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NOVO ACORD

ngua an6n O 200,3 by José Carlos


Libânco
João lerrcira de Oliveira
Mirza Scabra 'Toschi

Dircitos de publicaçäo
CORTEZ EDITORA
Rua Monte
Alegre, 1074 Perdizes
JoSE CARLOS LIBANEO
05014-001So
Tel.: (11) 3864-0111 Fax:Paulo -SP JOÃO FERREIRA DE OLIVEIRA
-

(11) 3864-4290
cortez@cortezeditora.com.br MIRZA SEABRa TosCHI
www.cortezeditora.com.br
Direção
José Xavier Corte
Editor
Amir Piedade

Preparação
Alexandre Soares Santana
Revisão
Auricelia Lima Souza
Educação escolar:
Gabriel Maretti
Paulo Oliveira
Edição de Arte
politicas, estrutura
Mauricio Rindeika Seolin

Dados Internacionais de Catalogação na


(Câmara Brasileira do Livro, SP. Brasil)
Publicação (CIP) e organização
Libaneo, José Carlos
Educação escolar: politicas, estrutura e organização / José Carlos
Libaneo, João Ferreira de Oliveira, Mirza Seabra Toschi - 10. ed.
rev. e ampl. São Paulo: Cortez, 2012. (Coleção docência em
formação: saberes pedagógicos/ coordenação Selnma Garrido
10 ediçãorevista e ampliada
Pimenta) 6 reimpressão
Bibliografia.
ISBN 978-85-249-1860-5
1. Educação - Brasil 2. Educaçãoe Estado Brasil 3. Escolas-

Administração e OrganizaçãoBrasil 4. Escolas públicas Brasil -

5. Professores Formação Profissional L Oliveira, João Ferreira


de. I1. Toschi, Mirza Seabra. I . Pimenta, Selma Garrido.
IV. Titulo. V. Série.

12-00672 CDD-371.00981

Indices para catálogo sistemáticO


1. Brasil: Educação escolar 371.0981 cORTEZ
2. Educação escolar: Brasil 371.00981 TEDITÖRA
Impresso no Brasil agosto de 2014
Capítulo

Elementos para
uma análise
crítico-compreensiva
das políticas
educacionais:
aspectos sociopolíticos
e históricos
Elementos para uma análise
crítico-compreensiva
das politicas educacionais:
aspectos sociopolíticos
e históricos

As reformas educacionais levadas efeito em diversos


a

paises da Europa e da América nas décadas de 1980 e


1990 apresentam pontos em comum, tais como a gesto da
educação, ofinanciamento, o curriculo, a avaliago e a
formação e profissionalizagão dos professores.
Análises mais pontuais mostram características peculiares
que, historicamente, marcaram as políticas da educaão
básica e da educação superior no Brasil,
tais como a questão da centralização e da descentralização,
as relações entre o püblico e o privado, entre a quantidade e
a qualidade. No contexto atual, isso pode ser observado nos

inúmeros deslocamentos de prioridades, resultantes de nova


forma de pensar a sociedade, o Estado e a gesto da
eduagão (Gracindo, 1997).

As consequências da inversão de prioridades estariam,


por exemplo, no abandono da exigência de democratiza
ao do acesso de todos à escola básica e da permanëncia
nela em nome da qualidade do ensino, a qual, aterida
POr critérios quantitativos, leva à diminuição dos índi
ces de evasão e repetência sem, no entanto, conseguir
147
ELEMENT0s PARA UMA ANÁLISE
LANOS E DIRETRIZES
EDUCACIONAIS,
AS
REFORMAS
DE
ENSINO E OS PLANOs
CRÍTICO-COMPREENSIVA DAS
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
PoLÍTICAS
PARTE-As

2
da estrutura e da
assegurar
a todas as crianças
e jovens ume
uma aprendiza-
.
h i s t ó r i a

do sistema de ensino no Brasil


A organizaç
duradoura.
escolar sólida
e
gem
respeito
Outra consequência
diz
descentralizar as
ao
descompromis.
ações educativae A
história
da estrutura e da
organização do ensino
so do
Estado ao
comunidade, desobrigando-se de m
para flete as condições socioeconômicas do país,
a atuação da noBrrevela, sobretudo, o
panorama político de deter
especialmente as sociais, e
políticas públicas,
minados períodos históric
repas
mas

outras instancias administra.


sando encargos para ivas partir da
da década de 1980, por exemplo, o pano-
«
A
institucionais, porém sem poder decisório. xemplos brasileiro indicava uma
socioeconômico

tendên-
rama
disso são as ações pelo assumidas voluntariado em.
em ques cia
ronservadora para a minimização do Estado,
toes de responsabilidade do Estado. A ênfase sohee.as s e u papel de provedor dos serviços
que se
afastava de
qualidade do ensino revela, contraditoria. educação. Na década de 1990,
saúde e
questões da públicos,
como
instalou-se e, no primeiro decênio do
mente, certo desprezo pelas questóes políticas e sociais sse
modelo

que condicionam
o sucesso do aluno e a
obtenção da século XXI,
ainda não foi superado. Paradoxalmente,
cidadania, bem como responsabiliza o professor pelo alterações da organização do trabalho,
resultantes.
tes,
as

tecnológicos, solicitam
parte, dos avanços
fracasso escolar.(Além disso, nas políticas educacionais em grande
trabalhador mais qualificado para as
dos anos 1990, a argumentação de que a esfera privada é da escola um
no processo de produção e de serviços.
detentora de maior eficiência enfraqueceu os serviçcos novas funções

desenfreada de serviços Ausentando-se o Estado de suas responsabilidades


públicos e levou à privatização como e onde formar, então, o
com educação pública,
educacionais, principalmente na educação superior.
trabalhador? As constantes críticas ao desempenho do
Essas são algumas das características das reformas
poder público remetem ao setor privado, apontado
educacionais nos anos 90 do século XX. Uma análi- como o mais competente para essa tareta. Apresenta-
se histórica das políticas educacionais possibilitará -Se uma questão crucial para o entendimento do papel
identificar esses elementos de análise nos diferentes
social da escola: é sua função formar especificamente
momentos da história da educação brasileira. Como do
para o trabalho ou ela constitui espaço de formação
procuraremos demonstrar neste capítulo, a história
cidadão partícipe da vida social?
da estrutura e da organização do sistema de ensino O teórico Hayek (1990), considerado o pai do neol-
no Brasil pode ser feita com base em pares concel-
Deralismo, contrapõe-se à ingerência estatal na educaçao.
tuais, díades, que expressam as tensões econômicas, a educagao
d reterencia, porém, são os países em que sao
politicas, sociais e educacionais de cada período: DASica já foi universalizada e as condições sociais
do
consolidaçao
centralização/descentralização; qualidade/quantida" S Tavoráveis, em razão de anterior
de; público/privado. Estado de bem-estar social. Mas como pensar
a atuaçao
149
148
DEENSINOE
OS PLANOS E DIDR
ETRIZES FLEMENTos PARA UMA ANALISE CKITICO-COMPREENSiVA DAS POUTICAS EDuCACIONAISs
REFORMAS
PARTE-AS POLITICAS EDUCACiONAIS, AS
2

econômico do desenvolvimento sociale brinci.


