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Unidade II
5 A TRANSIÇÃO DO MITO À RAZÃO3
O declínio do pensamento mítico na Grécia é marcado pelo advento da Filosofia, pela ascensão de
um saber de tipo racional. Ela tem início na Mileto jônica, em princípio do século VI a.C., momento em
que os primeiros filósofos – Tales, Anaximandro e Anaxímenes – iniciam um novo tipo de reflexão em
relação à natureza. Esses primeiros filósofos perscrutam entender o kósmos, procuram uma cosmologia,
uma racionalidade constitutiva do universo e não aceitam mais as cosmogonias míticas. Buscam a arkhé,
o princípio primordial de todas as coisas, e por se preocuparem com o conhecimento do mundo natural –
physis – ficaram também conhecidos como físicos ou fisiólogos. A transição do pensamento mítico para o
pensamento racional filosófico foi um processo lento e gradativo e não significou o desaparecimento das
concepções míticas, uma vez que o mito possui um caráter perene. Mas como foi possível o surgimento
dessa busca de explicação racional para o existente, em oposição ao pensamento mítico?
Fatores como a intensificação das viagens marítimas e do comércio, o uso da moeda, a utilização
da escrita, a fixação das leis pela escrita e, sobretudo, o nascimento das cidades‑estado contribuíram
para a emergência de um tipo de pensamento que não apenas questiona o mito, mas também refletirá
sobre o poder político e a organização social. Segundo Jean‑Pierre Vernant (1998), em As Origens do
Pensamento Grego, essa transição foi propiciada pelas formas de organização social, política e econômica
da cidade‑estado, como afirma:
O autor comprova suas afirmações realizando uma análise histórica e filosófica do pensamento e da
organização social dos gregos, salientando a queda do poder micênico, no século XII a.C., com a invasão
das tribos dóricas e os seus consequentes desdobramentos. Esse fato faz sucumbir a dinastia de Micenas,
uma vez que destrói a vida social de uma realeza, que se encontrava orbitando em torno do palácio,
que tinha ao centro um rei considerado divino. Este ocupava o cume da organização social, recebia o
título de ánax e sua autoridade se exercia nas esferas militar, econômica e religiosa. A queda do reino
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Texto extraído e adaptado de: FERNANDES, V. A transição do mito à filosofia e o processo político‑formativo do
cidadão grego. Revista Hipótese, Itapetininga, v. 2, n. 1, p. 80‑103, 2016.
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do ánax inaugura uma nova fase da civilização grega em que várias transformações sociais repercutirão
no pensamento grego.
Com a queda do poder micênico e a expansão dos dórios, surgem novos valores e uma nova forma
de organização social e de resolução dos conflitos.
Nessa nova estrutura social que vai se configurando, o palácio deixa de ser o centro da cidade e a
praça pública vai ganhando importância. A vida social passa a ser marcada por duas entidades divinas
opostas: Eris (Poder de conflito) e Philia (Poder de união). As ideias de concorrência e de disputa se
unem à ideia de união e dependência social, assim, o espírito de agón, de combate organizado e sujeito
a certas regras, manifesta‑se em vários domínios, como na guerra, na esfera religiosa e também na
política, cujo discurso e oratória são as armas desse combate e o palco é a praça pública – a ágora.
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Na ágora, a palavra deixa de ser uma fórmula exata e fica exposta ao debate, manifesta‑se de
forma autônoma, passando a ser tão valorizada que os gregos a transformaram numa divindade,
Pheitó, que representa a força, a capacidade da persuasão. Não mais a palavra de ordem do rei
divino, mas a palavra humana buscando – por meio do conflito, da discussão e da persuasão –
um sentido e um convencimento. Ela não é mais uma forma justa, a priori, mas está exposta à
contestação. A polêmica, a discussão e a argumentação são as regras do jogo intelectual e político
que é praticado à luz do sol, na ágora, e tem como juiz o público e os cidadãos. Os conhecimentos
e os conteúdos da cultura não ficam mais restritos ao palácio; são agora expostos em praça pública
e submetidos à apreciação de todos, possuem um caráter de publicidade e passam a ser objeto de
análise interpretação.
É nesse contexto que surge o cidadão da polis, o polítikós. “Esse quadro urbano define efetivamente
um espaço mental; descobre um novo horizonte espiritual. Desde que se centraliza na praça pública, a
cidade já é, no sentido pleno do termo, uma polis” (VERNANT, 1998, p. 38).
