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E-Book Beneo 2023
E-Book Beneo 2023
dos benefícios
corporativos
Atualizada, comentada e com recomendações
Incluindo análise das MPs 1.108 (Lei 14.442/22) e 1.109 (Lei 14.437/22).
Entenda as mudanças da legislação nos benefícios refeição e alimentação.
O que sua empresa precisa saber de mais relevante para adequar os benefícios
dos colaboradores aos novos modelos de trabalho e mudanças na legislação.
Com certeza, este e-book deve auxiliar bastante os profissionais que ainda têm
dúvidas e ajudará a trazer todos para a mesma página.
Não buscamos aqui meramente personalizar conceitos e evidenciar dores que façam de
certos serviços e produtos soluções sob medida. Há no mercado empresas inovadoras e
experientes e cada gestor ou decisor saberá optar pela que for mais aplicável ao seu
contexto. De forma imparcial, a análise mergulhou fundo na legislação, procurando trazer
à tona o que pode ser considerado mais relevante para ajudar em decisões seguras sobre Legislação dos benefícios corporativos
a contratação e uso dos benefícios. 2023 - Beneo - Direitos Protegidos.
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OPORTUNIDADES PARA MELHORAR!
Isso inclui o impacto que as recentes mudanças na legislação determinaram sobre o Nosso agradecimento pelo esforço dos escritórios jurídicos parceiros para chegar a esse
uso, a partir de agora, dos benefícios vales e auxílios refeição e alimentação e as resultado. Conforme dito, não lhes cabe, nem a nós, claro, a responsabilidade pelo que
penalidades previstas em caso de desvirtuamento do seu propósito de alimentação do cada empresa irá adotar.
trabalhador.
Mas fica como nossa contribuição este material único, que traz uma pavimentação inicial
"Mas interpretar a legislação é trabalho do jurídico!". Sem dúvida, mas a busca por suficiente para que cada gestor tire o melhor proveito e o utilize como achar mais
segurança jurídica tem sido um tema recorrente na gestão dos benefícios e o cenário apropriado para sua empresa e colaboradores.
de mudanças exige reflexão. Por exemplo, não faz muito tempo soluções de benefícios
Nesse momento, em que nos acostumamos à vida como ela se tornou após a pandemia
flexíveis têm sido apresentadas aos empregadores como um Santo Graal que irá
que afetou a todos, nossa intenção é trazer à tona alguns temas:
relegar a velho tudo o que adotamos como benefícios para nossos colaboradores. Isto
não parece fazer sentido e sabemos que, quanto mais flexível, mais pantanoso o • Estamos juntando cacos dos velhos modelos e aprendendo a organizar os novos
terreno que o jurídico irá encarar para propor suas recomendações. Para ajudar nisso, formatos de trabalho.
apontamos aqui as fontes legais e também sua interpretação, em linguagem simples,
demonstrando como trazer para a prática a legislação em favor da gestão dos
• O contexto exige reorganizar os benefícios tradicionais e encontrar novas soluções
benefícios, inclusive os flexíveis!
para as necessidades que surgiram.
Mas assim como há na lei riscos que exigem o cuidado necessário para evitar erros e
• Há oportunidades para melhorar a oferta de benefícios e seu valor percebido pelos
suas potenciais consequências, há também oportunidades para adotar soluções
colaboradores e, como consequência, aumentar a retenção de talentos.
simplificadas e de entendimento cristalino, principalmente as trazidas pela Reforma
Trabalhista de 2017 e recentes mudanças que geraram modernização no PAT
(Programa de Alimentação do Trabalhador), dentre elas o combate ao desvirtuamento
do seu uso como alimentação, princípio agora também estendido ao auxílio-
alimentação previsto na CLT.
Legislação dos benefícios corporativos
2023 - Beneo - Direitos Protegidos.
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UM MUNDO EM TRANSFORMAÇÃO
Esse é um momento único de transformação em que a demanda explosiva por Esse será o combustível que impulsionará um processo de evolução contínua, até
serviços digitais e a conectividade definitivamente se incorporam aos novos que seja encontrado o formato de gestão do trabalho e de concessão de benefícios
formatos de trabalho - remoto, híbrido, assíncrono e até por produtividade, tal ideal ao perfil de cada empresa e de seus colaboradores.
como nos apresenta a recente legislação complementar sobre o teletrabalho.
