Você está na página 1de 5

- Não dá pra falar sobre isso agora – Courtney disse em voz séria – Eu só estou livre porque

estou morta Em, ninguém procura mortos em rodoviárias, sinto muito.

Disse e desligou, Emily encarou o celular indignada.

Ninguém procura mortos... – Emily pensou, concordando com Courtney.

Emily olhou para frente, ela tinha a visão da praia vazia, o único barulho eram os das ondas
do mar, parecia que uma tempestade vinha.

Será? – Emily pensou encarando o mar, se levantou e limpou suas calças caminhando até o
mar.

Ela colocou a mão na água, sentindo a correnteza. Ela não se lembrava da última vez que
tinha nadado num mar, principalmente um com ondas tão grandes.

Emily tinha parado de nadar já a quase um ano graças a fratura que ela tinha no ombro
graças a -A. As chances de ela aguentar aquela tempestade eram mínimas, mas não dava pra ficar ali
ela é suas prováveis ex-amigas iriam ser acusadas por um crime que elas não cometeram, e ainda
achavam que ela tinha ajudado de alguma forma Alison.

Ela tinha que ajudar Courtney, e juntas iriam trazer a Alison para a cadeia e forçar ela a
confessar tudo o que tinha feito, quem sabe assim as meninas as perdoavam por terem mentido
tanto?

Ela respirou fundo, voltou ao hotel e pegou um papel com o recepcionista. Nele ela escreveu
um pequeno texto de despedida, voltou para a parte de fora do hotel e jogou sua jaqueta com seu
celular e o papel no meio da praia.

Emily foi para parte que ela achou mais rasa do mar, escondida esperando e torcendo para
que suas amigas saíssem para procurá-la. O seu celular descartável acabou molhando, mas não tinha
muito problema ela já tinha decorado o número de Courtney a um tempo, era só comprar outro.

No quarto as meninas conversavam, pensaram e discutiram muito até chegar à conclusão


que mesmo que Emily tivesse mantido contato com Alison ela nunca deixaria ou ajudaria Alison a
fazer algum mal a elas.

Poxa, Emily teria impedido elas de caçar Alison, se não fosse o que ela disse ao Wren ele
nunca teria dado a localização da casa de sua avó, e o mais óbvio: Emily não teria deixado suas
digitais na casa da avó do Wren em Cape May, ela não estaria sendo julgada também.

Decidida e envergonhada Spencer decidiu descer a recepção atrás de Emily, para pedir
desculpas e obter mais informações sobre seu relacionamento com Alison. Mas ela não estava lá
então foram para o lado de fora, onde tinha acabado de começar a clarear.

O primeiro lugar que Spencer verificou foi o carro de Hanna, mas ainda estava no espaço do
estacionamento; Emily não estava lá dentro. Ela correu para a piscina; a superfície estava coberta
pelo vento, mas ninguém estava nadando. Ela olhou para a calçada, em seguida, na outra direção. As
ruas estavam vazias.

Era evidente que uma tempestade estava se aproximando; a maioria das pessoas
provavelmente tinha ido embora. Ninguém iria para a praia em um dia como hoje.

E então ela se deu conta de algo.


Spencer correu ao redor do lado do hotel em direção ao caminho da praia. Ela caminhou e
desceu as escadas novamente, tropeçando sobre as dunas. Quando ela viu a jaqueta de Emily em no
meio da areia, a vasculhando viu um bilhete:

Eu simplesmente não consigo mais fazer isso. Vocês são muito mais fortes do que eu. Por
favor, não venham atrás de mim. Eu sinto muito...

Spencer soltou um grito embargado e abafado. Ela não pode ter feito isso. Ela não faria isso.

— Spence?

Spencer se virou. Hanna e Aria estavam atrás dela, ainda de pijama. Ambas estavam pálidas.
— O que está acontecendo? — Aria resmungou com medo, olhando para Spencer como se ela
tivesse enlouquecido. — Encontrou a Emily?

