Escolar Documentos
Profissional Documentos
Cultura Documentos
Contestação - 5 - Márcio Sampaio de Carvalho
Contestação - 5 - Márcio Sampaio de Carvalho
PROCESSO Nº 8030425-84.2022.8.05.0001
Contestação – 5
I – SÚMULA FACTUAL
Trata-se de AÇÃO DE INDENIZAÇÃO POR DANOS MORAIS E
Contestação – 5
norteado por fundamentação jurídica destoante da legislação, doutrina e
jurisprudência pátria, conforme se aferirá adiante.
II – DO MÉRITO
ATENDIMENTO OU PROCEDIMENTO!!!
Contestação – 5
Corroborando com este entendimento, os Tribunais Pátrios
vêm se manifestando, in verbis:
PROCESSUAL CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA. AUSÊNCIA
DE PROVA DOS FATOS CONSTITUTIVOS DO DIREITO
INVOCADO NA INICIAL. PEDIDO INICIAL JULGADO
IMPROCEDENTE. EXTINÇÃO DO PROCESSO COM
RESOLUÇÃO DO MÉRITO. PRETENSÃO DE EXTINÇÃO
DO PROCESSO SEM RESOLUÇÃO DO MÉRITO POR
FALTA DE INTERESSE PROCESSUAL. 4
IMPOSSIBILIDADE.
1.Verificado que o pedido inicial foi julgado improcedente
em virtude da falta de prova dos fatos constitutivos do
direito invocado pela parte autora, mostra-se correta a
extinção do processo, com resolução do mérito, na forma
prevista no artigo 269, inciso I, do Código de Processo Civil,
não se tratanto de hipótese de extinção do feito sem
resolução do mérito, por falta de interesse processual.
2. Recurso de Apelação conhecido e não provido.
(TJ-DF - APC: 20130111764206 DF 0010230-
27.2013.8.07.0018, Relator: NÍDIA CORRÊA LIMA, Data de
Julgamento: 19/11/2014, 1ª Turma Cível, Data de Publicação:
Publicado no DJE : 25/11/2014 . Pág.: 160)
Contestação – 5
DA REPOSIÇÃO DOS FATOS – DA GARANTIA AO ATENDIMENTO
DURANTE A VIGÊNCIA DO PLANO
Cumpre destacar que, além de o autor não ter
demonstrado sequer uma negativa de atendimento pela Unimed NNE, a cobertura do
plano de saúde engloba a prestação de serviços de variadas formas. De modo que,
mesmo que se admitisse a eventualidade de que tivesse ocorrido alguma
5
intercorrência no atendimento, a cobertura de seu plano poderia ser prestada de
outras formas, como se passa a demonstrar.
Esclarece-se, assim, do que se trata um plano de saúde e
a cobertura que ele engloba. Para tanto, vejamos o teor do art. 1º, I, da Lei nº 9.656/98:
“Art. 1o Submetem-se às disposições desta Lei as pessoas jurídicas de
direito privado que operam planos de assistência à saúde, sem prejuízo do
cumprimento da legislação específica que rege a sua atividade, adotando-
se, para fins de aplicação das normas aqui estabelecidas, as seguintes
definições:
I - Plano Privado de Assistência à Saúde: prestação continuada de
serviços ou cobertura de custos assistenciais a preço pré ou pós
estabelecido, por prazo indeterminado, com a finalidade de garantir, sem
limite financeiro, a assistência à saúde, pela faculdade de acesso e
atendimento por profissionais ou serviços de saúde, livremente
escolhidos, integrantes ou não de rede credenciada, contratada ou
referenciada, visando a assistência médica, hospitalar e odontológica, a ser
paga integral ou parcialmente às expensas da operadora contratada,
mediante reembolso ou pagamento direto ao prestador, por conta e
ordem do consumidor;” – grifo nosso.
Desta feita, mesmo na eventualidade de haver alguma
intercorrência no atendimento, diretamente junto a prestadores, isto não significa
ausência de cobertura prestada pela operadora, uma vez que esta ainda pode ser
garantida, mediante reembolso ou pagamento da operadora ao prestador, após
solicitação do atendimento do beneficiário à OPS, nos termos da RN nº 259/2011, da
ANS.
