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FILOSOFIA A 03
A busca pela verdade:
Sócrates e latão
SCRATES E OS SOSTAS – O SER HUMANO
COMO CENTRO O ROLEMA LOSCO
Contexto histórico: Após a vitória na guerra contra os Persas, Atenas despontou
como a maior e mais importante de todas as cidades-Estado
Atenas, o centro cultural (pólis) gregas, representando o que havia de melhor no
e político do mundo grego mundo grego. Com o crescente comércio e a expansão
marítima e pelo consequente enriquecimento progressivo,
Os lósoos naturalistas buscavam explicar a origem do a grande pólis desenvolveu uma classe comerciante muito
cosmos a partir de um (ou mais de um) princípio ordenador
infuente, que exigia uma participação mais consistente na
do universo (a arché). Nos séculos VI e V a.C., após
tomada de decisões da cidade, tornando, portanto, essencial
diversas tentativas de explicar racionalmente a natureza,
a consolidação das instituições democráticas e a participação
alguns lósoos começaram a restringir o campo de suas
investigações, buscando compreender uma parte da do demos (povo) na vida política.
natureza: o ser humano e a sociedade. Sócrates e os sostas
oram importantes lósoos desse momento.
Em 594 a.C., Sólon undou a democracia e as leis a que Ao contrário do que ocorria antes, na nova política ateniense
todos deveriam se submeter sem poder apelar às tradições não havia mais espaço para que alguns se impusessem, pelo
particulares patriarcais. A partir de 510 a.C., Clístenes poder ou prestígio, aos outros, sendo todos os cidadãos iguais
organizou a política, principalmente as instituições que perante a cidade nesse novo momento.
representariam o lugar para as maniestações dos cidadãos
Por essa razão, o conhecimento de alguns sobre um
no governo e na tomada de decisões na cidade. Entre
assunto especíco não os azia melhores do que os outros,
essas instituições, havia a Boulé, conselho de quinhentos
sendo considerada tirania a imposição do saber ou orça de
cidadãos escolhidos por sorteio, que cuidava das questões
indivíduos sobre a opinião dos demais, postura não mais
políticas cotidianas, e a Ekklesía, assembleia geral de todos
admitida. Na política ateniense, aquele que possuía mais
os cidadãos atenienses. O poder de azer leis, de resolver
técnica ou mais competência não tinha mais poder do que
confitos, de declarar inícios ou ns de guerras, de administrar
os outros cidadãos que não as possuíam.
a cidade estava nas mãos do povo, estabelecendo-se, assim,
a democracia (demos: cidadãos, povo; krátos: poder). Dois princípios undamentais guiaram a democracia grega:
Apesar de o termo democracia ter sua origem na Grécia, 1 – Isonomia: igualdade de todos os homens perante
o modo como os gregos viviam sua democracia era muito a lei.
distinto do modo como as democracias modernas se 2 – Isegoria: o direito de todo cidadão expor em público
organizam hoje. A democracia atual é representativa, suas opiniões e ideias e tê-las em consideração nas
o que signica que alguns são escolhidos para representar tomadas de decisão.
os interesses e as necessidades do povo. No caso do Brasil,
eles são os vereadores, preeitos, deputados, senadores, Economicamente, Atenas também se transormou em
governadores e presidente da república. Dierentemente uma potência sem precedentes na história da Grécia.
considerados cidadãos somente os homens maiores de tornou-se um porto cosmopolita pelo qual chegavam e
partiam praticamente todas as mercadorias produzidas e
21 anos, livres, naturais de Atenas e que tinham posses,
comercializadas entre os vários povos do mundo conhecidos
pelo menos uma casa e alguns escravos. Assim, não havia
nessa época. Consequentemente, passou a ser um centro
a participação de todo o povo, já que mulheres, crianças,
urbano importantíssimo, com um poder bélico e naval
estrangeiros e escravos não eram considerados cidadãos.
também sem precedentes, o que trouxe problemas sérios
Em segundo lugar, era uma democracia direta ou participativa,
de rivalidade com outros povos; sendo um dos resultados
em que os cidadãos podiam maniestar em praça pública
a Guerra de Peloponeso, narrada detalhadamente por
(ágora) suas opiniões e ideias, de modo que os cidadãos podiam
Tucídides e Xenoonte.
participar diretamente do processo de tomada de decisão.
O voto não existia como meio de eleger um representante no Mesmo em meio à Guerra de Peloponeso, Atenas conheceu
governo, mas como instrumento de maniestação da vontade o auge de seu desenvolvimento. Esse período cou conhecido
particular para a decisão em casos especícos. como “O século de Péricles” (de 440 a 404 a.C.).
A Guerra de eloponeso
Esse conronto entre Atenas e Esparta, um dos mais importantes e conhecidos da Antiguidade,
aconteceu em Peloponeso, península ao sul da Grécia. Atenas constituía o mais importante
Autor desconhecido / Museu Arqueológico de Esparta
A tragédia grega: educando Desrespeitando a lei imposta pela cidade – e não pelos
deuses –, por amor ao seu irmão e pelo dever da tradição,
a partir dos novos valores da pólis
segundo a qual as mulheres deveriam enterrar os mortos
Nesse contexto de alterações em Atenas, o gênero literário de suas amílias, Antígona enterrou seu irmão.
e teatral, denominado de tragédia grega, ocupou um papel A essência do enredo é o confito gerado pela contra-
de suma importância para os gregos, principalmente durante posição entre a tradição e as novas possibilidades da
os séculos V e VI a.C. Os principais representantes oram democracia. Esse confito é exemplicado pelo seguinte
Sóocles, Ésquilo e Eurípides. questionamento: Antígona deve obedecer às leis da cidade
Podemos descrever três aspectos importantes da tragédia e dos seres humanos, ou deve seguir as leis naturais ou
nesse período: divinas que lhe garantiam o direito de enterrar seu irmão?
