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01/08/2016

ERGONOMIA

Prof. BLAKE CHARLES AULA 02


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O QUE É ERGONOMIA?

O nome ERGOS (trabalho) e


Ergonomia
deriva-se de
duas palavras NOMOS (leis, normas e regras).
gregas:

É portanto uma ciência que pesquisa, estuda, desenvolve e aplica regras e normas a fim
de organizar o trabalho, tornando este último compatível com as características físicas e
psíquicas do ser humano.

“É O ESTUDO DA ADAPTAÇÃO DO TRABALHO AO HOMEM.”


Itiro Lida

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O QUE É ERGONOMIA?

O termo ergonomia foi utilizado pela primeira vez, em 1857, pelo


polonês W. Jastrzebowski, que publicou um artigo intitulado “Ensaio
de ergonomia ou ciência do trabalho baseada nas leis objetivas
da ciência da natureza”.

O QUE É ERGONOMIA?

“Vejamos uma grande confecção onde a produção acontece num galpão de


grande porte. Impera o ruído das máquinas de corte, pesponto, costura,
acrescidos do calor resultante da própria edificação e das prensas de
acabamento. Os resíduos têxteis formam uma poeira que reduz a iluminação
geral obrigando a que cada posto tenha uma iluminação local que aumenta
ainda mais a contrante1 térmica e compromete a qualidade do ar. O ambiente
se caracteriza ainda pelo odor de tecidos novos, alguns com muito pouco
tempo de saída da tinturaria. Esta indústria tem a certificação ISO-9000 e não
entende porque recebeu uma notificação da DRT. “
Introdução à Ergonomia Página 34
Prof. Mario Cesar Vidal

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O QUE É ERGONOMIA?

“Estes relatos acerca de situações do cotidiano pessoal ou profissional de


milhares de pessoas pelo mundo afora, revela que a atividade produtiva de
homens e mulheres, jovens e idosos, sãos ou adoentados não é tão simples
como possa parecer e que deve ser objeto de algum entendimento, de um
estudo mais elaborado. E é isso a que se propõe a Ergonomia: produzir esse
entendimento para que as mudanças possam ser feitas, os projetos mais bem
elaborados e as decisões tecnológicas melhor assentadas. A saúde das pessoas,
a eficiência dos serviços e a segurança das instalações estarão, a partir daí,
sendo efetivamente incorporadas à vida das organizações. “
Introdução à Ergonomia Página 34
Prof. Mario Cesar Vidal

O QUE É ERGONOMIA?

Alan Wisner

“Ergonomia é o conjunto de
conhecimentos relativos ao homem e
necessários à concepção de instrumentos,
máquinas e dispositivos que possam ser
utilizados com o máximo de conforto,
segurança e eficiência”

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O QUE É ERGONOMIA?

Ergonomics Research Society (U.K.):

“ A ergonomia é o estudo do relacionamento entre o homem


e o seu trabalho, equipamento e ambiente, e particularmente
a aplicação dos conhecimentos de anatomia, fisiologia e
psicologia na solução surgida neste relacionamento”.

Conceito da International Ergonomics Association (IEA)


“ A ergonomia é o estudo científico da relação entre o homem e
seus meios, métodos e espaços de trabalho. Seu objetivo é
elaborar, mediante a contribuição de diversas disciplinas científicas
que a compõem, um corpo de conhecimentos que, dentro de uma
perspectiva de aplicação, deve resultar em uma melhor adaptação
ao homem dos meios tecnológicos e dos ambientes de trabalho e
de vida”.

O QUE É ERGONOMIA?

Associação Brasileira de Ergonomia (ABERGO):

“A ergonomia é o estudo das


interações das pessoas com a
tecnologia, a organização e o
ambiente, objetivando
intervenções e projetos que visem
melhorar, de forma integrada e
não-dissociada, a segurança, o
conforto, o bem-estar e a eficácia
das atividades humanas.”

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O QUE É ERGONOMIA?

