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Modulo de Historia de Direitoactualizado
Modulo de Historia de Direitoactualizado
MÓDULO DE HISTÓRIA
DO DIREITO
Curso de Direito
Moçambique
FICHA TÉCNICA
Organização e Edição
Universidade Wutivi (Ensino Superior à Distância)
Autor: António Caetano de Sousa
Revisor de EaD: Castelo Mário Maluleque
Revisor linguístico: Emília Morais
Revisor de Científico: Vasco Laquiço Siquice Matchoco
ÍNDICE
ii
ÍNDICE
FICHA TÉCNICA .............................................................................................................................................. ii
Apresentação ............................................................................................................................................... vi
Introdução..................................................................................................................................................... 1
Objectivos do Módulo................................................................................................................................... 2
Dicas de Apoio............................................................................................................................................... 4
Testes/Avaliações ......................................................................................................................................... 5
Introdução..................................................................................................................................................... 6
Definições Importantes................................................................................................................................. 7
2.1 Fontes...................................................................................................................................................... 9
2.1.4 Constituições...................................................................................................................................... 11
Tarefas......................................................................................................................................................... 20
Auto-avaliação ............................................................................................................................................ 20
Chave-de-correcção .................................................................................................................................... 21
Resumo ....................................................................................................................................................... 22
Bibliografia .................................................................................................................................................. 22
Introdução................................................................................................................................................... 23
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1.4.2 Forais .................................................................................................................................................. 26
Tarefas......................................................................................................................................................... 33
Auto-avaliação ............................................................................................................................................ 33
Chave-de-correcção .................................................................................................................................... 34
Resumo ....................................................................................................................................................... 35
Bibliografia .................................................................................................................................................. 36
Legislação .................................................................................................................................................... 36
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Apresentação
Caro(a) estudante!
Está nas suas mãos o módulo de História de Direito que integra a grelha curricular do Curso de
Direito oferecido pela Universidade Wutivi na modalidade de Educação a Distância.
Este módulo que serve de guia de estudo, coadjuvado com outros saberes vinculados nos outros
módulos do seu curso, irá dotá-lo de conhecimentos, habilidades, valores e atitudes fundamentais
para o seu sucesso na carreira estudantil e profissional.
Caro estudante!
Lembre-se sempre que o sucesso na aprendizagem depende de si. Desta forma, deve planificar-se
para estudar todos os dias, do período lectivo, para que possa alcançar os resultados da
aprendizagem pré-determinados no módulo.
Com a esperança de que este módulo constitua um verdadeiro guia de estudos, a equipa de
professores que se dedicou à sua elaboração, adaptação e organização deseja a si muita
aprendizagem activa, que poderá materializá-la através de diálogos e debates nos fóruns e nas
sessões presenciais, visto que o desenvolvimento do País depende da qualidade de serviço de
cada um de nós, nos diferentes sectores socio-económicos.
A Equipa do EaD
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Introdução
Considerando que o Direito está presente em qualquer meio social civilizado e não se conserva
estático mas se dinamiza e se transforma na medida em que as condições assim exigem, conclui-
se claramente que não é possível apartá-lo da realidade histórica. É necessário, pois, saber como
o Direito foi até ontem, para melhor o compreender no momento actual, e o melhorar amanhã.
Tendo em conta o que expomos nos parágrafos acima, não há como negar a importância
fundamental da História do Direito. A História do Direito fornece ao Direito actual a
compreensão dessa retrospectiva, esclarece dúvidas, afasta imprecisões, levantando, passo a
passo, a verdadeira estrutura do ordenamento jurídico, seus institutos mais sólidos e perenes,
suas bases de fundo e suas características formais até alcançar a razão de ser do seu significado e
conteúdo.
Caro estudante é esta linha de orientação que o irá guiar no seu estudo da História do Direito do
presente módulo, o qual terá 2 unidades didácticas, a saber: unidade I, em que iremos abordar, na
sua primeira parte, os aspectos introdutórios tais como: o conceito, objecto, espécies e
características da História do Direito. A segunda parte da unidade irá dedicar-se a assuntos sobre
o Direito Romano, seus antecedentes históricos, conceito, fontes, periodização e pessoas.
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A unidade II vai debruçar-se sobre as fontes do Direito Português, seus antecedentes históricos,
periodização, fontes e principais compilações, para de seguida, se deter no estudo do Direito
Moçambicano, seus antecedentes históricos, periodização, principais fontes e constituições
moçambicanas.
Objectivos do Módulo
Quando terminar o estudo do módulo de História do Direito você deverá ser capaz de:
Lembre-se de que você será um autodidacta e vai estudar sozinho, segundo as suas
oportunidades, convivência e ritmo de trabalho. Para alcançar os objectivos deste módulo, você
precisa de:
2
Caro estudante, preste atenção às palavras novas cujo significado lhe é vagamente familiar. Não
prossiga até ter o entendimento completo da mesma, pois pode ser que exactamente essa palavra
envolva a ideia principal ou pormenores importantes.
Ícones da Actividade
Ao longo deste módulo irá encontrar uma série de ícones nas margens das folhas. Estes ícones
servem para identificar diferentes partes do processo de aprendizagem. Podem indicar uma
parcela específica de texto, uma nova actividade ou tarefa, uma mudança de actividade, etc.
