Você está na página 1de 3

A Unidade de Terapia Intensiva (UTI) consiste em um setor provido de terapias específicas,

suporte avançado de vida, métodos invasivos de monitorização e uma abordagem


multidisciplinar e integrada do cuidado do paciente grave ou com potencial de gravidade.

Em geral, principalmente no sistema público de saúde, a demanda por leitos de terapia


intensiva supera a disponibilidade dos mesmos. Nesse sentido, torna-se necessário a
sistematização e priorização das indicações de UTI. Cada instituição costuma ter um
protocolo de triagem, considerando a disponibilidade de recursos e o perfil dos pacientes.

A necessidade de admissão em UTI considera fatores como necessidade de suporte


avançado de vida, diagnóstico, condição clínica do paciente, sinais vitais, idade, prognóstico
e potencial benefício de um leito crítico em relação ao desfecho. Além disso, é ideal que
seja levado em consideração também o prognóstico, funcionalidade prévia e os desejos do
paciente em relação às possíveis intervenções e a sua condição clínica.

- Prioridade 1: pacientes graves que necessitam de suporte avançado de vida,


monitorização invasiva, em uso de drogas vasoativas e terapias que requerem leito
de UTI (ex: TSR continua, ECMO, balao intra aortico, …)
- Prioridade 2: pacientes em condições clínicas semelhantes às descritas
anteriormente, porém com baixa probabilidade de recuperação ou alta ou que não
candidatos a RCP (ex: paciente com câncer metastático em choque séptico e
insuficiência respiratória por uma pneumonia, …)
- Prioridade 3: pacientes que possuem alguma disfunção orgânica que precisam de
monitorização invasiva e não estão dependente de suporte avançado de vida, porém
possui um risco significativo de deterioração clínica (ex: insuficiência respiratória em
uso de VNI, AVE com risco de rebaixamento do nível de consciência, …)
- Prioridade 4: pacientes com quadro clínico semelhante ao descrito acima, porém
com menor probabilidade de sobrevivência ou melhora e que não são candidatos a
suporte avançado de vida (ex: IOT, RCP)
- Prioridade 5: pacientes em fase terminal de vida. Em geral, nao sao candidatos a
leito de uti, a menos que sejam possíveis doadores de órgãos

● Anamnese no doente crítico

A medicina de emergência é conhecida pelo atendimento a qualquer perfil de paciente,


independente de lugar ou situação, com diferentes níveis de gravidade. A depender do
status clínico, a abordagem inicial pode precisar ser realizada de forma mais ágil e
direcionada, possivelmente, não sendo coletadas todas as informações necessárias
inicialmente. Por exemplo, um paciente vítima de queimadura e sinais de acometimento de
vias aéreas, assegurar a pervidade da via aérea é prioritário a ter conhecimento de
antecedentes prévios e alergias.

A anamnese e o exame físico são as principais ferramentas na abordagem diagnóstica e


terapêutica do paciente e são variáveis a depender da especialidade. No departamento de
emergência, ela deve ser realizada de forma direcionada e objetiva, considerando a
gravidade e o volume de pacientes. Em geral, recomenda-se que seja realizado entre 10 a
15 minutos.
Entretanto, na sala de emergência, frequentemente, não é possível a anamnese ser
realizada com o próprio paciente (ex. obstrução de via aérea, inconsciência, desconforto
respiratório), sendo necessário a coleta de informações com o familiar ou apenas a
avaliação primária (ABCDE abordado previamente).
O objetivo do médico emergencista durante a coleta da história é diagnosticar e excluir
causas graves relacionadas à queixa principal do paciente e, quando possível, realizar o
diagnóstico correto. Isso quer dizer que eventualmente o diagnóstico final não será
realizado no pronto socorro, porém descartado causas graves daquela queixa e será
encaminhado para investigação ambulatorial. Por exemplo, uma queixa muito comum no PS
é dor torácica, sendo a grande maioria associada a condições de baixo risco. A minoria dos
casos são condições de alto risco, porém com uma elevada morbimortalidade, como
síndromes coronariana e aórtica agudas.

A anamnese geralmente inicia-se com a apresentação do profissional e identificação do


paciente, sendo seguida pela história da doença atual (HDA). A HDA consiste em descrever
a queixa principal do paciente, o motivo que o levou a procurar atendimento médico. Um
mnemônico que pode ser utilizado, relatado no livros didáticos da graduação, é o
“OPQRST” (onset, provocative/ palliative, quality, region, radiation, severity, timing, temporal
relationships, therapeutics), que corresponde ao início, fatores desencadeantes, de melhora
ou piora, qualidade do sintoma, localização, irradiação, intensidade, cronologia e frequência/
recorrência e tratamentos realizados, não necessariamente nesta ordem. Outras
informações também são importantes, como comorbidades, uso de medicações, alergias,
exposição ou uso de substâncias, história social e familiar.

Outro método de abordagem muito difundido no departamento de emergência é o SAMPLA


(ou SAMPLE, em inglês), que consiste em: sinais e sintomas; alergias; uso de medicações;
passado médico ou doenças prévias relevantes; última ingesta de líquidos e alimentos; e
ambiente. Este método é pouco validado na literatura em relação a melhora do cuidado ao
paciente, porém é muito utilizado pelos profissionais com o intuito de sistematizar e
padronizar coleta de informações relevantes.

S: Sinais e sintomas
Esse tópico corresponde às queixas relatadas pelo paciente, quando possível, e os
sintomas, como desconforto respiratório, má perfusão tecidual.

A: Alergias
Neste item, é avaliado a presença de alergias a medicações, alimentos, insetos ou outras
substâncias e se houve exposição a alguma substância.

M: Medicações
Questionar quais medicações o paciente faz uso, a posologia e se o mesmo faz o uso
adequado.
P: Passado médico
Este corresponde às doenças atuais e prévias apresentadas pelo paciente, geralmente são
relevantes para estratificação de risco para determinados diagnósticos.

L: Líquidos e alimento
Neste tópico, questiona-se quando foi a última refeição, além do uso de álcool, tabaco ou
outras substâncias.

A: Ambiente
Este item avalia a cronologia do adoecimento ou mecanismo de lesão do paciente. Por
exemplo, é frequente pacientes procurarem atendimento com relato de perda de
consciência associada a trauma, porém saber se houve perda de consciência seguida de
queda ou houve um trauma seguido de perda de consciência é imprescindível para
investigação deste paciente.

Você também pode gostar