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Light Camp Projeto de Arquitetura Efêmera para
Light Camp Projeto de Arquitetura Efêmera para
URBANISMO
Banca Avaliadora:
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Prof. M.Sc. Zander Ribeiro Pereira Filho (Orientador)
Arquiteto e Urbanista; Mestre em Engenharia Ambiental/UFRJ
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro
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Prof. D.Sc. Sergio Rafael Cortes de Oliveira (Coorientador)
Engenheiro Civil; Doutor em Engenharia Civil/UENF
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro
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Profª. D.Sc. Regina Coeli Martins Paes Aquino (Banca Interna)
Arquiteta e Urbanista; Doutora em Engenharia e Ciência dos Materiais/UENF
Instituto Federal de Educação, Ciência e Tecnologia Fluminense Campus Campos Centro
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Profª. D.Sc. Margarida Maria Mussa Tavares Gomes (Banca Externa)
Arquiteta e Urbanista; Doutora em Urbanismo/UFRJ
Dedico este trabalho aos meus pais, que mesmo sem terem grandes
oportunidades de estudos, se esforçaram para oferecer o que eles jamais
desfrutaram na vida, para que eu pudesse construir um futuro melhor.
AGRADECIMENTOS
Passados cinco longos anos de noites mal dormidas, choros e preocupações, chegou o
fim de um ciclo tão marcante na minha vida. Conciliar faculdade, estágios, tantas atividades
extracurriculares e ainda ter tempo para uma “vida social” foi quase missão impossível. Sinto-
me imensamente feliz por saber que aproveitei cada momento do curso, consciente de que era
o momento para crescer, e como cresci!
Tudo isso só foi possível porque Deus esteve presente me guiando em meio a tantas
dificuldades e incertezas. Ele foi meu sustento e sei que tudo que tenho, tudo que sou e o que
vier a ser é porque sua graça me alcançou. Também sou grata a minha família que, com muito
amor, me ensinou o caminho para a superação.
Quero agradecer em especial ao meu pai, Ricardo, por todas as vezes que foi meu
motorista particular, e a minha mãe, Aparecida, por ter acordado todos os dias tão cedo só para
preparar meu café da manhã e me desejar um bom dia de estudos. Agradeço a minha irmã,
Jesana, por ouvir meus dramas quando as maquetes não davam certo. E aos meus amigos por
entenderem minha ausência nesse período de dedicação. Amo vocês infinitamente!
Cabe aqui ressaltar minha gratidão a todos os professores que contribuíram para o meu
crescimento educacional. Aos meus mestres do ensino básico, agradeço por me mostrarem o
quão importante é o esforço pessoal e por me incentivarem a buscar novos horizontes. Sou grata
ao aprendizado prático que obtive durante o curso Técnico em Edificações, cursado no IFF, em
especial aos professores Sérgio Rafael, Cremilson, Rafael Mesquita e Wellington Gomes. Este
último, minha maior influência para prestar o vestibular de Arquitetura e Urbanismo.
Aos professores do ensino superior, sou grata por me ensinarem que nada é tão difícil
que não possa ser conquistado. Hoje, posso afirmar com toda certeza que sou uma guerreira, e
se eu cair, é pra levantar com ainda mais vontade de lutar pelos meus objetivos. Aos professores
do bonde, agradeço por serem um conforto nos dias difíceis e por proporcionarem tantos
momentos de descontração. Por esses e tantos outros motivos, os desejo todo o reconhecimento
do mundo: Vocês são sensacionais!
Agradeço ao meu orientador, Zander, por incentivar a fazer o meu melhor neste trabalho
e auxiliar na tomada de decisões que foram de extrema importância. E ao meu coorientador,
Sérgio, por sua dedicação e empenho nas orientações bem como pela motivação e confiança
que transmitiu para mim nessa fase. Ambos professores que eu admiro profundamente e se
tornaram grandes inspirações como pessoas e profissionais. Vocês foram a minha melhor
escolha!
Sou grata aos membros avaliadores da minha banca, Regina e Margarida, duas
preciosidades, que aceitaram o desafio de contribuir na elaboração deste trabalho. Ao meu
amigo, Ronaldo Junior, por me auxiliar na parte teórica e por fazer eu acreditar em mim mesma.
E a todos os meus chefes e professores de estágios e bolsas de pesquisa e extensão, que foram
responsáveis por muito aprendizado adquirido ao longo desta caminhada.
Também agradeço a oportunidade de estar em uma instituição que admiro e que oferece
muitas oportunidades aos alunos. Por fim, agradeço a todos os meus colegas do curso que
estiveram comigo em tantos momentos de dificuldade e preocupação, meus amigos e
companheiros das noites mal dormidas, ou não dormidas, mas também parceiros de muitos
momentos de diversão.
Agradeço em especial a Andrezza por ser a melhor amiga que alguém poderia ter, a
Maria por ser minha fiel companheira de projetos e por ter me ensinado tantas lições de vida, a
José Augusto por ser meu anjo da guarda e consertar meu computador diversas vezes e a Daniel
por ter feito minhas madrugadas estudando estruturas mais suportáveis.
Sou grata por Yasmin, Júlia, Aline, Amanda, Lara, Nathália, Rayane, Grazielle, Thaís e
tantos outros tantos outros colegas do curso que foram minha família quando eu quase não
podia estar em casa. Vocês foram presentes que a graduação me deu e tenho certeza que serão
laços que levarei pelo resto da vida!
“Ninguém pode achar que falhou a sua missão neste mundo, se aliviou
o fardo de outra pessoa.”
Charles Dickens
RESUMO
Amidst the disorder caused by conflicts and natural disasters, problems in society are emerging.
What is wrong with current statistical systems, if the rule is still far from maintaining an
effective control policy. This is an item in the risk factors, the lack of managing strategies and
power disputes. Nonetheless, non-profit associations have invested in new ways of working to
improve this landscape. Even if there are studies, there is still a gap when it comes to greater
responsibility for weakened areas. The point was for an architecture and a type of organization
created to be attended in a space of time. This constructive method has existed since prehistory
and is in constant development because it contains details where it seeks economics and
practicality. Another solution adopted was the use of digital manufacture, which provides
greater practicality such as the incorporation of sustainability concepts to artefact produced.
From this, the objective of this project is to develop an architecture project that offers spaces
for recruitment, preparation and support work in vulnerable regions. The adopted
methodological procedures are reviewed and displayed with organizations of the organizations.
Finally, it is hoped that this document will contribute as much to the understanding of the levels
of knowledge as to voluntary work as well as future research.
AI Anistia Internacional
CCOPAB Centro Conjunto de Operações de Paz do Brasil
CE Conexão de Borda/Aresta (Connection Edge)
CL Conexão Paralelo/Lateral (Connection Lateral)
CNC Controle numérico computadorizado
CR Conexão Perpendicular (Connection Running)
FAB LAB Laboratório de fabricação
IBGE Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística
MIT Instituto de Tecnologia de Massachusetts
MSF Médicos sem Fronteiras
ODS Objetivos de Desenvolvimento Sustentável
ONG Organização não governamental
ONU Organização das Nações Unidas
OO Orientação a objetos
PVC Policloreto de vinil
UML Linguagem de Modelagem Unificada (Unified Modeling Language)
UNICEF Fundo das Nações Unidas para a Infância
ANA Agência nacional de águas
SUMÁRIO
INTRODUÇÃO ........................................................................................................................ 6
4.1 Tipológico...........................................................................................................................59
4.4 Tecnológico........................................................................................................................71
5 O PROJETO ........................................................................................................................ 76
construtiva possui caráter transitório. Sua versatilidade possibilita que o próprio usuário possa
montar e desmontar a estrutura de acordo com as suas necessidades. Outro recurso que tem sido
muito pesquisado atualmente por seus diversos benefícios, é a fabricação digital, método que
compreende tanto a fase projetual quanto a fabricação dos materiais e se caracteriza por ser um
processo de construção inteligente e limpo.
Pensando nisso, o objetivo geral deste trabalho é desenvolver um projeto de arquitetura
efêmera que ofereça espaços para recrutamento, preparo e aplicação de missionários em regiões
vulneráveis, e desta forma, proporcionar espaços seguros e com as condições mínimas para
estadia dos voluntários. Além disso, visa-se uma solução arquitetônica prática, de baixo custo,
adaptável a diferentes climas e relevos e construída a partir da fabricação digital, para desta
forma, as organizações atuarem no campo. Também pretende-se apresentar a problemática
socioambiental e contribuir para futuras pesquisas desse ramo.
Light Camp (Love Into Goes Helps To Criate A Mercyful Place), é um nome
desenvolvido pela autora e foi elaborado primeiramente a partir de um acróstico inglês, visto
que esta é uma das línguas mais usadas na ONU a qual se entrelaça com a finalidade deste
trabalho. Sua tradução para o português quer dizer “amor dentro de metas ajuda a criar um lugar
misericordioso”. Esta frase serviu de inspiração para o desenvolvimento deste projeto.
Os dados necessários para o embasamento do trabalho foram coletados através de
pesquisas em jornais e artigos bem como em todos os meios de informação que agregaram
conhecimento acerca do caos que alguns países estão enfrentando e da política de gestão de
risco local, além disso, foram feitas entrevistas com voluntários de diferentes organizações a
fim de obter uma visão multilateral do voluntariado, suas demandas e dificuldades.
Dentro dessas diretrizes a estrutura textual foi organizada em cinco capítulos; o primeiro
abordará um estudo sobre a crise humanitária, o surgimento das organizações sem fins
lucrativos e as problemáticas que envolvem sua atuação. O segundo informará sobre a origem
e as principais características da arquitetura efêmera assim como seu uso em situações
emergenciais. O terceiro capítulo relatará a aplicação da fabricação digital na arquitetura e os
diversos tipos de estruturas, materiais e conexões disponíveis nesse método construtivo. No
quarto serão apresentados os referenciais projetuais que foram de suma importância para o
desenvolvimento da proposta. O quinto capítulo irá expor o projeto desenvolvido pela autora e
por fim, no sexto serão feitas as considerações finais relatando os resultados, dificuldades e
estratégias adotadas para encontrar soluções criativas.
