forma gradativa ao longo dos últimos
anos, com elevação no imobilizado e também do intangível, muito em virtude de investimentos
dentro da sua atividade. Houve aumento do volume de dinheiro em caixa, capital de giro, contas
a receber e estoques. Em 2021 a empresa dá um salto em seu ativo de forma geral.
No endividamento há utilização de capital de terceiros e de capital próprio, onde a
empresa vinha de um prejuízo acumulado, porém no ano de 2020 esses prejuízos desaparecem
do balanço da empresa. Apesar do aumento nominal da dívida, o peso da mesma fica menor. A
69
maior parte das dívidas se concentram no longo prazo. A companhia buscou financiamentos de
longo e de curto prazo.
Em relação ao resultado, em 2020 a companhia mesmo com a pandemia do coronavírus
teve um aumento considerável na sua receita de vendas. Seu faturamento e lucro vem em uma
boa crescente.
Em relação aos seus índices financeiros, a capacidade de pagamento que a empresa tem
no curto prazo, mostra que se ela tivesse que pagar suas obrigações hoje, ela não teria condição,
ou seja, faltariam recursos para fazer frente a essas dívidas. Porém grande parte das dívidas é
de longo prazo. A cada exercício o endividamento da empresa vem recuando gradativamente.
A empresa gera alta rentabilidade a seus investidores, já que apresenta números interessantes e
consistentes.
As Figuras 25, 26 e 27 apresentam respectivamente os índices financeiros, o balanço
patrimonial e a demonstração de resultados da MARFRIG.
70
A Minerva do seu ativo total, grande parte compreende o imobilizado que são todos os
bens que fazem parte da estrutura de funcionamento da empresa. O seu capital de giro teve
aumento, ou seja, teve aumento dos recursos que a empresa utiliza para movimentar toda a sua
estrutura e gerar recursos. A companhia apresentou aumento no imobilizado, no capital de giro,
estoques, dinheiro em caixa e contas a receber, demonstrando estabilidade em seus ativos. Em
relação ao seu passivo, a empresa em 2020 saiu de um prejuízo que vinha de saldo de prejuízos
acumulados de anos anteriores. A empresa concentra grande parte da sua dívida no longo prazo.
Todo o crescimento retratado no ativo é originado através de endividamento, a empresa
72
buscando endividamento para investir dentro dela, para poder crescer. Portanto seu
endividamento é bastante alto. Seu patrimônio líquido é baixo para a estrutura da empresa,
consequentemente um endividamento muito alto.
Em relação ao faturamento, o mesmo apresenta crescimento. Já os resultados produzidos
pela empresa, há um lucro pequeno produzido em 2019 naturalmente em função dos prejuízos
acumulados. Nos anos seguintes, só o fato de parar de ter prejuízo já é um grande sinal. A partir
de então a empresa passou a ter lucro. A empresa saiu de uma situação muito difícil e teve boa
recuperação, porém falta se recuperar na parte de endividamento.
Em relação aos índices, com o tempo a empresa terá que fazer recursos através dos seus
resultados ou até mesmo não realizando novos investimentos para poder melhorar sua situação
financeira no longo prazo. Já no curto prazo a empresa não vem apresentando problemas já que
pela liquidez corrente seu índice é bom, ela consegue pagar e ainda sobrar dinheiro. O
comportamento da dívida é bem alto, como já citado anteriormente. A rentabilidade do
Patrimônio líquido aparentemente se mostra alta, porém é medida em cima de uma base muito
baixa (prejuízos anteriores, o PL era baixo e endividamento muito alto).
As figuras 28, 29 e 30 apresentam respectivamente os índices financeiros, o balanço
patrimonial e a demonstração de resultados da empresa
73
A BRF naturalmente também por ser uma indústria também tem uma participação
grande no imobilizado (todas as sedes, instalações, máquinas, equipamentos, etc.) toda a sua
estrutura de funcionamento que vai naturalmente absorver um valor significativo do seu ativo.
O ativo da empresa teve um crescimento discreto ao longo dos anos, com aumento do valor em
caixa, contas a receber, estoques e outros créditos. A empresa possui um ótimo capital de giro,
ela vem mantendo um volume alto de dinheiro em caixa ao longo do tempo. Em relação ao
endividamento, assim como as demais empresas mencionadas, a maior parte se encontra no
longo prazo, é comum nesse tipo de atividade. E o endividamento da BRF se manteve constante,
75
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Marfrig, Minerva Foods, JBS e BRF (2022)
79
Fonte: Elaborado pelo autor com base em Marfrig, Minerva Foods, JBS e BRF (2022)
4.4 Análise qualitativa sobre a viabilidade de exportação de carne bovina para médias e
pequenas empresas
Estrutura e linha produção com maiores controles, profissionalização dos seus colaboradores,
performance e evoluindo para um produto com alta capacidade de qualidade; maior mix de
produtos; fortalecimento de opções de carteiras e clientes; maior planejamento de seus
produtos; produção com venda antecipada; divulgação e crescimento da marca; fortalecimento
do caixa financeiro, visto que na exportação há parcelas antecipadas e o pagamento final em
Balance (no embarque do container ao navio); preços de vendas dos produtos altamente
competitivo com o mercado interno; maior opção de vendas com mix entre mercado interno vs.
externo e condição de obter maior rentabilidade ao negócio.
