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EXCELENTÍSSIMO SENHOR MINISTRO PRESIDENTE DO EGRÉGIO SUPREMO

TRIBUNAL FEDERAL

SINDICATO DOS TRABALHADORES NA SAÚDE DA GRANDE


FLORIANÓPOLIS, pessoa jurídica de direito privado, inscrito no CNPJ sob o nº.
83.XXXXX/0001-28, com endereço na rua Frei Evaristo, nº. 77, CEP: 88015-410,
Florianópolis/SC, representado por sua Presidente EDILEUZA GARCIA FORTUNA ,
portadora da Cédula de Identidade n. 00000-00, inscrita no CPF sob nº000.000.000-
00, encontradiça no mesmo endereço, vem à presença de Vossa Excelência, por
seus procuradores, e instrumento de procuração anexa, com escritório profissional
situado na rua Feliciano Nunes Pires, 55, Centro, Florianópolis/SC, CEP XXXXX-220
, onde recebem intimações, vem ante V. Exa, nos termos do art. 5º, LXXI da
Constituição da República Federativa do Brasil impetrar

MANDADO DE INJUNÇÃO COLETIVO

em face do nome, na pessoa do Advogado Geral da União, em razão da


mora na regulamentação do art. 40, § 4º, I da Constituição da República Federativa
do Brasil.

I - O OBJETO DO PRESENTE MANDADO DE INJUNÇÃO

O presente mandado de injunção tem como objeto a supressão da mora


legislativa decorrente da ausência de regulamentação do art. 40, § 4º, I da CRFB,
com a seguinte redação:

Art. 40. Aos servidores titulares de cargos efetivos da União, dos Estados,
do Distrito Federal e dos Municípios, incluídas suas autarquias e fundações, é
assegurado regime de previdência de caráter contributivo e solidário, mediante
contribuição do respectivo ente público, dos servidores ativos e inativos e dos
pensionistas, observados critérios que preservem o equilíbrio financeiro e atuarial e
o disposto neste artigo.

[...]

§ 4º É vedada a adoção de requisitos e critérios diferenciados para a concessão de


aposentadoria aos abrangidos pelo regime de que trata este artigo, ressalvados, nos
termos definidos em leis complementares, os casos de servidores:
I - portadores de deficiência;

[...]

Tendo em vista a ausência de regulamentação do dispositivo acima,


através da respectiva Lei Complementar, os Servidores Públicos não podem acessar
este benefício previdenciário.

Embora previsto na Constituição Federal, os servidores públicos estaduais


representados pela impetrante ficam impossibilitados de até mesmo postularem tal
direito ante a ausência de regulamentação do art. 40, § 4º, I, da CRFB.

Por que razão, esta entidade sindical impetra o presente mandado cujos
fundamentos seguem abaixo.

II - A LEGITIMIDADE ATIVA DO IMPETRANTE

O presente na condição de substituto processual, conforme lhe faculta o


art. 8º, III da Constituição Federal, in verbis :

Art. 8º. É livre a associação profissional ou sindical, observado o seguinte:

[...]

III - ao sindicato cabe a defesa dos direitos e interesses individuais e


coletivos da categoria, inclusive em questões judiciais e administrativas.

Dispõe a CLT, em seu artigo 513, letra a:

Art. 513. São prerrogativas dos Sindicatos:

a) representar, perante as autoridades administrativas e judiciárias, os


interesses gerais da respectiva categoria ou profissão liberal ou os interesses
individuais dos associados relativos à atividade ou profissão exercida.

Consoante estabelece o artigo 6º do Código de Processo Civil, "ninguém


pode pleitear, em nome próprio, direito alheio, salvo quando for autorizado por lei". E
no presente caso o requerente pleiteia em nome próprio direito de seus
representados (categoria).

Em face do exposto, constata-se, de forma inequívoca, que o é legítimo


substituto processual, nos termos do inciso III do artigo 8º da Constituição Federal já
transcrito, que é repetido, ainda, na Lei 8.073, de 30.07.90, artigo 3º, que
estabelece:

Art. 3º. As entidades sindicais poderão atuar como substitutos processuais


dos integrantes da categoria.
Portanto, os Trabalhadores na Saúde da Grande Florianópolis é parte
legítima para impetrar o presente mandado.

III - A APLICAÇÃO DA LEI COMPLEMENTAR N. 142/2013 ANTE A AUSÊNCIA DE


LEI COMPLEMENTAR PARA REGULAMENTAR O ART. 40, § 4º, I, DA CRFB/88.

Diante da ausência de norma regulamentadora do art.