Esperamos que seja útil.
Além disso, estamos diante de novas tecnologias e inteligência artificial
influenciando o trabalho. Tendências e mudanças que precisamos acompanhar Armando Ribeiro é fundador e CEO da Arista, empresa que cria e gere negócios
para tirar proveito como novas oportunidades para melhorar a vida dos nossos digitais, dentre eles a Beneo, startup HRTech de pedidos e automação de
colaboradores. benefícios.
Esse era até pouco tempo o cenário predominante e que deu o tom das opções e
forma como os benefícios eram contratados pelas empresas e concedidos aos
usuários.
Uma pequena viagem no tempo, março de 2020. Parecia o fim do mundo e nas
empresas não foi diferente. Uma correria para gerir um caos jamais imaginado,
primeiro para proteger os colaboradores nos escritórios, fábricas, comércios e, ao
mesmo tempo, manter as atividades da empresa em ambiente remoto, quando isso
fosse possível.
“Tem que mandar todo mundo pra casa!”, era a frase certamente mais ouvida em
empresas de qualquer parte do mundo. Mas vamos nos restringir aos nossos
desafios por aqui.
No fim, e por falta de plano B, todo mundo teve que se adaptar à nova realidade do Assim, o vale-transporte não precisava para quem não ia para a empresa, o vale-
distanciamento social e aprender a trabalhar longe uns dos outros. Aos poucos, os refeição precisou ser substituído por alimentação, pois os restaurantes estavam
Zooms e Teams foram reaproximando todos e a vida no trabalho remoto foi se fechados ou a refeição passou a ser feita em casa. Foi preciso ajudar a pagar a conta
tornando parte do cotidiano, trazendo junto muitos desafios. Aquilo que parecia ser da internet e do celular, que acabou virando ferramenta de trabalho do colaborador
coisa para algumas semanas, talvez poucos meses (era isso que a gente achava e para conectar o atendimento virtual em casa. E a conta de energia que aumentou? A
queria), permaneceu por dois anos. cadeira de casa não servia pra ficar o dia todo sentado. Uma confusão!
Mas, agora, mais de três anos depois, e após os desafios para trazer de volta as
pessoas ao trabalho presencial, a coisa se mostrou um pouquinho mais complexa em
um momento em que a empresa se vê no desafio de ter que reorganizar os
benefícios.
Então, tem que manter o auxílio-home office, certo? Mas e o auxílio-academia online?
Esse não pode tirar porque voltou ao presencial. Então, já que será meio remoto daqui
por diante, além de ajustar os benefícios, precisamos então contratar aquela solução
para melhorar a comunicação interna. Definitivamente, não é igual ao que era. É
diferente!
Legislação dos benefícios corporativos
2023 - Beneo - Direitos Protegidos.
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ALGUNS PRINCÍPIOS PARA REORGANIZAR
Apesar de diferente, a vida voltou ao normal, mas o momento pode ser • Garantir que as mudanças sejam amparadas pelas possibilidades previstas na
considerado ainda de transição. Seguramente é um momento para reorganizar: legislação trabalhista e previdenciária e não permitir que ocorra o impedimento
colocar de volta no eixo algo que ficou torto por conta da pandemia, melhorar o ou interrupção da concessão de benefícios obrigatórios, nem artifícios que
que já existia e trazer coisas novas. É um plano que provavelmente envolverá possam ser interpretados como descumprimento da norma legal, em relação a
todos os colaboradores e, por isso, é recomendável levar em conta alguns benefícios.
princípios, visando alinhamento de expectativas e obtenção de segurança
jurídica: • E não esquecer de conferir os acordos e convenções coletivos. Se necessário,
propor ajustes nas convenções, afinal, a reforma trabalhista de 2017 trouxe a
• Dar transparência ao colaborador das regras e opções de benefícios novidade da possibilidade da predominância dos acordos em diversos temas.
disponíveis, deixar claro ser necessário o compromisso de cada um em usar
os benefícios de acordo com as regras da empresa e seguindo a legislação • E, por fim, ao fazer um voo panorâmico sobre os benefícios, seus formatos e até
aplicável. Se a empresa achar melhor, pode tornar isso um acordo por escrito. em alguns fornecedores, não perder a oportunidade para automatizar o que for
possível. Quanto mais simples se tornar, mais tempo para novas iniciativas para
• Se for substituição ou alteração de benefício já recebido, é necessário que melhorar as coisas na empresa. Quem sabe agora dá para retomar aquele
essa mudança não acarrete prejuízo ao beneficiário sob pena de ser projeto parado desde o meio da pandemia?
considerada irregular.