Os arts. 4º, 5º e 6º, da referida RN, dispõem sobre a
Indisponibilidade de Prestador Integrante da Rede Assistencial no Município e sobre
a Inexistência de Prestador no Município, in verbis:
“Art. 4º Na hipótese de indisponibilidade de prestador integrante da rede
assistencial que ofereça o serviço ou procedimento demandado, no
Contestação – 5
município pertencente à área geográfica de abrangência e à área de
atuação do produto, a operadora deverá garantir o atendimento em:
I - prestador não integrante da rede assistencial no mesmo município; ou
II - prestador integrante ou não da rede assistencial nos municípios
limítrofes a este.
§ 1º No caso de atendimento por prestador não integrante da rede
assistencial, o pagamento do serviço ou procedimento será realizado pela
operadora ao prestador do serviço ou do procedimento, mediante acordo
entre as partes. 6
§ 2º Na indisponibilidade de prestador integrante ou não da rede
assistencial no mesmo município ou nos municípios limítrofes a este, a
operadora deverá garantir o transporte da beneficiária até um prestador
apto a realizar o devido atendimento, assim como seu retorno à localidade
de origem, respeitados os prazos fixados no art. 3º.
§ 3º O disposto no caput e nos §§ 1º e 2º se aplica ao serviço de urgência
e emergência, sem necessidade de autorização prévia, respeitando as
Resoluções CONSU nº 8 e 13, ambas de 3 de novembro de 1998, ou os
normativos que vierem a substituí-las.
Art. 5º Na hipótese de inexistência de prestador, seja ele integrante ou não
da rede assistencial, que ofereça o serviço ou procedimento demandado,
no município pertencente à área geográfica de abrangência e à área de
atuação do produto, a operadora deverá garantir atendimento em:
I - prestador integrante ou não da rede assistencial nos municípios
limítrofes a este; ou
II - prestador integrante ou não da rede assistencial na região de saúde à
qual faz parte o município.
§ 1º Na inexistência de prestadores nas hipóteses listadas nos incisos I e
II deste artigo, a operadora deverá garantir o transporte da beneficiária até
um prestador apto a realizar o devido atendimento, assim como seu retorno
à localidade de origem, respeitados os prazos fixados no art. 3º.
§ 2º Nas hipóteses listadas nos incisos I e II deste artigo, a operadora
estará desobrigada a garantir o transporte.
Art. 6º Na hipótese de inexistência de prestador, seja ele integrante ou não
da rede assistencial, que ofereça o serviço de urgência e emergência
demandado, no mesmo município, nos municípios limítrofes a este e na
região de saúde à qual faz parte o município, desde que pertencentes à
área geográfica de abrangência e à área de atuação do produto, a
operadora deverá garantir o transporte da beneficiária até um prestador
apto a realizar o devido atendimento, assim como seu retorno à localidade
de origem, respeitado o disposto no inciso XIV do art. 3º.”
Sendo ainda garantido ao beneficiário, em caso de a
operadora não conseguir cumprir o determinado acima, o direito ao reembolso, caso
arque com os custos do atendimento. Possuindo a operadora o prazo de 30 dias para
Contestação – 5
efetivação do reembolso. Tudo conforme disciplina o art. 9º, da mencionada RN, in
verbis:
“Art. 9º Na hipótese de descumprimento do disposto nos arts. 4º, 5º ou 6º,
caso o beneficiário seja obrigado a pagar os custos do atendimento,
a operadora deverá reembolsá-lo integralmente no prazo de até 30
(trinta) dias, contado da data da solicitação de reembolso, inclusive as
despesas com transporte.” – grifo nosso.
Percebe-se, pela regulamentação da ANS, que, em caso 7
de indisponibilidade ou inexistência de prestador credenciado ao plano na localidade
do beneficiário, este deve contatar a operadora, para que ela disponibilize um meio
de atendimento, dentro do prazo previsto. E, caso assim não proceda, o beneficiário
terá direito de ser ressarcido do custo que tiver tido para obter o atendimento.
Ora, pelo exposto, percebe-se que a ANS regulamenta a
questão de o beneficiário não conseguir cobertura de atendimento pelo plano de
saúde, impondo a esta o dever se reembolso, tudo administrativamente. Devendo o
beneficiário dar entrada com solicitação de reembolso, com envio da nota fiscal e
relatório médico e aguardar o prazo de 30 dias para ser ressarcido.
Ou seja, o dever de reembolso de gasto efetuado com
atendimento em saúde pelo beneficiário faz parte do contrato existente entre as
partes. NÃO SE TRATANDO DE UM DANO SURGIDO A PARTIR DE UMA
CONDUTA ILÍCITA.
