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Modulo 4 Bernoulli Aristóteles e Helenismo
Modulo 4 Bernoulli Aristóteles e Helenismo
FILOSOFIA A 04
A verdade está no mundo real
e a busca pela felicidade:
Aristóteles e o Helenismo
ARSTTELES: MORTÂNCA As diferenças e objeções
A REALAE SENSORAL entre Aristóteles e latão
Para se conhecer Aristóteles, é necessário antes
Vida e contexto histórico compreender a losoa platônica. Isso porque muito da
losoa aristotélica se apresenta como uma crítica à posição
losóca de Platão. Isso pode dar a impressão de inimizade
ou oposição entre os dois, mas, ao contrário, Aristóteles oi
um genuíno platônico, principalmente por desenvolver uma
visão crítica, ou seja, por ser um lósoo propriamente dito,
aquele que busca o saber com seu próprio esorço e atitude.
Dedução: é o processo de raciocínio que acontece É a partir das experiências da realidade empírica que as
unicamente a partir do pensamento, sem o uso de pessoas devem estabelecer denições essenciais dos seres e
experiências para se alcançar a conclusão. Na dedução atingir o universal, que é o objetivo da metaísica. Para isso,
(ou silogismo), tem-se uma premissa (denominada maior), o sujeito cognoscente deve partir dos dados sensíveis que
dizendo respeito a um conjunto dos seres, em uma perspectiva lhe mostram o individual e o concreto para alcançar, por um
geral. A seguir, temos uma premissa (denominada menor) processo de indução (da experiência dos seres particulares para
um conceito geral), as verdades universais ou essências dos
que pode se reerir a esse conjunto de seres tanto em uma
seres. Dessa orma, o conceito universal seria um produto do
perspectiva geral quanto particular. Por m, alcança-se uma
intelecto humano e não uma ideia em si e por si buscada em
conclusão particular ou geral acerca do conjunto reerido.
outra realidade, como queria Platão. Assim, para Aristóteles,
Um exemplo clássico de um raciocínio dedutivo é:
o ser humano poderia alcançar as estruturas primeiras dos
seres – o objeto da metaísica –, que seriam os conceitos gerais
Todo ser humano Premissa maior – geral:
obtidos por meio dos dados capturados pelos cinco sentidos.
FILOSOFIA
Diz respeito a todos
é mortal. os seres humanos.
Para compreendermos como é possível alcançar o
conhecimento dos seres, precisamos antes entender
Sócrates é um Premissa menor – particular:
Se reere a um ser especíco, alguns conceitos undamentais da teoria do conhecimento
ser humano. no caso, Sócrates. de Aristóteles.
• Acidente: é a característica circunstancial do ser. Aquilo Causa material: é a matéria de que a coisa é eita.
que varia entre os seres da mesma categoria sem, Exemplo: A madeira é a matéria de que a cadeira é eita,
no entanto, atingir ou modiicar a sua essência. logo, a causa material da cadeira é a madeira.
A pessoa ser alta ou baixa, magra ou gorda é um caso Causa formal: é a essência que constitui a coisa. É o
de características acidentais. Já a pessoa ser racional princípio sem o qual a coisa não seria o que é. É a orma
e política é uma característica essencial. ou modelo do ser.
Exemplo: A cadeira é a orma do objeto que a madeira
Necessidade e contingência adquire para se tornar uma cadeira real.
Juntamente à essência e ao acidente, podemos dierenciar Causa efciente: é aquela que realiza a transormação de
as características do ser em necessárias e contingentes. potência em ato. É o ser que age sobre a potência imprimindo
nela o ato. É o agente da transormação.
• Necessário é a essência ou substância, pois sem elas Exemplo: O carpinteiro é a causa eciente da cadeira.
as coisas não seriam o que são (não pode não ser).
Causa fnal: é o objetivo, o porquê da coisa, a sua nalidade.
• Contingentes são as características não essenciais do Exemplo: O carpinteiro que ez a cadeira para ser utilizada
ser, os acidentes (pode ser ou pode não ser). como assento.
Segundo Aristóteles, todas as coisas existentes têm um
otência e ato propósito, uma nalidade, e deveriam cumprir a nalidade
pela qual existem ou oram criadas.