A quantidade de carne bovina produzida e ofertada ao mundo, a qualidade e o preço
competitivo são os principais fatores que alavancaram a comercialização internacional de carne
bovina brasileira.
Uma síntese das oportunidades e dos desafios pode ser consultada abaixo:
Oportunidades:
Potencialização dos volumes atuando com aproveitamento melhor da sua capacidade
produtiva;
Melhor condição estratégica para competitividade perante seus concorrentes;
Estrutura e linha de produção com maiores controles, profissionalização, performance
e evoluindo para um produto com alta qualidade;
Maior mix de produtos, condição de planejamento e opções de carteiras de Clientes;
Planejamento de produção melhor posicionada (Venda antecipada);
Recebimentos financeiros com antecipação parcial (% Contrato / % embarque
container);
Preços de vendas altamente competitivos, agregação de valor;
Aproveitamento benefícios fiscais (Lei Kandir).
Desafios:
Mudança de cultura organizacional – foco em performance e qualidade nos produtos;
Habilitações (lista brasil – SIF liberados);
Busca de informações, organização estratégica para adicionar ME;
Profissionalização do fluxo operacional, adicionando controles exigidos;
Geração de uma área comercial de exportação/Logística (próprio o terceiro).
86
4.5 Roteiro para análise de viabilidade de exportação para médias e pequenas empresas
Tabela 73 - Roteiro das principais análises de viabilidade para exportação de médias e pequenas empresas
frigoríficas
Sequência Demanda Área Observações
1 Registro no S.I.F. S.I.F. Sistema de Inspeção Federal - MAPA
Cadastro em Controle de MAPA, SIGSIF, D.C.P.O.A, Receita
2
órgãos emissores Qualidade Federal etc.
Padrões de mercado que se queira atingir.
Matéria prima - Controle de
3 Padrão de matéria prima a ser adquirida e
bovinos Qualidade
documentações exigentes.
De acordo com os países de destino.
Controles e Controle de
4 Rastreabilidade, armazenagem, tempo de
normas Qualidade
resfriamento, estocagem etc.
Objetivos de Controle de Lista Brasil de todos os frigoríficos que
5
mercados Qualidade obtém S.I.F. já são habilitados.
Definição do portfólio de produtos que se
6 Mix de produtos Planejamento
deseja exportar.
Análise de custos
7 Planejamento Análise de todos os custos envolvidos
e rendimentos
Prospecção dos mercados importadores.
Mercados Planejamento e
8 Definição da estrutura interna ou externa
importantes Comercial
para cadastro e comercialização.
Levantamento das estruturas e viabilidade
Logística
portuária, Cia Marítima, Containers
9 terrestre e Logística
disponíveis, despachante e levantamento
marítima
dos custos adicionais.
Aspectos Benefícios fiscais na exportação e
10 Fiscal
tributários impactos.
Análise de
Controladoria e Avaliar a margem bruta na
11 viabilidade
Planejamento comparabilidade entre mercados.
financeira
Capacidade para absorver a estrutura da
Estrutura
12 Financeiro demanda de exportação. Estrutura de hedge
financeira
cambial.
Fonte: Elaborado pelo autor (2023)
87
5 CONSIDERAÇÕES FINAIS
envolvimento externo ajuda a garantir que apenas as empresas mais eficientes e capazes de se
adaptar às exigências da demanda internacional permaneçam no mercado
Após análise dos resultados conclui-se que o objetivo deste trabalho foi alcançado visto
que respondeu às perguntas propostas, focadas na visibilidade aos frigoríficos de bovinos de
médio e pequeno porte sobre a viabilidade de exportar seus produtos. Embora este estudo tenha
analisado a reestruturação e o desempenho do setor de exportação de carne, é importante
observar que essas análises têm algumas limitações. A maior dúvida diz respeito à amostra da
pesquisa, que estudou quatro grandes frigoríficos exportadores de capital aberto. Estes estão
entre os maiores do país e podem não representar a estratégia e a competitividade de todos os
frigoríficos brasileiros elegíveis para exportação. Em virtude disso algumas questões não
puderam ser aprofundadas.
Em termos de contribuições, o trabalho poderá auxiliar tomadores de decisão no
ambiente de frigoríficos de bovinos de pequeno e médio porte a obter informações importantes
sobre a viabilidade de exportar seus produtos.
As sugestões para trabalhos futuros apontam para a necessidade, conforme verificado,
de aprofundar as principais questões abordadas em linhas gerais neste trabalho. Estudos
voltados para a análise de mecanismos de coordenação e sistemas de preços são absolutamente
relevantes diante dos problemas enfrentados pela cadeia produtiva da carne bovina em relação
a essas questões. Outro tema importante que merece ser tratado à parte com todo o rigor e
atenção são as estratégias de marketing, branding, rotulagem e merchandising utilizadas pela
indústria processadora de carnes para exportação para conquistar novos mercados.
