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70 SEMANAS E 70 ANOS

70 ANOS

O contexto de Daniel 9 fala sobre uma profecia de tempo predita por Jeremias, de que
Judá permaneceria desolada sob o domínio babilônico durante 70 anos. Então
Babilônia seria punida, e os judeus poderiam retornar do exílio (Jeremias 25:11-12 e
29:10). Agora, Babilônia havia sido punida e começou um novo império, dos Medos e
Persas (Daniel 5:30-31 e 6:28). Portanto, o fim do cativeiro havia chegado.

Os judeus foram para o exílio em Babilônia, por volta de 605 a.C., por descumprirem a
aliança com Deus, conforme Levítico 26 e Deuteronômio 28, onde os 70 anos
correspondem ao descumprimento dos anos sabáticos e jubileus, conforme Levítico
26:34-35 e 43-44 e Deuteronômio 28:49-52. Cada ano sabático (shemitá, libertação,
descanso) corresponde ao último ano do ciclo de 7 anos (Lev. 25:3-4), e o ano jubileu
após 49 anos (7 x 7), jubileu ao final do ciclo de 7 anos sabáticos (Lev. 25:8), no
próximo ano era o jubileu, considerado especial, pois começava no Dia do Juízo de
Israel, Dia da Expiação, conforme Lev. 25:9-11.

Portanto, no ano jubileu a terra descansava por dois anos seguidos, no anterior pelo
ano sabático (7x7) e no próximo como ano jubileu, perfazendo um total de 50 anos
(jubileu). A profecia dos 70 anos de Jeremias teve seu cumprimento por volta do ano
537 a.C., quando a primeira caravana de exilados regressou para reconstrução do
templo de Jerusalém, que havia sido destruído por Babilônia, a reconstrução do
templo terminou por volta do ano 515 a.C. (Esdras 6:15)

Ano sabático – Lev. 25:1-4 (ciclo de 7 anos): a terra trabalhava por seis anos e
descansava no sétimo ano, descanso também para os animais e escravos.
Representa o ciclo semanal, trabalho em seis dias e no sétimo o descanso para o
patrão, funcionários e animais.

Ano Jubileu – Lev. 25:8-10 (no ano 50): era o ano do perdão, acontecia após o ciclo de
7 anos sabáticos (7x7 = 49), no próximo era o 50º ano, início do ano jubileu no dia da
expiação, juízo. Nesse ano as dívidas eram perdoadas, os escravos libertos, as terras
devolvidas, uma representação da volta de Jesus, nossa libertação da escravidão do
pecado.

Obs: o ano jubileu é o fundamento católico para a concessão da Indulgência Plenária.


Assim como acontecia o perdão no ano jubileu, da mesma forma, a Indulgência
Plenária cancela todas as penas temporais que as almas teriam que cumprir no
purgatório, para chegar à santificação perfeita. No catolicismo, o pecado causa a
culpa e a pena. A culpa é perdoada no confessionário, onde o pecador recebe o
perdão de outro pecador, o padre, enquanto a pena (consequência) é eliminada pela
indulgência, através de boas ações, rezas pra vivos e mortos, preces aos santos,
meditações, peregrinações, via sacra, oração pelo Papa, que é quem abre o tesouro
espiritual da Igreja pelo poder das chaves de São Pedro, etc. As indulgências podem
ser para quem solicita ou para qualquer outra pessoa que já tenha morrido.

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70 SEMANAS (490 ANOS)

As 70 semanas de Daniel 9:24-27, não tem ligação com os 70 anos, é outra profecia
para Israel. As 70 semanas são uma profecia de juízo sobre o futuro de Jerusalém,
fala da vinda, ministério e morte do Messias, onde teriam o prazo de 490 anos para
arrependimento, do contrário deixariam de ser povo escolhido, pois tinham a função
de levar evangelho aos gentios, mas rejeitaram.

As 70 semanas também podem ser consideradas como 70 anos, ou períodos de ciclos


sabáticos, logo, os 490 anos (70 anos x 7 semanas), são 10 períodos de jubileu (10 x
49 = 490 anos). Como o ano jubileu começava no Dia do Juízo de Israel ( Lev. 25:8-11),
logo, os 490 anos, ou 10 jubileus, representam um período de juízo para Israel. O
número 10 no judaísmo simboliza um sistema integrado, coleção ou união, uma
representação de algo maior. Como exemplo: as 10 virgens, representam parte de
todo povo de Deus; assim também os 10 mandamentos, como parte de toda Bíblia,
que são os mandados do Eterno. Portanto, os 490 anos como 10 jubileus,
representam a união de Israel com Deus, tempo de juízo e arrependimento.

Porém, essa profecia (70 semanas) faz parte de uma profecia de tempo maior, as 2.300
tardes e manhãs de Daniel 8:14. Tardes e manhãs como dias literais, conforme
Gênesis 1:5, 8, 13, 19, 23 e 31. Essa expressão “tardes e manhãs” representa um dia,
com início ao pôr do sol e término ao final do próximo dia (no pôr do sol), logo, uma
parte clara e uma parte escura, conforme o relato de Gênesis 1. Na cultura dos
homens, o dia, que deveria ser a parte clara, tem início no meio da parte escura, à
meia noite, ou seja, no meio da noite, que é a parte escura, algo totalmente ilógico.

Mas a expressão bíblica para “manhã e tarde” (cfe. Êxodo 29:39, 30:7-8; Lev. 6:20,
Núm. 28:4, etc.), é usada para os sacrifícios contínuos ou diários, onde a oferta ou
sacrifício, era colocada sobre o altar (holocausto) pela manhã e queimava até a tarde,
quando então era colocada outra oferta para ser queimada até o próximo dia, assim,
os sacrifícios eram ininterruptos, a Bíblia os chama de sacrifício contínuo. Representa
a intercessão de Jesus por nós a todo momento, ininterrupta, assim também como
nossa entrega ao Senhor diariamente, nossa vida como sacrifício vivo ao Senhor.

Obs: Os babilônicos iniciavam o dia ao nascer do sol, contavam 24 horas seguidas,


depois os astrônomos gregos, principalmente Ptolomeu e Hiparco, fixaram o início do
dia ao meio dia (as 12h) e o encerramento à meia noite, como forma de universalizar
um horário, pois o sol nasce em horários diferentes em cada região. Um detalhe, os
babilônicos usavam o sistema sexagesimal (baseado no número 6), onde o menor
deus era representado pelo número 6, o deus médio era o 60 e o deus máximo ou
panteão, representado pelo 600. Por isso as medidas da estátua eram 60 x 6 (Daniel
3:1), esse número está diretamente ligado ao 666 de Apoc. 13, que também está em
conexão com a nossa adoração.

Portanto, Daniel estava estudando sobre a libertação de seu povo, após os 70 anos,
conforme Jeremias 25:11 e Daniel 9:2, e se deparou com a profecia das 2.300 tardes e
manhãs, sobre a restauração do santuário que seria pisado por um poder opositor a
Deus, então, ficou aflito pensando sobre os acontecimentos ruins sobre o seu povo.
Por não saber o período de início, não era possível descobrir quando iria terminar,
assim, precisou de explicações. Naturalmente, Daniel presumiu que o santuário fosse
o templo de Jerusalém, logo, deve ter concluído que, por causa dos pecados do povo,
Deus havia decidido adiar a libertação do cativeiro babilônico para um futuro distante,

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por isso ficou de luto, reconheceu a iniquidade de seu povo e clamou a Deus pelo
perdão (Daniel 9:3-19).

Vale ressaltar, que a visão do capítulo 8 foi no terceiro ano de Belsazar, sucessor de
Nabucodonosor (Dan. 8:1), seu reinado teve início em 553 a.C., logo, o terceiro ano foi
em 550 a.C., e o estudo sobre o livro de Jeremias, foi no primeiro ano de Dario, filho
de Assuero, o medo (Dan. 9:1), por volta de 537 a.C, quando Média-Pérsia conquistou
Babilônia (Daniel 5:30-31), portanto, aproximadamente treze anos de diferença e
Daniel continuava preocupado.

Fica claro que Daniel não entendia a profecia das 2.300 tardes e manhãs como dias
literais, pois, literalmente, 2.300 dias eram menos de seis anos e meio, sendo que
treze anos já havia se passado, conforme exposto acima. Então, se fosse dias literais,
não teria se preocupado, já havia esgotado o tempo (seis anos e meio), mas entendia
a profecia como 2.300 anos, como lhe foi dito que era para dias ainda distantes
(Daniel 8:26 e 10:14), no tempo do fim (Daniel 12:7-9 e 11-12).