• Potência: relaciona-se com a matéria. A matéria
madeira é potência, pois pode receber a orma de uma
cadeira, de uma mesa, de um objeto artístico, etc. Ética: a mediania ou justa medida
O bronze é potência da estátua ou de uma moeda,
Após considerar as ciências teoréticas, Aristóteles trata
porque possui a eetiva capacidade de receber e de
das ciências práticas, que dizem respeito ao comportamento
assumir essas ormas. O erro é potência de inúmeros
das pessoas em sociedade e ao im que eles querem
objetos que podemos construir com ele, pois pode
atingir, tanto como indivíduos quanto como seres políticos.
assumir as ormas desses objetos.
O princípio undamental que guia a refexão aristotélica é a
• Ato: relaciona-se com a orma. O ato é a atualização da noção de elicidade. Para o lósoo, todas as ações humanas
orma na potência. O ato é oposto à potência, que é o ser têm um m que devem alcançar, que seria o seu “bem”
na sua capacidade de se desenvolver. Exemplo: A semente último. Todas essas ações, em conjunto, tenderiam para o
é a árvore em potência. A árvore é o ato da semente. bem supremo humano, que é a elicidade.
FILOSOFIA
ele não deve se entregar a esses prazeres, devendo
submetê-los à sua capacidade racional de escolha.
Tais apetites e instintos se opõem à razão, mas podem ser
regulados e submetidos a ela por meio das virtudes éticas.
Média, apresentando características gregas e romanas. Seu início está intrinsecamente ligado à gura de Alexandre, o Grande,
rei da Macedônia, e às suas expedições e conquistas. A igura de Alexandre, conhecido como o maior conquistador e
estrategista da Antiguidade, oi undamental para o enômeno de aculturação de povos que, não sendo gregos ou
orientais, adotaram a cultura e a orma de viver e conceber o mundo dos gregos. Tal enômeno passou a ser reerido
por meio do termo “helenismo” (do grego hellenismós) o qual inicialmente se reeria àqueles que utilizaram o idioma grego
Istambul (atual)
Bizâncio
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Arquivo Bernoulli
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Grécia no século V a.C. Neste mapa, é possível observar as cidades-Estado gregas, bem como a Macedônia.
ATLAS HISTÓRICO ESCOLAR. MEC / Fename.
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nantemente ética, tendo as demais especulações losócas se
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Rio subordinado a esse interesse prático. Alguns lósoos dessa
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CÁSPIO
MACEDÔNIA
Trácia comparando sua arte com a do médico. Dessa orma, assim
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Pella Granicius (334)
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Górdio ANATÓLIA
como os médicos curam os males do corpo, a Filosoa curaria
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Isso (333)
Gaugamela Hecatómpilos Báctria H os males da alma. Seria então, unção da Filosoa cuidar das
(331) CUS
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enermidades da alma causadas pelas alsas crenças e pelos
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ITERRÂNEO Mesopotâmia Susa Bucefalia temores diante da vida e da morte.
FILOSOFIA
Babilônia Proftasia
Alexandria Morte de Alexandre Rio Indus
(323)
Pasárgada Nesse contexto surgem as escolas losócas chamadas
Mênfis
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Oásis de Siwa
estoicismo, epicurismo, ceticismo e cinismo, as quais
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pretendiam apresentar para as pessoas uma nova maneira
DESERTO DA
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de ser e viver a m de levá-las à elicidade.
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Arquivo Bernoulli
Império de Alexandre N
0 450 km
Batalhas
CNSMO
O Império Macedônico conquistado por Filipe e por Alexandre:
A palavra cínico, provavelmente utilizada pela primeira vez
território que se estendia dos Bálcãs à Índia, incluindo o Egito
para se reerir a Diógenes de Sinope, tido como o undador
e a Báctria (aproximadamente, o atual Aeganistão).
dessa escola losóca, provém do grego kynismó ou kynós e
Com a morte do rei Filipe II, Alexandre (356-323 a.C.) do latim cynismu, que signica “cão”. Desse modo, Diógenes e
se tornou rei da Macedônia com apenas 20 anos de idade.
os demais cínicos caram conhecidos como os “cães da cidade”.