Histórico e evolução da Ergonomia

A Ergonomia existe desde os princípios da humanidade

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formação histórica da Ergonomia

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Histórico e evolução da Ergonomia

“Mas adiante, se buscou entender, tabelar, organizar


dados sobre os fatores humanos que deveriam ser
considerados não apenas sobre instrumentos, mas
para os projetos de sistemas de trabalho, como as
linhas de montagem, as salas de controle, os postos de
manobra de máquinas, e assim por diante.”

“No sentido mais contemporâneo, se busca


entender os determinantes de uma
atividade de trabalho através de
“Em seu sentido clássico, a Ergonomia buscou contribuições num sentido ainda mais
primeiramente entender os fatores humanos amplo, que incluem a organização do
pertinentes ao projeto de instrumentos de trabalho, trabalho e os softwares, procedimentos e
ferramentas e outros apetrechos típicos da atividade estratégias operatórias.”
humana em ambiente profissional.”

Vidal, 2002
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Histórico e evolução da Ergonomia

A Ergonomia tem uma data "oficial" de nascimento: 12 de julho de 1949.


Nesse dia, reuniu-se, pela primeira vez, na Inglaterra, um grupo de cientistas
e pesquisadores interessados em discutir e formalizar a existência desse
novo ramo de aplicação interdisciplinar da ciência.

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Histórico e evolução da Ergonomia

Décadade50: Década de Década de Década de Décadade90: 2000:


• ergonomia 60: 70: 80: • ergonomia • comunicação
militar; • ergonomia • ergonomia de • ergonomia de organizacional global e da
industrial; consumo; software e da e cognitiva; ecoergonomia.
interação • Industria 4.0
humano-
computador;

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Histórico e evolução da Ergonomia

• As fábricas eram sujas, barulhentas, perigosas e escuras;


Século XVIII – Revolução
Industrial: • Jornadas de trabalho de até 16 horas;
• Regime de trabalho de semi-escravidão sem direito a férias.

• O polonês Wojciech Jastrzebowski publicou o artigo “Ensaios de ergonomia


1857 ou ciência do trabalho, baseada nas leis objetivas da ciência sobre a
natureza”.

• Na Europa, principalmente na Alemanha, França e países escandinavos,


1900 começam a surgir pesquisas na área de fisiologia do trabalho.

• Durante a 1ª Guerra Mundial, os fisiologistas e psicólogos foram chamados para


1914 -1917
colaborarem no esforço de aumentar a produção de armamentos.

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Histórico e evolução da Ergonomia

• A comissão de fisiologistas e psicólogos que colaborou na primeira guerra mundial foi


1915 transformada, ao final da guerra, em Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial, atuando
nas minas de carvão e nas industrias.

• O Instituto de Pesquisa da Fadiga Industrial transforma-se no Instituto de Pesquisas sobre


1929 Saúde no Trabalho, ampliando assim o campo de atuação.

• O pesquisador japonês K. Tanaka publicou um livro sobre “Engenharia Humana” e no mesmo


1921
ano fundou-se naquele país, o Instituto de Ciência do Trabalho.

1939 – 1945 (Segunda • Os instrumentos, complexos, exigiam muita habilidade por parte do operador,
Guerra Mundial) resultando em freqüentes acidentes e perdas.

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Histórico e evolução da Ergonomia

• um engenheiro inglês chamado Murrel criou na Inglaterra a primeira


1949 sociedade nacional de ergonomia, a “Ergonomic Research Society”.

1957 • foi criada, nos EUA, a Human Factors Society;

1959 • foi fundada a “International Ergonomics Association”.

31 de agosto de 1983 • foi criada a “Associação Brasileira de Ergonomia”.

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“A Ergonomia foca a atividade de trabalho das pessoas e busca melhorar suas


condições de execução melhorando o uso e manuseio de produtos.”

Vidal, 2002

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Como e onde a ergonomia está presente na nossa vida diária ?

Quais o objetivos práticos da Ergonomia?

