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A primeira coisa que tenho a dizer é que… eu não vou para o mestrado.

A sofia
confirmou-me que temos uma cadeira própria para a tese e era uma péssima ideia estar a parar
porque iria cair no segundo ano com muita desvantagem e de paraquedas e ia ter de abandonar as
pessoas que estavam a investigar comigo, neste caso tu. Iria estar a pôr este processo ainda mais
confuso do que já está, arriscaria muito a estragá-lo e eu não posso fazer isso porque é a minha
formação que está em jogo, além que eu contei ao meu pai e obviamente ele deu-me um sermão
sobre ainda estar a ponderar porque ele já tinha ido ver isso e na mente dele eu iria repetir as
cadeiras este ano, também não posso arriscar que ele só se irrite e me tire da faculdade porque a
paciência eterna dele está a acabar como é compreensível.
Tenho a dizer que eu fiquei mesmo em pânico e a tremer quando lhe liguei e isso ficou
“oficialmente” estipulado. Fui-me acalmando porque, apesar de querer ter um ano normal e ter
imenso medo de o fazer outra vez por causa destes dois últimos, depois percebi que mais vale
prejudicar este ano e a partir daí fazer o meu processo normal e com a minha vida mais bem
direcionada, do que continuar assim. Porém, mesmo com esse certo alívio, eu continuei com um
certo pânico, até me aperceber que o que me estava a incomodar mais era a outra metade da
equação. O pensamento: “além que eu e o Rúben podemos ver-nos na mesma como foi até agora,
então mesmo que não seja o ideal, está tudo bem” não me estava a dar qualquer alívio ou
segurança, visto que eu não acreditava nas minhas próprias palavras.
Não namoramos, é verdade. Porém.. eu senti como se ao longo do tempo fosse
praticamente o mesmo, visto que comecei a ver um real esforço da tua parte. Tu foste-me
priorizando tanto quanto podias, eu notava na forma de agires e falares que gostavas de mim e
querias estar comigo. Perante esta situação, é algo que já valorizei e valorizo imenso e como te
disse foi a junção disso tudo que me fez e faz continuar cá, mesmo quando tento não ouvir a
minha parte emocional. Não é algo que a minha mente esteja em guerra, contudo, eu tenho noção
que há “pormenores” que eu fui ignorando e não o deveria ter feito:
1- Todo o cuidado (natural) que deixaste de ter ao falares comigo. Eu não vou massacrar-te
mais com isto a dar-te exemplos nem nada porque já os dei, mas resumindo: se me vais deixar à
espera, mesmo que a culpa não seja tua, eu preciso que me incluas nos teus planos quando falas
comigo. Preciso que ajas e fales de forma que entenda que isso realmente é o teu objetivo
principal, partido do pressuposto que realmente seja. Percebo que tenhas o teu plano B mas,
quando falas disso poderias ter a consideração de me esclarecer e não me deixar pensar que
mudaste de ideias ou já não tens tanta certeza. Nunca prometeste que isto iria correr bem no fim,
no entanto, se me manténs cá eu assumo que seja por estares a fazer tudo ao teu alcance para que
corra.
2- Eu não posso fazer muito para o futuro como tu podes, porque se formos a ser honestos
aqui, eu não tenho noção de mais de metade das coisas do teu estado e da tua vida como
realmente são. Contudo, não me impede de dar o melhor de mim no presente e é tudo o que tenho
tentado fazer até agora. Tenho aproveitado este tempo para tentar ajudar-te o máximo possível
(sendo que isto também é apenas por ti óbvio) e tenho tentando sempre falar contigo sobre os
meus medos, inseguranças, razões delas etc antes de lhes dar ouvido e seguir essas vozinhas
irritantes. Eu sei que até se pode tornar chato às vezes mas perante tudo, pensei que pelo menos
poderíamos retirar o melhor da situação toda e aprendermos como caminhar ainda melhor juntos.
Prometemos começar do zero exatamente para isso, eu já falei contigo muitas vezes sobre termos
de estar mais um para o outro do que nunca. Inúmeras coisas estão a acontecer nas nossas vidas e
em todas as vezes tive de ser eu a impedir-te de te afastares a lembrar-te que estou aqui e a
relembrar-te que se estamos juntos é para nos apoiar um ao outro e não nos isolar como é o hábito
de cada um.