Como verificado acima, tal entendimento também é
extraído do art. 1º, I, da Lei nº 9.656/98. O que mostra que a explanação ora exposta
está em consonância com as normas legais incidentes sobre o caso.
Logo, se depreende que a possibilidade de reembolso,
segundo os preceitos da RN nº 259/2011, ou seja, diante da indisponibilidade ou
inexistência de prestador, faz parte da cobertura contratual do plano de saúde, não se
tratando de nenhum ato ilícito.
Assim, em caso de o beneficiário não conseguir
Contestação – 5
no art. 3º, da RN nº 259/2011. E, caso assim não proceda a operadora,
caso.
Contestação – 5
AGRAVO IMPROVIDO.
1. A jurisprudência do STJ é firme no sentido de que a repetição em
dobro do indébito, sanção prevista no art. 42, parágrafo único, do
CDC, pressupõe tanto a existência de pagamento indevido quanto a
má-fé do credor.
[…]
(STJ, 4ª Turma, AgRg no AREsp 196530 / SP 2012/0134324-0, rel. Min.
RAUL ARAÚJO, julgado em 23/06/2015, publicado em 03/08/2015)” – grifo
nosso. 9
Logo, mesmo na remota hipótese de serem ultrapassadas
as razões acima expostas, tendo em vista a total ausência de má-fé por parte da
Unimed NNE, incabível se faz a aplicação do mencionado dispositivo legal.
Ademais, não há que se falar em dever de restituição pela
ré do valor pago pelo demandante a título de taxa de franquia, na contratação por este
de novo plano de saúde.
Isto porque, mesmo que o autor tivesse demonstrado a
impossibilidade de cumprimento de prazo de carência, devido a suposta necessidade
de utilização do plano para realização de cirurgia, O QUE NÃO FEZ, a troca de plano
de saúde realizada poderia ter ocorrido por portabilidade de carência. Havendo
previsão legal para não necessidade de cumprimento de prazos de carência, nos
termos da RN nº 438/2018, da ANS.
Não obstante, o autor optou por contratar novo plano de
saúde sem realizar o procedimento de portabilidade de carência. De forma que, tendo
o autor opção de contratar novo plano de saúde sem necessidade de cumprimento de
novos prazos de carência, este optou livremente por contratar plano que, para não
cumprir carência, deveria pagar valor correspondente a franquia, tal fato não pode, de
nenhuma forma, ser imputado à ré.
Logo, não merece prosperar seu pleito para que a ré seja
condenada a lhe restituir o valor correspondente à franquia.
Nesse diapasão, REQUER-SE A IMPROCEDÊNCIA
TOTAL DA AÇÃO, com fulcro no art. 487, I, do CPC, uma vez que a
cobertura médico hospitalar do plano de saúde da parte autora lhe foi disponibilizada,
na forma prevista na RN nº 259/2011, da ANS e art. 1º, I, da Lei nº 9.656/98, não tendo
havido qualquer negativa de atendimento ao autor, se mostrando devidos os
Contestação – 5
pagamentos das mensalidades, não havendo que se falar em restituição, quer na
forma simples, quer em dobro, mormente por não se verificar o requisito da má-fé,
assim como porque o pagamento da taxa de franquia pelo autor foi decorrente de
opção deste em contratar o novo plano, sem portabilidade de carências.
DA AUSÊNCIA DOS PRESSUPOSTOS DA OBRIGAÇÃO DE INDENIZAR -
INEXISTÊNCIA DE DANOS MORAIS E DE CONDUTA ILÍCITA POR PARTE DA
10
UNIMED NNE
A obrigação de indenizar depende, inexoravelmente, da
prova da existência, em concomitância, dos seguintes elementos: conduta, dolosa ou
culposa, comissiva ou omissiva; dano, moral e/ou material, indenizável; e nexo de
causalidade, direto e imediato, entre a conduta e a lesão.
O dano moral, nas palavras de Sérgio Cavalieri Filho,
consiste na “lesão de bem integrante da personalidade, tal como a honra, a liberdade,
a saúde, a integridade psicológica, causando dor, sofrimento, tristeza, vexame e
humilhação à vítima”.
A indenização por dano moral deve guardar estreita ligação
com a finalidade a que atende, ou melhor, as finalidades: que vai além de prover
satisfação pecuniária ao seu proponente, face ao dano à moral; mas serve também,
pedagogicamente, para que se iniba a reincidência, especificamente, assim como
exerça efeito geral de dissuasão.
