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Introdução Ao Direito Financeiro
Introdução Ao Direito Financeiro
DIREITO FINANCEIRO
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ÍNDICE
Nesta definição é possível observar todos os elementos estudados pelo direito financeiro,
quais sejam, receita, despesa, dívida, fiscalização e orçamento. De fato: A atividade
financeira é a ação do Estado no tocante à obtenção de recursos (portanto, envolve
receitas e também dívidas) para diversos entes da federação (aqui se observa a noção
de federalismo), para a realização de suas funções (o que gera despesas), organizadas
por meio de leis orçamentárias (ou seja, orçamento), e que são objeto de controle
(necessidade de fiscalização).
O direito financeiro também é dotado de coerência visto que suas normas se relacionam
de modo coerente e possuem o mesmo critério de validade.
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Finalmente, o direito financeiro é também dotado de concretude, pois todas as suas
normas e relações estão unificadas pela conexão material com a atividade financeira do
Estado.
Essas três características permitem que o sistema financeiro seja considerado um sistema
ou subsistema autônomo que se diferencia dos demais.
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2. Constitucionalização do direito financeiro
Desde o início é possível estabelecer que aquilo que está por traz do surgimento do
orçamento é a ideia de controle, é a compreensão da necessidade de autorização para
aquilo que se vai arrecadar e gastar.
De fato, a Magna Carta de 1215 pode ser considerada como o primeiro documento que
trouxe a ideia de autorização legislativa para cobrança de tributos e realização de gastos,
sendo o embrião do que conhecemos hoje por princípio da legalidade.
Alguns séculos depois, esta ideia reapareceu no Bill of Rights de 1689, na Inglaterra.
Neste documento o objetivo era exigir autorização específica para que um determinado
tributo fosse cobrado por um período mais longo de tempo. Isso porque, diferentemente
de hoje, nesta época a tributação visava a arrecadar recursos para eventos extraordinários,
como, por exemplo, uma guerra. Consequentemente, não havia uma ideia de tributação
permanente, o que ensejou o surgimento dessa exigência de autorização específica do
parlamento para que um tributo fosse permanente.
Neste momento, portanto, ainda não se falava em orçamento. Havia apenas a ideia de
autorização e controle dos gastos do soberano pelo parlamento (ou seja, o controle do
Poder Executivo pelo Legislativo).
Isso muda com a revolução francesa, acompanhada pela Declaração dos Direitos do
Homem, em 1789. Este foi outro importante marco histórico, porque deixou ainda mais
evidente a ideia da Lei como expressão da vontade geral, bem como a ideia de controle
do agente público. É, portanto, a partir daí que se torna possível falar em orçamento.
Com isso, pode-se afirmar que o orçamento, ou a ideia de orçamento, surgiu juntamente
com o Estado Liberal de Direito.
Mas, mais importante do que conhecer as referencias históricas é entender que nesse
primeiro momento havia uma visão clássica de orçamento. Uma visão que se focava
nos aspectos formais do orçamento, ou, melhor dizendo, no ciclo orçamentário, ou
seja, nos procedimentos de preparação, aprovação, execução e modificação da lei
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orçamentaria. Nessa visão clássica, a principal preocupação do direito financeiro era a
relação entre o executivo e o legislativo (no caso, a preocupação da época era sobre
como o parlamento poderia controlar os gastos do monarca absolutista).
Essa visão foi sendo modificada com o surgimento, no séc. XX, das democracias
modernas e também do Estado Social.
Isso porque a atividade financeira, colocada dentro de uma ordem constitucional, passa
a significar a obtenção de recursos e a realização de gastos para dar efetividade à
Constituição. O direito financeiro, então, começa a prever, por exemplo, recursos mínimos
para determinadas áreas sociais como é o caso da educação e da saúde (previsão dos
artigos 198, §2º e 212, CF).
Nesse sentido, o direito financeiro passa a se relacionar com normas que antes não eram
vistas como integrantes do seu domínio, como é o caso da dignidade da pessoa humana,
dos direitos fundamentais, da legalidade, da autonomia dos entes, da separação dos
poderes, etc.
Como já mencionado, o professor Heleno Taveira Torres (2014) observa bem essa
nova configuração do direito financeiro ao identificar a existência de uma constituição
financeira, que é justamente o resultado da constitucionalização do direito financeiro
e que compreende a parcela material de normas jurídicas integrantes do texto
constitucional, composta pelos princípios fundamentais, competências e os valores que
regem a atividade financeira do Estado. É essa a constituição financeira que passa a dar
base para um sistema de direito constitucional financeiro, uma verdadeira mudança de
paradigma de uma visão clássica para uma visão moderna, constitucional, dotada de
substância.
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REFERÊNCIAS:
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3. Do Estado Patrimonial ao Estado Fiscal
Neste tópico será analisada brevemente a transição do Estado patrimonial para o Estado
fiscal. Para tanto, inicialmente é preciso entender o significado de Estado patrimonial e
de Estado fiscal, compreendendo que essa diferenciação é feita tendo em vista a receita
predominantemente arrecadada pelo Estado: se receita patrimonial ou tributária.