Até aí honestamente tudo bem, estás a passar por demasiado mesmo contigo próprio para eu
julgar essas tentativas de te isolares. Porém, apesar de respeitar isso também sei os limites e
também sei ver que, na mesma, depois deste tempo todo o teu primeiro instinto continua a ser
quase sempre esse. Eu não acredito que esta atitude tua de teres feito os planos de forma a
isolares-te, seja algo totalmente novo, pode ter sido no teu consciente mas eu já o sabia que o ias
fazer mal discutimos aquela semana. Não estava a prever tudo isto, mas estava a prever que te ias
aproveitar para te afastares mais de alguma forma.
No entanto, uma parte de mim, estava à espera que lutasses contra toda essa atitude. Esperava
que quisesses aproveitar este ano de “evolução” para o fazeres comigo, mas de uma melhor forma
e com mais equilíbrio. Era o que sempre te dizia durante todo aquele inferno que passaste este
ano. Mesmo com todas as adversidades do exterior, esperava ter um ano mais tranquilo contigo
independentemente de eu poder ir para o mestrado também ou não. Esperava que fossemos
planear as coisas juntos, esperava que fossemos falar de como todo o ano iria correr juntos, de
como íamos cuidar melhor de nós, tal como falamos nos nossos hábitos e concordamos em
dormir melhor naquele dia, esperava que fosse generalizado para tudo.
Apesar de continuar a dizer que foste tu que criaste essas expectativas em mim, mesmo que
até tivesses razão e as tivesse criado sozinha, é isto que quero para mim. Alguém que quando
pense em “evoluir”, pense em evoluir ao meu lado e não que tenha a atitude de: “então arranja
alguém que aches que te merece” porque se eu me dou ao trabalho de falar contigo, é porque
quero que tu sejas essa pessoa. Foi contigo que tentei avançar para construir toda esse processo
este tempo todo. É contigo que quero uma vida no futuro.
3- Sim eu estou totalmente desapontada como organizaste os teus planos, contudo ainda
poderia haver uma chance de conseguir perceber, visto que foi sempre isso que tenho tentado
fazer Rúben.
Eu nunca te impedi de fazeres nada. Sempre tentei agir de forma a ajudar-te em tudo Rúben.
Não me lembro de te ter prejudicado alguma vez em relação à faculdade ou ter-te feito perder o
tempo dos teus projetos. Percebo que se não estivesses a falar comigo poderias ter avançado mais
rápido à noite ou algo do género, mas como te disse no outro dia, isso é qualquer ser humano,
mas alguém saudável e equilibrado não decide deixar tudo de parte só para ser cem por cento
produtivo. Apesar de ter reclamado naquele dia do facto de não reservares vinte minutinhos para
relaxares comigo longe de alguma coisa relacionada com projetos/estudo à noite, eu disse “às
vezes/raramente”. De resto, sempre gostei de falar contigo, ajudar-te e ficava entusiasmada para
finalmente podermos falar durante horas e horas todos os dias que o fazíamos. Acima de tudo, eu
percebia a fase que estavas a passar e quis sempre ajudar-te nem que fosse apenas em termos
emocionais, tentar tornar as coisas mais leves e aliviar um pouco o stress por estarmos os dois a
ter o nosso momento. Mesmo nos piores dias, isso foi sempre o que pensei que estava a fazer,
embora parece que estou e estava enganada.
Por isto tudo, eu cheguei à conclusão que o que poderia estar a fazer-te rotular-me como uma
“distração”, é a tua própria consciência de saber que não devias estar a fazer as coisas da forma
que estás a fazer agora. Eu nem te ia impedir de nada mas já pensavas que haveria uma hipótese
de eu o tentar fazer se viesses falar comigo antes, então não quiseste arriscar e como estávamos
afastados, tiveste espaço suficiente para sentir que podias tentar convencer-me que não tínhamos
nada sólido o suficiente. Afinal, se não temos nada não tens de falar comigo sobre nada certo?
Como deves imaginar, eu considerei essa tentativa algo grave Rúben. Não, não considero que
namoremos como disse, mas considero que temos algo forte o suficiente para teres de me avisar
sobre planos de um ano inteiro que automaticamente me afetam direta ou indiretamente.
