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RESUMO DE DIREITO FISCAL

CAPÍTULO I

ORDENAMENTO JURÍDICO-FISCAL

1. AS FONTES DO DIREITO FISCAL


1.1. A Constituição

Numa perspectiva hierá rquica, a Constituiçã o é sem dú vida a primeira das fontes
ou modos de revelaçã o das normas jurídico-fiscais. Efectivamente, nã o há a menor
dú vida de que o direito dos impostos se apresenta fortemente moldado pela
chamada “constituiçã o fiscal”, isto é, por um conjunto de princípios jurídico-
constitucionais disciplinadores, ao mais elevado nível, quer de quem, que como e
de quando pode tributar, quer do que (é que) e do quanto tributar, estabelecendo
assim toda uma teia de limites à tributaçã o – de cará cter formal, os primeiros, e de
cará cter material, os segundos.

1.2. A natureza fiscal do Estado Angolano

Estado Fiscal é aquele que tem por suporte financeiro determinante ou típico a
figura dos impostos. Ou seja, tem o imposto como o principal meio de arrecadaçã o
de receitas (cfr., art. 101º da CRA) Diferente do Estado patrimonial ou
empresarial, cuja base financeira é constituída fundamentalmente por receitas
provenientes da propriedade e da actividade empresarial do Estado.

Um Estado Fiscal requer uma economia de mercado e a consequente


subsidiariedade de acçã o econó mica e social do Estado e demais entes pú blicos.
Neste sentido pode invocar-se, fundamentalmente, a consegraçã o de uma
economia de mercado, ou seja, de uma economia em que as opçõ es sobre a
produçã o, distribuiçã o e consumo dos bens e serviços sã o entregues aos agentes
econó micos privados e suas organizaçõ es (cfr. al. c), nº 1, art. 89º da CRA) Isto
significa que o Estado nã o é o dono da economia, e nã o sendo o dono da economia
está -lhe vedado financiar-se basicamente por via directa ou via econó mica, tendo
antes de o fazer por via indirecta ou via política, através qual vai exigir as receitas
de que precisa para o seu funcionamento junto de organizaçã o econó mica privada.

É um Estado fiscal porque assenta no reconhecimento prévio dos direitos,


liberdades e garantias fundamentais, principalmente liberdades e direitos
econó micos, com destaque para os direitos de propriedade e a livre iniciativa
econó mica e empresarial (art, 14º da CRA). Como consequência destas liberdades
os particulares devem pagar impostos, uma vez que o imposto corresponde ao
preço pago ou a pagar por uma sociedade assente no reconhecimento prévio dos

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direitos, liberdaedes e garantias fundamentais dos indivíduos a suas
organizaçõ es(art. 88º do CRA)

Angola para além de Estado fiscal é também um Estado Social (formal) uma vez
que utiliza imposto (imposto extrafiscal) como instrumento de realizaçã o dos
objectivos econó micos e sociais do Estado social por um lado, por outro lado é o
Estado fiscal que paga a conta do Estado social. Um conta quase nã o tem cessado
de aumentar atendendo á s multíplicas e diversificadas tarefas que sucessivamente
têm vindo a ser postas a cargo do Estado (arts. 2ª parte do art. 101º , 99º , 21º
90º, todos da CRA).

1.3. Dever de pagar imposto – art. 88º da CRA

O dever de pagar imposto tem as seguintes implicaçõ es:

A. O dereito de não pagar impostos a nã o ser aqueles que hajam sido criados
nos termos da Constituiçã o, nã o tenham naturaza retroactiva e cuja
liquidaçã o e cobrança se façam nos termos da lei;
B. O direito de exigir que todos os outros membros da comunidade também
contribuam para seu suporte financeiro, o que implica para o Estado que
todos os membros da mesma sejam constituídos em destinatá rios desse
dever (tarefa do legislador) e, bem assim, que todos eles sejam
efectivamente obrigados ao cumprimento do mesmo ( tarefa da AGT);
C. O direito à efeciência da despesa pública, o que significa que o dever
fundamental de pagar impostos apenas se conterá dentro dos limites
constitucionais se a despesa pú blica assegurar um adequado retorno à
sociedade do montante dos impostos através de prestaçã o, em quantidade e
qualidade, dos correspondentes serviços pú blicos.

1.4. Os princípios jurídico-constitucionais de trabutação que fixam


limites de natureza formal, limites relativos portanto a quem pode
tributar, ao como tributar e ao quando tributar:
1.4.1. O princípio da legalidade fiscal

O princípio da legalidade fiscal exige que os impostos sejam criados e disciplinados


nos seus elementos essencias através de lei (da Assembleia).