89
REFERÊNCIAS BIBLIOGRÁFICAS
ABERJE. BRF Promove Mudanças Na Área de Marketing e Inovação. Disponível em: <
https://www.aberje.com.br/brf-promove-mudancas-na-area-de-marketing-e-inovacao/ >
Acesso em: 20 dez. 2022.
ABIEC. Receita com as exportações brasileiras de carne bovina cresce 52% no primeiro
semestre. Disponível em:<https://www.abiec.com.br/receita-com-as-exportacoes-brasileiras-
de-carne-bovina-cresce-52-no-primeiro-semestre/> Acesso em: 15 dez. 2022.
BEEFPOINT. Brasil será maior exportador de carne bovina em 2022: USDA. Disponível
em :< https://www.beefpoint.com.br/exportacoes-globais-de-carne-bovina-usda/> Acesso em:
18 dez. 2022.
MFRURAL. Tudo que você precisa saber sobre a logística de exportação da carne
bovina. Disponível em :< https://blog.mfrural.com.br/logistica-de-exportacao-da-carne-
bovina/> Acesso em: 13 dez. 2022.
VISÃO AGRO. Lista Forbes Agro100 Dez maiores empresas faturam R$ 929,5 bilhões.
Disponível em :<https://visaoagro.com.br/economia/lista-forbes-agro100-dez-maiores-
empresas-faturam-r-9295-bilhoes/ > Acesso em: 15 dez. 2022.
93
ANEXOS
DOMINICA Lista BR
EGITO Lista Específica
EMIRADOS ARABES Lista Brasil / Registro no ESMA
ESTADOS UNIDOS Lista Específica
FILIPINAS Lista Específica
GABÃO Lista BR
GAMBIA Lista BR
GANA Lista BR
GEORGIA Lista BR
GIBRALTAR Lista BR
GRANADA Lista BR
GUAM Lista específica (Lista EUA)
GUÃO/GUAME Lista BR
GUATEMALA Lista BR
GUIANA Lista BR
GUIANA FRANCESA Lista BR
GUINEA Lista BR
GUINEA EQUATORIAL Lista BR
HAITI Lista BR
HONDURAS Lista BR
HONG KONG Lista Específica
IEMEN Lista BR
ILHA DE MAN Lista BR
ILHA DE SÃO MARTINHO Lista BR
ILHA SÃO MARTINHO Lista BR
ILHAS CANÁRIAS Lista específica (Lista UE)
ILHAS CAYMAN Lista BR
ILHAS COMOROS Lista BR
ILHAS DOMINICA Lista BR
ILHAS MALDIVAS Lista BR
ILHAS MALVINAS Lista BR
ILHAS MARIANAS Lista específica (Lista EUA)
ILHAS MARSHALL Lista BR
ILHAS MAURICIUS Lista BR
ILHAS MAYOTTE Lista específica (Lista UE)
ILHAS SALOMÃO Lista BR
ILHAS TURCAS E CAICOS Lista BR
ILHAS VIRGENS Lista específica (Lista EUA)
INDIA Lista BR
INDONÉSIA Lista Específica
IRÃ Lista Específica
IRAQUE Lista Específica
ISLANDIA Lista BR
ISRAEL Lista Específica
JAMAICA Lista BR
JAPÃO Lista Específica
95
JORDANIA Lista BR
Lista Específica
KAZAQUISTÃO
(União Econômica Euroasiática)
KIRIBATI Lista BR
KUWAIT Lista Específica
LAOS Lista BR
LÍBANO Lista Específica
LIBERIA Lista BR
LÍBIA Lista BR
MACAU Lista BR
MACEDÔNIA Lista específica (Lista UE)
MADAGASCAR Lista BR
MALÁSIA Lista Específica
MALI Lista BR
MARROCOS Lista BR
MARTINICA Lista BR
MAURITÂNIA Lista BR
MÉXICO Lista Específica
MIANMAR Lista BR
MICRONESIA Lista BR
MOÇAMBIQUE Lista BR
MOLDAVIA Lista BR
MONACO Lista BR
MONGOLIA Lista BR
MONTENEGRO Lista específica (Lista UE)
MONTSERRAT Lista BR
NAMIBIA Lista BR
NIGÉRIA Lista BR
NIUE Lista BR
NORUEGA Lista específica (Lista UE)
NOVA ZELÂNDIA Lista BR
OMAN Lista BR
PALESTINA
Lista BR
(Território)
PANAMÁ Lista BR
PAPUA NOVA GUINÉ Lista BR
PAQUISTÃO Lista BR
PARAGUAI Lista Específica
PERU Lista Específica
PLANES AND SHIPS PROVISIONS Lista BR
POLINÉSIA FRANCESA Lista BR
PORTO RICO Lista específica (Lista EUA)
QUÊNIA Lista BR
Lista Específica
QUIRGUISTÃO
(União Econômica Euroasiática)
QUIRIBATI Lista BR
REINO UNIDO Lista Específica
96