4- Mesmo que eu já me tenha acalmado, pensar que te pedi tanto no início do ano para não
entrarmos mais numa montanha-russa entre nós e no fim só decides voltar a afastar-te
emocionalmente, sem sequer me avisares e deixares que eu descobrisse acerca da tua
“indisponibilidade” já a meio, continua a soar-me algo grave também e a magoar-me bastante.
Isto a não querer assumir que só ias deixar tudo ocorrer “naturalmente” à espera que eu não
reparasse na tua ausência e na tua atitude comigo “igual para qualquer pessoa”, visto que íamos
estar na faculdade e planeavas estar como se nada fosse. Provavelmente só iria ficar confusa e
irias conseguir manter-me por perto na mesma para daqui a um ano já voltares a estar como
estiveste comigo. Uma parte de mim até acredita que nem tiveste noção que só terminaste as
coisas comigo de tão só autocentrado que estás, mas o problema foi continuares a achar que não
fizeste nada de mau e não me devias nada, mesmo com todas as explicações que te dei.
Antes que penses sequer alguma coisa: não tenho de te dar autorização para nada, eu sei.
Contudo, como deves imaginar, não foi uma decisão de qual sabor de panquecas vais comprar,
foram decisões muitos seguidas e muito sérias que fizeste sem me consultar e sem me tomar em
consideração. Se era para fazeres este tipo de coisas preferia que só não tivéssemos estabelecido
nada, se não é exatamente a mesma coisa de sermos “amigos coloridos” ou algo do género e
talvez fosse isso que éramos até agora e eu nunca me apercebi, mas realmente pensei que éramos
muito mais do que isso e tínhamos laços, respeito e uma preocupação mútua consideravelmente
mais fortes que isso também.
5- Não, a tua viagem com a rapariga não é uma espécie de traição, eu não considerei isso
mesmo o tendo dito de cabeça quente, contudo, é um corte enorme na minha confiança. Primeiro,
a forma como me contaste foi horrível. Tu sabias que eu estava mal, eu contei-te coisas que nunca
contei a ninguém naquela madrugada e tu notaste que eu não continuava nada bem quando te
disse que tinha acabado de falar com o meu pai e recusei-me a falar contigo, algo que nunca fiz
apenas por cansaço ou tristeza e mesmo assim foste capaz de me atirar a informação que ias
viajar com uma rapariga que nunca tinha ouvido falar como se nada fosse. Não é algo que se faça
sabendo que me iria afetar mesmo que não tivesse razão para ficar chateada, muito menos esperar
que fizesse todas as perguntas e ficasse com ansiedade até finalmente me responderes como um
ser humano que passou pela primária e sabe escrever uma frase completa a explicar algo. Tu
sabias que eu ia perguntar, porque é que não disseste só que estavas ocupado? Eu raramente te
pergunto algo quando dizes isso visto que quero evitar certas respostas. Claro que eu quero que
me contes coisas como essa mas já que não explicaste quando era suposto (ou seja, antes de
tomares a decisão) podias ter esperado mais um dia para o fazer e não quando te digo que nem
falar quero, é questão de senso comum Rúben. Não percebo como não te importaste em atirar-me
para cima o que sabias que ia ser mais uma preocupação e nem te deste ao trabalho de dizer uma
única palavra de conforto ou, já que falaste, explicar-me realmente direito as coisas. Só me
explicaste melhor no outro dia porque eu me chateei, se não mais uma vez só o irias fazer mais
tarde ou nem o irias fazer de todo.
Eu não vou repetir a lengalenga da razão de me teres de contar isso, porque é a mesma do
ponto anterior. Contudo, eu quero acrescentar uma coisa nisto: eu não aceitaria isto se
estivéssemos a namorar e quero que isto fique um ponto bem assente e que tomes em
consideração para a tua decisão no futuro. Pelo menos, ires sozinho com ela, não sei se percebi
bem nesse aspeto ou não, mas não me interessa mais no presente para ser sincera. Só espero que
quando me disseste “não querer estar contigo para não me atrapalhar” não seja porque estás a
pensar que, se namorasse contigo, iria ter de aceitar isso. Neste momento, se a tua namorada o
aceita, eu não poderia dizer nada, no entanto, apenas gostava que tivesses falado comigo (embora
aqui a minha teoria ainda se reforça mais de teres acabado as cenas comigo na tua cabeça para tu
próprio não te sentires mal de o fazer). Já quiseste conversar comigo até acerca das raparigas que
iria encontrar no mestrado, como raios achaste que não iria ficar mal e não me iria importar em
saber que estás a viajar com uma rapariga que conheceste há um mês? Para o que te apetece já
consegues perceber que algo me vai deixar mal, mas para o que já não te convém essa capacidade
ou preocupação desaparece, incrível. É que sequer acreditar que precisas mesmo disso, sendo que
não a conhecias, é bastante difícil e como também não fizeste o mínimo esforço para me fazer
entender (sabendo que ainda por cima isso vai ser no tempo em que decidiste que eu só existia em
duas/quatro horas do teu dia) eu também não vou fazer o esforço de te tentar entender nisto
sozinha. Por isso, só avaliando pela nula informação que tu me deste, apenas concluo que foi só
um reforço de todas as razões pelas quais penso que não te importas já assim tanto comigo.
