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Marcelo Bernardo – prof de Português do EVP

ENTENDENDO TODO MAL PELO BEM... (19/08/2012) – Morfologia – palavra MAL

O aluno EuVouPassar concurseiro, esperto, safo e dedicado (não se envaideça, por


favor!) sabe que morfologia é a parte da gramática que se detém a  investigar  a
estrutura  e a classificação das palavras.
                Comprometido com o entendimento dos fenômenos da língua e, assim,
conseguir a aprovação nos concursos públicos, nosso aluno já percebeu, há bastante
tempo, que diversos vocábulos não têm uma classificação imutável. O enquadramento
em uma ou outra classe gramatical não depende apenas de aspectos formais
(morfológicos), mas também das relações que são desenvolvidas entre as palavras
nas frases nas quais elas aparecem.
A citada condição "camaleônica" (vixe! ...rs) de várias palavras ocorre dentro
de um conjunto de relações que são chamadas morfossintáticas (relação entre forma e
função exercida na frase). E essas acabam - diversas vezes - resultando em um
nuançamento (Guimarães Rosa que se cuide! rs) de sentido das palavras.
Um dos vocábulos que apresentam, com singular regularidade, variação
morfológica sintática e semântica é o "MAL". O monossílabo em questão pode ser um
advérbio, uma conjunção subordinativa temporal, um substantivo e um elemento de
composição.
A) Mal como advérbio: o eterno antagonista do bem
                É uma sugestão comum nas aulas de gramática quando o objetivo é saber
se o correto é empregar maL ou maU.  Para esclarecer quaisquer dúvidas quanto a
isso, o professor diz: observe se é possível trocar a palavra por "bem". Se for, o
correto é empregar mal com "L".
                Recorrendo a um pouco mais de rigor gramatical, é possível dizer
que mal será advérbio (sinônimo de "erradamente") quando modificar um verbo ou um
adjetivo.
Ex.: Você agiu mal ofendendo aquele rapaz.
        A Seleção Brasileira Feminina de Vôlei jogou mal contra a Coreia.
                 Fica evidente que o lexema (ki xíki!) negritado modifica o verbo jogar,
indicando uma circunstância de modo; é, pois, um advérbio modal.
B) Mal como elemento de composição: um formador de compostos que ajuda a
tachar os afetados por ele
O vocábulo mal pode funcionar como um produtivo elemento de composição
em compostos que indicam caracterização negativa (tachar, apelidar, cognominar).
Ex.: mal-encarado, malsucedido, mal-humorado, mal-educado, malfeitor, malfeito,
etc.
C) Um conectivo para os hiperativos: mal como conjunção subordinativa
temporal
EX.1: Mal acabaram as explicações do professor de Português, começou a fazer os
exercícios.
EX.2: Mal chegou à casa dos pais, iniciou o conserto do velho móvel da sala.
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 Ou seja, nesses casos, passa-se imediatamente de uma atividade à outra. Por
isso, quando for conjunção subordinativa temporal, "mal" será equivalente às locuções
conjuntivas "logo que", "logo quando" e "assim que".

D) Mal como substantivo: polissêmico, morfologicamente variável e eticamente


uma má ideia
                Como substantivo, o vocábulo "mal" é semanticamente polissêmico (=
possui múltiplos sentidos) e variável em número.
Ex.: O mal intriga filósofos, religiosos, artistas e o ser humano em geral. (Ou seja, a
ideia do mal)
Ex.: Um mal inexplicável o colocou na cama por vários dias. (Doença, enfermidade)
Ex.: Entre os maiores males do Brasil, destacam-se a corrupção e, mais ainda, a
impunidade dos corruptos. (problema comportamental, ético e legal)
* OUTRAS ACEPÇÕES:
Tal atitude será um mal necessário. (castigo, punição)
Ele foi acometido de um grande mal. (desgraça, infortúnio)
O câncer é um mal que precisa ser monitorado. (doença, moléstia)
Não gosto de incomodar ninguém, mas penso que agora isso será um mal
necessário.     (inconveniência, problema)
Neste artigo, para variar um pouco, falamos sobre o mal, ou melhor, sobre as
diversas formas do mal. Gramaticais, é claro! No entanto, o objetivo foi o bem de sua
aprendizagem, caro concurseiro. Que na vida o Bem, Supremo, vença sempre!
É isso aí, pessoal!

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