No entanto, sua pouca idade não representou empecilho para
o aforar de sua genialidade, sendo considerado uma das A ideia central do cinismo é a mais anticultural das
guras mais importantes da história da Antiguidade. Tendo concepções losócas da Grécia Antiga: Diógenes declarou
construído um dos maiores impérios da História, algumas que toda pesquisa losóca abstrata e teórica, bem como
pessoas de seu tempo chegaram a armar que Alexandre a Matemática, a Física, a Astronomia, a Música e todo e
pertencia à descendência direta de Zeus. qualquer outro tipo de conhecimento teórico, é inútil para
levar o ser humano à elicidade. Essa concepção é claramente
a cultura helênica identicável com sua célebre “procura pelo homem”. Conta-se
para a cultura helenística que Diógenes saía pela cidade, de dia, com uma lanterna
Com as conquistas de Alexandre, a região dominada por na mão, dizendo procurar “um homem que osse justo”.
ele se tornou um só reino. Por consequência, a cultura dos Com isso, ele queria encontrar um só homem que vivesse
helenos, antes preservada somente entre os povos gregos, de acordo com a natureza, longe de todas as convenções
principalmente em Atenas, passou a ser propagada uma vez da sociedade e indierente ao próprio capricho da sorte e
que, por cultuar os ideais gregos, Alexandre, ao dominar os
do destino, sabendo reencontrar sua verdadeira e original
demais povos, diundiu a cultura helena, que oi absorvida,
natureza, vivendo conorme essa essência e, com isso,
de um modo ou de outro, por todos os povos conquistados.
Até mesmo Roma, que mais tarde dominou a Macedônia, alcançando a verdadeira elicidade.
absorveu a cultura grega quando, por exemplo, renomeou
O modo de vida do cínico, em especial de Diógenes,
os deuses gregos e os cultuou em seus ritos religiosos.
resume o porquê de os participantes dessa escola serem
Dentro da nova perspectiva de ser humano, visto agora conhecidos como os “cães”: não se importam com nada,
como indivíduo, ez-se necessário pensar em uma moral não perdem a paz em busca de comida, mas comem o que
que levasse em conta o indivíduo particular de modo que
aparece; não se angustiam porque não têm onde dormir, mas
ele pudesse se constituir em uma orma para que este
encontrasse a elicidade. Dessa maneira, a Filosoa se dirigiu dormem em qualquer lugar e, sobretudo, não têm qualquer
ao ser humano concreto e individual e, em alguma medida, vergonha em azer o que é natural, satisazendo suas
ocupou o lugar antes reservado à antiga pólis e à sua religião. necessidades em rente a todos e quando sentem vontade.
Da mesma orma, de acordo com essa perspectiva três partes, a Física, a Lógica e a Ética, sendo esta última a
losóca, as pessoas deveriam agir sem se preocupar mais importante. Nessa concepção, a Filosoa é vista como
com as convenções sociais ou qualquer norma de conduta. uma árvore, na qual os rutos correspondem à Ética, a raiz
É interessante observar que é o animal que diz para o cínico à Física e o tronco à Lógica.
como ele deve viver e agir, e não o contrário: uma vida sem
Para o estoicismo, o ser humano deve viver segundo o que
metas (metas que a sociedade coloca como necessárias,
é natural. De acordo com essa concepção ética, o ser humano
como obter riquezas e prestígio), uma vida sem necessidade
era o microcosmo da natureza, vista como o macrocosmo.
de moradia xa ou de conorto. Segundo o cinismo, esses
Dessa orma, o microcosmo está submetido ao macrocosmo.
prazeres são criados pelas pessoas e são dispensáveis
Para que o ser humano alcançasse a elicidade verdadeira,
à vida eliz.
suas ações deveriam estar de acordo com o macrocosmo,
Para Diógenes, “quanto mais se eliminam as necessidades ou seja, com aquilo que a natureza determinasse.
supérfuas, mais se é livre”. Tal liberdade pregada pelos
Dentro de sua proposta ética, podemos perceber que o
cínicos se maniestava em todos os sentidos: liberdade da
estoicismo está próximo de um determinismo ou atalismo:
palavra, pois diziam o que queriam da orma que queriam,
as coisas estão determinadas pela sua natureza, e, se assim é, o
sendo considerados, por isso, arrogantes; e liberdade da ser humano deve aceitar tal natureza, tal “destino”, e cumpri-la,
ação, pois aziam o que queriam, em qualquer lugar que azendo sempre o que é correto. Isso não signica que o sujeito
estivessem e diante de qualquer pessoa. não tenha vontade ou capacidade de pensar naquilo que é certo
ou errado, mas que ele deve aceitar o que é inevitável, se or
O ESTOCSMO isso o que a racionalidade do cosmos determinar.