do Estado no Brasil, país considerado
periférico.. com .amento
e o
Usaremos neste estudo
resc.
sociais, perversa concentracä promorver bem-estar das pessoas" (Netz, 1996,
o

palmeio de média de escolarid


Banco
a sigBa de grandes desigualdades
Mundial, ou seja, BM.
de renda, baixo índice de escolaridade, escola básica A dos trabalhadores no
Banco 41-2).
Vale lembrar que
aproximadame 4 anos,
7,5 anos contra
rasil é de
Mundial, ou Bird, é
não universalizada? Certamente, para paises com estas
diferente de BID, sigla ll
receita deveria ser Chile, 8,7 anos na Argentina Franca. e anos na
condições socioeconômicas,
o a outra an
de outro organismo,
dos empresários brasileiros em
Há a preocupaçao
Banco Interamericano
Organismos financiadores dos paises terceiro-mun-
de Desenvolvimento.
nao so para "promover o bem-estar
distas, como o Banco Internacional de Reconstrução e ampliar essa média,
como diz O documento do BM, mas tam
Desenvolvimento, também chamado Banco Mundial das pessoas",
ao mercado uma mão de obra mais
(BM), sugerem a garantia de educação básica mantida bém para oferecer
qualificada. Um fabricante de armas gaúcho declarou
pelo Estado, isto é, gratuita, o que não significa, toda esto cada vez mais sofistica-
ministrada em escolas públicas. Os que "os processos de produço
via, que ela seja deixar equipamentos de 500 mil, 1
neoliberais criticam o fato de a escola pública manter dos. (...) Não podemos
milhão de dolares, nas mos de operários sem qualificação"
o monopólio do ensino gratuito. Sugerem que o Esta-
(Netz, 1996, p. 44).
do dê aos pais vales-escolas ou cheques com o valor
Como se pode observar, não é possível discutir edu-
necessário para manter o estudo dos filhos, cabendo ao
fazer referência a questões econô-
mercado de escolas públicas e particulares disputar cação e ensino sem
década de
micas, políticas e sociais. Daí a escolha da
esses subsídios. Assim, as escolas públicas não
recebe do
1930, começo do processo de industrialização país,
riam recursos do Estado, mas manter-se-iam com o
para iniciarmos o estudo sobre o processo de organiza-
recebimento desses valores em condições iguais às das
ção do ensino no Brasil.
particulares, alterando-se, assim, o conceito de insti-
tuição "pública". Trata-se da implementação da poli-
políticos, econômicos e sociais
Os acontecimentos
da década de 1930 imprimiram novo perfil à socieda-
tica de livre escalha, uma das propostas mais caras a0
em
brasileira. A quebra da Bolsa de Nova York,
ideário neoliberal. e em
Os defensores de 1929, mergulhou o Brasil na crise do café, mas
posições neoconservadoras alegam o desenvolvi-
que países mais pobres, como o Brasil, devem dar prr Ontrapartida encaminhou o país para
adoção do modelo
eco-
mazia à
educação básica (leia-se ensino fundamentals
nentoindustrial, por meio da
alterando
Omico de substituição das importações,
Oque significa menor aporte de recursos para a
educa SSim o comando da nacão, que passou da elite agrara
ao infantil e para o ensino médioe superior. Tambem, aos novos industriais.
no caso do ensino
superior, o Estado financiaria 0 alun industrialização
que não pudesse De pelamotivada
pagar seus estudos, e este devolveri 50 a 1937, a
os valores do emergente e pelo fortalecimento do Estado-nação,
empréstimo depois de formado0. ações
foram efetuadas
O estudo
Primary Education, de 1996, patrocitn o
pelo BM, diz que
educaçãoganhou portância e em

150 educação escolar básica "éo pilar u


a
governam C l t a i s com a perspectiva de
organizar, 151
ns PARA UMA ANÁLISE
EDUCACIONAIS, AS
REFORMAS DE ENSINO
E OS PLANOS E DIRETRIZEC
CRITICO-COMPREENSIVA DAS POLíTICAS EDUCACIONAIS
PARTE-As POLÍTICAS
2
Em 1930 foi
criado o Ministério da
plano nacional,
a educação
escolar. A intensificacãn
do Saúde iblica (Mesp). A
Educação e
forma elaborada por Fran- 1920- Oposo di
alterou as aspirações sociais
wda
industrial em
capitalismo ictro da Educação, atingiu a estru-m
uma vez que nele eram exipid. cisco Camp
relação à educação, levando o stado nacional a
D
luvr doru
s

condições mínimas para


concorrer no mercado, dife.
rura
do ensino, exercer ao dn nil da.
oligarquica rural, na qual mais objetiva sobre a educação mediante o ofere-
rentemente da estrutura a aão
mento de uma estrutura mais orgânica aos ensinos
necessidade de instrução não
erapela poD.
sentida nem
comercal e superior.
constituídos (Romanelli, 1987) secundário,
lação nem pelos poderes Estado
1937 a 1945 vigorou o Novo, período da
histórico que abrange De o30-14
.

A complexidade do período ditadura de Getúlio Vargas, em que a estão do poder artaupo) do due
década de 1930 até o momento atual e sua
desde a
Aliás, o poder é categoria essencial
se tornou central.
da educação escolar no país
evolução
processo de centralização ou descen- oUno,LJJumbnlo
na
repercussão o
utilização para compreender
para apropriada compreensão,
a
requerem,
além das econômicas e políticas tralização na problemática da organização do ensino. O
de outras categorias chileno Juan Casassus, ao escrever sobre o processo de koura umlakr i
Vamos, pois, a de agora, analisar a história da
partir
descentralização em Jlgra
países da América Latina(incluindo alr
estruturae da organização da educação brasileira com
histori- o Brasil), observa que a base de todos os enfoques da 1934 rchineoo Ju
base pares conceituais que acompanharam
em
descentralização ou da centralização se encontra na Jeluiai, da runap,
do ensino no Bra-
camente o debate da democratização
alternando-se questão do poder na sociedade. Diz ele: "A centraliza- do ramlo da ponwg
sil, permeando os diferentes períodos e