Este princípio desdobra-se em dois aspectos ou segmentos:

A. No princípio da reversa de lei (formal), implica que haja um intervençã o de


lei da assembleia nacional, seja esta uma intervençã o material a fixar a
pró pria disciplina dos impostos (al. o) nº 1 do art, 165º da CRA), ou uma
intervençã o de cará cter meramente formal, autorizando o PR a estebelecer

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a disciplina dos impostos nos seus elementos essenciais (nº1 do art. 165º e
170º todos da CRA);
B. No princípio de reversa material(substancial ou conteudística) de lei
(formal) ou princípio de tipicidade, exige que a lei (lei da Assembleia ou
decreto legislativo presidencial autorizado) contenha a disciplina tã o
completa quanto possível dos elementos essencias dos impostos:
incidência, a taxa, os benefícios fiscais e as garantias dos contribuintes(art,
102º nº 1 da CRA), sendo certo que, quanto à s garantias dos contribuintes,
a reversa apenas é exigida se e na medida em que estas sejam objecto de
restriçã o ou condicionamento e já nã o quando forem objecto de ampliaçã o
ou alargamento.

1.4.2. O princípio da segurança jurídica – 1ª parte do nº 2 do art. 102º da


CRA.

O princípio de segurança jurídica, ínsito na ideia do Estado demográ tico e de


direito constante no art. 2º da CRA, impõ e-se fundamentalmente ao legislador,
limitando este em dois sentidos:

1. na ediçã o de normas retroactivas (desfavorá veis) – 1ª parte do nº 2 do art.


102º da CRA;
2. na livre revogabilidade e alterabilidade das leis fiscais (favorá veis).

1.5. Os princípios jurídico-constitucionais de tributação que fixam


limites de natureza material, limites relativos portanto ao que e ao
quanto tributar:
1.5.1. O princípio da igualdade fiscal

Este princípio implica igual imposto para os que dispõ em de igual capacidade
contribuitiva (igualdade horizontal) e diferente imposto (em termos qualitativos e
quantitativos) para os que dispõ em de diferente capacidade contributiva na
proporçã o desta diferença (igualdade vertical)

 Capacidade contribuitiva

A capacidade contribuitiva constitui o pressuspoto e o critério da tributaçã o.

Constitui a ratio ou a causa da tributaçã o, afastando assim o legislador fiscal do


arbítrio, obrigando-o a que, na seleçã o e articulaçã o dos factos tributá rios, se
atenha a revelaçõ es da capacidade contributiva, ou seja, erija em objecto e matéria
colectá vel de cada imposto um determinado pressuposto econó mico que seja
manifestaçã o dessa capacidade e esteja presente nas diversas hipó teses legais do
respectivo imposto.

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1.6. O recorte constitucional do sistema fiscal

A nossa Constituiçã o recorta o desenho do nosso sistema fiscal quando fixa as


finalidades do sistema fiscal, estabelecendo no artigo 101º nº1, que o sistema fiscal
tem, em primeiro lugar, uma finalidade financeira, pois “visa satisfaçã o das
necessidades financeiras do Estado e outras entidades pú blicas” e, em segundo
lugar, uma finalidade de carácter extrafiscal, já que visa também “uma
repartiçã o justa dos rendimentos e da riqueza”.

2. As convenções fiscais internacionais


 Convençõ es sobre dupla tributaçã o
 Convençõ es sobre luta contra a evasã o e fraude fiscal
3. As leis
4. Costume
5. Os regulamentos
6. Os contratos fiscais – art. 19º do CGT
 Contratos de concessã o de benefícios fiscais – lei do investimento privado.
7. A jurisprudência e a doutrina

£ 2 – INTERPRETAÇÃO, INTEGRAÇÃO E EFICÁCIA DO DIREITO FISCAL

a) A interpretação das normas jurídico-fiscais

As normais jurídicas fiscais se interpretam como quaisquer outras normas


jurídicas (nº 1 do art.5º do CGT conjugado com art.9º do CC). É permitida a
interpretação autêntica das normais fiscais (em Portugal é frequente na LOE,
muitas vezes, trata-se de uma verdadeira manobra para tentar passar ao lado da
proibiçã o de impostos retroactivos constante na Constituiçã o portuguesa e
também angolana).

As convençõ es de dupla tributaçã o devem ser interpretadas, tendo em conta os


artigos 31º e 32º da Convenção de Viena (sobre o Direito dos Tratados).

b) A integração das normais jurídico-fiscais

Antes demais é de referir a tradicional proibiçã o da integraçã o das lacunas no


domínio dos elementos essencias dos impostos (cfr., nº 2 do art.6º do CGT)
fundada no princípio constitucional de legalidade fiscal (art. 102ºnº 1 da CRA).
Este, ao exigir que a disciplina dos elementos essenciais dos impostos, conste da lei
(parlamentar), obstaria a que o legislador deixasse para o aplicador das leis –
sobretudo a AGT e o Juiz – qualquer possibilidade de colmataçã o de lacunas, seja
através do recurso à analogia, seja por qualquer outro modo de preenchimento de
lacunas. Estas, caso se verifiquem hã o-de considerar-se como domínios que o

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legislador nã o quiz disciplinar, isto é, como lacunas políticas e nã o como lacunas
jurídicas.

c) As cláusulas anti-abuso

Estas visam prevenir e repremir a crescente prá tica de evasã o e fraude fiscal. Elas
podem ser:

 Gerais (arts.26º e 27º do CGT); e


 Especias

d) A eficácia das normas jurídico-fiscais


d.1. A eficácia temporal (aplicação das normais fiscais no tempo) –
art.102º nº2 da CRA e art.8º do CGT