Pode ver o conjunto completo de ícones deste manual já a seguir. Cada um com uma descrição
do seu significado e da forma como nós interpretámos esse significado para representar as várias
actividades ao longo deste Módulo.
Resumo
Objectivos
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Definições importantes
Tempo para completar a lição
Tarefas Auto-avaliação
Dicas de Apoio
Se tiver dificuldades poderá consultar o seu tutor, usando vários meios que serão definidos no
início do curso.
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Tempo para o estudo
Este Módulo tem a duração de 8 semanas e tem uma carga horária de 140 horas, o que significa
que deve estudar de forma independente 116 horas e ter contacto com o docente em média 8
horas presencialmente e 16 horas virtualmente.
Testes/Avaliações
Neste módulo você vai realizar duas avaliações presenciais (AP’s) e várias avaliações a distância
(AD’s).
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Unidade Didáctica nº 1: conceito, objecto, espécies e características da
História do Direito, Direito Romano, seus antecedentes históricos, conceito,
fontes, periodização e pessoas
Introdução
Objectivos da Unidade
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Desenvolvimento do conteúdo
Caro estudante, vamos agora analisar os aspectos introdutórios da História do Direito,
começando pelo seu conceito.
A História do Direito pode ser vista e entendida como o estudo cronológico do Direito como
facto empírico e social, resultante da interacção humana, ou seja, o estudo das experiências
jurídicas do passado para que possamos viver o presente e planear o futuro da sociedade.
Definições Importantes
De uma forma simples e sucinta podemos entender a História do Direito como uma disciplina
histórico-jurídica que tem por finalidade investigar a manifestação do fenómeno jurídico
consubstanciado na cultura de uma época.
a) História Externa é a história das Fontes do Direito, ou seja, ela estuda as fontes jurídicas
e o papel que elas desempenharam na formação de cada Direito. Estuda, também, a
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influência das leis, dos costumes e da interpretação jurídica. Por exemplo: História da
Formação do Direito Romano.
b) História Interna é a história das Instituições do Direito que estuda as regras do Direito
que emanaram de cada instituição, indagando como surgiram, por que fases passaram,
como terão desaparecido e que influências tiveram nas instituições jurídicas do mundo
actual.
2. O Direito Romano
Caro estudante, as bases do direito em Moçambique foram dadas pelo génio jurídico romano e
introduzidas no processo de colonização por via do Direito Português. Sendo o Direito Romano,
uma das colunas constitutivas do direito vigente em Moçambique, o mesmo constitui um
elemento essencial para a compreensão de todo o sistema, pelo que importa analisar os seus
aspectos mais importantes.
O Direito Romano – é o conjunto de normas jurídicas que vigoraram em Roma desde o início -
753 a.C. até 565 d.C em que morre o Imperador Justino (530 à 565 d.C.). O corpo jurídico
Romano compila todo o direito Romano.
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2.1 Fontes
As fontes do Direito Romano, entendidas como modo de formação e revelação das regras
jurídicas eram: O costume, as leis, senatus - consultos, constituições imperiais, respostas dos
jurisconsultos, éditos dos magistrados e o “Corpus Iuris Civilis”.
2.1.1 Costume
O Direito Romano, como todos os antigos direitos, teve uma base inicialmente costumeira.
Durante toda a sua multissecular vigência, os juristas romanos continuaram a referir o costume
como fonte do direito, e o seu valor era expresso pelo consentimento do povo, fundamento
último da obrigatoriedade de todas as regras. O consentimento era expresso pelo voto no caso
das leis e rebus (coisa) et factis (factos) no caso do costume.
Deste modo podemos dizer que para que o costume fosse obrigatório exigia-se uma longa
duração que nunca foi todavia expressa em termos quantitativos. Exigia-se, ainda, a
racionalidade do costume. Pelo contrário, não se supõe a prévia aplicação judicial deste.
2.1.2 Leis
Dentro das leis que vigoravam no Direito Romano é essencial a distinção entre leges rogatae e
leges datae. As leges rogatae provêm de uma assembleia, as leges datae de um magistrado.
Note-se, todavia que a iniciativa da “lex rogata” cabe exclusivamente ao magistrado que tem de
possuir uma autorização legislativa para a emitir.
O plebiscitum inicialmente contraposto à “lex” pode ser considerado uma modalidade desta. As
“leges” (leis) emanavam de comícios, que podiam ser das cúrias, centúrias e das tribos; o
plebiscito resultava do concílio da plebe. Pelo menos a partir de 286 a.C., os plebiscitos tiveram
força obrigatória, apesar de nos concílios só participar a plebe (povo). As leis romanas eram
conhecidas pelo nome do magistrado que as propõe e pelo objecto da lei. É muito célebre a Lei
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das XII Tábuas, ainda que o texto não seja directamente conhecido e sobre o seu significado
persistam as maiores dúvidas. Representou uma codificação inicial referente praticamente a
todos os ramos do direito que serviu de ponto de referência para o desenvolvimento posterior.