— Ela está... — Spencer disse, mas então ela percebeu o olhar no rosto de Hanna. Hanna
estava olhando para a água. Ela estendeu um dedo trêmulo, e Spencer se virou para seguir seu
olhar. Lá, além das ondas, muito visível, havia uma cabeça escura de uma menina.

— Não! — Spencer gritou, cortando a praia em direção à água. Emily afundou nas ondas
com os braços estendidos. Uma onda bateu em cima dela, e ela desapareceu.

Spencer voltou-se para suas amigas, que tinham se aproximado também. — Ela vai morrer lá
dentro!

— Deveríamos ligar para o 911 — disse Hanna, pegando o celular.

— Não dá tempo! — Spencer tirou o short. — Eu vou atrás dela.

Aria segurou o braço dela.

— Você também vai morrer!

Mas Spencer tirou os chinelos e foi correndo para a água espumosa. De jeito algum ela iria
deixar o oceano engolir Emily.

Isso era culpa dela: Ela tinha jogado a culpa de tudo em Emily.

Ela sabia o quanto essa coisa com Ali a havia perturbado, e ela tinha sentido as tempestades
turbulentas que estavam se formando na cabeça de Emily.

A água estava fria, mas ela seguiu em frente para as profundezas, mal sentindo a
temperatura em seus pés e panturrilhas. A primeira onda atingiu-a de lado, quase levando-a até a
areia. Spencer olhou por cima do ombro para Hanna e Aria na costa. Hanna estava gritando algo em
seu celular. Aria estava com as mãos em concha em volta da boca, provavelmente pedindo para
Spencer voltar. Spencer se virou, e avistou a cabeça de Emily à distância.

— Em! — ela gritou, se arrastando na direção dela. Ela achou que Emily a tinha ouvido,
porque ela se virou e pareceu olhar na direção de Spencer. Mas, então, uma onda caiu sobre sua
cabeça, e ela desapareceu.

— Em! — Spencer gritou novamente, mergulhando sob a próxima onda. A correnteza


atingiu-a de lado, e ela fez uma rotação completa antes de ser jogada para a superfície. Ela olhou
para o horizonte novamente. A cabeça de Emily balançou por cima das ondas por uma fração de
segundo.
— Emily! — Spencer berrou, nadando. Outra onda arrastou-a para baixo. A força dela
empurrou Spencer até o fundo, jogando-a para baixo sem trazê-la de volta para cima. De repente,
ela não tinha mais ar sobrando em seus pulmões. Ela se debateu e tateou, mas a correnteza era
muito forte.

Oh meu Deus. Eu realmente posso morrer – Spencer pensou.

Ela finalmente chegou à superfície. Respirando com dificuldade, ela olhou para a distância.
Emily iria conseguir sair daqui? Borrões se formaram nos olhos de Spencer. Ela já estava esgotada.
Ela não sabia nadar tanto assim. As outras estavam certas: Esta era uma péssima ideia. Ela tinha que
voltar.

Mas quando Spencer voltou para a costa, suas amigas pareciam tão distantes. A correnteza a
tinha puxado muito para dentro do mar. A mente de Spencer dispersou. Você deveria fazer algo para
sair de uma correnteza, mas o quê? Ela começou a nadar para a costa, mas a correnteza empurrou-a
para trás. Ela tentou de novo — sem sorte. Seus músculos ardiam. Seus pulmões doíam. As ondas
batiam por cima de sua cabeça, e seus olhos ardiam com o sal.

Hanna e Aria pareciam cada vez mais frenéticas na costa. Mais pessoas também se reuniram,
as palmas das suas mãos sobre suas bocas. Spencer nadou com força, sabendo que se ela
continuasse tentando, ela conseguiria.

Mas quando a próxima onda caiu sobre sua cabeça, seu corpo afundou como uma pedra.
Seu braço torceu desajeitadamente atrás dela para trás, batendo no fundo do oceano. Ela prendeu a
respiração e tentou lutar para chegar à costa, mas seus braços não funcionavam mais. A correnteza
a jogou para a frente e para trás.

— Spencer. Spencer.