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Estratégia da Ergonomia

Ergonomia considera as capacidades físicas e mentais e os limites do trabalhador como ele


ou ela interage com as ferramentas, equipamentos, métodos de trabalho, tarefas e ambiente de
trabalho.

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Estratégia da Ergonomia

OBJETOS DE ESTUDO

O HOMEM
• (físico, psique, sexo, idade...)

A MÁQUINA

• (equipamento, ferramentas, instalações...)

O AMBIENTE

• (temperatura, ruídos, luz, gases...)

A INFORMAÇÃO

• (Comunicações entre os elementos do sistema)

A ORGANIZAÇÃO

• (horários, turnos, equipes...)

AS CONSEQUENCIAS DO TRABALHO

• (inspeções, fadiga...)

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Estratégia da Ergonomia

Apesar das diferenças entre ciência, estudo científico e tecnologia, todos os ergonomistas,
entretanto, consideram os seguintes aspectos:

• a utilização de dados científicos sobre o homem;

• a origem multidisciplinar destes dados (anatomia, fisiologia, neurofisiologia, psicofisiologia,


psicologia, sociologia, antropologia) e a interdisciplinaridade da ergonomia;
• a aplicação ao dispositivo técnico, à organização do trabalho e ao treinamento dos parâmetros
e recomendações propostos pela ergonomia;
• a perspectiva do uso destes dispositivos técnicos pela população normal dos trabalhadores,
com suas capacidades e limites, sem implicar numa seleção que escolha os “homens certos”;

• a adaptação ao homem de máquinas, ambientes e trabalho;

• os objetivos de segurança, conforto e bem-estar.

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Interdisciplinaridade da Ergonomia

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Ergonomia: O Estudo Sistematizado do homem no Trabalho

Ambiente social e cultural


Ambiente Externo - Legislação, Economia, Normas
Estrutura Organizacional & Design do trabalho

Ambiente de Trabalho
estação de trabalho

Ambiente de Trabalho

trabalhador

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Objetivos da Ergonomia

Objetivos da Ergonomia

Incrementar:

Segurança

Qualidade de vida
Bem-estar

Melhorar a Eficácia
confiabilidade do
sistema

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Objetivos da Ergonomia

•Forma, Dimensões, Alcances,… - Antropometria

• Mobilidade, Posturas,… - Biomecância


Vertente
Científica - • Força muscular, Capacidade física,… - Fisiologia Muscular
Conhecer o
Homem • Destreza, Capacidade motora – Motricidade

• Percepção e processamento da informação, treino e aprendizagem,… - Psicologia


Ocupacional

Vertente Tecnológica - Aplicações de técnicas de Engenharia na concepção, projeto,


Realizar Aplicações Práticas ensaio e validação de soluções práticas - Engenharia

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O PAPEL DA ERGONOMIA

Ajudar a indústria a projetar sistemas de trabalho, equipamentos


e interface homem-máquina ...

... Para promover a eficiência, produtividade e conforto do trabalhador e


satisfação.

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O PAPEL DA ERGONOMIA

Ao analisar trabalho e como pode ser melhorada a partir de um ponto de ergonomia de


vista, existem cinco elementos que precisam ser abordadas:

1 - O trabalhador:

• o elemento humano do local de trabalho. Os


funcionários têm um
gama de características que precisam de ser
consideradas, incluindo limitações físicas e capacidades
cognitivas, a experiência e habilidades, educação e
formação; idade, sexo, personalidade,
saúde, incapacidades residuais.
• Suas necessidades e aspirações pessoais também são
consideradas.

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O PAPEL DA ERGONOMIA

2 - Emprego / tarefa:
• o que o empregado é obrigado a fazer e o que eles
realmente fazem. Ele inclui conteúdo do
trabalho; demandas de trabalho, restrições e
requisitos de tempo, tais como prazos; individual "de
controles sobre carga de trabalho
incluindo latitude decisão, trabalhando com outros
funcionários, e responsabilidades do trabalho.

3 - Ambiente de trabalho:
• A estrutura física, áreas de trabalho e espaços, iluminação,
ruído, do ambiente térmico.