Se, de um lado, temos os direitos garantidos aos seres
LOSOA
A relação da tragédia com o aspecto humanos pelos deuses ou pela própria natureza, ou seja,
cívico do povo e da cidade a tradição, do outro temos as leis da cidade que podem
confitar com esses direitos tradicionais.
As tragédias eram escritas e representadas durante
as estividades cívicas de Atenas para serem utilizadas
como instituição social de caráter democrático e levarem
os gregos a refetirem sobre a cidade e o surgimento da
democracia. A própria cidade nanciava os escritores e
as apresentações, e um grupo de cidadãos ou um colégio
ormavam o coro da tragédia.
LOSOA
os argumentos contrários quanto os avoráveis ao mesmo
qualquer ideia, signica então que os sostas não acreditavam assunto se quiser vencer na discussão e azer valer sua
em verdades únicas e absolutas sobre nada. Ao discursarem opinião sobre a dos demais.
em praça pública, os sostas introduziram em Atenas o ardor
e o interesse pela dialética, enquanto disputa de ideias, e pela rotágoras de Abdera (481-411 a.C.)
retórica, entendida como a arte de alar bem. Trouxeram à
tona uma questão undamental para a compreensão de seu
pensamento: a crítica quanto à pretensão da Filosoa de
alcançar as verdades últimas das coisas. Será que realmente
existe uma natureza, uma essência, uma verdade única e
determinante que serve para todas as pessoas? Ou será
que as verdades podem variar, não passando de convenções
humanas sobre temas diversos?
LOSOA
Johann Friedrich Greuter / Domínio Público
Raael Sanzio / Domínio Público
privilegiado para saber se a virtude pode ser ensinada ou coisas, se encontra o conhecimento verdadeiro dessas coisas
como pode ser adquirida. O ato é que estou longe de saber [...]. E tais conhecimentos oram despertados nele como de
se ela pode ser ensinada, pois sequer tenho a ideia do que um sono; e creio que se alguém lhe zer repetidas vezes e
seja a virtude [...] E como poderia saber se uma coisa tem de várias maneiras perguntas a propósito de determinado
uma determinada propriedade se sequer sei o que ela é. assuntos, ele acabará tendo uma ciência tão exata como
Diga-me você próprio, o que é virtude? qualquer pessoa da tua sociedade [...]. Ele acabará sabendo,
sem ter possuído mestre, graças a simples interrogações,
PLATÃO. Ménon. Tradução de Maura Iglésias.
extraindo o conhecimento de seu próprio íntimo.
Rio de Janeiro: Ed. PUC-Rio, 2001. p. 23.
PLATÃO. Ménon. Tradução de Maura Iglésias.
Rio de Janeiro. Ed. PUC-Rio, 2001. p. 61-63.
É importante deixar claro que o objetivo de Sócrates
ao buscar a verdade sobre todas as coisas diz respeito
diretamente à vida das pessoas na cidade. Chamado de Para Sócrates, o conceito é a ideia do que a coisa é em
“pai ou undador da ética”, Sócrates acreditava que as si mesma, em sua essência, que é universal, e como tal
ações humanas deveriam seguir os mesmos valores, sendo só pode ser obtida pela razão. Ao dizer que a verdade está
estes racionalmente atingidos por todos. Um dos maiores no ser humano, ele está armando que a razão humana,
problemas socráticos se encontra no campo da ação: ao movimentar-se na direção da verdade, encontraria em
como as pessoas devem agir? O que é correto azer? si mesma a verdade. Se a racionalidade é a mesma para
Como devemos nos portar como cidadãos? Quais devem ser todos e opera pelos mesmos caminhos em todos, deve-se,
os caminhos para governar a cidade? então, alcançar os mesmos resultados pelo seu exercício.
O caminho que leva ao conhecimento verdadeiro se dá Sócrates buscava a verdade e não a aparência mutável das
na orma de diálogo e pode ser dividido em duas partes: coisas ou a beleza e técnicas do argumento. Para isso, saiu
da multiplicidade das opiniões contrárias para a unidade
1º momento – exortação ou ironia. Nesse momento,
do conceito, da verdade única, para alcançar a coisa em si.
Sócrates chama o interlocutor para o exercício da
Filosoa, a m buscar a verdade juntamente a ele
em uma atitude de reutação dos argumentos com O julgamento e morte de Sócrates
o objetivo de enraquecer os preconceitos e opiniões
de caráter sensorial e sem undamentação. Sócrates oi levado ao tribunal como réu, por corromper a
juventude e por exercer impiedade, ou seja, ele oi acusado
2º momento – indagação ou reminiscência. Nesse
de introduzir novas crenças para os cidadãos da cidade.
momento, Sócrates az perguntas, comentando as
Um dos argumentos que sustentam essa tese é de que
respostas, reazendo as perguntas a m de aproximar
Sócrates dizia escutar uma voz interior, o daimon, e acreditar
seu interlocutor da verdade. Esse processo de parto
que este seria como um deus que lhe indicava o que não
das ideias só pode ter como protagonista o indivíduo
deveria azer. Do tribunal Sócrates saiu direto para a prisão
a quem Sócrates ajuda a alcançar a verdade.
para aguardar o dia de sua morte.
