Você está na página 1de 10

Psicologia Escolar na

Educação Escolar
Brasileira
Bassler, Ana Cristina
SST Psicologia Escolar na educação escolar brasileira /
Ana Cristina Bassler
nº de p. : 10

Copyright © 2019. Delinea Tecnologia Educacional. Todos os direitos reservados.


Psicologia Escolar na Educação
Escolar Brasileira

Apresentação
A Psicologia Escolar tem acompanhado as transformações constantes na forma
de aprender e de ensinar. Desse modo, ela busca apresentar novas reflexões,
tendências e propostas no âmbito da formação e da atuação do profissional,
auxiliando os docentes nos desafios diários.

Para tanto, é necessário dominar práticas pedagógicas que promovam o


desenvolvimento dos sujeitos envolvidos no processo de ensinar e aprender, bem
como compreender quem são esses sujeitos e como abordá-los nesse processo.
Assim, a Psicologia se insere na formação dos professores para auxiliá-los na
compreensão do desenvolvimento humano e da aprendizagem, uma vez que foca
no indivíduo e no meio em que ele está inserido.

A Psicologia Escolar na educação


O sistema educacional brasileiro teve influência de diferentes vertentes, entre elas à
francesa e os jesuítas. Desde o seu início, teve progressos e retrocessos que foram
determinados pelo cenário político e religioso de cada época. Até meados do século
XX, a escola era a única fonte de informações para a maioria das pessoas (LIBÂNEO
apud DI PALMA, 2012, p. 54).

Apenas na década de 1980, com à abertura das políticas públicas, entra em


discussão à educação no Brasil. Nesse contexto, a criação da Lei de Diretrizes
e Bases da Educação Nacional (BRASIL, 1996) gerou um grande impacto na
estruturação da educação no país.

Saiba mais
Conheça a Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional na
íntegra acessando o link http://portal.mec.gov.br/seesp/arquivos/
pdf/lei9394_ldbn1.pdf.

3
No início da década de 1990, ainda marcada pelas estruturações da Lei de
Diretrizes e Bases da Educação Nacional e pela inquietação brasileira com questões
relacionadas à compatibilidade da área da Psicologia com seu compromisso social,
os profissionais da área iniciaram estudos para entender seu posicionamento
dentro das instituições de ensino. No ambiente escolar, há uma tendência de que
o psicólogo sofra influência do modelo clínico de atendimento, cujo foco ainda é o
olhar restrito sobre a “criança que não aprende”. Dessa maneira, a explicação para
familiares e professores dos motivos do fracasso escolar do aluno se faz pelo uso
de testes, laudos e diagnósticos.

De acordo com o Conselho Regional de Psicologia de São Paulo (2010), com


a mudança na forma de ver o aprendiz, que é o principal objeto de estudo da
Psicologia Escolar, cresceu a onda de encaminhamentos para diagnóstico médico
de transtornos neurológicos. Outros papéis que o psicólogo escolar assumiu
envolvem as orientações profissional e educacional, bem como as queixas
escolares e o treinamento para docentes, com impacto direto em todos os
protagonistas do contexto educativo. Embora essas novas proposições não sejam
unânimes, elas têm crescido cada vez mais.

Saiba mais
Entenda mais sobre as políticas públicas e a Psicologia Escolar
no “Manual de Psicologia Escolar/Educacional” acessando o link:
https://crppr.org.br/wp-content/uploads/2019/05/157.pdf.

Atualmente, várias pesquisas e projetos contribuem para novas práticas na área de


Psicologia Escolar. As atividades e funções desse profissional se diversificaram e
ultrapassaram os limites da escola. A pluralidade de ações passa por uma postura
mais ativa, buscando solucionar problemas e propor estratégias de intervenção
com foco em todos os protagonistas do processo educacional. Isso porque há uma
necessidade imediata de desenvolver-se novos modelos de atuação, bem como
reconhecer as iniciativas que surgem nesse sentido, tanto por parte da sociedade
quanto dos próprios profissionais psicólogos escolares.

4
Espaço escolar para a Psicologia
Escolar
Diante do exposto, podemos afirmar que a Psicologia Escolar opera com uma visão
preventiva de transtornos ou distúrbios que possam afetar o desenvolvimento dos
educandos e de atitudes que gerem um impacto mais abrangente em sala de aula.
No caso das queixas escolares, os professores participam de avaliações mediadas
pelo psicólogo escolar, nas quais se amplia o olhar sobre essa questão. Assim, o
aluno, considerado o sujeito da aprendizagem, passa a ser compreendido como
um participante de uma rede de relações. Para suprir as atribuições do psicólogo
escolar, é importante ter um espaço adequado para o atendimento e a avaliação
das questões, que seja reservado para atender alunos, pais e professores. Porém,
ao mesmo tempo, o profissional deve circular por todos os espaços da escola –
secretaria, direção, cantina, sala dos professores, pátio etc. – para estar próximo e
atento aos sujeitos e criar uma visão mais fidedigna das necessidades deles nesse
contexto.

Crianças em contexto escolar

Fonte: Plataforma Deduca (2021).

#PraCegoVer: A imagem apresenta duas meninas brancas e


um menino negro em situação escolar, sendo orientados pela
professora que está atrás deles.

5
Saiba mais
Assista ao vídeo “Psicologia escolar em tempos de pandemia”
acessando o link: https://www.youtube.com/watch?v=Hyjc-
BcvmpM&ab_channel=CRP01DF

De acordo com Di Palma (2012), faz-se necessário: desenvolver características


humanas (sociais e individuais); estimular a curiosidade; desenvolver a criatividade,
as habilidades de trabalhar em equipe e os aspectos socioemocionais; e despertar
a competência comunicativa em vários níveis, bem como a coerência de atitudes e
valores éticos dos educandos. Nesse sentido, espera-se que o psicólogo tenha uma
postura mais proativa para, assim, contribuir para o fortalecimento de ações que
visem à qualidade do ensino.

