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05 Maggi Andersen - Beth (Rev)
05 Maggi Andersen - Beth (Rev)
Maggi Andersen
Diana
Um
Primavera, Harrow Court, Londres, 1825
— Oh, pare, Beth. Tia Augusta está chegando para uma visita
na próxima semana. É assim que ela espera que uma dama casada
com minha idade se vista. — Um sorriso relutante brincou em seus
lábios. — Andrew também não aprova. Ele já o disse esta manhã.
Beth riu. Ninguém tomaria sua irmã como viúva. Agora, aos
vinte e oito anos, ela mudou pouco desde que se casou com Andrew.
E nenhuma viúva estaria tão feliz. Beth adorava morar com Jenny e
Andrew. Embora a cidade não tivesse as mesmas delícias para ela
como para eles. Mas as longas janelas davam para os bonitos
canteiros floridos da primavera, e o céu acima estava claro, embora
não fosse o azul encontrado no campo. Seria um ótimo e maravilhoso
dia.
Beth riu.
Beth suspirou.
— Ele deve ser desculpado por ser tão jovem, — Jenny disse com
uma careta. Indisciplinado aos três ano de idade era o que ela e
Andrew achavam e que ele não poderia fazer nada errado aos seus
olhos.
— Espero que ele esteja bem. Devemos nos apressar, meu amor.
Ela nunca quis isso. Sua irmã Bella era abençoadamente casada
com um fazendeiro de Yorkshire com sua filha Clara de dois anos de
idade. Beth também preferia o ritmo da vida no campo, cuidando da
estranha variedade de animais feridos que ela resgatava na floresta
em Castlebridge. Mas seria ingrato dela como a irmã mais nova,
recusar a maravilhosa oportunidade que Jenny considerava ser
perfeita. Beth queria se apaixonar e se casar e admitiu que era
improvável que ela encontrasse seu futuro marido enquanto vagava
pela floresta em Castlebridge. Embora não desejasse se casar com um
duque ou talvez até com um fazendeiro, desejava que ele fosse um
homem forte e compassivo, com ombros largos nos quais poderia
apoiar-se às vezes. Alguém com quem ela pudesse rir e compartilhar
seu amor pelos animais.
— Oh, mas devo. Acredito que posso produzir outro, — disse ele.
— Deixe-me pensar. Ah sim, de todas as flores, acho melhor uma
rosa...
O sorriso de resposta dele era tão contagioso que ela não pôde
deixar de ser atraída por ele. Um olhar para sua boca a fez pensar em
como seria beijá-lo. O pensamento a chocou. Certamente ela era
muito séria para sucumbir a tais sentimentos. Então esse era o efeito
que os patifes tinham sobre as mulheres! Andrew estava certo em
avisá-la!
— Sinto muito.
Ela sorriu.
— A Cavalaria da Luz.
— Eu estive sim.
— Você deve ter ido bem jovem. — Ela imaginava que ele seria
vários anos mais novo que Andrew. Não muito acima dos trinta.
Ele riu e seu olhar se fixou na boca dela, fazendo seu pulso
vibrar.
Na breve nota, Andrew não dava instruções. Ele queria que ela
esperasse até que outra palavra fosse enviada? Ela não conseguiria.
Ela se virou para Lorde Ramsey, que permaneceu ao seu lado.
— Eu devo ir até minha irmã. — Ela olhou loucamente, mas não
via sinal da Sra. Grayshott ou de sua filha. Nem a anfitriã estava à
vista.
— Não tenho tempo para procurar nos jardins por elas. — Beth
ficou mais irritada a cada minuto. — Vou ter que deixar um bilhete
para ela.
— Permita-me.
— Eu espero que isso não leve você muito longe do seu caminho?
— Não.
— Claro que não! — A Sra. Grayshott olhou para ele. Ela jogou
o copo vazio no lacaio e se levantou. — A senhorita Harrismith
dificilmente me levou na confiança! — Ela virou-se. — A condessa
Wellington deve ser informada disso.
— Não é bom para os cavalos. Ele vai voltar dentro de uma hora
mais ou menos.
— Vamos entrar?
— Acho que devo ter deixado na mesa do baile. Vi a luz das velas
nas janelas do andar de cima quando descemos da carruagem. — Ele
estendeu a mão para a capa dela. — Permita-me.