Assim, a pessoa atinge, com a ajuda de Sócrates,
graus dierentes e cada vez mais aproundados O lósoo oi acusado de perverter os lhos dos aristocratas
de abstração, aproximando-se por suas próprias com seus ensinamentos, levando-os a duvidarem dos valores
conclusões daquilo que procura, ou seja, da verdade tradicionais atenienses. Ao que tudo indica, o julgamento oi
em si. injusto e manipulado. Sócrates não se deendeu e aceitou
sua condenação. Mesmo no período em que esteve preso
As diferenças entre Sócrates esperando o dia de sua morte, tendo possibilidade de ugir,
e os sofistas não aceitou essa proposta em delidade às leis da cidade.
Para conhecer os valores caros aos cidadãos e à pólis, Devido a esses atos, Atenas tentou, inclusive, negociar
é necessário saber de ato o que são esses valores e não uma trégua na Guerra de Peloponeso com seus inimigos
simplesmente aceitar o que parecem ser, isto é, as opiniões espartanos, a qual durou curtos seis anos, sendo a guerra
sobre eles. Os questionamentos de Sócrates, seus diálogos e restabelecida até 404 a.C., com a vitória de Esparta.
sua eloquência ameaçavam os mais poderosos, que temiam Na juventude de Platão, Atenas estava em claro declínio,
que a refexão proposta por Sócrates levasse à dúvida, devido, principalmente, à Guerra de Peloponeso. Prestes a
ao desrespeito às leis e, mais grave, mostrassem às pessoas ser invadida pelas tropas da Macedônia, a grande pólis grega
que aqueles que em primeiro lugar deveriam respeitar e ser havia perdido sua democracia e seu povo estava desorientado.
eis às leis não o aziam.
FILOSOFIA
O termo “metaísica” se reere àquilo que ultrapassa a
A CRAO A METAÍSCA esera ísica. De acordo com essa perspectiva, os seres são
ormados por duas dimensões: a ísica, que compreende as
coisas materiais e sensíveis, portanto mutáveis, e a essência,
Vida e contexto histórico
que se constitui naquilo que é imutável e que só pode ser
Platão, um dos pensadores mais importantes de toda compreendido pela racionalidade humana. Com o estudo da
a História da Filosoa, nasceu em 427 a.C. em Atenas. metaísica, busca-se conhecer aquilo que é essencial do ser
Descendente da antiga nobreza da cidade, recebeu uma e que está para além de sua matéria.
educação esmerada para se tornar um guerreiro bom e Alguns teóricos armam que Platão undou a metaísica,
belo, características próprias à sua classe social. Para isso, pois a sua losoa oi a primeira a deender a existência de
requentou o ginásio, oi educado pela música e pela poesia, uma realidade distinta do mundo sensível. Essa dimensão
teve ormação para a política (na nova areté) e para a guerra suprassensível, na perspectiva platônica, cou conhecida
(de acordo com os antigos costumes da aristocracia). como mundo inteligível ou mundo das ideias. Contudo,
alguns teóricos criticam essa terminologia (uso do termo
Estudou com Crátilo, com quem aprendeu as ideias “mundo”) pela conusão que pode trazer. Na concepção
de Heráclito. Aos vinte anos, tornou-se discípulo de platônica, deve-se entender por ideias não uma ormulação
Sócrates, tendo sido o mais importante de seus seguidores. da inteligência humana, mas pensá-las como ormas
Teve contato com os pitagóricos, com os quais aprendeu inteligíveis que existem por conta própria e que constituem
A orma platônica encontra-se em um nível superior, Ao contrário de Heráclito, Parmênides acredita que
no mundo inteligível ou das ideias. A separação entre o o que existe é somente o ser, entendido como aquilo
sensível e o inteligível, entre o visível e o invisível, está na base que é imóvel, imutável e eterno. Assim, para Parmênides
da teoria do conhecimento de Platão, uma vez que conhecer só existiria a essência, sendo que a aparência, aquilo que
verdadeiramente o que uma coisa é signica encontrar, se transorma, seria o não ser (pois, uma vez que muda,
por meio da razão, a orma inteligível que a originou, orma ele nada é). Segundo Platão, Parmênides também cometeu
essa oriunda da esera superior e pereita das ideias, onde um erro ao negar a existência das coisas sensíveis.
estão as verdades, as essências de todas as coisas.
Desse modo, Platão tenta solucionar esse problema,
Nesse contexto da esera inteligível, Platão ala do propondo que tanto o ser quanto o não ser existem, sendo
Demiurgo, uma espécie de deus-artíce que criou todas que cada um possui características undamentalmente
as coisas do mundo sensível. De acordo com Platão, distintas. Ao refetir sobre a esera sensível e a inteligível,
o Demiurgo, tomando como modelo as ideias inteligíveis ou Platão identiicou a dimensão inteligível com a teoria
ormas pereitas, que são eternas e imutáveis, deu orma proposta por Parmênides, pois as ideias inteligíveis são
à matéria disorme (assim como o Deus cristão, ao criar pereitas e imutáveis. Já a tese de Heráclito é identicada no
o ser humano, modelou o barro disorme), imprimindo mundo sensível, no qual tudo está em constante movimento.
nessa matéria a orma, de acordo com o modelo pereito. O ser humano vive no mundo sensível, estando, portanto,
Para compreendermos melhor: há uma orma (na esera à mercê da mudança e da transitoriedade. Porém, a alma do
ideal ou das ormas pereitas) que oi modelo de todas as ser humano, que veio do inteligível, corresponderia àquilo
coisas. A partir desse modelo, o Demiurgo criou todas as que não muda, e por meio dela a pessoa poderia buscar as
verdades das ideias (ou essências) da realidade inteligível.
coisas sensíveis, que são, portanto, uma cópia (o mundo
sensível). Sendo cópia, segundo Platão, o mundo sensível
Contudo, surge um problema: como o ser humano
é impereito, mutável, passageiro. alcança esse conhecimento, saindo do sensível em direção
Platão considera que, para alcançar a verdade última e ao inteligível para atingir a verdade “em si e por si”?
essencial das coisas, é necessário um exercício de refexão.