1 A CRISE HUMANITÁRIA E OS ORGÃOS DE APOIO
Em seu livro “O que é a política social” (1991), o autor Vicente de Paula Faleiros
compara o estudo das políticas sociais ao preparo de uma omelete. Fazendo uma analogia com
o seu exemplo, para compreender os aspectos das organizações que surgiram a partir das forças
sociais, e como estas atuam em crises humanitárias, é preciso quebrar os ovos “ou a cabeça”,
por sua grande diversidade de assuntos.
Entre estes, podemos citar os discursos das políticas sociais e seus mecanismos de ação,
a sua relação com a economia, com o Estado e as forças sociais, e por último, com a crise
econômica. Além disso, a forma de preparo da omelete ou, a maneira como são articulados
todos esses processos de interação podem ser variados (FALEIROS, 1991). O importante é que
no final o resultado seja a compreensão do tema aqui abordado.
Para isso, o caminho a ser seguido é primeiramente entender as problemáticas
vivenciadas por diversos países, as inter-relações entre as organizações de apoio (com ênfase
nas Organizações Não Governamentais – ONGs) e com as políticas públicas, e por último,
retratar as dificuldades encontradas na elaboração de mecanismos de gerenciamento que tem
por objetivo diminuir os impactos nas sociedades.
A partir desse estudo, é possível assimilar os processos que essas organizações
enfrentam para oferecer suporte às populações carentes, sejam as afetadas por desastres como
as que passaram ou passam por situações semelhantes.
Entretanto, a situação que esses refugiados encontraram também não foi favorável. Com
a época de ciclones e a superlotação do país, os recursos ficaram escassos (ONU, 2018). Desta
forma, essas pessoas vivem em condições de extrema pobreza.
Diante desse cenário, é possível perceber que os direitos fundamentais não se aplicam a
todos. Os governantes de Myanmar tiraram dessas pessoas os direitos de cidadania e
principalmente o direito à vida. É de difícil compreensão como autoridades podem usar o seu
poder para fazer tais atrocidades.
Apesar de alguns países estarem dispostos a ajudar, sozinhos não são capazes de dar
suporte a casos desta dimensão. É preciso recursos para investir no aumento de estruturas físicas
que comportem e ofereçam as assistências básicas como hospitais e escolas para tantas famílias.
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Eles ainda podem ser classificados pela geodinâmica terrestre interna segundo a
sismologia, a vulcanologia, a geomorfologia, o intemperismo, a erosão e a acomodação do solo
(JUNQUEIRA, 2011). Diferentes causas, porém, com consequências físico-sociais
semelhantes. Entre elas: desmoronamento de habitações, falta de mantimentos e perda de vidas.
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Como exemplo de causa eólica temos o caso dos furacões Irma e Maria nos países
caribenhos. Os dois pertencem à categoria 5, porém o Irma foi registrado como o furacão mais
forte no Oceano Atlântico. Eles trouxeram devastação por onde passaram (Figura 1.3), e agora,
mesmo com todo o apoio recebido por países solidários e ONGs, milhares de crianças na região
ainda precisam de suporte (ONU, 2017).
Fonte: AI (2018).
refere àqueles que agem pensando na nação como algo isolado e restrito a um grupo
selecionado. A questão a ser pensada é que o que forma um país é a sua diversidade, é o plural.
De acordo com Zeid, autoridade máxima da ONU em direitos humanos:
A responsabilidade social tem que ser recíproca, envolvendo todas as partes. Não se
pode viver no mundo sem olhar para ele, ou para as partes que o compõe, sejam elas de todas
as cores, raças e línguas. Independentemente do que possuem ou de onde vêm, são seres
humanos dignos de terem seus direitos preservados como os de todos os outros.
O caso dos rohingyas, dos palestinos e das populações dos países caribenhos são só
alguns dentro de um grande quadro de calamidade que o mundo enfrenta atualmente. Há muito
trabalho a ser feito como a construção de novas habitações, auxílio médico, alimentício, e é
nessa circunstância que o trabalho voluntário entra em questão.
Símbolo de luta e polissemia, as ONGs são marcas construídas na sociedade. Essa sigla
que faz menção a vários projetos de cunho social é fonte de diversos estudos na academia, com
grande foco na área de polícias sociais (LANDIN, 1998).
As ONGs não surgiram a partir de um acontecimento específico e sim, como resultado
de fatos históricos em diferentes épocas e regiões (LANDIN, 1998). Suas formas diversificadas
deram a elas a sua característica marcante: o pluralismo.
Apesar de possuir caráter internacional, as influências de cada contexto regional nas
manifestações dessa categoria são fatores a serem considerados em seu processo de formação
(LANDIN, 1998). Essa multilateralidade torna a sistematização do termo ainda mais complexa.
Sem uma definição específica, as ONGs são fortemente associadas a grupos que
possuem algum tipo de identidade e/ou concepções semelhantes. “Surgem quase sempre de
forma incorporada, nunca definida” (LANDIN, 1998, p.27), podendo assumir características
diferentes de acordo com a situação a qual se insere.
Segundo Landin (1998, p.28), traçar a história dessa categoria é, “[...] traçar também a
história de determinados grupos e agentes saídos fundamentalmente de setores variados das
classes médias”. Nesse sentido, ao retrocedermos um pouco sobre essas bases de apoio na
sociedade, temos diferentes relatos em diferentes contextos, porém, que se alinham em algum
ponto de sua existência.
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Um exemplo disso é a ONU, que além de fazer parceiras com outras organizações,
também é responsável por elaborar projetos de dimensão mundial. Como relata Soares (2014,
p. 56):
Diante disso, no próximo tópico será abordado um grande exemplo desses projetos de
nível mundial que retratam o envolvimento das nações pela busca de um direcionamento para
mudar a situação atual do mundo. Essas diretrizes se chamam Objetivos do Desenvolvimento
Sustentável (ODS).
Para concluir este assunto, entende-se que diferentes organizações, com histórias
distintas, e que atuam em diferenciados locais, buscam operar em conformidade por um bem
maior. Elas não podem ser definidas por sua grande quantidade de características particulares
que foram se construindo ao longo dos anos.
A ONU, por ser uma organização mundial desenvolvida, possui muitos órgãos e
programas em sua estrutura organizacional. Além disso, é composta por agências
especializadas, fundos, programas, comissões, departamentos e escritórios (ONU, 20--?). Estes,
interagem entre si apesar de possuírem suas funções específicas.
Tais instrumentos vinculados “[...] são organizações separadas, autônomas, com seus
próprios orçamentos e funcionários internacionais e estão ligados à ONU através de acordos
internacionais” (ONU, 20--?). Esses organismos seguem os princípios da ONU e as metas
estabelecidas nos Objetivos do Desenvolvimento Sustentável.
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Essas diretrizes são discutidas em várias organizações a fim de que sejam executadas
pelos programas do governo e em parceria com organizações não governamentais. Além disso,
são feitos relatórios de forma que haja um controle sobre sua aplicação (ONU, 2017).
Apesar das estratégias terem sua importância em dimensão mundial, podem se
apresentar como uma utopia se relacionado aos atuais problemas administrativos que as nações
têm passado. Estes obstáculos serão explicados adiante.
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Diante das estratégias mencionadas no capítulo anterior, bem como nas que direcionam
grande parte das instituições de apoio, existem alguns complicadores. As organizações
demandam de muito investimento e precisam assumir responsabilidades que não lhes cabem o
dever.
Para entender melhor esses agravantes na aplicação das estratégias de desenvolvimento,
é necessário voltar a analisar a origem das ONGs e como surgiu sua forte ligação com as
questões políticas. E através deste estudo, discorrer sobre os conceitos de crise humanitária e
direitos fundamentais.
As primeiras representações das organizações de apoio ocorreram a partir do
associativismo comunitário e de atividades filantrópicas no contexto americano (FISCHER e
FALCONER, 1998). Essas organizações de identidade própria e participação popular
assumiam para si, nas mais variadas formas, responsabilidades sociais que na visão política
fortaleciam as interações do povo com o Estado. Esta tradição, de acordo com Putman:
Esses trechos refletem a luta dos povos nos diferentes contextos históricos. A
necessidade de possuir leis que defendessem tais direitos revela a busca por uma estrutura
organizacional que garantisse o bem-estar da população. Infelizmente, o que os meios de
comunicação transmitem para seu público é uma desordem nas políticas de controle assistencial
nas classes mais carentes.
Com isso, continua-se dando voltas em torno das mesmas questões, que só podem
melhorar quando a fiscalização da aplicação das leis for eficaz e igualitária para todos os
setores. Enquanto os interesses particulares continuarem prevalecendo sobre os coletivos, a
crise continuará na porta daqueles à margem da sociedade.
A palavra crise recebeu diferentes definições ao longo do tempo e nas diversas áreas de
estudo. Ela remete para o problema da mudança súbita das condições políticas (SARAIVA,
2011). Já o “’humanitarismo’ pode ser simplesmente definido como agir para salvar vidas e
aliviar o sofrimento durante conflitos, turbulências sociais, desastres e exclusão social”
(GLOBAL HUMANITARIAN ASSISTANCE, 2012 apud WHITTALL; REIS; DEUS, 2016).
Nesse sentido, a crise humanitária compreende a alteração repentina das circunstâncias
de um povo, onde este precisa de assistência imediata. Esse termo é fortemente utilizado para
relatar as crises que diversos países têm passado na atualidade.
De acordo com Boin (2004, p.167 apud SARAIVA, 2011, p.17) a palavra crise é “[...]
uma expressão de sentido genérico que se aplica a situações que não são desejadas, que não são
esperadas, sem precedentes conhecidos e que causam instabilidade e incerteza generalizadas”.
Desta forma, a falta de recursos básicos como o acesso a moradia e a alimentação adequada são
características fundamentais de uma crise humanitária.
Entende-se por situações não desejadas as guerras, os desastres naturais e as epidemias
que afetam a população local e seus arredores. Contudo, generalizar que esses fatos não são
esperados é conflituoso visto que em caso de guerras existem fatores precedentes que servem
de alerta para o governo. Um exemplo disso são as mídias que constantemente trazem
informações acerca das divergências entre governos.