O direito fiscal rege-se pelo princípio constitucional e legal da nã o retroactividade


(nº 2 do art.102º da CRA e art.8º do CGT).

d.2. A eficácia espacial (aplicação das normas fiscais no espaço)

A aplicaçã o no espaço das normas fiscais rege-se tradicionalmente pelo chamado


princípio da territorialidade. Segundo o seu entendimento clá ssico, as leis
tributá rias apenas se aplicam aos factos ocorridos no territó rio da ordem jurídica a
que pertencem, independentemente, portanto de outras características que
eventualmente possam ocorrer na situaçã o em causa, como a nacionalidade, o
domicílio ou a residência do sujeito passivo (elementos subjectivos de conexã o).

Tradicionalmente o princípio da territorialidade só atende aos elementos


objectivos de conexã o com o territó rio (exemplos: local da situaçã o dos bens; local
do exercício de uma actividade; local da fonte de produçã o ou pagamento de um
rendimento; local do estabelecimento está vel, etc). Por conseguinte, rejeita a
conexã o com o territó rio dos elementos subjectivos (cfr.art.9º do CGT).

d.2.1. Conexões especiais


 Impostos sobre rendimento: (1) a residência do beneficiá rio do rendimento
e (2) local da produçã o do rendimento;
 Impostos sobre petrimó no: (1) residência do proprietá rio ou titular dos
bens patrimoniais e (2) lugar da situaçã o dos mesmos;
 Impostos sobre o consumo: (1) a origem dos bens transaccionados e (2) o
destino dos bens transaccionados – lugar do consumo.

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d.2.2. Dupla tributação

A dupla tributaçã o internacional configura uma situaçã o de concurso de normas,


isto é, uma situaçã o em que o mesmo facto tributá rio se integra na hipó tese de
incidência de duas normas tributá rias diferentes, o que implica, de um lado, a
identidade do facto tributá rio e, do outro, a pluralidade de normas tributá rias.
Como requisito da identidade do facto tributá rio, costuma exigir-se a regra das
quatro identidades, ou seja, a identidade do objecto, a identidade do sujeito,
identidade do período da tributaçã o e a identidade do imposto.

Dica ninja: Distinção entre dupla tributação jurídica e dupla tributação


económica

Na dupla tributaçã o jurídica as quatro identidades supracitadas estã o presentes, ao


passo que na dupla tributaçã o econó mica (ou sobreposiçã o de impostos) há
ausência da identidade do sujeito. Este tipo de dupla tributaçã o verifica-se
justamente na tributaçã o dos dividendos que sã o tributados em Imposto Industrial
enquanto rendimento da sociedade e em Imposto sobre Aplicaçã o de Capitais
enquanto rendimento distribuído aos só cios.

Dica ninja: Distinção entre dupla tributação internacional e dupla tributação


interterritorial

A dupla tributaçã o internacional verifica-se quando um facto tributá rio está em


conexã o com dois ou mais ordenamentos tributá rios distintos pertencentes a
Estados soberanos. Por outro lado, verifica-se a dupla tributaçã o interterritorial
quando um facto tributá rio está em conexã o com dois ou mais ordenamentos
tributá rios distintos pertencentes a espaços fiscais diferentes dentro do mesmo
territó rio soberano.

d.3. Métodos para eliminar ou atenuar a dupla tributação internacional


dos rendimentos

O ó nus de eliminar ou atenuar a dupla tributaçã o do rendimento incide sobre o


Estado da residência. De acordo com o ius gentium, incumbe a este, porque tem
legimidade para tributar a globalidade dos rendimentos dos seus residentes.

E quais sã o os métodos de que o Estado da residência dispõ e para se desincumbir


desse ó nus?

Sã o dois os métodos principias:

 Método de isenção
 Método da imputação ou do crédito de imposto

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O método da isenção tem duas modalidades:

 Isençã o integral: aqui o rendimento de fonte externa nã o é tido em


consideraçã o seja para que efeito for em sede da tributaçã o dos
rendimentos de fonte interna;
 Isençã o com progressividade: aqui o rendimento de fonte externa é tomado
em consideraçã o, juntamente com os de fonte interna, para efeito de
determinaçã o da taxa progressiva aplicá vel ao rendimento global (de fonte
interna).

O método da imputação ou do crédito de imposto (tax credit) tem quatro


modalidades:

 Imputaçã o integral: aqui o Estado da residência deduz (subtrai) o montante


total do imposto estrangeiro, isto é, o imposto efectivamente pago no país
da origem do rendimento;
 Imputaçã o ordiná ria: aqui o Estado da residência limita a deduçã o à fracçã o
do seu pró prio imposto correspondente aos rendimentos provenientes do
país da fonte.
 Crédito de imposto fictício (tax sparing credit): aqui o Estado da residência
nã o deduz o imposto efectivamente pago no país da origem dos
rendimentos, mas deduz o imposto que teria sido pago nã o fosse a
circunstâ ncia de aí tais rendimentos serem objecto de benefício fiscal ou de
isençã o.
 Crédito de imposto presumido (matching credit): aqui o Estado da
residência deduz, por força de convençã o internacional ou de disposiçã o
interna, um montante superior ao imposto correspondente à taxa normal de
retençã o na fonte em vigor no país da origem dos rendimentos.