40, § 4º, I, da CRFB, a omissão legislativa deve, segundo
jurisprudência consolidada neste Tribunal, ser suprida através da
aplicação da Lei Complementar n. 142/2013, que dispõe sobre a
aposentadoria especial para os portadores de necessidades
especiais no âmbito do Regime Geral de

Previdência Social. A referida norma disciplina a


aposentadoria especial nos seguintes termos:

Art. 1º Esta Lei Complementar regulamenta a


concessão de aposentadoria da pessoa com deficiência
segurada do Regime Geral de Previdência Social - RGPS de
que trata o § 1o do art. 201 da Constituição Federal.

Art. 2º Para o reconhecimento do direito à


aposentadoria de que trata esta Lei Complementar, considera-se
pessoa com deficiência aquela que tem impedimentos de longo
prazo de natureza física, mental, intelectual ou sensorial, os
quais, em interação com diversas barreiras, podem obstruir sua
participação plena e efetiva na sociedade em igualdade de
condições com as demais pessoas.

Art. 3º É assegurada a concessão de aposentadoria


pelo RGPS ao segurado com deficiência, observadas as
seguintes condições:

I - aos 25 (vinte e cinco) anos de tempo de


contribuição, se homem, e 20 (vinte) anos, se mulher, no caso
de segurado com deficiência grave;

II - aos 29 (vinte e nove) anos de tempo de


contribuição, se homem, e 24 (vinte e quatro) anos, se mulher,
no caso de segurado com deficiência moderada;

III - aos 33 (trinta e três) anos de tempo de


contribuição, se homem, e 28 (vinte e oito) anos, se mulher, no
caso de segurado com deficiência leve; ou

IV - aos 60 (sessenta) anos de idade, se homem, e 55


(cinquenta e cinco) anos de idade, se mulher,
independentemente do grau de deficiência, desde que cumprido
tempo mínimo de contribuição de 15 (quinze) anos e
comprovada a existência de deficiência durante igual período.
Parágrafo único. Regulamento do Poder Executivo
definirá as deficiências grave, moderada e leve para os fins
desta Lei Complementar.

Art. 4º A avaliação da deficiência será médica e


funcional, nos termos do Regulamento.

Art. 5º O grau de deficiência será atestado por perícia


própria do Instituto Nacional do Seguro Social - INSS, por meio
de instrumentos desenvolvidos para esse fim.

Art. 6º A contagem de tempo de contribuição na


condição de segurado com deficiência será objeto de
comprovação, exclusivamente, na forma desta Lei
Complementar.

§ 1º A existência de deficiência anterior à data da


vigência desta Lei Complementar deverá ser certificada,
inclusive quanto ao seu grau, por ocasião da primeira avaliação,
sendo obrigatória a fixação da data provável do início da
deficiência.

§ 2º A comprovação de tempo de contribuição na


condição de segurado com deficiência em período anterior à
entrada em vigor desta Lei Complementar não será admitida por
meio de prova exclusivamente testemunhal.

Art. 7º Se o segurado, após a filiação ao RGPS,


tornar-se pessoa com deficiência, ou tiver seu grau de
deficiência alterado, os parâmetros mencionados no art. 3o
serão proporcionalmente ajustados, considerando-se o número
de anos em que o segurado exerceu atividade laboral sem
deficiência e com deficiência, observado o grau de deficiência
correspondente, nos termos do regulamento a que se refere o
parágrafo único do art. 3o desta Lei Complementar.

Art. 8º A renda mensal da aposentadoria devida ao


segurado com deficiência será calculada aplicando-se sobre o
salário de benefício, apurado em conformidade com o disposto
no art. 29 da Lei no 8.213, de 24 de julho de 1991, os seguintes
percentuais:

I - 100% (cem por cento), no caso da aposentadoria


de que tratam os incisos I, II e III do art. 3o; ou

II - 70% (setenta por cento) mais 1% (um por cento)


do salário de benefício por grupo de 12 (doze) contribuições
mensais até o máximo de 30% (trinta por cento), no caso de
aposentadoria por idade.
Art. 9º Aplicam-se à pessoa com deficiência de que
trata esta Lei Complementar:

I - o fator previdenciário nas aposentadorias, se


resultar em renda mensal de valor mais elevado;

II - a contagem recíproca do tempo de contribuição na


condição de segurado com deficiência relativo à filiação ao
RGPS, ao regime próprio de previdência do servidor público ou
a regime de previdência militar, devendo os regimes compensar-
se financeiramente;

III - as regras de pagamento e de recolhimento das


contribuições previdenciárias contidas na Lei no 8.212, de 24 de
julho de 1991;

IV - As demais normas relativas aos benefícios do


RGPS;

V - A percepção de qualquer outra espécie de


aposentadoria estabelecida na Lei nº 8.213, de 24 de julho de
1991, que lhe seja mais vantajosa do que as opções
apresentadas nesta Lei Complementar.