Entretanto, dentro desse grande espaço de tempo (2.300 anos) haveria um período
menor de um tempo, dois tempos e metade de um tempo (Daniel 12:5-7).
Considerando um tempo para cada ano, conforme Daniel 11:13, logo, equivalem a três
anos e meio, ou 42 meses, ou 1.260 dias. Essas expressões aparecem nos textos a
seguir: Daniel 7:25 e 12:7; Apoc. 11:3; 12:6 e 14 e 13:5, sendo o mês bíblico 30 dias,
conforme o relato do dilúvio que foram 150 dias, com início aos 17 do segundo mês e
término aos 17 do sétimo mês (Gênesis 7:11; 8:4 e 8:3), assim, a referência bíblica
para as datas proféticas são calculadas utilizando 30 dias para o mês, e 360 dias para
um ano.

As 70 semanas e os 1.260 dias estão inseridos no mesmo período de tempo profético,


são retirados de um período maior, ou seja, da profecia dos 2.300 anos. Da mesma
forma que a profecia de Daniel 8:14 (2.300 anos) são em anos, confirmados nos textos
acima, assim também, os 1.260 dias são anos (1.260 anos), bem como as 70 semanas,
que totalizam 490 anos de graça para o povo de Israel (7 semanas x 70 anos), após
esse período, deixariam de ser nação escolhida. Logo, todos esses períodos de tempo
(70 semanas e 1.260 dias) estão agrupados dentro de um período maior, os 2.300
anos.

Outra confirmação sobre os 2.300 dias como anos, está na explicação de Daniel sobre
o período em que ficou de jejum, que foram três semanas inteiras como dias literais,
vinte e um dias (Daniel 10:3 e13), ou seja, fez questão de registrar que o espaço de
três semanas era um período de tempo literal, totalizando vinte e um dias, diferente da
visão dos 2.300 dias/anos, assim, o leitor não seria levado a pensar que foram três
semanas de anos, como registrado nas 70 semanas pelo texto bíblico.

Isto posto, Daniel não havia entendido esse longo período de tempo da profecia de
Daniel 8:14, os 2.300 anos, mas, enquanto suplicava, veio Gabriel em resposta a sua
oração, disse-lhe que era mui amado e explicou-lhe a visão das 2.300 tardes e manhãs
(Daniel 9:20-23), conforme a seguir:

Daniel 9:24 – 70 semanas estão determinadas sobre o teu povo: Determinadas no


original está como “cortadas”, ou seja, só corta algo de alguma coisa que tem a
mesma essência e que é maior do que aquilo que está sendo cortado, assim como
uma fatia de bolo que é cortada de um bolo maior. Da mesma forma, trata-se de uma

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profecia de tempo, logo, as 70 semanas (490 anos) estão cortadas de uma profecia de
tempo de um período maior. Portanto, esse período é cortado da profecia dos 2.300
anos, pois, Daniel está recebendo a explicação de Gabriel exatamente sobre esta
profecia, pois havia entendido que seu povo ficaria em cativeiro por mais 2.300 anos.
Outra confirmação está em Daniel 10:3 e 13, onde a expressão no original para tempo,
usada como dia literal, é diferente da expressão apresentada para os 2.300 anos.

Obs: Profecias apocalípticas são representadas em miniaturas ou maquete, como se


uma foto fosse tirada dos eventos reais compactando a realidade dentro dessa foto,
incluindo os símbolos e o tempo, sendo necessária uma chave para descompactação,
ou reconstituição. No caso do livro de Daniel, a chave da reconstituição está no
capítulo 2 com a história do tempo, com início em Babilônia, cabeça de ouro da
estátua, e término com a pedra que fere a estátua. Os metais são miniaturas
ampliadas para reinos, os animais de Daniel 7 são miniaturas ampliadas para reinos,
logo, cada período de tempo em dia (1.260 dias, 2.300 dias, etc.) deverá ser ampliado
para anos. Se aplicado o princípio bíblico profético de 1 dia para ano ( Núm. 14:34 e
Ezequiel 4:6-7), o tempo se ajusta aos eventos de maneira precisa, comprovado
historicamente, onde cada reino da estátua se estende por séculos, logo, não cabe a
interpretação para dias, ou seja, se toda a profecia é simbólica, o tempo também será.
Não são normais as expressões de tempo: tardes e manhãs, 42 meses, 70 semanas,
etc., mostrando-nos que os períodos de tempo descritos devem ser tomados
simbolicamente.

... Cessar a transgressão: nas Escrituras, “transgressão” é a somatória das rebeliões,


no caso, aplicada ao povo de Israel. Então finalizar a rebelião, após os 490 anos;

... Para dar fim aos pecados: para mostrar a finalidade dos sacrifícios ou ofertas pelos
pecados, no caso, trazer o significado pleno dos sacrifícios com o cumprimento em
Jesus;

... Para expiar a iniquidade: expiar significa pagar por crimes cometidos. A expiação
era o ato de perdão e remissão dos pecados confessados. É um ato exclusivo de
Deus, homens não podem perdoar pecados, logo, o povo não podia expiar seus
pecados, então dar o verdadeiro significado pelas ofertas do pecado é um ato Divino;

... Para trazer a justiça eterna: resultado dos atos divinos na expiação, a justiça eterna
é trazida pelo próprio Deus, através dos atos messiânicos. A justiça aqui não é
política e nem social;

... Para selar a visão profética: No original não existe a expressão: “Selar a visão
profética”, mas “Selar a visão e o profeta ”. Selar no sentido de chancelar, assinar,
confirmar. Trazer a compreensão o significado da profecia do capítulo 8:14, dos 2.300
anos, que Gabriel está explicando a Daniel, uma vez que está relacionada as ações do
chifre pequeno contra Deus e Seu povo, conforme Daniel 7:7, 8, 21-25. Existe uma
cena de juízo em Daniel 7:9-14 para julgar as ações do chifre pequeno, conforme
Daniel 7:11, 21 e 22. Com referência ao “profeta”, está relacionado com o final da
última semana desta profecia, explicação no verso 27.

... E para ungir o Santo dos Santos: A expressão está associada ao lugar santíssimo
do santuário, a unção do Santo dos Santos, onde acontecia a expiação pelos pecados
e o juízo, conforme o contexto do verso, que é trazer a justiça eterna, então está
relacionado com algo eterno e verdadeiro, “Templo verdadeiro, tabernáculo que o

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Senhor erigiu, e não o homem” (Hebreus 8:2). Portanto, não tem relação com o
Templo de Jerusalém, pois este foi construído por homens, templo passageiro, e foi
destruído em 70, de nossa era.

Daniel 9:25: “Sabe e entende: desde a saída da ordem para restaurar e para edificar
Jerusalém”, “restaurar” no original significa “retornar”, então o retorno para
Jerusalém ou saída do exílio, com a edificação “das praças e as circunvalações em
tempos angustiosos”. No caso, a restauração seria das praças, muros e portões,
conforme Esdras 4:7-13, principalmente os versos 12 e 13, não se tratava do Templo,
pois sua reconstrução, através de Zorobabel, terminou em maio de 515 a.C. Nas
cidades antigas os julgamentos aconteciam nas praças, o judiciário funcionava nas
portas das cidades, conforme Rute 4:1, Boaz subiu à porta da cidade para se casar
com Rute. Uma cidade para ser autônoma e considerada uma nação, necessitava dos
muros, dessa forma, seria capaz de julgar por si mesma, além da segurança e defesa
contra seus inimigos, caso contrário, seria uma vila, e necessitaria da ajuda de outra
cidade para fazer seus julgamentos, assim, teria que pagar impostos para outra
cidade. No caso específico de Israel, os muros seriam necessários para que Deus
pudesse aplicar Suas Leis, do contrário, Seu povo seria julgado pelas leis persas,
pois estavam sob o domínio da Pérsia, que havia conquistado Babilônia.