Os cidadãos considerados como “semelhantes” uns em relação aos outros é outro aspecto que
caracteriza o universo da polis. Essa semelhança une os gregos pela philia (união, amizade) e é ela que
garante a unidade da polis. A ideia de semelhança se converterá em igualdade no plano político, no
conceito de isonomia, de mesma participação no poder entre os cidadãos. As leis escritas são as mesmas
para todos cidadãos, que deveriam segui‑las e, também, participar dos tribunais e das assembleias,
segundo Vernant (1998, p. 49):
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O sistema político ateniense passou por várias reformas antes de atingir a isonomia referida
anteriormente, isto é, igual participação no exercício do poder. Entre os séculos IX a VI a.C., o regime
em Atenas foi o aristocrático, os chamados eupátridas, que significa bem nascidos ou nobres, tinham
a posse da maior parte das terras e o governo era realizado de acordo com os seus interesses. Na outra
ponta da sociedade estavam os muitos camponeses e artesãos pobres que poderiam ser escravizados
por dívidas (FUNARI, 2013, p. 33).
Entre os séculos VII e V a.C., Atenas sofrera várias modificações protagonizadas por legisladores,
que buscavam resolver o conflito de interesses que se intensificava naquele momento. Começando por
Drácon e passando por Sólon, Pisístrato e culminando com Clístenes e Péricles, a transição do poder
aristocrático para o democrático se consolidou.
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A democracia ateniense era direta, o que significa que todos os cidadãos podiam participar das decisões
discutidas na assembleia popular (Eclésia). Mas quem eram os considerados cidadãos nesse contexto?
A igualdade dos politikós, dos cidadãos atenienses, tem o amparo das leis. Eram cidadãos os nascidos
em Atenas, do sexo masculino e que tivessem cumprido o serviço militar. Dessa forma, muitos ficavam
de fora, como as mulheres, as crianças, os estrangeiros e os escravos. Aqueles que não eram politikós
eram considerados idiotikós (do prefixo grego idio, próprio, particular), no sentido de só se preocuparem
consigo mesmo e não com as questões públicas. As leis, que foram paulatinamente instituídas e redigidas,
valiam para todos os cidadãos, que, por sua vez, podiam fazer parte dos tribunais e das assembleias.
Essas leis substituíram o uso da violência para resolver os conflitos, situação em que os fortes triunfavam
e impunham seus interesses (VERNANT, 1988, p. 73).
Essa dessacralização do poder e do saber está relacionada ao universo e à ordem da cidade em que
se faz presente uma racionalização da vida social. Devido às estruturas sociais e mentais, características
da polis, cidade grega, desenvolve‑se o pensamento racional filosófico. Diante desse quadro exposto,
pode‑se concluir, com Vernant, que as várias transformações gestadas, que culminaram com a polis
democrática, trouxeram em seu bojo as condições para a emergência do pensamento racional filosófico,
ou seja, que a Filosofia é filha da polis grega.
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Observação
Estima‑se que em 431 a.C., em Atenas, havia cerca de 310 mil habitantes.
Desses: “172 mil cidadãos com suas famílias, 28,5 mil estrangeiros com suas
famílias e 110 mil escravos” (FUNARI, 2013, p. 38). Calcula‑se que desse
montante aproximadamente 13,5%, ou seja, 42 mil pessoas, eram cidadãos
com plenos direitos.
Pode‑se afirmar que a Filosofia possui uma data e um lugar de nascimento. A magna Grécia (lugar)
compreendia, além do território continental, várias colônias gregas, especificamente a cidade de Mileto,
onde viveu Tales, o primeiro filósofo. Já a data de nascimento da Filosofia costuma ser estabelecida entre
o final do século VII e início do VI a.C. (CHAUÍ, 1997, p. 37). Segundo Vernant (1990, p. 476):
Há quem sugira uma data mais específica para o nascimento da Filosofia: 28 de maio de 585 a.C.,
data em que ocorreu um eclipse solar previsto por Tales (WEISCHEDEL, 2006, p. 19). Fato que lhe deu
certa fama, além de ser uma demonstração inequívoca de que a razão filosófica pode compreender o
mundo a sua volta e fazer previsões em relação aos fenômenos.
E o que propiciou que o ser humano começasse a filosofar? Platão, no Teeteto (2001), afirmou que
a Filosofia começa com o thaumázein, o admirar‑se ou o espantar‑se diante de alguns fenômenos,
tese reafirmada por Aristóteles (1973), em Metafísica. Pode‑se considerar que o pensamento
mítico também identifica a manifestação do thaumázein como a mola propulsora para a busca de
respostas, mas os efeitos produzidos no mito e na Filosofia levam a distintas elaborações, conforme
explica Vernant (1990, p. 481):
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Enquanto para a consciência mítica a admiração produz o assombro e uma resposta sobrenatural,
no pensamento filosófico a admiração propicia a visão de um problema e a busca de resposta racional.