CAPÍTULO II

A RELAÇÃO JURÍDICA FISCAL

1. O carácter complexo da relação fiscal

A complexidade de relaçã o jurídica fiscal é visível a partir de diversos â ngulos ou


perspectivas. Vajamo-la a partir dos seus â ngulos mais salientes, ou seja, tendo em
conta os titulares (activos), os sujeitos (passivos), o conteú do e as relaçõ es em que
a mesma se analisa ou desdobra.

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1.2. A complexidade da relação jurídica fiscal

A complexidade da relaçã o jurídica fiscal resulta da (i) pluralidade sujeitos


activos e passivos, (ii) do seu contéudo e (iii) das relações em que a mesma de
desdobra.

Relativamente à pluralidade de sujeitos activos, podemos indicar:

a) Os titulares do poder tributá rio stricto senso;


b) Os titulares da capacidade tributá ria activa;
c) Os titulares da competência tributá ria;
d) Titulares das receitas fiscais.

Quanto à pluralidade de sujeitos passivos, encontramos:

a) O contribuinte;
b) Os substitutos;
c) Os retentores;
d) Os responsá veis fiscais;
e) Os suportadores econó micos do imposto (em caso de repercussã o); e
f) Os sujeitos passivos das mú ltiplas e diversificadas obrigaçõ es ou deveres
acessó rios.

Relativamente ao seu conteú do, temos:

i. Obrigaçã o de imposto ou principal

Obrigaçã o principal tem a ver como pagamento da dívida tributá ria.

ii. Obrigaçõ es ou deveres acessó rios

Obrigaçõ es ou deveres acessó rios sã o as que vim possibilitar o apuramento da


obrigaçã o de imposto, nomeadaemente a apresentaçã o de declareçõ es, a exibiçã o
de documentos fiscalmante relevantes, incluindo a contabilidade ou escrita, e a
prestaçõ es de informaçõ es.

1. Entre as obrigaçõ es ou deveres acessó rios, podem distinguir-se:


a) As obrigaçõ es ou deveres secundá rios, que integram, por um lado, os
deveres acessó rios da prestaçã o principal que se destinam a
preparar o cumprimento ou assegurar a perfeita execuçã o da
prestaçã o e, por outro, os deveres relativos a prestaçõ es
substitutivas ou complmentares da prestaçã o principal.
b) Os deveres de conduta, que têm com objectivo o regular
desenvolvimento da relaçã o de imposto e de baseiam no princípio da
boa fé (lealdade, protecçã o e confiança)

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Quanto à s relaçõ es em que se desdobram temos:

a) Relaçã o de imposto; e
b) Relaçõ es jurídicas acessó rias.

1.3. A obrigação Fiscal


1.3.1. Característica da Obrigação Fiscal ou de Imposto

A obrigaçã o fiscal apresenta diversas características que a diferenciam claramente


as obrigaçõ es jurídicas privadas. Assim a obrigaçã o fiscal caracterizar-se por ser
uma obrigaçã o: 1) legal, 2) pú blica, 3) exequível e executiva, 4) semi-executó ria, 5)
indisponível e irrenunciá vel, 6) autotitulada e 7) especialmente garantida.

1. É uma obrigação legal, porque se trata duma obrigaçã o ex lege, duma


obrigaçã o que tem por fonte a lei. Por isso nasce do encontro do factor
gerador ou facto tributá rio com a hipó tese legal, com o prescreve o artigo
24º do CGT, ao dispor que a obrigaçã o tributá ria se constitui com a
verificaçã o dos factos que definem a incidência do respectivo tributo.
2. Uma obrigação pública, dado a sua disciplina integrar o direito pú blico, o
que tem traduçã o nomeadamente na presunçã o de lagalidade do acto de
liquidaçã o ou acto tributá rio que suporta a sua exigibilidade.
3. Uma obrigação exequível e executiva, na medidae em que, por um lado, o
acto tributá rio nã o é, autoexequível, carecendo, portanto, de execuçã o e, por
outro lado, a sua execuçã o nã o está dependente de qualquer outra
pronú ncia para além da constituída pelo pró prio acto tributá rio.
4. Um obrigação semi-executiva, já que sua execuçã o corre, primariamente,
na administraçã o tributá ria (nos serviços de finanças do domicílio ou sede
do devedor ou da situaçã o dos bens, art. 9º do Có digo das Execuçõ es
Fiscais) e, secundariamente, nas salas tributá rias dos tribunais de comarca
(cfr., art. 10º do Có digo das Execuçõ es Fiscais).
5. Uma Obrigação indisponível e irrenunciável, uma vez que ao credor nã o
cabem, em princípio, quaisquer poderes para conceder morató rias, admitir
o pagamento em prestaçõ es ou conceder o perdã o da dívida (cfr., art. 61º
do CGT e nº2 do art. 72º do Có digo das Execuçõ es Fiscais).
6. Uma obrigação autotitulada, isto é, uma obrigaçã o relativamente à qual a
administraçã o fiscal – AGT – cria os seus pró prios titulos executivos,
constituídos pelas certidõ es de dívida extraídas pelos serviços competentes
das notas de cobrança ou de outros elementos que tiverem ao seu dispor,
sendo estas certidõ es que servirã o de base à instauraçã o do correspondente
processo de execuçã o fiscal – artigos 34º, 35º, 36º e 37º do Código das
Execuções Fiscais.