O papel da Psicologia Escolar na


formação docente contemporânea
A Psicologia Escolar tem um papel relevante na formação continuada de
professores, pois ela pode contribuir em diferentes aspectos na formação dos
docentes. De acordo com Meira (2003), o psicólogo escolar deve possibilitar o
acesso a conhecimentos psicológicos aos professores, melhorias da prática
e do processo de ensino-aprendizagem. Com isso, o professor tem sua visão
de mundo ampliada, além de embasamento sobre as estruturas psíquicas e do
desenvolvimento humano.

Adiante, a Psicologia Escolar aborda, na formação do professor, conhecimentos que


o auxiliam a promover o aprendizado e o desenvolvimento das funções psicológicas
do indivíduo. Desse modo, o professor deve, por meio do conhecimento das
funções psicológicas, possibilitar aos alunos a correlação do conteúdo aprendido e
apropriado com a maneira de utilizá-lo em sua vida.

6
Reflita
Paulo Freire tem uma citação bastante conhecida: “Educação
não transforma o mundo, educação muda as pessoas. Pessoas
transformam o mundo!”.

Outros temas que podem ser abordados na construção do conhecimento do


docente se referem às necessidades individuais e coletivas, como, por exemplo,
fracasso e queixas escolares, periodização do desenvolvimento humano,
indisciplina, violência na escola, brincadeira na educação infantil, afetividade e
aprendizagem. A consideração ao estabelecer os conteúdos deve ter relação com
o processo de ensino-aprendizagem, e sempre que possível trazendo casos reais
para serem debatidos.

Saiba mais
Leia a reportagem na revista Nova Escola sobre a relação professor
aluno acessando o link: https://novaescola.org.br/conteudo/792/
a-relacao-professoraluno-interfere-no-aprendizado-e-no-
desempenho?gclid=CjwKCAjwi9-HBhACEiwAPzUhHGiJJuPgyxy0
rCuihtCZ0P74NuSIah_dQn61DemEKpR0Pyerab6wfRoCoxcQAvD_
BwE

Assim como não existe um padrão de alunos, cada docente tem o seu jeito de ser
professor. A relação que se estabelece entre aluno e professor é determinante na
construção do aprendizado, do desempenho em sala de aula e do comportamento
de ambos no ambiente escolar. Essa prática passa por um aspecto de extrema
importância para ambos: o autoconhecimento.

Por meio do conhecimento sobre si mesmo, o profissional da educação


pode se reconstruir e se reinventar para gerar maior engajamento das suas
responsabilidades e das possibilidades de gerar sucesso ao aluno. Com o
conhecimento e consequente empoderamento das suas competências, o docente
passa a reconhecer sua importância no contexto educacional e valorizar seu papel
social.

7
A formação do pensamento crítico é feita pela apropriação dos conhecimentos

Fonte: Plataforma Deduca (2021)

#PraCegoVer:A imagem apresenta a figura de uma lâmpada


aberta e dentro há várias representações, como o globo ter-
restre, foguete, chapéu de formatura, entre outros. Embaixo da
lâmpada, há a figura de um livro aberto.

O trabalho do psicólogo escolar na formação de professores deve também ter


como foco a humanização dos alunos e dos professores. Isso será possível quando
a escola cumprir seu papel social de garantir o processo de apropriação dos
conhecimentos historicamente produzidos e o desenvolvimento do pensamento
crítico.

8
Fechamento
Nesta unidade, vimos que, com o amadurecimento da Psicologia Escolar durante
os anos, houve uma ressignificação da prática do profissional, tornando a escola e
todo o seu contexto sujeito a intervenções. Sendo assim, a atuação do profissional
passa a ser na escola para estudar e considerar todos os protagonistas desse
espaço. Dessa maneira, observamos que o principal objetivo da Psicologia Escolar
passou a ser o trabalho preventivo, o estímulo à saúde emocional dos aprendizes e
de todos que fazem parte desse processo.

Com isso, percebemos que a Psicologia e a Pedagogia pesquisam novas maneiras


de entender os motivos do fracasso e das queixas escolares, pois compreende que
todos estão envolvidos no processo de ensino-aprendizado. Porém, ainda é forte a
tentativa de achar um culpado – normalmente a escola representada pelo papel do
docente.

9
Referências
BRASIL. Lei n. 9.394, de 20 de dezembro de 1996. Estabelece as diretrizes e bases
da educação nacional. Brasília: Presidência da República, 1996. Disponível em:
http://www.planalto.gov.br/ccivil_03/leis/l9394.htm. Acesso em: 21 jul. 2021.

CONSELHO REGIONAL DE PSICOLOGIA DE SÃO PAULO. Nota Técnica EDUCAÇÃO


– Orientação sobre as atribuições do psicólogo no contexto escolar e educacional.
São Paulo: CRP-SP, 2010. Disponível em: http://www.crpsp.org/site/legislacao-
interna.php?legislacao=133. Acesso em: 21 jul. 2021.

DI PALMA, M. S. Organização do trabalho pedagógico. Curitiba: InterSaberes, 2012.

MEIRA, M. E. Construindo uma concepção crítica de Psicologia Escolar:


contribuições da pedagogia histórico-crítica e da psicologia sócio-histórica. In:
MEIRA, M. E.; ANTUNES, M. A. M. Psicologia Escolar: teorias críticas. São Paulo:
Casa do Psicólogo, 2003. p. 13-77.

10

Você também pode gostar