Enquanto as respostas produzidas pela consciência mítica configuram‑se como verdades advindas de
tempos remotos, cujos conteúdos não são questionados, o pensamento filosófico caracteriza‑se pelo
questionamento, pela investigação e argumentação racional para explicação da realidade. Destarte,
a verdade sustentada na força da tradição não mais satisfaz os precursores da Filosofia. Embora o
conteúdo da explicação desses primeiros filósofos tenha certa semelhança com o mito, a forma de
explicar é diferente, ou seja, é uma maneira investigativa apoiada no logos, na razão, característica que
os coloca em uma direção oposta ao do pensamento mítico.
Assim, o pensamento filosófico é filho da polis. O ponto de partida para a filosofia grega foram as
poesias cosmogônicas, que explicavam o surgimento do mundo através de interpretações míticas. A
passagem do pensamento cosmogônico para o pensamento cosmológico não se deu através de um salto
nem substitui por completo o anterior. Foi um processo lento e gradativo no qual uma série de fatores,
como o nascimento da cidade‑estado e a invenção da escrita, das leis escritas e da moeda, contribuiu para
que, assim como o poder e a organização da vida social, os mitos também fossem questionados.
Observação
Os aedos (poeta‑cantor) são cultores da memória que possuem a força da palavra e revelam a
vida e a origem dos seres e do mundo. As concepções míticas são mantidas vivas pela tradição oral.
Com a invenção e o uso da escrita, essas concepções passam a ser registradas. O rigor daquele que
escreve é diferente do rigor daquele que fala, e as palavras, uma vez escritas, estão fixas, permitindo
maior exame e reflexão posterior. Portanto, o uso da escrita tem uma contribuição fundamental para o
questionamento das interpretações míticas.
Enquanto o pensamento mítico não faz objeção sobre seu conteúdo, o pensamento filosófico
caracteriza‑se pelo questionamento, investigação e argumentação racional para a explicação da
realidade. Embora o conteúdo da explanação desses primeiros filósofos tenha muita semelhança com o
mito, a forma de explicar é diferente, ou seja, é uma maneira investigativa racional.
6 FILÓSOFOS PRÉ‑SOCRÁTICOS
Os primeiros filósofos viveram por volta do século VII e VI a.C. e ficaram conhecidos como pré‑socráticos.
Essa denominação indica que eles viveram antes do filósofo Sócrates, o que não é totalmente exato,
uma vez que não se aplica a Leucipo e Demócrito, por exemplo.
O fato é que grande parte da obra desses filósofos pré‑socráticos se perdeu no tempo, e o que chegou
à posteridade foram fragmentos e comentários que outros filósofos fizeram sobre eles. Conforme explica
Cavalcante (1985), na introdução do livro Os Pré‑Socráticos:
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O problema que esses filósofos buscam responder é: qual é a arkhé, o princípio ou o fundamento das
coisas existentes? Tales de Mileto, considerado o primeiro filósofo, defende que o princípio ou o fundamento
de todas as coisas é a água. Para Anaxímenes, esse princípio é o ar. Já Demócrito defende que é o átomo.
Heráclito diz que o princípio primordial é o devir (mudança) representado pelo fogo. Empédocles entende
que tudo se origina da combinação dos quatro elementos básicos: ar, fogo, água e terra
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É considerado o primeiro filósofo. Ele ficou muito conhecido pelo feito notável de prever um eclipse
que se confirmou no dia previsto: 28 de maio de 585 a.C. Para alguns autores, essa data simboliza o
dia do nascimento da Filosofia. Não se conhece fragmento dos escritos de Tales, mas é atribuída a ele a
autoria de uma pergunta que ainda hoje produz muita controvérsia: qual a origem de todas as coisas?
Do que tudo é constituído?
Para Tales, a água é o elemento primordial de todas as coisas. Tese citada por Aristóteles (1973),
em Metafísica:
Tales, o fundador de tal filosofia, diz ser água (é por isto que ele declarou que
a terra assenta sobre água), levado sem dúvida a esta concepção observar
que o alimento de todas as coisas é úmido, e que o próprio quente dele
procede e dele vive (ora, aquilo donde as coisas vêm é, para todas, o seu
princípio). Foi desta observação, portanto, que ele derivou tal concepção,
como ainda do fato de todas as sementes terem uma natureza úmida e ser
a água, para as coisas úmidas, o princípio de sua natureza (ARISTÓTELES,
1973, p. 217).
Outra ideia atribuída a Tales é de que tudo está cheio de deuses, concepção também citada em
obra de Aristóteles (1985):
E afirmam alguns que ela (a alma) está misturada com o todo. É por isso que,
talvez, também Tales pensou que todas as coisas estão cheias de deuses [...]