Esdras 7:13-24, verso 24 cita os porteiros, ou seja, a cidade para ser edificada teria
muros e portas, também diz que não será lícito cobrar impostos, nem pedágios, uma
clara ligação com Esdras 4:12-13, onde os inimigos do povo de Deus não aceitam a
autorização de Artaxerxes para edificar os muros. Assim, escrevem ao rei
reivindicando parar com a restauração dos muros, dessa forma, Jerusalém não
pagaria mais impostos para Pérsia e causaria prejuízos ao rei. O verso 13 no texto
aramaico, diz que o “próprio rei causaria prejuízos ao tesouro do rei”, pois havia
autorizado a construção dos muros, tornando Jerusalém um estado judaico dentro do
império persa, em harmonia com as leis de Moisés.

Os planos de Deus não são frustrados, logo, a própria Bíblia comprova que a saída da
ordem pra restaurar os muros saiu no sétimo ano do reinado do rei Artaxerxes
(Esdras 7:7), e a história comprova que o sétimo ano do seu reinado foi em 457 a.C.,
pois reinou de 464 a 424 a.C. O relato do decreto, ou carta, está em Esdras 7:11-26,
onde o rei autoriza Esdras, “segundo a sabedoria do teu Deus e o mandato do Deus
do céu, nomear magistrados e juízes para julgar” (versos 24 e 25), ou seja, para haver
julgamento era preciso haver praça, muro e portões. Por isso, os judeus entenderam
que o decreto de Artaxerxes lhes dava autonomia para o início da reconstrução dos
muros, porém, o significado era algo maior que a reconstrução física, seria a
recuperação da identidade de Israel, pois Deus não poderia lhes cobrar obediência à
Sua aliança enquanto estavam sob o jugo de outra nação, assim, poderiam cultuar o
Seu Deus, observar e aplicar Suas Leis.

... Até o Ungido, ao Príncipe: Ungido e Príncipe como uma pessoa só. Ungido em
grego como Cristo, em hebraico como Messias. Príncipe poderia ser tanto rei como
sacerdote. A ordem saiu em 457 a.C., até o ungido, ou seja, até o batismo de Jesus, o
Messias. Os reis e sacerdotes eram ungidos no antigo Israel para assumir o ministério
(Lev. 6:22; 2 Samuel 5:3). No caso da unção dos sacerdotes, teriam que ter idade
mínima de 30 anos, conforme Números 4:3. Assim, Jesus iniciou seu ministério aos
30 anos (Lucas 3:23), Ele é Sacerdote e Rei (Salmos 110). A vinda de Jesus estaria
ligada ao fim do pecado, estabelecimento da justiça, confirmação da profecia e
consagração de um santuário (Daniel 9:24-25). Logo, Jesus foi ungido pelo Espírito de

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Deus (Lucas 4:18), morreu para perdoar nossos pecados e nos cobrir com sua justiça
(2 Cor. 5:21), cumpriu profecias (Mateus 1:22-23; 2:5-6, etc.) e começou a atuar como
Rei de justiça e Sumo Sacerdote no templo de Deus no céu (Hebreus 7 a 10).

... Príncipe: o termo no original usado para esta expressão, indica como humano, uma
promessa da encarnação do Messias, tendo em vista que não existe a possibilidade
de matar Deus, assim, acentua a humanidade do Messias para informar o que
acontecerá logo em seguida, que é a Sua morte, não como Deus, mas como uma
encarnação, pois, Deus não entraria no mundo somente como Deus para terminar
com os pecados. Retrata a forma como a expiação do pecado aconteceria, um ato
divino através de um processo de encarnação, conforme Isaías 7:14-16; 9:6-7; 53:1-7,
Mateus 1:18-25; Lucas 3:16-17, etc.

A profecia das 70 semanas fala do nascimento de Jesus: os tempos do Messias


estavam contados no livro de Daniel. Esta profecia (70 semanas) indica o momento
certo do nascimento de Jesus. A tradição judaica diz que Daniel implementou na
Babilônia uma escola de profetas e ensinou sobre as 70 semanas, logo, os magos que
visitaram Jesus, conheciam a profecia e perceberam, pela interpretação, que era
chegado o tempo, pois viram o decreto de Artaxerxes em 457 a.C. e conheciam a
tradição judaica. Em Babilônia, Daniel era considerado mago, pois havia revelado o
sonho de Nabucodonosor.

Nascimento de Jesus: em Belém da Judeia (Mateus 2:1), Belém significa “casa do


pão”. Jesus nasceu entre o ano 3 e 4 a.C., quando a era cristã foi computada houve
um erro de aproximadamente 4 anos. Evidentemente, Jesus não nasceu no ano 1 de
nossa era, visto que, no seu nascimento, Herodes, o Grande, ainda era vivo, governou
a Judeia, província do Império Romano. Herodes havia decretado a matança de todos
os meninos de Belém de 2 anos para baixo, conforme Mateus 2:16. A história aponta a
morte de Herodes no ano 4 a.C., e a Bíblia registra que José fugiu para o Egito, com
Maria e Jesus, até a morte de Herodes, conforme os textos: Mateus 2:13-15 e 19-23.

Portanto, Jesus iniciou seu ministério, foi ungido ou batizado, no ano 27 de nossa era,
com 30 anos (Lucas 3:21-23), no 15º ano do reinado de Tibério César, conforme a
contagem judaica (Lucas 3:1). A história confirma que o 15º ano foi no ano 27 de
nossa era, período em que João Batista pregou o arrependimento;

... Sete semanas em tempos angustiosos: total de 49 anos literais, considerando 7


semanas de anos (7 anos x 7 semanas), conforme explicação anterior, lembrando que
49 anos é o período de um jubileu. Esse foi o período que levou a reconstrução dos
muros. O final desse período foi em 408 a.C. (457 a.C. – 49 anos = 408 a.C.). Neemias
1:1-3 e 2:1 informa que após vinte anos os muros ainda não tinham sido
reconstruídos, a obra havia parado por ordem do rei devido uma revolta, conforme
relato do capítulo 4 de Esdras, ou seja, em tempos angustiosos. Interessante ressaltar
um registro no ano 408 a.C. fora do texto bíblico, sobre o poder central de Jerusalém,
onde Elefantina, uma ilha no Sul do Egito, pede para que Jerusalém julgue algo por
eles, confirmando que em 408 Jerusalém já havia terminado a reconstrução dos
muros e estava apta para fazer julgamentos, pois os julgamentos só poderiam
acontecer nas cidades que haviam muros. Essa solicitação sugere que Elefantina
fosse uma vila, sem muros, por isso busca outra cidade apta para tal;

... Sessenta e duas semanas: 62 semanas de anos, totalizando 434 anos literais (62
anos x 7 semanas), com início da contagem após as sete semanas, em 408 a.C.
Portanto, final do período em 27 de nossa era, considerando que não houve ano zero

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entre as eras antes e depois de Cristo (408 a.C. – 434 anos = 27 d. C.). Esse foi o
período predito nesta profecia das 70 semanas, sobre a unção (batismo) do Messias,
confirmado biblicamente e historicamente.

Daniel 9:26: “Depois das sessenta e duas semanas, será morto o Ungido”. Morte de
Jesus no ano 31 d.C., após o Seu batismo (ano 27).

Resumo para prosseguir:

Desde a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém (457 a.C.);


Passariam 7 semanas = 49 anos (457 – 49 = 408 a.C.);
Passariam mais 62 semanas = 434 anos (408 – 434 = 27 d. C);

Até ao Ungido, o Príncipe - data do batismo de Jesus (27 d.C.);

Continuando: Ungido representa Jesus, que foi ungido (batizado) no ano 27 d.C.
Logo, o texto acima diz que Jesus seria morto após o ano 27. A expressão para
“morto” no original, quando aplicada a uma pessoa, indica que será uma morte
violenta, um “assassinato” ou “cortado.” É a mesma expressão técnica usada para
aliança, “cortar uma aliança”, assim como foi com Abraão em Gênesis 15:18, onde os
animais foram mortos, cortados ao meio (Gênesis 15:9-11), mas só Deus passou entre
os animais (Gên. 15:17-18), Abraão dormiu (Gên. 15:12), somente Deus fez a aliança
com Abraão (Gên. 15:8-18). O pacto entre as alianças antigas era firmado dessa
forma, como uma assinatura em cartório, com sangue, mostrava o que aconteceria
com a parte descumpridora. Assim, a morte de Jesus representa o preço que
deveríamos pagar por quebrar a aliança, mas Ele pagou o preço em nosso lugar,
sofreu o castigo da segunda morte por nós (Apoc. 2:11 e 20:6, 14) e fez uma aliança
eterna com todos que O aceitam, ou seja, com muitos. A aliança foi feita entre Deus
Pai, Filho e Espírito Santo, nós escolhemos aceitar ou rejeitar essa aliança, esse é o
nosso livre arbítrio, pois Deus já decidiu o que é certo e errado, não cabe a nós esse
julgamento, temos a livre escolha (arbítrio) de qual lado ficaremos entre o bem (certo)
e o mal (errado).

