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VISÃO DE HOMEM E MUNDO NA

GESTALT-TERAPIA
Débora Lourenço
CRP 16/5256
HUMANISMO:
■ O Humanismo congruente com a Gestalt-terapia é o da valorização do homem.

■ Em Gestalt-Terapia, assim como no Humanismo, a questão central é o homem.


Exatamente por se assim, parece-nos incoerente ao homem e à sua
humanidade a postura de idealização do homem, que, inexoravelmente, leva a
uma idéia de transcendência do homem, a uma idéia de divindade, e, mais do
que isso, a um modelo de como deveria ser o homem. Assim, o humanismo
idealista assume uma visão apriorística do homem (pré-conceito), o que acabará
por não permitir que o homem se desvele tal qual ele é. Quando temos “a priori”
o homem não tem opção, ele revela o que queremos ver.
EXISTENCIALISMO:
■ A Gestalt-terapia tem uma visão de homem baseada no
existencialismo, que valoriza a subjetividade, a singularidade,
a responsabilidade e a vivência e tem como foco principal a
existência humana.

■ A concepção de que o ser humano é um ser que se constrói,


sendo assim, não nasce pronto, com uma personalidade pré-
determinada, mas pelo contrário, se constitui a partir das suas
relações e de suas escolhas.
(Então não tem essa de síndrome da Gabriela de “eu
nasci assim, eu cresci assim, vou ser sempre assim,
Gabrieeela, sempre Gabrieela).
EXISTENCIALISMO

➢ É existencialista porque o sujeito vai


construir suas experiências ao longo da vida,
ou seja, ninguem nasce pronto, faz parte do
processo;
➢ A Gestalt-Terapia possui uma visão holística de
homem e de mundo, o que envolve compreender o
homem, a natureza, o planeta, cada ser vivo, cada
objeto ou fenômeno do Universo enquanto uma
totalidade, ou seja, enquanto uma unidade indivisível,
um todo que é muito maior que a soma de suas
partes, pois só pode ser compreendido pelas
interações entre as partes que o compõem.
CONCEITO DE MUNDO:
O “conceito de mundo” em Gestalt-terapia origina-
se, prioritariamente, da teoria holística, que é, de
algum modo, operacionalizada pela psicologia da
Gestalt e pela teoria de campo. Todas essas
teorias relacionam-se com espacialidade e
trabalham no mundo mensurável da materialidade.
CONCEITO DE PESSOA:
O “conceito de pessoa” origina-se, prioritariamente, do
humanismo que, por natureza, relaciona-se com
temporalidade, ou seja, o mundo da não matéria,
operacionalizando-se no existencialismo e na
fenomenologia. Teorias que também não trabalham no
mundo não mensurável da qualidade.
HOMEM/INDIVIDUO:
▪ Vai ser entendido como um organismo;
▪ A visão de sujeito na totalidade, um ser
biológico, psicológico, social, ambiental,
etc;
▪ Na medida que vai entrando com
contato com o campo capta, percebe,
elabora..
.
A Gestalt-terapia compreende, então, o
homem enquanto uma totalidade, ou
seja, um sistema integrado e
organizado, uma unidade indivisível
corpo/mente, onde não há separação
entre as partes que o compõem, mas
sim integração, correlação,
organização e interdependência.
Dessa forma, não há no homem separação entre
o seu sentir, o seu pensar e o seu agir.
Sua mente, seu corpo e suas manifestações são
partes de um todo, ou seja, são formas diferentes
de expressão daquele ser humano e estão,
portanto, integrados e contribuindo para a
configuração desse todo.
Assim, se algo muda em qualquer uma das suas
partes, seja um aspecto emocional, mental, físico
ou espiritual, o todo é reorganizado, surge uma
nova organização, uma nova gestalt.
➢ E esta relação indivíduo-meio é compreendida
na Gestalt-terapia a partir das noções de
singularidade, de liberdade e de
responsabilidade, e a partir da crença no
potencial criativo do homem, no seu poder de
recuperação e de transformação, na sua
tendência ao equilíbrio, à auto-regulação, ao
crescimento, na sua capacidade de se
construir e reconstruir na sua relação com o
mundo, sem desconsiderar, contudo, os
limites, as dores, os conflitos, as contradições,
que essa construção pode envolver.
Sociedade e
potencialicade
● Perls tece críticas contundentes aos contextos
sociais que inibem o crescimento pessoal,
construindo propostas de novas formas de
configurações sociais, tendo em vista uma
compreensão do sujeito como um gênio em
potencial;

● A sociedade inibe a espontaneidade* do sujeito


ao valorizar as conservas culturais. O conflito entre
sociedade e sujeito é legítimo e merece ser trazido
à luz, em um mundo cheio de verdades prontas e
acabadas;

* Psicodrama = Moreno
● O individuo se vê diante de um problema: ser aceito pela sociedade e integrar-se
internamente (PERLS, 1977). Tragicamente, o sujeito aprende a ignorar seus
sentimentos, seus desejos e suas necessidades para responder a um conjunto de
respostas fixas a fim de ser aceito na sociedade.

● Ribeiro (1998) traz reflexões oportunas para esse tema: "como sermos diferentes em
uma sociedade coercitiva, controladora, mesmificadora e massificante?

● Paradoxalmente, quanto mais perfeição a sociedade exige, com menos eficácia o


sujeito funcionará (PERLS; GOODMAN, 1997). Em vez de promover a
autorealização, nossos contextos sociais desfavoráveis exigem que o indivíduo seja
o que ele não é. As tentativas de adaptação do indivíduo à sociedade geram a
neurose – como interrupção do crescimento – porque há uma interferência na
autorregulação organísmica.
Os conteúdos da sociedade são introjetados nos
sujeitos, sem que haja oportunidades de assimilação
saudável. O sujeito passa a embotar suas emoções e
perde sua vitalidade (PERLS; HEFFERLINE;
GOODMAN, 1997).

A busca de contextos sociais mais favoráveis ou de


superação das barreiras impostas pela cultura é
fonte de motivação o para muitos preocupados com
o sujeito
Sociedade contemporânea: busca pela liberdade,
individualismo e incertezas

■ A passagem da Modernidade para a Pós-modernidade ocorreu aproximadamente


na década de 1960, com alguns marcos, como o movimento feminista, as revoltas
estudantis e os movimentos juvenis contraculturais, entre outros (HALL, 2003).

A constatação do fracasso do projeto moderno. Ou seja, a ideia de ordenar,


controlar e modificar o mundo e o ser humano foi sendo abandonada diante da
crescente constatação das ambiguidades e das incertezas presentes no corpo social
(BAUMAN, 2006).

■ O mundo pós-moderno valoriza ideais narcísicos como imagem, beleza, juventude.


Como a ênfase é na imagem, a capacidade de cada indivíduo de pensar, refletir e
discriminar o que é nutritivo para si, fica muito comprometida.
Proposta da GT na construção das
potencialidades do sujeito

■ O gestalt-terapeuta auxilia o cliente a aumentar seu autossuporte e aumentar sua


capacidade de contato com a própria experiência. Processo desafiador porque a
sociedade estimula mais a heterorregulação do que autorregulação
organísmica.

■ Com contextos sociais que estimulassem mais a autorregulação e confiassem mais


na sabedoria do organismo, teríamos seres humanos mais confiantes e seguros.

■ Talvez a descrença, a falta de fé em nós mesmos, possa, paradoxalmente,


alimentar posturas narcísicas de grandiosidade que comprometem as relações.

■ Cliente somo sujeito ativo em seu processo

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