Spencer nadou até a consciência. Um círculo branco quase a cegou, e ela cobriu os olhos
desmaiando.

...

— O-o que está acontecendo? – Spencer perguntou quando acordou, parecendo grogue.

— Você está em um hospital da Filadélfia — o Sr. Hastings disse. — Você foi tirada do
oceano há algumas horas.

Alguém apareceu sobre ela. Era uma mulher em um uniforme da polícia.

— Senhorita Hastings? — ela disse com firmeza. — Sou a Tenente Agossi da agência de
polícia da Filadélfia. Vocês não deveriam ter deixado o estado, senhorita Hastings. O que vocês
estavam fazendo em Nova Jersey? Vocês tinham alguém conhecido lá que estava ajudando-as a
fugir?

A mente de Spencer pareceu nublada.

— O-onde estão as minhas amigas? — ela sussurrou confusa — Onde está Emily? Ela está
bem?

— As senhoritas Marin e Montgomery foram escoltadas para casa para aguardar o início do
julgamento — a oficial disse. — Agora, você vai responder a minha pergunta?
Ela olhou para o pai, que estava olhando para ela com curiosidade. Certamente ele também
tinha dúvidas sobre o que Spencer estava fazendo em Nova Jersey, especialmente depois de ter
conseguido que elas visitassem Wren na prisão. Mas ele não estava em condições de perguntar, não
depois de ter escondido ser o pai de Ali.

Então ela percebeu quem a oficial tinha deixado de fora.

— E quanto a Emily? — ela sussurrou, seu olhar passando rapidamente do oficial para seu
pai. — Eles resgataram-na? Ela está aqui também?

Um olhar estranho tomou conta do rosto do Sr. Hastings. Ele estava prestes a dizer algo,
mas, em seguida, o telefone tocou. Ele olhou para a tela.

— É a sua mãe — ele disse a Spencer. — Eu já volto. — Ele desapareceu pela porta.

Spencer olhou para a oficial.

— Emily está bem? — ela perguntou novamente.

A policial olhou para o walkie-talkie em seu cinto. — Foi um erro vocês irem para Nova
Jersey, senhorita Hastings — ela disse roboticamente. — Até o julgamento, vocês vão ter que usar
uma pulseira de monitoramento. Vocês vão perder os seus documentos. Vocês não vão poder
dirigir.

O coração de Spencer acelerou, e uma sensação horrível atingiu seu corpo. Algo não estava
certo. Por que ninguém respondia ela? Ela sentou-se na cama da melhor forma que as algemas
permitiam. — O. Que. Aconteceu. Com. Emily?

A oficial incisivamente virou seu olhar para longe. Enjoada, Spencer agarrou o braço dela.

— Por favor — ela resmungou. — Se você sabe de alguma coisa, você tem que me dizer.

A policial arrancou seu braço da mão de Spencer. — Senhorita Hastings — ela disse
bruscamente. — Não me toque. Você não quer ser sedada, não é?

Spencer sentiu-se selvagem.

— Por que você não me diz o que aconteceu com Emily? — ela gritou.

De repente, a porta se abriu. —

Ela está acordada? — uma voz masculina perguntou.

A policial virou-se, parecendo aliviada.

— Sim. E ela está muito agitada.

— Você se importaria de sair? Eu vou falar com ela.

Spencer fez uma careta. Havia algo estranhamente familiar na voz. Mas, certamente, era
apenas sua mente pregando peças

- Spencer? Você está bem – A pessoa se aproximou, era o Toby.

Spencer estava tão estranha que nem conseguiu ficar feliz.

— Eu estou bem — ela disse em uma voz baixa — Mas eu preciso saber o que aconteceu
com Emily — ela sussurrou, com a voz trêmula. — Por favor, diga. Ela está...
O olhar de Toby caiu sobre a cama, e só assim, Spencer teve certeza. Ele colocou a mão
quente e reconfortante em seu braço.

— Spencer, eu sinto muito. A equipe de resgate ainda está procurando-a, mas eles têm
bastante certeza de que ela... se foi.

Você também pode gostar