Apenas se pode caracterizar como dano moral a dor, a
humilhação e o sofrimento que seja causado por uma conduta contrária à lei e que
atinja a honra subjetiva e/ou objetiva do indivíduo, como bens integrantes de sua
personalidade, e não meros dissabores diuturnos, inatos às relações entre
particulares.
Nesse diapasão, o ressarcimento pecuniário por dano
moral somente deve ser aplicado se estiver devidamente caracterizado, sob pena de
se banalizar o instituto, dando-lhe sentido inteiramente díspar daquele intentado pelos
seus criadores e nutrido pela comunidade jurídica pátria.
Sobre a temática, importante colacionar os ensinamentos
de J.J. Calmon de Passos:
Contestação – 5
“Essa minha percepção sempre me levou a não compreender o que seja a
famosa reparação pela dor experimentada por alguém, associada a ato do
sujeito a quem se atribui tê-la provocado e que não fora isso jamais teria
sido experimentada. Nada mais suscetível de subjetivizar-se que a dor,
nem nada mais fácil de ser objeto de mistificação. Assim, como já existiram
carpideiras que choravam a dor dos que eram incapazes de chorá-la,
porque não a experimentavam, também nos tornamos extremamente
hábeis em nos fazermos carpideiras de nós mesmos, chorando para o
espetáculo diante dos outros, a dor que em verdade não experimentamos. 11
A possibilidade, inclusive, de retirarmos proveitos financeiros dessa nossa
dor oculta, fez-nos atores excepcionais e meliantes extremamente hábeis.
Para se ressarcir esses danos, deveríamos ter ao menos a decência ou a
cautela de exigir a prova efetiva da dor do beneficiário, desocultando-a.”
No presente caso restou amplamente demonstrada a
ausência de ilicitude da Unimed NNE, assim como a ausência de comprovação da
existência de qualquer dano sofrido pelo demandante. Não havendo que se falar,
portanto, em dever de indenização.
No mais, a parte autora se desincumbiu inteiramente do
ônus probandi no que atina a existência de efetivo dano ensejado por suposto ato
ilícito. Alegou, pura e simplesmente, ter sofrido dano moral, sem, contudo, demonstrar
que a Operadora cometeu qualquer ato ilícito.
Os contratempos suportados pela parte Autora, em razão
dos fatos relatados, representam os obstáculos comuns do cotidiano, os quais não
têm o condão de materializar o dano moral, até porque eventual descumprimento
contratual não tem o condão de caracterizar o dano moral.
ASSIM, NÃO HÁ QUE SE FALAR EM HUMILHAÇÃO,
Contestação – 5
“CIVIL. AÇÃO DECLARATÓRIA DE RESCISÃO DE CONTRATO C/C DANOS
MORAIS. TELEFONIA. COBRANÇA INDEVIDA. INEXISTÊNCIA DE DANO
MORAL. [...] 2. SOMENTE SE MOSTRA RAZOÁVEL A CONDENAÇÃO
POR DANOS MORAIS QUANDO HOUVER ABALO MORAL, NÃO
CABENDO A REPARAÇÃO INDENIZATÓRIA AO MERO
ABORRECIMENTO. 3. RECURSO PROVIDO. (TJ-DF - APC:
20090710081952 DF 0004569-42.2009.8.07.0007, Relator: ANTONINHO
LOPES, Data de Julgamento: 10/04/2013, 4ª Turma Cível, Data de Publicação: 12
Publicado no DJE : 21/02/2014 . Pág.: 226)” Grifo Nosso
Contestação – 5
contratual não gera dano moral. Sentença mantida na integralidade.
Apelos desprovidos, por maioria. (Apelação Cível Nº 70052477049, Sexta
Câmara Cível, Tribunal de Justiça do RS, Relator: Elisa Carpim Corrêa, Julgado
em 26/06/2014) (TJ-RS - AC: 70052477049 RS , Relator: Elisa Carpim Corrêa,
Data de Julgamento: 26/06/2014, Sexta Câmara Cível, Data de Publicação:
Diário da Justiça do dia 10/07/2014)”
Inclusive do Superior Tribunal de Justiça, em acórdão
bastante recente:
13
“EMBARGOS DE DECLARAÇÃO RECEBIDOS COMO AGRAVO
REGIMENTAL. AGRAVO EM RECURSO ESPECIAL. PRINCÍPIO DA
FUNGIBILIDADE RECURSAL. DESCUMPRIMENTO CONTRATUAL. MERO
ABORRECIMENTO. DANO MORAL. NÃO OCORRÊNCIA. CONCLUSÃO
OBTIDA MEDIANTE ANÁLISE DO ACERVO FÁTICO-PROBATÓRIO.