... E já não estará: indica que o príncipe (Jesus) não estaria mais aqui na terra quando
da destruição de Jerusalém, conforme explanação a seguir;

... E o povo de um príncipe que há de vir destruirá a cidade e o santuário : príncipe


aqui como humano, uma descrição para o general Tito, que destruiu Jerusalém em 70,
no reinado de seu pai, o imperador Vespasiano. Uma informação adicional no texto
para lembrar que Jesus não estaria mais na terra no momento da destruição de
Jerusalém, que Ele não veio batalhar humanamente como líder político, pois Sua
morte seria antes da destruição de Jerusalém. Retrata também, que a destruição da
cidade não aconteceu por vontade de Deus, por ação divina e nem como punição de
Deus, mas como evento político, pois a função do Messias não era política e a função
do santuário terrestre já havia sido cumprida com a morte de Jesus, não era a luta,
era a morte como expiação (pagar) dos pecados da humanidade, também como
provisão de perdão para essa rebelião política.

Assim, a destruição de Jerusalém não está diretamente relacionada com os eventos


dentro das 70 semanas, mas nos informa qual é o resultado das ações das 70
semanas, a rejeição ao convite de Deus para o arrependimento. Isso está explícito nas
condições da aliança, conforme Levítico 26:14-17, onde o povo rejeita a aliança e

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Deus diz: “Voltar-me-ei contra vós outros”, no original em hebraico significa que Deus
ficaria de costas para eles, ou voltaria Sua face, por escolha do próprio povo, na
realidade, é o povo quem vira as costas para Deus. Ou seja, Deus não daria mais
proteção ao povo, sendo que a maior bênção divina é a proteção de Deus, conforme a
bênção sacerdotal de Números 6:24-27: “O Senhor te abençoe e te guarde, faça
resplandecer o seu rosto e te dê a paz”. A figura aqui é de um pai brincando com o
filho e jogando-o para o alto, da mesma forma, Deus nos coloca no Seu colo e nos
protege, sentimos alegria e confiança nEle.

Logo, “voltar a Sua face” contra o povo, indica que Israel, por escolha própria, não
estaria no colo de Deus e perderia a proteção Divina. Portanto, a rebelião de Israel não
tem ligação com a rejeição de Deus, como vários argumentam, Deus nunca rejeitou
Israel e nem os judeus crucificaram a Jesus. “Eu dou a minha vida, ninguém a tira de
mim, pelo contrário, eu espontaneamente a dou” (João 10:18). A profecia teria que ser
cumprida, Jesus não veio para ser rei, mas servo de dores. Israel já não era mais uma
nação escolhida desde o período que foi para o cativeiro babilônico (605 a.C.),
quebraram a aliança, mas não significa que os judeus foram rejeitados por Deus.

União de Israel com os Romanos: Em 168 a.C. no reinado de Antíoco IV Epifânio, que
foi rei da dinastia Selêucida (Seleuco foi um dos 4 generais de Alexandre o Grande,
Daniel 8:21-22), Jerusalém, através da dinastia dos Asmoneus (Macabeus), se alia a
Roma para impedir as ações de Antíoco Epifânio (170 a 166 a.C., período de 1.150
dias, metade de 2.300), que proibiu a prática do judaísmo de cultuar a Deus e
introduziu o culto à Zeus Olímpico no Templo de Jerusalém, além de oferecer uma
porca em sacrifício, substituindo o cordeiro. O poder de Antíoco Epifânio foi impedido
por Roma, dentre algumas ações, consta a ordem do Cônsul Caio Popílio Lenas
contra a invasão de Antíoco em Alexandria (Egito), juntamente com a poderosa 10ª
Legião romana.

Portanto, Israel não era mais uma nação separada, independente, porém, estavam
dentro do prazo dos 490 anos para arrependimento, haviam quebrado a aliança, mas
não foram rejeitados por Deus. A confirmação está no texto a seguir, de Daniel 9:27,
onde o “fará firme aliança” significa no original, fortalecer uma aliança existente, logo,
o texto não fala de rejeição, mas de perdão, por isso Deus lhes dá 490 anos de graça.
Outra questão que comprova a união de Israel com os romanos: os judeus
conseguiam ser cidadãos romanos por pertencerem ao exército romano, assim como
Paulo, que era romano porque seu avô lutou no exército romano. Eram considerados
bárbaros, denominação dada pelos romanos aos povos de origem germânica, que não
eram gregos e nem romanos, portanto, não eram uma nação israelita.

... E o seu fim será num dilúvio, e até ao fim haverá guerra; desolações são
determinadas: Uma referência para destruição de Jerusalém em 70 d.C. Esse verso é
citado em Mateus 24:15. A tradição judaica diz que a destruição do primeiro templo foi
por motivo de idolatria, e a do segundo, em 70, foi devido dissensão e falta de amor
entre os irmãos, pois nunca houve uma geração de sacerdotes tão rebeldes e
corruptos como existiu nos trinta anos anteriores a destruição do segundo templo.

Daniel 9:27: “Ele fará firme aliança com muitos”: O firme significa “fortalecer”, só se
fortalece algo que já existe, portanto, fortaleceu uma aliança já existente. A aliança
foi feita com o Pai, Filho e Espírito Santo, nós somos os beneficiários e não
constituintes, logo, a aliança que Deus faz conosco é nos convidar para entrarmos na
aliança dEle. O termo usado aqui para muitos é “Rav”, origem da palavra “Rabino”.
Significa “grande quantidade”, ou “mestre”, aquele que possui muito conhecimento.

8
Quando aplicada ao texto bíblico significa “universalização e multidão”, por isso o
nome Abraão, que vem da mesma raiz, significa “pai de muitos.” A aliança seria feita
com uma grande multidão, sem limites, a Bíblia não relata um número pré fixado, mas
com todos os que aceitam a Jesus: “Porque Deus amou o mundo .... para que todo
aquele que nEle crê não pereça, mas tenha a vida eterna” (João 3:16). Observe que o
texto não fala de salvação, mas de vida eterna, pois salvação é aceitar a Jesus e vida
eterna compreende uma vida de santificação para continuar salvo. Não será uma
aliança com alguns judeus, como o dispensacionalismo prega sobre a aliança com os
judeus na reconstrução do terceiro templo.

Dispensacionalismo: é uma doutrina futurista que surgiu com o jesuíta espanhol


Francisco Ribera (1537-1591), que rejeita a interpretação dos 1.260 dias como anos.
Publicou uma contra interpretação da percepção protestante que identificava o
papado como anticristo. Para Ribeira, o anticristo será uma pessoa má que será
recebida pelos judeus e reconstruiria o Templo de Jerusalém, aboliria o cristianismo,
perseguiria a igreja e governaria o mundo durante 42 meses (Apoc. 13:5).

Mais tarde, John Nelson Darby (1800-1882) trouxe uma nova interpretação para o
dispensacionalismo: a salvação em sete dispensações; arrebatamento secreto para a
igreja; Israel não faz parte da igreja, é o povo judeu, com reconstrução de Jerusalém
nos últimos 3 ½ do final das 70 semanas; Israel receberá todas as promessas do
Antigo Testamento; 7 anos de tribulação após o arrebatamento secreto; nova
oportunidade de salvação após os 7 anos de tribulação; o milênio será na terra, etc.

Profecia para os judeus no Antigo Testamento: As profecias para os judeus não se


cumpriram pois quebraram a aliança, deixaram de ser um povo especial, eram
profecias consideradas clássicas, com cumprimento local e imediato e dependiam da
resposta humana. A profecia clássica poderá ser revisitada e ter um cumprimento
para o futuro (escatológico), assim como as medidas do templo na visão de Ezequiel
40, que eram de 144 côvados, foi revisitada por João em Apocalipse 7 e 14 como os
144 mil. Portanto, como Israel não obedeceu, a profecia foi estendida aos gentios,
comprovada nesse verso: “Ele fará firme aliança com muitos ” (Dan. 9:27) que fala da
universalização da aliança com todos, e quando isso aconteceria?