Art. 10º. A redução do tempo de contribuição prevista


nesta Lei Complementar não poderá ser acumulada, no tocante
ao mesmo período contributivo, com a redução assegurada aos
casos de atividades exercidas sob condições especiais que
prejudiquem a saúde ou a integridade física.

Art. 11º. Esta Lei Complementar entra em vigor após


decorridos 6 (seis) meses de sua publicação oficial.

Brasília, 8 de maio de 2013.

DILMA ROUSSEFF

Desta forma, devida a ausência de Lei Complementar regulamentadora do


dispositivo constitucional, inexiste o direito dos servidores à aposentadoria com
tempo reduzido em razão das necessidades especiais, criando uma verdadeira
desigualdade em relação aos trabalhadores celetistas, tendo em vista que estes
podem acessar o direito já que a aposentadoria especial está regulamentada pela
Lei Complementar 142 de 2013.
A aplicação das regras previstas no Regime Geral de Previdência para os
servidores públicos vêm sendo admitida pelo STF no julgamento de vários
Mandados de Injunção, conforme se demonstra:

MANDADO DE INJUNÇÃO - NATUREZA. Conforme disposto


no inciso LXXI do artigo 5º da Constituição Federal, conceder-
se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há ação
mandamental e não simplesmente declaratória de omissão. A
carga de declaração não é objeto da impetração, mas premissa
da ordem a ser formalizada. MANDADO DE INJUNÇÃO -
DECISÃO - BALIZAS. Tratando-se de processo subjetivo, a
decisão possui eficácia considerada a relação jurídica nele
revelada. APOSENTADORIA - TRABALHO EM CONDIÇÕES
ESPECIAIS - PREJUÍZO À SAÚDE DO SERVIDOR -
INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR - ARTIGO 40, § 4º,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Inexistente a disciplina
específica da aposentadoria especial do servidor, impõe-se a
adoção, via pronunciamento judicial, daquela própria aos
trabalhadores em geral - artigo 57, § 1º, da Lei nº 8.213/91.
APOSENTADORIA ESPECIAL - SERVIDOR PÚBLICO -
TRABALHO EM AMBIENTE INSALUBRE - PARÂMETROS. Os
parâmetros alusivos à aposentadoria especial, enquanto não
editada a lei exigida pelo texto constitucional, são aqueles
contidos na Lei nº 8.213/91, não cabendo mesclar sistemas
para, com isso, cogitar-se de idade mínima. ( MI XXXXX/DF. Rel.
Min. Marco Aurélio. Julg. 02.08.2010. DJE de 03.09.2010).

Considerando as reiteradas decisões do STF acerca deste tema, este


Tribunal aprovou em abril de 2014 a Súmula Vinculante nº 33 que consolida o
entendimento acerca da aposentadoria especial dos servidores públicos, decorrente
do exercício de atividades prejudiciais à saúde e à integridade física:

Aplicam-se ao servidor público, no que couber, as regras do regime geral


da previdência social sobre aposentadoria especial de que trata o artigo 40, § 4º,
inciso III da Constituição Federal, até a edição de lei complementar específica.

Embora não coberta pela referida súmula, este E. Tribunal reconheceu


que, após a promulgação da Lei Complementar nº 142/2013 os servidores públicos
portadores de necessidades especiais, também fazem jus à aposentadoria especial,
aplicando-se, desta forma, os critérios daquela norma para fim de concessão do
benefício.

Ainda que se possa afastar o reconhecimento da prejudicialidade, em


razão da falta de pertinência do que se contém na Súmula Vinculante 33/STF,
considerado o contexto ora em exame (pessoa portadora de deficiência), o fato
irrecusável é que, com a superveniência da Lei Complementar 142, de 08/05/2013,
esta Corte - ao estender à situação de servidores portadores de deficiência (ou de
necessidades especiais), por 'analogia legis', referido diploma legislativo - tem
rejeitado pretensões recursais que buscam reformar decisões, como a proferida
nesta causa, que reconheceu, em favor de agentes públicos nas condições do art.
40, § 4º, I, da Constituição Federal, o direito à aposentadoria especial.
Com efeito, o Supremo Tribunal Federal, firmou entendimento no sentido
de ser aplicável, por analogia, à aposentadoria especial do servidor público portador
de deficiência, a Lei Complementar 142, de 08/05/2013, editada para disciplinar a
aposentação de pessoa com deficiência (ou com necessidades especiais) segurada
do Regime Geral de Previdência Social ( CF, art. 201, § 1º), como se vê de inúmeros
precedentes (...)."( MI 3322 AgR-segundo-ED-ED-AgR, Relator Ministro Celso de
Mello, Tribunal Pleno, julgamento em 1º.8.2014, DJe de 30.10.2014).