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7. Uma obrigação especialmente garantida, dadas as garantias especiais
que rodeiam o crédito tributá rio, garantias que colocam o credor tributá rio,
por via de regra, numa posiçã o particularmente vantajosa face aos credores
comuns.

1.4. O sujeito activo da relação jurídica Fiscal

A este respeito, é de começar por dizer que a titularidade activa da relaçã o


jurídico-fiscal em sentido amplo, comporta diversas situaçõ es, a saber: o poder
tributá rio, a compotência tributá ria, a capacidade tributá ria (activa) e a
titularidade da receita fiscal.

1. O poder tributário consubstancia-se no poder conferido


constitucionalmente ao legislador para criaçã o, instituiçã o, estabelecimento
ou ``inversã o``dos impostos e a sua disciplina essencial.
2. A competência tributária diz respeito à administraçã o ou gestã o dos
impostos, traduzida no lançamento, liquidaçã o e cobrança dos impostos,
uma competência que cabe a AGT.
3. A capacidade tributária activa traduz a qualidade de sujeito activo da
relaçã o de crédito em que a relaçã o fiscal se consubstancia. Consiste por
isso, na titularidade do crédito de imposto e demais direitos tributá rios,
uma qualidade inerente à personalidade tributá ria activa ou
susceptibilidade de ser sujeito activo da relaçã o jurídica tributá ria e que
cabe aos credores tributá rios, entre os quais se destaca, pelo seu
significcado e importâ ncia, o credor do imposto.
4. Titularidade da receita dos impostos resulta naqueles casos em que por
imposiçã o constitucional ou legal, as receitas proporcionadas por certos
impostos estejam subjectivamente consignadas a determinados entes
pú blicos que nã o tenham todas ou algumas das outras titularidades fiscais
activas.

1.5. O sujeito passivo da relação jurídica fiscal


1.5.1. Contribuinte, devedor do imposto e sujeito passivo
a) O contribuinte é a pessoa relativamente à qual se verifica o facto tributá rio,
o pressuposto de facto ou o gerador do imposto, isto é , o titular da
manifestaçã o de capacidade contribuitiva que a lei tem em vsita atingir e
que, por conseguinte, deve suportar a ablaçã o ou corte patrimonial que o
imposto acarreta.
b) Devedor do imposto é um sujeito passivo qualificado ou o sujeito passivo
que deve satisfazer perante o credor fiscal a obrigaçã o de imposto, isto é, a
prestaçã o ou prestaçõ es em que o imposto se concretiza. Em sentido

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estrito, o dever do imposto limitar-se-ia ao chamado devedor principal ou
originá rio, aquele em relaçã o ao qual o Fisco exige, em princípio ou em
primeira linha, a satisfaçã o do crédito de imposto. Todavia, num sentido
mais amplo, o devedor do imposto abrange também os chamados
devedores inderectos ou acessó rios, aos quais o Fisco exige,
excepcionalmente ou em segunda linha, o crédito de imposto.
c) O sujeito passivo da relaçã o fiscal é toda e qualquer pessoa, singular ou
colectiva, a quem a lei imponha o dever de efectuar uma prestaçã o
tributá ria, seja a prestaçã o de imposto, sejam as prestaçõ es
correspondentes à s mú ltiplas e diversificadas obrigaçõ es acessó rias.

Dica ninja: Distinçã o entre a situaçã o de sujeito passivo objecto de isençã o, da


situaçã o de nã o sujeiçã o a um imposto. Na primeira situaçã o (isençã o) estamos
perante um destinatá rio da correspondente norma de incidência, ainda que
objecto de isençã o (que mais nã o é do que uma posterior excepçã o à
incidência). Na segunda situaçã o (nã o sujeiçã o) deparamo-nos com uma
exclusã o tributá ria, com alguém que se encontra fora do â mbito da norma de
incidência, seja porque nã o foi positivamente considerado, seja porque, através
de uma delimitaçã o negativa da incidência, dela foi excluído.

1.6. A personalidade e capacidade tributária

A personalidade tributária traduz-se na susceptibilidade de ser sujeito (activo ou


passivo) de relaçõ es tributá rias, sendo inerente a esta a capacidade tributária (de
gozo), ou seja, a qualidade de ser titular dos direitos e deveres tributá rios
correspondentes. Mas, para além dos conceitos de personalidade e de capacidade
de gozo tributá rias, é de mencionar também a capacidade tributária de exercício
(ou de agir) como a medida dos direitos e deveres que cada sujeito pode exercer e
cumprir por si (cfr., 28º, nº1 e 30º do CGT).