— Vamos subir?
Ele saiu e fechou a porta. Beth tirou as luvas. Ela odiava ser
deixada sozinha, apesar dos modos desapegados de Ramsey, que
começavam a preocupá-la. Ela permaneceu de pé. Tinha pouca
inclinação para se sentar. A madeira estava entupida de poeira, a
cadeira surrada. Beth chamou o nome da irmã novamente e depois o
de Andrew. Sua voz ecoou de volta para ela e foi recebida com o
silêncio.
Jenny e Andrew não estavam aqui. Ela não acreditava que eles
estiveram aqui. Ela se virou para sair da sala. Ela deveria encontrar
Ramsey e insistir para que ele a levasse de volta ao baile. Mas quando
ela tentou abrir a porta, descobriu que ele a trancara.
O som a aterrorizou.
— O que você quer? Por que você me trouxe aqui? — Beth se
afastou.
— Em Castlebridge, eu imagino.
— Não é tarde demais para me levar para casa. Não direi nada
sobre isso.
Ele riu.
Ele esperava que ela aceitasse sua palavra? Ele deveria pensar
que ela era louca.
Boa? Ele planejou se forçar a ela. Ela olhou para ele. Não era
por paixão que o levou a isso, ela tinha certeza. Não havia luxúria em
seu olhar. Gelada, ela se afastou dele, seu olhar percorrendo a sala.
Como o salão, as paredes eram cobertas de lambris. Um friso
ornamentado estava no topo de cada painel. Para onde as portas do
outro lado da sala levariam? Elas estavam trancadas? Se ela corresse
para elas, ele certamente a seguraria, e ela não queria as mãos suas
nela.
— Pelo menos me diga o porquê, — disse ela, com a garganta
áspera e seca.
— Cuidado com o que você diz. Minha mente é tão boa quanto
o som de um sino e sou bastante lúcido. Eu planejei isso
perfeitamente.
— Você escreveu a nota. Por quê? — Ela ficou olhando para ele.
— Por que você me trouxe aqui?
— Não tenho nada contra você, Elizabeth. Você é apenas um
meio para um fim. Nós temos o resto da noite. Podemos gastá-lo
prazerosamente. Afinal, sua reputação sofreu danos, se fizermos a
ação ou não. Você também pode aproveitar nosso tempo juntos.
Ele olhou para ela, seu olhar se endurecendo. Até onde ela
poderia ir antes que ele revidasse? Ele a machucaria?
— Você não parece ter considerado como o duque vai lidar com
isso, — disse ela quando ele destrancou a porta. — Andrew tem
alguns amigos perigosos. — Ela pensou no marquês de Strathairn,
que havia ajudado Andrew uma vez antes. Mas ele não estava aqui
para ajudá-la. Ela deve encontrar uma maneira de ser mais esperta
que esse homem.
— De que maneira?
Então Beth não estava ansiosa para ficar sozinha com esse
homem. Ou ela já deveria ter começado a se arrepender de sua
decisão?
— Não deu seu nome, mas quando o olhei, — ele fez uma careta
— apertou os punhos.
— E a carruagem?
— Era preta, sem brasão no painel da porta. Achei estranho que
nenhum cavalariço ou lacaio estivesse com eles. Apenas o cocheiro.
Surpreendentemente, o cocheiro também era sombrio.
Ele assentiu.
— Sim, mas não depois que ele passou por mim com a bonita
debutante, Srta. Harrismith, — disse Lawson.
Herbert riu.
Frederick assentiu.
— Sabe o endereço?
Depois que Marcus pegou seu chapéu e casaco com o lacaio, ele
correu para sua casa a um mero quarteirão de distância. Subiu as
escadas correndo para o quarto e chamou seu valete. Com a ajuda de
Burn, vinte minutos depois, vestido com suas roupas de montaria,
ele carregou um lampião para as baias nos estábulos atrás de sua
casa. Tudo estava na escuridão, os cavalos arrastando-se em suas
baias, o doce cheiro de feno fresco, o óleo de sela e cavalos
cumprimentando-o. Ele desligou o lampião e removeu Zeus de sua
barraca.
Silêncio.
A garota que parecia não ter mais do que quinze anos, e fez uma
reverência ridícula.