histórico. ao on descentralizao tratam da forma pela qual se encon-


0u.
Jdicaco rrrp (
em importância, de acordo com o m o m e n t o
coesão social u a l a puiia jae
a rganizada a sociedade, como se assegura a
wnua, sruooua
ecomo se dá ofluxo de poder na sociedade civil, na socieaade opaluita
2. Centralização/descentralização L4Y e Estado, explorando aspectos como os partidos
no

na organização da educação
brasileira PoLiCOS e a administração" (1995, p. 38). Por
tratar-se municrpalac d
e um processo de distribuição, redistribuição
ou reor- umau duicAc
qual uns dimi- pla dumetac mtuna
A Revolução de 1930 representou a consolidaçao Cnto do poder na sociedade, no
daol
mdushuod

reflete wndune i o
do capitalismo industrial no Brasil e foi determinante
nuem o
poder em benefício de outros,a questão utnra d
e uxjandundo way
para o consequente aparecimento de novas exigëncias otipo de diálogo social que prevalece e o tipo
de nego-
e a coe-
rdnelado padas ul
educacionais. Nos dez primeiros anos que se seguira Ciação que sefaz para assegurar a estabilidade

0 SQci conflituoso ol)-1946 uriolgan


As antigas escolas houve um desenvolvimento do ensino jamais regist -

daí sua relação Com o processo


e l6 s t a d w d v w l r i g a n d o a

pi
de dndUne

primárias correspondem
aos quatro anos iniciais
do no país. Em vinte anos, o número de escolas pii democratização da educaçãona
Os
acional.

identificados
a
unyanelu
o

daondanao
do ensino fundamental, márias dobrou e o de secundárias quase quadruplicou.
anos 1930 a 1945 no Brasil são umino
pmti.

edu- e m o
e as secundárias
As escolas técnicas 1945, Como um da organização da
5A
(primeiro ciclo) aos de 1933 a
multiplicaram-se perío centralizador kcundar, ouo-a
anos finais do mesm0
nível de ensino. passaram de 133 para 1.368, e o número de mat Caão. Com a Reforma Francisco Campos,
iniciada em

plano
hor
m el
dnemo
Pumaruo,
agitfla houtu

las, de 15 mil para 65 mil (Aranha, 1989). 1931, o Estado rganizou educação a
escolar no

152 EnAC
PLANOS E
AS REFORMAS DE ENSINO E OS
DIDET.

As POLÍTICAS EDUCACIONAIS,
rRiZES
FLEMENTos PARA UMA ANALISE
nacional, especialmente noS niveis secundári
CRITICO-COMPREENSIVA DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS
e
modalidade do ensino comercial uni- ribuiria para a democracia e para
versitárioe na
nercial, deixan. al. moderna e
a

plenamente desenvolvida. Assim.


sociedade indus-
doem segundo plano o ensino primárioe forma. trial,

professores. Esta atitude, à primeira vista voltada para a


a
formação dos 1unicipalização do ensino
primário constituiria
uma
a

descentralização- como definia a Constituição de 100


forma política, e nao mera reforma
administrativa ou
891, dagógica. Enquanto os
liberais, grupo em
que
instituir a União como responsável pela educa se
ao
superior e secundária e repaSsar aos estados a
cação
responsah
incluíam escolanovistas, desejavam mudanças
os
quali-
rativas e quantitativas na rede publica de ensino, católi-
lidade da educação elementar e profissional, na reali. integralistas desaprovavam alterações qualitativas
cos e

dade revelava o desapreço pela educação elementar


modernizantes e democráticas. Essa situação conferia um
Nesse período, educadores católicos e liberais pas caráter contraditório à educação escolar. Tinha início,
saram a envolver-se na elaboração da proposta educa então, um sistema que embora sofresse presso social
-

cional da primeira fase do governo Vargas, sob a por um ensino democrático numérica e qualitati-
mais

alegação de que o governo não possuía uma proposta vamente falando estava sob o controle das elites
-

no
educacional. Tão logo, porém, Francisco Campos poder, as quais buscavam deter a pressão popular e man-
tomou posse no recém-criado Ministério da Educação ter a educação escolar formato elitista e conser
em seu

e Saúde Pública, impôs a todo o país as diretrizes tra- vador. O resultado foi um sistema de ensino que se
çadas pelo Mesp. expandia, mas controlado pelas elites, com o Estado
Já na Constituição Federal de 1934, em meio a di agindo mais pelas pressões do momento e de maneira
Escolanovismo refere-se
ao movimento de putas ideológicas entre católicos e liberais, foi incluí- improvisada do que buscando delinear uma política
mudanças na educação
da boa parte da proposta educacional destes inscrita no nacional de educação, em que o objetivo fosse tornar uni
tradicional que enfatizava
o uso de métodos ativos vErsal e gratuita a escola elementar (Romanelli, I1987).
de ensino-aprendizagem,
Manifesto dos Pioneiros da Educagão Nova (1932) por
escola Os católicos conservadores opunham-se à política
"deu importancia uma
pública única, laica, obrigatória e gratuita de
substancial à liberdade da
criança e ao interesse do
tortalecendo a
mobilização e
iniciativas da socied
as
laicização da escola pública, conseguindo acrescen-
educando, adotou
métodos de trabalho em
de civil em torno da questão da educação.
Com tar à Constituição Federal de 1934 o ensino religioso.
Por
grupo e incentivou a Constituição de 1937, que consolidou a ditadura de força dessa mesma Constituição, o Estado passou
a fiscalizar e regulamentar as instituições de ensin
prática de trabalhos Getúlio Vargas, o debate sobre
manuais nas escolas; pedagogia e po público e particular.
além disso, valorizou os educacional passou a ser restrito à sociedade Ca
estudos de psicologia pol as leis 1942 e 1946 -
a
em clara
demonstraço de que do poder
esta orgânicas editadas entre
experimental e. a questão o nome do
finalmente. procurou va mesmo ão ou nada Reforma Capanema, que recebeu
colocar
presente no processo de centraliza ctao ministro da Educacão - reafirmaram a centrall
a
criança (e nao
mais o professor) no descentralização.
O do da década de 1930, com o Estado desobrigaua
centro do processo
cducacional" (Ghiraldelli
escolanovista Anísio Teixeira foi ardorosO fensor
mesmo
-se de ao
Jr.. 1990, p. 25). dadescentralização por meio do n u n i c i -

manter e expandir o ensino público,


mecanismo ae
po, porém, que reformas de ensino

palização. A seu ver, a


1 o n a l

tava as 155
154 descentralização eau
REFORMAS DE
ENslNOt OS PLANOS E DIRET.
EDUCACIONAIS,
AS ELEMENTOsPARA UMA ANALISE
PARTE-As POLÍTICAS
2 CRITICO-COMPREENSIVA DAS POLÍTICAS
EDUCACIONAIS
industrial, comercial e secundário e criava, eem 1942,0 Casassus 1995), o
Senac nforme processo de descen-
OSenai e o

Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial (Se C C


1niversalização da cobertu-
foram criados como um
coincidiu com a
SIStema paralelo ao

A lei orgânica do ensino primário e as do


enai). ral é, iniciou-se
oficial a fim de preparar do ensino0 escolar,
isto
quando se passou da
a mão de obra que as
normal e agrícola toram promulgadas em 1946, as itativa para a busca da
quantit
cmpresas requeriam à

criação do Serviço Nacional de


eocupação
qualidade na
época. O sistema

educacional não possuía


como a

Comercial (Senac). A partir de então, as


Aprendizagem educação. Paradoxalmente,
a
descentralização adveio
esquivou de sua responsabilidade
a infraestrutura
os esquerdas e g
ando
u a n
o Estado se .

necessária ao ensino

profissional em larga
partidos progressistas retomaram o debate pedapóo: com o ensino,.fato que, gundo esse autor, foi perceptí-
escala e a classe média co a fim de democratizar e melhorar o ensino, vel na América Latina a partir do fim dos anos 1970.
velna.
sar
não tinha interesse
nessa modalidade de
da centralização federal do sistema educacional não sá Há ainda, na atualidad um discurso corrente nos
ensino, a qual, por essa na administração, mas também no aspecto meios oficiais de que a questao quantitativa está resol-
razão, foi otbjeto da
pedaggi.
co, ao fixar currículos, programas e vida, escondendo o fato de que os dados estatísticos são
atuação das industrias e. metodologias de
depois, dos setores ensino (Jardim, 1988). frequentemente maquiados, as salas de aula estão
comerciais.

O debate realizado durante a votação da superloradasea qualidade das aprendizagens deixaa


primeira Lei
de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), exi- desejar. Em contrapartida, a centralização mantém-se
ducerirolu aro e..
gência da Constituição Federal de 1946, envolveu a no que o autor chama de alma do processo educativo
o ou,oco sociedade civil, e a lei resultante, n* 4.024, de 20 de quer dizer, a centralização, especialmente a dos cur-
dezembro de 1961, instituiu a descentralização, rículos, tem lógica diferente da administrativa. Com
-LDB|19 opadolu ro
determinar que cada estado aquela se pretende garantir a integridade social alme-
riro do yumersn e
organizasse seu sistema de
ruip, apa di
Porém, omomentodemocráticoque o país vivia
ensino. jada, o que facilitará a mobilidade dos indivíduos, tanto
iDu du oo
Uro não combinava com o centralismo das ditaduras e durou no território nacional como na escala social.
m do
sumAaLa pouco. Em 1964, o golpe dos militares provocou nova* No fim da década de 1970 e início da de 1980,
alina eia dn.
or mente fortalecimento do Executivo e a centralizaçao
o
esgotava-se a ditadura militar e iniciava-se um pro-
das decisões no âmbito das Cesso de retomada da
du °opou políticas educacionais. democracia e reconquista dos
n* 5.692, de 11 de Embora a Lei
agosto de 1971 spaços políticos que a sociedade civil brasileira havia
urwora da. qualdaa,19/1), prescrevesse a transferência gradativa erdido. A
reorganização e o fortalecimento da socie
0rid uuton s o r9 ensino de 1" grau (ensino fundamental) para os dade
civil, aliados à proposta dos partidos politicos
sner edrugolr u JAnunicipios, a concentração dos recursos no âmbito
dw ord, mintu oo 'y oederal assim POBressistas de pedagogias e políticas educacionais
como as medidas administrativas cent vez mais
sistematizadas e claras, fizeram com que
-

oodonkmdu.p l1zadoras tornaram


estados e municípios
extreman
o
Estado asileiro reconhecesse a falência da política
d o eviau doi aoite
dependentes das decisões da União. A fragilidade do ei
rau qoudod Legislativo, nesse período, impedia educacional, especialmente a profissionalizante,
como

ticipação da
mais ainda a par
P videncia a promulgação da Lei n* 7.044/1982, que
rB Ju sociedade, uma vez
poder Ci acabou com aprofissionalização compulsória em nivel
o e muk d960
t ada 'mais proximo
próximo da sociedade
sociedade civil,
civil.
que esse
de 2
a

dn PMD5, Spao) of rrsulon


grau (ensino médio). 157
PARA
ENSINOE OS PLANOS E DIRETRIZEG ELEMENTOs UMA ANÁLISE
2 PARTE-AS POLÍTICAS EDUCACIONAIS, AS REFORMAS DE CRITICO-COMPREENSIVA DAS
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
O debate acerca da qualidade, no Brasil, inicios democråticas, para serem
mudang
mudanças

etetivas, devem
após a ampliação da cobertura do atendimento escola federale estadual para o
dos níveis

realizadas pelos municipal.


rrer

As principais alteraçoes
Reconhece-se que, durante
periodo militar, particu.
o
novos admi-
larmente com o prolongamento da duração da esen radores oposicionistas tiveram como meta des- a

laridade obrigatória, se estendeu o


atendimento ao centralização
da administração, com formas de
gestão
ensino de 1" grau (ensino fundamental), embora muito da escola, com
participaço de
da qualidade do ensino ministrado tenha sido perdido.
democrática professores, fudoreu d or
funcionários, alunos e seus pais e também com eleicão
Segundo Cunha (1995), a contenção do setor edu- direta de diretores. Outro ponto foi a suspensão de taxas
ional público constituiu condição de sucesso do
scolares, a criação de escola: de tempo integral, a orga-
setor privado. Apesar disso, foi possível criação de
a
nização sindical dos professores.
uma rede de escolas públicas que atendia, com quali A retomada da discussão sobre a
municipalização
dade variável, parte da sociedade, o que levou as famí
doensino com o apoio dos privatistas, aliada àà busca
lias de classe média a optar pela escola particular,
da escola privada por pais (em boa parte, para evitar
mesmo com sacrifícios
financeiros, como forma de escolas
garantir educação de melhor qualidade aos filhos.
as greves nas
públicas), reforçou a tese da pri-
vatização do ensino e diminuiuo suporte popular à
O descontentamento com a
deterioração da gestão escola pública.
das redes públicas, o rebaixamento salarial dos profes-
A modernização educativa
sores, a
elevação das despesas escolares pela ampliação
e a qualidade do ensino,
da escolaridade sem dos recursos, os inúme-
aumento
nos anos 1990, assumiram conotação distinta ao se