Talvez por isso, as leis nem sempre eram acompanhadas de sanção. Sob este ponto de vista
estabeleceu-se uma classificação que chegou aos nossos dias:
2.1.3 Senátus-consultos
Chamamos de senado uma antiga assembleia romana que era constituída, desde a época em que
as notícias se tornam seguras, por antigos magistrados. A partir de Augusto (um dos imperadores
de Roma, que reinou entre 16 de Janeiro de 27 a.C. a 19 de Agosto de 14 de d.C.) a pertença do
senado passa a depender cumulativamente da pertença a uma classe social, a ordo senatorius e
do exercício duma magistratura.
O Senado não tinha funções propriamente legislativas, pois incluía outras, como as respeitantes
ao erário público. Dado o seu prestígio, os magistrados, consultavam porém o senado. A resposta
do senado aos magistrados denominava-se senatusconsulto.
Com a decadência dos comícios, os senaconsultos, sem alteração do nome, tomaram feição
deliberativa. No tempo do imperador Augusto, o senado exerceu indubitavelmente funções
legislativas. Assim substitui, de facto, as restantes assembleias e torna-se no supremo órgão
colectivo de Roma.
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É interessante ser o senatusconsulto uma fonte verbal do direito, pois a redução a escrito, que
efectivamente se fazia, não condicionava a sua validade, nem mesmo a sua eficácia. Com o
fortalecimento do poder imperial a estrela do Senado apaga-se. A sua intervenção passa a
reduzir-se à aclamação das propostas formuladas pelo imperador.
2.1.4 Constituições
Com o imperador Augusto entra-se num novo regime conhecido por “principado”.
Formalmente, mantêm-se os órgãos republicanos mas aos príncipes são atribuídos poderes que
cabiam a esses órgãos, e que, com o tempo, se consolidam em novas instituições. Há, pois, a
formação de uma instituição monárquica numa organização republicana. Só gradualmente e as
formas republicanas se desvanecem.
Com Diocleciano, Imperador Romano entre 284 a 305 d.C, passa-se do principado à monarquia
absoluta.
São constituições imperiais todas as fontes provindas do imperador. Revestiram formas variadas,
e, de início, não foram atribuídas a um poder normativo genérico do imperador, mas explicadas
caso a caso, como o aproveitamento de institutos antigos. Assim, os “edictus” do imperador
fundam-se na atribuição do imperador dos poderes de magistrados que têm competências para
publicar “edictus”. Os decretos eram decisões judiciais fundadas nos poderes judiciais do
imperador. Os escritos eram respostas a consultas sobre questões controversas. E assim por
diante.
Certo é que todas estas manifestações foram depois atribuídas a uma “lex” de império, que
fundaria unitariamente o poder normativo do imperador.
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abstracção. Todavia, a solução dada para um caso valeria quando surgisse outro caso integrável
na mesma categoria. Para além desta tarefa fundamental, os jurisconsultos auxiliavam as partes
na prática de actos judiciais e extrajudiciais bem como participavam nos conselhos das
autoridades e exerciam o ensino. Mas só as respostas nos interessam neste estudo das fontes do
direito.
A influência prática dos jurisconsultos sempre foi grande, mas com Augusto surge o Ius publice
repondendi: a certos juristas é atribuída a auctoritas, de modo a que a suaresposta vincule a
decisão. Caso houvesse diversidade de opiniões o juiz era livre de optar pela que julgasse mais
correcta e aplicável ao caso.
Um passo adiante foi dado pela Lei das Citações, dos Imperadores Valentiano III (Imperador
Romano do Ocidente, que reinou entre 425 a 455 d.C, já na fase da decadência do império) e
Teodósio II (Imperador Bizantino entre 408 a 450 d.C, ficou conhecido principalmente pela
promulgação do Codex Theodosianus, bem como pelo Muro de Teodósio) As obras dos grandes
juristas Papiniano, Paulo, Gaio, Ulpiano e Modestino são confirmadas e declaradas em geral
vinculativas. Se houver divergência, prevalecerá o maior número: se houver empate, prevalecerá
a opinião de Papiniano; não havendo opinião de Papiniano, o juiz decide livremente. Em época
posterior, atribui-se valor análogo às opiniões de outros jurisconsultos.
Compreende-se por isso, o grande relevo dado às obras dos jurisconsultos, quer sejam
colectâneas de respostas a consultas, quer livros em que se faz já a exposição abstracta e
sistemática das regras jurídicas, como as Institutiones de Gaio.
Note-se que as respostas dos jurisconsultos são uma fonte do direito mediata ou subordinada.
Elas não inovam dentro da ordem jurídica como o pode fazer uma lei, mas dizem qual o direito
compatível com o sistema de fontes existentes. O mesmo acontece hoje em dia com as figuras de
jurisprudência com força obrigatória geral.
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2.1.6 Edictos dos Magistrados
Certos magistrados romanos tinham poderes para determinar os termos em que se deveriam
solucionar os litígios. Nessa categoria avultam muito particularmente, os pretores. É elucidativa
a relação entre o ius civile, que se mantinha intocado. O pretor não alterava o sistema que
concedia, permitia que se atingissem efeitos que o ius civile não contemplava, ou impedia a
verificação de certas consequências do ius civile. Com isto temperaram em nome da aequitas,
algumas das consequências negativas do formalismo do antigo direito, e se tornou possível a
evolução em afrontar o velho corpo do ius civile.