Mas se a realidade vivenciada atualmente é o bombardeio de informações em tempo
real e nas diversas partes do mundo, por que ainda é tão difícil amenizar esses conflitos e
desastres iminentes? Conforme Bouthoul e Carrère (1979, p.9), “a humanidade sabe calcular,
quase em uma fração de segundo, os eclipses dos satélites do planeta Júpiter; sabe construir
computadores capazes de operar dezenas de milhões de dados por minuto; mas não sabe nem
prever nem evitar as violências civis [...]”.
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Esses problemas físico-territoriais têm atingido diversos países como a África, a Síria e
a Venezuela, deixando milhares de pessoas em situações de extrema carência (ONU, 2018).
Segundo a ONU, países pequenos, frágeis e afetados por diferentes conflitos apresentam altos
índices de pobreza.
O suporte que essas pessoas precisam em muitos casos são escassos. E a assistência de
acordo com Faleiros (1991, p.30), “[...] varia conforme a prioridade dada aos recursos do
governo, aos arranjos políticos, às conjunturas eleitorais e não consegue sequer abranger os que
passam fome permanentemente”.
Desta forma, os projetos sociais assumem sobre si a responsabilidade de levar aos
carentes aquilo que lhes é essencial. Mas de onde vem os recursos financeiros? Faleiros (1991,
p.10) relata que “tais organizações privadas recebem subvenções do Estado, de entidades
internacionais, de particulares ou de empresas [...]”.
Em contraponto ao uso de meios políticos para adquirir verbas, Whittall, Reis e Deus
(2016, p. 11) afirmam a importância de “[...] um sistema humanitário em que doadores
emergentes protejam a independência dos agentes humanitários e que aqueles envolvidos na
prestação direta de assistência rejeitem atuar como extensões de políticas externas
governamentais”.
Isso ocorre porque muitas vezes políticos se envolvem nesses tipos de organizações com
interesses particulares. Os deveres se tornam favores para a população em troca de votos pois
“no processo de eleição e votação o indivíduo torna-se soberano e o soberano (governante),
súdito” (FALEIROS, 1991, p. 20).
Sendo assim, se um dos mantenedores dessas organizações é o Estado, e o próprio aplica
os investimentos conforme suas prioridades, que em muitos casos não são as políticas sociais,
como melhorar as condições de permanência dessas instituições? Será que os investimentos
provindos dos outros meios são suficientes para solucionar tantos casos de crise humanitária
que ocorrem simultaneamente no mundo?
Essas perguntas não têm uma resposta única pois variam de acordo com a realidade
vivenciada em cada região específica. Entretanto, nos permite captar um pouco das dificuldades
enfrentadas por essas organizações. Todos esses conflitos pelos quais passamos ao longo da
história e ainda passamos hoje, agregam valores a essas organizações, que são base para
diversos estudos.
Apesar de algumas instituições possuírem essas dificuldades de contribuição das
organizações brasileiras através de políticas de cooperação humanitária, existe a expectativa de
que neste século a situação mude. Um dos casos que confirmam isso é o dos brasileiros do
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Médicos Sem Fronteiras, que não possuem essa cooperação do país (DEUS, 2016). A diretora-
geral de MSF-Brasil deu ênfase a essa situação dizendo:
As relações entre os órgãos públicos e essa nova categoria emergente são complexas,
porém, determinantes para alcançar os objetivos que são motivos de sua existência e razão pela
qual buscam novos recursos e estratégias para atuarem nos campos missionários de maneira
eficaz.
Diante dos assuntos abordados nos tópicos anteriores, pode-se constatar que apenas as
boas intenções, e os programas sociais (sejam eles governamentais ou não governamentais) não
são capazes de solucionar tantos conflitos.
Apesar dessas organizações possuírem seus meios de atuação, ainda existe uma lacuna
muito complexa para chegar ao ponto de ser uma sociedade suficientemente preparada para
tamanha complexidade de problemas que tangem as esferas sociais e político-territoriais.
Surge, em meio a essa situação, a necessidade de se elaborar métodos de atuação em
desastres a fim de que as formas de atuação sejam mais precisas. “Os constantes desastres
chamam a atenção para a necessidade de se estruturar procedimentos que tornem mais eficientes
as ações à região atingida, bem como o gerenciamento do risco de tais acontecimentos” (ZAGO
e LEANDRO, 2013).
Coordenar as ações torna os processos mais rápidos e diminuem consequentemente os
custos. Apesar do tempo que será necessário para esse processo, as chances de que os resultados
sejam mais eficazes aumentam, assim, “[...] a coordenação é foco de atenção, pois seus esforços
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representam até 80% de uma operação humanitária” (WASSENHOVE, 2006 apud COSTA,
2015, p.20).
Em meio a tantas organizações de apoio voluntário nos tempos modernos, nem sempre
as formas de atuação correspondem a demanda de um evento inesperado. Sabe-se que a
multiplicidade de desastres é um fator complicador no desenvolvimento de métodos de gestão
(COSTA, 2015).
Além disso diferentemente das outras áreas da logística, a humanitária é a mais
complexa, isso se evidencia no Quadro 1.1 onde são classificados os três tipos de logística e
suas características principais.
Desconhecido no
Em geral é previsível Conhecida conforme
início da operação e
Demanda com base em planejamento da
sujeita a mudanças
análises de mercado. operação.
rápidas.
Altamente Pouca
Sistemas de
Sistemas de informatizados informatização e
comando e controle
gerenciamento (Softwares de desenvolvimento
bem executados.
gestão). recente.
Minimização de
Limites de recursos
custos é um tópico
Minimização dos implicam na
Custos recente, mas auxiliar
custos é primordial. disponibilidade da
quando se pensa e
ajuda.
uma guerra total.
Fonte: McGinnis (1992); Apte (2009) Nogueira et al. (2009); Holguín-Veras et al. (2012) apud Costa
(2015), adaptado pela autora.
26
Fonte: Tufinkgi (2006) apud Lima; Oliveira; Gonçalves (2011), adaptado pela autora.
A arquitetura efêmera passou por diversas etapas até se constituir ao que é atualmente,
uma proposta de caráter temporário. Em seu processo houve mudanças nos materiais e nas
formas, pois estas eram empregadas conforme os costumes das populações e de acordo com as
condições climáticas de cada local. “Ao longo dos anos, diversas sociedades mantiveram sua
existência nômade como parte de sua cultura, algumas por necessidade, outras por opção”
(JUNQUEIRA, 2011, p.19).
Hoje, é possível ver sua aplicação tanto em contextos de desastres ambientais e conflitos
como em eventos e exposições. Essa diferença de usos mostra como esse tipo de construção é
versátil e possui atribuições que favorecem a sua aplicação. Segundo Kronenburg (2003, p.5),
“Embora a arquitetura portátil deva ser entendida como parte de toda a arquitetura, sua
realização nem sempre deriva de circunstâncias convencionais”.
Diante disso, neste capítulo serão abordados alguns dos primeiros relatos históricos e o
desenvolvimento pelo qual essa construção passou. Além disso, serão estudados os materiais e
tecnologias que foram e são empregados atualmente.
Ainda no período pré-histórico, o modo nômade de viver dos homens foi o grande
marco inicial da arquitetura efêmera. Na busca por abrigo, que geralmente eram em cavernas,
e comida, através de caça, coleta e pesca, os antigos povos se deslocavam pelos territórios sem
um local de permanência (FREITAS, 2011 apud ROMANO; DE PARIS; NEUENFELDT
JUNIOR, 2013).
Com as mudanças climáticas e a consequente demanda por maiores fontes de alimentos,
foi despertada no ser humano a inteligência de construir seus próprios locais de refúgio. Desta
forma tem-se "uma possível definição de assentamentos temporários e outros permanentes"
(KRONENBURG, 1995, apud ANDERS, 2007, p. 43). Esses abrigos também eram importantes
para que o homem pudesse sobreviver sem a preocupação de estarem próximos às cavernas.
Segundo Anders (2007, p. 43): “Antes de uma completa mudança nos padrões de
subsistência, como por exemplo, o domínio da agricultura, a domesticação de animais [...] por
milhares de anos, o homem era habituado a um modo de vida transitório”. Apesar de não
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possuírem um local de permanência eles circulavam pelas regiões de acordo com os períodos
do ano (ANDERS, 2007).
De acordo com Siegal (2002, apud ANDERS, 2007, p.44) essa transitoriedade “deve-
se por várias razões: o estabelecimento de fontes migratórias de alimentos, adaptação às
condições e mudanças climáticas, comércio de mercadorias, procura por proteção comunitária,
e a busca pelo desconhecido”. Entretanto, apesar de viverem sem locais fixos, esses ancestrais
eram conduzidos ao desenvolvimento de cabanas por causa de suas necessidades básicas
(SOARES, 2014).
Com o decorrer dos anos, as sociedades permaneceram como nômades só que com
características próprias de suas culturas e do clima da região onde viviam. Isso refletiu nas
diferentes construções de cabanas que tinham que ser, “duráveis, leves, flexíveis e por fim,
serem transportadas de maneira simples” (ANDERS, 2007, p.44).
Algumas formas de habitação são destacadas nas “tendas Tipi, dos índios Norte-
Americanos; as tendas dos nômades do deserto, localizadas principalmente na região Norte da
África; e o Yurt na Ásia” (ANDERS, 2007, p.43), como mostram as Figuras 2.1, 2.2 e 2.3.
Essas tendas, apesar de suas diferenças, eram usadas tipicamente para fins de moradia.
Com o decorrer dos anos, esse tipo de construção ganhou novos usos como é o caso das
edificações militares e das estruturas utilizadas em eventos, espaços públicos e principalmente
em anfiteatros (ROMANO; DE PARIS; NEUENFELDT JUNIOR, 2013).
Esses mesmos autores retratam que durante o Império Romano uma cobertura retrátil
chamada de Velariae era muito utilizada. Essa estrutura (Figura 2.4) era “retrátil de linho
suspenso por cordas radiais que eram presas a mastros de madeira na parte exterior e presas a
um anel de corda na parte interior”.
Uma outra construção desse mesmo perfil voltada para a guerra foi a unidade hospitalar
chamada de Medical Unit, Self-contained, Transportable (MUST) (Figura 2.6). Ela foi
elaborada pelo exército Norte-Americano nos anos 60 (ANDERS, 2007).