Por outro lado, o Estado fiscal implica que a arrecadação de suas receitas é decorrente
da imposição de tributos (receita tributária).
É importante atentar que não se encontra, atualmente, um país que tenha somente
um ou outro tipo de receita. Esses são tipos ideais. Na realidade, os Estados são
predominantemente patrimoniais ou predominantemente fiscais. No Brasil, por exemplo,
a arrecadação é fundamentalmente baseada em tributos, mas há também importantes
fontes de receitas originadas da exploração de patrimônios estatais, como é o caso dos
royalties do petróleo.
Feita esta ressalva, ainda assim é possível identificar alguns aspectos centrais dessa
transição histórica, bem como compreender porque ela é importante. É o que será feito
a partir de agora.
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É história! Um exemplo dessas obrigações pagas pelos servos ao rei ou ao senhor
feudal era a “Corveia”, que consistia em trabalhos compulsórios realizados nas terras ou
instalações do senhor feudal ou do rei (Estado), por alguns dias da semana, como, por
exemplo, trabalhos de plantio e colheita, construção, limpeza, etc.
Por causa dessa concomitância histórica, há quem equipare o Estado fiscal ao Estado
liberal. Realmente, há uma correlação: ambos trazem uma ideia de liberdade, ainda que
formal, e legalidade. Mas eles indicam, na verdade, fenômenos distintos. Assim, não se
deve confundir o Estado fiscal com o Estado liberal, porque é possível dizer que o Estado
fiscal conheceu dois tipos ao longo da sua evolução: o Estado fiscal liberal e o Estado
fiscal social.
Em linhas gerais, essas são as características principais da transição, que está ligada ao
surgimento do próprio orçamento e do direito financeiro.
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4. Princípios do Direito Financeiro
Em relação ao tema princípios do direito financeiro, o primeiro ponto de atenção deve
recair na sua distinção frente aos princípios orçamentários.
Os princípios de direito financeiro, por sua vez, são mais amplos, relacionados ao sistema
constitucional do direito financeiro.
Muitos autores não fazem essa diferenciação, por isso, para o aprofundamento nesta
temática é recomenda-se o livro do professor Heleno Taveira Torres. Nele o professor
elenca princípios vinculados à Constituição financeira ou ao sistema constitucional
financeiro. São exemplos: a dignidade da pessoa humana, a igualdade, a separação
de poderes, a democracia participativa e a transparência. Todos esses são princípios
constitucionais que interferem na atuação do Estado e, portanto, na atividade financeira,
como limitadores ou vetores da atuação do Estado nas Finanças públicas. A partir de
agora veremos alguns desses princípios de forma mais detida.
Separação de poderes
Também é um princípio relevante para o direito financeiro e, mais especificamente, para
a lei orçamentária que, por ser lei, é aprovada pelo legislativo, embora sua iniciativa seja
do Executivo: o executivo propõe e o legislativo aprova.
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Transparência
É tratada como princípio orçamentário, já que a lei orçamentária deve ser transparente.
Mas podemos olhar para o princípio da transparência de modo mais amplo, ou seja,
todos os aspectos relacionados às finanças públicas devem ser divulgados, publicados,
compreendidos pelos cidadãos. Assim, receitas, despesas, endividamento, tudo isso
deve ser transparente.
E não é suficiente apenas divulgar a lei orçamentária aprovada, porque todo o processo
de execução das despesas e de controle também deve ser transparente. E mais, deve-se
facilitar ao cidadão o acesso aos dados, de forma clara e compreensiva, inclusive em
meios eletrônicos de acesso público.
É claro que há exceções à transparência, mas essas devem ser devidamente justificadas
tendo em vista o interesse público. As exceções, inclusive, são tratadas em lei.
Federalismo cooperativo.
Como prevê a Constituição de 1988, a república brasileira adota uma forma federativa de
Estado, de forma que o Estado brasileiro é composto por diversos entes autônomos e,
portanto, dotados de autonomia financeira, são eles: a União, os Estados e os Municípios.
O federalismo é uma cláusula pétrea e não pode ser abolida (60, §4º, I, CF). Daí se
colocar como um dos princípios mais relevantes da Constituição Federal.
Sob a ótica do direito financeiro, é relevante que os entes federativos atuem de forma
cooperativa, seja do ponto de vista da arrecadação, seja das despesas. Isso porque a
Constituição buscou estabelecer um federalismo de equilíbrio entre os entes federados,
daí também se falar em modelo cooperativo fundado na solidariedade. Assim, a partir do
princípio do federalismo cooperativo, temos regras de competência tributária e regras
de repartição e repasse de receitas (mediante atribuição direta, segundo percentuais
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previamente designados na Constituição, e também indireta, por fundos, ordenados por
critérios determinados em lei complementar), tudo com vistas à realização dos objetivos
e fins constitucionais.
Legalidade
A legalidade aparece em diversos artigos constitucionais relacionados à atividade do
Estado (por exemplo, nos artigos 37, 163, 150, I e 167) e pode ser considerada outro
princípio fundamental do direito financeiro. Isso porque os atos da atividade financeira
são reservados à lei, seja para a tributação (legalidade tributária), seja para a realização
de despesas (legalidade orçamentária).
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