Dica ninja: Em princípio, serã o sujeitos passivos das relaçõ es jurídicas tributá rias
os detentores de personalidade jurídica. Só assim nã o será quando a lei fiscal diga
o contrá rio, como acontece em diversas situaçõ es em que considera sujeitos
tributá rios entidades desprovidas de personalidade jurídica (por exemplo, as
sociedades irregulares e a herança jacente, ver os artigos 28º, nº4 e 29º do CGT e
al.b),nº1 do art.5º do Có digo do Imposto Industrial) ou, ao invés, nã o considera
sujeitos tributá rios entidades detentoras de personalidade jurídica (por ex.,em vez
de serem tributados os agrupamentos de empresas sã o tributadas as sociedades
integrantes do agrupamento).

Relativamente à capacidade tributária de exercício, que tem todos os sujeitos


tributá rios têm, nã o dispondo dela menores, interditos e inabilitados, há que ter

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em conta a parte final do artigo 30º do Có digo Geral Tributá rio que, no essencial,
remetem para a teoria da representaçã o em direito civil.

1.7. A representação legal, o mandato tributário e gestão de negócios


1.7.1. Representação legal

No caso de incapacidade de exercício ou de agir, isto é, no caso de menores,


interditos e inabilitados, essa incpacidade é suprida, também no direito dos
impostos, pelos representantes legais – os pais, tutores e curadores (art. 32º do
CGT). Os nã o residentes em territó rio angolano estã o obrigados a nomear um
represental legal, que pode ser uma pessoa singular como uma pessoa colectiva,
com residência, sede ou direcçã o efectiva em territó rio nacional ( cfr., 33º do CGT).

1.7.2. Mandato tributário

A representaçã o voluntá ria concretiza-se através do mandato fiscal. Este pode ser
celebrado pelos pró prios contribuintes e demais sujeitos passivos ou pelos seus
representantes legais, podendo abranger a prá tica de quaisquer actos de natureza
procedimental ou processual tributá ria que nã o tenham natureza pessoal.

Dica ninja: É obrigató ria em processo de execuçã o fiscal a constituiçã o de


advogado nas causas, indicados nas alíneas a), b) e c) do nº 1 do art. 6º do Có digo
das Execuçõ es Fiscais, quando o valor atendível para efeitos de custas,ultrapasse a
metade do Tribunal Competente com Jurisdiçã o Fiscal e Aduaneira – art. 6º nº 1 do
mesmo Có digo.

1.7.3. A gestão de negócios

A gestã o de negó cios está previsto no artigo 35º do CGT. Esclareça-se, a título
complementar, que a lei civil para qual remete o artigo 35º sã o os arts. 464º a 472º
do Có digo Civil e, bem assim, que a presunçã o contida no nº 3 do art. 35º constitui
um presunçã o elidível.

1.8. O domicílio fiscal

Dispõ e o artigo 36º da Lei nº 21/20 de 9 de Julho – Lei que altera o Có digo Geral
Tributá rio que, para efeitos tribitá rios, todo o contribuinte tem um domicílio fiscal
físico que consta da sua ficha de cadastro e um domicílio fiscal electró nico, definido
em diploma pró prio.

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1.8.1. Domicílio das pessoas singulares – art. 37º da Lei que Altera

Para as pessoas singulares o domicílio fiscal é o local da residência habitual. Assim


sendo, consideram-se residentes habituais no territó rio angolano os que, tendo
permanecido no país mais de 90 dias seguido ou interpolado, nele disponham, em
31 de Dezembro do correspondente, ano, de habitaçã o que façam supor a intençã o
de a manter e ocupar com residência habitual – cfr., art.37º nº 2 da lei que Altera.

1.8.2. Domicílio das pessoas colectivas – art. 38º da Lei de Altera

Para as pessoas colectivas o domicílio fiscal é o local da sede ou direcçã o efectiva


ou na falta destas, do seu estabelecimento está vel em Angola.

1.9. Estabelecimento estável – art. 39º do CGT

Quanto ao estabelecimento estável (ou permanente, como devia ser), este é


definido, nosso direito interno, isto é, no art. 39º, nº1, do CGT, como uma
“instalaçã o fixa, através da qual a empresa exerça toda ou parte da sua actividade”.
Nesta noçã o encontramos dois elementos:

1. Elemento estático: constituído pela organizaçã o através da qual é exercida


uma actividade;
2. Elemento dinâmico: constituído pela actividade exercida considerada em
si mesma. Essas actividades sã o consideradas de natureza comercial ou
industrial, ainda que acidentais – art. 1º, nº1, do Có digo do Imposto
Industrial.

Dica ninja: A lei prevê a existência de estabelecimentos está veis sem a presença
de uma instalaçã o fixa, ou seja, de estabelecimentos pessoais, como é o caso,
contemplado no nº 3 do art. 39º do CGT, de uma pessoa que, nã o sendo de
considerar agente independente, actue no territó rio angolano por conta de uma
empresa e exerça habitualmente poderes de intermediaçã o e de conclusã o de
contratos que vinculem a empresa.

1.10. O número de identificação fiscal

O número de identificação fiscal, vulgarmente conhecido por numero de


contribuinte, conscide com o nú mero do B.I.