Parece também que Tales, pelo que se conta, supôs que a alma é algo que
se move, se é que disse que a pedra (ímã) tem alma, porque move o ferro
(ARISTÓTELES apud OS PRÉ‑SOCRÁTICOS, 1985, p. 8).
Platão (2001), em Teeteto, conta que Tales, um dia, caminhando e observando os astros, caiu em um
poço e provocou risos em uma jovem trácia.
Foi o caso de Tales, Teodoro, quando observava os astros; porque olhava para o
céu, caiu num poço. Contam que uma decidida e espirituosa rapariga da Trácia
zombou dele, com dizer‑lhe que ele procurava conhecer o que se passava no
céu, mas não via o que estava junto dos próprios pés (PLATÃO, 2001, 174b).
O filósofo Friedrich Nietzsche (1985) exalta Tales como o primeiro filósofo grego:
A filosofia grega parece começar com uma ideia absurda, com a proposição:
a água é a origem e a matriz de todas as coisas. Será mesmo necessário
deter‑nos nela e levá‑la a sério? Sim, e por três razões: em primeiro
lugar, porque essa proposição enuncia algo sobre a origem das coisas; em
segundo lugar, porque faz sem imagem e fabulação; e enfim, em terceiro
lugar, porque nela, embora apenas em estado de crisálida, está contido o
pensamento: “Tudo é um”. A razão citada em primeiro lugar deixa Tales ainda
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Anaximandro foi discípulo de Tales, porém de sua vida pessoal não há quase informações. Sabe‑se
que foi autor de um livro que recebeu o título Sobre a Natureza, mas este se perdeu, restando apenas
fragmentos. Diôgenes Laêrtios (2008), em Vidas e Doutrinas dos Filósofos Ilustres, afirma:
Para Anaximandro, a arkhé – o princípio primordial de todas as coisas – não é um elemento conhecido
e definido, mas, ao contrário, é o ilimitado, o ápeiron (termo grego formado por “a”, que significa sem
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e peirar, que significa fim, limite). Logo, o ápeiron, um elemento ilimitado, é a origem de tudo que
é limitado e particular, assim como aparece nos fragmentos de sua obra: “O ilimitado é eterno” [...]
“O ilimitado é imortal e indissolúvel” (BORNHEIM, 2005, p. 25).
Para Nietzsche, o problema colocado por Anaximandro equivale a perguntar: “o que vale a vossa
existência?”, uma vez que tudo se desprende do ápeiron e para lá retorna com a morte. Segundo Maciel
(2003), Anaximandro extrapola o problema físico e busca um sentido metafísico para existência, ao
conceber “[...] o drama do sofrer e do morrer como uma grande tragédia, em que a morte é a expiação
da culpa pela separação inicial, e o tempo o grande reparador da injustiça” (MACIEL, 2003, p. 51).
Tudo é um eterno e cíclico vir a ser.
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Há poucas informações sobre a vida de Anaxímenes. Ele nasceu em Mileto, foi discípulo de
Anaximandro e é autor de um livro intitulado Sobre a Natureza. Para Anaxímenes a arkhé é o ar, pneuma.
Segundo Bornheim (2005):
Anaxímenes, por um lado, concorda com Anaximandro que a Natureza possui um caráter ilimitado,
por outro lado, entende que o seu princípio primordial não tinha o mesmo caráter indefinido, mas sim
definido: o pneuma, ar. Mas por que ele elegeu justamente o ar como elemento primordial? A seguir as
considerações do filósofo Hegel (1985) a respeito:
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Lembrando que ar (pneuma), significa sopro vital, logo, ele é o responsável pela vida dos seres vivos
e, por analogia, todo o universo também depende do sopro vital, que anima o existente, dessa forma, o
ar é o elemento primordial do qual tudo emana e ao qual tudo retorna.
Pitágoras não escreveu nenhum livro, e seus ensinamentos, realizados de forma oral, não foram
registrados por seus discípulos devido a esses fatos.
Segundo Bornheim (2005), a doutrina religiosa de Pitágoras une vida ascética com a crença na
transmigração das almas, e há três pontos que parecem pertencer de forma indubitável a sua filosofia:
Diôgenes Laêrtios (2008) relata uma passagem em que Pitágoras define um filósofo como alguém
que busca a verdade:
Na Sucessão dos Filósofos, Sosícrates diz que Pitágoras, quando Lêon, tirano
de Fliús, lhe perguntou quem era ele, respondeu: “Um filósofo”. Comparava
a vida aos Grandes Jogos, aos quais alguns compareciam para lutar, outros
para fazer negócios, e outros ainda – os melhores – como espectadores; com
efeito, alguns crescem escravos da fama, outros ambiciosos de ganhos, e os
filósofos ávidos da verdade (LAÊRTIOS, 2008, p. 230).