O pretor actuava para os casos concretos, mas surgindo casos semelhantes, natural era que
fossem resolvidos como o haviam já sido os anteriores. Este modo habitual de proceder foi-se
consolidando através dos edictos, que eram o processo normal de comunicação dos magistrados
romanos com o povo. sendo assim, no início do seu mandato, o pretor publicava o edictum
perpetuum, no qual anunciava a maneira como exerceria os seus poderes. Como é natural, várias
das providências adoptadas são tomadas dos edictos dos anteriores pretores, embora o pretor não
estivesse vinculado pelas práticas até então seguidas.
Assim, o pretor tinha a faculdade da dare actionem, permitindo que alguém obtivesse
judicialmente certo resultado, não possibilitado pelo ius civile. Uma vez publicada essa intenção
no edictum perpetuum, ninguém estava vinculado; mas os interessados ficavam informados de
que podiam beneficiar daquela providência. Se a requeressem, o pretor dava a acção, permitindo
a obtenção daquele resultado. Se a não requeressem, o ius civile conservaria o seu império e à
sua luz devia ser decidido o litígio. Quer dizer que o ius civile opera automaticamente, enquanto
o poder do pretor só opera mediante providências especiais de protecção outorgadas caso por
caso. Pelo contrário, o pretor podia, também, denegare actionem, impedindo que se atingisse o
resultado que seria licito sendo o ius civile.
Só muito tempo depois se reconheceu que a actuação do pretor acabara por via de um novo
sistema normativo, o ius honorarium, que se justapunha ao ius civile, sem com ele se confundir.
A actividade normativa do pretor entrou em decadência com a centralização imperial das fontes
do direito.
Adriano, que foi Imperador Romano ente 117 e 138 d.C, publica o seu edictum perpetuum, texto
único que todos os magistrados devem adoptar para o futuro, e só o imperador poderá alterar.
Estanca-se assim esta fonte autónoma do direito. No entanto, o curioso é que os próprios
imperadores vão obter resultados semelhantes através do cognitio extra ordinem. Pode
imperador, mediante a sua auctoritas, mandar sujeitar à sua apreciação judicial casos que não lhe
estavam submetidos. A repetição de providências desta índole acabará por trazer para o campo
do direito novos institutos. Assim acontecia com o “fideicomisso”, disposição que alguém fazia
para depois da morte baseado apenas na fides (fé) daquele a quem se dirigia. Augusto determinou
aos magistrados que outorgassem tutela à disposição, favorecendo os beneficiários, assim surgiu
um novo instituto jurídico.
Mas foi só em Bizâncio (cidade da Grécia Antiga, hoje Istambul, Turquia, e que foi centro do Imperio
Bizantino), por obra do grande imperador justiniano, que viram a luz as mais importantes
compilações, que em conjunto receberam o nome de Corpus Iuris Civilis. O facto, que seria já
importante por si, é adicionalmente relevante por muitos dos textos clássicos só serem
conhecidos através da versão Justiniana.
Justiniano, se bem que grande admirador dos clássicos, preocupou-se com o estado disperso e
desactualizado das fontes do direito. A compilação é obra da comissão presidida por Triboniano
(500-547 d.C), destacado jurista bizantino que colaborou com o imperador bizantino Justiniano,
trabalhando na organização e recompilação sistemática do Direito Romano vigente em sua
época. Contudo, essa compilação não teve a mera finalidade de reconstituição histórica, mas
antes de consolidação do direito vigente. O próprio Justiniano manda alterar os textos clássicos
onde for necessário, muito embora eles continuem formalmente atribuídos aos seus autores
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originais. São, por isso, frequentíssimas as interpolações do Corpus Iuris Civilis.Esta obra é
constituída por: Digesto, Código de Justiniano e Institutas.
Há ainda uma selecção oficial de constituições publicadas pelo próprio Justiniano no decurso do
trabalho de compilação. Lateralmente, há, também, as Novellae, que são constituições emanadas
pelo próprio Imperador Justiniano após o Código, mas que só foram objecto de compilações não
oficiais e posteriores.
A personificação é uma necessidade histórica, se bem que nunca seja demais acentuar a sua
artificialidade, mormente quando aplicada ao direito. Não deve fazer esquecer que a vida jurídica
dum povo é contínua.
Passemos a análise de cada uma destas três fases, começando pelo Direito Romano Quiritário.
Roma desabrocha e constitui o seu sistema jurídico como Estado-Cidade. Esta circunstância
caracteriza o primeiro período do Direito Romano.
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Antes da formação da cidade existiam, como grupos menores, as gentes e as tribos, por ordem
crescente de extensão. Com a consolidação do poder estatal o exercício das funções políticas por
estes exercidos deixa de se justificar. As tribos desapareceram logo na época dos reis e a as
gentes perderam significado durante a república. Só fica a família porque corresponde a outras
necessidades, mas despida das suas prerrogativas políticas originárias.
O direito do período inicial não é escrito. A ele se referem os juristas subsequentes quando falam
de mores maiorum nos quais fundam as instituições vigentes. À ius atribui-se o fundamento de
representar a tradução escrita desses mores; mas a quirites, os cidadãos, encontravam o
fundamento daquele em princípios religiosos.
O Direito era extremamente formalista. As fórmulas que davam valor aos actos tinham de ser
rigorosamente observadas, e as palavras sacramente repetidas, sem o que o acto não seria válido.