... Por uma semana: Uma semana de anos são 7 anos, logo, esse período tem início
após as 62 semanas de anos, compreende o ano 27 d.C. até 34 d.C. Jesus foi ungido,
batizado no ano 27. Portanto, nesse período compreendido, que é a última semana
das 70 semanas, a aliança será fortalecida, plenificada e universalizada. Assim, Jesus
inicia Seu ministério após o batismo, no ano 27;

... Na metade da semana, fará cessar o sacrifício e a oferta de manjares : Uma semana
profética são sete anos, de 27 a 34 d.C. Metade da semana são três anos e meio, esse
foi o período do ministério de Jesus aqui na terra, com início no ano 27, após o Seu
batismo, com término na Sua morte, na primavera do ano 31. Após a ressurreição
ficou 40 dias na terra (Atos 1:3). O restante da semana, três anos e meio, teve o seu
cumprimento no outono do ano 34, conforme os eventos a seguir.

.... metade da última semana (final das 70 semanas): se a primeira metade da semana
corresponde a três anos e meio, e foi no ano 31 d.C., logo, acrescentando os três
anos e meio restantes chegaremos em 34 d.C. Os primeiros três anos e meio tem o
seu cumprimento no ministério de Jesus, que ao subir aos céus envia o Espírito
Santo aos discípulos capacitando-os para evangelização, assim, os últimos três anos

9
e meio cumprem-se ao final da última semana (7 anos, de 27 a 34). Conforme os
registros bíblicos, todo o período profético das 70 semanas é linear, sem
interrupções, logo, não podemos incluir uma pausa para esse período final da última
semana, jogando-o para antes da volta de Jesus, como o dispensacionalismo faz, isso
não tem base bíblica. O período linear nos leva ao ano 34 d.C. para o final das 70
semanas, ou 490 anos, logo, como as 70 semanas estão dentro da profecia das 2.300
tardes e manhãs, com o mesmo início (457 a.C.), então, o final dos 2.300 acontece em
1.844. Portanto, aceitar o período como linear é aceitar a data de 1.844, o juízo
investigativo e o adventismo, mas sabemos que a contrafação de Satanás ofusca o
entendimento do cristianismo.

Assim, nesses últimos três anos e meio, houve uma grande perseguição aos cristãos,
conforme Atos 8:1 (sobre a asa das abominações virá o assolador, Dan. 9:24) e ao
final, no ano 34 d.C., tem o seu encerramento com a morte de Estevão e a conversão
de Paulo, onde o apedrejamento de Estevão mostra a rejeição de Israel para com a
aliança, pois estavam fora do propósito da aliança, conforme seu discurso em Atos 7.
Porém, a morte de Estevão não é o evento principal que marca o final das 70
semanas, ou 490 anos, mas sim uma transição.

Resumo das datas, com final das 70 semanas no ano 34 d.C.:

Desde a saída da ordem para restaurar e edificar Jerusalém (457 a.C.);


Passariam 7 semanas = 49 anos (457 – 49 = 408 a.C.);
Passariam mais 62 semanas = 434 anos (408 – 434 = 27 d.C);

Até ao Ungido, o Príncipe, batismo de Jesus (27 d.C.);

Após 62 semanas, na última semana, são 7 anos (27 a 34 d.C);

No meio da última semana (3 ½ anos) será morto o Ungido (31 d.C.).

Fim última semana (+ 3 ½) – morte de Estevão e Paulo pregando aos gentios (34 d.C.)

GRÁFICO DAS 70 SEMANAS (Dan. 9:24-27) – INCLUINDO O FINAL DOS 2.300 ANOS

10
• 457 a.C. – Emissão da ordem para reconstruir Jerusalém (Esdras 6:14; 7:7, 11-26 e
9:9).
• 408 a.C. – Muros de Jerusalém reconstruídos e o Estado judeu restaurado.
• 27 d.C. – Batismo de Jesus (Mateus 3:13-17).
• 34 d.C. – Morte de Estevão (Atos 7:54-60); a Igreja é perseguida (Atos 8:1- 3) e o
Evangelho é levado aos gentios (Atos 13:44-48).

457 a.C. data de início (Dan. 9:24; Esd. 6:14; 7:7, 11-26 e 9:9)

- 49 anos (7 semanas = 7x7=49, Dan 9:25) obra parada (Esd. 4)

= 408 a.C. (resultado)

- 434 anos (62 emanas = 62x 7 = 434 anos) Dan. 9:25

= 26 d.C. (resultado)

+ 1 (não tem ano zero, acrescentar + 1)

= 27 d.C. (resultado) ano do batismo de Jesus = Ungido (Dan. 9:25)

+ 3 ½ anos (1ª metade da última semana – ministério de Jesus) Dan. 9:26 e 27

31 d.C. (resultado) morte de Jesus

+ 3 ½ anos (2ª metade da última semana – ministério dos discípulos) Dan. 9:27

= 34 d.C. (resultado) morte Estêvão / Paulo mensagem aos gentios (final 70 semanas)

2.300 anos – 490 anos = 1.810

34 d.C (final dos 490 anos – 70 semanas x 7)

+ 1.810 anos (2.300 anos – 490 anos = 1.810) 70 semanas x 7 = 490 anos

= 1.844 (resultado) – final dos 2.300 anos (início do dia da expiação)

Metade da 1ª semana com o ministério de Jesus: A morte de Jesus cessou os


sacrifícios, pois trouxe o verdadeiro significado, “não pelo sangue de bodes e touros,
mas pelo próprio sangue entrou no Santuário” (Hebreus 9:12). A oferta de animais
não teria mais sentido, o verdadeiro Messias foi apresentado, a verdadeira oferta pelo
pecado foi oferecida uma vez por todas, com um único sacrifício (Hebreus 9:28). Essa
oferta pelo pecado alcança a todos, os que fizeram a rebelião e os que fizeram aliança
na metade dessa semana. O que marca o fim do sacrifício é a morte violenta do
cordeiro. Até a morte de Jesus, Israel era povo exclusivo, após a morte, todas as
bênçãos, que até aquele momento eram exclusivas a Israel, são estendidas a todos
que aceitam o Messias.
11
Daniel 9:27... sobre a asa das abominações virá o assolador: compreende a metade
final da última semana. A palavra hebraica para abominações se refere à idolatria, uma
forma grave de rebelião contra Deus (Deut. 29:17 e 2 Reis 23:24). “Sobre a asa”
representa que o assolador está se envolvendo, viajando e sendo levado pelas
abominações, uma referência aos horrores e atrocidades que a nação judaica sofreu
nas mãos dos romanos, em 70 d.C.

Daniel 9:27... até que a destruição, que está determinada se derrame sobre eles: A
ideia refere-se a uma assolação que vai além do período de Roma imperial e da
destruição de Jerusalém em 70 d.C, passando a incluir a devastação causada pela fase
religiosa do poder do chifre pequeno (profecia dos 2.300 anos), quando interfere na
ministração diária de Cristo no santuário Celestial, assim como aconteciam os rituais
diários ou contínuos (tamid) no santuário terrestre, conforme Êx. 25:30; 27:20; 28:29 e
38; 30:8 e 1 Crôn.16:6. O chifre pequeno pisou e perseguiu o povo de Deus por 42
meses, ou 1.260 dias/anos (538 a 1798) e durante essa época, a mediação de Cristo no
santuário celestial foi obscurecida por meio de um sistema humano de mediação (sem
confissão de pecado não tem intercessão de Jesus, o papado vendia o perdão). Uma
referência para a “abominação desoladora e transgressão assoladora” descritas em
Dan. 8:11-13; 11:31 e 12:11, que subentende o amplo sistema de contrafação ao
ministério diário ou contínuo de Cristo, construído sobre as teorias antibíblicas da
imortalidade natural da alma, da mediação dos santos, do confessionário, do sacrifício
da missa através da eucaristia, compreende a doutrina da transubstanciação (hóstia
como símbolo do corpo e sangue de Jesus que é sacrificado em todas as missas),
dentre outras doutrinas.

Haverá um juízo sobre o chifre pequeno (poder), após o relato da visão que descreve
as suas características (Daniel 7:7-8), aparece uma cena de juízo em Daniel 7:9-14
para julgar as palavras insolentes proferidas por esse poder, que é descrito em Daniel
como “chifre pequeno”, e descrito por Paulo como o “homem da perdição, ou
pecado” (2 Tes. 2:7-8), e João o descreve como “a besta do mar” (Apoc. 13:1-2), a
propósito, os animais descritos em Apocalipse são os mesmos de Daniel 7:4-6.