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2. A substituição Tributária – arts. 45º e 46º do CGT
2.1. Noções e espécies

Nos termos do art.45º do CGT a “a substituiçã o tributá ria verifica-se quando, por
imposiçã o da lei, a prestaçã o tributá ria for exigida a pessoa diferente do
contribuinte” (nº 1), sendo a mesma “efectivda através do mecanismo da retençã o
na fonte do imposto devido” (nº 2).

Espécies:

Dica ninja: Distinçã o entre subsituição tributária em sentido próprio e substituição


tributária em sentido impróprio. A substituição tributária em sentido próprio se
verifica quando a retençã o na fonte é uma retençã o a título definitivo, tendo esta
natureza liberató ria relativamente ao pagamento do correspondente imposto. Aqui
o substituto paga imposto alheio, imposto de terceiro, havendo uma efectiva
separaçã o entre o contribuinte e o devedor do imposto. Já na substituição
tributária em sentido impróprio nã o há propriamente uma substituiçã o
tributá ria em virtude de o devedor do imposto continuar a ser o contribuite,
porque as retençõ es na fonte feitas pelo substituto constituem meros pagamentos
por conta. Aqui a qualidade de contribuinte qualidade de devedor do imposto
continuam reunidas na mesma pessoa, cabendo ao substituto apenas fazer
pagamentos por conta de imposto de terceiro, os quais, como entregas antecipadas
do imposto que o contribuinte há -de pagar, constituem uma espécie de medida
cautelar.

Dica ninja: Distinçã o entre substituição total e substituição parcial. A substituiçã o


total verifica quando a mesma respeite à obrigaçã o de imposto e à s
correspondentes obrigaçõ es acessó rias. Ao passo que a substituiçã o parcial
verificar-se-á quando o substituído tiver de cumprir a generaiidade ou alguma das
correspondentes obrigaçõ es acessó rias do imposto.

2.2. Regime Jurídico

Quanto à relaçã o entre o substituído e o contribuinte (por ex., empresa e o


trabalhador) temos um direito de retençã o ou de regresso do subsituto face ao
substituído ou contribuinte (cfr., art. 46º do CGT).

De acordo com art. 74º do CGT, há na substituiçã o tributá ria três situaçõ es de
responsabilidade tributá ria, a saber: (1) no caso de o imposto ter sido retido e nã o
entre nos cofres do Estado, o substituto é o ú nico responsá vel, ficando o
substituído desonerado de qualquer responsabilidade pelo seu pagamento; (2) na
hipó tese de a retençã o ter natureza de pagamento por conta do imposto do
substituído ou contribuinte devido a final, cabe a este a responsabilidade originá ria
pelo imposto nã o retido e ao substituto a responsabilidade subsidiá ria, ficando
ainde este sujeito aos juros compensá tó rios desde o termo do prazo para
apresentaçã o da declaraçã o pelo contribuinte até à data data da entrega do

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imposto retido se anterior; (3) nos caso de retençã o na fonte com natureza de
pagamento difinitivo em que o subsituto nã o procede à retençã o, o substituto é o
responsá vel originá rio e o substituído o responsá vel subsidiá rio pelo pagamento
das importâ ncias que deviam ter sido retidas e nã o o foram.

3. A responsabilidade tributária

Esquematicamente, tendo em conta a linguagem do legislador do CGT, podemos


apontar as seguintes situaçõ es:

Por dívidas pró prias

Responsabilidade solidariedade tributá ria

solidá ria

Por dívidas alheias

Responsabilidade tributá ria

Subsidiá ria

3.1. A solidariedade tributária

Verifica-se quando o credor do imposto pode exigir o cumprimento integral da


dívida tributá ria (em que, nos termos do art. 47º nº 2, do CGT se incluem os juros
e demais encargos legasi) tanto ao devedor com ao responsá vel ou responsá veis. O
que acontece, podemos dizer, excepcionalmente, ou seja, quando a lei
especificamente o prescreva, como nas situaçõ es previstas nos artigos 71º, 73º,
74º nº2 e 75º todos do CGT.

3.2. A responsabilidade tributária

A responsabilidade tributá ria é, de acordo com o disposto no art. 47º nº 3 do CGT,


por via de regra, de naturesa subsidiária face ao devedor originá rio (ao
contribuinte), embora possa ser subsidiá ria ou solidá ria na relaçã o entre diversos
responsá veis no caso de pluralidade de responsá veis tributá rios. A
responsabilidade tributá ria é, excepcionalmente, solidária face ao devedor
originá rio quanto, por exemplo, aos rendimentos sujeitos a retençã o que nã o tenha
sido contabilizados nem comunicados, caso em que o substituto assume a
responsabilidade solidá ria pelo imposto nã o retido – art. 74º,nº2 do CGT. E
também nos casos de responsabilidade dos liquidatá rios (art.73º),
responsabilidade dos só cios de sociedades de responsabilidade ilimitada (71º) e
responsabilidade dos gerentes de bens ou direitos de nã o residentes (75º).