Esse momento de transição, comum a todos, é único e traz oportunidades para testar
modelos e aprender. O profissional de RH e as lideranças das empresas poderão se
aproveitar dele para estruturar um programa de benefícios que seja altamente
valorizado por seus colaboradores atuais e atrair futuros talentos.
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Benefício Antes Agora Novas flexibilidades
Vale-Transporte Uso para ir e voltar do Os dias em home office É necessário adequar a concessão à
trabalho em transporte alteram a necessidade de uso jornada presencial. Dependendo da
coletivo público, urbano, do transporte público e o seu necessidade do colaborador, pode ser
intermunicipal ou consequente pagamento substituíído por vale-combustível ou
interestadual. proporcional. A necessidade crédito de aplicativo de transporte,
evoluiu para outros modais estacionamento, bike, zona azul, pedágio,
de mobilidade. ou mesmo migrar parte para auxílio-home
office.
Combustível Valor praticamente fixo e A necessidade depende da Permitir ao colaborador alterar valores
fornecido aos empregados jornada presencial (no ou migrar para outros que atendam
que não se utilizavam escritóro ou em atividades melhor sua demanda, mas atrelado ao
transporte coletivo público, externas). Também pode ter uso do veículo para o trabalho.
mas precisavam do veículo sido alterada pelos novos
para o trabalho. formatos de contato externo
com clientes e outros.
Auxílio para Inexistente para empresas A lei autoriza que as partes Conceder auxílios ou fazer
que não tinham modelos de negociem a responsabilidades reembolsos ao empregado como
despesas com o home office e, mesmo para pelas despesas e equipamentos contrapartida aos custos inerentes ao
trabalho em casa as que já tinham, era de de trabalho, mas primariamente teletrabalho.
pouca aplicação prática. é responsabilidade do Importante formalizar em documento
(auxílio-home empregador os custos do próprio, incluindo a eventual não
office) negócio, portanto, arcar com o concessão.
aumento das despesas
decorrentes do trabalho em
casa, como: telefone, internet,
contas de consumo, compra e
manutenção de equipamentos e
mobiliário de trabalho e até
material de escritório.
Novas flexibilidades
Mudança muito sensível. O isolamento, o trabalho remoto e questões de saúde durante a pandemia alteraram hábitos, locais de moradia e estrutura das famílias.
Parte dos novos colaboradores já foi contratada trazendo junto sua situação pessoal. Além disso, tornou-se senso comum ser mais fácil para as pessoas
demonstrarem suas prioridades e aspirações de equilíbrio entre vida pessoal, família e trabalho.
Tudo isso inviabiliza que as empresas simplesmente deixem de levar em conta essa nova realidade em que parte das pessoas não pode ou não quer o trabalho
presencial integral ou mesmo preferem o remoto em definitivo. Esse fenômeno tem dado muita dor de cabeça aos gestores, exigindo deles criatividade em
promover ações de engajamento e endomarketing para mobilizar as equipes a frequentar o trabalho presencial.
Já existe até a possibilidade de avaliar a produtividade pelo resultado e não pelas horas trabalhadas, modelo previsto desde a Reforma Trabalhista de 2017 e agora
com legislação atualizada pelas MPs 1.108/22 e 1.109/22 (leis 14.442/22 e 14.437/22, respectivamente).
Cada empresa deverá avaliar qual modelo, jornada e seu eventual controle serão aplicáveis. Já há também a possibilidade de controle eletrônico de jornada sem
anuência do sindicato, ou ponto por exceção, formatos que antes não eram reconhecidos.
Por certo, a flexibilidade do modelo, da jornada e do local de trabalho passam a ser reconhecidos como benefícios tangíveis e parte do rol de opções.
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Conceito Antes Agora
Novas flexibilidades
Muita gente passou a trabalhar mais no modelo remoto, enquanto aprendia a estabelecer limites entre pessoal e trabalho, evitar jornadas extenuantes e lidar com a
necessidade de períodos de desconexão e privacidade.