Além disso, Crowther (1999 apud ANDERS, 2007) relata que durante a guerra já
haviam pesquisadores desenvolvendo esses abrigos pensando no período de paz, como foi o
caso do arquiteto alemão, Buckminster Fuller, que projetou diversos modelos de abrigos
temporários e transportáveis. Outro arquiteto de grande influência foi Cedric Price, conhecido
por seu interesse em aplicar conceitos de tecnologias industriais à arquitetura.
Diante do que foi apresentado, pode-se concluir que a arquitetura efêmera se mostrou
importante no decorrer dos tempos. Ela foi a matriz da arquitetura contemporânea e mesmo
com as diversas funções que se encarregou de levar nos diferentes episódios da história humana,
as suas características fundamentais foram preservadas como “a transportabilidade, facilidade
na montagem e desmontagem, resistência às intempéries e adequação ao clima” (ANDERS,
2007, p. 55). É por conta desses atributos que ela persiste ainda nos tempos atuais.
Assim como as variadas formas de usos que a arquitetura efêmera recebeu, seus
materiais também passaram por diversas transformações ao longo do tempo. Isso ocorre pelo
desenvolvimento tecnológico e a necessidade de adaptação das construções para usos distintos.
Esses artifícios foram e são importantes para atingir os objetivos das determinadas questões
impostas pelos diferentes episódios que a humanidade enfrentou e ainda enfrenta atualmente.
Nos próximos subtópicos serão demonstrados esquemas de algumas dessas aplicações no
passado e como elas se alteraram e ganharam novos aspectos.
34
Diferentemente desta última, as tendas nômades do deserto passam por outro processo.
A tenda, segundo Anders (2007, p. 46), é “[...] tensionada por meio de pinos cravados no
terreno, em alguns casos, quando o terreno não tem resistência suficiente, pedras ou arbustos
enterrados são utilizados como âncoras” (Figura 2.8).
Internamente elas podem ser divididas por cortinas e suas paredes podem ser
completamente fechadas, evitando tempestades de areia, ou permitindo a ventilação interna da
mesma (ANDERS, 2007).
35
Já no caso da cabana Yurt, ela possui uma estrutura de madeira onde “a parede é uma
estrutura treliçada de tiras de madeira e juntas articuladas [...] essa estrutura é armada em forma
circular onde uma faixa tensora é colocada na parte superior e amarrada à estrutura da porta”
(ANDERS, 2007, p.48).
Conforme Anders (2007), a cobertura é abobada e estruturada por meio de varas que se
prende em uma coroa circular como mostra a Figura 2.9. Essa estrutura é coberta por lã ou
feltro. Além disso, em suas primeiras aparições elas eram feitas em madeira, porém, ficavam
muito pesadas para transportar.
O abrigo, com dimensões de 8.2 m por 4.9 m, podia ser montado em até 4
horas por 4 homens, sendo necessário apenas uma chave de boca como
ferramenta. Até 1917, perto de 20.000 abrigos Nissen estavam em uso,
fornecendo acomodações para mais de 500.000 soldados. Esse grande sucesso
se deveu ao fato de sua estrutura utilizar componentes fáceis de fabricar,
intercambiáveis e obedecerem a uma coordenação modular, facilitando assim,
sua montagem em campo (ANDERS, 2007, p.48).
Nos Musts, diferentemente do abrigo para militares, “a estrutura era formada por
paredes infláveis e complementada por fechamentos infláveis rígidos revestidos com alumínio”
(ANDERS, 2007, p.51).
Com a dificuldade em encontrar aço no período da Segunda Guerra, devido ao seu uso
na indústria bélica, foi necessário o avanço nas pesquisas de materiais alternativos para este
fim. Alguns dos materiais pesquisados foram o concreto e compostos, porém, a dificuldade de
transporte fez com que essas tentativas não procedessem (ANDERS, 2007).
No pós-guerra, os estudos de tecnologias nesses abrigos permaneceram e apesar dos
diferentes materiais utilizados nas confecções, os princípios permaneceram os mesmos como a
adaptabilidade aos locais, flexibilidade de usos, facilidade no transporte e montagem, e
economia na fabricação (ANDERS, 2007).
Atualmente, com toda a evolução que ocorreu na história, existem diversos estudos e
experiências que objetivam a aplicação de novos materiais e técnicas nas construções efêmeras
(SOARES, 2014). Essas pesquisas e evoluções são apenas parte de um contexto
multidisciplinar para amenizar as problemáticas causadas pelos conflitos e desastres naturais,
como foi visto no capítulo anterior.
37
Esses sistemas construtivos são mais elaborados em comparação com os dois próximos
modelos. Por sua estrutura ser maior, eles proporcionam maior conforto interno aos seus
usuários. Além disso o aspecto visual é mais harmônico e aconchegante, com uma aparência de
“casa”.
No sistema Tensile é utilizada “[...] uma armação rígida, geralmente de aço ou alumínio,
que trabalha à compressão; e uma membrana tensionada presa à armação. O material mais
comum utilizado como membrana é a lona” (ANDERS, 2007, p.65). Essa estrutura lembra as
barracas utilizadas em camping e apresentam baixo custo, além de serem leves e fáceis de
montar (ANDERS, 2007).
Para acolher dois milhões de sobreviventes ruandeses das perseguições Zulus em 1995
(SOARES, 2014), o mesmo arquiteto japonês desenvolveu um projeto (Figura 2.13) a partir de
“tubos de papel como estrutura, ligações plásticas, e lona térmica para a cobertura e piso,
reduzindo o tempo de transporte e construção” (SOARES, 2014, p.57).
Por último, tem-se a pneumatic (Figura 2.14), que “[...] funcionam de maneira
semelhante às estruturas tensionadas: sua estabilidade deve-se a uma membrana sob tensão;
entretanto, a pressão é exercida pelo ar” (ANDERS, 2007, p.65). Esse tipo de técnica possui
características semelhantes à anterior como facilidade de transportar, leveza e montagem
rápida. Entretanto, esta se constitui menos resistente (ANDERS, 2007).
40
Tanto a Tensile quanto a Pneumatic possuem vantagens nos aspectos econômicos. Sua
flexibilidade e redução no volume facilitam o transporte que, em situações emergenciais podem
ser complexos, inviabilizando algumas intervenções. Além das técnicas, atualmente existe um
progresso na difusão do conhecimento.
Com o intuito de preparar profissionais em situações de desastres bem como na
prevenção, em casos de locais que já foram afetados anteriormente, algumas instituições sem
fins lucrativos produzem anualmente material que serve como manual e guia de instruções
orientando sobre como atuar no processo de reconstrução desses locais atingidos. Esses guias
não se limitam aos profissionais como também são para a população que deve auxiliar nesse
processo (SOARES, 2014).
Isso representa um avanço, pois um dos primeiros passos para melhorar a questão dos
problemas físico-territoriais é, além de ter os recursos necessários, saber a maneira correta de
utilizá-los. Desta forma, os investimentos serão mais eficazes.
Essas orientações, segundo Abdiker (2012) apud Soares (2014, p.58), “[...] são frutos
de conhecimentos obtidos pelas experiências adquiridas de voluntários e pessoal de campo,
projetos para gestão de transição e programas para abrigos temporários desenvolvidos em todo
o mundo”.
Outro fator importante a ser destacado é a questão da experiência na elaboração dessas
diretrizes. Elas somadas ao estudo das novas técnicas construtivas, e com um gerenciamento
baseado nas problemáticas atuais, são fundamentais para oferecer uma resposta efetiva. Além
disso, é aconselhável atentar para algumas diretrizes ecológicas e dinâmicas como:
41
Grande parte desses artifícios ainda são muito utilizados no processo criativo e
representativo. Esboços, desenhos, renderings, animações e modelos físicos são
constantemente confeccionados a fim de representar o produto idealizado para outra pessoa
(SELLY, 2004).
De acordo com Selly (2004, p.13), a representação é muito relevante, pois se trata da
“[...] chave parte do projeto arquitetônico e processo de construção”. Estes recursos são
utilizados tanto por alunos na entrega final de um projeto, quanto por arquitetos atuando no
mercado de trabalho.
Entretanto, os desenhos bidimensionais podem limitar o processo criativo de um
projeto, além de não exporem questões que afetam posteriormente a execução da obra. Portanto,
a maquete é um recurso quase que indispensável por esses profissionais.
As primeiras maquetes eram feitas à mão através do uso de materiais e ferramentas
como tesoura, cartões, papelão, gesso, espuma, madeira, formões, lixas, serras, furadeiras,
fresadoras, tornos dentre tantos outros. Contudo, esses recursos apresentavam limitações físicas
o que fez surgir a necessidade de formas que facilitassem o trabalho de projetistas e
proporcionassem maior liberdade criativa além de trazer praticidade.
A fabricação digital foi uma solução que apesar de inicialmente não ter sido pensada
para fins de arquitetura foi sendo modificada para esse uso. Este tipo de recurso pode ser
definido segundo Seely (2004, p.10) como:
O processo de fabricação CNC Routing (Figura 3.2) é semelhante ao CNC Milling, sua
diferença se dá pelo formato do material que é utilizando. Enquanto na CNC Milling a matéria
prima é trabalhada em forma de pequenos blocos, a outra trabalha com folhas grandes e planas.
Esse tipo de fabricação utiliza matéria prima como madeira compensada ou espuma (SEELY,
2004).
46
Na Water Jet Cutting (Figura 3.3), também são utilizados materiais em forma de folhas
grandes e planas, assim como na CNC Routing. Entretanto, esta trabalha com maior diversidade
de materiais como madeira compensada, espuma, metal, pedra, vidro, borracha, compósito de
materiais e muito mais (SEELY, 2004).
As laser cutters (Figura 3.4) geralmente cortam materiais finos como papelão,
madeira, plástico, aglomerado de madeira e papel. Além disso, elas podem ser de diversos
tamanhos assim como a CNC Milling (SEELY, 2004).
47
As Roland CAMM-1 vinyl cutters (Figura 3.5), fazem cortes muito precisos e
trabalham sobre a matéria em forma de folhas muito finas de vinil, papel e acetato (SEELY,
2004).