6- Prioridades. Eu já aceitei isto durante muito tempo e cada vez foi a dar-te uma chance de:
“ele vai mudar de ideias e é só a fase que ele está a passar e por tudo o que já aconteceu entre
nós”. Já há muito tempo que me sinto magoada por dizeres que não me irias pôr como prioridade,
sendo a principal razão da frase: “se não me perdoaste, diz” porque tu dizes que sim, mas ages
como se não. Eu quis dar-te tempo e iria continuar a dar porque reconheço o teu esforço para
deixares o passado no passado, no entanto, isto foi demais Rúben. Quando bem te apeteceu,
puseste-me no fundo das tuas prioridades só porque te dá mais jeito. Este tempo todo continuas a
agir como “não vou pôr pessoas em prioridade porque vou-me magoar no fim e não vale a pena”
não te julgo minimamente por isso, sei o efeito do que fiz. Contudo, já te dei inúmeras
oportunidades de me dizeres isso diretamente e todas as vezes disse que iria entender.
Quando uma pessoa perdoa alguém, não pensa dessa maneira, dá realmente outra chance
verdadeira e completa. Se realmente é como te tornaste ou te queres tornar, eu também tenho de
dizer que… eu não quero isso para mim, lamento. Eu esforcei-me imenso para que voltasses a
confiar em mim, para demonstrar-te tudo o que sinto e todas as minhas intenções contigo e não
acho que mereça estar com alguém que não é sincero comigo ou que, no caso de já realmente me
teres perdoado, não me ponha em prioridade. Não estou a dizer em questão de escolha de:
trabalho ou ela. Mas, simplesmente eu acredito que nenhum dos dois tenha de ser sacrificado
desta forma, claro que há fases e eu sempre entendi quando tiveste de priorizar algo acima
durante uma pequena fase, mas isto não é só de agora. Há muitos meses que me andas a fazer
questão de dizer tudo isso e, se é assim que te sentes… eu percebo, mas depois do radical que
foste agora a planear as coisas, eu apercebi-me onde realmente me estava a meter e eu não quero
isso para o meu futuro. Não quero alguém que quando se sente mal consigo próprio, em vez de
tentar falar e arranjar as coisas ao meu lado, decida que me vai sacrificar. Eu não estou aqui para
ser sacrificada Rúben. Tu dizes que esta é a tua melhor versão, mas se consideras a tua melhor
versão deixar as pessoas de lado quando te dá mais jeito, fingir que nada se está a passar e
sacrificar o amor pela vida profissional em vez de só tentar equilibrar ambos da melhor forma e
procurar a ajuda da pessoa com quem supostamente quer estar para isso… eu realmente não
quero isso, como espero que consigas entender.
Quero deixar claro que eu não sou o tipo de pessoa que te vai obrigar a escolheres-me de uma
forma absoluta como muitas talvez exigiriam, até porque eu nem concordo com isso para o meu
próprio estilo de vida. Porém, sou o tipo de pessoa que vai querer que haja o máximo de
equilíbrio possível entre mim e a vida profissional.
Continuas a ter a terceira opção, oposta da primeira e simplesmente priorizar a vida
profissional de forma absoluta, mas como deves imaginar, não é compatível comigo e não me
adianta fingir que é. Só vai fazer mal a ambos porque nunca me vou sentir bem e, mesmo que
esconda no futuro, vai acabar por refletir e entretanto irias acabar por te sentires mal por isso e eu
não quero nada dessa tempestade mental para nenhum dos dois Rúben.