Assim, a verdade para Platão não está na realidade sensível,
A ascensão dialética
que não passa de cópia impereita, mas na imutabilidade,
Para Platão, o conhecimento das ideias acontece por meio
na pereição das ideias que devem ser buscadas pelo ser
da dialética, processo de ascensão em busca da verdade.
humano. Encontrando-as, a pessoa encontra a verdade,
De acordo com a perspectiva platônica, a pessoa não alcança
a essência daquilo que busca compreender.
a verdade de uma só vez, mas o conhecimento se dá em
uma subida gradativa e constante até que o sujeito alcance
Como é possível conhecer: a ideia em si, ou seja, contemple, ao nal desse processo,
Um dos pontos undamentais da losoa platônica é sua Na teoria do conhecimento exposta no livro VI de
A república, Platão dierencia graus de conhecimento,
posição losóca acerca do problema em relação a como se
undamentando-se na separação entre a esera sensível
produz um conhecimento do ser, oriundo do embate entre
e a inteligível.
os lósoos naturalistas Parmênides e Heráclito. Heráclito
é conhecido como o lósoo do devir, ou seja, para ele, A alma, por meio de um processo de busca e ascensão,
tudo está em constante movimento e mudança. Por essa sairia do sensível, nível mais básico do conhecimento,
razão, segundo seu pensamento, não há o que se conhecer, a eikasía – conhecimento baseado somente nas imagens dos
porque o objeto a ser conhecido muda o tempo todo, seres – até atingir o mais alto conhecimento, a nóesis ou
assim como o sujeito cognoscente. Para Platão, Heráclito episteme, estando, no meio desse caminho, o conhecimento
erra ao considerar que a única coisa que existe é o devir, da pístis, ou doxa, e da diánoia. Platão resume esse processo
não existindo nada além do mundo ísico, da materialidade em um diagrama, a “Similitude da linha”, que representamos
das coisas sensíveis que estão em constante transormação. da seguinte orma:
LOSOA
dos sentidos que são imperfeitos, para atingir a verdade. Apesar de a
pessoa, nesse estágio de conhecimento, alcançar um modo superior
de conhecimento, este ainda não é o maior e nem o mais perfeito.
Yara Ferreira
Devemos enatizar que, para Platão, as ideias não são simples conceitos mentais, mas entidades ou essências que
existem por si mesmas em um sistema hierárquico bem organizado. No topo dessa hierarquia, estaria a ideia do Bem,
a mais importante de todas. A passagem de um grau a outro se dá pela dialética, quando a pessoa encontra as contradições
no nível de conhecimento inerior e passa ao grau seguinte. Nesse sentido, a educação ocupa papel undamental na losoa
platônica, pois é por ela que a alma é direcionada para contemplar a ideia do Bem (o que se conhece também como educação
da alma). Platão arma que a educação:
[...] seria uma arte da reviravolta, uma arte que sabe como azer o olho mudar de orientação do modo mais ácil e mais ecaz
possível; não a arte de produzir nele o poder de ver, pois ele já o possui, sem ser corretamente orientado e sem olhar na direção
que deveria, mas a arte de encontrar o meio para reorientá-lo.
PLATÃO. A República.
Tradução de José Cavalcante de Souza, Jorge Paleikat e João Cruz Costa.
São Paulo: Nova Cultural, 1991. p. 292. (Os Pensadores)
A imagem mais conhecida utilizada por Platão para explicar sua teoria do conhecimento cou conhecida como “Alegoria
da caverna”. Vejamos:
SÓCRATES – Figura-te agora o estado da natureza SÓCRATES – E, se, no undo da caverna, um eco lhes
humana, em relação à ciência e à ignorância, sob repetisse as palavras dos que passam, não julgariam
a orma alegórica que passo a azer. Imagina os certo que os sons ossem articulados pelas sombras
homens encerrados em morada subterrânea e dos objetos?
cavernosa que dá entrada livre à luz em toda extensão.
GLAUCO – Claro que sim.