Essas fórmulas eram exclusivamente conhecidas dos patrícios que dominavam assim a vida
jurídica da comunidade. Só provavelmente em consequência das lutas sociais que se
desenvolveram elas se tornaram públicas e se passou ao direito escrito. A tradição posterior
atribui a essas leis aos primitivos, reges, mas tal tradição é apenas manifestação da tendência
geral de imputar a pessoas determinadas os factos cuja origem histórica é desconhecida.
A expansão de Roma trouxe um grave problema jurídico. O direito existente, fundado na mores
maiorum, era sagrado e inalterável; mas as necessidades práticas eram mais diversas. O génio
jurídico romano vai actuar de maneira a conciliar estas duas exigências contraditórias.
Por um lado a interpretação dos jurisconsultos vai dar toda a maleabilidade possível aos
princípios normativos vigentes, permitindo-lhes abranger sectores a que formalmente eram
estranhos. Por outro lado, o pretor actua baseado numa justificação diversa das antigas leis. Ele
não criava aparentemente a lei; mas o seu imperium permitia-lhe desviar-se das regras existentes
em casos concretos.
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Para além disto a criação do ius gentium, de que falaremos mais adiante, permite a expansão do
Direito Romano ao domínio até então não regulado juridicamente das relações entre os cidadãos
e os estrangeiros, ou entre os estrangeiros entre si.
No último período da história jurídica romana assiste-se, no capítulo das fontes, a uma
progressiva passagem do direito criado pelo imperador, na segunda linha (pois o princeps
actuava através das instituições existentes que formalmente ocupava), para o domínio
praticamente exclusivo das constituições imperiais. É também nessa altura que ius honorarium
se revela como um verdadeiro sistema normativo, muito embora tivesse chegado à sua fusão
formal ao ius civile.
Estamos na época em que o poderio de Roma se estende a quase todo o orbe de conhecimento. À
sombra desse poderio assiste-se à expansão do Direito Romano. Mas a expansão teve por
contrapartida a admissão de substanciais alterações no corpo de Direito Romano ao ponto de
alguns autores autonomizarem um último período, a que chamam da decadência.
A vida jurídica das províncias não se apagou com a conquista romana. Para além das leis
romanas de aplicação restrita a uma ou mais províncias, subsistiram regras locais, mesmo que
combatidas pela legislação oficial. Com o tempo estas transformaram o Direito Romano clássico.
Forma-se assim o Direito Romano vulgar. Já o Corpus Iuris Civilis, por exemplo, combina a
recepção do vulgarismo nas leis do império com uma tentativa do retorno possível ao
classicismo.
É característica também dessa época a influência cristã, que se tornou muito nítida, sobretudo
quando o cristianismo foi adoptado como religião oficial. Os institutos e princípios contrários ao
novo espírito foram sendo alterados. A compilação de Justiniano contém já a marca cristã, como
elemento diferenciador em relação ao espírito clássico.
É própria dos romanos uma distinção fundamental entre Direito Civil e Direito das Gentes. A
compilação Justinianeia, em trecho muito conhecido, acrescentou um novo termo, ius naturale,
para fazer corresponder esta classificação fundamental à concepção cristã da lei eterna (que foi
traduzida por ius naturale), lei natural e lei humana.
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Quando hoje vemos habitualmente os estrangeiros recorrer a juízos nacionais e a serem-lhes
aplicadas leis internas, o facto surge-nos como perfeitamente natural. Difícil, por isso, é conceber
que antigamente a situação foi inversa. Aplicava-se o princípio da personalidade do direito. O
direito era exclusivo dos cidadãos, como o judiciário dos litígios privados pressupunha a
cidadania dos litigantes.
Mas, desde que os contactos pacíficos se intensificam, necessárias se tornam regras que
disciplinem esses contactos. E, efectivamente, surgem esporadicamente preceitos dessa índole. A
evolução vai-se consolidar com o aparecimento de um magistrado especial, o praetor pergrinus,
que tem jurisdição nos conflitos em que intervêm peregrinos (estrangeiros).
Elabora-se então um processo muito mais simples que o que estava estabelecido para os litígios
que se desenvolviam exclusivamente entre cidadãos romanos e que era, sabemos já, marcado por
grande formalismo.
O aparecimento do praetor pregrinus não significa que se tivesse admitido a aplicação das leis
estrangeiras. O pretor vai anunciando quais as regras que aplicará, e com isso formula um direito
próprio, também romano restrito àquelas situações. Na medida em que o litígio não estivesse
coberto por nenhuma regra anteriormente formulada, era de supor que o litigio se resolvesse pela
equidade. Mas a zona coberta por previsões especiais vai aumentando.
É o direito assim formado que é chamado o “Direito das Gentes”. Este direito regula as relações
comerciais que se não processem exclusivamente entre os romanos. Como é natural, na
elaboração do Direito das gentes tiveram influência, como modelos, institutos que vigoravam em
cidades da época - e antes de mais as próprias regras romanas. Mas o Direito das gentes
simplificou muitas dessas regras, aproveitando a sua substância mas dispensando o formalismo
imposto nas relações entre cidadãos romanos.
A influência prática do Direito das gentes acaba por ultrapassar o círculo das relações com
peregrinos: mas com o tempo puderam ser reguladas por ele as próprias relações entre os
romanos, beneficiando assim do menor formalismo. O Direito Romano conta então com dois
ramos, um o ius gentium, outro o ius civile, este último reservado a cidadãos romanos.