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O PAPEL DA ERGONOMIA

4 - O design do equipamento:
• o hardware do local de trabalho. É parte de
ergonomia que a maioria das pessoas reconhecem
e inclui eletrônico e equipamentos móveis, roupas
de proteção, móveis e ferramentas.

5 - Organização do trabalho:
• o contexto mais amplo do funcionamento da
organização e como isso afeta os indivíduos. Ele
inclui padrões de trabalho; altos e baixos em turnos de
carga de trabalho; consulta; ineficiências ou
dificuldades organizacionais; de repouso e pausas de
trabalho; trabalho em equipe; como o trabalho é
organizado e por isso, a cultura no local de trabalho,
bem como uma maior amplitude de influências
econômicas e sociais.

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Objetivos da Ergonomia
A transformação do trabalho deve ser
realizada de forma a contribuir para:

• A concepção de situações de trabalho


que não alterem a saúde dos
operadores, e nas quais estes possam
exercer suas competências ao mesmo
tempo num plano individual e coletivo e
encontrar possibilidades de valorização
de suas capacidades
• Alcançar os objetivos econômicos
determinados pela empresa, em função
dos investimentos realizados ou futuros.

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O PAPEL DA ERGONOMIA
Os Cinco Elementos a considerar na Análise Ergonômica do trabalho

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Interdisciplinaridade da Ergonomia

"Ergonomia, antes de mais nada, é uma atitude profissional que se agrega à prática de uma profissão
definida. Neste sentido é possível falar de um médico ergonomita, de um psicólogo ergonomista, de um
designer ergonomista e assim por diante"
(VIDAL, s.d., p.3).

Engenharia: projeto e produção ergonomicamente seguros

Psicologia: treinamento e motivação do pessoal


Quanto a
interdisciplinaridade Medicina e enfermagem: prevenção de acidentes
e doenças do trabalho
Administração: projetos organizacionais e gestão de R.H.

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Domínios da Ergonomia:

Ergonomia física
A ergonomia física é uma das principais áreas de estudo da ergonomia, que se
concentra na relação entre o corpo humano e o ambiente físico de trabalho. Ela se
preocupa com o projeto e organização dos elementos físicos do ambiente de trabalho,
a fim de otimizar a interação entre o trabalhador e seu ambiente.

Ergonomia cognitiva
A ergonomia cognitiva é uma área da ergonomia que se concentra na compreensão e
no aprimoramento dos processos cognitivos envolvidos no trabalho humano. Ela se
preocupa com o estudo e o projeto de sistemas que levem em consideração as
capacidades mentais, os processos de percepção, memória, atenção, raciocínio,
tomada de decisão e outras atividades cognitivas dos trabalhadores.

Ergonomia organizacional
A ergonomia organizacional é uma área da ergonomia que se concentra na
interação entre os trabalhadores e os aspectos organizacionais do ambiente de
trabalho. Ela envolve o estudo e o projeto de sistemas organizacionais para
melhorar a eficiência, a segurança, a satisfação e o bem-estar dos trabalhadores.

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Domínios da Ergonomia:

• Estuda as características da anatomia humana,


antropometria, fisiologia e biomecânica em sua
Ergonomia física
relação a atividade física. Os tópicos relevantes
incluem:
a postura no trabalho,

manuseio de materiais,

movimentos repetitivos,

distúrbios músculo esqueléticos


relacionados ao trabalho,

projeto de postos de trabalho,

segurança e saúde.

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Domínios da Ergonomia:
Ergonomia Cognitiva

Ocupa-se dos processos mentais na execução do trabalho, tais como:


• percepção,
• memória,
• raciocínio,
• e resposta motora,

conforme afetam interações entre seres humanos e outros elementos de um sistema.


• carga mental de trabalho,
• tomada de decisão,
• interação homem-computador,
• stress,
• treinamento,
• qualificação,
• confiabilidade.