Sobre a ideia de imortalidade e transmigração da alma, Laêrtios (2008) conta que, segundo relatos,
Pitágoras, além de acreditar, também se recordava de outras vidas:
Segundo Laêrtios (2008, p. 230), Pitágoras aconselhava que toda vez que seus discípulos chegassem
em casa refletissem sobre as seguintes interrogações: “Que erro cometi? Que fiz? Que deveres não cumpri?”
Lembrete
Observe a seguir o comentário de Peter Jones (2013), em sua “Introdução” para a obra Íliada, sobre
os deuses Homero e Hesíodo:
Xenófanes defende a tese de que existe um único Deus, por isso Aristóteles afirma que ele foi o
primeiro partidário do uno, como pode ser verificado nos fragmentos a seguir:
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O filósofo Friedrich Hegel comenta sobre a ideia de um Deus único, imóvel e imutável de Xenófanes,
da seguinte forma:
Hegel também faz considerações sobre uma dupla consciência em Xenófanes: uma, pura, que permite
conceber a essência do divino e outra que fica na esfera da opinião atrelada às concepções mitológicas:
Daí a necessidade de alcançar uma consciência dialética e superar uma consciência limitada ao
mundo sensível.
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Ficou conhecido por ter uma postura altiva e melancólica, sendo chamado por seus contemporâneos
de obscuro, devido aos seus escritos serem de difícil compreensão. Conta‑se que Sócrates ao ler um livro
seu afirmou que para entendê‑lo teria que ser um mergulhador de Delos, tal a profundidade dos seus
pensamentos. Heráclito ficou conhecido como filósofo do devir ou do tudo flui (em grego panta rei).
Veja algumas de suas principais ideias:
Tudo se faz por contraste; da luta dos contrários nasce a mais bela harmonia
(HERÁCLITO apud BORNHEIM, 2005, p. 36).
Não se pode entrar duas vezes no mesmo rio. Dispersa‑se e reúne‑se; avança
e se retira (HERÁCLITO apud BORNHEIM, 2005, p. 36).
Sexto Empírico (1985) destaca em Heráclito uma ideia que é comum também a outros pré‑socráticos:
os sentidos enganam e para atingir o verdadeiro conhecimento é necessário se pautar pela razão.
E Heráclito, pois também lhe parecia que o homem é dotado de dois órgãos
para o conhecimento da verdade, pela sensação da verdade, pela sensação
e pela razão (logos), destes considerou aproximadamente como os físicos
anteriormente citados, que a sensação não é digna de confiança, e a razão
ele supõe como critério. A percepção ele critica, quando diz na sentença:
“mas testemunhas para os homens são os olhos e os ouvidos, se almas
bárbaras eles têm”, o que era igual a essa: “é próprio das almas bárbaras
confiar em sensações sem razão (logos)”. Revela que a razão (logos) é critério
da verdade, não uma qualquer, mas a comum e divina (SEXTO EMPÍRICO
apud OS PRÉ‑SOCRÁTICOS, 1985, p. 78).
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Diôgenes Laêrtios (2008) resume alguns pontos principais de sua filosofia da seguinte forma:
É apenas pelo pensamento (noûs) que se obtém a verdade, e dessa forma o ser coincide com o
pensar, ou seja, o conteúdo do pensamento, pela via da razão, coincide com o conteúdo da realidade.
Daí sua tese do ser como uno e imutável, já que conceber de outra forma leva a contradições, ou seja,
o ser não pode ser e não ser ao mesmo tempo, o que seria uma contradição. Dito de outra forma, o
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que existe fora de mim deve coincidir com meu pensamento com o logos que desvela a verdade, se não
coincidir é porque se está na via da doxa. Passagens: “o ser é e o não ser não é”. “O ser é uno e imutável”.
Apesar da oposição entre as teorias de Heráclito e Parmênides, é possível estabelecer pontos comuns
entre eles. Ambos entendem que a verdade (alétheia) está no pensamento e a opinião (doxa) está nos
sentidos. O argumento de que os sentidos enganam era usado, dessa forma, para tentar provar teses
contrárias como a de Heráclito: “tudo é movimento, a imobilidade é uma ilusão dos sentidos”. E a de
Parmênides: “não há movimento, a mobilidade é uma ilusão dos sentidos”.
Embora tenham existido variadas explicações para a matéria primordial e que cada um dos
pré‑socráticos argumentasse que a sua teoria era a única verdadeira, a importância desse período
reside no fato de que o pensamento mítico não mais convence e esses filósofos se lançam na busca de
investigar e elaborar outras respostas para a explicação da realidade. Respostas estas produzidas pelo
logos e, portanto, dotadas de uma certa lógica racional.