— Oh, senhorita, por favor, não conte ao mestre. Ele ficará com
muita raiva. Eu não deveria me mostrar a você.
Lilly assentiu.
— Ele vai saber que foi eu quem deixo você ir, senhorita. Vou
perder meu emprego aqui, se ele não me matar primeiro.
— Você os viu?
— A Baronesa Ramsey.
— Você não tem escolha, não é? E não vejo que isso importe,
pois você não vai me vencer.
— Você não pode ter certeza disso. — Beth colocou as duas mãos
no peito dele e empurrou. Talvez o empurrão dela o tenha
surpreendido, pois ele a deixou ir. Ela se afastou esfregando um
ponto dolorido no ombro para se livrar do toque dele. — Eu posso
ganhar. Então você deve manter sua promessa.
Lilly esteve aqui. Quando ela trouxe a comida? Uma vela curta
aquecia a sopa em uma panela; o resto da refeição estava fria: um
prato de frango assado, uma tigela de salada, queijo Stilton e pão de
centeio.
Beth sentou-se. Ela estava com fome, mas seu estômago revirou
ao pensar em comer qualquer comida dele.
— Coma!
Por que ele se importava se ela comia ou não? Beth pegou o pão.
Apenas Lilly.
Onde estava a serva? Ela viria para limpar a mesa? Beth olhou
rapidamente ao redor da sala novamente, procurando um contorno
fraco na parede que pudesse dar lugar a uma porta escondida, mas
sombras profundas tornavam isso impossível. Apenas um único
candelabro enfeitava a mesa.
Ele riu.
Ela não teria que suportá-lo ele por muito tempo, ela disse a si
mesma desesperadamente. Ele disse que a deixaria ir de manhã. Mas
ele iria? Ou ele a mataria?
Beth assentiu.
— Joguei isso com meu irmão, mas foi anos atrás. Espero ainda
me lembrar de como fazê-lo. — O que ela não contou a Ramsey foi
que Colin, antes de partir para a Marinha, passou muitas noites
depois do jantar ensinando-a a contar as cartas. Beth podia
memorizar as cartas que haviam sido distribuídas e descobrir quais
ainda estavam no baralho. Ela rezou para que seus nervos não lhe
tirassem essa capacidade. Aquelas noites foram repletas de riso
quando seus irmãos e irmãs se amontoaram, mas agora ela estava
completamente sozinha, e nunca tinha sido tão importante.
Uma vez que ela colocou as treze cartas sobre a mesa em duas
fileiras, todas de espadas, as cartas foram então tratadas a partir do
monte restante.
Com muito poucas cartas para colocar seu plano em ação, Beth
começou a perder.
— Isso não fazia parte do nosso acordo. — Ele ficou de pé, seus
olhos vagando sobre ela. — Venha para o quarto. Você concordou em
passar algum tempo comigo, e você perdeu o jogo.
Com dois passos, ele estava sobre ela, a mão dura no braço dela,
os dedos apertando-o.
— Fantasmas?
Ele fez uma careta para ela, mas ela viu medo em seus olhos.
Outro estrondo soou abaixo. Ramsey correu para a porta enquanto
procurava no bolso a chave. Retirando-a, ele girou na fechadura e
abriu a porta. Na pressa, ele esqueceria de trancá-la?
Beth se virou.
— Está barrada.
— Casar comigo?
— Estava apenas presa. Acho que tem alguma coisa aqui dentro,
mas não consigo ver — disse Lilly. — Espere. Eu tenho uma isca e
vela no bolso do avental.
Ele deixou Zeus em uma das baias e depois foi para a varanda
da frente, onde a luz do lampião emitia um brilho fraco.
Ramsey gemeu.
Ele estremeceu.
— Você a matou?
— Ela desapareceu anos atrás. Minha tia disse que ela deixou o
campo. Ela provavelmente a matou. Elas não se davam bem.
— Eu uso-o.
— Dentro.
Ramsey resmungou.
— De quem é isso?
— Ela não teria muita opção. Ela seria minha baronesa. Ela teria
se acostumado a isso.
— Mas pelo amor de Deus, por quê? — Ele não podia acreditar
que Ramsey fosse capaz de algo tão altruísta quanto o amor puro.
— Não vejo por que seja da sua conta. Por que diabos você está
aqui?
— Ele te machucou?