Não há escolha errada entre as três formas, simplesmente cada um é como é e, como sempre
te disse, a última coisa que quero é que fujas de ti próprio. Por isso, é apenas uma conversa
contigo próprio que tens de ter e definir de uma forma muito honesta, como realmente queres ser
e agir, para que não sofras ou fiques frustrado também.
7- O facto de muitas vezes teres dito que a paixão acaba com o tempo. Rúben… percebo que
só estávamos a falar normalmente e estavas a explicar cientificamente e também percebo essa
parte da tua personalidade etc. Mas, não é algo que se consegue apreender emocionalmente
quando se está realmente apaixonado por alguém. Apesar de tudo o que já aconteceu e tudo até
agora e do quão magoada e chateada estou, eu sei que se tiveres comigo, vais perceber claramente
que nada mudou nos meus sentimentos. Apesar de a tua mente ter-te dito que não, o teu instinto
disse-te logo que eu ainda gostava de ti quando voltaste. Isso é algo que a pessoa expressa mesmo
que tente não o fazer. Não estou a dizer que não expressas isso quando estás comigo, porém,
parece que não é forte o suficiente se és capaz de dizer isso de uma forma tão clara de que “esse
sentimento é para adolescentes” tantas vezes como já o disseste este ano. Não é por nada que a
frase “fazes-me sentir como uma adolescente” é muito conhecida para o estado de quando as
pessoas são adultas e apaixonam-se. Porque sim é verdade, é um sentimento associado à
adolescência, porque por norma é quando sentes tudo isso pela primeira vez. Mas, lá está, eu
sinto isso quando estou contigo ou penso em ti, tal como vejo toda a gente sentir quando está
realmente apaixonada por alguém mesmo tendo passado muito tempo e o amor sólido e rotina
tomam o lugar. Isto é a razão pela qual eu comecei a pensar há muito tempo que a intensidade dos
teus sentimentos por mim diminuíram significativamente. Tu não falas apenas como uma
“explicação lógica” tu falas como se fosse mesmo assim que te estivesses a sentir e como se já
não houvesse algo mesmo intenso no teu interior a arder em relação a mim, a não ser talvez
quando me vejas e estejamos de forma mais romântica ou um pouco mais carinhosos. Claro que
eu sei que muita coisa pode afetar isso pela fase toda, mas pensei que ia ver isso em ti mais
consistentemente do que vi, para ser honesta. Pode ser que simplesmente não demonstres, mas
nesse aspeto, acho que só ias sentir uma natural necessidade de o demonstrar, pelo menos um
pouquinho mais, já que antes eu via isso mesmo quando até querias esconder.
Sei que é apenas um pormenor e eu pensei muito em apagar este ponto, não quero parecer
radical e sentimental a este ponto, porém, é algo que tinha de expressar visto que não me saiu da
mente este tempo todo e espero mesmo estar enganada e estar só a ser essas duas coisas, porque
eu não quero sentir que este tempo todo os nossos sentimentos estavam desbalanceados como
realmente penso que estiveram.
8- Eu já não me sinto eu há algum tempo contigo Rúben. Eu pensei que estava a ficar tudo
bem agora e poderia acreditar realmente que as coisas iriam correr bem e a segurança estava a
voltar aos poucos outra vez; porém, isto foi uma constante montanha-russa nas minhas emoções,
no sentido que parecia que tinha de te ensinar tudo sobre mim outra vez. A naturalidade com a
qual me entendias quando te explicava algo, a compatibilidade que tínhamos, parece que foi
desaparecendo aos poucos e só ressurgia quando estávamos realmente mesmo muito bem. Como
disse, sei que andas com imenso peso na mente e sei que é isso que me vais dizer, porém… eu
lembro-me que antes eu sentia uma segurança tão absurda contigo porque qualquer coisa poderia
estar a acontecer que tu te esforçavas muito mais para me compreender ou entendias logo a forma
como estava a pensar, mesmo que não concordasses, ou como me iria sentir em cada situação sem
teres de pensar assim tanto ou eu ter de estar sempre a dizer algo, como estou a ter de fazer agora.