A conta acabou chegando. A Síndrome de Burnout, stress intenso e esgotamento relacionados ao trabalho, já reconhecido como doença pela Organização Mundial
de Saúde, é só a ponta mais visível desse problema. O benefício aqui transcende adotar a assistência médica da empresa como solução de saúde para isso.
Nesse contexto, destacam-se como benefícios diretos os convênios para uso de academias de atividade física e serviços ligados à saúde emocional, auxílio
psicológico e similares.
O cuidado do RH incluirá também manter canais de feedback ativos que propiciem identificar dificuldades pessoais e coletivas e adotar medidas preventivas e de
assistência, tais como apoio psicológico personalizado, quando possível, ou auxílio financeiro para terapia, mesmo que provisório.
A gestão eficiente desse assunto deverá ser reconhecida pelos colaboradores como um novo benefício tangível, especialmente para os que se sentirem assistidos.
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Conceito Antes Agora
Bem-estar e Muito mais ligados aos O assunto foi trazido ao
objetivos pessoais e geridos contexto da organização,
qualidade de vida pelo próprio colaborador. principalmente como
decorrência do trabalho em
casa e dos hábitos das novas
gerações.
Novas flexibilidades
Assim como já é demanda do RH criar modelos que se adequem à preferência coletiva em relação à jornada e formato de trabalho, é preciso reconhecer que as
pessoas querem e precisam de tempo para seus propósitos pessoais, família, entretenimento. Já se debate até a semana de quatro dias e as sextas-feiras de
escritório vazio chegam a parecer um exercício de futurologia.
Certamente isso se cristalizará com o tempo, mas reconheçamos, já seria um benefício tangível para o colaborador ter a opção de receber ou escolher benefícios
que atendam a uma parcela dessa demanda pessoal. A empresa pode se apropriar disso e transformar em benefício percebido aquilo que o próprio colaborador
pagaria, mesmo de valor baixo, como, por exemplo, serviços e produtos de cuidados pessoais, serviços de música e streaming e outros mimos, mas que certamente
valorizará, se receber da empresa.
Neste contexto, a cada empresa deverá avaliar aplicação e se orientar, de acordo com a base legal pertinente.
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Conceito Antes Agora
Novas flexibilidades
Talvez os processos de comunicação existentes não sejam suficientes para a transição na gestão dos benefícios ou para os novos formatos de trabalho. Se
durante a pandemia tornou-se um desafio evitar o isolamento, procurar manter as equipes conectadas e engajadas e obter feedbacks, o momento é de fortalecer a
cultura e impedir que ela se distorça ou se perca.
A percepção de uma cultura positiva da empresa é altamente valorizada pelos colaboradores, portanto lhes gera benefício ligado à satisfação. Então, é um item a
ser considerado para reter talentos e o papel das lideranças será valiosíssimo nesse contexto.
A comunicação ajudará também a difundir os objetivos e resultados esperados e seguir em frente. Afinal, independentemente do formato de trabalho adotado, a
vida continua e é preciso resgatar o mercado eventualmente perdido na crise, crescer, inovar e gerar resultados.
Portanto, se o modelo existente de comunicação e engajamento não atende plenamente, é preciso que o RH adote ferramentas complementares ou mesmo
substitua as existentes por outras.
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Conceito Antes Agora
Novas flexibilidades
O assunto já evoluiu bastante desde o início da pandemia. As empresas aprenderam a se ajustar às demandas individuais e, agora, na iminência da pavimentação do
modelo preponderante de trabalho, será necessário garantir aos que estejam em home-office conforto, ergonomia, conectividade, facilidade para acesso a suprimentos
e materiais de trabalho, computador, celular, sistemas, enfim, tudo o que for necessário para o trabalho produtivo. Não significa replicar o escritório da empresa na casa
das pessoas, mas buscar a medida certa, porque ninguém vai lidar bem com desconfortos ou inconveniências.
É também obrigação da empresa custear os gastos do empregado decorrentes da realização do trabalho, concedendo auxílio financeiro para esta finalidade.
A gestão eficiente deste quesito deverá gerar o reconhecimento de um benefício real. Aqui pode ser também o contrário: há pessoas que trabalham em casa não por
opção, mas por modelo imposto pela empresa. Quem não receber condições mínimas para trabalhar em casa poderá preferir migrar para um trabalho presencial em
outra empresa.