Já no sistema estrutural, Sass, Michaud e Cardoso (2007) apud Barros (2011) relatam
que, para materializar objetos virtuais, o objeto pode ser feito de três formas: a Camada Lateral
(Lateral layering - LL), a Camada Bilateral (Bilateral Layering – BL) e a Camada Multilateral
(Multi Lateral Layering – MLL).
No primeiro caso (Figura 3.7), “[...] a manufatura por camadas inicia com uma
subdivisão do modelo virtual em formas bidimensionais, horizontais, distribuídas
51
uniformemente ao longo de um eixo vertical (k)” (SASS, MICHAUD e CARDOSO, 2007 apud
BARROS, 2011, p.34).
Ainda conforme estes autores, o modelo produzido neste processo é estável e atende a
uma grande diversidade de funções, entretanto, são limitados a produzir objetos de pequena
escala e a uma determinada seleção de materiais como polímeros.
No último caso (Figura 3.9), a Camada Multilateral (Multi Lateral Layering – MLL)
“consiste na modelagem, a manufatura e o processo de montagem estruturado em três direções.
As conexões são mantidas por atrito/fricção" (SASS, MICHAUD e CARDOSO, 2007 apud
BARROS, 2011, p.35). Esse sistema pode ser descrito da seguinte maneira:
Essas variações também podem ser percebidas no sistema connection running (CR)
(Figura 3.12), em que no tipo 1 as peças são interligadas apenas por atrito, porém ainda assim
são mais resistentes que o CE – tipo 1. No CR - tipo 2, o encaixe é feito por atrito somado a um
travamento vertical, impedindo parcialmente a sua reversão. Por último, no tipo CR - tipo 3, os
elementos são conectados através de atrito e travamento por meio de um componente do tipo
cunha (BARROS, 2011).
Além dessas questões, é importante observar alguns aspectos importantes para que
esses encaixes funcionem na prática. De acordo Sass, Michaud e Cardoso (2007) apud Barros
(2011 p.3) algumas delas são:
Os Diagramas Unified Modeling Language (UML) são algumas das ferramentas da OO.
Neles são empregados diversos tipos de esquemas que visam aprimorar a visualização,
especificação, construção e documentação dos artefatos de um sistema de software. (BOOCH,
2007 apud BARROS, 2011).
Eles podem ser classificados em três categorias: diagramas estruturais, diagramas
comportamentais e diagramas de interação representados respectivamente nas Figuras 3.13,
3.14 e 3.15. No estrutural, é revelado o relacionamento entre os elementos de um produto. No
comportamental são descritas as interações entre os fatores externos e as atividades dentro de
um sistema. Por último, no de interação, são demonstradas questões como a sequência,
interatividade e colaboração, além de exibir a influência mútua entre os objetos e seus
relacionamentos (BOOCH, 2007 apud BARROS, 2011).
Para a concepção projetual serão apresentados, a seguir, alguns referenciais que visam
auxiliar nas decisões tipológicas, funcionais, plástico-formais e tecnológicas. Tais referenciais
são provenientes de projetos arquitetônicos consolidados ou oriundos de pesquisas e protótipos
vencedores de concursos renomados e que são relacionados com o tema deste trabalho.
É importante observar que esta divisão de projeto por categoria de referencial representa
apenas uma forma organizacional que visa facilitar o entendimento. Entretanto, todos os
projetos aqui apresentados possuem características positivas multilaterais, impossibilitando sua
restrição a apenas uma esfera do trabalho.
4.1 Tipológico
A residência teve sua base foi consolidada sobre pallets apoiados em uma estrutura, tipo
estaca, composta por tijolos e concreto (Figura 4.2). Ela se caracteriza por ser uma construção
modular de madeira pinus. A madeira ocupou espaço desde a estrutura, onde foi trabalhada em
forma de ripas, até as janelas, que foram feitas a partir de uma composição de madeira semi-
dura com ripas de madeira reciclada.
61
No telhado, foram utilizados painéis de zinco, e seu formato (como se fosse um grande
chapéu), protege a casa da chuva e fornece sombra através de sistemas passivos. Devido a
interrupção do trabalho da família, houve a necessidade de propor estratégias que gerassem
economia nessa fase de instabilidade. A primeira solução encontrada foi a de criar uma horta
com caixas de feira recicladas (Figura 4.3), desta forma, a família poderia vender os produtos
na região além de usufruir dos produtos.
Além disso, foi estabelecido espaços que tinham como objetivo a realização de
pequenos eventos como a venda de lanches e comida. Na entrada da casa foi criado um espaço
de convivência a fim de proporcionar interação social entre a família e a nova vizinhança
(Figura 4.4).
A casa é compacta, porém sua integração trouxe o melhor aproveitamento dos espaços
gerando locais de lazer, serviço, descanso bem como uma maneira de sustento inicial para a
família. Estas últimas características destacadas estão mais relacionas ao próximo referencial,
o funcional, entretanto, vale destacar como este projeto foi eficiente em diversos aspectos,
cumprindo assim, a sua função social.
4.2 Funcional
Este projeto é produto de uma organização sem fins lucrativos composta por estudantes
de arquitetura e financiada por empresas norueguesas. Ele foi concluído em 2009 com o
objetivo de melhorar a situação dos refugiados de Karen, que atualmente vivem em uma aldeia
chamada Noh Bo, fronteira com a Birmânia e a Tailândia.
Muitos desses refugiados são crianças, e por conta disso, o local já dispunha de um
orfanato com capacidade de abrigar 24 pessoas, entretanto, o objetivo era expandir esse número
para 50. Com isso, foi necessário realizar uma ampliação dos dormitórios.
A ideia central era ciar um espaço aconchegante e que de alguma formar trouxesse a
sensação de uma vida na “situação normal”, onde as crianças tivessem espaço para brincar e
interagir bem como uma casa que lhes oferecesse privacidade. Para isso, foram feitos seis
espaços de dormitórios (Figura 4.6), conhecidos como Soe Ker Tie Hias (as casas de
borboletas).
64
A estrutura utilizada na vedação foi feita através da tecelagem de bambu, muito utilizada
em outras casas da região. Esses materiais são recolhidos próximo ao local, o que reduz esforços
adicionais além de evitar maiores gastos com insumos oriundos de regiões mais distantes. Outra
questão interessante do projeto foi a utilização de elementos vazados a fim de permitir a entrada
de luz e ventilação no espaço (Figura 4.7).
O telhado utilizado possui uma forma diferenciada que permite a ventilação natural e a
captação das águas pluviais para os períodos mais secos. O volume é elevado do chão por
intermédio de quatro fundações fundidas em pneus velhos (Figura 4.8), com o objetivo de evitar
que a umidade do solo entre em contato com os outros materiais da construção.
65
Apesar deste projeto ter sido apresentado como um referencial funcional, devido ao bom
aproveitamento dos espaços. Este também tem pontos muito positivos e interligados aos demais
referenciais. Isto ocorre por causa do uso de fundação do tipo estaca (tipológico), a ventilação
cruzada por intermédio da cobertura diferenciada e os materiais encontrado com facilidade da
localidade (tecnológico) e por fim pelo uso de pequenas varandas cobertas, criando ambientes
de interação além de proteger as paredes e deixar o volume esteticamente mais agradável
(plástico).
4.3 Plástico-formal
Este referencial é oriundo de um projeto desenvolvido para o 28º concurso Opera Prima,
onde foi finalista. O trabalho feito pela autora, Marilia Gomes de Sá Ribeiro, em Manaus, teve
67
por objetivo a criação de uma arquitetura emergencial para o bairro do Mauazinho, a fim de
atender aos desabrigados em consequências de desastres naturais na região.
O projeto (Figura 4.11) teve como meta proporcionar as condições básicas para a
população em situação de vulnerabilidade. Além disso, ela utilizou preceitos de
sustentabilidade e a viabilidade econômica como fatores primordiais.
dos módulos permitiram a livre circulação do ar, e o melhor aproveitamento do fluxo entre cada
elemento conforme mostra a Figura 4.13.
Com a base feita, começa o processo de montagem da cobertura (6) e em seguida dos
painéis (7). Por fim, são instaladas as áreas molhadas (8) e colocadas as molduras teladas da
cobertura (9).
4.4 Tecnológico
O programa é composto por um pátio central coberto que tem a função de separar dois
ambientes: área de dormitório e área de estar (Figura 4.18). A cobertura que é feita independente
72
4.4.2. Fitodepuração
Outro referencial tecnológico adotado para este projeto foi o tratamento de águas negras
a partir da fitodepuração. Este sistema inovador apresenta baixo custo, baixo impacto
ambiental, diminui a dispersão de contaminantes além de não necessitar de equipamentos
sofisticados para controle e monitoramento (PAULO; PRATAS, 2008; PRATAS et al., 2010,
2012 apud UNESP).
O objetivo principal da fitodepuração é a utilização de plantas “para a depuração da
contaminação de efluentes, através da remoção, egradação/metabolização, armazenamento e
imobilização dos contaminantes orgânicos ou inorgânicos” (VYMAZAL, 2009; STOUT;
NÜSSLEIN, 2010; VAMERALI et al., 2010 apud UNESP, p. 41).
O êxito desse processo depende de diversos fatores como o tipo de contaminante, a
extensão da contaminação, a tipologia do solo, o tipo de planta disponível para o uso e suas
características, o PH e a disponibilidade de luz (PAULO; PRATAS, 2008; PRATAS et al.,
2010, 2012 apud UNESP).
Para a implantação deste sistema é necessário saber o volume de água residuária gerada,
a partir desta informação e das características da água, o projeto poderá ser elaborado (LASAT,
75
2002 apud). Segundo (BRANCO; BERNARDES, 1983 apud UNESP, p. 39) o funcionamento
desse sistema é
[...] formado por tanques rasos ou canais preenchidos com meio suporte sobre
o qual é adicionada a vegetação adaptada ao plantio em áreas saturadas. Esses
canais podem conter apenas uma espécie de planta ou uma combinação de
espécies. O esgoto escoa horizontalmente pelo leito, com o nível da lâmina
líquida mantido abaixo da superfície do leito, sofrendo ação de
microorganismos aderidos ao suporte, além da ação de plantas e de processos
físicos como filtração e decantação. A manutenção do nível do esgoto abaixo
do nível do leito permite a redução de riscos de geração de odores, exposição
das águas residuárias ao homem ou aos animais e a proliferação de vetores de
insetos.