Portanto, o chifre pequeno estabelece uma forma de idolatria ou falso sacrifício que
pretende substituir a função do sistema sacrificial terreno ao qual Cristo pôs fim.
Assim, após o fim dos 490 anos (34 d.C.), a explicação de Dan. 9:27 está ligada ao
restante da visão de Daniel 8, que compreende os 2.300 anos (Daniel 8:14). Isso reforça
o fato de que os 490 anos (profecia das 70 semanas) são a primeira parte dos 2.300
anos.

Deus moldando a história na Pérsia: Artaxerxes provavelmente era filho ou enteado de


Ester, Deus moldou a história fazendo com que Assuero (identificado como Xerxes I),
pai de Artaxerxes, se relacionasse com uma judia, assim, Artaxerxes aprendeu a ter
amor pelo Deus de Israel. Conforme Esdras 7:11-26, o decreto de Artaxerxes cita em
vários trechos ele enaltecendo a Lei do Deus do céu: “”E tudo mais que for necessário
para a casa de teu Deus, que te convenha dar, dá-lo-ás da casa dos tesouros do rei;
tudo quanto se ordenar, segundo o mandado do Deus do céu, exatamente se faça para
a casa do Deus do céu, todo aquele que não observar a lei do teu Deus e a lei do rei,
seja condenado à morte” (versos 20, 23, 26). Primeiro ele cita a “lei do teu Deus” pra
depois citar “e a lei do rei.”

12
Depois Deus molda a história colocando Paulo e Estevão na mesma sinagoga, Paulo
debatendo e sendo derrotado por estevão, Paulo consentindo, querendo e aprovando a
morte de Estevão, e Paulo sendo tocado pelo silencio de Estevão. Provavelmente
quando Paulo recebeu o chamado de Jesus, talvez tenha lembrado de Estevão dizendo:
“Eis que vejo os céus abertos e o Filho do Homem, em pé à destra de Deus”, em
seguida foi apedrejado (Atos 7:54-60 e 8:1), por isso Paulo diz que era o pior de todos
os pecadores (1 Timóteo 1:15), pois matou alguém que estava vendo Jesus, e depois
ele também vê Jesus. Conforme historiadores, a data da sua conversão foi após os 7
anos do batismo de Jesus, no ano 34, com a morte de Estevão, e como judeu, deve ter
entendido a profecia das 70 semanas e saiu pregando, e, através dessa compreensão
que Paulo tem o ímpeto missionário, traz a universalização da mensagem messiânica,
da salvação e da promessa feita a Abraão fazendo de todos um só povo.

Observações para o final das 70 semanas, metade da última semana: Tudo o que
acontece na última semana nos leva para o estabelecimento da aliança: “ Dar pleno e
completo conhecimento do evangelho e universalizar a mensagem, logo, o
acontecimento que marca o final das 70 semanas (metade da última semana), está
relacionado ao verso 24: “Para selar a visão e o profeta”. O profeta selado para
proclamar a mensagem aos gentios foi Paulo, chamado por Deus para fortalecer o
processo de evangelização a todas as nações, pois, o que marca o final das 70
semanas é a universalização da promessa feita a Abraão para todas as nações: “Em ti
serão benditas todas as nações (Gên. 12:3), dessa forma, o próprio Israel está
inserido em todas as nações, não cabe aqui rejeição a Israel e nem a teologia de
substituição, do contrário estaremos alterando o texto bíblico, além de limitar a
universalização da mensagem. Até a morte de Jesus, Israel era povo exclusivo, com
Sua morte as bênçãos são estendidas a todos. A mensagem que era de Israel para o
mundo, agora vem direto do Messias para o mundo. “Aquele que vem a mim, de modo
nenhum o lançarei fora” (João 6:37).

Teologia da substituição, ou supersessionismo (sionismo é o estudo ou conhecimento


sobre Jerusalém como patrimônio histórico): uma interpretação cristã do Novo
Testamento que ensina que a Igreja substituiu Israel no plano de Deus, os judeus não
são mais o povo escolhido, e Deus não tem planos específicos para a nação de Israel.
Portanto, as promessas bíblicas feitas a Israel são cumpridas na Igreja Cristã. Essa
interpretação contraria o dispensacionalismo, que crê que a Igreja não tem nenhum
relacionamento com as maldições e bênçãos para Israel. As alianças, promessas e
advertências são válidas apenas para Israel.

Mas as duas interpretações são contrárias à Bíblia. A aliança feita com Israel acabou no
final dos 490 anos, no ano 34 d.C., pois as bênçãos dependiam da resposta humana,
obediência de Israel, conforme Lev. 26 e Deut. 28, onde a promessa de bênção para
Israel está sob a condição de obediência aos estatutos e mandamentos de Deus (Lev.
26:3-4 e Deut. 28:1-4), e a quebra da aliança resultaria em maldições (Lev. 26:14-17 e
Deut. 28:15-18), mas Israel quebrou a aliança.

Assim, na nova aliança que iniciou na cruz, as bênçãos são para todos os que aceitam
a Cristo na mente e coração (Hebreus 8:1013), e não por imposição, como foi com Israel
quando saiu do Egito, pois eram escravos e crianças espirituais, só entendiam a
linguagem do sim e não. Cristo é o único descendente e herdeiro de Abraão (Gálatas
3:16), logo, “todos os que são de Cristo também são descendentes de Abraão e
herdeiros segundo a promessa” (Gálatas 3:29). Portanto, o povo judeu (Israel) que
aceita a Cristo, também está inserido nessa promessa.

13
O dispensacionalismo impregnou o cristianismo com falsas doutrinas, pois divulgam
que depois do arrebatamento secreto de 1 Tessalonicenses 4:13-18, Deus vai restaurar
Israel como o foco principal do Seu plano. O primeiro evento durante esse tempo vai
ser a Grande Tribulação (Apocalipse cap. 6 a 19). O mundo será julgado por rejeitar a
Cristo, enquanto Israel é preparada através das provações da Grande Tribulação para a
Segunda Vinda do Messias. Assim, quando Cristo retornar à terra no final da
Tribulação, Israel estará pronta para recebê-lo. O restante de Israel que sobreviver à
Tribulação será salva e o Senhor estabelecerá o Seu reino na terra com Jerusalém
como a sua capital. Com Cristo reinando como Rei, Israel será a nação principal, e
representantes de todas as nações irão a Jerusalém honrar e louvar o Rei Jesus Cristo.
A Igreja retornará com Cristo e reinará com Ele por um período literal de 1000 anos
(Apoc. 20:1-5).

Portanto, o dispensacionalismo descarta a ideia bíblica que o povo de Deus passará


por tribulações e aflições (Salmos 11:5; Prov. 17:3; João 16:33; Tiago 1:2-4 e 12; 1
Pedro 1:6-7; 4:12-14 e 16; Apoc. 3:10 e 19; 7:14; 12:17; 13:15; 14:1-5; 15:2 e 21:7), que as
bênçãos serão para os “vencedores”, conforme as promessas para as 7 igrejas de
Apocalipse (2:7, 11, 17, 26; 3:5, 12 e 21). O Céu será uma premiação, e todos os que
desejam ir para o Céu serão provados, assim como existe um teste para aprovação em
um concurso ou universidade.

Final das 70 semanas no ano 34 d.C.: a morte de Estevão não marca a universalização
do evangelho, foi uma transição para a conversão de Saulo, que é o evento que marca
o cumprimento final da profecia com a universalização do evangelho. A narrativa
bíblica liga os dois eventos, sem Paulo não haveria a expansão do evangelho aos
gentios. O discurso de Estevão em Atos 7 mostra a rejeição de Israel para com a
aliança, estavam fora do propósito da aliança, mas Estevão não acusa o povo de
rejeitar o Messias, seu apedrejamento foi o catalisador para a conversão de Saulo, que
consentiu com sua morte. Consentir em grego significa que ele ansiava pela morte de
Estevão. Paulo era a única arma de Israel para confrontar Estevão, era poderoso em
palavras, assim como Estevão, ambos frequentavam a mesma sinagoga helenística,
também eram cidadãos gregos. O texto em grego deduz que Paulo se sentiu frustrado
por não conseguir combater o discurso de Estevão, que além de ser histórico foi
irrefutável.