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3.3. Responsabilidade dos administradores, gerentes e mandatários

Dica ninja: O que importa destar aqui é a alteraçã o introduzida pela lei nº 21/20
de 9 de Julho – lei que altera o Có digo Geral Tributá rio – no nº2 do art.72º,
relativamente a distribuição do ónus da prova. Assim sendo, cabe à
Administraçã o Tributá ria a prova da culpa dos ex-administradores ou ex-gerentes
relativamente à s dívidas tributá rias cujo facto constitutivo se tenha verificado no
período de exercício do seu cargo ou cujo prazo legal de pagamento ou entrega
tenha terminado depois do referido prazo. E aos administradores ou gerentes em
funçõ es cabe prova de ausência de culpa na insuficiência do patrimó nio da
sociedade no respeitante à s dívidas tributá rias cujo prazo legal de pagamento ou
entrega tenha terminado no período do exercício do cargo.

4. Transmissão do crédito tributário

Os créditos tributá rios apenas sã o transmissíveis nos casos previstos na lei


(art.42º do CGT). Constitui o caso da sub-rogação previsto na lei, no art. 56º do
CGT.

4.1. Sub-rogação tributária – art. 56º do CGT

Para que se verifique a sub-rogaçã o tributá ria é necessá rio que o terceiro
proceda ao pagamento da totalidade da dívida e se verifiquem certas
condiçõ es:

a) Ter decorrido o prazo do pagamento voluntá rio do imposto; e


b) Haver o terceiro requerido a sub-rogaçã o.

Dica ninja: O terceiro, que pague o imposto de outrem e obtenha a sub-rogaçã o,


assume assim, na relaçã o tributá ria, o lugar que cabia antes à administraçã o
tributá ria. Daí que: de um lado, o crédito do sub-rogado face ao devedor fique com
as mesmas garantias, pessoais e reais, que tinha o crédito da administraçã o
tributá ria; de outo lado, tenha ao dispor o mesmo processo de cobrança coerciva,
isto é, o processo de execuçã o fiscal (cfr., 65º do CGT).

5. Transmissão da dívida tributária


5.1. Sucessão mortis causa – art. 43º do CGT

Em conformidade com o artigo 43º do CGT, as dívidas fiscais do de cujus se


transmitem aos respectivos sucessores – herdeiros ou legatá rios. Porém, como
facilmente se compreenderá , estes só sã o responsá veis pelas dívidas à
administraçã o tributá ria até à s forças da herança ou do legado.

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Nota: As dívidas tributá rias nã o se transmitem <<intervivos>>, salvo nos casos
previstos na lei (vide art, 44º do CGT).

6. Extinção da obrigação fiscal


6.1. O cumprimento

A forma normal de extinçã o da obrigaçã o fiscal é o seu cumprimento, que pode ser
voluntá rio ou coercivo ( art.55º alterado lei nº 21/20 de 9 de Julho e 36º do Có digo
de Execuçã o Fiscal).

O pagamento voluntário das dívidas tributá rias é o que é efectuado dentro do


prazo estabelecido nas leis tributá rias – nº 2 do art.36º do Có digo de Execuçã o
Fiscal – podendo as prestaçõ es tributá rias ser realizadas por qualquer meio de
pagamento previsto do artigo 55º na lei que altera.

Dica ninja: quando docorre o prazo para o pagamento voluntá rio, começam a
contar juros de mora. Quando o contribuinte nã o possa cumprir integralmente de
uma vez a dívida tributá ria poder requerer o pagamento em prestaçõ es, quer no
decurso do prazo voluntá rio, quer no â mbito do processo de execuçã o – art.72º do
Có digo de Execuçã o Fiscal.

6.1.1. Distinção entre juros de mora e juros compensatórios

Os juros de mora sã o devidos quando o sujeito passivo nã o pague o imposto no


prazo legal, sendo a sua taxa de 1% devida por cada mês ou fracçã o (cfr., artigo 52º
da lei que altera). Há um limite legal ao montante de juros de mora até 5 anos.

Já os juros compensató rios sã o devidos “quando, por facto imputá vel ao sujeito
passivo, for retardada a liquidaçã o de parte ou da totalidade do imposto devido ou
a entrega de imposto retido ou a reter no â mbito da substituiçã o tributá ria”, sendo
a sua taxa de 1% devida por cada mês (cfr., 51º do CGT altera pela lei nº 21/20 de
9 de Julho).

Nota: Estes juros nã o podem confundir-se com os juros indemnizatórios, juros


devidos ao contribuinte ou sujeito passivo pelo excesso de imposto pago imputá vel
a erro da administraçã o tributá ria.

Dica ninja: Terminado o prazo de pagamento voluntá rio, pode o contribuinte: 1)


requer o pagamento em prestaçõ es se e na medida em que as leis tributá rias assim
o contemplem; 2) caso nã o se verifique o cumprimento voluntá rio, entã o tem
lugar, nos termos do art. 36º do CEF, a extracçã o da certidã o de dívida por parte da
administraçã o tributá ria com base nos elementos que tiverem ao seu dispor.

7. Outros modos de extinção da obrigação fiscal


POR: ANTÓNIO MANUEL CHALUMBO
TEL: 942212680
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