ros casos de desvio de recursos, além de abrirem por- Vincularem à proposta neoconservadora que inclui a
tas à iniciativa privada, levaram a sociedade civil a qualidade da formação do trabalhador como exigência
dO
propor soluções que se tornaram ações políticas con
mercado competitivo em época de globalização
cretas por ocasião das eleições de 1982. Foi nesse con- conomica. (O novo discurso da modernização e da

texto que intelectuais de esquerda passaram a ocupa ualidade, de certa forma, impõe limites ao discurso
cargos na administração pública, em vários estados universalização, da ampliação quantitativa do ensi-
brasileiros, virtude da vitória do Partido do no,
em
Movi traz ao da eficiência, excluindo
debate o tema
mento Democrático Brasileiro (PMDB), o principal Osineficientes, e adota o critério da competência.
partido de oposição militares. Embora a transiga
aos A política educacional adotada com a eleição de
democrática tenha tido início nos
municípios e ernando enrique Cardoso para a Presidência da
1977, neles não se observaram as mudanças ocorri
estados. Esse fato leva Cunha a
a s ocorridas

República, concebida de acordo aproposta do


nos

cedência política da
afirmar que a Pe neoliberalismo,
ras 4ssumiui dimensões tanto
centralizado-

democratização da educaça Seas como «

escentralizadoras. A descentralização,
nesse
localiza nos níveis mais
elevados do Estado. n
158 Assim, apareceu como resultado de maior
participação
159
ELEMENTOS PARA UMA ANALISE

EDUCACIONAIS, AS REFORMAS
DE ENSINO E OS
PLANOS E DIRETDI
RIZES CRITICO-COMPREENSIVA DAS POLÍTICAS
PARTE-As POLÍTICAS
EDUCACIONAIS
2

uma vez que as açoes realizadas


ebido preciosa colaboração de professo-
da sociedade,
poderi

foram fruto de consultas aoS diversos setores ciais,


res, especialis
alistas e pesquisadores da área.
de ensino entralismo apresentou-se mais nitidamente
pesquisadores, professores supe-
na
tais como

sindicatos,
ns Darâmetros curriculares nacionais (PCN).
rior e da educação básica, associacões e
formação

tenham contado com


outros, mas surgiram das propostas preparadas para a quais,
embora

dos momentos de
a
participaço da
em um
campanha eleitoral. sociedade civil sua
discussão,
de governo (1995), assumiu-se oecaram
ignorar a universidade e as pesquisas sobre
por
No primeiro ano culo e não contemplaram, desde o início de sua ela-
ensino fundamental como prioridade e foram defini u r r í c u l

boração, o debate com a sociedade educacional. A ampla


currículo nacional
daldos pontos para as açoes:
cinco
mudamtol distribuídos mais cedo. utilização da
mídia no processo de:adoção dos PCN trou-
Omua olu 1990 livros didáticos melhores e
da
de kits eletrônicos para as escolas, avaliação xeaprovação para o 8OVerno, apesar manutenção de
aporte mais centralizadora, especialmente na alna
financeiros enviados diretamente às uma política
recursos
externa, do proceso eaducativo.
instituiçöes escolares. Em 1996, considerado o Ano da
Paiva (1986) observa que a questão centralizaçãol
incluiu a instauração da TV Esco-
Educação, a política descentralização deve ser remetida à história da pró-
de Ciencias, formação
la, cursos para os professores social brasileira e às tendências econô-
m a s ocots
os trabalhadores, reformas profissiona-
no ensino pria formação
para histórico.
m 196.
contribuir mico-sociais presentes em cada período
lizante e a convocação da sociedade para
única orienta- Assim, descentralização e democratização da educação
comaeducação no país. Dessas ações,
a
escolar no Brasil não podem ser discutidas indepen-
da para a descentralização foi a destinação dos
recursos

é concebido exercí-
financeiros diretamente para as escolas ressaltando- -
dentemente do modo pelo qual o

-se que, no primeiro ano, a merenda escolar foi garanti- cio do poder político no país.
da com eles e, em seguida, os reparos nas instalações fis! Uma das formas de descentralização política é a
atribuir aos munic
do niCipal1zação, que consiste em
cas instituições, com recursos do Fundo Nacional
das
ele-
do plos a responsabilidade de oferecimento da educação
Desenvolvimento da Educação (FNDE), advindos rol

salário-educação. As demais ações caracterizaram-se por nentar.Conforme já mencionado, a municipal1zagao o


certo tipo de centralismo entendido até como antide Proposta por Anísio Teixeira, na década de 1930, para
anos de
mocrático, uma vez que não ocorreram discussoes co
on
estabelecimento do ensino rimário de quatro

a sociedade - como as relativas à avaliação da educaçao duraç


nao como reforma administrativa,
mas com o
adter de isso significaria
básica e da superior, à instauração da TV Escola e a reforma política, uma vez que

reconhecer dos municípios


e discutir a
Rits eletrônicos nas escolas- e se procurou estabelee maioridade
do
mecanismos de controle do trabalho do profess
A
ecessidade de democratizagao e de
descentralização

política de escolha e de distribuicão do livro didático exercício do poder político no país. 161

160
DE ENSINO E OS PLANOS E

PARTE-As PoLíTICAS
EDUCACIONAIS, AS REFORMAS
2 CEMENIos PARA UMA ANALISE
CRITICO-COMPREENSIVA DAS POLÍTICAS
5.692/1971, editada durante EDUCACIONAIs
A Lei n te a ditadura
tarefa da o.
3.0 debate qualidade/quantidade
militar, repassou
arbitrariamente a
3
do
do na educação brasileira
ensino de 1° grau (ensino fundamental) aos
govern
municipais, sem oferecer ao menos as condições finance
financei-
ras e técnicas para tal e em uma situação constitucic o debate qualidadequantidade na
educação brasi-
amecou muito cedo. Ainda no século XIX, na
que nem sequer reconhecia a existëncia administrari
ra
ransição do Império para a Kepública, apareceram dois
dos municípios. Somente com a Constituição Federal
ral movimentos sociais os quais Nagle (1974) denominou
de 1988.o municípiose legitimou como instância ad. Entusiasmo pela Educagão e Otimismo Pedagógico. O movi-
ministrativa e a responsabilidade do ensino fundamen.
mento Entusiasmo pela Educação revelava preocupação
tal lhe foi repassada prioritariamente.
de caráter quantitativo, ao propor a expansão da rede
A Constituição ou uma lei, porém, não conseguem
escolar e a altabetização da população que vivia um id11taLe
sozinhas e rapidamente descentralizar o ensinoe for-
processo de urbanização decorrente do crescimento
talecer o município. Essa é tarefa
de longo política econômico. A adoção do trabalho assalariado, aliada a
prazo, associada às formas de fazer política no país e às Outras questões de modernização do país, fez com que a
questões de concepção do poder. Descentralização faz escolarização aparecesse como tator promotor da ascen-
-se com espírito de colaboração, e a tradiço política são social. Já o Otimismo Pedagógico caracterizou-se
brasileira é de competição, de medição de forças. As
Lançado em agosto de pelaênfase aspectos qualitativos da educação nacio-
nos dcda