Portanto, resta evidente a necessidade de aplicação da Lei


Complementar nº 142/2013 para o conjunto dos servidores públicos do Estado de
Santa Catarina portadores de necessidades especiais e que mantém a qualidade de
segurados no Iprev - Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina, até que
advenha a Lei Complementar a que se refere o art. 40, § 4º da CRFB.

IV - O EFEITO MANDAMENTAL DA MEDIDA

Não faria o menor sentido constar no amplo rol de direitos e garantias


fundamentais do art. 5º da CRFB/88 um instrumento que se prestaria apenas à mera
declaração da mora legislativa na regulamentação de norma constitucional.

Desta forma, o atual posicionamento desta Egrégia Corte sobre a


natureza mandamental da Sentença em sede de mandado de injunção é a seguinte:

MANDADO DE INJUNÇÃO - NATUREZA. Conforme disposto


no inciso LXXI do artigo 5º da Constituição Federal, conceder-
se-á mandado de injunção quando necessário ao exercício dos
direitos e liberdades constitucionais e das prerrogativas
inerentes à nacionalidade, à soberania e à cidadania. Há ação
mandamental e não simplesmente declaratória de omissão. A
carga de declaração não é objeto da impetração, mas premissa
da ordem a ser formalizada. MANDADO DE INJUNÇÃO -
DECISÃO - BALIZAS. Tratando-se de processo subjetivo, a
decisão possui eficácia considerada a relação jurídica nele
revelada. APOSENTADORIA - TRABALHO EM CONDIÇÕES
ESPECIAIS - PREJUÍZO À SAÚDE DO SERVIDOR -
INEXISTÊNCIA DE LEI COMPLEMENTAR - ARTIGO 40, § 4º,
DA CONSTITUIÇÃO FEDERAL. Inexistente a disciplina
específica da aposentadoria especial do servidor, impõe-se a
adoção, via pronunciamento judicial, daquela própria aos
trabalhadores em geral - artigo 57, § 1º, da Lei nº 8.213/91.
APOSENTADORIA ESPECIAL - SERVIDOR PÚBLICO -
TRABALHO EM AMBIENTE INSALUBRE - PARÂMETROS. Os
parâmetros alusivos à aposentadoria especial, enquanto não
editada a lei exigida pelo texto constitucional, são aqueles
contidos na Lei nº 8.213/91, não cabendo mesclar sistemas
para, com isso, cogitar-se de idade mínima. ( MI XXXXX/DF. Rel.
Min. Marco Aurélio. Julg. 02.08.2010. DJE de 03.09.2010).
Sendo assim, visando buscar a ampla efetividade à medida, faz-se
necessária a intimação do IPREV - Instituto de Previdência do Estado de Santa
Catarina, pois caberá a esta entidade apreciar e deferir, quando for o caso, os
pedidos de aposentadoria especial.

V - OS PEDIDOS

Face todo o exposto, é esta para requerer:

a) Seja o recebido o presente mandado injunção para ser apreciado por esta E.
Corte, sendo julgado procedente para conceder a ordem de injunção ao impetrante,
reconhecendo a mora legislativa do impetrado, a fim de integrar a norma
constitucional e assegurar o exercício do direito disposto no art. 40, § 4º, I da
Constituição Federal de 1988 ao conjunto dos servidores públicos do Estado de
Santa Catarina que preencherem os requisitos para aposentadoria especial, nos
termos da Lei Complementar nº 142/2013;

b) Seja dado efeito mandamental ao presente mandado, determinando a aplicação


da Lei Complementar nº 142/2013, para fins de processamento e concessão de
aposentadoria especial dos representados pelo impetrante, junto à Autoridade
Administrativa competente no caso, qual seja, o IPREV - Instituto de Previdência do
Estado de Santa Catarina;

c) Seja notificado o impetrado na pessoa do representante legal do Nome- Advogado


Geral da União, para, querendo, responder os termos da presente ação;

d) Seja intimado o IPREV - Instituto de Previdência do Estado de Santa Catarina,


pessoa jurídica de direito público interno, inscrita no CNPJ sob o n. 00.XXXXX/0000-
00, representado por seu Nome, que recebe citação na Endereço, CEP: 00000-000,
para que cumpra a ordem de injunção determinada por esta Corte;

e) A intimação do Ministério Público Federal para apresentar seu parecer;

f) Seja, ao final, julgada procedente a presente ação de mandado de injunção, com a


condenação do impetrado no pagamento das custas processuais, honorários
advocatícios e demais cominações legais.

Dá-se à presente causa o valor de R$ 0.000,00.

Pede Deferimento.

LOCAL/DATA

ADVOGADO
OAB

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