FILOSOFIA
passagem para outra realidade.
Desconhecido / Creative Commons
Epicuro nasceu em Samos e chegou a Atenas em 323 a.C., que a escolha de determinado prazer pode causar.
Na concepção religiosa do epicurismo, não existiria vida é um mal, mas nem todas devem ser evitadas.”
após a morte, uma vez que a própria alma humana é EPICURO. Carta sobre a elicidade (a Meneceu).
ormada também por átomos e, quando a pessoa morre, Tradução de Álvaro Lorencini e Enzo Del Carratore.
São Paulo: Editora da Unesp, 2002. p. 13.
esses átomos são dispersados, retornando à natureza
Segundo a ética epicurista, a pessoa eliz é aquela que é austera e moderada, buscando os prazeres simples e virtuosos,
racionalmente escolhidos. É por isso que o lósoo disse que, de todas as virtudes, a mais valiosa é a prudência, pois é por
meio dela que a pessoa é capaz de discernir os prazeres e escolher os melhores pensando na consequência da escolha dos
prazeres. Assim, Epicuro estabelece uma hierarquia entre os prazeres, dividindo-os em:
1º Prazeres naturais e necessários. Exemplo: beber água suciente para matar a sede.
Segundo Epicuro, os prazeres da primeira categoria devem ser buscados, os da segunda podem ser buscados de vez em
quando, e os da terceira nunca devem ser buscados, pois são insaciáveis e levariam a pessoa à angústia devido à sua ausência.
Sobre o mal e a dor, Epicuro expõe que ambos são inevitáveis. Para ele, o mal ísico ou é acilmente suportável ou, se
é insuportável, dura pouco e leva à morte. E a morte não deve ser vista com medo ou como um mal em si, já que ela é a
suspensão dos sentidos. Epicuro, em sua Carta, diz que “quando ela [a morte] está presente, nós não estamos, e quando nós
estamos presentes, ela não está presente”, por isso, a morte não deve representar nada para o ser humano. Já em relação aos
males da alma, Epicuro arma que a Filosoa é capaz de curá-los e de libertar completamente o ser humano de tais males.
Studio Kalablu
Seguindo esses princípios, qualquer pessoa poderá alcançar A ideia central do ceticismo é, portanto, que o ser humano
a ataraxia, a paz interior, a absoluta imperturbabilidade, não pode encontrar uma verdade absoluta sobre nada no
sendo, então, feliz. mundo. Dessa forma, cético é aquele que não busca a
verdade, pois sabe que ela é impossível de ser atingida, seja
No fm de sua Carta sobre a felicidade, Epicuro diz:
porque o ser humano não tem condições de encontrá-la, seja
EPICURO. Carta sobre a felicidade a Meneceu. Ed. bilíngue, humano deve se contentar em simplesmente não buscar a
FILOSOFIA
grego / português. Tradução de Álvaro Lorencini e Enzo Del verdade, permanecendo sem nenhuma inclinação, na total
Carratore. São Paulo: Editora Unesp, 1997. [Fragmento] indiferença. É essa indiferença que levaria o ser humano à
felicidade, uma vez que não há por que se angustiar e perder
a paz interior em busca da verdade, pois esta não existe ou
exerCíCios
ProPostos
01. (UEAP) Para Aristóteles, em Ética a Nicômaco, “felicidade
8SEO
[...] é uma atividade virtuosa da alma, de certa espécie”.
Com base nesta afrmação, assinale a alternativa que não
Autor desconhecido / Domínio Público
03. (UFU-MG) [...] após ter distinguido em quantos sentidos 06. (UnB-DF) Com relação ao assunto tratado no texto
FAJA
se diz cada um [destes objetos], deve-se mostrar, em anterior, assinale a opção correta.
relação ao primeiro, como em cada predicação [o objeto]
A) O epicurismo oi uma escola ilosóica que se
se diz em relação àquele.
caracterizou pela adoção de uma ética aeta aos
ARISTÓTELES. Metaísica. Tradução de prazeres materiais.
Marcelo Perine. São Paulo: Edições Loyola, 2002.