Nunca entendi a razão de não me sentir eu tantas vezes nestes tempos e fui ignorando isso,
porque lá está, pensei que era só uma fase má e era por isso que não me estavas a passar a
segurança total como antes. Contudo, além de me aperceber de tudo o que já falei nos pontos
anteriores, percebi que tudo provinha do simples facto de que realmente eu deixei de ser uma
prioridade sequer para te dares a esse trabalho e de me sentir cada vez mais de parte em todo o
mundo que estavas a construir para ti, até chegarmos a este ponto. É como se eu sentisse que este
tempo todo querias construir algo onde eu não me poderia encaixar tão bem e irias ter
“obrigatoriamente” de fazer o que fizeste agora e não estarias disposto a negociar isso por
iniciativa própria. Isso deu-me medo mesmo quando estávamos bem, o que foi algo que nunca me
aconteceu antes. Eu não sentia que tinha alguém ao meu lado mas sim alguém que por um lado
queria muito estar lá mas não estava totalmente e parte de si já não queria sequer estar. Eu sei que
posso estar enganada em tudo o que estou a dizer acerca disto, mas eu resolvi dizê-lo porque eu já
tentei afastar-me totalmente da minha sensibilidade e medo, mas a conclusão que tiro é sempre
essa há imenso tempo. Só estive à espera de que me fosses mostrando o contrário, mas mal
melhoraste só me confirmaste com isto tudo que aconteceu agora.
Eu quero sentir que pertenço ao teu lado Rúben, tal como me sentia antes e senti muitas vezes
mesmo durante esta situação (mesmo quando não estavas nada bem, antes que uses isso como
desculpa), mas… sempre durou muito pouco tempo até eu sentir que algo estava fora do sítio e
algo tinha mudado bastante, só não sabia o que era. Claro que é normal que mudes, mas… não
pensei que ias mudar tanto no geral a ponto de eu sentir isso se concordaste em estar comigo. O
que aconteceu agora só consolidou tudo isso que estava a sentir, ao confirmar-me absolutamente
tudo o que pensava e ainda a diminuir ainda mais o sentimento de “pertença”, já que tu próprio
sempre dizes indiretamente ou diretamente que não sentes que pertences a nenhum lugar, nem
mesmo comigo.
Parece que só estamos a forçar algo que não deveríamos estar a forçar, por mais difícil e
horrível que a situação toda esteja a ser em muitos aspetos (até individuais) deveria ser natural e
fácil para nós estarmos bem um com o outro, falarmos e nada disto acontecer. Eu queria que
realmente me mostrasses que era fácil entre nós, que apesar de tudo, eu nunca iria confirmar tudo
aquilo; que era só uma fase; que naturalmente poderíamos enfrentar qualquer coisa sem nos
prejudicar um com o outro a este ponto, que íamos apoiar-nos ainda mais. Sei que me estou a
repetir e uma parte de mim quer apagar isto, porém, não o vou fazer, porque não sei como
expressar o suficiente o quanto isto é a essência de tudo e o quanto eu realmente esperava que
fosse natural para ti agires dessa forma comigo, por mais barreiras mentais que tivesses. Pensei
que depois de tudo só íamos ficar juntos e eu iria sentir toda a segurança do mundo em qualquer
situação e não todo o medo constante que tenho quando passa um pouco mais de um mês de
estarmos bem ou que me surge por qualquer discussão mais séria que temos, visto que, mais uma
vez, nada disto me surpreendeu e realmente deveria ter surpreendido por ter sido comigo Rúben e
eu não sou, nem nunca fui, pessimista em relação a ti. Tudo isto é por puro reconhecimento de
mini padrões que não deveriam estar a existir e que já esperava que escalassem em decisões
maiores e na atitude que estás a ter agora.

Apesar disto tudo, eu sei reconhecer todos e cada momento que estávamos bem e realmente
vi que gostavas mesmo de mim e, é por isso que na mesma não quero ser injusta e precipitar-me a
dizer que não o fazes. Quando o digo, tem a ver com a intensidade e realmente nisso eu acho que
tenho razão, embora não gostasse de a ter como deves imaginar. Por isso, apesar de o corte que
fizeste na minha confiança ter sido extremamente profundo para toda a minha expectativa
(baseada em factos), como já te disse, eu quero dar-te tempo para teres a certeza se não te estás a
enganar a ti próprio ao insistires que nada mudou em termos emocionais e me proves isso, mesmo
que seja depois deste ano. Contudo, se realmente quiseres cumprir o que disseste este ano, eu
respeito mas não quero voltar para o que temos agora Rúben. Nem neste nem no próximo.