Aí, desde a inância, têm os homens o pescoço e as
pernas presos de modo que permanecem imóveis e só SÓCRATES – Em suma, não creriam que houvesse nada
veem os objetos que lhes estão diante. Presos pelas de real e verdadeiro ora das guras que deslaram.
cadeias, não podem voltar o rosto. Atrás deles, a certa
GLAUCO – Necessariamente.
distância e altura, um ogo cuja luz os alumia; entre
o ogo e os cativos imagina um caminho escarpado, SÓCRATES – Vejamos agora o que aconteceria, se se
ao longo do qual um pequeno muro parecido com livrassem a um tempo das cadeias e do erro em que
os tabiques que os pelotiqueiros põem entre si e os laboravam. Imaginemos um destes cativos desatado,
espectadores para ocultar-lhes as molas dos bonecos obrigado a levantar-se de repente, a volver a cabeça,
maravilhosos que lhes exibem. a andar, a olhar rmemente para a luz. Não poderia
GLAUCO – Imagino tudo isso. azer tudo isso sem grande pena; a luz, sobre ser-lhe
dolorosa, o deslumbraria, impedindo-lhe de discernir
SÓCRATES – Supõe ainda homens que passam os objetos cuja sombra antes via. Que te parece agora
ao longo deste muro, com guras e objetos que se que ele responderia a quem lhe dissesse que até então
elevam acima dele, guras de homens e animais de só havia visto antasmas, porém que agora, mais perto
toda a espécie, talhados em pedra ou madeira. Entre
da realidade e voltado para objetos mais reais, via com
os que carregam tais objetos, uns se entretêm em
mais pereição? Supõe agora que, apontando-lhe alguém
conversa, outros guardam em silêncio.
as guras que lhe deslavam ante os olhos, o obrigasse
GLAUCO – Similar quadro e não menos singulares a dizer o que eram. Não te parece que, na sua grande
cativos! conusão, se persuadiria de que o que antes via era mais
SÓCRATES – Pois são nossa imagem pereita. Mas, real e verdadeiro que os objetos ora contemplados?
dize-me: assim colocados, poderão ver de si mesmos GLAUCO – Sem dúvida nenhuma.
e de seus companheiros algo mais que as sombras
projetadas, à claridade do ogo, na parede que lhes SÓCRATES – Obrigado a tar o ogo, não desviaria os
ca ronteira? olhos doloridos para as sombras que poderia ver sem
dor? Não as consideraria realmente mais visíveis que os
GLAUCO – Não, uma vez que são orçados a ter objetos ora mostrados?
imóveis a cabeça durante toda a vida.
GLAUCO – Certamente.
SÓCRATES – E dos objetos que lhes cam por detrás,
poderão ver outra coisa que não as sombras? SÓCRATES – Se o tirassem depois dali, azendo-o subir
GLAUCO – Não. pelo caminho áspero e escarpado, para só o liberar
quando estivesse lá ora, à plena luz do sol, não é de crer
SÓCRATES – Ora, supondo-se que pudessem que daria gritos lamentosos e brados de cólera? Chegando
conversar, não te parece que, ao alar das sombras que à luz do dia, olhos deslumbrados pelo esplendor ambiente,
veem, lhes dariam os nomes que elas representam? ser-lhe-ia possível discernir os objetos que o comum dos
GLAUCO – Sem dúvida. homens tem por serem reais?
André Persechini
GLAUCO – A princípio nada veria. tivesse ele de dar opinião sobre as sombras e a este
respeito entrasse em discussão com os companheiros
SÓCRATES – Precisaria de algum tempo para se
ainda presos em cadeias, não é certo que os aria rir?
aazer à claridade da região superior. Primeiramente,
Não lhe diriam que, por ter subido à região superior,
só discerniria bem as sombras, depois, as imagens
dos homens e outros seres refetidos nas águas; cegara, que não valera a pena o esorço, e que
nalmente erguendo os olhos para a Lua e as estrelas, assim, se alguém quisesse azer com eles o mesmo e
contemplaria mais acilmente os astros da noite que dar-lhes a liberdade, mereceria ser agarrado e morto?
o pleno resplendor do dia. GLAUCO – Por certo que o ariam.
GLAUCO – Não há dúvida.
SÓCRATES – Pois agora, meu caro Glauco, é só aplicar
SÓCRATES – Mas, ao cabo de tudo, estaria, decerto, com toda a exatidão esta imagem da caverna a tudo
em estado de ver o próprio Sol, primeiro refetido na o que antes havíamos dito. O antro subterrâneo é o
água e nos outros objetos, depois visto em si mesmo mundo visível. O ogo que o ilumina é a luz do Sol.
e no seu próprio lugar, tal qual é. O cativo que sobe à região superior e a contempla é
LOSOA
a alma que se eleva ao mundo inteligível. Ou, antes,
GLAUCO – Fora de dúvida.
já que o queres saber, é este, pelo menos, o meu
SÓCRATES – Refetindo depois sobre a natureza modo de pensar, que só Deus sabe se é verdadeiro.
deste astro, compreenderia que é o que produz as Quanto a mim, a coisa é como passo a dizer-te.
estações e o ano, o que tudo governa no mundo Nos extremos limites do mundo inteligível, está a
visível e, de certo modo, a causa de tudo o que ele ideia do bem, a qual só com muito esorço se pode
e seus companheiros viam na caverna. conhecer, mas que, conhecida, se impõe à razão como
GLAUCO – É claro que gradualmente chegaria a todas causa universal de tudo o que é belo e bom, criadora
essas conclusões. da luz e do Sol no mundo visível, autora da inteligência
e da verdade no mundo invisível, e sobre a qual,
SÓCRATES – Recordando-se então de sua primeira
por isso mesmo, cumpre ter os olhos xos para agir
morada, de seus companheiros de escravidão e
com sabedoria nos negócios particulares e públicos.
da ideia que lá se tinha da sabedoria, não se daria
os parabéns pela mudança sorida, lamentando PLATÃO. A República. Tradução de José Cavalcante de Souza,
ao mesmo tempo a sorte dos que lá caram? Jorge Paleikat e João Cruz Costa. São Paulo:
Nova Cultural, 1991. p. 287-292.