categorias centralização/descentralização estão vincu-


1999 pela Rede Globo, o
Projeto Amigos da Escola
nal, pregando melhoria das condições didáticas e peda-
a

ladas à questão do exercício do poder político, mesmo 8ógicas das escolas. Este movimento surgiu nos anos
foi desenvolvido em
parceria com o programa porque, desde o final do século XX, a descentralizaçio 1920 e alcançou o apogeu nos anos 30 do século XX.
governamental vem atrelada aos interesses neoliberais de diminuir Entre 1930 e 1937, o debate político incorporava
Comunidade Solidiria c
destinava-se a incentivar gastos sociais do Estado. Isso ficou evidente após a pro diferentes projetos educacionais. Os liberais, que pre-
a participaão da
mulgação da Lei n 9.394/1996 Lei e conizavam desenvolvimento urbano-industrial em
comunidade nas escolas -
de Diretrizes
aliza bases
o

da rede pública de ensino


fundamental por meio
Bases da Educação Nacional (LDB) - , que centi democráticas, desejavam mudanças qualitati
do trabalho voluntárioe no âmbito federal as decisões sobre curricuio e avalia- vas e
quantitativas rede de ensino público, ao pro
na
de parcerias entre a
gão e atribui à sociedade responsabilidades que leve Em a escola única fundamentada nos principios
escola e grupos de laicidade, gratuidade, obrigatoriedade e coeduca-
organizados da riam ser do Estado, tal como ocorreu, por exemplo,
socicdade.
trabalho voluntário
Fami-
Alegando liberais destruíam os principi0s
os
com o
na escola. Os Projetos que
de ensino e retiravam das
famílias a edu
lia na EscolaAmigos da Escolaeaae
e descentrali
ização
a
ade
das teses

de
responsabilidades do ensino em
fundamental c direde
cação dos filhos, os católicos aproximaram-se tascismo
dos nazismo e do
São aos
municípios são outros xemplos concr
e t o s

integralistas, defensores do alterações


uma
política que centraliza o der e descentrali
as
europeus, e com estes
saprovavam
as

objetivadas
163
responsabilidades. qualitativas modernizantes e
democráticas

162
2 PARTE- As PoLÍTICAS EDUCACIONAIS, AS REFORMAS DE ENSINO E OS PLANOS E DIRETRIZES
RIZES
EIEMENTOS PARA UMA
ANALIsE
CRITIC0-COMPREENSIVA DAS POLÍTICAS EDUCACIONAIS
pelos primeiros, além de acusá-los de
defender pro
postas comunistas. blinha Azevedo (l1994, P. 461). A ampliação das
Duranteo Estado Novo, regime ditatorial
as deu-se pela lução da jornada
escolar, pelo
de Var. do número de turnos, pela
gas que durou de 1937 a 1945, oficializou-se o
aur
multiplicação de
dua.
Mola d i u o l u s n o educacional: ensino secundário para as elites e
classes multisseriadas unidocentes, pelo achatamento
dos dos professores e pela absorção de
salários
ensino profissionalizante para as classes professo-
Ensino propedutico leis orgânicas ditadas nesse
populares. As res leigos. O trabalho precoce e o empobrecimento
da
refere-se àquele que não período, por meio de exa- população, aliados às condições precárias de ofereci-
objetiva a habilitação mes rígidos e seletivos, tornavam o ensino antidemo-
mento do ensino, levaram à baixa qualidade do proces-
profissional, a
terminalidade, mas busca
crático, ao dificultarem ou
impedirem
das o acesso So, com altosíndices de reprovaço.
a preparação para a classes populares não só ao ensino
continuidade dos
nível médio, como também ao ensino
propedêutico, de Atualmente, o país está sendo vítima dessa polí-
estudos. superior. tica. O atraso técnico-científico e cultural brasileiro
O processo de democratização do país foi retomado impede sua inserção no novo reordenamento mun-
com a
deposição de Vargas em 1945. A industrialização dial. A escolaridade básica e a qualidade do ensino
crescente, especialmente nos anos 1950e 1960, levou à são necessidades da
adoção da política de produção flexível, e a educação
educaço para o desenvolvimento, básica falha constitui fator que tolhe a
competitivi-
com claro
incentivo ao ensino
O golpe de 1964 atrelou a
técnico-profissional. dade internacional do Brasil.
ao educação
de mercado Para Azevedo (1994), o
problema é que as propos-
trabalho, incentivando a
profissionalização na escola tasneoliberais e os conteúdos da ideia de qualidade
média a fim de
conter as
aspirações ao ensino superior. esvaziam-se de condicionamentos políticos e tornam-
A Lei
5.692, de 11 de agosto de 1971, ampliou a
ne
questão técnica, restringindo o conceito de quali-
escolaridade mínima para oito anos (ensino de l" grau dade à
e
tornou profissionalizante, obrigatoriamente, o ensi otimização do desempenho do sistema e as
par
da
que tange às estratégias
com o setor
node 2 grau. A evolução quantitativa do l° grau s privado no

100% na primeira fase do 1" ECaeducacional. A qualidade do ensino consiste em


grau (1 a 4 séries) Csenvolver o espírito de iniciativa, a autonomia paia
700% em suas últimas séries
em apenas dez
foi
anos ar decisões, capacidade de resolver problemas com
a
acompanhada de melhora qualitativa. Ao cont atividade
rio, expansão da
a
oferta de vagas, veis competência crítica visando, pore
e -

nos diversos nive Arender


de ensino, teve
como interesses dos grandes blocos econômicos duen d l a d e utme
consequência o comprome ometi-

1acionais. A questãoé, antes, ético-política,um s l e de gualudad


mento da
qualidade dos
da
serviços prestados, em azão vez que se
SE
processa na discussão dos direitos de cida pltode.
crescente
degradação das condições de exercicio dania para os excluídos. Por isso, ensino de qualida-
magistério e da
desvalorização do de Culudo
"A expansão das oportunidades,
professor. para todos constitui, mais do que nunca,
dever do

dura militar, foi feita através de


nos vinte ditd
anos de
Estado em uma sociedade que se quer
mais justa e

164 um padrão perveerso democrática. 165


CarAENTOS PARA UMA ANALIsE
POLÍTICAS EDUCACIONAIS, AS REFORMAS DE
ENSINO EOS PLANOS E DIRETRIZEs CRITICO-COMPREENSIVA DAS POLÍTICAS
2 PARTE-As EDUCACIONAIS