Após esse tratamento, a água pode ser reutilizada, entretanto, seu uso é limitado
conforme os precedentes da água residuária, que pode variar de acordo com questões
econômicas, com o clima e a cultura local. Portanto, é necessário um estudo dos aspectos
químicos, fisicos e biológicos da água antes de sua reutilização (PAULO; PRATAS, 2008;
PRATAS et al., 2010, 2012 apud UNESP).
A partir desses referenciais e de toda a contextualização realizada nos capítulos
anteriores, é possível pensar em um projeto inovador para auxiliar as organizações de apoio
humanitário. Com isso, será apresentado a seguir o projeto Light Camp.
5 O PROJETO
5.1 Condicionantes
A intalação de um local de suporte a voluntários ainda não dispõe de uma norma que possa
estabelecer padrões mínimos para fins de projeto. Entretanto, existem diretrizes fundamentadas
na experiência de agências de apoio e nos princípios que regem a ação humanitária.
Entre tais princípios estão “[...] o direito à vida com dignidade, o direito à proteção e
segurança e o direito de receber assistência humanitária com base na necessidade.” (THE
SPHERE PROJECT, 2011, p.29). Desta forma, é possível assimilar os itens indispensáveis para
moradia adequada.
Estes instrumentos mensionados acima, definem a moradia adequada como aquela que
garante espaço suficiente pra desenvolver as atividades cotidianas, além disso, estas devem
garantir conforto térmico e proteção contra qualquer risco à saúde como vetores de doenças,
problemas estruturais e umidade (THE SPHERE PROJECT, 2011).
Outras questões a serem consideradas segundo o Projeto Esfera é a disponibilidade de
serviços, intalações elétricas e hidrossanitárias, adequação cultural, água potável, depósito de
lixo, local para armazenamento de alimentos, drenagem e serviços emergenciais/fundamentais
como acesso a saúde e educação.
Esses princípios adotados no que são chamados de “padrões básicos de habitação”, não
possuem caráter absoluto, uma vez que as cirscunstâncias podem reduzir a ação das
organzações e consequentemente a possibilidade de cumprir tais padrões (THE SPHERE
PROJECT, 2011).
“Embora principalmente destinado a informar a resposta humanitária a um desastre, os
padrões mínimos também pode ser considerado durante a preparação para desastres e a
transição para a recuperação e reconstrução actividades” (THE SPHERE PROJECT, 2011,
p.80).
Entretanto, apesar de existir essa flexibilidade de execução dessas construções, esses
princípios devem orientar as ações de campo em todos os momentos pois são baseados em
77
preocupações humanitárias universais. Eles devem compreender tanto a fase construtiva quanto
a fase de gerenciamento e desenvolvimento dos projetos executados na região (THE SPHERE
PROJECT, 2011).
Como tudo o que foi mencionado se trata de orientações, sem terem necessessariamente
normas ou leis que determinem as decisões projetuais, foram utilizadas, neste projeto, a norma
reglamentadora 18 (NR-18), e a norma brasileira regulamentadora (NBR 13714).
A NR-18 trata das codições mínimas dos alojamentos provisórios em canteiros de obras.
Por se tratar de uma contrução semelhante aos alojamentos efêmeros de ajuda humanitária, esta
norma foi importante para determinar as dimensões dos ambinetes bem como a quantidade de
aparelhos sanitários. Já a NBR 13714 foi utilizada para o dimensionamento da reserva de
incendio nas cisternas.
Outro fator importante a ser retratado é a impossibilidade de determinar insolação,
ventilação, iluminação e acessos, uma vez que este projeto não possui um terreno fixo. Desta
forma, foram necessarias medidas que permitissem diferentes fluxos e implantações,
viabilizando a construção.
5.2.1. Conceito
A partir dos estudos realizados nos capítulos anteriores, onde foram abordados as principais
funções e a importância dos voluntários em missões humanitárias, optou-se por um conceito
construído históricamente, e que neste trabalho é de cunho simbólico: o farol náutico (Figura
5.1). Essa estrutura surgiu para suprir a necessidade daqueles que precisavam enfrentar os
desafios do mar turbulento e foi se modernizando ao longo do tempo.
Na Antiguidade, os barcos que se encontravam em alto mar eram conduzidos por uma
grande fogueira localizada no alto de uma torre. A visualização da fogueira simbolizava que a
tripulação não se encontrava perdida e sim que estava próxima a terra firme (EASYCOOP,
2018).
Após o surgimento dos faróis, as formas de funcionamento do sistema modificaram,
entretanto, a utilidade permaneceu a mesma: orientar através da luz um caminho certo para as
embarcações. Este instrumento é muito utilizado à noite e em meio a tempestades, auxiliando
aqueles que não são capazes de regressar sozinhos a um local seguro.
78
Assim como o farol representa um suporte para aqueles que estão “perdidos”, as
organizações de ajuda humanitária cumprem o mesmo papel. Tais órgãos de apoio são
responsáveis por trazer esperança e auxílio aqueles que foram afetados por alguma situção
emergencial.
O ideal é uma estrutura com tapagem e também com “piso” pois na maioria
das vezes trabalhamos na terra, e o negativo é porque levanta poeira. Estrutura
com boa ventilação e boa iluminação e que não permita que o sol cause muito
calor, pois sempre estamos de jaleco e equipamentos de proteção individual
que por si só já torna bem quente.
Outra grande questão percebida foi que a maior parte dessas organizações não possuí
nenhum tipo de estrutura de apoio, sendo dependentes de locais públicos disponibilizados para
sua atuação, ou até mesmo casa de pessoas na região. A seleção da equipe é feita por critérios
como disponibilidade de tempo e de se deslocar para locais distantes. Na maioria dos casos os
envolvidos com este tipo de trabalho recebem acompanhamento psicológico.
Diante disso, foi possível extrair informações relevantes acerca da estrutura que o
projeto deverá oferecer. Estas respostas obtidas, somadas as diretrizes esclarecidas nos
condicionantes deste trabalho, foram responsáveis pelo resultado observado no Quadro 5.1.
80
5.4 Setorização
Como o projeto foi pensado para atender diferentes tipos de organizações em diversos
campos de atuação, a estrutura deveria se adaptar a casos onde uma pequena ou grande
quantidade de voluntários estaria envolvida. Sendo assim, foram feitos três ensaios de
implantação onde foi possível simular a atuação de 18, 36 e 72 indivíduos respectivamente.
No primeiro caso, o complexo é formado por um alojamento, um banheiro, um
refeitório, uma lavanderia, dois consultórios, um lavabo e uma área de convivência. Além disso,
foi separada área para tratamento de esgoto e para o cultivo de uma horta. Todos estes ambientes
foram dimensionados conforme a quantidade de usuários definidos. Esta disposição pode der
observada na Figura 5.2.
O segundo caso segue o mesmo padrão do primeiro, entretanto, com as adaptações de
áreas e equipamentos (Figura 5.3). Tais alterações poderão ser analisadas no próximo tópico,
neste, é interessante ressaltar a forma como essa nova dimensão foi pensada de maneira a ocupar
o menor espaço possível e, simultaneamente, criando um fluxo agradável entre as construções.
No terceiro caso, a implantação ganhou uma configuração diferenciada (Figura 5.4).
Como a ampliação foi de maior proporção, foram criados três núcleos: o de alojamentos, o de
serviços e o de atendimento a comunidade.
Além disso, esses três ensaios foram adaptados para uma situação onde o solo é plano
ou irregular. Nos casos citados acima, foram utilizados a fundação do tipo radier, já nestes,
foram adicionadas estacas para viabilizar a construção em superfícies mais complexas. Essa
alteração no tipo de fundação resultou em pequenas modificações nos ensaios, conforme
mostram as Figuras 5.5, 5.6 e 5.7, respectivamente.
Pode-se observar que nestes casos também foram acrescentadas rampas de acesso, uma
vez que o complexo é elevado do solo. Neste caso, especificamente, a simulação foi feita
considerando uma altura de um metro, contudo, na prática esta altura pode ser determinada
pelos condicionantes locais.
Uma questão importante a ser destacada nesses ensaios é a circulação ao redor dos
blocos. Isso ocorre devido a necessidade de se ter um espaço para que os voluntários no
momento da construção possam se deslocar. Além disso, esta serve como uma borda de
segurança para que as paredes não fiquem apoiadas nas extremidades da base.
Como já foi mencionado no tópico de condicionantes projetuais, não foi possível
considerar insolação e ventilação para o posicionamento dos blocos, entretanto, foram adotadas
soluções nas próprias construções a fim de proporcionar a entrada de luz e ventilação por todos
82
os ambientes. Isso será descrito no próximo tópico bem como os desdobramentos das plantas
baixas.