GLAUCO – Evidentemente. (Os Pensadores)
John Holbo
A concepção política de latão
O Mito do cocheiro az uma comparação entre um cocheiro e
dois cavalos com as partes da alma do ser humano. Sendo um lósoo que se importou undamentalmente
FILOSOFIA
com a vida da cidade, Platão tratou da política em sua obra
A república. Ele procurou apontar os caminhos adequados
O amor platônico para que a cidade pudesse ser corretamente governada,
de orma a alcançar seu bem maior: a elicidade dos
Na concepção do senso comum, o amor platônico é
cidadãos no cumprimento da justiça. Segundo o lósoo,
entendido como idealizado e inacessível, impossível de ser a nalidade da política não é outra senão a realização da
realizado, um amor irreal e enganoso. Porém, essa acepção, justiça para o bem comum da cidade, e nunca a simples
encontrada inclusive em dicionários, não corresponde à posse do poder. Nesse aspecto, o homem livre é somente
concepção platônica de amor, pois, segundo o lósoo, o cidadão da pólis, sendo que sua liberdade se realiza
o amor não é um sentimento, mas sim uma orça que na cidade, vivendo junto aos seus concidadãos. Assim,
impulsiona a pessoa a chegar em algum lugar. a moral privada (particular) é considerada inerior à moral
pública (coletiva) e, por consequência, os interesses
pessoais devem estar aquém dos interesses coletivos.
deve ser governada pelo melhor discurso, pois este pode não
conter a melhor ideia. Além disso, o lósoo não acredita que
qualquer pessoa possa ocupar o governo da cidade, sendo
Anselm Feuerbach /
A) Sócrates, para não ser condenado à morte, negou, diante Como esses prisioneiros nunca perceberam outra coisa
dos seus juízes, os princípios éticos da sua losoa. senão as sombras e o eco, têm eles essas imagens pela
B) Discípulo de Sócrates, Platão utilizou, como protagonista verdadeira realidade. Se eles pudessem, por uma vez,
da maior parte de seus diálogos, o seu mestre. voltar-se e contemplar, a luz do ogo, os próprios objetos,
cujas sombras oram apenas o que até agora viram; e se
C) O método socrático compõe-se de quatros partes: pudessem ouvir diretamente os sons, além dos ecos até
a maiêutica, a ironia, a poética e a metaísica. então ouvidos, sem dúvida cariam atônitos com essa
D) Tal como os sostas, Sócrates costumava cobrar nova realidade. Mas se além disso pudessem, ora da
dinheiro pelos seus ensinamentos. caverna e à luz do sol, contemplar os próprios homens
E) Sócrates, ao armar que só sabia que nada sabia, vivos, bem como os animais e as coisas reais, de que as
queria, com isso, sinalizar a necessidade de adotar uma guras projetadas na caverna eram apenas cópias, então
atitude arrogante e dogmática diante do conhecimento cariam de todo ascinados com essa realidade de orma
tão diversa.
e apontar um novo caminho para a sabedoria.
PLATÃO. 7.º livro da República, p. 514.
06. (UENP-PR) Desde o ano de 2008, a Grécia tem
Ei, moço! Pode Que Como se Estamos
enrentado uma grave crise econômica, ato que tem
FILOSOFIA
me dizer o que vocês pergunta existisse contemplando
atraído a atenção dos noticiários internacionais para a estão fazendo? mais outra coisa a vida!
boba! pra fazer!
situação dessa nação. Situada ao sul da Europa, em um
arquipélago de relevo bastante acentuado, muito antes
da atual crise econômica, teve seu espaço ocupado por
grupos que deixaram marcas signicativas nas sociedades
posteriores. A respeito dos gregos na Antiguidade
Clássica, assinale a armativa incorreta.
A) Na Grécia Antiga, existiram diversas cidades com
Que Como se Estamos
governos independentes, que se chamavam pólis. Ei! O que vocês pergunta existisse contemplando
Também conhecidas por nós como cidades-Estado, estão fazendo? mais outra coisa o fantástico
boba! pra fazer! show da vida!
as pólis apresentavam dierenças entre si, mas tinham
uma base cultural comum, relacionada à língua (embora
houvesse dialetos) e à religião, por exemplo.
B) As duas pólis que mais se destacaram oram Atenas
e Esparta. Ambas exerceram, em dierentes períodos,
domínio político sobre as demais cidades-Estado gregas.
C) É comum atribuir, aos gregos antigos, a invenção da Copyright© 2002 Mauricio de Sousa Produções Ltda. Todos os direitos reservados.
08. (UFLA) Na carta VII, Platão, reerindo-se à situação D) ato de o povo eleger seus representantes políticos
política de sua época em Atenas – época imediatamente para tomar decisões sobre os destinos da cidade e
posterior ao término da Guerra do Peloponeso –, arma denir os seus direitos, em praça pública, de modo a
o seguinte: evitar atitudes arbitrárias e injustas dos governantes.
A legislação e a moralidade estavam corrompidas a tal E) participação direta dos cidadãos nas decisões de
ponto que eu, inicialmente pleno de ardor para trabalhar a interesse do todo no âmbito do espaço público.
avor do bem público, considerando esta situação e vendo
como tudo caminhava à deriva, acabei por car conuso. 10. (UFU-MG) O diálogo socrático de Platão é obra baseada
Não deixei, entretanto, de procurar nos conhecimentos e em um sucesso histórico: no ato de Sócrates ministrar
especialmente no regime político os possíveis indícios de os seus ensinamentos sob a orma de perguntas e
melhoras, mas esperei sempre o bom momento para agir. respostas. Sócrates considerava o diálogo como a orma
Acabei por compreender que todos os Estados atuais são por excelência do exercício losóco e o único caminho
malgovernados. Fui então irresistivelmente conduzido a para chegarmos a alguma verdade legítima.
louvar a verdadeira losoa e a proclamar que somente
De acordo com a doutrina socrática,
à sua luz se pode reconhecer onde está a justiça na vida
pública e privada. A) a busca pela essência do bem está vinculada a uma
visão antropocêntrica da losoa.