A segurança jurídica necessária foi proporcionada pela legislação surgida durante a pandemia e complementada pela MP 1.109/22, já transformada em legislação.
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Conceito Antes Agora
As pessoas normalmente É necessário ressaltar
conhecem os benefícios continuamente o valor
Percepção dos quando estão entrando na percebido dos benefícios já
beneficios pelos empresa, ou antes, para existentes, obter feedbacks,
comparar com o que têm ou identificar as demandas e
colaboradores precisam. Depois, há atendê-las com revisões
tendência de esquecimento. constantes do rol de opções.
Novas flexibilidades
Esse é um trabalho contínuo de uso de ferramentas de comunicação e plataformas que permitam aos colaboradores visualizar e consultar seus benefícios, tirar
dúvidas e até fazer opções e utilizar alguns deles de forma digital pelo celular ou computador.
Os ajustes nos benefícios precisam levar em conta os custos envolvidos, o perfil dos colaboradores e os impactos positivos esperados com sua adoção. Além
disso, não parece ser sensato ter um menu ilimitado de benefícios, pois, além de ser caro, nem tudo é valorizado pelos colaboradores.
ANTES:
O Programa de Alimentação do Trabalhador (PAT), criado pela lei nº 6.321/76, é
uma iniciativa de grande impacto na alimentação e nutrição dos trabalhadores.
Este modelo permaneceu sedimentado por décadas até que, por impulsão das
novas tecnologias e arranjos de meios de pagamento, e também por conta da
desorganização gerada pela pandemia no uso de parte dos benefícios existentes,
surgiram formatos de pagamento "multibenefícios em único cartão", percebidos
como uma solução inovadora para o novo cenário, mas, pela sua natureza,
trazendo riscos de desvirtuamento no uso pelos beneficiários. Essa matéria foi
recentemente objeto de revisão da legislação, do PAT, que modernizou vários
Legislação dos benefícios corporativos
pontos e, complementarmente, impôs penalidades em caso de uso indevido. 2023 - Beneo - Direitos Protegidos.
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AGORA: Assim, ficou determinado que tanto o auxílio-alimentação (não regulado pelo PAT)
quanto os benefícios refeição e alimentação (previstos no PAT), só podem ser
Com relação ao PAT, o decreto nº 10.854, publicado em 10/11/2021, assim como a
utilizados para pagamento de refeições e alimentos. No primeiro caso, sob pena de
Portaria nº 672/2021, trouxeram, dentre outras medidas, regulação complementar:
que o valor seja considerado salário e com incidência de multas para empresas,
estabelecimentos e quem os credenciou e, no segundo caso, sob pena de
• Para reforçar o combate ao desvirtuamento, determinou que os saldos dos descredenciamento do registro no PAT, tanto da empresa emissora do benefício
benefícios (PAT) sejam mantidos separados e utilizados estritamente como quanto da empregadora, além de multas por infrações a ambos e estensivas aos
refeição e alimentação (art. 174, inciso I, alíneas “a” e “b” do Decreto). estabelecimentos.
• Também para combater o mau uso, não permite o saque deste saldo (artigo 174,
Os cartões e os créditos adquiridos pelos empregadores, na forma dos benefícios
II, ‘a’ do Decreto).
PAT ou auxílio-alimentação (CLT), devem ser utilizados estritamente no pagamento
de refeições e aquisição de alimentos e para nenhuma outra finalidade.
• O valor do benefício pode será ser integralmente utilizado pelo empregado,
mesmo após a rescisão do contrato (artigo 174, III do Decreto).
Recomendações:
Não pode haver vantagens ou contrapartidas para as empresas usuárias que não
sejam voltadas à saúde e alimentação do trabalhador.
ANTES:
Assim como o PAT revolucionou o acesso à alimentação e nutrição ao
trabalhador, a Lei do Vale-Transporte (lei nº 7.418/85) assegurou aos
empregados, notadamente dos centros urbanos, o custeio do transporte de ida e
volta ao trabalho, ampliando as possibilidades de mobilidade e empregabilidade.
O vale-transporte é sem dúvida um programa social de alto impacto e que
merece ser categorizado como benefício, apesar de se tratar de uma obrigação
legal.