B) O estoicismo oi uma escola ilosóica que se
De acordo com a ontologia aristotélica, caracterizou pela adoção de uma ética negadora dos
particular, do que não é nem princípio, nem causa C) A religião, que constitui a verdade, pode ser
de nada. considerada a continuação da losoa, que se orienta
B) o primeiro entre os modos de ser, ontologicamente, pela busca da verdade.
é o por acidente, isto é, diz respeito ao que não D) O epicurismo e o estoicismo orientavam regras de
é essencial. viver, por isso constituíam seitas losócas entre os
C) a substância é princípio e causa de todas as antigos da civilização helênica.
categorias, ou seja, do ser enquanto ser.
D) a substância é princípio metaísico, tal como exposto Instrução: Tendo como reerência o texto a seguir, julgue o
por Platão em sua doutrina. item 07 e aça o que se pede no item 08.
O que é a justiça e a quem ela se aplica? Ela deve ser
Instrução: Considerando o texto a seguir, julgue o item 04 e
igual para pessoas iguais, mas ainda resta uma dúvida:
assinale a opção correta nos itens 05 e 06.
igual em quê, e desigual em quê? Eis uma diculdade
que requer o auxílio da losoa política. Alguém talvez
Ora, entre os antigos, normas de vida e exercícios
possa dizer que as unções mais importantes da cidade
espirituais ormavam a essência da “losoa”, não da religião,
deveriam ser distribuídas desigualmente, segundo a
e a religião estava mais ou menos separada das ideias sobre
superioridade dos indicados em cada qualidade, mesmo
a morte e o além. Havia seitas, que eram losócas, pois a
que não houvesse quaisquer outras dierenças entre os
losoa era a matéria de seitas que propunham convicções
pretendentes, mas todos ossem aparentemente idênticos,
e normas de vida a quem elas pudessem interessar; um
pois homens dierentes têm direitos e méritos dierentes.
indivíduo se tornava estoico ou epicurista e se conormava
ARISTÓTELES. Política. Brasília: Edunb, 1997. p. 101.
mais ou menos a suas convicções.
Paul Veyne. O Império Romano In: Philippe Ariès e Georges Duby. 07. (UnB-DF) As duas principais instituições religiosas da
História da vida privada: do Império Romano ao ano mil.
São Paulo: Companhia das Letras, 2010. p. 201 (Adaptação).
Idade Moderna, a Igreja católica e a Igreja protestante,
combateram as concepções de justiça particularistas,
uma vez que suas doutrinas postulavam que os homens
04. (UnB-DF) Desdobramentos da tradição losóca, as regras
monásticas, em voga na Idade Média e na Idade Moderna, deveriam ser julgados em bases universalistas.
05. (UnB-DF) Das inormações do texto depreende-se que A) Segundo o conceito aristotélico de justiça, devem ser
o saber losóco adotados critérios iguais em situações dierentes.
A) oi precursor da organização de crenças em religiões. B) O conceito aristotélico de igualdade implica a consideração
B) era ormado, inicialmente, por ideias relacionadas à de condições desiguais para o reconhecimento da
espiritualidade e à conduta humana. alteridade como igual.
C) resultou, dado seu caráter normativo, no segregacionismo C) Justiça e igualdade são conceitos relacionados às
dos povos nos primórdios da humanidade. condições de vida em sociedade, às interações
sociais e à disputa nas assembleias da ágora.
D) predominava entre os povos antigos, porque
contemplava discussões sobre a morte e o mundo D) Justiça e igualdade são conceitos undantes do
não visível, o além. medievalismo estoico.
09. (Unimontes-MG) Para Epicuro (341-270 a.C.), a morte C) O raciocínio dedutivo parte de uma lei particular,
O4ØY considerada válida para um determinado conjunto,
nada signica porque ela não existe para os vivos, e os
mortos não estão mais aqui para explicá-la. De ato, aplicando-a aos casos universais desse conjunto.
quando pensamos em nossa própria morte, podemos D) O raciocínio dedutivo é uma argumentação na
nos imaginar mortos, mas não sabemos o que é a qual, a partir de dados singulares sucientemente
enumerados, inerimos uma verdade universal.
experiência do morrer. Epicuro lamenta que
E) O raciocínio indutivo é o argumento cuja conclusão
A) as pessoas encarem a morte com coragem.
é inerida necessariamente de duas premissas.
B) as pessoas amem a morte e a desejem.