Na reflexão e no debate sobre a qualidade da edtura abilidade da amília com a educação. Esses
prin-
cão e do ensino, os educadores têm caracterizado o ermo respo
respon

arrir
partir da
da década de 1920, chocavam-se com os
ípios, a
"qualidade" com os adjetivos social e cidadã - Isto princípios liberais dos escolanovistas que publicaram,
é, 1932, o Manifesto dos Pioneiros da Educaço Nova, pro-
qualidade social, qualidade cidad -, para diferenciar a cm

sentido que as políticas oficiais dão ao termo. Qualidade pondo novas ases pedagógicas e a ormulação da polí-

social da educação significa não apenas diminuição da tica educacional.

evasão e da repetência, como entendem os neoliberais, A Constituição de l954 absorveu apenas parte des-

mas refere-sejà condição de exercício da cidadania que a sas propostas,


atribuindo papel relevante ao Estado no

escola deve promover. Ser cidacdão significa ser controle e na promoção educação pública. Essa
da
partícipe
ensino primário obrigatório e
da vida social e política do país, e a escola constitui espa- Constituição instituiu o
ço privilegiado para esse aprendizado, e não apenas para gratuito, criou o concurso püblico para o magistério,
ensinar a ler, escrever e contar, habilidades importantes, conferiu ao Estado o poder fiscalizador e regulador de
mas insuficientes para a promoção da cidadania. Além instituições de ensino públicas e particulares e fixou
disso, a qualidade social da educação precisa considerar percentuais mínimos para a educação.
Os católicos, porém, não foram totalmente tirados
tanto os fatores externos (sociais, econômicos, culturais,
institucionais, legais) quanto os fatores intraescolares, de cena.educação religiosa tornou-se obrigatória na
A
lai-
que afetam o processo de ensino-aprendizagem, articu- escola pública, contrariando o princípio liberal da
lados em função da universalização de uma educagão Cidade, os estabelecimentos privados foram reconheci
básica de qualidade para todos. dos e legitimou-se o papel educativo da família e a

iberdade de os pais escolherem a melhor escola para


Seus filhos, o que mais tarde foi usado como argumen-

4. O embate entre defensores to a favor da destinação de recursos financeiros publ


da escola pública e COS também para as escolas privadas.
privatistas
na educação brasileira mposta pelo Estado Novo, a Carta Constituciona
de 1937 atenuou o dever do Estado como educador
Compreender a educação pública no Brasil supoc indo-o como subsidiário, para preencher lcu
de
conhecer como sederam, historicamente, emD os nas ou deficiências da educação particular. Em do vez

entre os defensores da
escola pública e as forças privat consolidar o ensino público e gratuito tarefa como

tas, presentes ao longo da história educacio brasileira.


Estado, a Carta de 1937 reforçou o
dualismo
educa-

A gênese da educação brasileira Cional com escolas_particulares e UsCota d u a k t a

ocorreu com que provê os ricos a hora ou 193


Vinda dos jesuítas, que iniciaram a
ideário
instauraçaO
0
públicas
ic
de ensi sino propedêutico e confereaos
pobres
mediante a
a ou

educacional, dos princípios da doutrina ão de usufruir


giosa católica, e a da escola pública
166 educação diferenciada pelos sexo
a
Opelo ensino profissionalizante. 167
2 PARTE A s POLiTICAs EDUCACIONAIS, AS REFORMAS DE ENSINO E OS PLANOS E DIRETRIZES
ELEMENTOS PARA UMA ANÁLISI
CRíTICO-COMPREENSIVA DAS
POLÍTICAS EDUCACIONAIS
Com a promulgação das leis orgânicas chamada
-a ansão da escola privada foi mais
Reforma Capanema - entre 1942 .e intensa abós
1946, foram de- militar de 1964, que instaurou
senvolvidos empreendimentos particulares no
golpe a ditadura
ensin. militar e
eneficiou grandem a iniciativa
profissionalizante, com o objetiVo de
preparar melhor ialmente no ensino superior.
privada,
a mão de obra em uma fase de expanso da indústria Durante o processo de elaboração da Constituição de
por causa das restrições às importações no
período da
Guerra Mundial. O Senai foi 1988, verificou-se novamente o Confronto entre publicis-
Segunda organizado e
ras Drivatistas. No entanto, os privatistas apresentavam
dirigido pelos industriais, Senac, pelos comercian-
e o
novas feições, uma vez que passaram a ser compostos no
tes. Atualmente, essas duas instituições têm peso
sig-
nificativo no ensino profissional oferecido
no país,
apenas de grupos religiosos católicos, mas também de
embora em ritmo decrescente a partir do final dos protestantes e empresários do ensino. ldeologicamente,
anos 1980, diante do crescimento do ensino público, caracterizado
atendimento atacavam o como inefi
público gratuito. Nos primeiros anos do século XXI ciente e fracassado, contrastando-o suposta com a
passaram a atuar, também, em cursos tecnológicos de excelência da iniciativa privada, mas ocultando os meca-
nível superior e em programas de educação a distância. nismos de apoio governamental à rede privada, tais como
Quando o anteprojeto da primeira LDB iniciou sua
imunidade fiscal sobre bens, serviços e rendas, garantia
tramitação 1948, a maioria das escolas particula-
em
de pagamento das mensalidades escolares e bolsas de
res de nível secundário
estava nas mãos dos católicos,
estudo. Esses mecanismos mantiveram-se mesmo apos a
atendendo à classe privilegiada.
Alegando que o pro- promulgação da Constituição Federal de 1988.
jeto determinava o monopólio estatal da educação, os
Como que reforçando as disparidades entre umae
católicos defendiam a liberdade do ensino e o direito
Outra
da família de escolher rede, o descompromisso estatal com a educaçao
otipo de educação a ser ofereci
da aos filhos. Na publica deteriorou os salários dos protessores e as
verdade, essa questão impedia a
democratização da educação pública, ao incorporar diçoes de trabalho,
a
o que gerou greves e
mobilizaçocs
texto legal cooperação financeira
a
para escolas pr
as
preterência pela escola particular ampliou-se por sula
vadas em uma
sociedade em que mais da metade aa
ap de melhor organização e eficácia. Muitas
populaço não tinha acesso à
escolarização. famíliasfizeram sacrifícios em muitos gastos para pro-
Opondo-se a essa postura elitista, os liberais, s Piciar um ensino ostamente de melhor qualidade
apou
porintelectuais, estudantes e sindicalistas, iniciara" em uma
escola
campanha em defesa da escola pública que culminou, em particular.
Aanálise de que a
1959, escola privada é superior publ
a
Manifesto dos Educadores. Este propuni
como
uso dos recursos
ão se sustenta, em geral, por não haver homoge

as
públicos unicamente nas escolas P neidade em nenhuma das redes
n há boas e más
escolas
fiscalização estatal para as escolas privaclas.
e a -