83
4 2
LEGENDA:
1 ALOJAMENTO/BANHEIRO
2 REFEITÓRIO/LAVANDERIA
3 DEPÓSITO DE SUPRIMENTOS/CONSULTÓRIO/LAVABO
4 ÁREA DE CONVIVÊNCIA
5 HORTA
6 FITODEPURAÇÃO
7 CIRCULAÇÃO
84
1 1
7 4 2
LEGENDA:
1 ALOJAMENTO/BANHEIRO
2 REFEITÓRIO/LAVANDERIA
3 DEPÓSITO DE SUPRIMENTOS/CONSULTÓRIO/LAVABO
4 ÁREA DE CONVIVÊNCIA
5 HORTA
6 FITODEPURAÇÃO
7 CIRCULAÇÃO
85
3 1
4 4
6
8 1 7 1
5
4 4
1
2
LEGENDA:
1 ALOJAMENTO/BANHEIRO
2 REFEITÓRIO/LAVANDERIA
3 DEPÓSITO DE SUPRIMENTOS
4 CONSULTÓRIO/LAVABO
5 ÁREA DE CONVIVÊNCIA
6 HORTA
7 FITODEPURAÇÃO
8 CIRCULAÇÃO
86
4 2
LEGENDA:
1 ALOJAMENTO/BANHEIRO
2 REFEITÓRIO/LAVANDERIA
3 DEPÓSITO DE SUPRIMENTOS/CONSULTÓRIO/LAVABO
4 ÁREA DE CONVIVÊNCIA
5 HORTA
6 FITODEPURAÇÃO
7 CIRCULAÇÃO
8 RAMPA DE ACESSO
87
1 1
7 4 2
LEGENDA:
1 ALOJAMENTO/BANHEIRO
2 REFEITÓRIO/LAVANDERIA
3 DEPÓSITO DE SUPRIMENTOS/CONSULTÓRIO/LAVABO
4 ÁREA DE CONVIVÊNCIA
5 HORTA
6 FITODEPURAÇÃO
7 CIRCULAÇÃO
8 RAMPA DE ACESSO
88
3 1
4 4
6
8 1 7 1
5
4 4
1
9 2
1 ALOJAMENTO/BANHEIRO
2 REFEITÓRIO/LAVANDERIA
3 DEPÓSITO DE SUPRIMENTOS
4 CONSULTÓRIO/LAVABO
5 ÁREA DE CONVIVÊNCIA
6 HORTA
7 FITODEPURAÇÃO
8 CIRCULAÇÃO
9 RAMPA DE ACESSO
89
.20
ÁREA TÉCNICA
.90
CISTERNA ÁGUA
A=12.00 m²
DA CHUVA
1.90 1.500 L
.90
.30 .90 1.45 1.90 1.80 1.90
ALOJAMENTO
A=64.80 m² BANHEIRO
1.45
A=23.60 m²
.90
.20
17.00
.50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50
.50 .50
.50
1.00
.50 .50 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50
1.00
.50
.50 .50 .50 .50
4.20
1.00
.50 .50
.50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .20 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
11.00 6.00
91
Ensaio 1.
.50 .50
1.90
1.00
ÁREA
TÉCNICA CISTERNA ÁGUA
3.00
3.00
A=9.00 m² ÁREA DE DESPENSA
1.10
COZINHA
LAVAGEM A=5.70 m² 10.000 L
CISTERNA ÁGUA A=18.20 m²
A=6.00 m²
DA CHUVA
.50 .50
1.500 L 2.00
7.30
REFEITÓRIO POTÁVEL
A=39.60 m² 10.000 L
4.00
LAVANDERIA
A=11.20 m²
ÁREA
1.00 .50 1.00 .50 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 1.50 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
17.00
ARMAZENAMENTO
ARMAZENAMENTO
CONSULTÓRIO CONSULTÓRIO DE MATERIAL DE
DE AGASALHOS
A=17.00 m² A=17.00 m² HIGIENE/LIMPEZA
A=11.70 m²
A=23.40 m²
Ensaio 1.
ARMAZENAMENTO
DE SUPRIMENTOS
ALIMENTÍCIOS
A=25.20 m²
ÁREA RECEPÇÃO
LAVABO
TÉCNICA A=13.95 m²
CISTERNA ÁGUA A=2.85 m² ARMAZENAMENTO DE
A=2.66 m² MEDICAMENTOS
DA CHUVA
A=13.05 m²
.50 1.00 .50 1.00 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
3.40 3.40 6.00 3.00
3.90
5.00
7.20
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.50 .10 1.50 .50 .50 .50
1.00
1.90 1.50
1.00
1.00
1.90
1.50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.50 .50 1.00 1.50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
Ensaio 2.
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
Figura 5.14 - Planta baixa humanizada do bloco 2 - 36 voluntários.
.50 .50
.50 .50
3.00
3.00
1.00
ÁREA DE
1.10
COZINHA DESPENSA
LAVAGEM 10.000 L
A=20.68 m² A=5.70 m²
A=11.89 m²
.50 .50
.50 .50 .50 .50 1.00 6.60 1.00
.50 .50
CISTERNA ÁGUA
REFEITÓRIO POTÁVEL
CISTERNA ÁGUA 2.80
2.00
A=59.41 m² 10.000 L
ÁREA DA CHUVA
.50 .50
TÉCNICA 1.500 L
9.30
1.00
A=5.71 m² 1.00 .50 .50 .50 .50
.50 .50
6.00
ÁREA
1.00
TÉCNICA
4.00
A=36.25 m²
1.00
LAVANDERIA
.50 .50
A=11.20 m²
1.00
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75 1.00 .50 1.00 .50 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 1.50 .50 .50.00 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
ARMAZENAMENTO
ARMAZENAMENTO
CONSULTÓRIO CONSULTÓRIO DE MATERIAL DE CONSULTÓRIO CONSULTÓRIO
DE AGASALHOS
A=17.00 m² A=17.00 m² HIGIENE/LIMPEZA A=17.00 m² A=17.00 m²
A=15.10m²
A=28.80 m²
Ensaio 2.
ARMAZENAMENTO
DE SUPRIMENTOS
ALIMENTÍCIOS
A=32.20 m²
RECEPÇÃO
ÁREA A=15.95 m²
LAVABO ARMAZENAMENTO DE LAVABO ÁREA TÉCNICA
CISTERNA ÁGUA TÉCNICA A=2.85 m² A=2.85 m² CISTERNA ÁGUA
MEDICAMENTOS A=2.66 m²
DA CHUVA A=2.66 m² DA CHUVA
A=15.95 m²
.50 1.00 .50 1.00 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
3.40 .10 3.40 .10 7.20 .10 3.80 4.70 3.40 3.40
5.00
7.20
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50.10
.30 1.50 .50 .50 .50 .50 .50
1.00
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.90 .50 .50 .50 .50 .50
.02
1.00
1.00
1.00
1.00
2.10
1.90
1.50
1.50
.50 .50
.50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
Ensaio 3.
CISTERNA ÁGUA
DESPENSA COZINHA POTÁVEL
A=14.00 m² A=33.82 m² ÁREA DE 10.000 L
LAVAGEM
A=17.08 m²
CISTERNA ÁGUA
REFEITÓRIO POTÁVEL
A=120.24 m² 10.000 L
LAVANDERIA
ÁREA
A=16.91 m²
TÉCNICA
A=36.25 m²
CISTERNA ÁGUA
DA CHUVA
1.500 L
Ensaio 3.
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50Ensaio 3. .50 .50 .50 .50
.50 .50
.50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
.50 .50
.50 .50
5.00 6.10
1.00
2.90
.90
.90
.50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.10
11.60
1.00
.50 .50 .50 .50
6.00
2.80
1.00
.50 .50 .50
.50 .50 1.00 .50 1.00 .50 1.50 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 1.00 .50 1.00 .50 1.00 .50 .50 1.50 .50 1.00 .50 1.00 .50 .50 .50 1.00 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
3.90
RECEPÇÃO DO
RECEPÇÃO DO ESTOQUE ESTOOQUE P/
P/ DISTRIBUIÇÃO VOLUNTÁRIOS
ARMAZENAMENTO DE A=16.05 m² A=13.05 m² ARMAZENAMENTO DE
MEDICAMENTOS
MEDICAMENTOS
A=16.05 m²
A=13.05 m²
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50.10.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
2.70 6.00
7.00 3.70
4.00
4.00
7.30
7.10
1.50 1.50 1.50 1.50
.50 .50 .50 .50 .50 .50
3.00
1.50
1.50
1.50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.50 .50 1.00 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 1.00 .50 1.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
6.00
Esc. 1/75
Fonte: Elaborado pela autora.
98
Ensaio 3.
.50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
3.40 3.40
CONSULTÓRIO CONSULTÓRIO
A=17.00 m² A=17.00 m²
5.00
7.20
.50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50 .50
1.00
CISTERNA ÁGUA TÉCNICA A=2.85 m²
DA CHUVA A=2.66 m²
1.90
1.00
.50
.50 .50 .50.10 .50 .50 .50
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
99
.10
.10
3.60
.50 .50 .50 .50
3.00
2.50
1.00
.75
.45
Para as paredes foi pensado em chapas “Mineralizadas” de madeira. Elas são prensadas em
forma de chapas após serem misturadas ao cimento Portland. Entre suas características então:
baixo peso específico (440 kg/m³), baixa capacidade de absorção de água, grande resistência à
flexão, durabilidade ilimitada, bom isolamento termo acústico além de serem incombustíveis e
imputrescíveis. As vantagens desse sistema, segundo Freire (20--?, p.9), são:
Tais características são de suma importância para o tipo de construção deste projeto. Para
as janelas foi pensado em uma estrutura de alumínio composto, uma alternativa sustentável sem
abrir mão da estética moderna, com a parte interna em policarbonato. Estas, podem ser
posicionadas uma sobre a outra, de forma a aumentar o tamanho do vão de iluminação e
ventilação. Para as portas a estrutura também seguiria o mesmo padrão, substituindo, entretanto,
a parte em policarbonato por chapa mineralizada de madeira (Figuras 5.33, 5.34, 5.35 e 5.36).
Na cobertura dos blocos optou-se pelo uso da estrutura de suporte em chapas mineralizadas
de madeira e alumínio composto, e as telhas, também em policarbonato (Figuras 5.37, 5.38,
5.39 e 5.40). Para a calha adotou-se o tubo de PVC cortado em forma de “U”.
106
.50
PAINEL EM CHAPA
MINERALIZADA DE
MADEIRA
3.00
2.50
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
.50
ESTRUTURA EM
ALUMÍNIO
3.00
2.50
PAINEL EM CHAPA
MINERALIZADA DE
MADEIRA
3.00
ESTRUTURA EM
ALUMÍNIO
3.00
POLICARBONATO
2.00
CALHA EM TUBO PVC
Ø100 mm
1.00 1.00 4.00 1.00
TELHA EM
POLICARBONATO
I= 5%
5.20
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
ESTRUTURA DO SUPORTE
DO TELHADO EM ALUMÍNIO
Figura 5.40 - Detalhe das estruturas de apoio do telhado.
1.00
1.00
12.00 6.00
SUPORTE PARA TELHADO EM CHAPA
1.00
DE MADEIRA MINERALIZADA
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
1.00
Figura 5.38 - Vista frontal da cobertura do bloco 1 (alojamento).