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Domínios da Ergonomia:

Ergonomia Organizacional
• ocupa-se da otimização dos sistemas sócio-técnicos, incluindo suas estruturas organizacionais, políticas e
processos.
Comunicação

Gestão do trabalho

Trabalho em grupo

Organização temporal do trabalho

Projeto participativo e cooperativo

Novos paradigmas de trabalho

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Quanto a contribuição:

Ergonomia de concepção: normas e especificações de projeto

• Quando a contribuição ergonômica se faz durante o projeto do produto, da máquina,


ambiente ou sistema.

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Quanto a contribuição:

Ergonomia de correção: modificações de situações existentes

• É aplicada em situações reais, já existentes, para resolver problemas que se refletem na


segurança, fadiga excessiva, doenças do trabalhadores ou quantidade e qualidade da
produção.

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Quanto a contribuição:

Ergonomia de arranjo físico: melhoria de seqüências e fluxos de produção

• Estuda a posição espacial dos elementos dos sistemas produtivos

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Quanto a contribuição:

Ergonomia de conscientização: capacitação em ergonomia

• Procura capacitar os próprios trabalhadores para identificação e correção dos problemas do dia-a-dia ou
aqueles emergenciais

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Ocasiões da contribuição ergonômica

Concepção Correção Conscientização Participação

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Fases da Ergonomia
Primeira Fase da Ergonomia:
O objetivo dos cientistas, nesta fase, concentrava-se mais ao
redimensionamento dos postos de trabalho, possibilitando um melhor alcance
motor e visual aos trabalhadores.

dimensões de objetos,

ferramentas,

painéis de controle dos postos de


trabalho usados por operários.

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Fases da Ergonomia

Segunda Fase da Ergonomia:

• A Ergonomia passa a ampliar sua área de atuação, confundindo-se com outras ciências, eis que fazendo
uso destas. Assim, passa o Ergonomista a projetar postos de trabalho que isolam os trabalhadores do
ambiente industrial agressivo, seja por agentes físicos ( calor, frio, ruído, etc.), seja pela intoxicação por
agentes químicos (vapores, gases, particulado sólido, etc.). O que se percebe é uma abrangência maior do
Ergonomista nesta fase, adequando o ambiente e as dimensões do trabalho ao homem.

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Fases da Ergonomia

Terceira Fase da Ergonomia:


Na década de 80, a Ergonomia passa a atuar em outro ramo científico, mais relacionado com o processo
COGNITIVO do ser humano, ou seja, estudando e elaborando sistemas de transmissão de informações mais
adequadas às capacidades mentais do homem, muito comuns junto à informática e ao controle automático de
processos industriais, através de SDCD’s (Sistema Digital de Controle de Dados) . Tal fase intensificou sua
atuação mais na região da Europa, disseminando-se a seguir pelo resto do mundo.

Por fim, na atualidade, pesquisas mais recentes estão se desenvolvendo em relação à PSICOPATOLOGIA DO
TRABALHO e na ANÁLISE COLETIVA DO TRABALHO. Especificamente a Escola Francesa de Ergonomia
interessou-se por tais ciências e as vem divulgando pelo mundo, inclusive no Brasil.

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Exemplo:

Um operária trabalha numa fábrica de canetas, desenvolvendo seu trabalho na linha de


montagem, na qual uma série de componentes devem ser montados.

Seu trabalho é feito na postura sentada, defronte uma bancada, na qual há caixas de
diferentes tamanhos posicionadas à esquerda da cadeira, em alturas variáveis.

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Observações feitas em uma análise ergonômica:

• falta de espaço para as pernas da operária, pois abaixo do tampo há cantoneiras de


aço obstruindo a passagem das pernas, o que a faz girar as pernas para a direita,
em relação ao tronco;
• Como há caixas com componentes à sua esquerda, acentua-se a rotação da coluna
vertebral da operária, quando esta deve alcançar alguma peça que ali se encontra;
• Após a montagem das canetas, estas devem ser expedidas por uma correia
transportadora que se encontra ao fundo da bancada, o que obriga a operária a
debruçar-se sobre o tampo e retificar sua coluna vertebral, além de estender por
completo o braço e antebraço, passando estes por sobre as caixas com
componentes;
• A operária, para sentar, usa uma banqueta industrial, cujo assento foi
confeccionado em madeira e que não recebeu qualquer revestimento (espuma, por
exemplo);