O ius gentium é direito positivo romano. Mas os juristas romanos seriam a necessidade de o
justificar, e na sua justificação acabam por identificar o Direito das gentes e o Direito natural.
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O Direito das gentes seria aquele que a razão humana constituiu entre os homens, e o que é
sempre bom e justo. É compreensível de facto que um direito que reja as relações entre os vários
povos faça recordar o Direito natural. Na concepção que os romanos haviam recebido sobretudo
dos estóicos, será a comunidade de natureza que permitirá esta comunicação do direito.
A capacidade de direito, ou seja, a capacidade de ser titular de poderes e vinculações, não era
reconhecida pelo Direito Romano a todas as pessoas.
Os escravos eram objectos, ainda que a sua condição humana surgisse por vezes à superfície e
impusesse desvios na lógica do sistema. Podiam todavia, passar à categoria de libertos mediante
a manumissão. Ficavam então homens livres, ligados embora por vínculos recíprocos de
assistência moral e material aos seus patroni.
Finalmente, a capacidade jurídica privada era excluída para aqueles que não fossem sui iuris,
quer dizer, que estivessem sujeitos ao poder de um pater famílias. Só paulatinamente esta
situação foi atenuada ou abandonada.
É interessante verificar aqui como funcionou o espírito de adaptação dos romanos, que lhes
permitiu, mantendo as fórmulas antigas, alcançar resultados jurídicos novos. A partir de certa
altura começou a admitir-se a emancipatio. Como se estabelecia que a manus (ou seja o poder do
pater famílias), cessava se este vendesse o filho três vezes, a regra foi aproveitada para permitir a
emancipação: o pater praticava três vezes o acto formal da mancipatio, e em consequência
cessava a pátria potestas. Com isto o familiar deixava de ser alieni iuris, adquirindo a
capacidade de direito.
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Com a descrição das categorias de pessoas no Direito Romano encerramos a presente unidade
didáctica, e como forma de consolidação dos conteúdos apreendidos realize as tarefas que se
seguem.
Tarefas
1. Elabore um texto sobre a importância da História do Direito, utilizando como indicadores os
termos e expressões verbais seguintes: Estado – ordenamento jurídico – normas – valores ou
bens jurídicos – momento histórico (ambiente) – mudanças/alterações – conveniência –
presença do Direito – meio social – realidade histórica – o ontem, o hoje e o amanhã do
Direito.
Auto-avaliação
Chave-de-correcção
1. História do Direito como uma disciplina histórico -jurídica que tem por finalidade investigar
a manifestação do fenómeno jurídico consubstanciado na cultura de uma época. O seu é a
interpretação histórica dialéctica do fenómeno jurídico e seu dimensionamento em função do
tempo.
3. Trata-se das Respostas dos Jurisconsultos que corresponde hoje a Doutrina e os Edictos dos
Magistrados que constituiram o embrião da Jurisprudência.
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Resumo
Caro estudante, esperamos que tenha percebido, ao longo da unidade, que a História do Direito é
uma disciplina histórico -jurídica que tem por finalidade investigar a manifestação do fenómeno
jurídico, consubstanciado na cultura de uma época que se reveste de importância fundamental,
pois permite fornecer ao Direito actual a compreensão dessa retrospectiva, esclarece dúvidas,
afasta imprecisões, levantando, passo a passo, a verdadeira estrutura do ordenamento jurídico,
seus institutos mais sólidos e perenes, suas bases de fundo e suas características formais, até
alcançar a razão de ser de seu significado e conteúdo. O exercício que fizemos de análise da
História do Direito Romano é por si elucidativa da importância desta disciplina do Direito, dai
que se justifique a sua autonomização e integração como disciplina escolar e no nosso curso em
particular, pois permitiu-nos no caso em apreço identificar e compreender a origem e a razão de
ser figuras e institutos jurídicos hoje presentes no Direito Moçambicano.
Bibliografia
1. Altavila, J. (2006). Origem do Direito dos Povos. 11ª Ed São Paulo, Ícone
4. Castro, F. L. (2007). História do Direito Geral e Brasil. Rio de Janeiro, Lúmen Júris
7. Nascimento, V. V. (2006). Lições de História do Direito. 15º Ed. São Paulo, Forense
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Unidade Didáctica nº 2: História do Direito Português e Moçambicano
Introdução
Caro estudante, seja bem-vindo à Unidade Didáctica nº 2, que versa sobre a História do Direito
Português e Moçambicano.
Caro estudante, importa em primeiro lugar, recordar-lhe que a História do Direito tem, entre
outras finalidades, procurar as fontes do Direito do Sistema em análise, identificar os
antecedentes do Direito Moçambicano e estabelecer a devida relação com a sua periodização e
fontes.
Para tal, na Unidade Didáctica nº 1 estudamos o Direito Romano, com o fundamento de que o
sistema de direito a que Moçambique pertence tem origem naquele Direito, sendo que o mesmo
foi introduzido no nosso país por via da colonização portuguesa, daí a razão de ser do estudo da
História do Direito Português, para melhor compreendermos a nossa actual realidade jurídica.