4.20
.50
2.20
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
1.00
1.00
Fonte: Elaborado pela autora. Esc. 1/75
108
A partir das pré definições dos blocos, foi elaborado o diagrama UML da circulação externa
e da base, como mostra a Figura 5.41. Os materiais aplicados nessa etapa seguem o padrão dos
já mencionados, a fim de simplificar o processo de produção
Para a cobertura dos corredores foi pensado em telhas de policarbonato com uma estrutura
em alumínio composto e calha em tubo PVC (Figura 5.42). Nas laterais, adotou-se um
fechamento em cobogós feito também com tubo PVC. Entretanto, nos locais onde a temperatura
for baixa, estas circulações deverão ser protegidas com algum tipo de cortina de isolamento,
utilizando, por exemplo, o couro ecológico ou algum outro material que se adeque ao clima.
Para a base, foi feito um estudo de modulação onde foram simuladas placas de 50x50 cm
(Figuras 5.43, 5.44, 5.45 e 5.46). Esta medida se justifica por ser de fácil transporte para um
indivíduo carregar sozinho, entretanto, podem ser feitas também na modulação 100x100 cm
para diminuir o número de placas. Além disso, sugere-se que o material utilizado nessa malha,
seja feita com resíduo de pneu. Para a fundação, foi pensado em estacas com madeira de
reflorestamento.
CALHA EM TUBO PVC Figura 5.42 - Planta de cobertura da circulação do ensaio 1 (18 voluntários) CALHA EM TUBO PVC 109
Ø100 mm e detalhamento de divisória. Ø100 mm
TELHA EM
POLICARBONATO
I= 5%
1.00
POLICARBONATO
POLICARBONATO
PAINEL EM TUBO PVC
Ø100
TELHA EM
TELHA EM
I= 5%
I= 5%
ESTRUTURA EM
2.80
ALUMÍNIO
1.00
Fonte: Elaborado pela autora.
Esc. 1/75
110
Este trabalho procurou sintetizar uma reflexão sobre os conflitos humanitários pelos
quais a sociedade passa e suas interligações com os profissionais de apoio. Para isso,
inicialmente, houve um estudo do panorama mundial com foco no estado de calamidade que
algumas nações passam atualmente. Foi feito um breve resumo sobre a origem do Terceiro
Setor bem como as organizações não governamentais, que são o foco deste trabalho.
A partir disso, foram identificados alguns dos métodos que estão sendo empregados para
a redução dos impactos das crises humanitárias e as principais problemáticas que envolvem a
sua aplicação nas nações. Também foram estudados os processos históricos pelos quais a
arquitetura efêmera passou até se revelar como hoje é conhecida. Além disso, foram
identificadas as principais tecnologias e materiais que são utilizados na execução dessas
estruturas.
Outra questão discutida, foi o processo produtivo denominado fabricação digital. Foi
feita uma exposição das técnicas e materiais mais utilizados além de formas de projetar
utilizando recursos como a orientação a objetos. Por fim, foram exemplificados alguns métodos
estruturais e de conexões para artefatos produzidos a partir desse tipo de produção.
Percebeu-se ao longo das pesquisas que o tema é muito complexo por envolver fatores
multilaterais como os interesses políticos e os conflitos entre os órgãos não governamentais.
Entretanto, é em meio ao caos que os estudos se fazem indispensáveis a fim de que estes possam
achar meios de atuação que unam os interesses da maioria e melhore a qualidade de vida dos
indivíduos afetados.
Estudar esse campo da arquitetura lembra a importância do papel do arquiteto, que não
se limita à construções de caráter privado, com ênfase em lucros, mas como ele pode ser
instrumento para amenizar o sofrimento daqueles que estão à margem da sociedade. Desta
forma, o maior pagamento que se pode ter é a gratidão de milhares de famílias.
A maior dificuldade encontrada para a realização deste trabalho foi identificar as
principais necessidades dos profissionais que atuam nesse campo, uma vez que o contato com
esse meio não é simples de ser feito. Isso ocorre porque a cidade de Campos dos Goytacazes
não possui ainda uma organização de apoio humanitário de caráter internacional, tendo sido
necessário contatar pessoas que trabalham em organizações de locais distintos.
A forma encontrada para superar esse desafio foi realizar entrevistas via internet, através
de ligações e indicações de conhecidos. Estas foram de suma importância para compreender os
aspectos sociais, pessoais e logísticos que envolvem esse tipo de trabalho, além disso, foi a
115
partir das entrevistas que foi possível elaborar o programa de necessidades e dar início ao
projeto arquitetônico.
Outra dificuldade encontrada foi a questão do recorte espacial. Como o trabalho possui
caráter internacional, a ideia inicial era uma estrutura que pudesse se adaptar a diferentes climas
e relevos. Com isso, foi necessário adquirir alguns referenciais, principalmente tecnológicos,
que serviram para criar um repertório de soluções em diferentes casos.
A indefinição de um número de voluntários também foi um grande limitador. Pois sem
essa definição não seria possível realizar cálculos de cisterna e dimensionar os ambientes. O
recurso utilizado para resolver tal questão foi aderir a modulação, que permite a ampliação dos
ambientes, sem grandes alterações no projeto.
Estes obstáculos serviram como estímulo a pesquisar cada vez mais o assunto, a fim de
compreender os processos pelos quais muitas pessoas passam todos os anos, e que ainda é pouco
discutido. Sendo assim, espera-se que este documento sirva para futuras pesquisas tanto dos
alunos do Instituto Federal Fluminense, quanto aos demais estudantes e pesquisadores da área.
E através de um registro explicativo e de fácil entendimento possa ser difundido criando uma
rede de estudos sobre o assunto que ainda carece de olhares mais aprofundados.
116
Como perspectivas futuras para o desenvolvimento deste trabalho, estão questões como
a análise profunda de materiais a partir de diferentes ensaios, a fim de comprovar sua eficiência
para a aplicação em campo. A elaboração de um banco de dados com os elementos pesquisados
para serem utilizados nos diferentes climas. O estudo de modulação de cada um destes
elementos selecionados, definindo suas dimensões máximas e mínimas sem perder suas
propriedades de resistência aos esforços. A definição dos encaixes e conexões nos diferentes
tipos de materiais, além da criação de manuais de fácil entendimento que sirvam de orientação
no processo de montagem em loco.
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7 Prédios públicos
É muito relativo. Em termos gerais, o missionário se instala em
casas ou apartamentos alugados para sua moradia, sendo raro
habitar no próprio local onde atua como voluntário. Quando o
8 missionário desenvolve seu trabalho em cidade diferente daquela
em que reside, costuma ficar em casas de pessoas que apoiam seu
trabalho ou em casas de outros missionários que ficam nessa
cidade onde ele desenvolve seu voluntariado.
7 Não há
Em casos de desastres naturais em que os missionários venham a
atuar ou em acampamentos de refugiados, os materiais para
doação às vítimas chegam pelo meio mais adequado para o tipo
8
de situação e local, mas, geralmente, de caminhão e aviões. O
armazenamento e controle é feito em barracas/tendas ou locais
improvisados (casa de morador que se disponha a ajudar, etc.).
No caso de missionários que adentram por regiões ribeirinhas,
são levados em pequenos barcos e a pé. O armazenamento e
controle praticamente não existe neste último caso, devido à
8
dificuldade de transporte, o que faz com que os materiais sejam
levados em poucas quantidades e entregues diretamente pelo
missionário às pessoas em necessidade.
10. OS VOLUNTÁRIOS/FUNCIONÁRIOS TÊM ALGUM
ENTREVISTADO TIPO DE SUPORTE PSICOLÓGICO? COMO
FUNCIONA?
Sim, reuniões diárias antes e depois de voltar do "campo". São
1
ministradas palavras de encorajamento.
2 Não.
Sim. Além das reuniões prévias, temos acompanhamento pastoral
3
durante a viagem, com reuniões diárias.
Não oficialmente. A casa era regida por um rapaz que era pastor e
4 também fazia um trabalho de aconselhamento de acordo com a
necessidade.
5 É sempre importante ter um psicologo para mentoria.
Sim. Na saída e no retorno é feito um trabalho para preparar os
6
voluntários para as missões.
Sim. Há um acompanhamento por parte do Centro de Psicologia
7 do Exército, provendo suporte psíquico às atividades de preparo
de pessoal antes de irem para Missões de Paz.
Sim. Na sede da missão, existem psicólogos que estão à
disposição do missionário para conversas online via Skype,
8 chamadas de vídeo por WhatsApp, etc.. Se necessário, o
missionário tem o aval da agência para procurar um psicólogo
local, no país onde se encontra.
11. COMO É A INTERAÇÃO DA ORGANIZAÇÃO QUE
VOCÊ TRABALHA COM OUTRAS ORGANIZAÇÕES DE
FINS SEMELHANTES? (OUTRAS ONGS, PROGRAMAS
ENTREVISTADO
GOVERNAMENTAIS, EXÉRCITO E DEMAIS
PROFISSIONAIS QUE TRABALHAM EM MISSÕES DE
PAZ OU DE AJUDA HUMANITÁRIA).
1 Sincronizado.
2 Nao tenho relacionamento, mais gostaria de ter..
Nosso trabalho é de suporte a trabalhos fixos já desenvolvidos
por brasileiros no exterior. Nossa equipe é montada para ajudar e
3
reforçar esses trabalhos, dando apoio aos missionários locais e
ajuda aos beneficiários do projeto.
A Casa do Abraço tem algumas parcerias mas não sei especificar
a fundo quais seriam. A maior ligação com outras ONGs vem
4 através de voluntários que aplicam suas experiências lá. Os
eventos promovidos também sempre têm apoio de pessoas que
voluntariamente oferecem
A interação é sempre muito boa porque trabalhamos em parceria
5
com outras organizações para um melhor resultado final.
A interação é muito bem feita. Temos apoio da sociedade bíblica
do Brasil, forças armadas, polícias e órgãos públicos. Essas
parcerias muitas vezes são facilitadas porque muitos irmãos da
6
igreja inclusive pastores são militares ou pertencem às
instituições públicas. Algumas vezes as prefeituras ao receberem
as missões fornecem local para hospedagem em escolas.