C) as pessoas aceitem a morte como seu destino nal. 12. (UFMA) Embora esses dogmas pertençam à religião,
os utopianos pensam que a razão pode induzir, por
D) a maioria das pessoas uja da morte como se osse
si mesma, a crer neles e aceitá-los. Não hesitam em
o maior dos males.
declarar que, na ausência desses princípios, ora preciso
ser estúpido para não procurar o prazer por todos os
10.
FILOSOFIA
(Unicentro-PR) Sobre o pensamento político grego,
meios possíveis, criminosos ou legítimos. A virtude
assinale a alternativa incorreta.
consistiria, então, em escolher, entre duas volúpias,
A) A refexão aristotélica sobre a política não se separa a mais deliciosa, a mais picante; e em ugir dos prazeres
da ética, pois a vida individual está imbricada na vida que se seguissem dores mais vivas do que o gozo que
comunitária. Se Aristóteles conclui que a nalidade da tivessem proporcionado.
ação moral é a elicidade do indivíduo, também a política MORE, Thomas. A utopia. Tradução de Luis de Andrade.
tem por m organizar a cidade eliz. São Paulo: Nova Cultural, 1988. (Os Pensadores)
B) Platão e Aristóteles propõem um modelo aristocrático e A questão sobre a natureza da elicidade humana e a
autoritário de poder. No entanto, não se trata de uma possibilidade de sua realização é uma das principais questões
aristocracia da riqueza, mas da inteligência, em que o estudadas pela losoa grega antiga, sendo discutida no
poder é conado aos melhores, ou seja, é uma soocracia. interior de uma ética e relacionada a noções de virtude e
C) A teoria política grega está voltada para a busca dos de justiça. Sabe-se que uma das características principais
parâmetros do bom governo. Platão e Aristóteles do humanismo, presente no pensamento renascentista,
envolvem-se em questões políticas de seu tempo e é justamente a releitura dos lósoos antigos, buscando
criticam os maus governos. Se por um lado Platão tentou integra-los a concepção cristã de vida. A concepção ética
do povo utopiano, descrita na obra A utopia, de Thomas
eetivamente implantar um governo justo na Sicília,
More pode ser considerada, em suas linhas gerais, uma
por outro esboçou a idealizada Callipolis como modelo
revalorização de que corrente losóca grega?
a ser alcançado. Aristóteles, mesmo recusando a utopia
A) Dos soistas, na medida em que deende que a
do mestre, aspira também a uma cidade justa e eliz.
elicidade consiste em obter o máximo de prazer
D) Platão e Aristóteles elaboraram uma teoria política possível, especialmente os que nos advém das honras,
de natureza descritiva, já que a refexão parte da do sucesso e das riquezas materiais.
análise da política de ato, mas é também de natureza B) Do platonismo, na medida em que separa os prazeres
normativa e prescritiva, porque pretende indicar quais em duas classes: os relacionados ao corpo e os
são as boas ormas de governo. relacionados à alma, e que a elicidade estaria no
E) A democracia não corresponde aos ideais platônicos, gozo dos prazeres relacionados a alma, devendo-se
porque, por denição, o povo é incapaz de possuir desprezar os prazeres do corpo.
ciência política. Quando o poder pertence ao povo, C) Do estoicismo, na medida em que deende que a
é ácil prevalecer a demagogia, característica do político elicidade consiste na tranquilidade ou ausência de
que manipula e engana o povo. perturbação, alcançada através do autocontrole, da
contenção e da austeridade, desprezando-se todo tipo
11. (UPE) A validade de nossos conhecimentos é garantida de prazer.
pela correção do raciocínio. São dois os modos de D) Do aristotelismo, na medida em que deende que a
raciocínio: o indutivo e o dedutivo. elicidade é uma “virtude da alma segundo a virtude
pereita” e que essa virtude consistiria em uma espécie
Sobre isso, assinale a alternativa correta.
de mediania, de meio termo entre dois extremos.
A) O raciocínio indutivo é amplamente utilizado pelas
E) Do epicurismo, na medida em que deende que a
ciências experimentais.
elicidade consiste no gozo dos prazeres, mas não de
B) O raciocínio indutivo parte de uma lei universal, todo e qualquer prazer, apenas os bons e honestos,
considerada válida para um determinado conjunto, devendo ser rejeitados os que levam a dores mais
aplicando-a aos casos particulares desse conjunto. intensas do que o gozo que proporcionam.