Graças a Deus!
Ela assentiu.
— Ramsey disse que a mulher morta era tia dele, você sabe se
isso é verdade, Lilly?
— As chaves.
— É apenas um arranhão.
Ela não conseguia desviar o olhar dele. Uma barba escura cobria
sua mandíbula, o que o fazia parecer um ladrão de estrada em vez de
um cavalheiro. Seus dedos coçavam para acariciá-lo. Seria grosseiro
ou sedoso? Um homem honrado. Assim que chegaram, ele havia
contratado um médico para tratar da ferida de Ramsey. Ela algum
dia encontraria outro igual a ele? Ela duvidava disso. Ela realmente
suspeitara que ele era um libertino? Foi apenas a noite passada? O
que teria acontecido com ela e Lilly se ele não tivesse chegado? Ela
não pensaria nisso.
Beth suspirou. Ela temia estar apaixonada por ele. Sua posição
no Ministério das Relações Exteriores significava que sua vida
envolveria negócios do governo, viagens a climas estrangeiros e
intermináveis partidas e saraus. Não era isso que ela queria, desejava
uma vida menor. Uma onde ela poderia continuar a cuidar de
criaturas feridas. Até agora, eles sempre foram animais da floresta,
mas Londres a havia chocado. Havia tantos cães e gatos abandonados
nas ruas. Ela desejou poder resgatá-los também. Um dia, talvez ela
pudesse fazer mais.
Marcus assentiu.
Ela fez uma careta. Era bom sonhar com ele? O mundo dele não
era dela; ela falharia se tentasse entrar, e sua infelicidade o deixaria
infeliz.
Uma vez vestida, ela foi procurar Lilly na ala no andar de cima,
onde ficavam os aposentos das servas. Depois de uma breve pesquisa,
encontrou Lilly no pequeno quarto do sótão que lhe foi atribuído.
— Acho que não. Eu não sou a lady desta casa. — Ela sorriu. —
E por favor me chame de Beth. Espero que você seja feliz aqui.
Jenny suspirou.
— Eu só quero deixar esse negócio assustador para trás.
Deveríamos subir e nos trocar para jantar antes do Sr. Nyeland
chegar.
— Eu deveria saber.
— Oh, estou tão feliz que ele tenha resgatado aquele pobre
animal, — disse Beth.
Andrew assentiu.
— Como se você fizesse uma parceria com ele, era assim que
vocês dois se olhavam. E então, quando saímos da sala, fiquei
bastante chocada quando ele beijou sua mão e disse que esperava vê-
la na festa da Sra. Johnston.
— Não, claro que não. Dói-me pensar em qual poderia ter sido o
resultado.
Ela disse a Lilly que ficaria sem ela hoje à noite. Jenny seguiu
Beth até o quarto onde, antes, ela estivera sentada na poltrona
estofada de chita.
Jenny assentiu.
— E ele deve fazer meu coração bater forte quando entra na sala.
— Não.
— Eu devo.
— Eu te desejo sorte.
Castlebridge, Oxfordshire
— Posso ajudá-la?
Ele riu.
— Não posso conceber uma vida sem você, Beth. Você se sente
como eu?
— Eu te amo Marcus.
Ela estava nos braços dele, a boca dele na dela com uma onda
crescente de calor. Marcus inalou bruscamente. Quando seus beijos
suaves se aprofundaram, ela se agarrou a ele, apertada contra seu
peito, seu coração batendo em sintonia com o dela. Os dedos dela
entrelaçaram nos cabelos sedosos da nuca dele para segurá-lo perto
enquanto sua respiração a abandonava e seus joelhos enfraqueciam.
A boca dele separou seus lábios, evocando sensações que ela não se
considerava capaz de sentir. Ela queria ficar em seus braços para
sempre. Mas ele murmurou:
Jenny riu.
Fim
i Reticulo – bolsa em forma de saco que se usa no pulso.
ii Contradança em passo de polca ou valsa em que a dança é interrompida por breves
manifestações
iii Uma chaise, às vezes chamada de chay ou shay, é uma carruagem leve de duas ou quatro
rodas para viagem ou de lazer para uma ou duas pessoas com capuz dobrável ou parte
superior de couro.
iv Roundheads de Cromwell - eram a oposição parlamentar ao governo de Carlos I na