Voltamos quando decidires voltar como meu namorado e já o puderes fazer.
Eu preciso de voltar a confiar em ti para sequer o namoro resultar. Preciso de saber que vou
voltar a sentir toda a segurança contigo de novo e não vou ter sempre medo que mudes de atitude,
por tanto tempo, quando algo mais grave acontece e que comeces a decidir tudo sozinho. Sei que
não namoras comigo, mas a verdade é que por tudo o que já disseste sobre prioridades e toda a
atitude agora, faz-me realmente questionar se não iria ser algo bem parecido com isto se
namorássemos. Como deves imaginar, eu não quero correr esse risco. Não quero estar num sítio
que não consigo sentir que a intensidade dos meus sentimentos não são recíprocos e, mesmo
assim, já aguentei estar a sentir isso por muitos meses. Além que também preciso que penses bem
sobre os meus limites e tudo o que te disse.
Eu tentei que ao longo do tempo fossemos estando o mais perto de “namorados” possível e
pensei que era nessa mesma direção que querias caminhar. Nunca concordei em ser apenas tua
“amiga colorida” à toa, por assim dizer, mas é a isso que sinto que me reduziste nestes últimos
tempos sem sequer me informares antes e, para isso, só prefiro que não tenhamos nada. Não
quero e recuso-me a andar com coisas a meias, a trazer-me ainda mais instabilidade no presente.
Não gastei latim no início do ano para isto Rúben. Se não quiseste dizer diretamente, eu digo por
ti. Até porque não me podes acusar de “terminar” algo como me acusaste se antes insinuaste por
palavras e ações que não tínhamos algo tão sério para isso, certo?. Não é para leres num tom
agressivo nem nada do género, só estou a ser muito direta para tentar que entendas e que não seja
eu a má da fita agora, porque para deixar bem claro: eu não queria nada chegar a este ponto e
pensei seriamente que, apesar do instinto todo, não iria.
Se chegares à conclusão de que realmente queres continuar a estar comigo mesmo com tudo
o que disse e mostrares com o tempo que posso voltar a confiar solidamente em ti, eu volto a
esperar por ti “oficialmente”. Quero continuar a ser tua amiga claro, mas não mais que isso
enquanto não voltar a sentir o oposto de tudo o que estou a sentir agora em relação aos teus
sentimentos por mim. Por isso, suponho que o melhor seja recomeçar a partir daí, assim não te
atrapalho mais como dizes e ficamos com tempo e espaço para tudo isto poder curar-se ao longo
do tempo e o “começar do zero” possa ser mesmo real.
Acho que já deixei bem claro, mas os meus sentimentos continuam os mesmos e não estou a
decidir isto de ânimo leve, por isso, por favor não distorças isto. Evitar que interpretes mal é o
único motivo que estou a escrever e não a falar como seria o ideal. Contudo, seja de que forma
for, pelo menos da minha parte, o meu ponto aqui não é deixar-te, não é abandonar-te, nem é sair
da tua vida. Se continuo aqui como amiga, significa que continuo aqui para tudo o que precisares
na mesma e nesse aspeto suponho que nada mude entre nós. Sei que mantiveste o “mais que
amigos” mesmo com a tua decisão porque ambos sabemos que, tal como disseste, a tentativa de
nos vermos como amigos normais é praticamente impossível. Contudo, eu prefiro que para já
voltemos a agir dessa forma, pelo menos até à minha confiança voltar. Se entretanto decidires que
não sou simplesmente algo descartável romanticamente (ou quase), é só me deixares saber isso
naturalmente e de forma consistente (tu sabes bem como, já o fizeste uma vez sem sequer termos
ainda algo, consegues fazer outra vez) e suponho que possamos voltar a tentar de novo.
A verdade é que tudo isto é suposto já ter sido natural. Eu não quis dizer em cada ponto, mas
tudo eram coisas que eu esperava que fizesses por iniciativa própria Rúben, nem sequer deveria
ser “pedível”, estou a tentar explicar e pedir coisas que apenas é suposto que se faça sem pensar
quando se gosta de alguém, pelo menos num mínimo nível, em qualquer tipo de situação. Seja
como for, espero que entendas a minha decisão nisto tudo e, apesar de não achar que agiste como
um amigo na parte de “te importares”, ainda sei separar as coisas e não estou mesmo a querer pôr
a nossa amizade em jogo aqui.

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