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Observações feitas em uma análise ergonômica:

• Como a operária trabalha com as pernas fletidas e rotacionadas para a direita, sente uma forte pressão na
região das nádegas, os pés ficam dormentes várias vezes ao dia, há fortes dores na altura do pescoço,
estendida até os braços. A dor nas costas é considerada “ insuportável”.
• As bordas da bancada foram revestidas com perfilados de alumínio em “L”, de canto vivo, local onde a
operária apoia os cotovelos, antebraços ou até mesmos os punhos, enquanto encaixa no corpo da caneta.
• Pergunta-se a respeito de uma ferida que claramente aparece na testa, pouco acima do supercílio direito.
Explica que, ao abaixar a cabeça para apanhar um componente que estava numa caixa, que estava apoiada
no piso da área, bateu fortemente a cabeça de encontro à uma quina de uma das catoneiras que fazem
parte da estrutura da bancada. O Chefe do Setor fez questão de comentar que a operária foi advertida para
que trabalhasse com mais atenção, evitando acidentes.
• Dada a inviabilidade de trabalhar sentada, a operária acaba por ver-se obrigada a ficar em postura de pé,
sentindo mais dores nas costas, pernas e pés.

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Pois bem, se o Ergonomista leva em consideração as características da 1ª Fase da


Ergonomia, o desenvolvimento de seu projeto teria como objetivo redimensionar o posto,
eliminando a adoção de posturas inadequadas, possibilitando que a operária trabalhasse
sentada em uma banqueta mais confortável, com o devido espaço para suas pernas, os
pés apoiados numa altura compatível, as caixas de componentes todas em altura de modo
a facilitar o alcance motor, bem como a correia transportadora em igual situação.

Se levasse em consideração as características projetuais da 2ª Fase da Ergonomia, já


ampliaria a análise Ergonômica para o ambiente no qual se encontra a operária,
diagnosticando situações críticas como a temperatura, o nível de iluminação, ruídos,
vibração, entre outros.

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Outros fatores presentes nas atividades e no local de trabalho da operária,


que lhe tornam o trabalho mais cansativo e irritante:

• Definição de um número “X” de canetas a serem fabricados por dia;


• O número de vezes que a operária vai ao banheiro ou a o bebedouro é documentado;
• Muitos dados técnicos não foram levados em consideração. Fazendo com que as
operárias sejam obrigadas a trabalhar efetuando uma série de improvisos:
• modificações que alteraram o numero inicial de componentes do projeto;
• vários fornecedores, onde não há padronização da qualidade das peças;
• cada operária tem os segmentos corporais com dimensões particulares ( umas são
mais baixas, outras são mais altas e uma pode estar grávida, etc.) . Contudo, a altura
das bancadas é fixa e o ritmo de trabalho é o mesmo para todas, o que representa
diversas incompatibilidades para as trabalhadoras;

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Como se pode observar, a análise Ergonômica não é restrita, mas muito ampla. Não
apenas devem ser levados em consideração os dados dimensionais do posto de trabalho e
do ambiente à sua volta, mas também como o trabalho é organizado pela empresa. A
relação que existe entre os diversos segmentos hierárquicos, o treinamento dos
trabalhadores, preparando-os ao tipo de trabalho que devem enfrentar, a previsão de
falhas que podem ocorrer no sistema produtivo que independem da atuação dos
trabalhadores, etc, tudo deve ser analisado.

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Objetivos práticos da Ergonomia

CONFORTO, SEGURANÇA, SATISFAÇÃO E


EFICIÊNCIA DOS TRABALHADORES NO SEU
RELACIONAMENTO COM OS SISTEMAS
PRODUTIVOS

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Eu me criei no mar e
Foi lá que eu aprendi
A nadar

Água
Djavan

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