Neste contexto, você poderá questionar-se o porquê deste exercício, nos dias que correm em que
o país está independente há 37 anos, mas tal é justificável primeiro pelo facto de ser o direito
antecedente ao actual, e segundo, porque à semelhança de muitos outros países africanos, após o
movimento de descolonização e das independências, muitos dos países recém - independentes
mantiveram os seus sistemas de direito e optaram pela construção ou modificação gradual dos
seus sistemas jurídicos.
É neste prisma que, de seguida, iremos analisar a História do Direito Português e Moçambicano.
Objectivos da Unidade
Ao completar esta unidade, você deverá ser capaz de:
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Identificar as fontes do Direito Português, seus antecedentes históricos, periodização,
fontes e principais compilações para de seguida deter-se no estudo do Direito
Moçambicano, seus antecedentes históricos, periodização, principais fontes e
constituições moçambicanas.
Identificar as fontes do Direito Português;
Caracterizar a periodização e principais compilações do Direito Português;
Identificar os antecedentes históricos do Direito Moçambicano;
Identificar os períodos da história do Direito Moçambicano e principais fontes.
Desenvolvimento do conteúdo
1.1. Conceito
1.2. Objecto
A História do Direito Português procura estudar: a) as fontes do direito (órgãos que criam o
direito “fons existendi”; b) modos pelos quais o direito se manifesta “fons manifestandi”), c) o
Pensamento Jurídico: a actividade científica; os métodos de ensino; as escolas do pensamento
jurídico; a literatura jurídica e as Instituições Jurídicas.
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1.3 Periodização Histórica
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1.4.1 Concelhos e Câmara
1.4.2 Forais
Diploma, também designado por carta foral, concedido pelo rei a um determinado local,
dotando-o de autoridade legítima na regulação da vida colectiva da população, embora a
extensão e o conteúdo das cartas forais fossem variáveis, estas se caracterizavam, em termos
gerais, por ser uma lei escrita, organizadora de um determinado aglomerado social, actuante
dentro de fronteiras territoriais definidas. Na ausência de leis, os Concelhos e Câmara recorriam
aos Forais, esses forais outorgavam concessões aos Concelhos. Os forais, através das cartas
expedidas pelos soberanos acabavam dando certos privilégios aos municípios. A Coroa tinha
particular interesse nos forais porque estes funcionavam como fontes de receitas, sendo
dinamizadores da economia nacional, ao mesmo tempo em que fortaleciam o poder central.
A partir de 1210, foram decretadas as leis gerais que valiam para todo território Português, a
partir daí essas leis prevalecia sobre as demais. Nesse mesmo período, instalam-se cortes em
Portugal, as cortes aprovavam as leis gerais que depois deveriam ser sancionadas pelo rei. Num
primeiro momento as cortes tinham somente nobres e o clero como seus representantes, porém,
depois o povo também passou a ter os seus representantes, tendo então as três classes bem
definidas: clero, nobreza e o povo.
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1.4.4 Corporificação do Direito
Dom Diniz ficou conhecido como o rei Trovador, diferente dos outros reis, era um rei culto e
incentivou a cultura, economia e o desenvolvimento das ciências jurídicas. Dois importantes
factos destacam-se no seu reinado: a tradução e aplicação em território português da lei das sete
partidas. A Lei das Sete Partidas caracterizava-se por ser um texto de direito comum (baseado
no direito romano Justiniano, canónico e feudal), e incluía vários assuntos jurídicos, entre eles
de direito constitucional, civil, mercantil, penal e processual, tanto civil quanto penal), e a
fundação da Universidade de Coimbra que incluía, no seu currículo as matérias de Direito
Romano e Direito Canónico. Entre as providências de carácter processual, no seu reinado
podemos citar: separação da jurisdição militar e jurisdição civil, aplicação de novas normas na
administração da justiça através da Lei das Pontarias e regulamentação do direito de apelar
directamente para o rei.
Após o reinado de Dom Diniz, a evolução na área do Direito foi mais lenta, no período dos
reinados de D. Afonso I até o reinado de D. Fernando (1325 a 1367), porém ainda assim,
podemos destacar alguns fatos dessa época:
No reinado de Dom Duarte (1433 – 1438) houve uma forte reacção contra o feudalismo cujo
poder crescera bastante, essa reacção deu origem a Lei Mental de 1434. Essa lei visava limitar o
campo de influência da nobreza, que havia adquirido muita força com as doações recebidas da
Coroa portuguesa. Sua eficácia baseava-se em dois pontos básicos: a sucessão dos bens doados
pela Coroa só poderia ser admitida o filho varão mais velho com exclusão dos demais
descendentes, condescendentes e colaterais; a nobreza já não poderia prescindir do arbítrio do rei
em questões antes deixadas à sua decisão, sob pena de ser degredado por cinco anos aquele que
invocasse a protecção de outro senhor que não fosse o soberano.
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Devido à Lei Mental, o feudalismo não se desenvolveu em Portugal tanto quanto em vários
outros países da Europa. Essa lei foi considerada contrária ao direito e à justiça na vigência das
Leis Afonsinas e só foi inserida mais tarde nas Ordenações Manuelinas de 1521.
Após o início da codificação das leis, ainda se passaria mais de meio século até que se desse a
promulgação das Primeiras Ordenações do Reino, que foram promulgadas em 1446 - as
Afonsinas foram substituídas em 1521 pelas Manuelinas e estas pelas Filipinas em 1603.