Há escassas informações sobre Leucipo, assim como existem algumas dúvidas, a começar por seu
local de nascimento, que pode ter sido Mileto (mas há quem sugira Eleia ou Abdera), também há dúvidas
em relação ao ano de seu nascimento e sua morte. Sabe‑se que ele foi o autor de um livro intitulado
A Grande Ordem do Mundo, o qual restou um único fragmento conhecido: “nada deriva do acaso, mas
tudo de uma razão e uma necessidade” (BORNHEIM, 2005, p. 103). Aristóteles considera Leucipo o
iniciador da teoria dos átomos e que Demócrito foi seu discípulo. Diôgenes Laêrtios (2008) o descreve
da seguinte forma:
Demócrito nasceu em Abdera e foi continuador da teoria dos átomos iniciada por Leucipo. Segundo
essa teoria, todas as coisas existentes são formadas por átomos. O termo vem do grego átomos,os,on
e significa aquilo que não pode ser cortado, nem dividido. Além de indivisíveis, os átomos também
são maciços, mas tão minúsculos que não podem ser vistos. Assim, de acordo com essa teoria, existem
infinitos números de átomos; eles são os tijolos básicos que compõem tudo o que existe. Possuem
diferentes formatos e estão em queda livre no vazio e, nesse processo, se juntam ou se separam de
outros átomos formando os diversos seres.
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Para conceber e aceitar a teoria atomista, não basta o conhecimento dos dados dos sentidos, é
necessário recorrer à razão. Não obstante, Demócrito considera que existem duas formas de conhecimento:
Segundo Maciel (2003), o naturalismo radical que existe no pensamento atomista de Leucipo
e Demócrito tem como propósito propiciar o entendimento do mundo e, como desdobramento, se
contrapor às superstições e ao medo que escravizam os homens. É pelo caminho do entendimento
racional da natureza que o homem se liberta das superstições e do domínio de outros homens que
manipulam as pessoas aproveitando‑se do medo.
Considerando o aspecto etimológico, a palavra “filosofia” vem do grego ϕιλοσοϕια, que por sua vez
se faz pela união de dois conceitos: ϕιλíα (philia), amizade, amor fraterno, mais σοϕíα (sophia), sabedoria,
conhecimento. Dessa forma, tem‑se a definição clássica de filosofia (ϕιλοσοϕια) como busca amorosa
pela sabedoria, amizade ao saber. Segundo a tradição, foi Pitágoras de Samos que cunhou a palavra
filosofia. Para ele, a sabedoria era atributo dos deuses e não dos seres humanos, mas estes poderiam
desejá‑la, buscar amorosamente a sabedoria, transformando‑se em filósofos (CHAUÍ, 1997, p. 19‑20).
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Conforme foi exposto anteriormente, o que mobiliza o ser humano a filosofar é, segundo Platão e
Aristóteles, o thaumázein, o admirar‑se, o espantar‑se em relação a certos fenômenos. Demerval Saviani,
em Educação: do Senso Comum à Consciência Filosófica (2000), recoloca a pergunta sobre a origem do
filosofar e defende a tese de que a mola propulsora para o filosofar encontra‑se nos problemas, como
afirma: “eis, pois, o objeto da Filosofia, aquilo de que trata a Filosofia, aquilo que leva o homem a
filosofar: são os problemas que o homem enfrenta no transcurso da sua existência” (2000, p. 10).
Dessa forma, se podemos dizer que são problemas que levam o homem a filosofar, o que devemos
entender, então, por problemas? Segundo Saviani (2000), em geral toma‑se problema como sendo
sinônimo de questão, mas isso não é suficiente para caracterizar um problema. Por um lado, as questões
lidam com respostas já conhecidas, por outro lado, mesmo que as respostas sejam desconhecidas, esse
fato, por si só, não é suficiente para caracterizar um problema.
As pessoas podem desconhecer muitas coisas e, mesmo assim, tais coisas podem não se configurar
como problemáticas, como saber o nome de todos os afluentes do rio Amazonas ou perscrutar
quantas vezes uma pulga precisa saltar o comprimento de suas próprias pernas para atravessar a
muralha da China. Essas questões podem despertar alguma curiosidade, mas não se configuram como
problemáticas para a Filosofia.