13. (UEG-GO) Em meados do século IV a.C., Alexandre Magno 15. (Unioeste-PR) A excelência moral, então, é uma disposição
assumiu o trono da Macedônia e iniciou uma série de da alma relacionada com a escolha de ações e emoções,
disposição esta consistente num meio-termo (o meio-termo
conquistas e, a partir daí, construiu um vasto império que
relativo a nós) determinado pela razão(a razão graças à qual
incluía, entre outros territórios, a Grécia. Essa dominação
um homem dotado de discernimento o determinaria).
só teve m com o desenvolvimento de outro império,
ARISTÓTELES.
o romano. Esse período cou conhecido como helenístico e
Sobre o pensamento ético de Aristóteles e o texto anterior,
representou uma transormação radical na cultura grega.
seguem as seguintes armativas:
Nessa época, um pensador nascido em Élis, chamado
I. A virtude é uma paixão consistente num meio-termo
Pirro, deendia os undamentos do ceticismo. Ele undou
entre dois extremos.
uma escola losóca que pregava a ideia de que
II. A ação virtuosa, por estar relacionada com a escolha,
A) seria impossível conhecer a verdade. é praticada de modo involuntário e inconsciente.
B) seria inadmissível permanecer na mera opinião.
III. A virtude é uma disposição da alma relacionada com
C) os princípios morais devem ser ineridos da natureza. escolha e discernimento.
D) os princípios morais devem basear-se na busca IV. A virtude é um meio-termo absoluto, determinado
pelo prazer. pela razão.
C) Para Aristóteles, a bem da verdade, existe apenas chamar a arte mestra. Ora, a política mostra ser dessa
o ser-em-ato. Isto ocorre porque o movimento natureza, pois é ela que determina quais as ciências que
vericado no mundo material é apenas ilusório, devem ser estudadas num Estado, quais são as que cada
e o que existe é sempre imutável e imóvel. cidadão deve aprender, e até que ponto; e vemos que até
D) Segundo Aristóteles, o ato é próprio do mundo sensível as aculdades tidas em maior apreço, como a estratégia,
(das coisas materiais) e a potência se encontra tão a economia e a retórica, estão sujeitas a ela. Ora, como
somente no mundo inteligível, apreendido apenas com a política utiliza as demais ciências e, por outro lado,
o intelecto. legisla sobre o que devemos e o que não devemos azer,
a nalidade dessa ciência deve abranger as das outras,
17. (UENP-PR) Estas três ormas podem degenerar: [...] de modo que essa nalidade será o bem humano.
A tirania não é, de ato, senão a monarquia voltada para
ARISTÓTELES. Ética a Nicômaco. ln: Pensadores.
a utilidade do monarca; a oligarquia, para a utilidade
São Paulo: Nova Cultural, 1991 (adaptado).
dos ricos; a democracia, para a utilidade dos pobres.
FILOSOFIA
Nenhuma das três se ocupa do interesse público. Podemos Para Aristóteles, a relação entre o sumo bem e a
dizer ainda, de um modo um pouco dierente, que a organização da pólis pressupõe que
tirania é o governo despótico exercido por um homem
A) o bem dos indivíduos consiste em cada um perseguir
sobre o Estado, que a oligarquia representa o governo
seus interesses.
dos ricos e a democracia o dos pobres ou das pessoas
pouco avorecidas. B) o sumo bem é dado pela é de que os deuses são os
Alguns no governo Aristocracia (II) 02. (Enem–2016) Pirro airmava que nada é nobre nem
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vergonhoso, justo ou injusto; e que, da mesma maneira,
Muitos no governo República (III) nada existe do ponto de vista da verdade, que os homens
agem apenas segundo a lei e o costume, nada sendo mais
A) (I) democracia (II) monarquia (III) oligarquia isto do que aquilo. Ele levou uma vida de acordo com esta
B) (I) monarquia (II) democracia (III) oligarquia doutrina, nada procurando evitar e não se desviando do que
C) (I) oligarquia (II) monarquia (III) democracia quer que osse, suportando tudo, carroças, por exemplo,
D) (I) monarquia (II) oligarquia (III)democracia precipícios, cães, nada deixando ao arbítrio dos sentidos.
E) (I) democracia (II) oligarquia (III) monarquia LAÉRCIO, D. Vidas e sentenças dos flósoos ilustres.
Brasília: Editora UnB, 1988.