REVISÃO. IMPOSSIBILIDADE. SÚMULA 7/STJ. AGRAVO NÃO PROVIDO. 1.
Embargos de declaração recebidos como agravo regimental, em face do nítido
caráter infringente das razões recursais. Aplicação dos princípios da
fungibilidade e da economia processual. 2. In casu, o Tribunal a quo
concluiu pela inexistência de dano moral passível de reparação,
tendo em vista o curto lapso temporal transcorrido entre a
negativa de cobertura da cirurgia bariátrica pelo plano de saúde
e a antecipação dos efeitos da tutela que garantiu, à agravada, a
cobertura pretendida, situação que não se mostrou suficiente
para comprometer a sua saúde ou violar seus direitos da
personalidade. 3. A jurisprudência desta Corte entende que,
quando a situação experimentada não tem o condão de expor a
parte a dor, vexame, sofrimento ou constrangimento perante
terceiros, não há falar em dano moral, uma vez que se trata de
circunstância a ensejar mero aborrecimento ou dissabor,
mormente quando mero descumprimento contratual, embora
tenha acarretado aborrecimentos, não gerou maiores danos ao
recorrente. 4. Agravo regimental não provido. (STJ - EDcl no AREsp: 626695
SP 2014/0302285-3, Relator: Ministro RAUL ARAÚJO, Data de Julgamento:
19/05/2015, T4 - QUARTA TURMA, Data de Publicação: DJe 18/06/2015)” –
Grifo Nosso.
Nossa Corte Superior, responsável pela correta aplicação
das normas legais pátrias, entende que o dano moral só é configurado quando expõe
a parte a dor, sofrimento ou constrangimento perante terceiros, devendo ser
comprovado – o que não fez a parte –, e que mero descumprimento contratual,
embora gere aborrecimentos, se não causar maiores danos, não enseja danos moral.
Contestação – 5
Logo, não estando presentes os elementos
caracterizadores da responsabilidade civil e não havendo qualquer prova dos danos
alegados ou de atitude ilegal por parte da Unimed NNE, IMPÕE-SE A REJEIÇÃO
Contestação – 5
modo que apenas a promovente tem condições de provar os termos e datas de
solicitações realizadas. Sendo assim, trata-se de uma prova diabólica, ou seja,
extremamente difícil, para não dizer impossível, de ser produzida.
Ainda sobre o tema vejamos o seguinte Julgado:
EMENTA – APELAÇÃO CÍVEL. PLANO DE SAÚDE. EXAME MÉDICO.
AUSÊNCIA DE COMPROVAÇÃO DA NEGATIVA DE COBERTURA.
ÔNUS DA PROVA ART. 373, INCISO I, CPC/15. RESSARCIMENTO 15
INDEVIDO. Trata-se de ação indenizatória em que a parte autora, por ser
portadora de Malformação Arteriovenosa Cerebral Rota à Direita, objetiva o
reembolso das despesas havidas com o exame médico a que foi submetida e
que teve que arcar com as despesas sob alegação de que a cobertura foi negada
pela demandada, bem como indenização pelos danos morais que alega ter
sofrido, ante a negativa indevida do plano de saúde, julgada improcedente na
origem. APLICAÇÃO DO CÓDIGO DE DEFESA DO CONSUMIDOR – É
aplicável o Código de Defesa do consumidor aos contratos de seguro, na medida
em que se trata de relação de consumo, consoante traduz o artigo 3º, §2º do
CDC. Inteligência da Súmula 608 do STJ. DA NEGATIVA DE COBERTURA –
Na situação em evidência, a parte ajuizou a presente ação objetivando o
ressarcimento das despesas havidas com exame médico a que teve que ser
submetida, consoante demonstra a nota fiscal de fls. 10/11. Entretanto, não
há qualquer prova a respeito da negativa do referido exame por
parte da demandada, ônus probatório da qual a parte autora não
se desincumbiu, por se tratar de prova mínima a embasar seu ...