Observação
Diante dos problemas, segundo Saviani (2000), a Filosofia responde com reflexão. E qual o significado
do conceito reflexão? A reflexão “[...] vem do verbo latino reflectere que significa voltar atrás. É, pois, um
repensar, ou seja, um pensamento em segundo grau” (SAVIANI, 2000, p.16). A reflexão é uma análise
consciente daquilo que se apresenta como problema. Assim, se pensar é uma atividade que se coloca
em prática espontaneamente, o mesmo não se pode dizer do refletir, porque “[...] se toda reflexão
é pensamento, nem todo pensamento é reflexão” (SAVIANI, 2000, p. 16). A reflexão implica atitude
consciente de examinar detidamente as questões vitais da existência humana. O próprio patrono da
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Filosofia, Sócrates, em uma de suas máximas já apontava a necessidade de refletir sobre a própria
existência, ao repetir para seus contemporâneos que uma vida sem exame não era digna de ser vivida.
Considerando que todo ser humano enfrenta problemas, pode‑se pressupor que cada um é também
levado a refletir ou a filosofar. Mas Saviani (2000) argumenta que a reflexão filosófica não é uma reflexão
qualquer, ou seja, é necessário que ela atenda a algumas exigências para poder ser adjetivada de filosófica.
Ele resume essas exigências a três âmbitos: [...] “a radicalidade, o rigor e a globalidade. Quero dizer, em
suma, que a reflexão filosófica, para ser tal, deve ser radical, rigorosa e de conjunto” (SAVIANI, 2000, p. 17).
Radical, porque a reflexão filosófica precisa ir até a raiz do problema, investigar seus fundamentos.
Rigorosa, uma vez que a reflexão filosófica implica sistematização apoiada no rigor de um método próprio.
De conjunto, pois ao mesmo tempo em que o problema é visto em profundidade deve ser também visto
numa perspectiva mais ampla, de conjunto, em relação a outros elementos do contexto.
Destarte, para Saviani (2000), a Filosofia pode ser definida como uma reflexão radical, rigorosa e de
conjunto sobre os problemas que o ser humano enfrenta no decorrer de sua existência.
A existência de problemas é inerente à vida humana, uma vez que existir pressupõe o enfrentamento
e a tentativa de resolução de uma série de questões vitais, que podem ser diferentes em cada época, mas
que não deixam de existir. Essas questões podem ser resolvidas, de forma completa ou parcial, mas são
também constantemente renovadas, pela própria dinâmica contraditória da existência tanto no âmbito
individual quanto no coletivo. Tal condição garante a necessidade do filosofar.
Conforme abordado anteriormente, o filosofar possui um caráter necessário, mas, apesar dessa
condição, a Filosofia possui uma longa história de obliteração dessa necessidade. Karl Jaspers (2007),
em seu texto “A Filosofia no Mundo”, revela a avaliação que boa parte da sociedade tem nutrido em
relação à Filosofia:
O texto citado anteriormente foi publicado na década de 1960 e faz parte de um conjunto de
conferências apresentadas na televisão a convite da Rádio Baviera. A aceitação de Jaspers para a
realização dessas apresentações teve como pressuposto a concepção de que “a Filosofia se destina ao
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Unidade II
homem e a todos diz respeito” (JASPERS, 2007, p. 11). Essas conferências, num total de 13, receberam o
título “Introdução ao Pensamento Filosófico”, mesmo nome do livro que reúne os textos, e tiveram como
objetivo propiciar uma iniciação ao pensar filosófico, sem, contudo, ser trivial.
O pensar filosófico, segundo Jaspers (2007), tem a finalidade de elevar o pensamento e ser capaz
“[...] de iluminar‑nos interiormente e iluminar o caminho diante de nós, permitindo‑nos apreender o
fundamento onde encontremos significado e orientação” (JASPERS, 2007, p. 12). Apesar dessa meta
elevada, a Filosofia desperta reações adversas:
Além dessa reação – a ameaça que a Filosofia pode causar a uma dada visão de mundo –, ela encontra‑se
cercada por vários outros inimigos, muitos sem a devida consciência dessa condição, são eles:
E o problema, aponta Jaspers (2007), é que essa antifilosofia, embora pervertida, é também uma
filosofia e que ameaça a existência da própria Filosofia. Para o pensador, o cerne da questão é que “[...]
a Filosofia aspira à verdade total, que o mundo não quer. A Filosofia é perturbadora da paz” (JASPERS,
2007, p. 140). Mas essa verdade que busca a Filosofia não é estática, nem dogmática, pelo contrário,
é dinâmica e aberta à pugna. Ela é uma construção que se revela nas relações que se estabelece com
outros pensadores e com o existente e tem como referência o próprio ser humano, ao afirmar:
Eis por que a Filosofia não se transforma em credo. Está em contínua pugna
consigo mesma (JASPERS, 2007, p. 140).