O crédito para uso como vale-transporte não pode estar associado a nenhum outro
• O artigo 107 desse decreto, que consolidou o texto final da lei, determina que o cartão que não tenha sido emitido pelo próprio transporte público, nem em
nenhuma outra forma recorrente que possa ser convertida em dinheiro,
empregador antecipará o benefício ao trabalhador e se destinará apenas para o modalidade vedada pela lei.
deslocamento ao trabalho e a volta.
Importante relembrar que a aquisição de “bilhete comum de passagem” feita pelo
próprio usuário e seu uso no transporte público não caracterizam a concessão do
• A concessão será na forma e conforme emitido pelo transporte público. vale-transporte na forma da lei, ou seja, compra feita diretamente pela empresa,
crédito ao usuário em cartão de modalidade específica vale-transporte,
contabilização do benefício como despesa e participação do empregado em parte
• O artigo 110 determina que é vedado substituir o benefício por dinheiro ou da despesa, dentre outros.
qualquer outra forma de pagamento.
Nos dias em que o colaborador trabalhar em home office, ou seja, não se deslocar
à empresa, não será necessário, claro, conceder esse benefício.
• Não possui natureza salarial.
Além disso, quando o perfil do colaborador não se adequar ao uso do vale-
transporte, seja porque ele tenha carro próprio ou utilize, mesmo que de forma não
• O empregado pode contribuir com até 6% do salário. recorrente, outros meios de deslocamento (transporte por aplicativo, taxi, bicicleta
ou outro), o empregado poderá firmar a não-opção pelo vale-transporte e a
empresa poderá avaliar a concessão de outros tipos de benefícios, tais como o
• O artigo 124 obriga o empregador irá adquirir o vale-transporte em quantidade e vale-combustível e auxílios financeiros para pagamento dos outros modais de
tipo que melhor se adequar ao deslocamento do beneficiário. deslocamento, cuja base legal está amparada pela CLT, desde que o deslocamento
se dê a trabalho.
Mostraremos adiante uma análise dos auxílios que podem utilizados como
benefícios de uso flexível.
O artigo 457 da CLT é claro ao afirmar que “as importâncias, ainda que habituais,
pagas a título de (...) prêmios (...) não integram a remuneração do empregado, não se
incorporam ao contrato de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer
encargo trabalhista e previdenciário.”
Entendimento:
Mas o conceito de premiação não pode ser aplicado a finalidades distintas da regra
legal (principalmente a superação do desempenho esperado), tais como
complementar verba de salário recorrente e pagar comissões de vendas, por
exemplo.
Legislação aplicável: O vale-combustível é um benefício largamente utilizado em formato de cartão, mas esse
meio de pagamento não abrange satisfatoriamente os demais formatos de mobilidade.
O artigo 457 da CLT regula que ajudas de custo não integram a remuneração nem Por isso, a concessão de auxílios para pagamento das novas modalidades de mobilidade
incidem encargos trabalhistas e previdenciários: urbana (transporte por aplicativo, aluguel de bicicleta e outros) precisa ser feita em outro
formato que viabilize pagar pela viagem no modal de transporte.
• “As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, auxílio-
alimentação, vedado seu pagamento em dinheiro, diárias para viagem, prêmios e Não há legislação específica para o vale-combustível, mas a prática comum é sua
abonos não integram a remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato concessão como ajuda de custo, ou mesmo como ressarcimento de despesas pelo uso
de trabalho e não constituem base de incidência de qualquer encargo trabalhista e de veículo do empregado, ambos previstos na CLT. O mesmo artigo da CLT viabiliza
previdenciário.” também, por opção da empresa, o reembolso de despesas pelo uso de veículo, o que
inclui, além do combustível, o pedágio, estacionamento, reembolso de quilometragem e o
O artigo 28 da lei nº 8.212 contempla, dentre outros itens, que “não são salário de que possa estar inserido em despesas de deslocamento.
contribuição”:
O valor da ajuda de custo ou qualquer outro benefício fixo deve ser razoável e compatível
• “O ressarcimento de despesas pelo uso de veículo do empregado.” com o custo médio de despesas, bem como sempre ser destinado a custear despesas
com o trabalho.