PLATÃO. Cartas. Lisboa: Editorial Estampa,
B) é a natureza, o cosmos, a base rme da especulação
1980. p. 50 (Adaptação).
losóca.
Sobre a relação entre política e a losoa de Platão,
C) o exame antropológico deriva da impossibilidade do
é correto armar:
autoconhecimento e é, portanto, de natureza soística.
A) Platão deende não haver relação entre o pensamento
D) a impossibilidade de responder (aporia) aos dilemas
racional e sua constatação a respeito da má qualidade
humanos é sanada pelo homem, medida de todas
dos governos de sua época.
as coisas.
B) O ato de existirem refexões sobre a política na
losoa de Platão é algo proundamente relacionado
11. (Unicamp-SP) A sabedoria de Sócrates, lósoo ateniense
aos eventos de sua própria biograa.
que viveu no século V a.C., encontra o seu ponto de
C) Como Platão se desiludiu com a política a partir da partida na armação “sei que nada sei”, registrada na obra
situação que observava na cidade onde ele mesmo Apologia de Sócrates. A rase oi uma resposta aos que
vivia, não há, em sua obra, refexões diretamente armavam que ele era o mais sábio dos homens. Após
relacionadas a esse tema. interrogar artesãos, políticos e poetas, Sócrates chegou
D) Para Platão, não az sentido relacionar losoa e à conclusão de que ele se dierenciava dos demais por
política porque a política se resume a relações de orça reconhecer a sua própria ignorância.
(ou de poder) que, como tais, não são passíveis de O “sei que nada sei” é um ponto de partida para a
conhecimento e nas quais a losoa não pode intervir. Filosoa, pois
A) aquele que se reconhece como ignorante torna-se
09. (UFPA) Em Atenas [...] o povo exercia o poder, mais sábio por querer adquirir conhecimentos.
3Y1E diretamente, na praça pública [...]. Todos os homens B) é um exercício de humildade diante da cultura dos
adultos podiam tomar parte nas decisões. Hoje sábios do passado, uma vez que a unção da Filosoa
elegemos quem decidirá por nós. A democracia antiga era reproduzir os ensinamentos dos lósoos gregos.
é vista, geralmente, como superior à moderna. Mas a C) a dúvida é uma condição para o aprendizado e
democracia moderna não é uma degradação da antiga: a Filosoia é o saber que estabelece verdades
ela traz uma novidade importante – os direitos humanos. dogmáticas a partir de métodos rigorosos.
A questão crucial dos direitos humanos é limitar o D) é uma orma de declarar ignorância e permanecer
poder do governante. Eles protegem os governados dos distante dos problemas concretos, preocupando-se
caprichos e desmandos de quem está em cima, no poder. apenas com causas abstratas.
A) poder dado aos homens mais velhos, dotados B) Há dois tipos de vida na terra, disse Aristóteles, uma
de virtude e sabedoria, para decidirem sobre os própria dos sábios e a outra da massa dos homens.
destinos da cidade. Para Aristóteles, a elicidade é possível apenas para
os sábios.
B) condução, de orma justa, da vida em sociedade e
C) Sócrates não costumava conversar com todos, entre
garantia do direito de todos os habitantes da cidade
velhos e jovens, optava pelos jovens, por isso é acusado
de participarem das assembleias.
de corromper a juventude. Entre nobres e escravos,
C) poder dado aos homens que se destacaram como os optava pelos nobres, pois na Grécia antiga apenas aos
mais corajosos nas guerras e aos mais capazes nas homens livres era concedida a permissão de losoar,
ciências e nas artes, para estes tomarem as decisões além do que, entre os gregos, acreditava-se que
nas assembleias realizadas em praça pública. os escravos eram desprovidos de razão.
D) Para Kant, a losoa não está aí para todos, pertence D) As virtudes para Platão não estavam associadas
a poucos eleitos. à natureza das almas, segundo o ilósoo todos
E) Descartes dizia que a Filosoa é o conhecimento os homens possuem a mesma natureza racional,
pereito de todas as coisas, mas nem todos os seres e suas almas são iguais, sendo desejável, portanto,
humanos podem alcançá-lo, só aquele que é capaz que desenvolvam as mesmas virtudes.
de se libertar dos desejos mundanos para usuruir
E) Platão, era relativista do ponto de vista ético,
dos prazeres puramente intelectuais oriundos do ato
contemplativo, isto é, do cogito ergo sum. considerava que embora as virtudes e os valores
ossem paradigmas existentes no mundo das ideias,
13. (Unimontes-MG) Via de regra, os sostas eram homens como eles deveriam se realizar no mundo ísico,
IKOA que tinham eito longas viagens e, por isso mesmo, estariam relacionados a condições muito particulares
tinham conhecido dierentes sistemas de governo. de concretização, e não poderiam ser considerados
Usos, costumes e leis das cidades-Estado podiam variar desvinculados da história e de circunstâncias
enormemente. Sob esse pano de undo, os sostas particulares.
iniciaram em Atenas uma discussão sobre o que seria
natural e o que seria criado pela sociedade.