ALGUNS TEXTOS A SEREM ANALISADOS:

Parábola do filho pródigo (Lucas 15:11-32)

Dois filhos (judeus e gentios);


Filho pródigo são os gentios;
Veio para o pai que teve compaixão e o recebeu com festa;
Filho mais velho é o judeu indignado: “Eis que te sirvo há tantos anos, sem nunca
transgredir o teu mandamento”;
Pai diz para o judeu: Filho, tu sempre estás comigo, e todas as minhas coisas são
tuas; mas era justo alegrarmo-nos e folgarmos, porque este teu irmão estava morto e
reviveu.
Obs: “as minhas coisas são tuas” demonstra que não houve rejeição por parte de
Deus.

14
“Veio para o que era seu, e os seus não o receberam” (João 1:11)

O contexto de João 1 é universal, criação do mundo, a luz estava no mundo, logo, “os
seus” descritos aqui somos todos nós, não é específico para os judeus. Nós O
rejeitamos toda vez que pecamos.

Entrada triunfal de Jesus em Jerusalém e Sua crucificação:

João 12:11-13: “Porque muitos dos judeus, por causa dele, iam e criam em Jesus . No
dia seguinte, ouvindo uma grande multidão, que viera à festa , que Jesus vinha a
Jerusalém, Tomaram ramos de palmeiras, e saíram-lhe ao encontro, e clamavam:
Hosana! Bendito o Rei de Israel que vem em nome do Senhor.” Hosana significa
“salva-nos, te imploramos”. A grande multidão cria e aceitava Jesus, O reconheciam
como Messias, mas não entendiam a Sua real função, achavam que era um líder
político (texto adicional de Daniel 9:26), por isso imploravam por ajuda, o contexto
aqui não é de festa e sim de pranto. O texto adicional informa que Jesus não veio
como líder político, mas veio para morrer como servo.

Multidão na crucificação: Os textos não dizem que as pessoas presentes na


crucificação eram as mesmas que gritaram Hosana, conforme Mateus 27:17, 20-25;
Marcos 15:8, 11-15; Lucas 23:13, 18, 21-25, 27, 35 e João 18:40; 19:6, 12 e 15 . A
tradição judaica diz que o julgamento aconteceu à noite, de forma escondida, temiam
que a multidão soubesse, por isso entregaram Jesus para os soldados romanos, pois
os judeus poderiam confrontar os sacerdotes, mas nunca os romanos. Os seguidores
de Jesus eram muitos e não O deixariam ser crucificado, portanto, partiu da liderança
e de um número reduzido de pessoas que gritaram: Crucifica-o!

O templo como local de adoração universal (1 Reis 8:41-43 e 9:8)

O contexto é de inauguração do templo, Salomão convida todas as nações, demonstra


que Israel não era exclusivista, os gentios tinham acesso ao templo, celebraram junto
com Israel. Na época de Jesus haviam algumas seitas judaicas exclusivistas, mas esse
nunca foi o objetivo de Deus para Seu povo.

O pensamento da profecia de Daniel era inclusivo, e não inclui a rejeição de Israel, cfe.
Oseias 11:7-9.

Em todas as épocas consta que os judeus mataram a jesus, O pensamento de Hitler é


que os judeus mataram jesus.

Antissemitismo que impõem a leitura bíblica, a Teologia da substituição está na base


de todas as perseguições aos judeus, na idade média e na segunda guerra mundial,
com Hitler.

Final dos tempos a perseguição aos cristãos, uma das bases será também o
antissemitismo, pois os adventistas são chamados de judaizantes por obedecerem às
leis.

15
Evangelismo pag. 577 a 579, levantará um povo, o poder de pregação de um judeu será
10 vezes mais poderoso que o nosso.

Os dispensacionalistas querem os judeus para um suposto cumprimento profético,


mas não querem as suas leis.

Ellen White corrige vidas e os exegetas corrigem interpretações.

“Vi que Estêvão foi um poderoso homem de Deus, suscitado especialmente para
preencher um importante lugar na igreja. Satanás exultou com sua morte; pois ele
sabia que os discípulos sentiriam sobremaneira a sua perda. Mas o triunfo de Satanás
foi breve; pois nesse grupo, testemunhando a morte de Estêvão, havia um a quem
Jesus estava para revelar-Se. Saulo não tomou parte no lançamento de pedras em
Estêvão, mas consentiu em sua morte. Ele era zeloso na perseguição à igreja de Deus,
caçando-os, aprisionando-os em suas casas e entregando-os a quem os mataria. Saulo
era um homem de habilidade e educação; seu zelo e erudição tornava-o altamente
estimado pelos judeus, ao mesmo tempo que era temido por muitos dos discípulos de
Cristo. Seus talentos eram eficazmente empregados por Satanás em promover sua
rebelião contra o Filho de Deus, e os que criam nEle. Mas Deus pode quebrar o poder
do grande adversário e libertar os que são por ele levados cativos. Cristo havia
separado Saulo como "um vaso escolhido" (Atos 9:15) para pregar o Seu nome, para
fortalecer os discípulos em sua tarefa e mais ainda para preencher o lugar de Estêvão.”
(Primeiros Escritos, cap. 46, pág. 199).

Romanos 11:20-24: Deus traz as bençãos e liga todos na videira que é Jesus, que nos
leva a promessa com Abraão. A história de que Israel crucificou a Jesus e que foi
rejeitado, surgiu nos primeiros séculos com os pais da igreja, quando as doutrinas da
igreja foram sendo adulteradas, inclusive a substituição do sábado pelo domingo,
então, houve um distanciamento do judaísmo e disseminou ideias errôneas que
acabaram sendo consolidadas e estão impregnadas até hoje. Outro fator que
contribuiu para falsas afirmações contra os judeus, é que a Judeia era um território
sempre em guerra contra os romanos, os gentios viviam no império romano e não
queriam fazer parte da Judeia, pois seriam penalizados. Portanto, houve um erro da
igreja cristã que contribuiu com tais propagações. A igreja cristã era a igreja católica,
mas distanciou das verdades e hoje é considerada igreja católica romana.

Na dúvida, segue abaixo a comprovação histórica da data 457 a.C. (Daniel 9:24-27)

O ponto de partida para as “setenta semanas”, (setenta shabu’im) é a “saída da ordem


para restaurar e para edificar Jerusalém” (v. 25). Isso ocorreu no sétimo ano de
Artaxerxes I (Esdras 7:7, 8 e 9:9), quando ele emitiu seu primeiro “decreto” (Esdras
7:11-26). O sétimo ano de Artaxerxes é agora estabelecido firmemente como 458/457 a.
C., com o retorno de Esdras em 457, e não em 458 a.C. Consequentemente, o primeiro
ano de reinado de Artaxerxes no cálculo judaico começou em 1º de tishri de 464 a.C.
(tishri é o 1º ano judaico corresponde a setembro e outubro). Artaxerxes reinou de 465
a 424 a.C., de acordo com o Cânone de Ptolomeu.

Com base no fundamento histórico para essa data (457 a.C.) como o início das
primeiras duas divisões do período das 70 semanas (7+62 semanas = 483 anos), a

16
conclusão dos 483 anos é 27 d.C., o ano da “mikvê” de Yeshua, ou seja, o seu batismo.
O mikvê marcou a inauguração do ministério público de Yeshua (Jesus) como o
Mashiach (Messias), o Ungido. Há pelo menos duas fortes razões para a escolha do
primeiro decreto de Artaxerxes I em 457 a.C. (Ezrá, Esdras 7) como o ponto de partida
para os 490 anos. A primeira e principal razão é tanto exegética quanto histórica.

Primeira Razão

Daniel 9:25, identifica especificamente “a ordem” referente à restauração e


reconstrução da cidade de Jerusalém como o início do período das 70 semanas. A
“ordem” dificilmente é entendida como um decreto de Deus. Em vez disso, parece se
referir a uma ordem real de um rei, assim como foi emitido o “decreto real” (dãt, Daniel
2:13,15) para matar os sábios. Esse decreto ou “ordem” tinha a ver com a restauração e
reconstrução da cidade de Jerusalém. Portanto, não é possível indicar que se esteja
falando do decreto real de Ciro emitido no ano 538/537 a.C. (Esdras 1:1-4), que impelia
os judeus exilados a construírem a “casa de Deus”, ou seja o templo. Não há sequer
uma só palavra no decreto de Ciro para restaurar e reconstruir a cidade, como uma
cidade. O decreto real de Dario I (Esdras 6:1 a 12) confirmou o decreto de seu
antecessor e relatou mais uma vez a reconstrução do templo. Ele, da mesma forma, não
tinha nada a ver com a cidade, como uma cidade.