• “Os valores correspondentes a transporte, alimentação e habitação fornecidos pela
empresa ao empregado contratado para trabalhar em localidade distante de sua Caso a empresa prefira um controle mais específico, a mecânica de reembolso funciona,
residência, em canteiro de obras ou local que, por força da atividade, exija lembrando que é preciso exigir os comprovantes das efetivas despesas e sendo essas
deslocamento e estada, observadas as normas de proteção estabelecidas pelo relacionadas ao trabalho.
Ministério do Trabalho.”
Legislação dos benefícios corporativos
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DESMISTIFICANDO: DESPESAS
DECORRENTES DO TELETRABALHO
Legislação aplicável:
Também aqui fica o alerta para que a empregadora não corra o risco de desvirtuamento dos
Não há regramento sobre quais são essas despesas ou equipamentos, tampouco o
limites da lei e tenha que futuramente ser obrigada a tributar e incorporar ao salário valores os
que poderia ser reembolsado e estabelece que a empresa fará o reembolso de
quais não possa comprovar seu uso.
despesas ao empregado do que for por ele arcado nesse formato de trabalho.
Legislação dos benefícios corporativos documentos que comprovem ou evidenciem a existência do custo no local de trabalho
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Legislação dos benefícios corporativos
DESMISTIFICANDO: AJUDAS DE CUSTO E
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REEMBOLSOS, BEM-ESTAR, EDUCAÇÃO E CRECHE
Legislação aplicável:
O artigo 457 da CLT, a partir da Reforma Trabalhista de 2017, estabelece que o A lei nº 8.212, artigo 28, define que "não são salário de contribuição:
pagamento de ajuda de custo não integra a remumeração nem incide encargos
trabalhistas e previdenciários: • O valor relativo à assistência prestada por serviço médico ou odontológico, próprio
da empresa ou por ela conveniado, inclusive o reembolso de despesas com
"As importâncias, ainda que habituais, pagas a título de ajuda de custo, (...) não integram a medicamentos, óculos, aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-
remuneração do empregado, não se incorporam ao contrato de trabalho e não constituem hospitalares e outras similares.
base de incidência de qualquer encargo trabalhista e previdenciário."
• O valor relativo a plano educacional, ou bolsa de estudo, que vise à educação básica
• Assistência médica, hospitalar e odontológica, prestadas diretamente ou mediante de empregados e seus dependentes, desde que vinculada às atividades
seguro-saúde, inclusive o reembolso de despesas com medicamentos, óculos, desenvolvidas pela empresa, à educação profissional e tecnológica de empregados,
aparelhos ortopédicos, próteses, órteses, despesas médico-hospitalares e outras nos termos da Lei, que não ultrapasse 5% (cinco por cento) da remuneração do
similares, mesmo quando concedidos em diferentes modalidades de planos e segurado a que se destina ou o valor correspondente a uma vez e meia o valor do
coberturas." limite máximo mensal do salário de contribuição, o que for maior”..
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Entendimento:
Este conjunto de dispositivos da CLT e legislação previdenciária viabiliza, dentre outras finalidades:
• Adotar a modalidade de ajuda de custo como mecanismo de pagamento recorrente de benefícios pontuais, para atender às novas necessidades, tais como bem estar ,
entretenimento e qualidade de vida, desde que em percentuais mínimos razoáveis em relação ao salário do colaborador, para mitigar o entendimento de salário indireto.
• Viabilizar o pagamento de reembolsos de terapias psicológica e outras no suporte à saúde, com entendimento estendido a academias de ginástica.
Este material foi desenvolvido pela Beneo para auxiliar profissionais e empresas usuárias na conceituação e embasamento legal na gestão de benefícios, ficando, no entanto,
a critério de cada empresa adotar ou ajustar o que julgar pertinente, estando ciente das implicações e impactos da legislação trabalhista e previdenciária nesse sentido, sendo
de sua total responsabilidade os eventuais riscos legais que possam estar envolvidos. Exceto mediante autorização, é vedado o uso ou reprodução deste material por
empresas que ofereçam serviços de gestão de benefícios similares aos ofertados pelo Beneo, sob pena de sua responsabilização no âmbito legal. Publicado em 17 de abril de
2022, domingo de Páscoa. Primeira revisão: 26/09/2022. Segunda revisão: 15/05/2023.
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