A matéria contida nas três ordenanças eram as mesmas, embora o conteúdo tivesse pontos
divergentes.
As leis Afonsinas resultaram de um vasto trabalho de consolidação das leis promulgadas desde
Afonso II, das resoluções das cortes desde Afonso IV e das concordatas de D. Dinis, D. Pedro e
D. João, da influência do direito canónico e Lei das Sete Partidas, dos costumes e usos; as
Ordenações Manuelinas formaram-se da reunião das leis extravagantes promulgadas até então, e
das Ordenações Afonsinas e por último, as Ordenações Filipinas eram formadas pelas
disposições das Ordenações Manuelinas e de outras decorrentes das reformas legislativas que se
processaram no século XVI.
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Durante as vigências das Ordenações havia um fluxo constante de leis suplementares e
extravagantes. Essas leis foram compiladas, em 1569, durante o reinado de D. Sebastião por
Duarte Nunes de Leão, gerando o chamado Código Sebastiânico, que vigorou ao lado das
Ordenações Manuelinas. Duarte Nunes Leão fez mais do que simplesmente compilar; ao reunir
tantas leis esparsas, ele sintetizou seu conteúdo preceptivo e, de facto, compôs uma obra
realmente nova. A obra desse jurista se dividiu em seis partes:
O Marquês de Pombal criou a Lei da Boa Razão de 1769, através da qual se fixaram os limites
de aplicação subsidiária do direito romano em Portugal, ela serviu para elucidar a regra de
aplicação do direito romano em Portugal ele também reformou os Estatutos da Universidade de
Coimbra em 1772, o que possibilitou um avanço no ensino do Direito em Portugal.
A Lei de Portugal faz parte da mesma família do sistema legal continental. Até finais do século
XIX, o direito francês foi a principal influência. Desde então, o direito alemão tem sido a
principal influência.
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1.6 Fontes do Direito Português
É a Lei, que tem carácter imediato, e como fontes mediatas temos o costume, a doutrina, os
assentos, a jurisprudência e os princípios gerais do Direito que tem carácter mediato.
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Estado e materializar a teoria da separação de poderes, introduzindo a clara distinção entre os 03
poderes: Executivo, Legislativo e Judicial.
Ao longo dos 37 anos de independência, tem sido notória a crescente produção legislativa num
esforço de introduzir no ordenamento jurídico, leis que se coadunem com o actual contexto sócio
- económico. Contudo, ainda existem dispositivos legais aprovados antes da independência que
ainda se mantêm em vigor, por exemplo o Código Penal e respectivo Código de Processo, com a
ressalva de que qualquer disposição neles contidos que contrariem a constituição é afastada por
via da sua inconstitucionalidade.
Tarefa mais árdua reside o campo do Costume, que no nosso entender poderia ser uma
importante fonte do Direito no país, contudo, tal como nos referimos na unidade I, a diversidade
sócio-cultural, não ajuda na uniformização das práticas costumeiras, que para terem valor e
cunho jurídico, exigem a prática social reiterada e a convicção generalizada da sua
obrigatoriedade, difícil de obter pelas razões atrás referidas.
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2.2 Fontes do Direito Moçambicano
Caro Estudante, a problemática em torno das fontes do direito foi já objecto de análise na
Unidade Didáctica Nº.1 e recordamo-lo que são: a Lei, que tem carácter imediato bem como o
costume, a doutrina e jurisprudência, estas com carácter mediato.
Tarefas
2. Proceda ao estudo comparativo das fontes de Direito, nos Direitos Romano, Português e
Moçambicano.
Auto-avaliação
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Chave-de-correcção
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Por força da diversidade do mosaico sócio-cultural, aliado ao facto de o costume por
vezes não ser de prova fácil prová-lo, por se ia em causa a convicção de obrigatoriedade,
um dos elementos do costume, pelo seria difícil a sua consagração como fonte de Direito
em Moçambique.
4. As fontes do direito são a Lei, que têm carácter imediato bem como o costume, a doutrina e
jurisprudência, estas com carácter mediato.
5. Pertencem à chamada família do Direito Romano-Germânico também designada por Direito
Continental.
Resumo
Caro estudante, chegámos ao fim da Unidade Didáctica nº 2. Nesta unidade importa reter o
seguinte:
A herança cultural portuguesa com certeza influenciou o nosso sistema jurídico actual,
entender e estudar todos esses factos históricos, certamente não nos fará resolver
problemas contemporâneos, porém se os conhecermos, analisarmos, e tivermos uma
postura crítica, com toda certeza serão extremamente úteis para a compreensão dos
problemas existentes actualmente.
Apesar de Moçambique ser um país jovem, assiste-se uma enorme produção e aprovação
de leis, que é a fonte imediata do Direito, tendentes a adequar a realidade actual a
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normação dos mais variados aspectos da vida política, económica, social e cultural do
país.
Bibliografia
1. Altavila, J. (2006). Origem do Direito dos Povos. 11ª Ed São Paulo, Ícone
4. Castro, F. L. (2007). História do Direito Geral e Brasil. Rio de Janeiro, Lúmen Júris
7. Nascimento, V. V. (2006). Lições de História do Direito. 15º Ed. São Paulo, Forense
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Legislação
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