Lembrete
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PRÉ-SOCRÁTICOS
Saiba mais
A Filosofia tem como preocupação geral o ser humano e o mundo vivido. Apesar das críticas e dos
obstáculos que enfrenta, ela contribui de forma fundamental para que o indivíduo altere sua forma de
pensar e vislumbre a possibilidade de liberdade e transcendência.
Exemplo de aplicação
O que diferencia a explicação dos pré‑socráticos das explicações míticas para a origem das coisas?
Saiba mais
Resumo
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Unidade II
Heráclito de Éfeso (cerca de 540-470 a.C.) ficou conhecido por ter uma
postura altiva e melancólica, sendo chamado por seus contemporâneos
de obscuro, devido aos seus escritos serem de difícil compreensão. Era o
filósofo do devir ou do tudo flui (em grego panta rei), uma vez que para
ele tudo está em movimento o tempo todo, assim, não se pode entrar no
mesmo rio duas vezes, por exemplo.
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Unidade II
Saviani (2000) conclui que a Filosofia pode ser definida como uma
reflexão radical, rigorosa e de conjunto sobre os problemas que o ser humano
enfrenta no decorrer de sua existência, uma vez que existir pressupõe o
enfrentamento e a tentativa de resolução de uma série de questões vitais,
que podem ser diferentes em cada época, mas que não deixam de existir.
Exercícios
Questão 1. Leia o trecho a seguir, extraído do livro O mundo de Sofia, de Jostein Gaarder. O enredo
desse romance narra a história de Sofia, que, misteriosamente, começa a receber cartas anônimas
com aulas de Filosofia. O excerto refere-se ao momento em que o pensamento de Demócrito vai ser
apresentado à protagonista.
Foi então para o seu quarto e abriu o envelope. Nesse dia, havia apenas uma pergunta na folha,
mas em compensação esta pergunta era ainda mais absurda do que as três contidas na “carta de
amor”: “Por que é que as peças do Lego são o brinquedo mais genial do mundo?” Sofia não estava
muito convencida de que achava as peças do Lego o brinquedo mais genial do mundo; de qualquer
modo, já não brincava com elas há muitos anos. Além disso, não conseguia compreender o que é que
as peças do Lego teriam a ver com filosofia. Mas era uma aluna obediente. Remexeu na prateleira
mais alta do seu armário e encontrou por fim um saco de plástico com peças de Lego de variadíssimos
tamanhos e formas.
[...]
GAARDER, J. O mundo de Sofia. São Paulo: Companhia das Letras, 1991, p. 84.
I – Infere-se que o professor de Sofia estabelece uma analogia entre as peças de Lego e os átomos,
que, segundo Demócrito, formam todas as coisas.
II – Demócrito atribuía aos quatro elementos (terra, fogo, água e ar) a criação do mundo e
dos átomos.
III – Segundo Demócrito, é a vontade dos deuses que une os átomos na formação de tudo o
que existe.
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PRÉ-SOCRÁTICOS
A) I.
B) II.
C) III.
D) I e II.
E) I e III.
I – Afirmativa correta.
Justificativa: pelos trechos apresentados, percebe-se que os elementos pequenos que formam tudo
(átomos) serão comparados às peças do Lego.
II – Afirmativa incorreta.
Justificativa: Demócrito não crê que sejam os quatro elementos a origem de tudo; para ele, são os
átomos que formam todas as coisas.
Justificativa: para Demócrito, é o acaso que une os átomos, que tudo formam.
Questão 2. (Sedu-ES 2016) Parmênides e Heráclito foram dois pensadores pré-socráticos com ideias
antagônicas: este considerava que é essencial a mudança e a contradição existente nas próprias coisas;
aquele, contrariamente, considerava que o que não pode ser pensado não pode existir e o que não existe
não pode ser pensado.
Considere:
I – “Nós nos banhamos e não banhamos no mesmo rio. Não é possível descer duas vezes no
mesmo rio”.
II – “O ser tampouco é divisível, pois é todo inteiro, idêntico a ele; não sofre nem acréscimos, o que
seria contrário à sua coesão, nem dominação, mas todo inteiro, está cheio de ser; é, assim, inteiramente
contínuo, pois o ser é contínuo ao ser”.
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Unidade II
III – “Este cosmos, o mesmo para todos, nenhum dos deuses e nenhum dos homens o criou: mas
sempre foi, é e será um fogo sempre vivo, acendendo-se e apagando-se com medida”.
V – “Não há que temer que jamais se prove que o não ser é. Só nos resta um caminho a percorrer, o
ser é. E há uma multidão de sinais de que o ser é incriado, imperecível, pois somente (o ser) é completo,
imóvel e eterno”.
A) I, II e IV.
B) II, III e V.
C) III, IV e V.
D) I, III e IV.
E) II, IV e V.
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