pedido. ÔNUS PROBATÓRIO. ART. 373, I CPC/15 – Nesse contexto,
ressalto que embora seja, aplicáveis as regras do Estatuto consumerista,
observando-se a hipossuficiência da consumidora perante o demandado, bem
como em casos análogos tenha sido aplicada a Teoria da Redução do Módulo
da Prova, cabia à autora comprovar os fatos constitutivos do direito que alega
possuir, nos termos do art. 373, inciso I, Código de Processo Civil, pois além da
verossimilhança das alegações, o consumidor/autor deve instruir seu pedido
com elementos mínimos que permitam a aferição dos fatos narrados, tendo em
vista que o fato de a relação ser de consumo não inverte de forma automática o
ônus da prova. A hipossuficiência deve ser em relação à capacidade de produzir
a prova e não de forma impositiva em prol do consumidor. APELAÇÃO CIVEL
DESPROVIDA (Apelação Cível Nº 700769642426, Sexta Câmara Cível, Tribunal
de Justiça do RS, Relator: Niwton Carpes da Silva, Julgado em 254/05/2018).
Grifamos
Como já exposto acima, a jurisprudência pátria é no
sentido de não permitir a inversão do ônus probandi em casos como este, em
que seria exigido da Promovida a prova de fato negativo.
Contestação – 5
Veja-se que esta interpretação não vai de encontro ao
diploma consumerista e atende à satisfação da obtenção da prova por Vossa
Excelência para bem julgar o caso, razão pela qual se impõe a improcedência do
pleito requerido.
Desta feita, não deve ser utilizada a inversão do ônus da
prova, prevista no art. 6ª, VIII, do Código de Defesa do Consumidor (Lei nº 8.078/90),
16
uma vez que se trata de PROVA DIABÓLICA, na modalidade PROVA DE FATO
NEGATIVO.
III – PEDIDOS
Por tudo quanto exposto:
1) Diante da ausência dos elementos mínimos que devem constar da peça
exordial que desautoriza o prosseguimento do feito, REQUER-SE O
art. 487, I, do CPC, uma vez que a cobertura médico hospitalar do plano de saúde
da parte autora lhe foi disponibilizada, na forma prevista na RN nº 259/2011, da ANS
e art. 1º, I, da Lei nº 9.656/98, não tendo havido qualquer negativa de atendimento ao
autor, se mostrando devidos os pagamentos das mensalidades, não havendo que se
falar em restituição, quer na forma simples, quer em dobro, mormente por não se
verificar o requisito da má-fé, assim como porque o pagamento da taxa de franquia
pelo autor foi decorrente de opção deste em contratar o novo plano, sem portabilidade
de carências;
3) REQUER-SE A IMPROCODÊNCIA TOTAL DA AÇÃO, com fulcro no
art. 487, I, do CPC, uma vez que restou demonstrada a ausência de qualquer
conduta ilícita da Unimed NNE que pudesse ensejar dano, bem como em razão de o
instituto da responsabilidade civil, em nosso ordenamento jurídico, visar à reparação
Contestação – 5
de danos efetivos, e não meramente conjecturados, sob pena de enriquecimento sem
causa não estão presentes os elementos caracterizadores da responsabilidade civil;
4) Provar o alegado por todos os meios de provas em Direito admitidos, sendo
indeferido o pleito autoral de inversão do ônus da prova, uma vez que ausentes os
requisitos legais para tanto;
5) ADEMAIS, REQUER-SE QUE TODAS E QUAISQUER INTIMAÇÕES DIRIGIDAS PARA
17
QUALQUER DOS ADVOGADOS, NOS LIMITES DOS PODERES OUTORGADOS, BEM COMO TODAS
1º E 5º DO CPC)1.
Nestes termos,
Pede e espera deferimento.
João Pessoa, 30 de agosto de 2022.
1
“Art. 272. Quando não realizadas por meio eletrônico, consideram-se feitas as intimações pela publicação dos atos no órgão
oficial.
§ 1o Os advogados poderão requerer que, na intimação a eles dirigida, figure apenas o nome da sociedade a que pertençam,
desde que devidamente registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 2o Sob pena de nulidade, é indispensável que da publicação constem os nomes das partes e de seus advogados, com o
respectivo número de inscrição na Ordem dos Advogados do Brasil, ou, se assim requerido, da sociedade de advogados.
§ 3o A grafia dos nomes das partes não deve conter abreviaturas.
§ 4o A grafia dos nomes dos advogados deve corresponder ao nome completo e ser a mesma que constar da procuração ou que
estiver registrada na Ordem dos Advogados do Brasil.
§ 5o Constando dos autos pedido expresso para que as comunicações dos atos processuais sejam feitas em nome dos
advogados indicados, o seu desatendimento implicará nulidade.” (grifos nossos)
Contestação – 5