FILOSOFIA
GAARDER, J. O Mundo de Sofa. SEO ENEM
São Paulo: Companhia das Letras, 1995.
Sobre os sostas, é incorreto armar que 01. (Enem–2017) Uma conversação de tal natureza
QCBX
A) eles tiveram papel undamental nas transormações transorma o ouvinte; o contato de Sócrates paralisa
culturais de Atenas. e embaraça; leva a refetir sobre si mesmo, a imprimir
B) eles se dedicaram à questão do homem e de seu lugar à atenção uma direção incomum: os temperamentais,
na sociedade. como Alcibíades, sabem que encontrarão junto dele todo
C) eles eram mercenários e só visavam ao lucro na arte o bem de que são capazes, mas ogem porque receiam
de ensinar. essa infuência poderosa, que os leva a se censurarem.
D) eles oram os primeiros a compreender que o “homem É sobretudo a esses jovens, muitos quase crianças, que
é medida de todas as coisas”. ele tenta imprimir sua orientação.
BRÊHIER, E. História da flosofa. São Paulo: Mestre Jou, 1977.
14. (UENP-PR) Sócrates oi considerado um dos principais
ilósoos da antiguidade clássica. Ao propor uma O texto evidencia características do modo de vida
refexão sobre o problema da consciência, levou às socrático, que se baseava na
últimas consequências a preocupação antropológica que A) contemplação da tradição mítica.
havia se iniciado com os sostas. Uma das principais
B) sustentação do método dialético.
contribuições de Sócrates oi o desenvolvimento da
categoria “consciência” que está associada à concepção C) relativização do saber verdadeiro.
que possuía de que o ser humano era dotado de uma D) valorização da argumentação retórica.
alma racional, na qual estavam depositadas verdades
E) investigação dos undamentos da natureza.
eternas, e que o conhecimento dessas verdades era
imprescindível para o desenvolvimento de uma vida ética.
Depois de Sócrates, as preocupações sobre a natureza
02. (Enem–2016) Os andróginos tentaram escalar o céu para
da alma, e sobre a Ética jamais abandonaram a losoa. combater os deuses. No entanto, os deuses em um primeiro
Sobre o tema, assinale a alternativa correta. momento pensam em matá-los de orma sumária. Depois
decidem puni-los da orma mais cruel: dividem-nos em
A) Sócrates desenvolveu uma ética relativista, deen- dois. Por exemplo, é como se pegássemos um ovo cozido
dendo que os valores não podem ser considerados
e, com uma linha, dividíssemos ao meio. Desta orma, até
absolutos, e estão relacionados aos consensos
hoje as metades separadas buscam reunir-se. Cada um
existentes em cada contexto histórico, devendo ser
considerados validos na medida em que possuem com saudade de sua metade, tenta juntar-se novamente
alguma utilidade pragmática. a ela, abraçando-se, enlaçando-se um ao outro, desejando
ormar um único ser.
B) Platão, um dos mais importantes discípulos de
Sócrates, se aastando do modelo desenvolvido por
PLATÃO. O banquete. São Paulo: Nova Cultural, 1987.
ele, que desconsiderava a incontinência (akrasia)
como ator relevante para a ormação da conduta, No trecho da obra O banquete, Platão explicita, por meio
desenvolveu uma metáora de alma tripartite, de uma alegoria, o
segundo a qual, a alma seria semelhante ao condutor
da briga de dois cavalos, sendo que um deles seria A) bem supremo como m do homem.
altivo e elevado, e o outro atarracado e indolente. B) prazer perene como undamento da elicidade.
C) Sócrates concordava com os soistas quando C) ideal inteligível como transcendência desejada.
armavam que o “homem era a medida de todas
D) amor como alta constituinte do ser humano.
as coisas”, sendo esse aorisma um dos principais
postulados de sua ética. E) autoconhecimento como caminho da verdade.
03. (Enem–2016) Estamos, pois, de acordo quando, ao ver O conhecimento, para Platão, é obtido quando a pessoa
algum objeto, dizemos: “Este objeto que estou vendo tem A) reconhece sua ignorância e a impossibilidade de alcançar
tendência para assemelhar-se a um outro ser, mas, por o conhecimento verdadeiro na realidade inteligível.
ter deeitos, não consegue ser tal como o ser em questão B) investiga o mundo por meio das experiências que
e lhe é, pelo contrário, inerior”. Assim, para podermos a levarão a conclusões certas e verdadeiras.
azer estas refexões, é necessário que antes tenhamos C) coloca-se a investigar a si mesma buscando as verdades
tido ocasião de conhecer esse ser de que se aproxima o pela razão na realidade inteligível.
dito objeto, ainda que impereitamente. D) tolera a ignorância dos demais, porém sem admitir
a sua própria.
PLATÃO. Fédon. São Paulo: Abril Cultural, 1972.
E) reconhece modestamente não ser possível encontrar
Na epistemologia platônica, conhecer um determinado verdades, pois estas ultrapassam suas capacidades.
objeto implica
A) estabelecer semelhanças entre o que é observado em
GAARTO Meu aproveitamento
momentos distintos.
B) comparar o objeto observado com uma descrição
detalhada dele. ropostos Acertei ______ Errei ______
C) descrever corretamente as características do objeto
01. D
observado.
D) azer correspondência entre o objeto observado e seu ser. 02. E
E) identicar outro exemplar idêntico ao observado.
03. B