168 em am
Como demonstram as análises doSistema 169
2 PARTE A s rotinCAS tDUCACIONAIS, As REFORMAS DE ENSINO E OS PLANOS E DIRETRIZES
FLEMENTos PARA UMA ANALSE
CXInCO-COMPREENSIVA DAS
POÍTICAS EDAE Ae

de Avaliação da Educação Básica (Saeb). Além disc Gráfico 1 Evolug do número de matriculas na
Educação Básica por
Administrativa Dependéncia
nas escolas públicas que se encontram os
segmente
ntos 000 5 6 203.383 55 317.747 1/4997
Brasil- 2002 2010
56471622
a
942 047
economicamente menos favorecidos da sociedad 00
$3028 923 332364 52 520 452
15An 3a
Conformeo Censo Escolar da Educação Básica de 2010 so.000.000
196 394
Desde os anos 1990 49019.486 48369.509 49040.519 12595.344
(Tabela 1 e Gráfico 1): 40 000.000 16643.406 6131325 5270719
vem sendo criados e 358s so7
aplicados cxams cm 30 000 000

ambito foderal, entre os Nos 194.939 estabelecimentos de educação básica do a i


20.000.000
quas se destacam o
estão matriculados 51.549.889 alunos, sendo 7 183.897 6.948.238 6.978.603 31103 H6201
Sistema de Avaliação da que
10.000.000 6.385.522 7101.043 1 10742 160382
Educaçáo Básica - Sacb 43.989.507 (85.4%) estão em escolas piblicas e
(1994), o Eame 7.560.382 (14.6%) em escolas da rede privada. As 2003 2004 2005
2002 2006 2007 2008
Naconal do Ensino 2009 2010
redes municipais são responsáveis por quase metade das
Modao-Encm (1998), o Total Geral -Privada -Publica
Eumc Nacional de matrículas 46.0%% -, o
equivalente a 23.722.411
Certufiaçáo de alunos, seguida pela rede estadual, que atende a 38,9%
Competencas de Jovens Fonte: Brasil (2010).
e Adultos- Encceja do total, o equivalente a 20.031.988. A rede federal
(2002). a Prova Brasil com 235. 108 matrículas, participa com 0,5% do total
2005). a Provinha Brasi
(Brasil. MEC/Inep. 2010. p. 3-4).
A partir de meados da década de l1980, com a crise
(2007), o Indsce de
Desenvolvimerito da
econômica internacional e o desemprego estrutural que
Educação Básica - ldeb Por esses dados, fica clara a importância da educa- levaram ao arrocho salarial, a classe média, pressiona-
2007) co Exame ção pública no país e para a democratização da socie-
Nacional de Ingresso na da pelo custo de vida, buscou retirar do orçamento
arrera Dxente (2010) dade, uma vez que ela desempenha papel significativo familiar o gasto com mensalidades escolares e foi à pro-
no processo de inclusão social. cura da escola pública. A inadimplência cresceu nas

escolas particulares e nova ofensiva apresentou-se: a

Tabea 1 Número de matnculas ideia do público não estatal. Público passou a ser en-
na Educaçáo Basica porDependéncia Administrativa Brasil 2002-2010

Matricula
tendido como tudo o que se faz na sociedade e nela
na
Educação Basica
Toa Geral
Pubica interfere. Nessa perspectiva, haveria o público estatal
Privada
Total Federal Estadual co público privado, definindo a gratuidade do ensino
Municipal
o
2002 56.203.383 49.019 486 185 981 7.183.897 P e s em estabelecimentos oficiais, como assegurd
2003 56 317 747
24661.545 24.171 960
6.948 238
48369.509 1054469 23.528 267 24.735.773 art. 206 da
2004 56.174.997 49186.394 6 087 24 172 326 24 927.981
6 978 603 Constituição Federal de 1988.
2005
2006
56471.622
56.942047
49.040.519 182 499 23 571 777 25.286.243
7.431. 103
roliberal, que
dconcepção deve-se à política neoliberal,
que
48.595 844 177 121 23 175.567 25 243. 156 7.346203 a
2007 53.028.928 46.643400 185095 21 927 300 24 531011
6 385 522
4 O
Estado mínimo, incluindo até mesmo priva
2008 53.232 868 46.131.825 7.101.043
soCiais.
serviços
minimização da oferta de
1975532
2009 52.560 462
21 433441
24.500 852 7 309 742
u a

2010
45270.710 217 736 20 737 663 24 315 309
Na por orga
até
educação básica,
mesmo
7 560 382
1.549.8899
43.969.507 2351108 20 031 988 23.722 411
orientado
Esta-
Fonte MECAnep/DEED Mundial, o
Notas 1) Não
inclui
matriculas em turmas de atendeneno
umgermentar
nismos internaci
C1onais como o Banco
2) O mesmo aluno esse
pode ter
mais de uma maticuta O vez que 171
deveria atender o ensino público,
uma

170
ENSUNO os PLANOSs
RIORMAS D
AS
EDUCACONAS,
PARTIAs mxncA
2

nivel de educação
é considerado

trabalho. Tal atendimento


rescindível
imprescino
n
na
organizaçãco do
deveria ser
conduz1do por parimetros de
no entan

gestäão da
to Capítulo
ciativa privada e do mercado, tais como diversifica ini
competitividade, seletividade, cticiencia e qualidaade

Essa orientação aponta,


mais uma vez, o
benefir..
mento das forças privatistas
na educação.
Verifica-se, no entanto, considerável esforçode seg
mentos sociais no ämbito oficial e em associações.

movimentos de educadores, sobretudo a partir da


em favor da reto
segunda metade da década de 2000,
mada do protagonismo do Estado na área educacional
Nesse sentido, cumpre destacar a criação do Fundo de

Manutenção e Desenvolvimento da Educação Básicae


As reformas
de Valorização dos Profissionais da Educação (Fun
deb), em 2007; a Emenda Constitucional n* 59, que educacionais e os
iniciativas
torna obrigatório o ensino de 4al7 anos; as

que visam ao aumento dos investimentos públicos na


planos de educaço
educação, expansão da oferta de educação superior por
a

meio das universidades federais; a ampliação da


educa-
ao protissional e tecnológica mediante a criação de ins

titutos federais de educação, ciência e tecnologla.

172

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