O terceiro “decreto” ou ordem é a dada por Artaxerxes I no seu “sétimo ano” ( Esdras
7:7, 8), isto é, 457 a.C. Essa ordem não pode referir-se à reconstrução do templo, pois
ele foi concluído e dedicado em março de 515 a.C. (Esdras 6:13-18).

Os eventos registrados na passagem de Esdras 4:7-23 nos falam de uma insatisfação


por parte dos samaritanos devido ao fato de os judeus estarem “reedificando aquela
rebelde e malvada cidade e vão restaurando os seus muros e reparando os seus
fundamentos” (vs. 12 conforme vs. 13,16 e 21). Se esse relato é de uma época posterior
à ordem do sétimo ano de Artaxerxes I, a saber, um período de condições políticas
incertas para o monarca persa depois da revolta egípcia de 448, então é possível
concluir com segurança que a ordem dada em 457 a.C. dizia respeito à restauração e
reconstrução de Jerusalém.

Deve-se notar que “os tempos angustiosos” (Daniel 9:25) durante os quais Jerusalém
seria reconstruída novamente são refletidos claramente nos eventos registrados em
Esdras 4:7-23. Embora a verdadeira palavra de comando de Artaxerxes I em 457 a.C.
não faça menção explicita de nenhuma ordem para reconstruir a cidade de Jerusalém,
até o momento é este o objetivo aparente conforme entendem os judeus, para quem foi
dada a ordem.

Treze anos depois da ordem de Artaxerxes I, ou seja, no vigésimo ano de seu reinado
(445/444 a.C), Hanani conta a Neemias que “os muros de Jerusalém estão derribados, e
as suas portas, queimadas (Neemias 1:3). Isso implica que a cidade tinha sido
reconstruída, algo que que dificilmente poderia ter começado antes de 457 a.C., porque
os decretos de Ciro e de Dario diziam respeito somente à construção do templo.

O próprio Esdras confessa que Deus deu permissão por meio dos reis persas “para
levantar a casa do nosso Deus, para restaurar as suas ruínas e para que nos desse um
muro de segurança em Judá e em Jerusalém” (Esdras 9:9). Fica evidente, a partir de
sua referência ao “decreto de Ciro, de Dario e de Artaxerxes, rei da Pérsia” (Esdras
6:14), que Esdras considerou o terceiro “decreto” como a culminação dos três.

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Deve-se também notar que dos quatro decretos conhecidos, apenas dois são decretos
importantes. O decreto de Ciro é um decreto importante, enquanto o de Dario
simplesmente confirma o de Ciro. O outro decreto importante foi a ordem do sétimo
ano de Artaxerxes, enquanto o decreto de seu vigésimo ano é nada mais que uma
ampliação e renovação de seu primeiro decreto. O decreto de Ciro e Dario dizem
respeito à construção do templo; os de Artaxerxes à condição de Judá e Jerusalém.

Segunda Razão

A segunda razão para a escolha do primeiro “decreto” de Artaxerxes em 457 a.C.


baseia-se no cálculo dos 490 anos. Apenas essa ordem se ajusta ao cômputo dos 490
anos solares. O princípio de reconhecer o cumprimento da profecia também foi levado
em conta. Aqui deve-se relembrar que a necessidade de encontrar um desfecho que se
ajuste aos fatos históricos é compartilhada pela interpretação ‘historicista’ e suas
opositoras da mesma forma.

O final da primeira divisão de 7 anos é 408 a.C. Essa primeira divisão de 49 anos é
designada à restauração e reconstrução de Jerusalém. Poucas informações do período
por volta de 400 a.C. excluem inevitavelmente qualquer tentativa de se verificar a
exatidão da data de 408 a.C. para a restauração da cidade de Jerusalém.

A segunda divisão das 62 semanas, 434 anos, completa o período até o surgimento do
Messias em 27 d.C. A interpretação ‘historicista’ tradicional segue a pontuação das
versões LXX, Teodócio, Vulgata, Siríaca, a qual foi adotada nas versões inglesas atuais
(KJV, ASV, ERV (margem), MLB, JB, NASB). Isso significa que a frase é lida assim:
“até ao Ungido, ao Príncipe, sete semanas e sessenta e duas semanas; as praças e as
circunvalações se reedificarão.” (9:25, NASB). “Até que seja ungido um príncipe,
passar-se-ão sete períodos; durante 62 períodos será reconstruída com suas praças e
seus fossos.” (9:25, Bíblia Hebraica, português).

Há versões inglesas que seguem a pontuação do texto massorético (judeus que


preservaram o A.T. – VER, RSV, NEB) que tem uma athnach (o principal divisor
disjuntivo dentro de um versículo) após as palavras “sete semanas”. Marcas de
pontuação em manuscritos hebraicos não adquiriram uso geral antes do surgimento de
uma grande atividade massorética em 600 d.C. e 930 d.C. Seu uso foi cristalizado na
forma presente apenas no século 9/10, enquanto continuou em pequenas questões de
acentuação no século 14.

Evidências atuais sugerem que acentos nas versões gregas são anteriores aos dos
manuscritos hebraicos dos massoretas. Considerações contextuais também têm sido
citadas a favor da antiga pontuação. Além disso, a estrutura literária da poesia de
Daniel 9:25 sugere também que a pontuação massorética está incorreta.

Os textos do Qumran (sítio arqueológico na Cisjordânia) relacionados a Daniel 9:24-27


não apoiam a pontuação massorética ou moderna. Todas as traduções antigas seguem
uma pontuação não-massorética, a saber, a Septuaginta e Teodócio, Símaco e Áquila
além da Peshitta (versão da bíblia para Sírios). Elas tratam as 7 e as 62 semanas como
um período único ao final do qual o Messias viria.

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A pontuação não-messiânica da tradição massorética parece refletir uma “rejeição do
papel messiânico de Yeshua (Jesus) e a frustração das outras esperanças messiânicas
judaicas do primeiro e segundo séculos d.C. Portanto, ela reflete um preconceito
anticristão. Parece, com base na evidência citada, que a pontuação tradicional nas
versões antigas e refletidas em inglês nas KJV, ASV, MNLB, JB NASB, etc. deve ser
mantida com base na evidência histórica, contextual, literária, e as versões sem fazer
injustiça ao contexto hebraico.

A terceira divisão de uma semana, os últimos sete anos, começa em sucessão


cronológica às 69 semanas (483 anos) com a mikvê e o começo do ministério público
de Yeshua (Jesus Cristo). “Na metade da semana” (Daniel 9:27), isto é, três anos e meio
depois, em 31 d.C., o Messias traria fim ao sistema sacrifical por sua morte… a última
metade da semana chega ao fim com:

– Morte de Estevão, (Atos 7:60).


– Dispersão dos discípulos de Jerusalém, (Atos 8:1).
– Pregação aos goin’s (gentios, Atos 8).
– E possivelmente com a aceitação de Shaul (Paulo) de Yeshua (Jesus) como o
Mashiach (Messias).

A correlação cronológica exata entre Daniel 9:24-27 e os eventos históricos indicam


notável superioridade da interpretação ‘historicista’ sobre os outros esquemas. O único
esquema que pode reivindicar correlação e harmonia perfeitas entre a profecia e a
história com relação a Dan. 9:24-27, ao ano e mesmo à metade do ano é o que
sincroniza os 490 anos de 457 a.C. ao término em 34 d.C.

Daniel 9:24-27 “é uma das mais notáveis profecias preditivas da ‘Bíblia Hebraica’”. O
crítico K. Koch observa que “o cumprimento matemático singular e absolutamente
exato de uma predição messiânica da ‘Bíblia Hebraica’ quanto à vida do Mashiach na
B’rit Hadashah (aliança A.T e N.T) desempenhou em séculos anteriores um importante
papel como prova para a veracidade das Escrituras Sagradas”. As correlações
cronológicas recentes dão apoio adicional ao “cumprimento matemático
absolutamente exato” de Daniel 9:24-27.

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