Jofo Grilo é um repsrter da Folha
Florestal. Hoje ele conseguiu um furo
de reportagem entrevistando a dona
Formiga sobre aquela sua eterna
disputa com a dona Cigarra.
REPORTER: Dona Formiga, é verdade que
a senthora e a Cigarra sfo inimigas?
DONA FORMIGA: Inimigas? Hu nao tenho
inimigos! Mas esta senhora nos
incomoda ha anos, cantando fora de
hordrio, atrapalhando a concentragdo
no nosso trabalho, dizendo que nds
somos quadradas, retrégradas, sovinas.
Que s6 vivemos para trabalhar,
juntando folhinha por folhinha
debaixo da terra.
REPORTER: E por acaso isso ndo
é verdade?
DONA FORMIGA (indignada): Isso é
apenas um ponto de vista! Nosso
trabalho € todo computadorizado. Nés
temos um banco de fungos com tudo
classificado. Nosso formigueiro é
modernissimo!
REPORTER: Mas corre por af uma lenda
de que os antepassados da senhora
deixaram morrer de fome, num inverno,
uma pobre cigarra, com um estoque
milionério de folhinhas guardado no
formigueiro, 86 porque a coltada vivia
cantando na primavera, sem trabalhar.
DONA FORMIGA: Esse é um assunto de
familia. E roupa suja se lava em casa,
Nao tenho nada a declarar!
REPORTER (insistindo): Mas no
cemitério das cigarras tem um timulo
da cigarra descanhecida.
E parece que ela morren
na porta de um formigueiro
DONA FORMIGA: Eu s6 sei dizer, caro
senhor, que enquanto nés trabalhamos,
pensando no futuro dos nossos filhos,
as cigarras ficam por af se exibindo,
querendo ser artistas. E sabe como é
artista, no tem seguro de vida!
REPORTER: Uma iiltima pergunta. A
senhora é contra ou a favor do canto
das cigarras?
DONA FORMIGA: O senhor nao me
comprometa, senhor repérter! $6 digo
uma frase muito antiga: quem canta na
primavera deve dangar no inverno,
longe da porta dos outros.
E tenho dito!